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DIA DE BRANCO(Parte 5)

Na varanda do décimo quinto andar de um edifício de luxo da capital, situado na avenida mais valorizada da cidade, David Angelim Maldonado, vereador eleito com recorde de votos na sua primeira candidatura fuma um cigarro pensando em como conseguiu muito mais do que esperava quando procurou se aproximar do filho do senador. Ele tinha planejado tudo, detalhe por detalhe, a fim de ganhar a confiança de Portinho. Desde o primeiro encontro tudo foi armado para dar a sensação de coincidência o resto foi só improvisar. Não era nada difícil ser amigo de Portinho. Ele era o típico playboy, estava sempre com dinheiro, cercado de mulheres bonitas, amigos bajuladores e sempre tinha um pó de qualidade para cheirar. Ele era sócio de um escritório de advocacia junto com um colega que se formou na mesma época que ele, entretanto, nunca comparecia no escritório, situação que seu amigo jamais reclamava já que os melhores clientes que vinham ao escritório eram todos recomendados pelo pai de Portinho, o senador Alcindo Porto. Desde a sua saída do partido e a briga com o senador e toda a súcia que o acompanhava, David tentava achar alguma coisa que pudesse desmoralizar e denegrir a imagem da velha raposa, e agora caiu em seu colo à grande chance, ele tinha um DVD com a gravação do filho do senador matando friamente outra pessoa, e pior, um rapaz que era irmão de um policial federal. Isso era muito mais do que ele queria._ Agora aquele velho vai se arrepender de ter se metido comigo e com a minha mulher.

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Em frente à casa da mulher de David o senador Alcindo Porto fala ao telefone:

_Isso mesmo, os endereços são esses. Eu quero que venham dois homens para cá agora e mande mais dois para o outro endereço. Não esqueça que eles só vão agir quando eu der a ordem. Está entendido?

_Está entendido sim patrão.

_Não esqueça os uniformes.

_Não esqueceremos.

40 minutos depois para um carro modelo Honda Civic de cor preta e desce dois homens vestidos de ternos pretos. Vão em direção ao senador e seu filho, conversam por 2 minutos e entram juntos na casa de Tereza.

______________

O agente federal Fonseca enche um copo com uísque e vira de uma só vez, liga a televisão e vai tomar um banho. 20 minutos depois já de banho tomado e um pouco mais despreocupado, resolve dar uma volta pela orla da cidade e tomar uma cerveja em algum barzinho, antes, porém, faz mais uma tentativa de falar com seu irmão e para sua surpresa o telefone é atendido, mas, quem atende não é seu irmão.

_Alô

_Quem está falando? Cadê o Pedro?

_Aqui é o Portinho. O “Pepeta” tá arriado. A farra ontem foi pesada. Com quem estou falando?

O agente Fonseca sente um arrepio que gela sua barriga. Seu coração dispara e ele começa a suar. “Caralho é o filho do senador, tenho que mostrar tranqüilidade e ser simpático não posso assustá-lo.”

_E ai Portinho, quem tá falando é o Rodrigo irmão do Pedro, o “Pepeta” fala sempre de você, ele o considera seu melhor amigo.

_Eu também o considero um grande amigo. Não tá a fim de dar uma chegada até aqui, daqui a pouco o “Pepeta” deve acordar e ainda tem várias cervejas para beber.    

_Quero sim. Onde vocês estão?

_ Na zona de expansão no conjunto praias dos papagaios, rua c número 213.

_Beleza chego já.

_Tá bom, até mais.

Rodrigo Fonseca estica mais uma antes de sair. Não está se sentindo nada bem, e aquela sensação de que alguma coisa ruim está para acontecer continua. Ele tenta se acalmar e põe a culpa dessa sensação ruim aos efeitos da cocaína, apesar de nunca ter sentido nada igual nem quando está em plena missão pronto para invadir um ponto de droga ou um cativeiro se sentia tão estressado como estava agora. O percurso de seu apartamento até a zona de expansão era tranqüilo e não levaria meia-hora. Parou em uma loja de conveniência de um posto de gasolina comprou cigarros e uma latinha de cerveja. De repente voltando para o carro passa pela sua cabeça a lembrança do dia em que o Pedro nasceu ele balança a cabeça e diz: _Esse pó deve tá misturado com alguma outra merda. Cinco minutos depois ele estava na frente do número 213. Buzinou duas vezes e desceu do carro. O portão automático se abriu mostrando o interior da garagem onde um Honda estava estacionado. Foi entrando em direção a uma luz acesa na sala da casa. A sensação de angústia estava ainda maior seu coração estava tão acelerado que ele tinha a impressão de que se alguém chegasse ao seu lado poderia escutar os batimentos, lembrou de sua mãe e teve vontade de chorar, desde que o Alzheimer piorara foi internada em uma clínica e já tinha quase dois anos que ele não a via. Sua mão estava suando. Gritou:_Portinho, “Pepeta”. Ouviu uma voz dizendo:_ Pode entrar estamos aqui. Continuou andando e entrou na sala que estava vazia. Lembrou de Carol seu único e verdadeiro amor que não quis acompanhá-lo para a Amazônia quando ele passou no concurso da polícia. “Meu Deus o que é que está acontecendo comigo” pensou. Foi andando em direção a outra luz acesa que parecia levar a cozinha. Instintivamente sacou a pistola do coldre e foi andando com ela em punho. Escutou uma voz o chamando que vinha de um corredor escuro: _Mano velho. Ele se vira e vê um homem de terno preto saindo da escuridão empunhando um revolver com silencioso e recebe três tiros, ainda consegue disparar sua pistola duas vezes, mas, sem encontrar o alvo, cai no chão todo ensanguentado e uma avalanche de lembranças de sua vida invade sua cabeça, seu primeiro dia na escola, seu primeiro beijo, o dia em que passou no concurso da polícia, o dia em que deu seu primeiro tiro, o dia em que matou pela primeira vez, o primeiro contato com as drogas... . Em seu último suspiro vira o rosto e vê seu irmão Pedro caído ao seu lado com a cabeça toda furada. Pensou “Acho que o plano não deu certo”. Morreu. Na mesma hora o senador Alcindo Porto pega o celular e disca um número:

_Tudo certo aqui. Podem seguir com o plano.

Alguns minutos depois dois policiais militares se aproximam da guarita de segurança de um condomínio e pedem para o vigilante interfonar para o apartamento 1503 e pedem para falar com a doutora Tereza Aguiar Maldonado. O vigilante interfona:

_Pronto

_Doutor David está aqui dois policiais militares querendo falar com a doutora Tereza.

Ele pensa ”Finalmente chegaram. A minha vingança está perto de se realizar”.

_A doutora Tereza está viajando. Pergunte a eles se pode ser comigo mesmo.

O vigilante faz a pergunta aos militares que fazem que sim com a cabeça.

_Eles disseram que sim.

_Então peça para eles subirem.

 continua.

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Atualizado em: Ter 15 Mar 2011

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