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Madrepérola

MAGA

A lua projetava o seu perfil azul,

Sobre os velhos arabescos das flores calmas,

Era como o ninho futuro, apurado sobre a pequena varanda,

E das ramadas escorriam gotas que antes não haviam.

 

Na rua ignorada, anjos brincavam de roda...

– Ninguém sabia, mas nós estávamos ali.

Só os perfumes exaltados no ar teciam a renda da tristeza,

Porque as corolas eram alegres como frutos saudáveis,

 

Uma inocente pintura brotava do desenho das cores,

Me pus a sonhar um poema na mesma hora,

E, talvez, ao olhar meu rosto exasperado,

Pela ânsia de tê-la tão vagamente querida amiga,

 

Talvez ao pressentir na carne, nas partes sensíveis do meu coração,

A germinação estranha do meu indizível apelo,

Ouvi bruscamente a claridade do teu riso,

Num gorjeio de gorgulhos do sereno de água enluarada.

 

Era tão belo, tão mais belo do que a noite,

Tão mais doce que o mel dourado dos teus olhos,

Que ao vê-lo trilar sobre os seus dentes como um címbalo

E escorrer sobre os teus lábios como um suco vitalizado,

 

E marulhar entre os teus seios como uma onda,

Eu chorei docemente na concha de minhas mãos vazias,

Arrependido de não ter ocultado meu severo sentimento,

Com medo de que me tivesses possuído antes de me amar...

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Atualizado em: Sex 18 Jun 2010

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