- Prosa Poética
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TRANSE
A luz da vela ilumina o interior da sala sombria e fria,
castiçais cobertos de cêra em cima de uma mesa de mármore.
Quadros empoeirados de antepassados nas parêdes,
a prataria acinzentada na cristaleira.
Cortinas de seda vibram na janela ao sabor do vento,
o tilintar de uma campainha de mão misturada com o canto de pássaros noturnos.
A vela ilumina e aos poucos vai dando forma às enúmeras sombras que vejo.
A pompa do lústre no centro da sala, tapetes espalhados por todos os lados;
quadrados, redondos, retangulares, desbotados, mortos.
A sala inteira é um cenário conservador, triste,
móveis rústicos e parêdes esculpidas,
melancolia, choro e solidão.
A vela está no fim,
a chama treme até que se apaga.
Não sei onde eu estava,
o que isso quer dizer,
só sei que era estranho,
muito estranho.
Atualizado em: Qua 2 Nov 2016