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Madrugada
A rápida discussão, mais uma vez, foi pura interpretação errônea de uma piada sem graça, só tropeços. No âmago, eles descobriram ser apenas uma bobiça crise de ciúme. Não o baixo ciúme de cunho sexual (era impossível uma traição), mas o medo descabido em se perder o Amado para outros Desavisados sempre afoitos.
O silêncio se fez presente. Não havia nenhuma defesa ou réplica ou necessidade de se repetir o óbvio. Por educação, um implorou desculpas. Por amor, o outro destilou paciência.
Na rotina da noite, durante o jantar, nada foi dito em palavras, mas gestos e olhares enviesados denotavam a gritante necessidade de reatar o Equilíbrio. Dentes escovados, banhos tomados. Uma Netflix para relaxar. Mãos entrelaçadas e beijos pirados a reanimar o amor que blindava o casal pelúnico.
Na madrugada, entre selvagens pegadas sensuais e singelas bitocas românticas, ambos compreenderam a tremenda bobagem que tanto minara as energias. Prometeram nunca mais perder tempo com idiotices sem fundamento. Mais um beijo, daqueles de novela. Outro, onde línguas engoliam encarnações passadas. Pijamas pelo chão. Braços e coxas em nós marinheiros.
“Eu te amo!”. A última frase a ser dita. O resto da madrugada foi regado a ternuras e enlaces sem a necessidade de palavras sussurradas, apenas uma lúdica poesia timbrada entre lábios colados… muito além de qualquer imaginação.
Atualizado em: Qua 12 Abr 2023