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Um Casal Como Outro Qualquer

A brisa da boca da noite, carregada do odor das rosas do jardim refrigera o rosto de Alberto quando este se senta na varanda de sua casa naquela quinta-feira. É assim que chega aos quarenta anos de idade; gerente de uma agencia da Caixa Econômica Federal, com um ótimo salario e vantagens, mas com um sorriso embaçado e um suspiro sufocado que mais parece um soluço.

Na janela ao lado do banco em que se sentara na varanda, o clarão azulado e tremulo da tv sintonizada na telenovela de certa emissora, lembra lhe a toda hora o porquê de ele estar sozinho ali. Lá dentro agora, ninguém diz nada, apenas os atores na tela do aparelho é que detém o monopólio da palavra. Sua filha Carla de quinze anos deve estar trancada no quarto mergulhada nas redes sociais conversando futilidades com as amigas, enquanto, Letícia, sua esposa, está na sala hipnotizada em uma das cinco novelas diárias a que assiste religiosamente. Sim, sua esposa é viciada em novelas, era a conclusão a que Alberto chegava.

Letícia é uma esposa prendada, disso ele nunca pode reclamar. Ela preferiu não trabalhar fora para cuidar da casa e da filha, tarefa que cumpre com mestria trazendo o lar impecavelmente, arrumado e limpo. Suas roupas sempre estão muito bem passadas e suas gravatas e meias separadas em gavetas organizadíssimas.

“— Deus me livre de você ir pro trabalho sujo ou amassado, o quê vão pensar de mim...?—“ Dizia ela sempre como se entoasse um mantra sagrado

 Bastava Alberto fazer uma simples menção do desejo de alguma comida diferente que no dia seguinte lá estava a guloseima fumegando sobre a mesa.

Tudo isto parecia perfeito aos olhos dos amigos e familiares e despertava a inveja de outros tantos que os conheciam, ou pensavam conhecer. Mas para Alberto, tudo parece artificial. Um vazio o consome dia após dia mergulhando-o em profunda melancolia.

“— Onde tudo se perdeu, meu Deus? Em que ponto de nossa vida tudo mudou?” — Perguntava-se com a alma dorida.

Ele sentia agora em sua vida o verdadeiro significado da palavra saudade ao se lembrar do começo.

Alberto e Letícia se conheceram no ensino médio e começaram a namorar. Ele se encantara com o sorriso daquela lourinha e se apaixonara de cara.

Alberto, cheio de sonhos, mas com sacrifício, entrou para a faculdade de Administração. Letícia, fã de romances açucarados, sonhava tornar-se escritora. Casaram-se depois de seis anos entre noivado e namoro quando ele passou no concurso público para bancário da CEF. Ela logo engravidou e, até começou a escrever seu sonhado romance, mas nunca o concluiu.

Carla nasceu e a felicidade parecia não ter limites para o casal que fazia suas refeições todos juntos na mesa em animada conversa e que passava férias na praia. Com tempo e dedicação, Alberto foi promovido a gerente e, com o ótimo salário e vantagens o conforto melhorou. Mudaram-se para uma casa maior, trocaram o velho carro popular por um modelo novinho e, até compraram um bom carro para Letícia levar a Carlinha para a escola, ir ao supermercado e tudo mais. Até empregada eles tinham agora. Tudo parecia perfeito até que, de uns cinco anos pra cá, mais ou menos, as coisas começaram a esfriar e, há alguns meses, três meses para ser exato, as coisas entre eles pioraram e muito. As conversas entre o casal foram rareando até que se transformaram em simples cumprimentos de amigos comuns. Letícia se mostrava cada vez mais distante do marido e, com exceção das novelas, parecia ter perdido o gosto de tudo o que costumava fazer, inclusive dos passeios regados a sorvete no final de semana com Alberto.

Ela nunca o tinha tratado mal, mas, ultimamente este quadro mudara e Letícia passara a trata-lo nos cascos.

