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Psychotic

Capítulo 01
Bam!
Levantou os olhos cansados, já não aguentando mais ficar naquele lugar. Seus braços estavam cruzados em cima da mesa, e sua expressão já deduzia tudo que queria dizer. Apesar de o homem ter lhe dado as costas, sabia qual seria seu destino dali pra frente...
– "Plantão". – leu a palavras em vermelho apenas para confirmar. – Ah, não... – choramingou após rolar os olhos.
Voltou pousar a cabeça em seus braços, começando produzir o som idêntico de um choro, porém não estava chorando. Só queria tirar três horas para descansar, ela também precisava dormir ninguém era de ferro!
Mas mais um turno noturno, sendo este o seu terceiro. Até quando teria que aguentar? Melhor nem pensar, pois seu corpo não iria aguentar por muito tempo, suas energias estavam esgotadas, e sem querer ser indelicada, mas Amber não aguentaria mais uma noite acordada, nem mesmo se tomasse anfetaminas para manter os olhos abertos!
– Amber? Tudo bem? – a médica mais velha, adentrou a sala privada dos médicos com uma caixa de objetos em mãos. – Amber...? – chamou novamente, colocando a caixa em cima da mesa, e se aproximando da mulher, que até então não fazia um movimento. – Amber? – a cutucou devagar, e então percebeu que ela tinha os olhos fechados e uma expressão maltratada. – Pobre bichinho, está exausto! – afastou os cabelos de Amber, passando acariciar sua face adormecida.
O nome dela era Wendy Smith, ou, mais conhecida como a Vovó Wendy do hospital Joseph Louise Morgan. Ela tinha lá seus setenta e oito anos bem vividos, e sua própria aparência denunciava sua idade. Tinha olhos verdes, sobrancelhas finas, cabelos curtos e brancos com alguns – despercebidos – fios pretos. E o sorriso que estampava, quase sempre, em seus lábios tinha o dom de cativar qualquer iniciante na área hospitalar.
Todos a consideravam a "vovó", por ser a única médica mais velha que aguentou segurar todas as pontas. Sua vida se baseou em controlar os enfermeiros, porém sua responsabilidade dobrou, assim que ganhou os médicos em sua lista.
Sempre tinha o dever de estudar o paciente, antes de entregá-lo nas mãos de um dos médicos. Essa era sua função. Não acreditava que, estudar a pessoa antes de deixá-la nas mãos de um profissional capacitado, fosse necessário, pois dentro daquele hospital era onde se localizava os melhores médicos do país. Nenhum possuía ficha marcada, todos – sem exceção – executavam muito bem seus trabalhos.
Wendy tinha um enorme significado, ela era a mãe de todos ali dentro. Sua doçura conseguia cativar a todos, até mesmo um médico orgulhoso e mal-educado, do qual ela conseguia transformar em um profissional respeitoso.
– Vovó Wendy? – a porta da sala se abriu devagar. – Preciso tirar uma dúvida com a senhora. – ele começou, segurando a nova ficha que recebera do chefe.
– Alex, Amber trabalhou a noite toda, ontem? – Wendy quis saber, fazendo carinho nas costas da jovem.
– Ela substituiu o turno da Katy, não se lembra? – respondeu como se fosse óbvio.
– Katy Hill não voltou pelo visto. – concluiu vendo Alex assentir. – Pobrezinha, ela tem que descansar um pouco. – pronunciou afastando uma mecha de cabelo do rosto de Amber. – Dr. King, não pode levá-la até a ala privada? – questionou encarando o homem docemente.
– Vovó... – levantou os ombros. – Já estamos na ala privada. – disse como se ela não soubesse.
– Não digo aqui Alex, me refiro às camas que o hospital disponibiliza para vocês, médicos. – explicou.
– O chefe não irá... "Encrespar"? – fez aspas com os dedos, deixando sua pasta de documentos em cima da mesa.
