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Diários de caça - Capítulo 16 – Migração
Muitos animais possuem por hábito migrar de tempos em tempos em busca de recursos e melhores condições de clima. Mais do que necessidade, aquilo é um instinto, com o qual a espécie já nasce programada. Você pode garantir a um pássaro todas as condições de alimentação, mesmo no inverno, mas isso não muda o fato que, se ele tiver a escolha, irá seguir seus coração e migrar para o outro hemisfério na primeira semana do fim do verão.
Eu sempre fui um animal estático, mais parecido com um urso que preferia hibernar no inverno. Minha única mudança na vida foi quando abandonei a casa de meus pais e ainda lembrava da sensação de liberdade. De estar em um lugar novo, desconhecido. A adrenalina daqueles primeiros meses ainda me eram uma memória agradável e bastou minha viagem para Natal chegar que eu senti a mesma emoção e pude ter a certeza que novos horizontes era algo que me encantava.
De véspera, tive uma série de nervosismos. Primeiro com minha apresentação. Virei noites redigindo o que falaria, escrevendo e reescrevendo inúmeras vezes. E em segundo, pois a própria ideia da viagem me causava vertigem. Isso porque eu nunca tinha embarcado em um avião na vida e a ansiedade era grande. Tanto que nem dormi a noite que precedeu minha partida.
Porém, chegando ao aeroporto destino, de mala na mão e encarando aquele mundo novo e desconhecido, meu coração acelerou e eu experimentei o doce efeito da adrenalina. Capaz de tornar todos os anseios pequenos e insignificantes.
Cheguei ao hotel que estava reservado pra mim e a primeira coisa que fiz, após terminar os trâmites de chegada e deixar as malas, foi sair e andar pelas ruas, observando cada lugar e pessoa, como se tudo fosse interessante e único.
Era hora do almoço e parei em um restaurante aleatório e pedi a primeira coisa que me veio a cabeça. Enquanto esperava, admirei tudo em volta até que observei, sentado umas duas mesas a direita, um rapaz que devia ter a minha idade, mas onde as responsabilidades da vida lhe atribuíram ar mais velho.
Vestia um terno e bebia uma água enquanto esperava o prato. A frente, digitava freneticamente o notebook enquanto consultava o celular. Diferente de mim, parecendo completamente alheio ao mundo externo e suas belezas. Talvez por já ser residente e nada daquilo lhe era novidade, tal como ocorria comigo, ou simplesmente porque as atribuições do dia a dia lhe tomavam tanto o tempo que qualquer segundo roubado para algo tão simples como olhar a paisagem era uma completa perda de oportunidades.
Em minhas caçadas com meu pai, uma das primeiras lições que tive foi a arte de contemplar o mundo a volta.
- Um caçador deve ter foco quando detectar uma presa. Sua atenção tem que ser toda dela. Mas isso não o impede de, durante todo o momento restante, contemplar a região a sua volta. Você tem que observar tudo, para conhecer os caminhos, as características, os riscos e potenciais. Para quando achar sua presa e ter de abandonar toda a atenção em volta, poder ir atrás dela sem se preocupar com o terreno, pois já vai estar tão familiarizado com ele que será como se estivesse andando em casa.
Essas eram suas palavras.
- E também - concluiu - deve observar tudo pois, o que seria uma experiência na natureza se você não pudesse pelo menos parar alguns segundos para olhar suas belezas.
E de fato tudo ali era belo. Como um animal recém migrado, eu observava tudo. O restaurante com vista para o mar, o tempo agradável de céu azul, as instalações impecáveis do lugar e, para compor aquela exposição, a figura desse garoto que era algo bonito de se admirar.
Tinha o rosto quadrado, cabelos bem penteados castanhos, pele morena, entretanto pálida, de quem não pega muito sol. Usava óculos de aro fino, terno impecável bem ajustado ao corpo. Alguém cujo charme estava justamente no ar respeitável que emanava.
Me permiti admirar aquele espécime enquanto aguardava a comida. E foi nesse momento, por um instante apenas em que ele desviou os olhos do notebook, que me vislumbrou. Seus olhos pararam em mim, percebendo que o olhava.
Meu ato normal seria parar de o encarar, mas naquele dia não segui o protocolo habitual. Estava em terras estranhas, sentindo-me bastante seguro. Não conhecia aquele homem e talvez nunca mais o visse na vida. Se não gostasse de ser encarado, não seria um problema que perduraria muito tempo, uma vez que, terminando minha refeição, poderia sair e nunca mais lhe cruzar o caminho.
