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O DIA EM QUE A DROGA ACABOU - 5a. Parte (ultima)

Tina chegando ao apartamento, pegou o filme da maquina, correu para um laboratório,   montado em seu apartamento, um pensamento a movia, alguma coisa diferente.

Ao sair do pátio da igreja, o padre orou por Marcius.

- Padre, seus olhos estão vermelhos, está triste por Marcius?

O padre desviou a atenção da menina.

O bêbado Mestre, do seu barraco montado de telas e caixas de papelão,  tudo assistia.

Seguiu o rapaz, admirado, porque nunca havia conseguido. Na rodoviária, o rapaz, dirigiu-se a um balcão, comprou uma passagem e correndo saltou em um ônibus, vendo o “Mestre” abanar sua mão, num adeus.

Não devolveu o gesto. Foi embora, como se a terra o tivesse tragado.

Tina, havia se lembrado de uma professora, que ligou para ela na TV, contando o incidente na escola, o desaparecimento dos bandidos e do homem que salvou ela e os alunos. A descrição era a de Marcius, ficou furiosa, por não ter pensado nisso antes. 

Após revelar as fotos, a tensão e a irritação aumentou,  ao mesmo tempo uma certa euforia se apoderou dela. Pegou as fotos, colocou na bolsa e saiu correndo do apartamento.  Dirigiu-se à igreja, foi direto ao quarto onde o rapaz ficava. Nada, tudo limpo.

O padre foi ao seu encontro.

- Padre Mateus, cadê Marcius?. Estava ofegante, desnorteada, ansiosa.

- Partiu!, ele partiu Tina.

- Mas como? padre. As palavras saíram irritadas.

E continuou.

- Não pode, ele não podia ter me deixado...Ficou vermelha, rubra...repetiu...- ter nos deixado.

- Entendo filha, também sinto sua falta, era bom ver vocês dois juntos.

- Tina, ele se foi. Disse Tiana, a menina, sofrendo. - Ele se foi.

- Mas!! Para onde?  padre, para onde?

- Não sei, não sei, nunca consegui saber de onde veio.

Tina recuou uns passos e disse baixinho...- não pode ter acontecido, agora não Deus.

Saiu do pátio correndo. O Mestre, a parou.

- Deus se foi, eu sei onde foi Deus.

A Jornalista ouviu, mas não ligou, continuou seu caminho. No apartamento sozinha, chorou por Marcius, por tê-la salvado, queria agradecer, conversar, queria ama-lo, a paixão entrava em sua pele, agora que se fora, sentiu sua falta, estava apaixonada. 

A arma do bandido, um pequeno canhão, a teria destruído, pensou...

- Oh! Marcius...teria te amado...tanto, tanto!.

As reportagens dos jornais, rádios, TVs, mostravam os bandidos do  mundo inteiro, serem subjugados pela policia. Mas havia duas perguntas, sem respostas. O fim das drogas e o homem de Deus?

E o fato de Marcius ter desaparecido, o orgulho de jornalista, os comentários entre si, prêmios, a revolta, de não tê-la procurado, foi criando em Tina,  mesmo gostando do rapaz, a vontade de publicar sua foto, tirada acidentalmente na última guerrilha travada pelo rapaz.

Fábio, seu Diretor, sempre a assediava, a convidou para jantar, sentia que Tina guardava algum segredo.

- Ta bom Fábio, estou precisando sair um pouco.

- Ótimo, vamos ao Sarong, um restaurante a beira mar.

- Ta. Pensou Tina, onde jantou com Marcius.

- Tomaram algumas bebidas, Fábio sempre que podia, fazia perguntas sobre a reportagem do traficante, como havia conseguido, crente que Tina conhecia o homem misterioso, porque só ele poderia ter entrado na penitenciária.

- Fábio vou a toalete.

- Ok Tina, aguardo ansioso. E sorriu.

Tina até que gostava dele, era um bom Diretor, mas um pouco atrevido e as vezes esquisito. Fazer o que? Pensou ela, Marcius se foi.

Tina foi a toalete, levando uma pequena bolsinha que tirou da pasta, sempre a carregara, tinha vários documentos. Fábio abriu sua pasta e revirou tudo.

Tina, desde a revelação das fotos, na vontade de encontrar Marcius carregava a famosa foto do rapaz, na batalha com os bandidos, com a famosa “maquina” na mão, em sua pasta.

Fábio quase dá um pulo da cadeira, quando viu a foto. Reconheceu o rapaz, ligou os fatos e a dedução é que Tina não quis publicar a foto porque gostava do rapaz...Tinha percebido no olhar dos dois, quando visitou a igreja.

Tina ao voltar, deparou com um olhar diferente de Fábio e um sorriso enigmático,  olhou a pasta, fora do lugar onde deixara.

A dedução foi rápida.

- Fábio, você mexeu na minha pasta? mexeu ??

- Sim Tina, mexi. E jogou a foto em cima da mesa.

Tina ficou furiosa.