– Irei explicar a situação para ele. – respondeu, visualizando Alex se dirigir para o lado direito de Amber. – Agora, por favor, querido, leve a Dr. Anderson para um descanso, sim? – pediu.
– Não saia daqui vovó, eu preciso falar com a senhora depois. – avisou antes de pegar o corpo adormecido de Amber, cuidadosamente.
– Cuidado. – pediu observando Alex caminhar com o corpo da garota nos braços.
Seus olhos o acompanharam até este empurrar a porta, que daria acesso ao cômodo das camas, com o pé. Assim que a figura de Alex desapareceu, passou prender seus glóbulos fuscos, em tom esverdeado, no documento que antes estavam nas mãos do rapaz.
Seus dedos enrugados, que tinham envolvimento com a fina camada de pele com manchinhas, abriram o documento, encontrando com algumas fotografias presas por um clips de papel. Com sutileza, as separou, observando os rostos inocentes das crianças. Os lenços amarrados em suas cabeças, já deduziam que todas lutavam contra o câncer.
O hospital tinha uma área reservada, especialmente para se dedicar as crianças com câncer. E dentro dela, se poderiam encontrar de todos os tipos de sorrisos, ninguém ali demonstrava tristeza!
O câncer era um assunto bastante delicado para se tratar, e o melhor jeito de lidar com isso era através das visitas públicas, onde pessoas dedicavam um tempo precioso de suas vidas, para fazer almas inocentes rirem.
– Pelo visto, já descobriu meu assunto com a senhora, vovó Wendy?! – Alex voltou, fechando a porta por onde acabara de sair, com sutileza.
– Amber acordou? – não, ela não ignorou as palavras de King.
– Apenas tomou um leve susto quando as costas tocaram o colchão. – respondeu já observando Wendy passar as fotografias. – Ele vai vir hoje! – disse de repente, recebendo os olhos surpresos da vovó.
– Como sabe? – perguntou abaixando as mãos com as fotos.
– Ele sempre visita o hospital, nas segundas. – deu de ombros puxando uma cadeira. – Acho gentil da parte dele, tirar algumas horas da rotina, para passar com as crianças. – revelou começando brincar com o elástico da pasta.
– Ele é um padre, Alex, o que você esperava? – o rapaz rolou os olhos.
– Nem todo padre, é verdadeiramente um padre! – deixou fluir, cruzando os braços em cima da mesa, deixando um sorriso brincalhão estampar em seus lábios.
Wendy encarou aquele sorriso com receio. Não gostava quando Alex King, ria após exclamar uma possível suspeita. Odiava ficar em cima da corda. Tudo que Alex mais sabia fazer era imaginar hipóteses e expô-las para o público, como se elas realmente fossem reais, ou fossem se tornar realidade. E isso deixava a vovó cada vez mais incomodada, ele como médico, não deveria viver no mundo da lua!
– O que quer dizer com isso Alex? – disparou.
– Eu? Nada, é claro! – foi cínico.
Alex riu, deixando seu corpo cair para trás. Com os pés apoiados no chão, deixou a cadeira ficar sobre duas das pernas. Levou as mãos para trás da cabeça, e continuou encarando Wendy, concluindo que ela estava louca para mandá-lo para fora dali!
– Alex, ele é um padre! – exclamou com o tom de voz um pouco alterado, tentando colocar alguma coisa verdadeira naquela mente fértil.
– E daí que ele é um padre? – o tom de voz desinteressado, estava deixando Wendy irritada. – Ser padre, não significa servir apenas ao Senhor; assim como todo ser humano, um padre está sujeito aos pecados, sendo eles dos mais fáceis de controlar, até os mais difíceis... Ah, quer que eu cite algum pecado tentador? – expôs sua magnífica carreira de dentes brancos.
– Guarde seus pecados "tentadores", somente para si! – rebateu. – O monsenhor, Bruce Rodriguez, se entregou completamente à igreja. É um dos melhores padres da região, como ousa falar essas coisas dele? – Alex negou com a cabeça, parecendo arrasado.