Então, permiti-me brincar um pouco.
Ele voltou a atenção para seu trabalho, mas a partir do momento em que percebeu ser observado, seus olhos, vez ou outra, traiam-no por conta da curiosidade e ele olhava novamente para minha direção. Sorri para ele e o deixei sem graça.
O jogo ia ficando mais interessante e eu me diverti. Minha comida chegou e, apesar de eu não fazer ideia do que era, parecia apetitosa. Dei uma pausa em minhas investidas e me dediquei ao prato. Foi então que, arriscando um olhar de canto de olho, notei que agora era ele quem me observava.
Sorri em cumplicidade e ele logo desviou, sem graça de ter sido apanhado.
Terminei minha refeição com a calma que aquela iguaria pedia, saboreando e identificando seus ingredientes e temperos. Ao fim, pedi uma limonada e apreciei enquanto fazia a digestão.
Meu companheiro de longa distância acabou de comer na metade do tempo e aproveitou o período economizado para dar mais atenção ao computador. Ao fim, fechou o notebook e pareceu pensar em sua próxima ação. Olhava para minha mesa avaliando, então, olhando o relógio, desistiu de qualquer plano e pediu a conta. Fiz o mesmo. Ao pagar, noto que na pressa, deixou o celular na mesa.
Passo por ela e aviso ao garçom e como o dono estava ainda na porta do restaurante, pego eu mesmo e o alcanço.
Ao sair, noto que o mesmo tateava os bolsos e, quando se vira para ir buscar o aparelho esquecido, me encontra estendendo em sua direção.
- Cuidado com a pressa - brinquei, sorrindo ao notar que ficara encabulado.
- Obrigado - e pegou o aparelho, me olhando timidamente nos olhos. - está uma correria louca.
- Percebi. Uma beleza dessas e você nem é capaz de admirar nada. Já deve morar na cidade, acredito.
- Não - corrigiu - Sou de Mossoró, estou em Natal a trabalho. E você?
- A trabalho também, mas de mais longe - admiti. - Estou hospedado no Ocean.
- Eu também - comentou com certa animação, que tratou logo de disfarçar. - Quer dividir um carro?
- Pensei em ir andando - ponderei. - a caminhada não dá nem 10 minutos.
- Eu não sei chegar a pé - admitiu, ainda encabulado.
- Eu te levo - e comecei a andar.
Uma vinda já bastou para saber o caminho de cor. Sempre fui bom em orientação, qualidade sine qua non a um bom caçador. Meu colega me acompanhou, claramente perdido no caminho.
- Cidade muito bonita - comentei. - vem muito aqui?
- Pelo menos três vezes por ano. Já vi de tudo, mas confesso que ainda não decorei o caminho.
- Você anda muito acelerado - comentei - Eu, quando estou em um lugar novo, gosto de apreciar tudo com calma.
Aproveitei o comentário e lhe dei uma boa avaliação de cima a baixo. Notando seu porte atlético realçado pelo terno. Dei uma olhada em seus lábios carnudos, no cavanhaque bem aparado.
- Desculpe, não sei seu nome - lembrei-me.
- Ah... Samuel - respondeu, despertando após ficar estático com minha olhada.
- Prazer. Fábio. Já chegamos - anunciei.
Samuel não escondeu o assombro de descobrir o quão fácil era chegar ali. Apesar do sol forte, o clima do mar deixava tudo bem fresco e nem suamos com o leve exercício.
Entramos e fomos ao elevador.
- Acredito que tenha muito trabalho ainda - deduzi - Não teria tempo para uma folga.
Ele gaguejou, mas então negou.
- Na verdade, minha reunião só irá ocorrer as 18h. Estava apenas deixando tudo preparado.
- Acho que já está mais que preparado. - avaliei - de véspera, só conseguirá ficar mais nervoso
Ao comentar, lembrei-me de meu discurso guardado em minha mala. Dúzias de papéis em que eu tentei sintetizar o que poderia ser uma teoria de vendas. Aquilo, que me tomou tanto o pensamento nos dias que antecederam a viagem e agora foi completamente apagado de minha lista de preocupações.
