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Alice no Brasil das Maravilhas
"Alice no Brasil das Maravilhas"
"Somos Todos Alice ! "
Acredito, que todos nós, sem exceções, já tivemos contato de alguma forma com parte da estorinha que fundamenta este artigo, pode ter sido através de desenhos animados, por intermédio de filmes, livros, imagens, gravuras, ou mesmo ouvindo de um familiar ou professor.
Professores, inclusive, são apaixonados por esta estória, dificilmente alguém consegue passar ileso por um curso de graduação ou pós-graduação, em algumas áreas, sem ouvir ao menos uma vez, o professor utilizar parte da estória para exemplificar ou explicar uma tomada de decisões.
Julgo perfeitamente oportuno o momento, para também me utilizar da estória, e expor minha opinião em relação ao momento em que estamos vivendo no Brasil, a exatos dois dias da votação do segundo turno de uma eleição presidencial.
Tento fazer com que o texto seja totalmente apartidário, não posso me classificar como politizado ou apolítico, por dois motivos, o primeiro e mais importante, como já expus no artigo "7Conselhos para Lídar com Pessoas Difícies"de 10 de outubro de 2014, sou totalmente contra a rotulação taxativa e imperativa de seres humanos, e o segundo que seria hipócrita, despender de tempo para escrever sobre o assunto e tentar me colocar totalmente as margens do mesmo.
Na antiga estória, 1865, "Alice no país das maravilhas", deLewis Carroll, Alice está atrás de um coelho e cai em um mundo desconhecido, na verdade, a menina cai dentro de si mesma. Em dado momento a estória, nos brinda com um breve, porém, riquíssimo e intrigante dialogo entre dois de seus personagens:
Alice: "Você pode me ajudar?"
Gato: "Sim, pois não."
Alice: "Para onde vai essa estrada?"
Gato: "Para onde você quer ir?"
Alice: "Eu não sei, estou perdida."
Gato: "Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve."
Proponho, atraveis de uma breve analise análoga do dialogo, ilustrando por meios de questionamentos, expor minha opinião sobre nosso atual momento.
Quem é Alice?
Somos todos nós, que atualmente não sabemos quem somos, onde estamos, para onde vamos, ou para onde queremos ir. Que estamos a mercê desta classe política dominante, escondida na interminável sopa de letrinhas de siglas partidárias, sem nenhum comprometimento com suas ideologias primarias.
Alice é a classe dominada, sem segurança, saúde, perspectivas, e principalmente sem educação, o que impossibilita totalmente a sua percepção das injustiças sociais, e a escolha do melhor caminho, servindo apenas de massa de manobra da classe política.
Quem é o Gato?
Em nosso atual cenário, são as urnas, que de forma debochada, nos dizem antecipadamente, o que já sabemos a muito tempo, que seja qual for o caminho, ou o resultado da apuração, por mais otimistas que tentemos ser, em breve notaremos que nada mudou, ou se mudou foi insignificante, e que após 4 anos estaremos novamente renovando inutilmente nossas esperanças e a sede de mudança, e assim o ciclo se perpetua eternamente.
Quais as opções? Quais os caminhos?
Recentemente, nos ofereceram, uma sopa de letrinhas partidárias, com inúmeras opções, inúmeros caminhos, alguns frágeis demais, outros radicais demais, chegamos a ter como opção caminhos debochados e homofóbicos, mas como previsto, a estrada segue e na bifurcação seguinte, nos deparamos novamente com as duas opções costumeiras, as ruas 13 e 45.
Duas ruas, que seguem paralelas, lado-a-lado, sem se cruzarem, aguardando apenas a sua escolha. E você por qual rua optará ?
No lado esquerdo, pela rua 13, vejo um universo de falcatruas, corrupção, desvios de dinheiro público, administração da pobreza, escândalos, enfim,vejo a promessa de um futuro que não acontece a doze anos.
No lado direito, pela rua 45, tudo que consigo visualizar deste ponto da bifurcação é exatamente idêntico ao que vejo na rua 13, parafraseando Cazuza,"eu vejo o futuro repetir o passado".
E você leitor ou eleitor, para onde deseja ir ? que futuro você prefere ?
O futuro que não acontece ? da rua 13.
O futuro que repete o passado ? da rua 45.
"Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que permitisse às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica ..."
Paulo Freire
Filosofo e Educador