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Abandono

O instante do abandono não é o momento da partida.

Ocorre, de fato, ao mais leve desejo de afastamento.

Quando a presença agita e perturba o espírito.

E respirar o mesmo ar torna-se sufocante.

 

O instante do abandono é quando o passado parece não ter existido.

E ao futuro se nega qualquer oportunidade.

Quando as dívidas não saudadas não mais incomodam.

E colecionar prejuízos fica mais atraente.

 

O instante do abandono é quando fala mais alto a matéria.

Salve-se quem puder; desde que seja eu.

Quando a pressa mascara a realidade e ajusta o tom da desculpa.

E, apagar da consciência a figura,

O mais urgente.

 

O instante do abandono é quando nos aceitamos mesquinhos.

Confiando que alguém venha se encarregar da cura.

Quando, quem era santo, vira falso profeta.

E, rejeitar a doutrina,

Outrora aceita,

E não mais relevante.

 

Somos todos descartáveis!

Abandonamos e somos abandonados.

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Atualizado em: Qua 12 Nov 2014

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