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O CASO MASTRAL E A GLAMOURIZAÇÃO DA ESQUIZOFRENIA NO MEIO GOSPEL

   Domingo passado (7/4/24), ao findar o dia e de forma bem tímida, alguns canais de notícias começaram a comunicar o falecimento repentino de uma figura conhecida no mundo gospel por Daniel Mastral. 
    Sujeito reverenciado por uns e visto como uma figura patética por outros, ganhou notoriedade ao se revelar ao mundo evangélico como sendo um ex-satanista de alta estirpe. Fama esta, que por inúmeras vezes fora desmentida por outros que se dizem do ramo e negavam sua estadia nesse segmento, bem como os diferentes graus e honrarias dos quais tanto se gabava.
    O Sr. Vanilla é um desses ferrenhos detratores que desmentia os diversos títulos anteriores do Daniel, bem como refutava sua passagem pelo mundo místico. 
    De repente, tornou-se seu “amigo íntimo”, dando convalidação a todos os feitos que anteriormente negava desta figura. Oportunismo? Nunca saberemos...
    Como tudo no mundo místico tende ao ilusionismo, atuações teatrais com “saídas perfeitas”, também fazem parte do enredo daqueles que julgam que todos na plateia sofrem de amnésia aguda.
    Sabendo disto, adentrar no “mundo dos remidos do cordeiro” não é tarefa difícil.
    Gente que não aguenta ver um título que já começa a venerar, que monta palanque aos que tem estória depravada de vida e despreza os que com zelo procuram manifestar suas existências, sem causar dano a vida de quem quer que seja, faz crescer a patota dos veneradores do absurdo.
     Pessoas equilibradas sempre serão tidas como apagadas e sem brilho algum, segundo os olhos dos que se excitam em pleno culto, ouvindo estórias de estupros, homicídios, roubos e adultérios, partindo justamente do altar da igreja.
    Pura profanação!
   Se houvesse de fato um Deus, esse tipo de gente seria vomitado do “corpo santo” a fim de evitar uma infecção generalizada nos demais membros.
    Suspeito, porém, que o Deus dos que admiram (ou expelem) tais divagações, parece sentir orgasmos ao ouvir tais penúrias.
   Tanto é, que geralmente nessas horas, “ele toma” os seus servos, e “cheios do espírito” os fazem rodar, cair, espumar, bater com a cabeça, falar bobagens ininteligíveis em forma de glossolalia e quando não, “toca no coração” de tantos outros para que doem quantias enormes de dinheiro aos pastores, organizadores dos eventos, ou que comprem cursos, amuletos ou outras “baboseiras santas”, benzidas por esses, que mais parecem mestrais da picaretagem!
    Um divã e meia hora de consulta psiquiatra por semana seria capaz afastar, em partes, essa nuvem negra que povoa a mente de muita gente que diz beber da fonte da água da vida nos lugares celestiais.
    O delírio parece ter agenda lotada com certas pessoas e elas quase não têm tempo para outros fins que não sejam a retroalimentação do atraso mental e moral, valendo-se de rótulos e temas dito sagrado.
    Que lástima!
    Quando um destes sai de um buraco, acaba caindo em um atoleiro e nem percebe pelo fato de serem tratados como se deuses, ao relatarem seu próprio passado tenebroso (ou inventado) nos cultos ou em "literaturas cristãs".
    Já que quase todo título que começa com o prefixo “EX” costuma atrair cristãos de mente mediana dentro das igrejas evangélicas, este personagem (o Mastral), ascendeu de forma estrondosa e seus livros venderam horrores, tornando-o uma figura célebre, um “contêiner” de indubitável verdade nos quesitos misticismo, esoterismo, ocultismo e outros “ismos” cuja veracidade dos fatos reside quase sempre no mundo do improvável, invisível e intocável, com grandes “notas de inverdades”.
       Pouco ou quase nada esse sujeito falava de Cristo, ou seus ensinamentos.
    Sua própria estória pregressa de vida tornou-se o evangelho sagrado dos que o circundavam e devotavam fé total em seus "ensinamentos".     
    Se no passado, o conhecimento oculto serviu para lapidar a “pedra bruta”, transmutando gente comum em grandes nomes das artes, oratória, matemática, química, física, literatura e outras correntes científicas, por sua vez, o ocultismo recente, exibido por personagens como o citado logo acima, tem sido útil apenas para atrair (criar), gente abolhada, que não cuida nem da própria vida, dos seus negócios, das finanças ou da própria saúde, mas julgam conhecer os insondáveis mistérios de Deus, bem como o profundo do seu querer.
