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Gárgulas de sangue - III

Hermes estava entediado, descansando naquele domingo a tarde, e pensando que já havia alguns dias que Verônica não aparecia e sentindo que a paixão começava a tomar conta de seus pensamentos, não fazia outra coisa senão divagar sobre ela.
Na cafeteria Pão Doce, no centro de Salamargo, muito frequentada, e não atoa tinha este nome, Dona Cecília reeditava a receita de um pão doce deixada por sua avó, e fazia muito sucesso. Diante do pires branco, onde havia o famoso pão, Hermes olhava distante enquanto seu café esfriava.
_ Onde ela estará?
_ Falou comigo? Perguntou a garçonete.
_ Não. Apenas pensei alto.
_ Mais alguma coisa?
_ Não, obrigado.
De volta ao mundo dos pensamentos, o telefone toca, ao mesmo tempo ele reconhece o número e pensa.
_ Saco.
Era Maria Luz, uma moça que sempre esteve por perto, tinham alguns encontros, mais para Hermes não passava de distração, embora sabia que ela alimentava muito mais por ele, era conveniente mantê-la perto para aquecer, mas não o suficiente para queimar.
O telefone toca novamente e ele olhava afoito, mas a decepção se faz em seu olhar ao ver que apenas um número desconhecido o faria feliz.
Naquela quarta-feira perto das 17 horas, Hermes sentado em seu carro, fazendo palavra cruzada com a cabeça baixa, eis que sente uma sombra ao vidro, e antes mesmo que pudesse olhá-la sente o aroma agradável do perfume, virando rapidamente, se depara com Verônica.
Um misto de saudade, raiva, alegria e estupidez direcionam suas palavras.
_ Nossa. Achei que havia feito algo errado.
Ela apenas lhe dá um sorriso, com dentes próximos da perfeição, fita-lhe de maneira sutil, mas com o intuito de um pedido de desculpas.
_ Como você está?
_ Bem. A vida por aqui não é muito agitada.
_ Senti sua falta, tive medo de lhe procurar, porque estou sentindo algo que ainda não consigo identificar.
Hermes sente um frio na espinha, sua garganta seca e apenas acena com a cabeça tentando não dizer o mesmo para parecer que dominava a situação.
_ O que tem feito?
_ Além de pensar em você, penso em você.
Ela sorri timidamente, mostrando um certo rubor na face.
_ Porque sumiu?
_ É complicado. Sou casada.
Sem mostrar a decepção que sentiu, ele continua.
_ Entendo. O que está fazendo aqui?
_ É mais forte do eu.
_ Devo confessar que estou apaixonado por você. Há muito não me sinto assim.
_ Está dizendo isso para me agradar.
_ Não, de forma alguma.
Ela repete o sorriso e o rubor.
_ Gostaria de comer o famoso pão doce de Salamargo?
_ Gostaria sim, em outro momento, mas agora quero ir à sua casa.
Ele desconcertado, se lembra da bagunça e lamenta internamente, mas nada o impediria de estar a sós com ela.
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Atualizado em: Qui 27 Dez 2018

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