– Nunca devemos confiar nas pessoas. O monsenhor pode ser considerado uma pessoa religiosa, respeitosa, pura, porém nós, nunca saberemos o que ele faz quando está fora da área sagrada! – respondeu apertando os olhos conforme pronunciava. – Mas... – se levantou arrumando as fotografias dentro de sua pasta com o documento. – Meu tempo que é sagrado, e têm várias crianças me esperando! – declarou seguindo caminho a porta.
Wendy rolou os olhos, no fundo, ter demitido Alex King quando o chefe lhe deu a chance, teria sido uma ótima escolha. Mas sentiu pena dele na época, afinal, em sua cabeça, uma pessoa não merecia perder o emprego por deixar um bisturi cair em uma hora de desespero.
Mas Alex passou dos limites. Falar do Pe. Bruce Rodriguez daquela maneira e com aquele tom de voz cínico, foi demais! A vovó era capaz de esperar tudo vindo dele, menos aquilo... Onde estava o consentimento por ter ganhado uma segunda chance dentro do Joseph Louise Morgan? Que tipo de monstro King se tornou?
Vovó Wendy não tinha as respostas, porém não tinha tempo para elaborá-las, havia uma paciente preste passar por uma cirurgia no fígado, do qual ela precisava estar presente. Mas se Alex achou que tinha escapado dos questionamentos, estava muito enganado, pois eles sequer começaram!
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A dobradiça rangeu por um fio de ruído, mas as crianças não mostraram importância com a falta de óleo. Assim que a porta foi empurrada, Amber adentrou a enorme sala, recebendo os olhinhos brilhantes em cima de si. Sorriu, podendo ver duas das meninas correrem em sua direção.
– Amber! – uma delas emitiu, abraçando a mulher pela cintura.
– Amber, estava com tanta saudade! – a outra que tinha um lenço branco na cabeça, também a abraçou.
– Também estava Carly! – sorriu, se abaixando para ficar da altura das meninas. – O que vocês, estão fazendo hoje? – perguntou mantendo seu sorriso.
– Estamos brincando de casinha. – Carly respondeu.
– Está na hora do banho, quer brincar junto com a gente, Amber? – a outra ofereceu.
– Talvez mais tarde Lola. – respondeu, deixando seus olhos caírem sobre as figuras de Alex e Wendy. – Agora vão meninas! – incentivou, e as duas logo correram em direção do tapete, onde estava a casinha de bonecas.
Sem mais delongas, caminhou em direção da vovó Wendy, que parecia estar dando uma belíssima bronca em Alex. Ótimo, o que ele tinha aprontado daquela vez? Mente fechada e complicada, só poderia resultar em confusão!
Rolou os olhos assim que viu Alex com os olhos de um predador. O rapaz tinha as mãos na cintura e sua língua umedecida seus lábios, enquanto a vovó lhe ditava palavras que pareciam não agradar muito sua autoestima.
– O que aconteceu? – foi direto ao ponto.
– Alex está acusando o Pe. Bruce, de não ser realmente um padre! – Wendy respondeu e Alex riu.
– Eu não acusei ninguém! – repreendeu tentando segurar o riso. – Eu só falei como uma hipótese. A vovó que está o considerando um infiel à igreja! – Amber mostrou-se confusa.
– Eu nunca disse que ele era um infiel à igreja, você que citou os pecados "tentadores"! – vovó se defendeu, apontando o dedo no peito de Alex enquanto falava.
– Alex! – Amber emitiu ficando surpresa com as palavras da vovó.
– O que? – o ouviu pronunciar. – Sexo não é pecado! Todo e qualquer ser humano necessita. Sentir um pouquinho que seja de prazer, não mata ninguém! – Anderson rolou os olhos, enquanto Wendy cobriu o rosto com as mãos, sentindo vergonha.