Eu sempre fui um animal estático, mais parecido com um urso que preferia hibernar no inverno. Minha única mudança na vida foi quando abandonei a casa de meus pais e ainda lembrava da sensação de liberdade. De estar em um lugar novo, desconhecido. A adrenalina daqueles primeiros meses ainda me eram uma memória agradável e bastou minha viagem para Natal chegar que eu senti a mesma emoção e pude ter a certeza que novos horizontes era algo que me encantava.
De véspera, tive uma série de nervosismos. Primeiro com minha apresentação. Virei noites redigindo o que falaria, escrevendo e reescrevendo inúmeras vezes. E em segundo, pois a própria ideia da viagem me causava vertigem. Isso porque eu nunca tinha embarcado em um avião na vida e a ansiedade era grande. Tanto que nem dormi a noite que precedeu minha partida.
Porém, chegando ao aeroporto destino, de mala na mão e encarando aquele mundo novo e desconhecido, meu coração acelerou e eu experimentei o doce efeito da adrenalina. Capaz de tornar todos os anseios pequenos e insignificantes.
Cheguei ao hotel que estava reservado pra mim e a primeira coisa que fiz, após terminar os trâmites de chegada e deixar as malas, foi sair e andar pelas ruas, observando cada lugar e pessoa, como se tudo fosse interessante e único.
Era hora do almoço e parei em um restaurante aleatório e pedi a primeira coisa que me veio a cabeça. Enquanto esperava, admirei tudo em volta até que observei, sentado umas duas mesas a direita, um rapaz que devia ter a minha idade, mas onde as responsabilidades da vida lhe atribuíram ar mais velho.
Vestia um terno e bebia uma água enquanto esperava o prato. A frente, digitava freneticamente o notebook enquanto consultava o celular. Diferente de mim, parecendo completamente alheio ao mundo externo e suas belezas. Talvez por já ser residente e nada daquilo lhe era novidade, tal como ocorria comigo, ou simplesmente porque as atribuições do dia a dia lhe tomavam tanto o tempo que qualquer segundo roubado para algo tão simples como olhar a paisagem era uma completa perda de oportunidades.
Em minhas caçadas com meu pai, uma das primeiras lições que tive foi a arte de contemplar o mundo a volta.
- Um caçador deve ter foco quando detectar uma presa. Sua atenção tem que ser toda dela. Mas isso não o impede de, durante todo o momento restante, contemplar a região a sua volta. Você tem que observar tudo, para conhecer os caminhos, as características, os riscos e potenciais. Para quando achar sua presa e ter de abandonar toda a atenção em volta, poder ir atrás dela sem se preocupar com o terreno, pois já vai estar tão familiarizado com ele que será como se estivesse andando em casa.
Essas eram suas palavras.
- E também - concluiu - deve observar tudo pois, o que seria uma experiência na natureza se você não pudesse pelo menos parar alguns segundos para olhar suas belezas.
E de fato tudo ali era belo. Como um animal recém migrado, eu observava tudo. O restaurante com vista para o mar, o tempo agradável de céu azul, as instalações impecáveis do lugar e, para compor aquela exposição, a figura desse garoto que era algo bonito de se admirar.
Tinha o rosto quadrado, cabelos bem penteados castanhos, pele morena, entretanto pálida, de quem não pega muito sol. Usava óculos de aro fino, terno impecável bem ajustado ao corpo. Alguém cujo charme estava justamente no ar respeitável que emanava.
Me permiti admirar aquele espécime enquanto aguardava a comida. E foi nesse momento, por um instante apenas em que ele desviou os olhos do notebook, que me vislumbrou. Seus olhos pararam em mim, percebendo que o olhava.
Meu ato normal seria parar de o encarar, mas naquele dia não segui o protocolo habitual. Estava em terras estranhas, sentindo-me bastante seguro. Não conhecia aquele homem e talvez nunca mais o visse na vida. Se não gostasse de ser encarado, não seria um problema que perduraria muito tempo, uma vez que, terminando minha refeição, poderia sair e nunca mais lhe cruzar o caminho.
Então, permiti-me brincar um pouco.
Ele voltou a atenção para seu trabalho, mas a partir do momento em que percebeu ser observado, seus olhos, vez ou outra, traiam-no por conta da curiosidade e ele olhava novamente para minha direção. Sorri para ele e o deixei sem graça.
