- Romance
- Postado em
Diários de caça - Capítulo 25 – Cão que morde
Amir continuou fiel a mim depois daquele fatídico dia. Não que eu tivesse cobrado dele qualquer coisa. Mas ele queria e tentou manter sua presença constante em minha vida, se tornando a pessoa mais agradável possível. Qualquer coisa que pudesse me desagradar, ele logo tentava corrigir. Bastava uma respiração mais alterada ou uma revirada de olhar, ele logo tratava de corrigir a ação de forma a melhorar meu humor.
No fundo ele sabia que eu nunca o havia perdoado, mas a ilusão de pelo menos voltarmos a namorar o enchia de esperança. Fui permitindo sua presença apenas o quanto me era interessante ou inevitável, uma vez que trabalhamos juntos. Quando queria me aliviar ou me divertir, também era uma opção. Mas nunca mais o deixei se apoderar de minha vida como antes.
Nunca mais dormimos juntos, mesmo após uma boa trepada altas horas da madrugada. E sempre que eu o dispensava, ele saia resignado, mas sem contestar.
Uma vez estávamos saindo do hotel, onde fomos chamados para uma ampliação na área recreativa. Um serviço que durou duas semanas. Ao sair, ele me pediu carona até o apartamento. Sabia que tinha deixado o carro em casa de propósito, só para pedir aquilo.
Nos últimos dias ele tentava de tudo para ser útil ou, quando não conseguia, fazer-se de dependente. Desde sua insinuação de que eu estaria com ele por interesse que eu não aceitei mais uma bala vinda dele. E como não conseguia me fazer precisar dele, ele inverteu os papéis e se fazia de incapaz.
Olhei bem pra ele e mandei entrar no carro. Dirigindo, passei por um terreno em obra e tive uma ideia. Tinha trabalhado nela havia pouco tempo e sabia que a obra estava parada por conta de uma descoberta de ossada no terreno. A equipe estava aguardando o laudo do instituto de arqueologia e antropologia para poder dar prosseguimento ao condomínio que ali ficaria.
Sem falar nada, entrei no terreno.
Uma vez lá dentro, virei para ele e falei:
- Tira a roupa.
- O que? Aqui? Mas e se alguém aparecer?
- Não tem ninguém. Eu mesmo dispensei os trabalhadores até sábado. Vamos.
E saí do carro, dando a volta e abrindo a porta do carona, já desafivelando o cinto.
- Mas... - ele ia retrucar mais uma vez e eu logo suspirei aborrecido - Tudo bem - rendeu-se
Amir saiu e arriou a calça.
- Anda, tira tudo. Pelado. - insisti, de forma sucinta.
Obedeceu. Não estava a vontade, mas seu medo de me contrariar era engraçado as vezes.
Ao fim, ficou nu em pelo e eu o pus contra uma das pilastras de sustentação para o comer a vontade. Metendo com força e fazendo muito barulho, do jeito que gostava. Amir ficou quietinho, olhando em volta com medo de alguém aparecer. Segurou os gemidos, até mesmo quando eu o fiz gozar, massageando seu pau.
- Delicia. - urrei, após dar aquela gozada dentro dele.
- Gostou? - perguntou esperançoso. Carente de qualquer aprovação.
As vezes eu tinha pena e lhe dava algum carinho. Beijei suas costas e sussurrei.
- Muito. Mandou muito bem.
Amir sorriu e eu sabia que o tinha feito ganhar o dia. O levei pra casa e recusei o convite para entrar. Estávamos estacionados ainda em frente ao seu apê quando recebo a mensagem de um contato, querendo confirmar se eu iria foder ele aquela noite.
Percebi quando Amir esticou o pescoço para tentar ver. Eu apenas me voltei pra ele e indiquei a saída.
- Já chegamos. Não vai me dizer que perdeu as chaves também.
Ele encolheu e saiu.
Saí com o carro rumo a Pietro. Um belo bailarino cuja elasticidade me permitia dar asas a imaginação cada vez que o comia.
Falta de amor próprio foi algo que nunca me atraiu. Porém, devo admitir que aquele era um momento ímpar na minha vida. Algo havia se quebrado e eu ainda não sabia bem o que era. O fato era que ver Amir se humilhar me enchia de um prazer diferente. Me deixava louco de tesão obrigar ele a se submeter a minha vontade de depois o largar que nem um produto usado.