- Não, não adianta Tina. Você é nossa jornalista, e esconder matéria é contra a norma da empresa e de seu contrato. Além disso, vai ser a jornalista mais premiada do mundo.

- Fábio, e a vida de Marcius.Os bandidos vão mata-lo.

- Hummmm!, está enamoradinha do rapaz???

- Ah!, Fábio...você é chato...sai com cada uma.

- Bem!, se nada tem, porque guardou a foto.

- Não, não vou publicá-la, ele já me prestou dois grandes atos, sobre a reportagem do famoso bandido e salvando-me na guerrilha onde bati a foto, sem querer.

- Naaãooo... senhorita !!, vai publicar sim...além de ser nossa principal jornalista, terás uma grana extra da nossa empresa, e também dos jornais do mundo inteiro, será um dos grandes furos da história. Uma vitória, Tina, pense bem...

- E os bandidos, não vão me perseguir?, querendo saber onde encontrá-lo.

- Terá quantos seguranças quiser, e vais dizer nas reportagens, entrevistas, que tirou a foto durante o tiroteio, o suspense será maior, e o que eles vão querer é o rapaz, e ele se foi, desapareceu, andei investigando na igreja.

- Andou me espionando?

- Sim, gosto de você, sabes disso,  senti que tinha uma queda pelo tal de Marcius.

E pensou, assim mato e ganho dois coelhos.Tina briga com Marcius, Marcius briga com Tina, ele não poderá aparecer e Tina será minha.

Tina leu seus pensamentos.

- Não, não vou publicar.

- Ta, então vou ligar pro Diretor Geral. Fale com ele. Também sou jornalista e busco fatos que façam nossa empresa levar a mídia ao mundo inteiro. Não vamos brigar, vamos??.

E num gesto, suave, passou a mão no rosto de Tina.

- Vou falar com o Padre Matheus, ver o que ele pensa disso tudo.

- Perderás a história...deve haver em sua maquina, lá na empresa, mais fotos do rapaz, mesmo que não seja esta.É uma pena.

Sabia do orgulho de Tina pelo jornalismo..

- Nojento...e lançou um olhar furioso em direção à Fábio. Pensou, já era tarde, Fábio tinha razão, ele publicaria a matéria, acharia uma foto de Marcius. E (...),  Marcius a abandonara, dias se passaram, quase um mês.

Ela resolveu contar sua história ao Diretor Geral, este, não perdeu um minuto sequer, parou as maquinas do jornal, introduziu a matéria, e na TV, o grande furo, foi montada toda uma estratégia para permanecer na mídia por dias, reprisada nas TVs do mundo, diversos ganhos, prêmios à empresa e Tina. Seria a reportagem da época.

Tina pensava em Marcius, mas envolvida, fotografada pela imprensa nacional e internacional, agraciada pelos prêmios, não teve tempo para horas amargas, era só elogios.

Fotos do rapaz, da igreja onde viveu varreram as reportagens. Suas fotos apareciam em todas as capas das revistas, jornais, TVs, era a sensação. Marcius era jovem, bonito, e para o mundo, um herói.

A noticia do século, empolgante, de um rapaz, que vivia numa igreja e eliminou um a um os bandidos mais perigosos. Tina era admirada pelo seu feito, por participar das guerrilhas entre as quadrilhas e policia. O Tenente comandante, junto a ela galanteava suas bravuras..

O rapaz, era chamado de salvador do mundo, um enviado de Deus.

Mas ninguém sabia sua origem, de onde veio, nem Tina. E isto a perturbava.

- Onde estaria, onde?...pensava  Tina.

O Xerife da Cidade das Montanhas, via a reportagem na TV, lia os principais jornais, pensativo, abre-se a porta, entra a jornalista da cidade.

- Xerife você viu. É ele, o tal Marcius, que vive nas montanhas.O mundo todo fala nele...como se fosse  Deus....o exterminador de bandidos e das drogas.

Marcius havia retornado à sua casa. Muito tempo havia se passado desde que partira. A casa estava limpa, o quintal conservado, e nas sepultaras as flores estavam vivas, bonitas.

De repente vê o menino Tito.

- você é que fez isso, cuidou de tudo.

- sim, desde que você partiu, nunca tive um lugar para morar, e ai, pensei...

Na cidade grande, chamada de o “Rio dos Morros” Tina, arrependida, rezava  ao lado do padre e dizia:

- Fui egoísta, só quis ver o meu lado de jornalista, pensei !!, mas não liguei para o perigo que causaria ao Marcius e talvez à igreja. Oh! Padre, se pudesse vê-lo. Mas  nada sabem dele, sumiu, como fez com os traficantes bandidos,  foi sugado.

- Você foi o instrumento de Deus, ele quis que todos soubessem da história, e agora, não sabem o que temer, um homem?, ou o próprio Deus...e temer Deus, não é bom, eu vi aquela figura marrom escura na igreja e o poder de sua destruição, não é bom não ter Deus...

- Aiii, Padre, estou arrepiada, credo, eu sempre gostei de Deus, não??

- Sim filha, sim...e sorriu.