– Você ouviu o que acabou de dizer? – levantou uma sobrancelha. – Está falando de sexo. Um padre, a partir do momento que decide ser padre, nunca se entrega aos pecados tentadores do mundo! – pronunciou firme de si. – Somos todos seres humanos, capazes de cometer erros, e o Pe. Bruce não é diferente de nós. Mas ele possui um ofício, o dever de servir a Deus... Então pare de tentar ver coisas, onde não há! – seu tom de voz firme, talvez intimidasse Alex.
Mas ele riu, estava debochando de todas as palavras de Amber.
– Amber, por favor, até parece que nunca transou na vida. – continuou rindo, fazendo a mulher engolir em seco.
Sexo era um assunto bastante delicado...
– Isso não vem ao caso, Alex! – rebateu com a voz um pouco alterada.
– Vem sim! – provocou seguindo com passos lentos, até estar cara a cara com ela. – Diga, não é gostoso sentir o prazer vivo em suas entranhas? Ouvir sua própria melodia; sentir suas pernas bambas com cada round; o suor desenhando por sua pele... É capaz de negar que não gosta? – direcionou o olhar convencido para o olhar, já irritado, de Amber.
– Eu disse... Que isso, não vem ao caso Alex King! – rosnou entre os dentes.
– Parem já, vocês dois! – vovó interviu, os separando a partir do momento que ficou no meio deles.
Alex tentou avançar com seus passos, mas a vovó o impediu, fazendo-o recuar com o olhar raivoso. Amber o encarava profundamente, com série de dúvidas... Bruce não merecia ser visto daquela maneira, de modo algum ele faltou com respeito à igreja, então não havia motivos para Alex julgá-lo.
Sinceramente, Alex King tinha uma mente que precisava passar por um tratamento!
– Eu só estava tentando ser amigável em conversar sobre sexo com você, Amber Anderson. – sorriu sarcasticamente.
– Eu não preciso que ninguém... – Amber ia se defender, mas a porta escolheu justo aquele momento para se abrir. – Acho que seu amigo chegou Alex! – provocou fazendo o rapaz rolar os olhos.
Wendy abriu um sorriso largo, e se dirigiu em direção do novo indivíduo, deixando Alex e Amber livres para se atacarem.
A mulher, por outro lado, ignorou a presença de King, não queria ter que trocar palavras com ele, homem desprezível que só pensava em sexo!
Amber Anderson não gostava de conversar sobre sexo. Sentia-se envergonhada. Era virgem aos vinte e três anos, não que nunca ter transado fosse uma vergonha, mas se sentia desconfortável por conversar sobre tesão sexual com alguém experiente, como Alex.
– Bruce te adora Amber, não quer ir lá conversar com ele? – ouviu a voz de Alex, e tudo que fez foi ignorá-lo. – Não quer trocar umas palavrinhas? – provocou novamente, e ela apenas rolou os olhos. – Vai me ignorar mesmo Amber?! – entrou na frente dela com as sobrancelhas arcadas.
– Nunca mais fale sobre sexo comigo! – deixou claro.
– E, por acaso, isso é algum crime? Você já transou Amber, então não é constrangimento algum falar sobre isso! – se explicou, e visualizou a mulher abaixar a cabeça.
– Alex entenda... – envergonhada olhou para os lados para se certificar de que ninguém mais, além dele, ouviria. – Eu sou virgem. – falou baixo apenas para ele ouvir.
– Wow... Amber eu... – ficou sem jeito. – Eu não sabia, pensei que você e Jackson já...
– Não, eu não deixei. Nunca me senti segura, por isso ele terminou. – explicou.
– Entendo... Mas se quiser, a gente pode resolver isso! – indicou o banheiro com o queixo.
– Estúpido! – riu acertando um tapa contra o ombro dele.
Alex não escondia, e era preciso apenas estudar o seu sorriso para ver que ele sentia uma atração por Amber. Eram amigos desde que ela entrara para o hospital, e sempre, desde o primeiro dia, sentiu uma atração muito forte por ela.
