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Shopenhauer no Clube da Luta

No meio da madrugada, descubro que está passando Clube da luta em um obscuro canal da TV a cabo. É um filme que caso fosse reduzido aos aforismos que aparecem nele ainda seria fenomenal. De Tyler dizendo o que somos ou não somos o tempo todo e Jack dizendo quais partes de Jack ele é, começamos a entender o grande problema de auto imagem da humanidade.

Costumava dizer que tinha ume espelho assassino. Depois que o quebrei ganhei sete anos de sorte, mas descobri que se não a humanidade, pelo menos o ocidente tem um espelho assassino ainda pior.

Como na piada, a diferença entre o criacionismo e o evolucionismo é apenas que num viemos de um erro genético e noutro de um erro moral.

Nós somos a merda do mundo que faz tudo para chamar a atenção. Nós somos os descendentes condenados desde o nascimento, nós somos os sobreviventes de um mundo cruel, que devemos justificar a nossa sobrevivência com a nossa imperfeição.

Ao longo dos séculos sempre carregamos essa sensação de perdição, essa necessidade de redenção. Não é a toa que todas as religiões oferecem a salvação. Cristãos, judeus, muçulmanos, zoroastristas, budistas, hindus, todos estão em busca da redenção do maior dos pecados. Nascer humano. Nascer com essa dor em um lugar que não existe e com essa doença pseudossomática.

Todas as vezes que esquecemos que somos a merda do mundo, nossos delírios de grandeza nos levam a cometer atrocidades que nos mostram o quento somos a merda do mundo. Cruzadas, Inquisição, castas indianas, revolução cultural chinesa, etc. Quanto mais tentamos esquecer o fedor, mas fedidos ficamos.

Tyler diz o tempo todo que é preciso aceitara dor, saber que vai morrer, aceitar quem e o que nós somos.

Uma postura bem Schopenhauriana. Aceitar a existência da dor, na esperança que da solidariedade da dor compartilhada possa nascer algo autêntico. Não sei exatamente em que ponto deixou de ser dor compartilhada e passou a ser desejo de vingança e delírio de pureza. Nós somos a melhor merda do mundo. Somos a que sabe o que é e o que quer.

O que há de tão errado conosco que fingimos que somos o que não somos, que não sabemos que vamos morrer, que não temos vergonha de apenas viver um dia de cada vez e não fazer nada importante durante a vida.

O que há de errado conosco? Porque temos que nos redimir de um crime que não cometemos?

Porque temos que nos considerar o pior dos seres apenas como medida de segurança para evitar que a gente cometa as maiores burradas da história?

Porque não podemos simplesmente ser anjos rococó, ao invés desses duros anjos mulitares?

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Atualizado em: Qua 4 Nov 2009

Comentários  

#6 Abreu 08-08-2010 10:12
Sim... Porquê?
#5 tania_martins 17-03-2010 22:33
Nossa limitação! Gostei. Parabéns!
#4 rackel 05-02-2010 13:37
O inevitável sofrimento da existência e a nossa imobilidade diante dele. Gostei.
#3 cochise 15-11-2009 04:54
Obrigado, doce dama
#2 undostres 13-11-2009 02:07
Dolor humano repetitivo ? cuantas carencias ...quizás aquí radicaría ese dolor ...carencia en la no posibilidad de ser mejores cada dia ...mejores en la fuerza del amor del hoy , del amor de amar , no del histórico repetitivo . Amar es acto ..acto es aqui , hoy , conectado con el corazón y con toda la magia secreta del universo . Una eclosión comprimida de historia , conceptos e imagenes repetidas por generaciones ...
#1 crika 12-11-2009 00:28
Gostei da crônica...
Vc escreve elegantemente...
Parabéns!!!

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