Saiu pensativa, será que eu fiz alguma coisa contra Deus, Ah!...e se Marcius é Deus....não, não é, aquela noite na praia, parecia um Deus, mas não era.

Questionada por jornalistas, se sabia mais, se refugiou em seu apartamento, temendo por Marcius, e ser interceptada por bandidos querendo saber seu paradeiro.

- O Mestre...o Mestre!!. Gritou em seu apartamento, arrumou uma mala às pressas e foi procurá-lo.

Mestre a viu chegando e disse.

- A menina entregou Deus!!

- Não meu amigo, não entreguei, sei lá, mas me responda, você sabe para onde ele foi, aquele dia disse: - Eu sei onde Deus está, foi mais ou menos assim.

- O que a menina vai fazer, entregar ele a algum bandido, se é que ainda resta algum...

- Nãaooo....Não....eu gosto dele, deixou escapar. - Mas ele foi embora sem nada dizer..

- É verdade, quer encontra-lo?

- Sim!...sim!... mesmo diante do mal que fiz, quero vê-lo.

O bêbado se levantou, estava mais jovem, talvez por não consumir drogas, também deixara de beber, só alguma vez, mas sempre estava sóbrio.

- Vamos minha filha...venha.

O padre viu a cena, foi ao encontro dos dois. Eles contaram o que iam fazer.

- Tina, cuidado filha, ele pode estar angustiado, culpando você, pois se queria promoção, ele mesmo teria feito. Mas os desígnios de Deus são infinitos,  e continuou...

- Vá, vá ao seu destino e procure ajuda-lo, se o encontrar. Mas um alerta, muitos jornalistas tem vindo à igreja e também umas figuras diferentes, um tal de Stronguer, coisa assim, é uma verdadeira cobra, coisa ruim, junto com outros. Não deixe ninguém segui-la. E as noites, há um vulto,  ruídos estranhos, como alguém tentando vencer uma luta!.

Tina estremeceu, lembrando aquele dia na igreja, sobre o demônio...um arrepio tomou conta de seu corpo.

- Fique tranquilo padre, disse o Mestre, eu sei tudo sobre eles, já vivi onde vivem, sei até seus pensamentos. Fui subjugado, maltratado, agora estou vivo de novo. Perdi tudo, mulher, filha. E sobre o tal demônio, se a gente o vir, rezaremos ao senhor e a Deus.

Apressado entrou na igreja, trazendo de lá um crucifixo. – Padre, vou levar emprestado!!.

- Que Deus os abençoe....e ao Marcius...Voltou para a igreja, se ajoelhou e rezou

Antes de tomarem um caminho, Mestre parou em uma casa, bonita, um jardim florido, pássaros nas árvores, um cãozinho de estimação.

Tina entrou, curiosa, como um bêbado, que morava nas ruas, tinha uma casa daquelas.

Viu umas fotos, uma mulher, um homem, parecia o Mestre,  uma menina, representava ter um dois anos. Mas o rosto da menina e da mulher tinham se desfigurado com o tempo.

Não pôde olhar outros detalhes da casa, porque Mestre a pegara nas mãos e correram para fora.

- Não temos tempo minha filha, você chegou bem cedo e os repórteres lá não estavam, mas enchem as ruas. O cão ficará bem, ele conhece os arredores igual eu.

Tina gostou de pegar nas mãos de Mestre. Sentiu um calor esquecido pela vida. Deve ser a tensão, pensou.

Pegaram o carro de Tina e partiram.

- Mestre, você sabe onde vamos.

- Sei Tina, agora sei. É uma volta ao passado, aos bons tempos.

Sua mente reproduzia uma pequena cidade, uma mulher, sua partida para  a cidade grande com sua filha, pequenina. Ela tinha adoecido e onde moravam, não havia cura.

Veio só,  para trata-la, ia ficar na casa de uns parentes. Tudo passava em sua mente.

- Que foi mestre, alguma coisa o perturba.

- Sim Tina, rever o passado, um passado, uma vida perdida no tempo, mas não sei o que vou encontrar lá, decepção ou alegria!!, ahhh!, Deus, você podia voltar o tempo. Lágrimas desceram pela sua face. 

Tina tirou um lenço da bolsa e deu ao Mestre.

- Apague as tristezas, apague, olhe uma placa...

A placa se destacava na rodovia. “Cidade das Montanhas”

- E ali que vamos menina, é ali. E apontou para a placa.

- Lá você encontrará Marcius,  e eu,  o passado ou nada dele.

- Mestre, você está lembrando!, lembrando de sua vida.

- Sim!, me lembro...quase tudo...

Um dia de viagem, entre a rodovia e a estrada lateral, o Mestre dormiu.  Os pensamentos consumiram suas forças.

Tina gostava dele, Era um homem bom. 

- Bobagem...pensou, chega de pensar bobagens.

Mestre acordou ouvindo Tina.

- Que foi? Com quem está conversando?

Já estavam chegando à Cidade das Montanhas.

Tina não respondeu, tudo que via era lindo, diferente, selvagem. Tina gostou da região, parecia acolhedora e fatos estranhos passaram pela sua mente. 