O jogo ia ficando mais interessante e eu me diverti. Minha comida chegou e, apesar de eu não fazer ideia do que era, parecia apetitosa. Dei uma pausa em minhas investidas e me dediquei ao prato. Foi então que, arriscando um olhar de canto de olho, notei que agora era ele quem me observava.
Sorri em cumplicidade e ele logo desviou, sem graça de ter sido apanhado.
Terminei minha refeição com a calma que aquela iguaria pedia, saboreando e identificando seus ingredientes e temperos. Ao fim, pedi uma limonada e apreciei enquanto fazia a digestão.
Meu companheiro de longa distância acabou de comer na metade do tempo e aproveitou o período economizado para dar mais atenção ao computador. Ao fim, fechou o notebook e pareceu pensar em sua próxima ação. Olhava para minha mesa avaliando, então, olhando o relógio, desistiu de qualquer plano e pediu a conta. Fiz o mesmo. Ao pagar, noto que na pressa, deixou o celular na mesa.
Passo por ela e aviso ao garçom e como o dono estava ainda na porta do restaurante, pego eu mesmo e o alcanço.
Ao sair, noto que o mesmo tateava os bolsos e, quando se vira para ir buscar o aparelho esquecido, me encontra estendendo em sua direção.
- Cuidado com a pressa - brinquei, sorrindo ao notar que ficara encabulado.
- Obrigado - e pegou o aparelho, me olhando timidamente nos olhos. - está uma correria louca.
- Percebi. Uma beleza dessas e você nem é capaz de admirar nada. Já deve morar na cidade, acredito.
- Não - corrigiu - Sou de Mossoró, estou em Natal a trabalho. E você?
- A trabalho também, mas de mais longe - admiti. - Estou hospedado no Ocean.
- Eu também - comentou com certa animação, que tratou logo de disfarçar. - Quer dividir um carro?
- Pensei em ir andando - ponderei. - a caminhada não dá nem 10 minutos.
- Eu não sei chegar a pé - admitiu, ainda encabulado.
- Eu te levo - e comecei a andar.
Uma vinda já bastou para saber o caminho de cor. Sempre fui bom em orientação, qualidade sine qua non a um bom caçador. Meu colega me acompanhou, claramente perdido no caminho.
- Cidade muito bonita - comentei. - vem muito aqui?
- Pelo menos três vezes por ano. Já vi de tudo, mas confesso que ainda não decorei o caminho.
- Você anda muito acelerado - comentei - Eu, quando estou em um lugar novo, gosto de apreciar tudo com calma.
Aproveitei o comentário e lhe dei uma boa avaliação de cima a baixo. Notando seu porte atlético realçado pelo terno. Dei uma olhada em seus lábios carnudos, no cavanhaque bem aparado.
- Desculpe, não sei seu nome - lembrei-me.
- Ah... Samuel - respondeu, despertando após ficar estático com minha olhada.
- Prazer. Fábio. Já chegamos - anunciei.
Samuel não escondeu o assombro de descobrir o quão fácil era chegar ali. Apesar do sol forte, o clima do mar deixava tudo bem fresco e nem suamos com o leve exercício.
Entramos e fomos ao elevador.
- Acredito que tenha muito trabalho ainda - deduzi - Não teria tempo para uma folga.
Ele gaguejou, mas então negou.
- Na verdade, minha reunião só irá ocorrer as 18h. Estava apenas deixando tudo preparado.
- Acho que já está mais que preparado. - avaliei - de véspera, só conseguirá ficar mais nervoso
Ao comentar, lembrei-me de meu discurso guardado em minha mala. Dúzias de papéis em que eu tentei sintetizar o que poderia ser uma teoria de vendas. Aquilo, que me tomou tanto o pensamento nos dias que antecederam a viagem e agora foi completamente apagado de minha lista de preocupações.
- Talvez, tenha razão - assumiu por fim.
- Que bom - entramos no elevador e eu apertei o meu andar. - te convido para conhecer meu quarto então.
Samuel não respondeu nada, ficando quieto toda a subida.
Saímos do elevador e adentramos meus aposentos A mala ainda estava em cima da cama e eu a tirei. Então, me voltei para meu companheiro e peguei sua maleta e deixei de lado.
Alisei seu rosto, vendo seus olhos negros escanearem meu corpo. Respiração profunda, como quem tenta captar meus feromônios.
