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Família ocasional
O que te faz se aproximar dos animais? Instintivamente, sinto-me atraída pela inocência dos animais, possivelmente, seja uma característica biológica enxergar esses seres pequenos e peludos como vulneráveis, o que os torna extremamente atrativos para uma bela sessão de carinho.
Trocando a perspectiva, o que faz com que eles se sintam confortáveis com a nossa presença?
Em um dia inespecífico, na presença dos meus companheiros de caminhada, estávamos em um caminho de terra, já há algumas dezenas de minutos distantes das casas.
Inesperadamente, um pequeno ser de cor predominantemente caramelo, exibindo uma coleira vermelha gasta, veio nos rodeando, com uma dança lenta de desconfiança, pequenos saltos e o rabo abanando. Com um simples “Olá, cachorrinho”, ele veio de vez em nossa direção, como se fôssemos seus donos que acabavam de voltar de um fim de semana ausentes.
Todos o acariciamos, seu pelo estava sujo e repleto de carrapatos, que provavelmente já faziam de seu corpo uma residência.
Então, ele começou a nos acompanhar no trajeto. Inicialmente, achamos encantador e ríamos. Qual seria seu nome? Rex? Pitoco? Quem sabe. O batizamos, momentaneamente, de Alfredo.
Alfredo estava feliz, corria e pulava ao som de nossas risadas, mas ele continuava nos acompanhando. Por quê? Ele já tinha alguém, mas confiou em nossa presença e seguia ao nosso lado. Já se passaram quinze minutos, já não interagimos mais com ele. De certo, todos pensamos, por alguns minutos, em como seria adotá-lo. Mas ele já tem um dono.
Alfredo não parava, seu rabo frenético nos acompanhava. Já se foram trinta minutos. Logo começamos a brigar com ele, mas ele continuava! Alfredo estava determinado a nos seguir.
Após quase uma hora, a situação estava crítica, temendo que ele se perdesse de vez, as atitudes precisaram ser drásticas. O susto nele precisou ser mais agressivo, e finalmente ele retornou, ou assim esperamos.
O que o fez se sentir seguro? Parecíamos tão vulneráveis a ponto de ele simplesmente nos querer e insistir? Por se tratar de um filhote, talvez ainda estivesse no limbo da inocência, protegido do que os homens podem realizar. Espero que Alfredo sempre tenha a sorte de encontrar pessoas vulneráveis e que tenha retornado para casa.
Atualizado em: Qui 14 Nov 2024