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A carta - Final

Preso ao silêncio, o meu olhar tentava entender os novos caminhos, as rupturas, os pensamentos iam e vinham tentando saber qual rumo seguir. Uma rosa branca tudo poderia mudar bastando cultivá-la com amor e carinho, aquele caminho do despertar só poderia render transformações.
Aos poucos, percebi que nada havia mudado após o Fevereiro de 2025. As mentes continuavam soberbas, narcísicas, entupida de preconceitos e tabus! O lixo superficial fora eliminado e o outro?
Uma reflexão clareou meu entendimento. Eu estava na caverna platônica assim como bilhões. Não dera chance para o movimento dialético de Hegel e nem o martelo de Nietzsche. Concluí que eu era objeto do Estado conservador e atuava como coadjuvante propagando o mais do mesmo. No fundo, eu era um reprodutor do status quo.
Minha mente precisava de limpeza urgente. Eu precisava formatar meu cérebro, sugestão dada por Descartes e não ouvi. Tábula rasa era preciso ficar, reescrevendo a minha BIOS, um John Locke moderno. Eu conservava cacos que deveriam estar no lixo.
Naquela tarde de Março de 2025, uma manifestação LGBTQUIA+ saiu às ruas dando os primeiros sinais que eu não enxergava. No fundo, eu estava impregnado de preconceitos, tabus, impedindo meu entendimento à nova ordem: liberdade!
A manifestação tinha um bordão:
"Quem é você na fila do pão, cidadão?"
Quem eu era, afinal? Nossa! Quem eu sou? Caramba! Não sei! Debrucei nisto e concluí que eu não representava nada, sequer o meu legado estava pronto e sofrendo melhorias contínuas, eu era um morto vivo, uma marionete posta e colocada, uma máquina do século XX do Fordismo que alimentava a mediocridade e calava-me no século XXI!
Não adiantava plantar rosas brancas caso não mudasse! O corruptivo Estado iria mudar através de trabalho, formiguinhas que iam aplicando doses homeopáticas de saber, visando uma construção social mais justa.
Não era uma luta contra o Estado e sim contra quem usava-o para impor conservadorismo e preconceitos! A questão não era uma mudança na escolha sexual em quatro paredes e sim uma ruptura com a filosofia do zumbi-ambulante!
Eu não queria ser mais uma plaquinha de cemitério e pior: eu já carregava a mesma ainda vivo! Eu tentava ressuscitar os cadáveres com injeções, não entendendo que não haveria efeito ao não ser enterrar!
Agora, eu precisava saber aquilo que deveria enterrar! A primeira coisa foi detectar aquilo que tirava meu sossego. Desta forma, aniquilei grande parte dos contatos no celular que sequer lembravam da minha existência.
Aquilo que eu não usava, vendi. A casa começava a ter novos ares, despoluída, eu não levaria nada para o além, acumular o lixo humano entregue de forma implícita era sinal de ruína e desfiz daquilo que não precisava.
Caso eu quisesse cuidar das rosas brancas, eu precisaria de tempo e meu foco estavam nelas! Eu sou um e não consigo servir dois senhores ou senhoras ao mesmo tempo. O tempo não volta. Prioridades!
Consciente, eu precisava preparar a juventude e quem mais pudesse para a nova ordem. Podando uma rosa branca, um sopro do vento indicaria novos tempos. Quem tem uma Sophie Scholl como amiga jamais desistirá.
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Atualizado em: Dom 2 Fev 2025

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