- Crônicas
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Vinte e sete
Eu vivi minha vida sendo feliz, rodeada de amor e nunca estive sozinha. Amei loucamente durante toda a minha existência na Terra, mas no fim, não sei se aprendi a amar do jeito certo e, acima disso, nunca me preocupei em aprender a me amar.
Estar convivendo com a pior parte de mim nos últimos anos me mostrou o que eu nunca quis ver. Eu sou uma pessoa imatura, cheia de problemas invisíveis, tentando convencer sempre os que estão ao meu redor que sim, estou bem, sim, sou do bem, sim, você vai me amar.
E quando você me ama, eu esqueço o quanto posso me odiar.
Esse inferno astral que tenho vivido tem me ensinado sobre a dor da pior forma possível. Eu vivi para fazer as pessoas ao meu redor sorrirem, sempre fiz o que pude e minha felicidade era receber elogios sobre o quão lindo meu coração era. Que balela! Eu só não tinha problemas o suficiente pra lidar. Assim fica fácil demais transparecer só o lado bom.
Quando as coisas apertaram eu descobri o pior de mim e pra completar, ainda não sabia de quem era a culpa de tudo ruir. (SPOILER: a culpa era minha, é minha e sempre vai ser minha)
No auge dos meus vinte e sete, eu nunca estive tão convicta quanto estou hoje, de que não me conheço. Nem ao menos me reconheço. Quando olho pra o espelho, nem sei mais quem eu estou vendo. Quando abaixo a cabeça pra olhar para as minhas mãos, não enxergo minhas digitais. Eu nem sei porque choro tanto.
Talvez se eu não tivesse fingido por tanto tempo ser feliz, talvez se eu não fosse tão rodeada de amor, talvez se eu tivesse que ter me virado sozinha, só mais um pouquinho, eu saberia lidar.
Atualizado em: Qua 24 Jan 2024