  Mesmo com todas as mudanças para melhor em sua vida financeira, ela mostrava-se cada vez mais indiferente em relação a ele. Não acalentava mais o sonho de ser escritora e, nem mesmo lia mais os romances açucarados pelos quais tinha verdadeira paixão, ao contrário, mergulhava em apatia e, a única coisa que a animava eram as telenovelas nas quais perdia-se em devaneios.

Tudo na casa deles estava mudado. Antes faziam as refeições em família sentados à mesa, hoje ele janta sozinho e a mulher come na sala com o prato na mão para não perder um minuto sequer da trama televisiva. Alberto vai para o quarto e lê um livro ou assiste ao telejornal e muitas vezes nem vê quando a mulher vem pra cama. Até o sexo rareou muito e, quando acontece, é sempre por iniciativa dele e Letícia cede como se cumprisse a uma obrigação demonstrando pouco ou nenhum desejo. Tudo isso o magoava e Alberto não entendia o que acontecia, mas ela parecia não perceber a angustia do marido e, se percebia, não ligava. Enfim, Alberto sentia-se um estranho em sua própria casa, magoado e humilhado.

De repente, uma tremenda angustia o desperta do transe pensativo em que se encontrava na varanda de casa. Um nó na garganta parece sufocá-lo e ele se levanta abruptamente e entra em casa, atravessa a sala e pega as chaves do carro sobre a mesa.

—Aonde você vai? — Pergunta-lhe a esposa sem tirar os olhos da tv, no fundo sem querer saber.

— Vou dar uma volta pra espairecer, tá muito calor aqui.

Ela nada diz e ele sai sem rumo.

Alberto sente-se mal, pois sabe que o casamento está acabando e é só uma questão de tempo até o fim de tudo e isto o apavora, pois sabe que ainda ama muito sua mulher e sente que ficará perdido sem ela, mas não sabe até quando vai aguentar. No fundo ele sabe que terá que ter uma conversa muito séria com ela, mas teme que tudo chegue realmente ao fim, porém, não dá pra se iludir e viver de lembranças para sempre.

Ele dirige sem rumo. Os barezinhos daquele bairro nobre estão abarrotados de pessoas. Ele para em uma choperia, (Alpha Point), que lhe parece agradável.

— Um chope sem colarinho, por favor. — Diz ele ao barman logo que encosta no balcão.

Um sorriso perolado em uma mesa onde uma galera animada se encontrava festejando sabe-se lá o quê, se abre ao ver aquele quarentão atraente sozinho no balcão. Ela é uma garota linda de, no máximo vinte anos, cabelos pretos, saia justa e decote generoso. É uma garota de programa e, com seu olho clínico e experiente, vê em Alberto a oportunidade de ampliar sua clientela.

Sensualmente caminha até ele.

— Oi! — Diz ela sentando-se no balcão a seu lado.

— Oi! — Responde Alberto sacando qual era a da garota.

— Tá esperando alguém?

— Talvez... Você, quem sabe... — responde ele encarando-a nos olhos. A garota, experiente, sente a tristeza daquele olhar, já vira aquela tristeza impressa em muitos olhos e se apieda dele e percebe que aquele homem necessita de algo mais do que sexo, ele necessita conversar. Ela vê ali a sua deixa.

— Trás um chope aqui pra minha amiga. Você não vai me aplicar um boa noite cinderela né... —Completa ele.

Ela ri gostosamente.

O barman serve a garota.

— Meu nome é Alberto, e você...? Como devo te chamar? — Diz ele estendendo-lhe a mão.

— Julia. — É nome de guerra, ele sabe, mas isso não importa.

— O quê você faz da vida, Julia, quando não tá tentando conquistar um tiozão como eu?

Ela ri novamente ao perceber que ele é esperto, mas, algo a atrai nele.

— Estudo direito e o que eu faço aqui à noite é pra ajudar a pagar a faculdade.

