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Três Amigos

Um cadáver em cima da mesa com a cabeça explodida por um tiro de escopeta a queima roupa, e o outro no chão da sala, uma mulher, esfaqueada 68 vezes, cena completamente horrível aos olhos. Só restavam mais 3 pessoas na casa, Alex, Sabrina e Victor.
- Mas que diabos você fez Victor? - Diz Sabrina com uma voz rouca, chorosa e falhada.
- O que precisava ser feito, alguém tem que tomar a frente aqui.
- Cara, você nem ao menos deu a chance para ela se explicar - Diz Alex.
- Alguém que faz isso - Victor aponta para o cadáver esfaqueado. - Merece algum direito de defesa? 
Mesmo após quase 3 horas, o clima de tensão não se dissipou. Sabrina agora se questionava se conhecia Victor tão bem quanto pensava, nunca passou por sua cabeça que ele seria capaz de fazer algo tão brutal e sem ao menos hesitar. Mesmo depois das 68 facadas que a desconhecida desferiu sobre a outra, talvez ela teria tido um motivo, talvez ela poderia nos fornecer alguma informação útil ou nos ajudar em algo. Mas os tempos andam tão sombrios que não se pode confiar em ninguém, nem mesmo naquelas que você julga conhecer tão bem. 
Já faziam 7 dias desde a última refeição do trio, estavam famintos e fracos. Não acharam nada para comer, nenhum rato, pássaro ou coelho, tinham a certeza que dormiriam outra vez de barriga vazia. A noite estava muito chuvosa, com direito a trovões e fortes ventos, parecia o fim do mundo, ou do que restou dele. Ao acordar pela manhã, Sabrina percebeu que tanto Victor quanto Alex haviam sumido, não perdeu tempo e foi procurar os dois, olhou toda a área e mesmo que não recomendado, gritou, os chamando pelos nomes, mas nenhum sinal. De repente surge Victor, vindo correndo em direção de Sabrina gritando e gesticulando para que saíssem o mais rápido dali.
- O que aconteceu? - Perguntou Sabrina, assustada.
- Não tem tempo para explicar, temos que sair o mais rápido possível daqui.
- Mas e o Alex, onde que ele tá?
- Depois eu te explico tudo, mas agora precisamos sair daqui, rápido!
Victor pega Sabrina pelo braço e ambos saem correndo do local. Depois de muita corrida, quando param para descansar, Victor explica o que aconteceu.
- Eu e o Alex, vimos que você estava dormindo e então decidimos sair para ver se pegávamos algo para comer. Avistamos um cervo, então eu atirei nele e começamos a arrancar sua carne, não se passaram 10 minutos e apareceu um grupo de uns 8 caras e começaram a atirar na gente, um desses tiros acertaram o Alex, então eu saí correndo o mais rápido que podia.
- Meu Deus... a gente não deveria voltar para ajudá-lo?
- Infelizmente, pelo que eu vi, o tiro pegou na cabeça, não teria como ele ter sobrevivido, e mesmo se tal milagre acontecesse, aqueles caras teriam terminado de matá-lo. Eu sinto muito, Sabrina. Mas eu ainda consegui pegar um pouco de carne do cervo, vai nos servir por uns dias.
Victor tinha razão, a carne os serviu por alguns dias, mas assim como o mundo, ela acabou, e a fome voltou para assombrá-los novamente. Por mais que o conhecesse, por algum motivo bizarro, Sabrina acreditava que Victor não foi totalmente sincero sobre os acontecimentos que resultaram na morte de Alex, nunca chegou a confrontá-lo mas a dúvida permanecia. Mas naquela noite, enquanto deitada, a sua dúvida se tornou quase certeza, ao ouvir passos e uma escopeta sendo engatilhada.
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Atualizado em: Ter 29 Set 2020

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