E era apenas isso que me manteve ao seu lado durante tanto tempo depois. Nada saudável, eu admito. Mas não posso ser hipócrita e dizer que não foi satisfatório.
No fundo ele sabia que eu nunca o havia perdoado, mas a ilusão de pelo menos voltarmos a namorar o enchia de esperança. Fui permitindo sua presença apenas o quanto me era interessante ou inevitável, uma vez que trabalhamos juntos. Quando queria me aliviar ou me divertir, também era uma opção. Mas nunca mais o deixei se apoderar de minha vida como antes.
Nunca mais dormimos juntos, mesmo após uma boa trepada altas horas da madrugada. E sempre que eu o dispensava, ele saia resignado, mas sem contestar.
Uma vez estávamos saindo do hotel, onde fomos chamados para uma ampliação na área recreativa. Um serviço que durou duas semanas. Ao sair, ele me pediu carona até o apartamento. Sabia que tinha deixado o carro em casa de propósito, só para pedir aquilo.
Nos últimos dias ele tentava de tudo para ser útil ou, quando não conseguia, fazer-se de dependente. Desde sua insinuação de que eu estaria com ele por interesse que eu não aceitei mais uma bala vinda dele. E como não conseguia me fazer precisar dele, ele inverteu os papéis e se fazia de incapaz.
Olhei bem pra ele e mandei entrar no carro. Dirigindo, passei por um terreno em obra e tive uma ideia. Tinha trabalhado nela havia pouco tempo e sabia que a obra estava parada por conta de uma descoberta de ossada no terreno. A equipe estava aguardando o laudo do instituto de arqueologia e antropologia para poder dar prosseguimento ao condomínio que ali ficaria.
Sem falar nada, entrei no terreno.
Uma vez lá dentro, virei para ele e falei:
- Tira a roupa.
- O que? Aqui? Mas e se alguém aparecer?
- Não tem ninguém. Eu mesmo dispensei os trabalhadores até sábado. Vamos.
E saí do carro, dando a volta e abrindo a porta do carona, já desafivelando o cinto.
- Mas... - ele ia retrucar mais uma vez e eu logo suspirei aborrecido - Tudo bem - rendeu-se
Amir saiu e arriou a calça.
- Anda, tira tudo. Pelado. - insisti, de forma sucinta.
Obedeceu. Não estava a vontade, mas seu medo de me contrariar era engraçado as vezes.
Ao fim, ficou nu em pelo e eu o pus contra uma das pilastras de sustentação para o comer a vontade. Metendo com força e fazendo muito barulho, do jeito que gostava. Amir ficou quietinho, olhando em volta com medo de alguém aparecer. Segurou os gemidos, até mesmo quando eu o fiz gozar, massageando seu pau.
- Delicia. - urrei, após dar aquela gozada dentro dele.
- Gostou? - perguntou esperançoso. Carente de qualquer aprovação.
As vezes eu tinha pena e lhe dava algum carinho. Beijei suas costas e sussurrei.
- Muito. Mandou muito bem.
Amir sorriu e eu sabia que o tinha feito ganhar o dia. O levei pra casa e recusei o convite para entrar. Estávamos estacionados ainda em frente ao seu apê quando recebo a mensagem de um contato, querendo confirmar se eu iria foder ele aquela noite.
Percebi quando Amir esticou o pescoço para tentar ver. Eu apenas me voltei pra ele e indiquei a saída.
- Já chegamos. Não vai me dizer que perdeu as chaves também.
Ele encolheu e saiu.
Saí com o carro rumo a Pietro. Um belo bailarino cuja elasticidade me permitia dar asas a imaginação cada vez que o comia.
Falta de amor próprio foi algo que nunca me atraiu. Porém, devo admitir que aquele era um momento ímpar na minha vida. Algo havia se quebrado e eu ainda não sabia bem o que era. O fato era que ver Amir se humilhar me enchia de um prazer diferente. Me deixava louco de tesão obrigar ele a se submeter a minha vontade de depois o largar que nem um produto usado.
E era apenas isso que me manteve ao seu lado durante tanto tempo depois. Nada saudável, eu admito. Mas não posso ser hipócrita e dizer que não foi satisfatório.
O ditado água mole e pedra dura deve ser aplicado nesse contexto.
Em uma noite, aceitei o seu centésimo pedido para jantarmos juntos. A desculpa para aquele era uma ocasião especial. Era o aniversário de um ano desde o fim do nosso projeto com Veneza. Só então percebi quanto o tempo havia passado rápido.