Ninguém nunca soube de onde viera. Tinha sido abandonada na porta de igreja do padre Mateus, há muitos e muitos  anos.

O Padre Matheus a recolhera,  a cozinheira e as pessoas da igreja, haviam cuidado dela. Estudou e quando se formou jornalista, ganhou dinheiro, comprou um apartamento e se mudou. Mas nunca esqueceu do quarto onde cresceu, o mesmo de Marcius...

- Estranho, pensou...Marcius viveu onde vivi...

E este homem, pensou., qual será seu segredo.

Na cidade, Mestre, se dirigiu direto para a redação de um Jornal, era como se conhecesse o local.

Tina entrou, viu uma mulher sentada, bonita, pele bronzeada pelo sol das montanhas pensou, estava escrevendo, de momento não levantou o olhar,  ao seu lado, uns jornais, recortes, dispersos na mesinha, onde estava escrito...”redatora”.

Enquanto Mestre olhava para  a mulher, viu o jornal, a foto de Marcius, quando do episódio dos bandidos em sua casa. O Jornal trazia a reportagem, com a foto de Marcius, de sua casa, contando a vida do rapaz. Tina ficou triste ao saber o fim de sua família.

E viu mais, um jornal recente, reprisando tudo, a história, local e uma matéria, de ser a mesma pessoa que apareceu na TV, jornais do mundo inteiro.

Pensou....Marcius está perdido, o resto dos bandidos o encontrarão.

Voltou-se para a mulher, você escreveu isso.

- Sim, escrevi...

- Deus... você o entregou. Tapou a boca. -  na verdade, fui eu., pensou ela. Eu iniciei tudo isso.

- Mas você indicou o lugar, minha nossa, precisamos avisar Marcius.

- Espera ai, menina, eu não entreguei nada..., ah!, você é a jornalista famosa. A tal da Tina.

- Sim, ou melhor, nunca queria ser. Sentou-se numa cadeira.

- Algum problema. A mulher a fitou, sem ver que o Mestre havia entrado dentro da sua casa e..

- Mas cadê aquele homem, meio maltrapilho, é um bêbado.

O mestre retornou, diferente, enquanto as duas conversavam, refez a barba, arrumou o cabelo.

A jornalista da Cidade das Montanhas, parecia ter visto um fantasma, ao mesmo tempo que arregalava os olhos, falou

- Erikssen. E desmaiou.

Tina, sem nada entender, olhou para o Mestre..

- Na verdade, sou o proprietário deste jornal e de um sítio nas montanhas, é triste minha história. Minha mente voltou ao normal, quando Marcius comprou uma passagem para a Cidade das Montanhas, tudo começou a voltar,  mas tive medo de retornar, você me conduziu... ela é minha mulher... chama-se Paty

Mestre pegou Paty nos braços, a conduziu até seu  quarto. Paty recobrou os sentidos, devagar, e chorava aos prantos, abraçada ao marido.

A porta da frente se abriu, entra o Xerife. Vê Tina. Pergunta pela jornalista, Tina indica, ele vê o homem abraçado a Paty. Seus olhos ficam vermelhos, gostava de Paty, mas sempre soube que nunca seria dele...ela sempre amou o marido e passou anos e anos esperando.

Voltou à sala da frente, conversou com Tina. Explicou que os jornais foram todos encaminhados às cidades grandes, pela matéria sobre Marcius, uma grande revelação e ganhos para a jornalista, pois outros jornais ofereceram muito dinheiro pelas fotos, onde mora o rapaz, sua vida.

- Xerife, Marcius corre perigo. Um tal de Stronguer, internacionalmente conhecido, e Sato, pior espécie de bandidos, estão a sua procura, Acham que ele tem a solução para as drogas e eliminando Marcius suas imagens ficarão fortalecidas. 

- É verdade, é verdade.

- Me leve até Marcius...

- Nós também vamos...Disse Mestre e Paty, afinal devemos isto ao rapaz.

- Então vamos, disse Tina, apreensiva por ver Marcius, tinha medo, ao mesmo tempo alegria, de enfrentá-lo, de vê-lo.

Paty perguntou sobre Tina para Mestre, ele contou sua história.

Tina estava deslumbrada com a região, mas aflita por ver Marcius. Sentia na pele algum perigo quando o xerife falou:

- Hoje vi algum  movimento estranho na cidade.

- Como? que espécie de movimento, pediu Tina?

- Carros, uns sujeitos diferentes, carrancudos, fazendo perguntas.

Pensei ser pela reportagem do jornal de Paty e outros.

- Deus! Marcius está em perigo. E dirigiu mais rápido, quase derrapando numa curva, olhou para baixo, havia ladeiras, com bastante arbusto, tipo capim  no final.

- A casa de Marcius é logo ali...apontou Paty

No mesmo instante viram explosões e a casa de Marcius ir pelos ares, e  entre a fumaça uma visão do rapaz sendo jogado fora.