Segurei seu rosto e o beijei com calma. Ao simples tocar em meus lábios, ele se afobou, me agarrando e engolindo.
- Calma. Calma - pedi, sorrindo - quando provo uma iguaria, gosto de saborear. Você não?
Ele riu sem jeito.
- E você é uma iguaria que gostaria de experimentar com calma - confessei, desabotoando sua camisa - Posso?
- Claro - suspirou, soltando-me e se colocando a disposição .
Abri botão por botão, como quem descasca um alimento. Lembro de uma das grandes frases de sabedoria que meu pai um dia disse, inspirado pela cerveja.
- Sexo é igual comida. Todos gostam, mas poucos sabem apreciar. Qualquer um sabe fazer algo para matar a fome em horas de necessidade. Mas nem todos fazem gostoso - e completou o comentário com um sonoro tapa nas ancas de minha mãe. Que ruborizou imediatamente e o repreendeu, por fazer tal comentário na frente dos filhos.
Minha mãe, sempre avessa a demonstrações de afeto em publico, mesmo diante da família, ficou logo nervosa. Mas meu pai, que sempre se continha em respeito, não conseguia mais reprimir seus instintos de garanhão e suas necessidades fisiológicas em algumas datas. Eu e minha irmã, crianças ainda, riamos a plenos pulmões do jogo de gato e rato que se fazia em nossa casa. Quando mais velho, comecei a perceber que esses episódios eram sempre seguidos da manhã seguinte com minha mãe cantarolando músicas que eu desconhecia completamente enquanto recheava a mesa com um café da manhã mais caprichado.
Só com a maturidade para perceber a relação de causa e efeito e constatei que, apesar das roupagens e costumes de mulher carola do interior, minha mãe ainda era uma fêmea de sangue quente, que se beneficiava dos ímpetos etílicos de meu pai, mesmo o repreendendo diante da família.
Anedotas a parte, o fato era que, o hábito de comer e o de fazer amor tinham muitas semelhanças. E mesmo que uma refeição rápida tenha muitos benefícios, nada como provar com calma um prato que merecesse maiores atenções e que talvez você não experimentasse novamente tão cedo. Como animal em migração, tinha de aproveitar minha estadia.
Abri sua camisa e a deixei como estava, apoiada em seus ombros. Beijei o peito, lambendo suavemente o mamilo. Fiz movimentos repetitivos, de cima a baixo, provando seu pescoço e descendo até a barriga, garantindo que cada centímetro de sua pele morena e lisa fosse devidamente degustado.
Samuel, obediente, nada fez, apenas se deixou devorar, gemendo ocasionalmente e fechando os olhos para que os demais sentidos aflorassem.
Ajoelhei diante daquela refeição e desafivelei o cinto, desci a calça até o meio da coxa. O conduzi até a cama, onde Samuel se colocou sentado. Retirei seus sapatos, mas deixei as meias. Terminei de retirar a calça. Como algumas iguarias, aquela devia ser experimentada em etapas, para um melhor proveito.
Quando lambi seu joelho, Samuel tremeu e riu.
- Sente cócegas? - sorri com malicia.
Ele não precisou admitir. Pois eu mesmo alisei meus dentes na região, o que o fez sofrer um espasmo tão violento que quase me atinge.
- Não. Por favor - implorou, enquanto segurava o riso.
Ergui e me deitei por cima dele, beijando-o com intensidade. Tomei de sua saliva por completo, segurando suas mãos e entrelaçando os dedos. As ergui, de forma a que ficasse ainda mais disponível pra mim. Lambi seus braços e axilas
- Fica assim - e deixei suas mãos erguidas e voltei a descer, beijando cada centímetro de pele que encontrava pelo caminho. Alisando a lateral de seu corpo com minhas mãos livres.
Lambi seu umbigo, circulando com a língua a concavidade.
Segurei sua cueca e desci um pouco apenas a parte de trás. Uni suas pernas e o fiz ficar em posição fetal, de lado, bunda exposta. Constatei que sua pele era toda lisa. Como Dom Pedro, ele devia ser daqueles que arrancam até o último fio com cera.
Abri suas nádegas e toquei de leve com a língua. Outro espasmo, outro gemido. Beijei o buraquinho e quando enfiei a língua, ele gritou.
Continuei provando com delicadeza, deixando Samuel conter as ondas de prazer.
- Fode - pediu.