Ele queria fazer parte de um pedaço da vida da mulher, porém isso tinha se tornado algo difícil. Toda vez que tentava conversar sobre relacionamento, tentava ser o mais delicado possível, mas Amber sempre mudava de assunto quando ele questionava sobre intimidade.
Agora entedia. Ela era virgem!
– Você já se masturbou, alguma vez, Anderson? – questionou de repente.
– Eu, hã... – travou, mas foi salva.
– Amber! Amber! – duas meninas começaram a gritar correndo na direção da garota.
– Fale meninas. – foi simpática e Alex observou seu sorriso tão lindo...
– O Pe. Bruce quer falar com você. – Zoe respondeu segurando a mão da mulher.
– Ele disse que vai nos ensinar como fazer uma torta de maçã, mas você tem que ir junto! – já lhe puxava a outra mão.
– Parece interessante a ideia, Carly! – sorriu, deixando-se guiar pelas duas meninas.
Alex mordera os lábios, onde estava com a cabeça? No mundo da lua só podia ser!
Era bem óbvio, pela cara de vergonha de Amber em revelar que era virgem que ela nunca tinha se masturbado. Mas homens, oh, criaturas burras, sempre estragam tudo!
Alex King buscava ter uma chance com Amber, certo? Pois bem, acabou com todas as suas chances possíveis!
Passou acompanhar os movimentos de Anderson, vendo-a abraçar o Pe. Bruce com um sorriso largo nos lábios. Aquilo o fez revirar os olhos. Será que ele era o único com pensamentos diferentes sobre aquele padre? Não era possível que ninguém acreditava nele, não necessariamente precisavam concordar, então pelo menos respeitar suas teorias já era o suficiente, mas ninguém, certamente NINGUÉM tinha capacidade para fazer isso!
Até mesmo a vovó Wendy, que julgava sendo como uma mãe ficou contra si, isso sem comentar de Amber...
– Eu vou vomitar! – exclamou rolando os olhos, saindo em direção da saída da sala, com certeza, papéis ou arquivos eram muito mais interessantes que ficar ali observando Amber sorrindo abertamente para o padre.
Sabe o quanto ele daria para receber um sorriso daqueles? Melhor nem dizer...
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A mão arrumou uma mecha de cabelo atrás da orelha, era ela simplesmente linda demais! A mulher mais bonita de todo o hospital Joseph Louise Morgan!
Afastou o cigarro dos lábios, soltando a fumaça para o alto, a cor branca começou desenhar um lado obscuro do puro desejo e atração. Os traços da fumaça desapareceram com a força do vento, porém esse era o menor dos problemas.
Amber Anderson, era a sua garota, a escolhida para viver anos ao seu lado. Afastando novamente o cigarro dos lábios, jogou-o no chão, fazendo questão de pisar em cima, ninguém poderia saber que ele fumava.
Precisava manter sua imagem no hospital.
Pela última vez, espiou a imagem de Amber agora conversando com Wendy, e um sorriso acabou dominando seus lábios, ela era realmente a melhor mulher que já encontrara!
E antes que dois médicos pudessem sair do estabelecimento, se dirigiu rapidamente em direção de seu automóvel. Adentrara o lado do motorista começando checar seus pertences, que estavam dentro da caixa em cima do banco do passageiro, e assim que conferiu cada detalhe, fechou a caixa com a tampa. Ele não iria precisar mais daquilo, somente no dia seguinte, agora seu rumo seria outra residência...
Girando a chave da ignição, pisou fundo no acelerador, cantando os pneus. A imagem de Amber estava gravada em sua mente, mas agora não poderia contar mais com ela, sua próxima parada exigia um talento que ele escondia nas próprias mãos!
