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Fragmento da lua

Já é noite, tarde da noite, meus pensamentos viajam no imaginário das minhas emoções.

Imagino ser o fragmento de uma lua prenhe, nua, inerte, fixada no píncaro firmamento. Universo infinito da minha imaginação.

De onde estou consigo tocar as estrelas, lindas e delicadas, todas brilhantes, de brilho fulgurante, pego uma, depois outra, de soslaio vejo a mim, não nas estrelas, e sim no reflexo de seus brilhos magistrais, como em uma iridescente aquarela.

Daria tudo para não despertar. Faria qualquer coisa para demudar essa noite em eternidade, de lua calma e fria, calada, aconchegante, como se a noite estivesse em mim, num silêncio profundamente acolhedor.

Sinto o sereno e me refugio na madrugada, não espero o dia amanhecer. Eu não desejo o dia nesta noite, quero apenas a delicadeza e o carinho que a brisa me faz. Pego gotas de orvalho. Vejo nelas gotas de diamante.

Acho que estou apaixonado!

Não me sinto assim desde o meu primeiro amor. O amor nos faz pisar em nuvens, nos transporta até o céu, vivemos a verdadeira magia. Imaginamos estar acompanhados aos astros mais belos e inspiradores do universo.

Magia que se perpetua sideral em nosso ser, avivando o vibrante fibrilar do coração. A paixão é um momento mágico, nos faz sentir imponentes, imortais. Ou torna-nos inermes.

Como fugir?

Não dá, o risco da paixão é iminente, ela não deixa escolhas, a vida é curta demais, como essa noite fria e serena. O amor é cálido como o sol e pode consumir a noite num instante apenas.

Meus pensamentos me traem e trazem você, já não sei mais a que tocar. Reluto em tocar as estrelas, no entanto a constelação tomou a forma curvilínea de seu corpo. Seus olhos me cobrem num brilho cintilante. Essa luz é a chama viva e incandescente do nosso amor, que a todo tenta aquecer a noite.

A brisa?

Ela eleva seus cabelos, diante dessa cena te desejo. Fios ondulantes que revelam a linha tênue da minha vida; e inserida a sua nos deixa diante do paralelo, entre a lua nua e teu corpo nu, exposto no vazio, flutuante, alimentando meus desejos.

Eu não vou fugir e não quero deixar de sonhar, meus anseios são grandes, quase um medo, uma ponta do iceberg gigantesco que se tornou meu temor. Mas o frio dessa geleira paira entre o calor da nossa paixão e o fragmento da lua que vive em mim.

Noite quente, o calor é imenso, sua boca edulcora minhas entranhas e repete o surgimento do meu ser, me sinto embrião na sua mão. O vento frio em vão tenta tomar-me de ti, no entanto, a lua deixa escorrer uma brisa, criando um orvalho de ciúme, tarde demais, eu já não estou em mim.

Meu coração?

Ele sabe do meu querer, meu sorriso se mostra aparente, estou diante dos meus piores temores, tentações que jamais conseguirei resistir, uma loucura que se faz real, realidade sem máscaras ou faces falsas, todavia, de caráter duvidoso.

Porém, se deixo meu coração palpitar livremente estarei morto, uma morte gostosa, onde posso velar-me em seu corpo, pois você está ai, diante das estrelas, no meu sonho mais louco, divagando paixão.

Despertar?

Não posso, pois nem dormindo estou. Fantasio apenas uma louca abstração, o amor está na minha vida e eu não devo fugir da realidade que esta noite me propõe, tenho você, as estrelas e uma lua prenhe de ciúmes, pois o fragmento dela sou eu.

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Atualizado em: Ter 23 Dez 2014

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