— Você trabalha sozinha ou é agenciada?

— Sozinha. Eu mando em mim e escolho com quem saio.

—Hum, então eu passei no controle de qualidade...

—Sim. Você é muito atraente e me admira ver um homem assim desacompanhado. Problemas no casamento? — Pergunta ela lançando olhar significativo para a aliança no dedo dele. Nessa hora ele baixa a cabeça com um pesar que durou apenas alguns micro segundos e levantou-a altivo novamente.

— Mais dois chopes, por favor.

O barman os serve.

— Você tem certeza de que quer perder tempo me ouvindo.

— Se eu não tivesse certeza já teria ido embora há muito tempo, gato. — Diz ela, pois simpatizara com ele e via ali um cliente em potencial, sabia que depois de ouvi-lo as coisas aconteceriam, e se não acontecessem, o chope estava rolando grátis mesmo... Pensava ela.

As palavras rolam fáceis e Julia ouve, opina e, em pouco tempo os dois já riem como velhos amigos.

— Olha, Alberto, eu tenho certeza que ela não faz por mal e, como mulher te digo, ela ainda te ama. Você tem é que conversar com sua mulher assim como está conversando comigo... Descubra qual é o problema. Talvez ela queira o mesmo que você.

—Eu quero apenas carinho, atenção e um pouco de sexo quente as vezes.

— Taí uma coisa em que eu posso te ajudar de verdade. Que tal se fossemos pro meu ap, é aqui pertinho. — Fala ela sorrindo significativamente levantando as sobrancelhas encarando-o.

— Tudo bem. Vamos então, mas vamos ter que parar numa farmácia no caminho pra comprar preservativos.

— Relaxa bobo, tem um monte lá em casa.

Alberto pagou a conta e foram de mãos dadas. De fato o ap da garota era perto, atravessando a rua, na verdade. Era uma quitinete, mas bem organizada para uma jovem prostituta estudante de direito.

Pela primeira vez em vinte anos Alberto beijava outra mulher, pois ele nunca tinha traído a esposa. Todo o desejo represado dentro dele veio à tona e explodiu em sexo em sua maneira mais pura e selvagem. Julia, experiente, cedeu sem frescuras a todos os desejos dele que não eram nada de mais, apenas sentia que ali estava um homem carente.

— Nossa você tava mesmo carente, hein. Quase acabou comigo, e eu tô falando sério. — Falou ela aconchegando-se sobre o peito dele e quedaram-se exaustos quase dormindo, mas não por muito tempo. Parecendo cair no mundo real novamente, Alberto pulou da cama e pôs-se a vestir-se. Tinha que voltar pra casa, era o único pensamento que enchia sua cabeça.

— Meu Deus, tenho que ir, — falava ele vestindo as calças com pressa. — Quanto te devo, Julia? — Completa ele abrindo a carteira.

—Olha como você foi muito bom de cama é só duzentos. —

— Toma aqui quatrocentos, você merece e espero de coração que te ajude a pagar a faculdade.

O sorriso dela foi imenso.

— Me dá teu celular um pouquinho. — Falou ela enquanto ele abotoava a camisa. Alberto não entendeu, mas o entregou a ela mesmo assim.

— Você tem algum amigo chamado Nelson?

— Não que eu me lembre.

— Agora tem. — Disse ela digitando algo no celular dele. — Coloquei meu numero na sua agenda com nome de Nelson pra sua mulher não desconfiar. Podemos marcar novamente, mas me liga antes pra agendar.

— Com certeza vou ligar. — Falou ele apressado e, após um selinho em sua amante, desceu as escadas em tropel, enquanto ela caiu novamente na cama e voltou a dormir, sorrindo satisfeita com a féria da noite.

Alberto chegou em casa, abriu a porta devagar para não acordar Letícia. Um pouco de remorso o fez tremer ao vê-la dormindo e uma pontinha de frustração o picou, pois, no fundo tinha a esperança de que a esposa o estivesse esperando acordada e, vê-la dormindo, causa-lhe tremendo desalento, pois era sinal de que não se preocupava mais com ele.

