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Deserto Sedento
Deserto famigerado,
nada mata esta sede,
sugo boca sugo língua,
só não sugo você,
anos passam, não me entrego,
você se entrega não sei a quantos,
quanto tempo ainda a servir Labão?
quanto tempo ainda andarei em contra-mão?
Aos meus amigos que se foram sem se despedir,
Digo: ainda fico, persisto e não morro.
Nunca quis deixar de ficar, nem de lutar.
Tema mais bobo, mensagem pouco lida,
a quem lê pouco prazer ganha nisso,
nada entende, nada percebe,
só sabe e sente quem me conhece,
quem quis me conhecer, quem se aventurou
verdadeiramente, sem medos,
Se uma mulher bastasse, se uma respondesse,
se uma só eu quisesse, se uma só me quisesse,
nada também entendo, espero pouco, pois pouco
esperam de mim - não é justo: é fatal.
Mas ainda no bolso úmido de suor, carrego sementes,
carrego o alimento oculto dos corvos,
o milho não apodrece em minhas vestes,
em meu corpo milionário de conhecimentos e
de esperanças,
Você não sente meu bolso,
Sinta-se, depois lhe sentirei,
sem, sem, sementes.
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