- Calma, garoto. Ainda não acabei de me deliciar - neguei.
O fiz deitar novamente de barriga pra cima e terminei de tirar a cueca, então, passei para os pés, retirando uma meia de cada vez, dedicando-me a cada pé, cada dedo, após despidos.
- De bruços - mandei e ele aceitou sem resistência.
Peguei seu paletó e tirei, agora sim, nu em pelo.
Fui tirando minhas roupas até também estar como vim ao mundo. Deitei por cima dele, encostando meu pau naquela bela bunda, sem penetrar ainda, apenas deixando a pele em contato com a pele. Beijei seu pescoço, suas costas, tirando risadas e gemidos. Enquanto o distraía, encaixei o órgão e fui penetrando. Quando percebeu o que acontecia, abriu a boca e o ar ficou preso. Meu pau deslizou pra dentro devagar, sendo muito bem recebido. Samuel arrepiou da cabeça aos pés e, quando cheguei ao fim, empinou a bunda em boas vindas.
Com calma, ginguei. Encravando fundo enquanto Samuel, apoiado nos cotovelos, gemia, erguendo a cabeça para o céu como em súplica, rosto contorcido em prazer.
- Estou adorando as delícias do Rio Grande do Norte - cochichei ao pé do ouvido.
- Que bom. Vai ver que somos muito hospitaleiros - brincou, sorrindo em êxtase.
- Vou admitir. Estou me segurando pra não te foder com força - avisei. Agora que já a tinha me banqueteado, queria devorar como a fome que de fato sentia.
- Está esperando o que? - atiçou e eu fui me posicionando.
Alinhei meu corpo, apoiei as mãos no colchão e, como um chicote, ginguei e golpeia suas nádegas com meu corpo, penetrando tudo.
Samuel abriu as pernas e agarrou os lençóis, rosto apoiado, soltando um gemido choroso.
***
A noite, estava eu diante daquela plateia. Imaginei aquele momento de muitas maneiras, ensaiei inúmeras estratégias, previ infinitas complicações.
Mas agora ali, diante deles, não pude notar qualquer tipo de ameaça, nada que justificasse tanto nervosismo prematuro.
Em minha mão, tinha vários papéis com meu discurso ensaiado, com palavras, algumas escolhidas por Dom Pedro e que eu nem sabia se entendia de fato seus reais significados.
Então, vendo que aquilo que estava escrito não era eu, o deixei de lado e comecei a falar o que me vinha a cabeça.
- Que bom - entramos no elevador e eu apertei o meu andar. - te convido para conhecer meu quarto então.
Samuel não respondeu nada, ficando quieto toda a subida.
Saímos do elevador e adentramos meus aposentos A mala ainda estava em cima da cama e eu a tirei. Então, me voltei para meu companheiro e peguei sua maleta e deixei de lado.
Alisei seu rosto, vendo seus olhos negros escanearem meu corpo. Respiração profunda, como quem tenta captar meus feromônios.
Segurei seu rosto e o beijei com calma. Ao simples tocar em meus lábios, ele se afobou, me agarrando e engolindo.
- Calma. Calma - pedi, sorrindo - quando provo uma iguaria, gosto de saborear. Você não?
Ele riu sem jeito.
- E você é uma iguaria que gostaria de experimentar com calma - confessei, desabotoando sua camisa - Posso?
- Claro - suspirou, soltando-me e se colocando a disposição .
Abri botão por botão, como quem descasca um alimento. Lembro de uma das grandes frases de sabedoria que meu pai um dia disse, inspirado pela cerveja.
- Sexo é igual comida. Todos gostam, mas poucos sabem apreciar. Qualquer um sabe fazer algo para matar a fome em horas de necessidade. Mas nem todos fazem gostoso - e completou o comentário com um sonoro tapa nas ancas de minha mãe. Que ruborizou imediatamente e o repreendeu, por fazer tal comentário na frente dos filhos.
Minha mãe, sempre avessa a demonstrações de afeto em publico, mesmo diante da família, ficou logo nervosa. Mas meu pai, que sempre se continha em respeito, não conseguia mais reprimir seus instintos de garanhão e suas necessidades fisiológicas em algumas datas. Eu e minha irmã, crianças ainda, riamos a plenos pulmões do jogo de gato e rato que se fazia em nossa casa. Quando mais velho, comecei a perceber que esses episódios eram sempre seguidos da manhã seguinte com minha mãe cantarolando músicas que eu desconhecia completamente enquanto recheava a mesa com um café da manhã mais caprichado.
