- Prosa Poética
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Camuflagem
Ninguém alcança existir sem gerar alguma imundice.
Material ou não.
Mas é impossível a tudo dar fim, prontamente.
Resta fechar os olhos.
Vilipendiar as migalhas do entorno.
E desviar da psicose.
Aos mais ardilosos, sensíveis ou preguiçosos:
A magia do tapete.
Capaz de esconder o indesejável.
Desaparecer temporariamente com os dejetos mais incômodos.
Adiando o confronto aos limites da negação.
Chega, entretanto, a hora mais infausta:
Aspirar ao camuflado.
Precedido pelo intrigante e temido momento:
Levantar o tapete.
E compulsoriamente deparar com o passado:
Fios de tecido e cabelo formando novelos multicoloridos.
Fichas de jogo, guimbas, moedas, sementes, traições.
Retratos difusos, talvez patogênicos.
Micro partes de alguma história humana.
Relíquias a espera do definitivo fim.
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Abraços.