     Fabricantes ou adestradores de seguidores fúteis, que acham que tudo em suas vidas se resolverá magicamente ao professar um novo “mindset” ou acreditar em baboseiras ditas por qualquer guru, vendedor de fórmulas ou objetos mistificados.
    Gente que “entregam tudo nas mãos de Deus”, do estado (governo) ou de frases guiadas e depois vão queixar-se do Diabo e das “seitas malignas” que supostamente os afligem, frustram seus planos e se proliferam para tornar suas rasas existências ainda mais difíceis.
    Quanta asneira!
    Conspiracionistas desassisados, capazes de numa mesma citação garantir que estão debaixo das mãos de Deus, protegidos pelo sangue de Jesus e que o Diabo não lhes toca, ao mesmo tempo, em que afirmam que as sociedades secretas estão o tempo inteiro manipulando o tempo, o espaço, a realidade, o clima, as estações e as finanças em desfavor desses tais escolhidos...
    Quanta babaquice!
    Gente que afirma categoricamente já ter salvado o mundo inteiro inúmeras vezes (e sozinho!), apenas com encantos, conjurações e batalhas espirituais intermináveis.
    (E Marvel ainda não os viu?).
    É uma loucura atrás da outra e esse segmento só cresce!
    Pessoas que não aparentam ter um único minuto de paz na vida e que parecem querer sugar todos ao seu redor para este inferno imaginário, onde hora eles são os causadores do caos e em outros instantes estão lutando lado a lado com o criador dos universos, salvando a tudo e a todos da dissonância cognitiva que eles mesmos criaram!
    É algo sério a se pensar!
    Situações em que deveriam ser tratadas como sendo as de casos clínicos de psiquiatria, são vistas como se fosse uma dose de saber divino, o genuíno evangelho, proferido diretamente da boca messias, “dado” às pobres almas famintas, por teorias de conspirações diversas.
     Quando não, o delator dos supostos esquemas obscuros cria sua própria odisseia, onde este, sendo o “Ulisses”, é ao mesmo tempo, sua própria plateia, antagonista, figurinista, roteirista e crítico de sua própria obra. Por vezes ele também é a balbúrdia, a quietude, o oceano, os ciclopes, as ilhas e todos os elementos que compõem essa bela narrativa grega do passado.
    Uma só pessoa, diversas paranoias!
    Um caso clinico que ao ser aplaudido de pé, torna-se não apenas um mito, mas um novo Cristo com legiões de discípulos e tudo mais, ofuscando em 99% dos casos, a mensagem daquele qual dizem anunciar, chamando para si próprio e para suas narrativas dantescas a admiração e louvor dos neófitos, tornando-se a própria blasfêmia do contrassenso que jura combater!
     Esse tipo de universo tem ceifado vidas há milhares de anos.
     Se existe de fato uma batalha espiritual, ela não será vencida com incensos, orações ou lamurias psicodélicas.
     É por meio da razão e do conhecimento histórico, cientifico e cosmológico que poderemos vencer essa batalha. 
     Munir-se de filosofias e equipar-se de outras áreas das "humanas", também ajudarão a proteger a sanidade dos navegantes nessa jornada.
     A salvação é individual e ela inicia-se aqui e agora ao nos livrar-nos das falácias de qualquer um que se ponha como farol universal ou canal divino das verdades absoluta do altíssimo.
     Todos são falhos ou manipuladores nesse quesito! 
     Quando não, estão imersos na própria loucura!
     Com a invenção da imprensa, a reforma protestante, o iluminismo, a revolução francesa e outros movimentos que visavam não apenas a liberdade do corpo, como também da mente dos homens, acreditava-se que um esplendor de ideais, virtudes e feitos acompanhariam a humanidade no fim do milênio passado e a nova geração milenar colheriam os frutos de um plantio que por vezes teve como custo a vida de seus idealizadores e familiares, bem como a fortuna, a moral e a honra de tantos outros, que tiveram de desmentir-se publicamente ao serem confrontados com medalhões do alto clero da fé no passado.
    A revolução tecnológica do presente século parecia consolidar o sonho de muitos visionários e de certa forma o tem sido.
