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Sufoco

  Como frangos a espera do abate, eles se sacudiam no ônibus lotado. Se não bastasse, a criança chorona vomitou no colo da mãe encalorada. Chovia forte e logo os vidros ficaram embaçados. Uma moça claustrofóbica implorou para descer antes do colapso nervoso, mas era impossível parar em meio à avenida movimentada. O trânsito caótico da maior cidade latina impedia qualquer alternativa de emergência, e as buzinas torturavam além dos corpos cansados. Ainda não era o fim para o homem hipertenso. O moço agitado de blusa azul e tênis rasgado encontrou o limite do seu desespero. Tirou da mochila um calibre 32 e aumentou a tensão da mãe solteira. Arrancou quase tudo daqueles que não tinham quase nada, e insultou o motorista antes de agredir o cobrador em pânico. Encontrou a saída de emergência e voou no asfalto molhado. O jovem estudante quase pobre pensou que se fosse ele a pular teria morrido, mas como o outro era "bicho", caiu de pé como um lince.

  Nada de novo para tão conhecida realidade, mais um roubo ignorado pelas autoridades. Aos passageiros um desalento, uma vertigem, um susto desconfortável. Afinal de contas quem se dará ao luxo de uma síndrome de pânico com seus filhos em casa de pés descalços? 

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Atualizado em: Ter 13 Mar 2012

Comentários  

#2 Geraldocoelho 19-04-2012 00:38
"...Nada de novo para tão conhecida realidade..."

...e o pior,é saber que esses "personagens",serão
os mesmos que ( re)elegerão o futuro prefeito!...

Conheces o retrato da realidade;sabes revelá-lo
bem em palavras;gostei;bjsss e um forte abç.
#1 tania_martins 16-03-2012 15:21
Parabéns!
Abraços.

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