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Fruta Estragada

Queria eu poder contar uma história bonita, talvez com uma certa leveza, mas não posso, não posso porque o mundo como o vejo, não é leve, tampouco bonito, e todas as histórias que tenho pra contar vem de um peito arrependido, um coração algumas vezes partido, já me ocorreu muitas vezes que eu poderia contar uma história, uma daquelas de amor, que arrancam suspiros, mas não são essas histórias que minha caneta quer contar, e já que ela insiste em chorar, eu me rendo e choro também.

 

Diabo velho! É esse sentimento envelhecido em meu peito, esse amor que morreu e insistiu em permanecer aqui incrustado, por que é que esse sentimento não envelheceu feito vinho? A cada ano em repouso no escuro ficou melhor… Mas não esse sentimento é um velho diabo mesmo, envelhece e quanto mais velho fica mais podre se torna. 
Amor em língua nova? É amor em língua nova é doce, mas quanto mais tempo permanece em língua fixa, mais enjoativo se torna, todo amor que em inicio é fruta assim como a maçã que se acostuma ao solo em que caiu apodrece o amor também aos namorados aborrece e morre, morre sem avisar que vai morrer, parte sem avisar que vai partir, e deixa dois corações se apertarem com frio, o aperto que temos no peito é o pobre coração acostumado ao calor da companhia, que quando sozinho de tanto frio se encolhe procurando algum acalento. 
Mas, não contei ainda, como é peito de poeta sem amor, é tipo casa vazia, igreja sem missa, é espaço sem vida, casa sem briga, é noite sem lua, é um incompleto imenso, uma vontade de ser dois, quando se é inteiro, e inteiro sentimo-nos sós, inteiros parece-nos que por falta de amor somos metades imperfeitas, peças de quebra-cabeças que vieram a mais, que eu sou? Isso aí! Um pino sem encaixe, um parafuso torto, um botão sem casa… Não sou nada, nada pra ninguém, não sou o tudo de alguém… Sou… Apenas eu, e sou inteira por mais que digam que sou metade vazia. Se sou vazia, sou vazia por inteiro.
Eu me basto, me basto com minhas manias, me basto com minhas neuroses e cismas, não preciso de alguém me buzinando ao pé do ouvido o que devo ou não fazer, a quem devo ou não dar abrigo, que sentimentos trago sob a camisa, não preciso que me digam que é que trago no pesado peito, que sei que é um amor morto, amor morto pesa…

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Atualizado em: Sáb 15 Ago 2015

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