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TIROS DE HÁRPAGA

E falou-me com propriedade sobre micróbios,

exalava álcool de um dia inteiro e de bactérias

falou-me também, incutidas essas nas artérias,

na pele ou na carne até dos homens sóbrios.

 

"Esses que esperam a redenção da matéria,

não bebem do gosto da vida e lotam cenóbios",

falava dos homens como dos próprios micróbios

corroendo toda a existência através da miséria.

 

Contou-me casos e acasos, sua experiências,

dos bares e casamatas impregnadas de riscos,

como se feixes nervosos e raízes de hibiscos

não fossem separados por distintas ciências.

 

Transparecia preferir o vício e a causa profana,

ser o óbice à vontade e a matéria ao hierofante,

a bíblia apenas um livro entre tantos na estante

e que o amor é o vetor da hipocrisia humana.

 

Antes cria em Deus ou na hologênese santa,

o paradoxo enrustido e contido na incerteza,

então declarou extinta o que outrora pureza

e hoje à sua alegria nada facilmente encanta.

 

Já então apóstata e apaixonada pelo hodierno,

entretanto faz-lhe falta os laboratórios diários,

por fora parecem ermos, museus de relicários,

repletos de tubos no ensaio de outro inferno. 

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Atualizado em: Qui 10 Fev 2011

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