—“ Doce ilusão” —pensa ele desanimado. — “ Ela não liga mais”.

Não demorou e o sono chegou.

Na manhã seguinte ele se levanta com esforço e vai pro banho. Sua aparência é horrível.

Letícia esta terminando de por a mesa quando ele entra na cozinha e despeja café na xicara e o bebe puro sem açúcar e sem adoçante. Letícia faz uma careta ao vê-lo fazendo isto.

— A noite foi boa, hein. — Diz ela com um leve ar de deboche. Ele finge não ouvir.

—Posso saber a que horas você chegou ontem? — Fala ela encostando-se à pia com as mãos na cintura.

— Três e pouco. — Responde ele secamente.

— Posso saber onde você estava? — Fala ela vestindo a carapuça de esposa dedicada.

— Fui a uma choperia e encontrei o Nelson, um velho amigo, e esqueci da hora. — Continua ele com respostas curtas e diretas.

— Você não ligou... Fiquei preocupada.

— Ficou preocupada nada, Letícia, — diz ele largando com alarde sobre a mesa, o talher com que passava manteiga no pão, — cê tá cagando pro que eu faço ou deixo de fazer. Nem foi capaz de me esperar acordada pra, pelo menos brigar comigo, mesmo sabendo que jamais fui de sair e voltar de madrugada. Se você tivesse ficado preocupada comigo teria, ao menos ligado ou, no mínimo, ter mandado uma mensagem. Quer saber, Letícia, eu poderia ter sido assaltado e morto e meu corpo poderia estar no IML agora que você estaria aí parada com esta cara de bosta que você tem mostrado nos últimos meses pensando no capítulo de hoje daquelas novelinhas de merda que você tanto adora. — Explode ele diante da mulher atônita, pois nunca ela tinha presenciado aquela reação do marido.

— Alberto... Você... Você...— Balbucia ela chorosa

— Quer saber, Letícia, não enche o saco. Eu tô por aqui, — diz ele correndo o indicador sobre a testa, — eu não aguento mais ser tratado como um estranho em minha própria casa. Vô tomar café na padaria, lá pelo menos o seu Manuel me recebe com um sorriso e conversa comigo. — Termina ele atirando o guardanapo com raiva sobre a mesa e sai pisando duro.

Letícia está chocada com a explosão do marido.

— “Será que ele descobriu?”— Pensa  ela sentando-se pesadamente na cadeira e vertendo lágrimas.  —“ Não, é impossível...”

Ela já tinha deixado a Carla no colégio quando o celular tocou o alarme de mensagem chegando. Letícia tinha acabado de chegar em casa quando leu a mensagem

“ Vamo fazê o esquema do shpping?”

Ela o havia conhecido há uns três meses quando, depois de um milhão de manobras inúteis, não conseguira estacionar o carro em frente a uma farmácia. Aquele rapaz de dezenove anos, que assistira atento ao seu festival de barbeiragens, se ofereceu para estaciona-lo pra ela.

Letícia, tremula, agradeceu a ajuda do rapaz que se apresentou como Fábio e disse que era filho do dono da loja ao lado da farmácia. Ela o achou descomunalmente lindo, ficando sem jeito diante dele.

— Qué tomá um café comigo? — Convida ele pousando seus olhos azuis nela que recusa da primeira vez, mas não resiste ao segundo convite.

Fábio, no auge dos seus dezenove anos, é um rapaz bonito de cabelos negros curtos ao estilo soldado do exército e corpo bem definido e bom de papo. Letícia está fascinada e ele percebe. “Deve ser comum em sua vida fascinar mulheres” pensa ela.

— Desculpe, mas eu tenho que falar, você tem pernas lindas. — Diz ele na bucha.