    Porém, ao constatar os avanços nas comunicações, deve-se registrar também nas legiões de “novos deuses”, messias e profetas de todos os tipos, gente que ao alcançar a marca mínima de 5 curtida e 3 compartilhamentos em suas publicações, por vezes já se acha divinamente inspirado para guiar outros pelos caminhos do tenebroso mundo das alucinações religiosas.
    Nossos antepassados projetaram grandes feitos ao nosso tempo presente, porém cá estamos nós, ainda lutando contra anjos, demônios e potestades em pleno século XXI.
    Os cruzados do passado, pelo menos tinham a coragem de sair ao mundo e para o bem o para o mau, deixar suas marcas na cultura, economia, artes e comercio global.
    Os novos cruzados ficam atrás de telas de cristal líquido, costumam vender "cursos de nada" ou mapas que te conduzem ao lugar nenhum.
    Pessoas que trocam a própria moral, a honra e dignidade por engajamentos nas redes sociais.
    O Pai, o Filho, o Espirito Santo e a Virgem Maria foram substituídos pelo deus Algoritmo e suas versões menores, denominadas como monetização, disseminação falsa e liberdade vigiada.
    Se no passado, falar contra o sistema católico era um erro que poderia levar a morte, hoje várias palavras ou sons são censurados por bips agudos ou por símbolos que defenestram o bom senso ou sentido real das coisas para longe do seu receptor, pois o "medo do Algorítimo" os consomem, e o inferno começa com o cancelamento instantâneo, porém momentâneo ao proferir algo que a "beautiful people" decide rejeitar. 
    Se é verdade que o Daniel realmente fez parte de tudo o que ele diz ter feito, uma coisa é certa e não podemos negar: ele saiu de um buraco profundo e caiu em um atoleiro!
    É um exemplo que não deve ser repetido, pois ele foi de um extremo ao outro sem pestanejar.
    No quesito “fé por fé”, ser guia espiritual das hostes infernais e depois se tornar um “servo guiado do altíssimo que conversa todos os dias com Deus”, não faz diferença alguma! 
    É o mesmo tipo de esquizofrenia!
    Isso se cura com tratamentos e não com sofisticação do próprio passado e deificação da própria personalidade no presente!
    Tentar curar-se de uma depressão valendo-se do engodo da fé (ou sendo em si o próprio engodo), é o mesmo que tentar soldar uma barra de ferro de duas toneladas suspensa no ar, usando a própria saliva.
    Ao terminar uma live e desligar a telinha do celular, todo guru virtual tende a enfrentar as vicissitudes de sua própria realidade em que vive, a exemplo de problemas familiares, contas a pagar, questões de saúde e tantas outras que nos fazem parecer tão humanos quanto os demais mortais do planeta.
    Para fugir dessa dimensão que nos incomoda e nos mostra o quão normal somos, o que se sente confortável nesse mundo paralelo, passa a conviver cada vez mais diante das câmeras, até perder sua própria essência.
    Quando não, torna-se um crédulo de suas próprias lorotas e desse mundo de fantasias não quer mais sair, já que o nível de compensação é bem maior.
    Somos viciados em sensações agradáveis e momentâneas e nem sempre calculamos o preço desse vício para o amanhã!
    Encher-se de Deus, do Seu espírito ou referenciar-se como sendo um canal direto de sua suposta vontade ao mundo dos homens é a maior presunção que um mortal poderia supor.
    Nessa fantasia muitos têm vivido, e como em um pântano, não conseguem mais sair de lá.
    Nosso respeito aos enlutados, que de uma ou de outra forma tiveram seus entes queridos, histórias ou carreiras ceifadas por esse tipo de ilusão. 
    Se tudo o que diziam desse personagem for real, como em um modelo cientifico, poderemos dizer que este é um péssimo exemplo a ser seguido (e fica a dica ao Vicky também!).
    Sair de uma ilusão e mergulhar de cabeça em outra é uma grande bobagem que pode custar muito caro!
    Deus e o Diabo podem ser apenas duas faces de uma mesma moeda: da ganância, da inveja, da luxúria, das mentiras e do desejo se sobrepor aos demais. 
   Mentes aflitas ou perturbadas tendem a projetar nos deuses o seu próprio interior, ou aquilo que fariam, caso estivessem em situações de poder. 
    Os deuses e suas personificações podem ser apenas lapsos de nossa própria obscuridade. Não nos deixemos enganar!
    Saúde e Sanidade a todos!
    Revejam Seus Conceitos!

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Atualizado em: Qui 22 Ago 2024

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