O jantar ocorreu bem. Ele escolheu o restaurante do nosso primeiro encontro e eu fingia não estar entendendo aonde ele pretendia que aquilo chegaria.
Amir estava mais carinhoso que o normal e também mais cauteloso. Estava se preparando para a pergunta que iria fazer e iria lhe dar a certeza ou acabar de vez com suas esperanças.
- Fábio. Eu sei que as coisas não são mais a mesmas há um tempo. Mas... Mas eu ainda te amo. Do meu jeito idiota, mas amo e... Não quero que você me responda que também me ama, só... Gostaria de saber se...
Ele não conseguia terminar e eu então adiantei sua resposta.
- Amir. Eu e você sabemos bem que justamente pelas coisas serem como eram antes que não deu certo.
Ele se calou, quando veio o garçom pegar nossos pedidos. O garoto estava olhando para nossa mesa a um tempo e pareceu se interessar por mim.
Quando ele saiu, notei que Amir percebeu a mesma coisa. Esperei para ver se ele conseguiria se conter. Obviamente que não.
- Acho que... O garçom gostou de você.
Eu apenas sorri e ele percebeu que tinha se traído.
- Está vendo? - falei com calma - era esse inferno que eu vivia todos os dias.
- Desculpa, eu... - tentou se apressar, mas eu pus o dedo em sua boca.
- Deixa eu falar - interrompi - se vamos nos dar uma chance. E eu estou dizendo uma chance - enfatizei, ao ver o brilho em seus olhos - Vai ser totalmente diferente. Sem aquele grude, sem aquelas cobranças, sem ciúmes. Eu mudei a senha do meu celular e jamais vou te passar de novo. Você não vai mais ficar se metendo em tudo da minha vida. Se você continuar a me importunar com suas inseguranças, eu pulo fora sem pensar duas vezes. O garçom me olhou, sim. Eu percebi. Sou um homem bonito, acostume-se. Caras e mulheres me olham o tempo todo - completei, sem um pingo de modéstia
Ele concordou com tudo, calado. Com medo de falar alguma besteira e por tudo a perder.
- Eu... Eu posso te chamar de meu namorado de novo?
- Chame do que quiser - dei de ombros. Eu não disse que tínhamos voltado, mas não adiantava lutar contra a crença quase fanática de Amir em pescar esperança em qualquer vírgula que eu dissesse.
Aquilo para ele bastou.
Eu então o puxei e apoiei sua cabeça em meu ombro. Naquela posição, ele não viu quando pisquei para o garçom, que tentou disfarçar um sorriso.
Quando terminamos de comer eu pedi a conta e entreguei a chave do meu carro para Amir.
- Por que não vai pegando o carro enquanto eu pago? - sugeri.
Ele saiu e então, enquanto passava o cartão, dei uma boa olhada no garçom e falei.
- Larga que horas?
Ele se assustou com minha direta
- Eu... Daqui a uma hora e meia.
- Legal. Passo aqui então pra te buscar. Que tal? - E lhe devolvi a máquina do cartão.
Ele sorriu.
- Mas e seu namorado?
- Deixo ele em casa e volto - dei de ombros e ele aceitou os termos.
Dirigi até o apartamento de Amir e, mais uma vez, recusei o convite para subir.
- Estou com dor de cabeça - inventei - Vamos fazer o seguinte, então - e acariciei seu rosto, deixando-o sem reação. - amanhã de manhã cedo vamos pra praia, ficamos o dia todo. Podemos almoçar naquele quiosque que você gosta, que era de um primo seu. Que tal?
Ele sorriu e segurou minha mão, pressionando contra seu rosto.
- Parece ótimo.
- Ótimo. Agora vamos descansar. Algo na comida hoje não me fez bem.
Ele não queria me deixar ir, mas não ia insistir. Eu me permiti ficar mais um pouco com ele. Beijando-o na garagem de seu prédio como um adolescente. O que pra ele deve ter sido algo divertido, para mim era apenas uma forma de ganhar tempo. Já que ainda faltava pro garçom largar.
Acabou que foi um momento bem jovial o que tivemos. Muitos beijos, carícias, uma mão boba ali, outra lá. Por pouco não transamos ali mesmo.
Quando saí, cheguei no restaurante no momento em que ele estava na porta com os outros colegas de serviço. Estava 15 min atrasado e gostei de ver que ele ficou enrolando ali, me esperando.
Ele entrou no carro e, colhendo a informação de onde morava, fui dirigindo.
