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A carta - Parte 2
A carta trouxera novidades mexendo com comuns. O despertar acontecera e as mudanças ocorriam em efeito dominó. Nosso amigo cuidava do seu jardim, uma rosa ali e outra acolá, o tempo indicaria naturalmente tempos de paz.
Olhando em seus braços nonagenários, aquele homem carregava marcas reais e físicas dos males do Nazismo. Agora, ele fizera seu papel, entregava um novo aviso ao mundo, não restaria muito tempo e a qualquer hora seria parte integrante das belas rosas que plantava: és pó e ao pó retornarás. Seu pedido final era dar vida para outra vida.
Vendo pela televisão, ele acompanhava ao máximo todo o fluxo dos andamentos. Nações ajudavam umas as outras eliminando seus males, problemas crônicos, fruto da ganância financeira e a gula do poder pelo poder.
A tecnologia mundial colaborava dando todo apoio logístico para quem precisasse, ajuda humanitária, uma nova ordem mundial estava sendo formada, afinal, pessoas querem paz e viverem dignamente.
Cadeias lotadas, haveriam muitos julgamentos. A lei estava a favor da gente de bem, quem deseja ver famílias felizes e não mortas em campos de concentração ou extermínio, câmaras de gás, decapitadas ou fuziladas.
A nova Constituição mundial trabalharia pela paz a partir daquele momento. Temas críticos seriam levados à prática como as questões climáticas e ambientais. Os tempos de loucura política estavam encerrados.
Uma política de desnazificação foi colocada em prática. Naquele Fevereiro de 2025, muita gente desconfiaria que uma simples carta direcionada para uma universidade daria o início da mudança global.
Um trecho da carta, dizia:
"Rica é a sociedade que conhece sua História sabendo os caminhos percorridos e aquilo que não pode ser repetido. Ausências de Filosofia e História estão causando problemas severos na humanidade. Eles(as) queimam livros".
Sua identidade jamais seria revelada. A carta foi queimada eliminando a prova real do autor ou mandante. Escrita pelo neto que tomava nota das suas falas, ela agitara o mundo, ou melhor, mudara.
Ele teria tempo para acompanhar mais uma florada de rosas brancas. Numa tarde, o vento balançaria seus cabelos pela última vez. Sentado no sofá, ele abre o livro "A Rosa Branca" de Inge Scholl, folheia uma edição mais recente.
Vê a foto dos amigos e da amiga Sophie Scholl. O sono derruba o livro e o leva para o Oriente Eterno. Seu enterro simples e sem muita gente, exigiu somente uma rosa branca na mão. Seu epitáfio dizia:
"Aqui parte um Rosa Branca. Ficam bilhões em defesa do Movimento".
No jardim, filhos e netos cuidam do legado deixado. Sua memória não seria facilmente apagada. No velho baú, ele deixara a carta final! Escrevera diversos panfletos partindo do 7º até o 50º como um sucessor do Movimento Rosa Branca.
Ao raiar do Sol, suas cinzas misturam-se com suas rosas brancas. Seu trabalho estava apenas começando.
Atualizado em: Dom 2 Fev 2025