Do alto do morro, desceram três carros, tipo jipões. Pararam perto dos destroços da casa, pegaram Marcius, colocaram num dos jipes e vieram em direção ao carro de Tina, ela fez meia volta, rápido, com destreza, era boa piloto, retornou em disparada, mas uma explosão desviou a direção jogando o carro ladeira abaixo.

Os bandidos pararam, olharam ao fundo.

Stronguer, olhou,

- Devem ter morrido e não nos conhecem , devem ser alguns passantes por aqui. Sorriu, deu uns tiros onde o carro estava e partiram a um sinal seu. No outro carro, Sato e seus parceiros sorriram.

Tito, o menino, escondido entre o mato, viu os bandidos e o carro de Tina ser jogado para fora da estrada. Correu até lá. Tinha reconhecido o Xerife.

Nada tinham sofrido, o Xerife, Paty, Mestre, estavam bem...Tina tinha pulado antes e ao mando dela, todos pularam do veículo e caíram sobre o capim, que amaciou seus tombos.

Tina estava inconsciente, o Mestre pegou ela, suas roupas tinham se rasgado. Paty, teve uma visão.

- Absurdo, pensou ela, seria muita coisa para um só dia.

A explosão tinha atraído algumas pessoas. O Xerife pegou um dos carros, colocou Tina e levou-a ao hospital da cidade. Paty e o Mestre foram juntos.

No caminho Tina já tinha dado sinais de estar bem,  o médico a examinou.

- Ela está bem, só uns escoriamentos, queimaduras leves, vou receitar uns comprimidos e uma pomada, na verdade, um creme.

Tina sentada na cama, viu Mestre entrar com Paty e um menino, era

Tito, trazia nas mãos “a maquina” a arma de Marcius...

- Olhe dona, a casa foi toda arrasada, mas o brinquedo de Marcius não.

- Não é um brinquedo menino, não é, disseram Mestre e Tina ao mesmo tempo..

Tito apavorado, falava rápido.

- Eles levaram ele xerife, parecia estar desmaiado, é,  ele saiu  fora da casa quando vi a explosão, gritei pra ele, eu tava pescando e vi os homens no morro, antes da bomba explodir, não me ouviram...era muito barulho. Eles esconderam os carros atrás dos morros e atiraram. Serão os mesmo que mataram os pais de Marcius??? Será que voltaram? Perguntou Tito.

- Não menino, aqueles são piores, bem piores, demônios disse Tina, a peste do mundo.

Marcius, antes do ataque de Stronguer e Sato, pensou nos atos de Tina, não tinha visto o jornal de sua cidade,  pensou ser perigoso ela ter dito que conhecia o rapaz...o extermínio dos bandidos, contrabandistas, criminosos que não se entregaram a justiça e nem mudaram de vida, viriam atrás dele e dela.

Muitos bandidos haviam sido eliminados, outros se entregaram,  menos Sato e um dos chefões.   Com os acontecimentos, se tornaram mais maldosos sem as drogas, refugiaram-se  em lugares desconhecidos. Em tempo algum se expuseram  às armas dos policiais ou de Marcius, a não ser aquele dia, lembrou o rapaz, quando apontaram para Tina.

Sentiu vontade de ver a jornalista, bonita, sorridente. Seu coração batia mais forte, foi quando ouviu o grito de  Tito...- Cuidado Marcius, cuidado.

No morro, nesse mesmo momento, Sato falava.

- É a hora da vingança, ele matou todos os meus amigos.

Reunira uma nova quadrilha, requisitou maus elementos que ainda acreditavam no poder, no combate a policia.

- Destruir esse tal de Marcius,  expô-lo ao público, aos repórteres, vai fazer de nós os mais fortes. Igual o Judas e Jesus...E sorriu, um sorriso meio apagado, algo o inquietava.

Stronguer o apoiava. E deu o primeiro disparo. Eram armas poderosas, com balas explosivas.

No hospital, Tina pegou a “maquina” colocou em sua bolsa e disse.

- Xerife, nós vamos voltar ao Rio dos Morros, além de Marcius, há um grande perigo no ar, esses bandidos não podem vencer.

- Eu também vou, e se for para salvar o rapaz, eu topo.

- Também vamos, disse Paty...Ericksem, vamos..

Ericksem era o nome do  Mestre.

Em Rio dos Morros, dividiram-se para achar Marcius.

Tina queria ir junto, mas Erckssen e o Xerife a impediram.

As duas foram a igreja, ver Padre Matheus,  contar e saber das novidades. Ficaram de se encontrar na igreja.

- Tina, os ruídos aumentaram, sinto uma força diabólica rondando a igreja, há comentários sobre novas drogas, e que, não gosto de falar, o demônio as criou...com o Marcius nas mãos dos bandidos, eles readquiriram o poder. O povo teme.

- Padre, e pensar que fui a culpada por tudo...

- Não Tina, não se culpe, temos Deus...temos Deus!.

Paty que a tudo ouvia, sentia algo por Tina e gostou do Padre Matheus.

Nesse meio tempo, o Xerife e Mestre se dirigiam  aos esconderijos do bando.

