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Ana Ariana Amanda Aparecida Albuquerque Alves Almeida de Azevedo

Ana Ariana Amanda Aparecida Albuquerque Alves Almeida de Azevedo nasceu no mesmo momento em que uma serpente brigava mortalmente com um escorpião em um pequeno povoado no norte do estado do Ceará, na mesma ocasião em que um saco com seis gatos recém nascidos boiava nas sujas aguas do rio Tietê e um carro vermelho batia ferozmente contra um poste em Niterói, também no exato instante em que sua mãe deixava o sopro da vida ao ouvir o primeiro choro da pobre menina que nasceu com olhos fechados.
Ana Ariana Amanda Aparecida Albuquerque Alves Almeida de Azevedo cresceu ouvindo e aturando pacientemente as acusações e lamentações de seu pai “Por que minha amada Amélia Adália Acácia Aline Aparecida Albuquerque Alves Almeida de Azevedo morreu ao te dar vida?” ou “Poderíamos ter outros filhos, mas não posso ter outra mulher tão amável e amigável quanto minha doce e finada Amélia Adália Acácia Aline Aparecida Albuquerque Alves Almeida de Azevedo” eram típicos comentários feitos diariamente por ele. Pobre velho, teve enfarte agudo do miocárdio e morreu enquanto jantava, sua última frase foi: — Ana Ariana Amanda Aparecida Albuquerque Alves Almeida de Azevedo, por que você nunca consegue fazer uma boa asa de galinha assada? — Repito, pobre velho...
Ana Ariana Amanda Aparecida Albuquerque Alves Almeida de Azevedo sempre se culpava pela morte de seus pais e raramente conversava com outras pessoas, nas exceções falava de seus pensamentos sombrios sobre a humanidade, o que sempre afastava qualquer tipo de futuras amizades. Na escola era uma aluna perfeita para qualquer professor; Quieta, inteligente e focada, sempre tirava notas máximas e nunca fazia perguntas tolas como “é para copiar?” ou “vai cair na prova?”.
Ana Ariana Amanda Aparecida Albuquerque Alves Almeida de Azevedo se tornou uma adulta introvertida. Casou-se com um idiota neandertal que a espancava e a estuprava todas as noites antes de dormir, claro, era fácil dizer que seu comportamento era por causa das altas doses de bebidas alcoolicas ingeridas – engraçado que ele morreu justamente por conta do amável vicio em bebidas: Estava em um bar e foi vítima de uma bala “perdida”.
Ana Ariana Amanda Aparecida Albuquerque Alves Almeida de Azevedo descobriu que estava grávida duas semanas depois da morte acidental de seu marido carrasco, envergonhada pelos inumeráveis estupros resolveu dar um fim àquilo tudo. Em uma noite cinza, de uma semana cinza, de um mês cinza d’uma cidade muito cinza e de um ano que foi considerado (anos depois) o mais cinza de todos os tempos ela pegou o revólver de calibre 38 que ficava escondido no fundo da gaveta de cuecas do seu finado, colocou algumas balas que estavam jogadas ao lado e atirou em sua barriga, neste mesmo momento um casal de adolescentes transavam em um vagão dos trens da CPTM, enquanto um bezerro nascia em uma pequena cidade das Minas e um velho acendia seu cachimbo olhando o horizonte no interior de Santa Catarina.
Pobre de Ana Ariana Amanda Aparecida Albuquerque Alves Almeida de Azevedo, demorou tanto para a bala fazer efeito que ela ainda conseguiu levantar do chão ensanguentado pegar um pedaço de bolo de chocolate esquecido dentro da geladeira, morreu alguns minutos depois enquanto comia-o, no mesmo momento uma coruja parava em sua janela e a olhava sem vida esquecida sentada na cadeira debruçada sobre um pedaço comido de bolo velho de chocolate.
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Atualizado em: Seg 19 Mar 2018

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