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DIA DE BRANCO(Parte 3)
Dentro de um avião em um vôo comercial de Manaus com destino a uma cidade no litoral nordestino viaja um homem de pele morena, cabelos lisos pretos com uma franja que dava um ar de inocência e ingenuidade que dissimulava a sua verdadeira personalidade. De estatura mediana com braços e tronco muito fortes, Rodrigo Fonseca tinha um físico parecido com o de um atleta de ginástica olímpica só que com uma estatura um pouco maior, o agente Fonseca era policial federal desde que tinha 22 anos de idade o que dava a ele uma experiência de 21 anos de serviços prestados. Estava trabalhando na região amazônica desde o início da carreira, ele poderia se passar por um morador da região facilmente devido as suas feições se assemelharem a dos índios, o que era precioso em algumas missões. Há quase um ano entrou com pedido de transferência para uma cidade nordestina alegando que já estava há muito tempo longe da mãe e do irmão mais novo. Por causa de algumas indisciplinas e uma investigação interna de envolvimento em corrupção e execuções de testemunhas o pedido não foi avaliado da forma devida e se arrastava sem que ninguém desse uma resposta esclarecedora sobre o seu destino. No entanto, o agente Fonseca estava decidido a mudar de vida de um jeito ou de outro; mesmo que não conseguisse a transferência ele iria embora da região norte, não agüentava mais viver ali, então, se deu um prazo de mais dois meses, se conseguisse o pedido desejado melhor, se não, largaria a carreira de policial, para isso, entretanto, teria que pensar no futuro e tentar garantir uma boa aposentadoria caso tenha que realmente se afastar do trabalho e por isso estava contando com a colaboração de seu irmão em um plano que tinha tudo para dar certo já que seu irmão tinha a total confiança da vítima.
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No pequeno aeroporto o jatinho fretado vindo de Brasília acabara de pousar. Dele desce o senador Alcindo Porto. Na sala “vip” de desembarque seu filho o espera com uma fisionomia preocupada e irritada devido à quantidade de repórteres que estavam esperando a chegada de seu pai. Ele pergunta para si mesmo: _Como esse bando de urubus souberam da chegada do meu pai? O senador Alcindo vai ate seu filho e o abraça e pergunta em seu ouvido:
_O que aconteceu?
Portinho começa a gaguejar e responde:
_Matei uma pessoa.
O senador toma um susto e afasta o filho dos seus braços e o fita diretamente nos olhos.
_O que disse?
_Foi isso mesmo que o senhor ouviu. Eu matei um cara.
O senador abraça mais uma vez o filho e diz:
_Vamos andando, quando nos livrarmos desses urubus você me explica melhor isso, agora ponha um sorriso nos lábios e vamos enfrentar esses calhordas.
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Uma hora depois no mesmo aeroporto o agente Fonseca está colocando sua bagagem no porta-malas de um taxi, pega o telefone celular e disca o número de seu irmão, que chama, chama, mas, ninguém atende. “_ Porra! Onde se meteu esse moleque, eu avisei a ele que chegaria hoje.” Depois de várias tentativas frustradas, que fez o motorista do taxi esperar por quase dez minutos, finalmente falou seu destino:
_Condomínio Deserto do Saara, fica bem em frente ao Shopping das Flores.
_Ok, vamos lá.
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Dentro do carro e livres dos jornalistas o senador pergunta:
_Como foi que isso aconteceu? Por que matou uma pessoa?
_Fiquei sabendo que ele tava armando para me seqüestrar.
_Você tem certeza? Quem é a pessoa que você matou?
_Eu tenho certeza sim, ele já estava procurando um lugar para fazer de cativeiro lá na invasão do pantaneiro. Só que ele nunca poderia imaginar que a pessoa com quem ele estava procurando a casa seria meu conhecido. Quem tava ajudando ele era o “preguiça” o senhor conheceu o “preguiça”, lembra dele?
_Claro que não lembro. Você acha que eu vou lembrar de uma pessoa que tem o nome de “Preguiça” caralho!
_Ele trabalhou para o senhor na última campanha, o senhor me pediu para arrumar uns carinhas barra pesada para dar um jeito naquele jornalista que não saia do seu pé. Ele tava investigando como que o senhor conseguiu aqueles 300 mil para a campanha. Lembra?
_Estou lembrado do caso sim. Continue.
_Então, o “preguiça” disse que só entraria na jogada se ele soubesse quem seria a vítima e insistiu para que o “Pepeta” falasse, então, o “Pepeta” abriu o jogo e disse que era um playboyzinho filho de um senador. Como o "preguiça” já tinha me visto junto com o “Pepeta” lá na boca atrás de farinha ele se ligou e me contou tudo. Fiquei sabendo disso semana passada, então armei uma “cócó” para aquele filho da puta crocodilo do caralho e o matei com três tiros na cabeça.
_Puta que pariu, que merda! E você conhecia esse “Pepeta”?
_Conhecia há alguns meses. Ele era meu companheiro de farra.
_Que amizades você tem em meu filho.
_Realmente por essa eu não esperava, porém, suas amizades na política também não são das melhores né pai?
_E o corpo desse “Pepeta” está onde?
_Está na casa de uma amiga lá perto da praia, eu já limpei tudo e estava esperando o senhor chegar por que tem uma situação a mais que o senhor não sabe ainda.
_Que situação é essa? Diga logo?
_È que o “Pepeta” tem um irmão.
_E daí?
_E daí que o irmão dele é policial federal.
_Puta que pariu caralho!
_E ele está ligando para o telefone do “Pepeta”, que está comigo, olhe aqui.
Portinho estica o braço e mostra um celular vibrando e no monitor dava para ler “mano velho” e um número piscando.
Continua.
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