Mestre conhecia todos os locais.

Os bandidos sentiram-se fortalecidos com a prisão de Marcius e com o falatório de novas drogas, nem se preocupando em esconder os fatos e o rapaz. A policia também estava preocupada, seria verdade a prisão de Marcius, então, não era Deus, comentavam.

Após verificarem diversos lugares, onde o bando se escondia, o xerife vê Marcius. Apalpou o lugar onde guardara a “maquina”, já sabia  o poder da arma nas mãos do rapaz.

Mestre era conhecido, mas estava diferente, teve que se identificar, fingindo querer ver o Homem de Deus, prestigiando os bandidos pela sua captura. Sorria...Os bandidos gostaram.

Somente dois tomavam conta de Marcius, ficaram  empolgados. 

O Xerife se fez passar por repórter. Marcius parecia estar desmaiado.

Reconheceu a voz do Xerife. 

O xerife, disfarçado de  repórter, com a maquina de Tina, filmava o rapaz. Em determinado momento, em tom de deboche falou.

E ai cara, vamos te dar um brinquedo, como se fosse uma arma, para filmar você com ela.

Os bandidos se revoltaram, mas ao verem o xerife tirar a maquina da bolsa, onde carregava a maquina fotográfica, a examinaram e sorriram...

- Ai cara, disseram a Marcius...aponte ela para nós...e sorriram.

Marcius pegou a “maquina” olhou os bandidos, esperou que o Xerife armasse a maquina fotográfica e disse:

- Vão para o inferno, junto com os outros, se é que o inferno existe.

E ao mesmo tempo, passou a ação,  repetida diversas vezes pelo mundo inteiro.  Foi tudo muito rápido, os bandidos tentaram esboçar um sorriso,  o último, e simplesmente sumiram.

O xerife e o mestre, ao verem a cena, nada comentaram, pegaram Marcius e saíram ligeiro do lugar.

O taxista que os trouxe, deve ter fugido de medo, do local, sem carro, viram uns carros, certamente pertencentes aos bandidos.

- Não vão mais usa-lo. Falou o xerife.

Na igreja, Tina e Paty foram rendidas por Stronguer e Sato, juntos com padre e outras pessoas.

Sato disse:

- Agora vamos trazer o tal de Marcius...juntar todos os jornalistas , mostrar nosso poder, acabar com ele, aqui na Igreja, onde viveu, e deu uma gargalhada.

- talvez ficamos com a gatinha, ela não fala bem de nós.

Stronguer a pegou pelo braço. Tina deu um chute em sua perna. O Bandido ficou ainda mais furioso, a agarrou e só com um braço a levantou do chão.

Marcius, o xerife e o Mestre notaram algo estranho na igreja, e pensaram num plano de ação.

Marcius entra na igreja, como se estivesse amarrado, conduzidos por  Mestre e o Xerife (com capus na cabeça).  Os bandidos reconheceram o carro

Stronguer e Sato, vêem Marcius chegar...

A arma estava escondida nas costas de Marcius.

- Demoraram rapazes...

Reportes da TV, jornais  a tudo filmavam, fotografavam.

Marcius viu Tina, Paty, o Padre Mateus, outros padres, pessoas da igreja,  visitantes, e os repórteres.

O bando de Sato, Stronguer, estavam separados, mas alinhados defronte ao altar da igreja.

Marcius olhou na direção dos bandidos.

- Vamos mata-lo, disse Stronguer, e depois brincar com essa beleza de jornalista, é uma pena, porque foi ela que nos mostrou tudo. Havia rasgado parte da roupa de Tina, ao arrasta-la dentro da igreja.

Uma marca sobressaia entre as coxas e o umbigo, uma marca, em forma de uma cruz...

- Mas antes queremos saber de tudo, ou mataremos um por um nesta igreja, a começar pelo padre.

- Sim. disse Sato. - como as drogas acabaram? quem é você?, mas, parece que algumas drogas vão brotar...e todos sorriram.

Marcius pensou, são homens, temem a Deus, mesmo bandidos.

- Eu sou Deus...disse em voz alta e grave. Sou Deus, Eu criei o mundo, dei a vocês, o destroem com suas drogas, destroem famílias, criam bombas, matam, só pensam em guerras. O que gastam com as armas, drogas, poderia faze-los felizes, nada atinge  Deus.

Os bandidos o fitaram, alguns  temerosos, diante de seu olhar, duro, penetrante, até Tina e o Padre Matheus.

Os jornalistas, pensativos, comentaram

- será que não somos nós que fantasiamos demais esses bandidos em nossas reportagens, promovendo-os.

E os bandidos

- será que a vida seria melhor, sem nos arriscar, sem  inimigos, sem drogas.

Enquanto a pergunta ficava no ar e os pensamentos dominavam as mentes.

Paty olhava para Tina e pensava...

- Meus Deus, não deixe eles a matarem, nem a nós, nem a Marcius...ela gosta dele..