Só com a maturidade para perceber a relação de causa e efeito e constatei que, apesar das roupagens e costumes de mulher carola do interior, minha mãe ainda era uma fêmea de sangue quente, que se beneficiava dos ímpetos etílicos de meu pai, mesmo o repreendendo diante da família.
Anedotas a parte, o fato era que, o hábito de comer e o de fazer amor tinham muitas semelhanças. E mesmo que uma refeição rápida tenha muitos benefícios, nada como provar com calma um prato que merecesse maiores atenções e que talvez você não experimentasse novamente tão cedo. Como animal em migração, tinha de aproveitar minha estadia.
Abri sua camisa e a deixei como estava, apoiada em seus ombros. Beijei o peito, lambendo suavemente o mamilo. Fiz movimentos repetitivos, de cima a baixo, provando seu pescoço e descendo até a barriga, garantindo que cada centímetro de sua pele morena e lisa fosse devidamente degustado.
Samuel, obediente, nada fez, apenas se deixou devorar, gemendo ocasionalmente e fechando os olhos para que os demais sentidos aflorassem.
Ajoelhei diante daquela refeição e desafivelei o cinto, desci a calça até o meio da coxa. O conduzi até a cama, onde Samuel se colocou sentado. Retirei seus sapatos, mas deixei as meias. Terminei de retirar a calça. Como algumas iguarias, aquela devia ser experimentada em etapas, para um melhor proveito.
Quando lambi seu joelho, Samuel tremeu e riu.
- Sente cócegas? - sorri com malicia.
Ele não precisou admitir. Pois eu mesmo alisei meus dentes na região, o que o fez sofrer um espasmo tão violento que quase me atinge.
- Não. Por favor - implorou, enquanto segurava o riso.
Ergui e me deitei por cima dele, beijando-o com intensidade. Tomei de sua saliva por completo, segurando suas mãos e entrelaçando os dedos. As ergui, de forma a que ficasse ainda mais disponível pra mim. Lambi seus braços e axilas
- Fica assim - e deixei suas mãos erguidas e voltei a descer, beijando cada centímetro de pele que encontrava pelo caminho. Alisando a lateral de seu corpo com minhas mãos livres.
Lambi seu umbigo, circulando com a língua a concavidade.
Segurei sua cueca e desci um pouco apenas a parte de trás. Uni suas pernas e o fiz ficar em posição fetal, de lado, bunda exposta. Constatei que sua pele era toda lisa. Como Dom Pedro, ele devia ser daqueles que arrancam até o último fio com cera.
Abri suas nádegas e toquei de leve com a língua. Outro espasmo, outro gemido. Beijei o buraquinho e quando enfiei a língua, ele gritou.
Continuei provando com delicadeza, deixando Samuel conter as ondas de prazer.
- Fode - pediu.
- Calma, garoto. Ainda não acabei de me deliciar - neguei.
O fiz deitar novamente de barriga pra cima e terminei de tirar a cueca, então, passei para os pés, retirando uma meia de cada vez, dedicando-me a cada pé, cada dedo, após despidos.
- De bruços - mandei e ele aceitou sem resistência.
Peguei seu paletó e tirei, agora sim, nu em pelo.
Fui tirando minhas roupas até também estar como vim ao mundo. Deitei por cima dele, encostando meu pau naquela bela bunda, sem penetrar ainda, apenas deixando a pele em contato com a pele. Beijei seu pescoço, suas costas, tirando risadas e gemidos. Enquanto o distraía, encaixei o órgão e fui penetrando. Quando percebeu o que acontecia, abriu a boca e o ar ficou preso. Meu pau deslizou pra dentro devagar, sendo muito bem recebido. Samuel arrepiou da cabeça aos pés e, quando cheguei ao fim, empinou a bunda em boas vindas.
Com calma, ginguei. Encravando fundo enquanto Samuel, apoiado nos cotovelos, gemia, erguendo a cabeça para o céu como em súplica, rosto contorcido em prazer.
- Estou adorando as delícias do Rio Grande do Norte - cochichei ao pé do ouvido.
- Que bom. Vai ver que somos muito hospitaleiros - brincou, sorrindo em êxtase.
