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NOLITE

Nolite, sensilis amica mea
Dá-me a calma do teu corpo de negra.
Assenta-me no teu silencio
Na tua paz tirana que ela
Com meu corpo, com o corpo dela
A tua paz profana.

Nolite, noite cansada de abandonos
Pontilhada de abraços
Frases livros discos.
Noite de minha insônia
Quando na tua sombra
Escrevo meu verso desrimado
Desvirtuado e apopléctico.
Noite, quando passo nas tuas ruas
Passeio os pés e me delicio
Com a calma do teu brilho.

Dá-me, Noite, tua capacidade
De escurecer e adormecer os homens;
De dormirem os pobres e amarem os corpos.
Dá-me, também, Noite,
O teu grito de dor ave asa partida
Com que controlas as vidas
Daqueles que andam perdidos
Daqueles que andam sumidos
Concubinas, bebidas e bares
:daqueles que andam, apesar dos pesares.

Cubra-me, Noite, com teu manto
Que eu, com poderes, te ressuscitarei
Dias afora em meu canto e nunca
Nunca, te prometo, te chorarei em meu pranto.

Vem, Noite, me cobre e domina.
Atravessa e desgoverna
Com tua magia de negra.
Vem e me conta da tua tristeza que eu,
Passeável e errante, te ouvirei
Te darei meu aconchego
Cobrirei com meus apegos e tu
Nunca, te sentirás só ou feia.

Vem, Noite minha, que espero e insonio.
Vem e me deixa teus abraços
Me tinge com tua cor que,
Com uma estrela na boca
Perdurarei no teu céu
Brilharei na tua voz.

Vem, Noite, me encontra aqui, nesta cama.
Vê em quem mim deita
Quem em mim ressona, em mim sonha.
Vem Noite, que te conto do meu amor
Da minha paixão
Conto segredos que ninguém saberá.

Chega para perto e ouve
Minha historia, ouça outra meia frase.
Vem e aconchega-te antes que a vida acabe,
Antes que a tua estrela desabe;
Antes que o Divino Riso risque o céu
Como se cometa; antes que a Gargalha d´Ele
Descubra o dia, rasgue teu véu.

Nolite, sensilis amica meã
Encravada em meu coração
Dá-me a alma da tua calma
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Atualizado em: Sáb 21 Fev 2009

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