Deus !!,  sofri demais a perda de Ericksen e da minha filha, nos ajude, eu sei que ele não é Deus...é apenas um bom homem.

Tina rezava, queria se atirar nos braços de Marcius, sabia lutar, mas Stronguer a segurava.

Numa fração de segundo, uma espécie de relâmpago atravessa o céu, e uma explosão parece cair dentro da igreja, nesse momento, entra João, o profeta., enquanto uma figura estranha, grande, marrom-escuro, se projeta sobre todos, e também entra na igreja, estilhaços de vidros voam por todos os lados. A velhinha que sempre freqüentava a igreja, repete:

- É o demônio !!, ele voltou !...

Uma voz cavernosa ecoa pela igreja e montes

– Destruirei todos vocês.

Padre Mateus, ergue os braços.

- Esta é a casa de Deus, não é seu lugar.

O demônio num simples gesto arremessa o Padre contra uma das paredes. Um clima de terror invade a igreja, até para os bandidos, que nada entendiam.

João, o Profeta, levanta e aponta para o vulto marrom, o que chamavam de cajado, diziam, ter poderes...

- Não será o vencedor, o mal será destruído.

O demônio reage com uma gargalhada, arrepiando os presentes, mas para, ao ver Linda, a menina. Ela aponta uma das mãos para o Demônio, enquanto a outra segura firme por entre os dedos a mão de João – o Profeta. Um jato de luz, azul, forte, saído do cajado atinge o vulto marrom.

Ele tenta se desviar, reage, destrói diversas imagens por onde passa, trava-se uma verdadeira luta, pedras da construção vêm ao chão, sob os jatos lançados pelo demônio, de repente, um vento forte o envolve e os bandidos,  que se assustam com uma espécie de cinza preta saindo daquele vulto, parecia estar queimando. Um grito aterrador se ouve, estilhaçando outros vidros da igreja, se perdendo  por entre os morros, enquanto um monte de cinzas se espalha, levada pelo vento, penetrando nos esgotos. Era o fim da criatura, pensaram.

Na luta, caídos, João e Linda viram o cajado quebrado em pedaços, mas haviam vencido.

Frações de segundo que  Marcius precisava,  se desprende das cordas, estava fingindo. Lança-se ao chão, com a “maquina” e o pensamento fixo nos bandidos.

Os repórteres atônitos a tudo filmavam. Suas maquinas disparavam

Não sobrou um único bandido. Ao olharem para Marcius, nada viram, desapareceu completamente. Um repórter da TV, falou:

- Vi Marcius cair e sua própria arma acidentalmente ser apontada para ele.

Os repórteres, se indagavam , o que eliminou os bandidos.?  Marcius seria um enviado de Deus?, a arma,  não era uma  arma, não disparou um único tiro!!!.

Tina correu para onde  rapaz devia estar, gritando:

- Marcius,  me perdoe, eu comecei tudo isto, eu errei.  E parou de falar, não via mais ele. .

O padre Mateus, recuperado, vendo a cena pegou Tina pelas mãos.

Sato, quando viu Marcius falar, olhou de relance para Jesus caído ao chão, despedaçado pelo demônio, um calafrio percorreu seu corpo, saiu correndo por entre as pessoas.

A “maquina” não o atingiu...

João, o Profeta, que a tudo assistia, disse:

- não, você não errou, assim quis Deus, reuniu os chefões e o demônio num só lugar, e sagrado, aqui, não resistiram ao poder maior, nas mãos de uma menina, um anjo, e na do rapaz, sinto por ele, mas tudo terminou. Os que ainda restam, se restam, ao saberem da derrota dos chefões, se entregarão. Assim será a vontade de Deus.

Enquanto falava, viu Sato correr pelo pátio da igreja.

- Meu Deus? Sato?

- O que?  Disse assustada Tina..

Correram na direção do bandido.

Sato estava paralisado, tinha visto algo anormal...

- Pare Sato. Vou te matar, igual fez com Linda. Não vou precisar que ninguém segure minha arma.

- Não, quem vai matá-lo sou eu, disse Erick irmão de Karina, por atirar em minha irmã.

Um outro personagem surgiu do nada, rosto marcado por cicatrizes, com uma voz carregada, de quem sabe a hora de decidir.

- Não, deixem a morte para um homem que viu ela de perto muitas vezes, o sangue de um homem ruim, pode contaminar vocês, são jovens...

Sato não reagiu, no semblante daquele homem, de Erick, e daquele que fez matar a menina, sentiu seu fim.

Armas foram disparadas ao mesmo tempo, A cada tiro, Sato dava um salto para traz.

Diego e Erick pararam  de atirar. O homem de cicatriz deu o último tiro.

O padre se aproximou de Sato.

- Eu vi Deus padre...Eu vi Deus...e ela estava lá...a menina...

e repetiu...

- Eu vi Deus...eu não suportava mais viver...

O padre que sabia dos fatos e rezou por Sato.

O padre viu um bilhete que Sato segurava entre as mãos...

Leu em voz alta...

-Eu sempre tive medo de viver, a cada dia, morria. Não conheci meu pai, nem minha mãe, espero que Deus me acolha.  

