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A justa confissão pós-mortem de Joãozinho autocida

(Homenagem póstuma ao indomável cadeirante, amante, morto de amor morrido)


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João dá voltas no pátio,
voltando a ser menino,
só que antes explodiu,
morreu,
só que depois implodiu,
nasceu,

Permitas confessar que
foi diferente,
a massa indulgente pôs
a indagar se tu eras
sano, insensato ou insano,

A última ficou e tu
não contestaste,
calaste, em parte,
por partes, contarei,
o que não disseste,

Foi suicídio pré-concebido,
de dor pulsante de amor cortante,
que os médicos não estancaram a vazão,
faltaram-lhes injetar-te a razão,
por amor a ti, a tudo, por compaixão,

Ah meu irmão, ah meu irmão...
tenho saudades deveras, assim
despenco,
parte-me o coração,
contar para essa massa alvitreira,
que tu dirias futriqueira,
o real motivo daquele turbilhão,

Foi desdém não, foi desdém não,
Foi embargos de profunda emoção,
Querias que todos querem: compreensão,
paixão, paixão!
Por ti rogo ao Pai - Perdão! Perdão!
Pois, num minuto diminuto,
foste tomado pelo sopro do dragão,

E minhas poucas lágrimas,
não patenteiam o quanto
meus olhos viram, sentiram,
tocaram, ouviram, era
eu todo olhos a te ver na
faculdade dos letrados guiar
letras mortas que fazias viver,

De ti insistiram em ficar a
imagem pior - a de um lunático
perigoso que foi em boa hora;

Por falta de lunetas não soubemos
te enxergar, as deficiências de um
deficiente, de um João carente,
Fomos, somos, estamos ausentes,
doentes, sem lentes,

Quem nos carece e nos é próximo,
é o que se mais desmerece,
despreza-se o fraco, ama-se o
forte, o que sabe mentir, pois
esconde-se em suas fraquezas,
ama-se então a mentira,

Porque ela é mais doce,
E assim, o fel da Verdade amarga
nunca curará a doença real: a cegueira
dos mentirosos.
João você se foi, todos iremos, não
em vão.

De antemão, voltarei a escrever.
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Atualizado em: Qua 29 Jul 2009

Comentários  

#6 GeraldoJCostaJr 11-10-2009 23:03
Rendo-me ao seu talento. Ah, se me permite uma dica. Vai publicando aos poucos. Porque se publica tudo de uma vez a tendência é que as pessoas leiam os textos que estão acima esquecendo-se dos que estão abaixo. A média de um texto por semana, penso, seja a recomendável. Eu tento fazer isso. Quando consigo conter a ansiedade.
Parabéns. Boa sorte. Felicidades.
#5 GeraldoJCostaJr 11-10-2009 23:03
Rendo-me ao seu talento. Ah, se me permite uma dica. Vai publicando aos poucos. Porque se publica tudo de uma vez a tendência é que as pessoas leiam os textos que estão acima esquecendo-se dos que estão abaixo. A média de um texto por semana, penso, seja a recomendável. Eu tento fazer isso. Quando consigo conter a ansiedade.
Parabéns. Boa sorte. Felicidades.
#4 renatofrossard 03-08-2009 14:13
Somos seres egoistas. Queremos e exigimos que nossos queridos estejam sempre perto de nós. No entanto, pouco ou nada fazemos para tornar suas vidas menos sofridas, mais brandas. Achamos difícil fazer uma simples chamada telefônica, já que somos ocupados demais pra essas coisas. E se fazemos todas estas coisas, achamos que por isso merecemos aplausos. Na verdade, João se foi, como todos iremos, mas talvez não seja a morte dele que nos entristeça, mas a raiva em constatar que ele se foi sem nos pedir permissão.
Abraços
#3 renatofrossard 03-08-2009 14:13
Somos seres egoistas. Queremos e exigimos que nossos queridos estejam sempre perto de nós. No entanto, pouco ou nada fazemos para tornar suas vidas menos sofridas, mais brandas. Achamos difícil fazer uma simples chamada telefônica, já que somos ocupados demais pra essas coisas. E se fazemos todas estas coisas, achamos que por isso merecemos aplausos. Na verdade, João se foi, como todos iremos, mas talvez não seja a morte dele que nos entristeça, mas a raiva em constatar que ele se foi sem nos pedir permissão.
Abraços
#2 tania_martins 29-07-2009 17:06
Parabéns!
#1 tania_martins 29-07-2009 17:06
Parabéns!

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