- Prosa Poética
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Luto
Ninguém disse que seria fácil, mas também não disseram que seria tão difícil.
Querido, quebrar um espelho traz sete anos de azar.
Quantos anos de azar se ganha ao partir um coração?
Sem dúvidas, você deveria saber, mas estranhamente sou eu quem está vivendo essa maré de má sorte.
Mais do que palavras, eu preciso tomar uma direção e agir, meu bem. Quero cavalgar na sua direção, correr até seus braços e sentir o calor do seu hálito envolvendo a minha língua em uma dança sensual e carnal.
Com esse desejo aflorando por entre as minhas entranhas, abro os meus olhos e percebo que o mais próximo que podemos estar é quando me deito sobre o frio chão e sinto as minhas lágrimas banhando as letras da sua lápide.
Eu luto, mas não me livro de você.
Luto, mas quero morrer.
Acho que o amor pode matar, pois a cada batida fraca do meu coração e a cada gota que cai dos meus olhos, me sinto mais próxima do além.
Por favor, venha e me assombre.
Por favor, volte e me ame como antes.
Adormeço novamente, apenas ouvindo os ecos dos gritos que chamam pelo seu nome.
Ecos de quem eu fui, das suas risadas, ecos de nós, até que não consigo retomar a consciência.
Ao olhar para trás, vejo sua pele dourada como o sol, e com os braços erguidos, você está jovem novamente.
Quando nos abraçamos, finalmente, nos tornamos um só, como sempre foi.
Atualizado em: Seg 27 Jan 2025