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TIROS DE HÁRPAGA
E falou-me com propriedade sobre micróbios,exalava álcool de um dia inteiro e de bactérias
falou-me também, incutidas essas nas artérias,
na pele ou na carne até dos homens sóbrios.
"Esses que esperam a redenção da matéria,
não bebem do gosto da vida e lotam cenóbios",
falava dos homens como dos próprios micróbios
corroendo toda a existência através da miséria.
Contou-me casos e acasos, sua experiências,
dos bares e casamatas impregnadas de riscos,
como se feixes nervosos e raízes de hibiscos
não fossem separados por distintas ciências.
Transparecia preferir o vício e a causa profana,
ser o óbice à vontade e a matéria ao hierofante,
a bíblia apenas um livro entre tantos na estante
e que o amor é o vetor da hipocrisia humana.
Antes cria em Deus ou na hologênese santa,
o paradoxo enrustido e contido na incerteza,
então declarou extinta o que outrora pureza
e hoje à sua alegria nada facilmente encanta.
Já então apóstata e apaixonada pelo hodierno,
entretanto faz-lhe falta os laboratórios diários,
por fora parecem ermos, museus de relicários,
repletos de tubos no ensaio de outro inferno.