- Fiquei surpreso com seu convite - ele assumiu - Um cara gostoso como você.
Olhei para ele e sorri.
- Você também é muito gostoso. Por isso te chamei
- Com aquele uniforme horroroso do restaurante? - riu - duvido alguém ficar atraente assim.
- Mas isso resolvemos rapidamente, não acha?
Meu olhar de predador o deixou paralisado. Eu estacionei o carro em uma rua totalmente deserta e botei o pau pra fora, o que ele pulou em cima como um cachorro em cima do pote de ração.
Nesse instante meu celular tocou. Era Amir.
- Continua - mandei e atendi.
- Oi, Amor. Queria saber se chegou bem em casa.
Quis rir. Afinal, era o Amir de sempre. Disfarçado de cuidado, ele apenas queria saber se eu tinha realmente ido pra casa. Resolvi entrar no jogo.
- A estrada estava tranquila. Tudo correu bem.
- Que bom...
Deixei ele em silêncio, sentindo-o lutar contra o desejo de me interrogar. O garçom me olhou e eu lhe fiz um sinal positivo para que continuasse.
- O que foi? Já está com saudades? - resolvi brincar com Amir, segurando o gemido, pois a mamada do garçom estava espetacular.
Ele riu
- Claro. Confesso que nossa brincadeira no carro me deixou aceso.
- Hum... Bom. Diz aí, está peladinho?
- De pijama - riu, acanhado
Me voltei para o garçom e falei.
- Tira a roupa, então.
O garçom sorriu e foi logo se despindo. Amir, do outro lado da linha, riu.
- Mas você não está aqui pra ver.
- Tira - sussurrei para os dois - Quero você peladinho.
Pelos sons do outros lado da linha, percebi que Amir tirava a roupa. O garçom já estava nu na minha frente, no bando do carona.
- Abre as pernas pra mim. Imagina que estou te comendo. E se deda pra mim, vai. Enfia o dedo nesse cuzinho, pensando que sou eu.
O garçom soltava faísca pelos olhos e obedeceu sem questionar. De pernas abertas no banco de carona, massageando o próprio orifício com o dedo.
Amir gemia do outro lado.
- Queria você dentro de mim. - Os dois falaram ao mesmo tempo. Pareciam ensaiados.
- Em breve estarei. Pode acreditar. Se deda vai, quero te ouvir gemer baixinho pra mim
Ambos começaram a me entreter. O garçom tinha o pau duro como pedra e me olhava fixamente enquanto se masturbava. Dois dedos já estavam entrando e saindo com facilidade de seu corpo.
- Você é delicioso - falei para o garçom e para Amir de quebra.
- Estou muito excitado. Vou gozar assim. - Amir anunciou e eu deixei. Quando ouvi seu gozo do outro lado.
- Está se sentindo melhor? - perguntei.
- Um pouco - sua voz era cansada, mas feliz.
- Então dorme, amor. Amanhã tenho planos para nós dois.
O fato de o chamar de amor foi tudo o que ele precisou para enfim se despedir e me deixar a vontade.
Olhei para o garçom e indiquei o banco de trás. Tirei as roupas e fui com ele fazer aquele carro balançar.
Nos últimos dias, assisti a um documentário em que falava que ursos polares, por conta dos aquecimentos das calotas polares e desaparecimento das focas (sua principal fonte de alimento) estavam mudando seus hábitos alimentares, passando a caçar outras espécies que não faziam parte de sua dieta.
Acredito que, naquele momento, eu estava como o urso. Eu, sem perceber, havia renunciado a minha natureza e tomava atitudes as quais antes não cogitaria. Nunca fui de iludir pessoas. Não me importava em ser um amante, mas daí a ser eu o infiel era algo a qual jamais pensei me sujeitar. Aquela relação havia me ferido de tal forma que, naquele momento, eu era como um animal abatido. Traumatizado e capaz de morder qualquer um que chegasse perto, mesmo que com a intenção de me ajudar. Sem perceber, estava me ferindo e ferindo pessoas a minha volta. E o pior, não sentia o menor remorso. Como um cão que já nem ladra, só morde.
Aquele era o buraco em que me jogava sem sentir. Na verdade, mergulhando por livre arbítrio. E o qual seguiria por um tempo, até enfim despertar.
Em uma noite, aceitei o seu centésimo pedido para jantarmos juntos. A desculpa para aquele era uma ocasião especial. Era o aniversário de um ano desde o fim do nosso projeto com Veneza. Só então percebi quanto o tempo havia passado rápido.