Dentro do hospital, Amber caminhava pelo corredor, segurando sua prancheta de pacientes em mãos. A noite finalmente caiu e cobriu todo o céu de San Rosie, e o hospital nunca ficou tão escuro e frio igual naquela noite.
A mulher esfregava as mãos nos braços na tentativa de espantar o frio, mas era tudo inevitável. Seus pelos continuavam se arrepiando lhe alertando que aquele seria um dos seus piores plantões!
– Amber! – parou imediatamente os passos, virando na direção da voz.
– Como está sendo sua noite, Jacob, belíssima? – tentou colocar sarcasmo na voz, o que foi um fracasso.
– Deve está sendo o mesmo que a sua. – respondeu dando de ombros, acompanhando Amber que seguia para o balcão na recepção.
– Que coincidência, não? O chefe do hospital pegando plantão, como qualquer outro médico, chega até soar engraçado! – caçoou rindo.
– Amber pare de agir como uma criança no jardim de infância! – exigiu, e ela fingiu não ouvir, estava ocupada demais assinando alguns documentos. – Nem parece que é médica e sim, uma faxineira que só resmunga! – comparou e logo Anderson se virou, ficando cara a cara com Jacob.
– Se eu pareço uma faxineira, por que me contratou para servir o seu hospital? – disparou firme.
– Amber... Eu ter deixado dois plantão na sua mão, já são provas o suficiente do que você significa para mim. – respondeu, e a mulher negou com a cabeça e um sorriso cínico.
– Foram duas noites, Jacob! – rebateu seguindo novamente para o corredor.
– Me deixa falar Amber! – emitiu, começando segui-la.
– Eu não tenho nada do que falar com você! – emitiu continuando com seus passos.
Jacob percebendo que nada iria adiantar para parar Amber resolveu aumentar a velocidade de suas pernas. Conseguiu, com muito esforço, entrar na frente dela, e a mulher em contradição somente parou e rolou os olhos impaciente.
– O que você quer Jacob? – deu-se por vencida.
– Você está livre do plantão de hoje. – resolveu despejar tudo na primeira oportunidade que tivesse.
– Por q... Não, cadê o documento onde consta minha demissão? – esperou que ele retirasse alguma folha do jaleco e lhe entregasse, o que não aconteceu, ao contrário ele riu.
– Acha mesmo que vou demiti-la só porque a dispensei do plantão? – riu mais uma vez, e Amber suspirou em raiva. – Não se preocupe Amber, enquanto eu estiver no cargo de chefe, você nunca será demitida. – deixou claro antes de seguir para a recepção, de onde antes estavam.
Rolou os olhos mais uma vez. Jacob Write com trinta e dois anos conseguia mesmo ser surpreendente. De repente joga um plantão nas mãos de Amber e logo depois decidi retirá-la do plantão?! Que tipo de chefe era aquele?
Enquanto tentava refletir sobre a mudança de plantão observava, na mesma posição, à figura morena de Jacob conferindo algumas pastas. A secretária ria de alguma idiotice que com certeza saiu pelos lábios de Write.
Era incrível como todas as mulheres tinham uma queda pelo chefe!
Claro, com seus cabelos castanhos, corpo esculpido – nada muito exagerado – sorriso colgate e olhos azuis, malditos olhos azuis, ele só poderia ter sido um erro genético!
Jacob Write tinha apenas trinta e dois anos, como era possível ter aquela aparência? Tudo bem que os olhos azuis lhe dava o charme natural, mas com sua idade, o certo seria estar casado, com filhos e aparência velha, mas Jacob era totalmente o oposto de tudo, começando por estar solteiro.
Homens do século XXI.
Amber balançou a cabeça de um lado para o outro, retornando para sua caminhada pelo corredor. Já que não teria mais que ficar responsável pelo plantão, o que mais poderia fazer? Só lhe restava ir dormir, pois se voltasse para casa teria que encarar a figura de Alex e vovó. O que de fato não estava com determinação para encarar...
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Atualizado em: Seg 29 Abr 2019

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