- Vou admitir. Estou me segurando pra não te foder com força - avisei. Agora que já a tinha me banqueteado, queria devorar como a fome que de fato sentia.
- Está esperando o que? - atiçou e eu fui me posicionando.
Alinhei meu corpo, apoiei as mãos no colchão e, como um chicote, ginguei e golpeia suas nádegas com meu corpo, penetrando tudo.
Samuel abriu as pernas e agarrou os lençóis, rosto apoiado, soltando um gemido choroso.
***
A noite, estava eu diante daquela plateia. Imaginei aquele momento de muitas maneiras, ensaiei inúmeras estratégias, previ infinitas complicações.
Mas agora ali, diante deles, não pude notar qualquer tipo de ameaça, nada que justificasse tanto nervosismo prematuro.
Em minha mão, tinha vários papéis com meu discurso ensaiado, com palavras, algumas escolhidas por Dom Pedro e que eu nem sabia se entendia de fato seus reais significados.
Então, vendo que aquilo que estava escrito não era eu, o deixei de lado e comecei a falar o que me vinha a cabeça.
Comecei com a primeira vez em que fui caçar com meu pai, as primeiras lições que tive, os desafios. Todo o aprendizado que aqueles momentos me trouxeram foram traduzidos e o paralelo com as vendas surgiram de forma natural. Como na selva, a vida em sociedade era uma luta pela sobrevivência. Como nas vendas, você precisava detectar sua presa para garantir seu sustento. Identificar suas idiossincrasias e usar a seu favor. E assim, a lei da evolução foi apresentada em seu caráter mais verdadeiro e singelo naquela uma hora de palestra.
Ao fim, encerrando sem me dar verdadeiramente conta que tinha acabado, fui aplaudido e fiquei muito grato. Eliandro veio até mim e agradeceu. Convidando-me para o coquetel no salão do hotel, onde queria me apresentar a alguns amigos.
E foi lá que, conversando com todos os envolvidos, conheci Veneza, empresária no ramo hoteleiro que ao descobrir que estava me formando em arquitetura, ofereceu-me uma vaga no ramo paisagístico. Que era de fato minha especialização e tema de meu TCC.
- O único porém é que minha rede atende doze estados do Brasil, além de postos na Argentina, Chile e estamos tentando o mercado norte americano. Então, a vaga teria de ser para alguém disposto a viajar bastante. - explicou.
Se ela disse isso de propósito, ou se apenas foi capaz de perceber o brilho em meus olhos ao ouvir essa condição, eu não sabia. Mas o fato é que Veneza sabia ter tocado em um ponto vital.
- Augusto vai ficar uma arara quando souber que deixei você assediar o melhor vendedor dele - Eliandro previu.
- São apenas negócios, meu bem. Como o próprio Fábio nos deixou claro, assim como na selva, os mais adaptados vencem.
Sorri para ela, concordando.
Prometi pensar, mas acredito que tanto eu quanto ela já sabíamos que aquela proposta havia me tocado o coração.
Ao fim, encerrando sem me dar verdadeiramente conta que tinha acabado, fui aplaudido e fiquei muito grato. Eliandro veio até mim e agradeceu. Convidando-me para o coquetel no salão do hotel, onde queria me apresentar a alguns amigos.
E foi lá que, conversando com todos os envolvidos, conheci Veneza, empresária no ramo hoteleiro que ao descobrir que estava me formando em arquitetura, ofereceu-me uma vaga no ramo paisagístico. Que era de fato minha especialização e tema de meu TCC.
- O único porém é que minha rede atende doze estados do Brasil, além de postos na Argentina, Chile e estamos tentando o mercado norte americano. Então, a vaga teria de ser para alguém disposto a viajar bastante. - explicou.
Se ela disse isso de propósito, ou se apenas foi capaz de perceber o brilho em meus olhos ao ouvir essa condição, eu não sabia. Mas o fato é que Veneza sabia ter tocado em um ponto vital.
- Augusto vai ficar uma arara quando souber que deixei você assediar o melhor vendedor dele - Eliandro previu.
- São apenas negócios, meu bem. Como o próprio Fábio nos deixou claro, assim como na selva, os mais adaptados vencem.
Sorri para ela, concordando.
Prometi pensar, mas acredito que tanto eu quanto ela já sabíamos que aquela proposta havia me tocado o coração.
Atualizado em: Sex 3 Fev 2023