O jantar ocorreu bem. Ele escolheu o restaurante do nosso primeiro encontro e eu fingia não estar entendendo aonde ele pretendia que aquilo chegaria.
Amir estava mais carinhoso que o normal e também mais cauteloso. Estava se preparando para a pergunta que iria fazer e iria lhe dar a certeza ou acabar de vez com suas esperanças.
- Fábio. Eu sei que as coisas não são mais a mesmas há um tempo. Mas... Mas eu ainda te amo. Do meu jeito idiota, mas amo e... Não quero que você me responda que também me ama, só... Gostaria de saber se...
Ele não conseguia terminar e eu então adiantei sua resposta.
- Amir. Eu e você sabemos bem que justamente pelas coisas serem como eram antes que não deu certo.
Ele se calou, quando veio o garçom pegar nossos pedidos. O garoto estava olhando para nossa mesa a um tempo e pareceu se interessar por mim.
Quando ele saiu, notei que Amir percebeu a mesma coisa. Esperei para ver se ele conseguiria se conter. Obviamente que não.
- Acho que... O garçom gostou de você.
Eu apenas sorri e ele percebeu que tinha se traído.
- Está vendo? - falei com calma - era esse inferno que eu vivia todos os dias.
- Desculpa, eu... - tentou se apressar, mas eu pus o dedo em sua boca.
- Deixa eu falar - interrompi - se vamos nos dar uma chance. E eu estou dizendo uma chance - enfatizei, ao ver o brilho em seus olhos - Vai ser totalmente diferente. Sem aquele grude, sem aquelas cobranças, sem ciúmes. Eu mudei a senha do meu celular e jamais vou te passar de novo. Você não vai mais ficar se metendo em tudo da minha vida. Se você continuar a me importunar com suas inseguranças, eu pulo fora sem pensar duas vezes. O garçom me olhou, sim. Eu percebi. Sou um homem bonito, acostume-se. Caras e mulheres me olham o tempo todo - completei, sem um pingo de modéstia
Ele concordou com tudo, calado. Com medo de falar alguma besteira e por tudo a perder.
- Eu... Eu posso te chamar de meu namorado de novo?
- Chame do que quiser - dei de ombros. Eu não disse que tínhamos voltado, mas não adiantava lutar contra a crença quase fanática de Amir em pescar esperança em qualquer vírgula que eu dissesse.
Aquilo para ele bastou.
Eu então o puxei e apoiei sua cabeça em meu ombro. Naquela posição, ele não viu quando pisquei para o garçom, que tentou disfarçar um sorriso.
Quando terminamos de comer eu pedi a conta e entreguei a chave do meu carro para Amir.
- Por que não vai pegando o carro enquanto eu pago? - sugeri.
Ele saiu e então, enquanto passava o cartão, dei uma boa olhada no garçom e falei.
- Larga que horas?
Ele se assustou com minha direta
- Eu... Daqui a uma hora e meia.
- Legal. Passo aqui então pra te buscar. Que tal? - E lhe devolvi a máquina do cartão.
Ele sorriu.
- Mas e seu namorado?
- Deixo ele em casa e volto - dei de ombros e ele aceitou os termos.
Dirigi até o apartamento de Amir e, mais uma vez, recusei o convite para subir.
- Estou com dor de cabeça - inventei - Vamos fazer o seguinte, então - e acariciei seu rosto, deixando-o sem reação. - amanhã de manhã cedo vamos pra praia, ficamos o dia todo. Podemos almoçar naquele quiosque que você gosta, que era de um primo seu. Que tal?
Ele sorriu e segurou minha mão, pressionando contra seu rosto.
- Parece ótimo.
- Ótimo. Agora vamos descansar. Algo na comida hoje não me fez bem.
Ele não queria me deixar ir, mas não ia insistir. Eu me permiti ficar mais um pouco com ele. Beijando-o na garagem de seu prédio como um adolescente. O que pra ele deve ter sido algo divertido, para mim era apenas uma forma de ganhar tempo. Já que ainda faltava pro garçom largar.
Acabou que foi um momento bem jovial o que tivemos. Muitos beijos, carícias, uma mão boba ali, outra lá. Por pouco não transamos ali mesmo.
Quando saí, cheguei no restaurante no momento em que ele estava na porta com os outros colegas de serviço. Estava 15 min atrasado e gostei de ver que ele ficou enrolando ali, me esperando.