Ela fica rubra. Aquele rapaz a desconserta, afinal. Ela já está na casa dos trinta e oito e aquele menino com jeito de homem  a encabula.

Letícia nunca tivera outro homem além do Alberto e estava, assustadoramente atraída por aquele garoto.

Não demorou para que ele a convencesse  a se encontrarem novamente e rolou um beijo. Daí pro motel foi um pulinho. Ela queria ter essa experiência e o sexo foi avassalador. Primeiro sentiu remorso pelo marido, mas, depois pensou que estivesse apaixonada pelo rapaz. Com o tempo, descobriu que eles não tinham nada a ver, pois o rapaz era um tremendo cabeça vazia e só pensava em motos e futebol.

Muitas vezes quis terminar tudo, mas o sexo era muito bom e ela adorava a sensação de liberdade que ele lhe proporcionava. A sensação de ser dona de seu corpo e desejos a satisfaziam  e Letícia acabava sempre cedendo aos apelos do rapaz.

 Era sempre assim que eles se encontravam, ela deixava o carro no estacionamento do shopping, entrava no carro dele e iam para um motel. Isso fazia com que ela se sentisse uma canalha e evitasse encarar o marido nos olhos, por vergonha. Ela o amava e não queria perde-lo.

Mais uma vez ela cedeu aos apelos de Fábio e foi com ele, mas jurou a si mesma que seria a última vez. Depois da transa aquela manhã, ela teve uma conversa muito séria com seu amante onde expos tudo o que sentia e terminou o relacionamento amigavelmente. Fábio relutou em aceitar no começo, mas depois pareceu entender. Mesmo assim, enquanto ele estava no banho, Letícia pegou seu celular e apagou seu contato na agenda e fez o mesmo com o dela, cortando assim o último contato entre os dois.

Naquela noite quando Alberto saiu do banho encontrou a mesa posta pra dois e sua esposa esperando-o

— A Carla tá no quarto? — Pergunta ele.

— Tá. Ela comeu mais cedo. — Responde ela com voz mansa.

Alberto intrigou-se ao ver a tv desligada e, mais ainda quando a esposa se serviu e se sentou com ele à mesa.

—Não vai assistir à novela hoje?

—Não. Acho que nunca mais vou perder meu tempo de uma maneira tão idiota. —Responde ela olhando-o serenamente.

No início, pasmado e até meio desconfiado da atitude da esposa, Alberto comeu em silêncio, mas estava gostando de tê-la perto dele novamente.

—Estes dias li o livro que você começou a escrever, —fala ele sem mais nem menos. — É muito bom e acho que você devia termina-lo. Quem sabe até publicá-lo.

— Sério? Você leu meu livro? Quando?

— Há alguns meses e... Eu queria te dizer o que eu achei mas não consegui sua atenção.

— Desculpe. — Diz ela baixando os olhos.

— Você escreve bem. Devia terminar de escrevê-lo.

— Você acha mesmo que escrevo bem?

—Sim, muito.

— Acha que devo publicar? Fica muito caro...

— Nós temos algumas economias que acho vale apena investir no seu talento.

Letícia sorri satisfeita e seus olhos brilham.

Naquela noite ele a procurou e ela o acolheu em seus braços não com indiferença como nos últimos tempos, mas com paixão, desejo como há muito não acontecia naquela cama.

— Te amo. — Falou ele quando quedaram-se, exaustos um ao lado do outro.

— Também te amo. — Respondeu ela sorrindo.

Então, ela recostou a cabeça no peito dele, satisfeita e cheia de planos para terminar o livro e sentiu-se feliz por amá-lo tanto e ter redescoberto esse amor. Sentiu vergonha do caso que teve e estava ansiosa por recomeçar com o marido.

Ele acariciou os cabelos da esposa recostada em seu peito e pensou em ligar para a Julia para marcar outro encontro, pra semana próxima, quem sabe.  
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Atualizado em: Sáb 23 Fev 2019

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