Ele entrou no carro e, colhendo a informação de onde morava, fui dirigindo.
- Fiquei surpreso com seu convite - ele assumiu - Um cara gostoso como você.
Olhei para ele e sorri.
- Você também é muito gostoso. Por isso te chamei
- Com aquele uniforme horroroso do restaurante? - riu - duvido alguém ficar atraente assim.
- Mas isso resolvemos rapidamente, não acha?
Meu olhar de predador o deixou paralisado. Eu estacionei o carro em uma rua totalmente deserta e botei o pau pra fora, o que ele pulou em cima como um cachorro em cima do pote de ração.
Nesse instante meu celular tocou. Era Amir.
- Continua - mandei e atendi.
- Oi, Amor. Queria saber se chegou bem em casa.
Quis rir. Afinal, era o Amir de sempre. Disfarçado de cuidado, ele apenas queria saber se eu tinha realmente ido pra casa. Resolvi entrar no jogo.
- A estrada estava tranquila. Tudo correu bem.
- Que bom...
Deixei ele em silêncio, sentindo-o lutar contra o desejo de me interrogar. O garçom me olhou e eu lhe fiz um sinal positivo para que continuasse.
- O que foi? Já está com saudades? - resolvi brincar com Amir, segurando o gemido, pois a mamada do garçom estava espetacular.
Ele riu
- Claro. Confesso que nossa brincadeira no carro me deixou aceso.
- Hum... Bom. Diz aí, está peladinho?
- De pijama - riu, acanhado
Me voltei para o garçom e falei.
- Tira a roupa, então.
O garçom sorriu e foi logo se despindo. Amir, do outro lado da linha, riu.
- Mas você não está aqui pra ver.
- Tira - sussurrei para os dois - Quero você peladinho.
Pelos sons do outros lado da linha, percebi que Amir tirava a roupa. O garçom já estava nu na minha frente, no bando do carona.
- Abre as pernas pra mim. Imagina que estou te comendo. E se deda pra mim, vai. Enfia o dedo nesse cuzinho, pensando que sou eu.
O garçom soltava faísca pelos olhos e obedeceu sem questionar. De pernas abertas no banco de carona, massageando o próprio orifício com o dedo.
Amir gemia do outro lado.
- Queria você dentro de mim. - Os dois falaram ao mesmo tempo. Pareciam ensaiados.
- Em breve estarei. Pode acreditar. Se deda vai, quero te ouvir gemer baixinho pra mim
Ambos começaram a me entreter. O garçom tinha o pau duro como pedra e me olhava fixamente enquanto se masturbava. Dois dedos já estavam entrando e saindo com facilidade de seu corpo.
- Você é delicioso - falei para o garçom e para Amir de quebra.
- Estou muito excitado. Vou gozar assim. - Amir anunciou e eu deixei. Quando ouvi seu gozo do outro lado.
- Está se sentindo melhor? - perguntei.
- Um pouco - sua voz era cansada, mas feliz.
- Então dorme, amor. Amanhã tenho planos para nós dois.
O fato de o chamar de amor foi tudo o que ele precisou para enfim se despedir e me deixar a vontade.
Olhei para o garçom e indiquei o banco de trás. Tirei as roupas e fui com ele fazer aquele carro balançar.
Nos últimos dias, assisti a um documentário em que falava que ursos polares, por conta dos aquecimentos das calotas polares e desaparecimento das focas (sua principal fonte de alimento) estavam mudando seus hábitos alimentares, passando a caçar outras espécies que não faziam parte de sua dieta.
Acredito que, naquele momento, eu estava como o urso. Eu, sem perceber, havia renunciado a minha natureza e tomava atitudes as quais antes não cogitaria. Nunca fui de iludir pessoas. Não me importava em ser um amante, mas daí a ser eu o infiel era algo a qual jamais pensei me sujeitar. Aquela relação havia me ferido de tal forma que, naquele momento, eu era como um animal abatido. Traumatizado e capaz de morder qualquer um que chegasse perto, mesmo que com a intenção de me ajudar. Sem perceber, estava me ferindo e ferindo pessoas a minha volta. E o pior, não sentia o menor remorso. Como um cão que já nem ladra, só morde.
Aquele era o buraco em que me jogava sem sentir. Na verdade, mergulhando por livre arbítrio. E o qual seguiria por um tempo, até enfim despertar.
Atualizado em: Seg 27 Mar 2023