Era a letra dele, por certo. Um bandido que viveu no inferno, perto de Deus.

Um repórter gravou as palavras do Padre Mateus e filmou o bilhete de Sato.

João o Profeta, se aproximou.

- Filho, Linda, não morreu...não morreu, foi enviada por Deus, está com ele e sempre perto de nós. É um anjo.

- Xerife? perguntou um repórter da TV, como Marcius apareceu aqui. 

O xerife explicou, escondendo os poderes da “maquina”  dizendo que ele e  Mestre haviam dominado os bandidos e salvado Marcius.

Era um pouco da verdade.

O Padre Matheus, ainda estonteado, vê Paty caminhar em sua direção.

- Padre, como conheceu Tina. Ele conta a história.

E, havia guardado uma corrente com uma cruz, quando recolheu Tina na porta da Igreja.

Mestre ao ver a corrente lembrou onde tinha deixado Tina, ao se esconder dos bandidos. Junto a um mural da igreja, enquanto os bandidos o roubaram,  levaram ele e o drogaram, mantendo-o  preso durante anos e anos...

- Então, você Mestre, Paty, são meus pais verdadeiros. A cena emocionara os presentes, tudo foi filmado e relatado na imprensa.

E se abraçaram sob o olhar de Tiana. Tina a pegou no colo e disse ao padre...Vamos leva-la, viverá na Cidade das Montanhas.

O Padre concordou...

A felicidade seria grande, sinto a falta de Marcius...pensava Tina. Como? como ele foi deixar que a arma o atingisse...

De novo veio um pressentimento, como ele fez para estar em diversos lugares ao mesmo tempo, em diversos paises ...lembrou...nunca haviam questionado.

O xerife explicou tudo aos policiais que ali chegaram, confirmado pelos repórteres.

As Tvs do mundo inteiro o reverenciavam, Deus o havia  enviado   e  o levara de volta.  Outros diziam que Marcius foi  tomar conta dos bandidos. E sobre Tina, que Deus há havia agraciado com sua família. Um reencontro emocionante. Sobre o vulto marrom escuro, que apregoava novas drogas, nada mais restava. 

O mundo tinha se livrado das drogas e dos bandidos. Uma nova época surgia.  A economia se expandia, havia segurança, a medicina é a que mais lucrara, sem as  drogas,  as despesas foram reduzidas, os programas de governos tinham recursos próprios e doados pela sociedade, para apoiar as famílias, recuperar os drogados, viciados para uma nova vida.

Na cidade das montanhas Tito tinha visto na TV sobre a morte de Marcius. E pensou, não, ele não morreu, ele não...ficou triste.

Correu para o sitio nas montanhas...

Tina, Ericksen - o Mestre, venderam tudo na cidade grande e voltaram para a Cidade das Montanhas.

Cinco dias haviam se passado, desde o episódio na igreja.

Tina precisava repensar sua vida, e nada melhor com seus pais e no lugar onde vivera Marcius.

Era noite quando chegaram na Cidade das Montanhas, Tina tentou dormir.

Acordou, olhou ao redor, caminhou pela cidade, todos a olhavam, sabiam ser a filha de Paty e Mestre, a cumprimentarem, a admiravam.

Um dia depois, Tina acordou cedo, pediu o carro emprestado para a  mãe e foi em direção ao sitio de Marcius. Chorava.

No lugar da casa destruída, uma nova casa surgira, estava sendo construída. Ficou intrigada. Em seguida viu Tito, que apontou na direção de um lago, rodeado por morros floridos.

Lá embaixo viu um homem sentado e uns peixes ao seu lado. Pensou ser um vizinho...

- Senhor. Indagou?

A pessoa se virou, devagar....

- Marcius, Marcius...meu Deus, como?

E Marcius explicou a ela, que a maquina virada para ele, não matava, o conduzia onde ele queria. E, não podia ficar na igreja, fez o melhor para o momento e preocupava-se com ela, não podia expô-la.

- Mas! E eu? Eu Marcius...eu te amo...não pensou em mim...e foi de encontro ao rapaz, socando-o  Os dois caíram no riacho...abraçados...

Tito, Paty, o Xerife, o Mestre, observavam alegres, tinham-se preocupado com Tina e vieram ao seu encontro.

Passado algum tempo,  a Cidade das Montanhas recebeu três lideres mundiais, religiosos,  da ONU e grandes Paises, acompanhados por um padre, após terem lido as reportagens de Paty, sua história e as fotos da casa de Marcius destruída...o jornal não falava de Marcius...

Visitaram o jornal, o xerife, pois sabiam de sua participação no ato final e se dirigiram a casa de Marcius. Lá encontraram Tina.  Os recebeu, foi elogiada, por seus trabalhos de jornalista e assistencial.

Mas viram nela, alegria, juventude, a casa onde morava. Um deles viu a maquina pendurada na parede. A pegou, e disse...

- Um dos brinquedos de Marcius...?

- É, respondeu Tina...Querem comer alguns peixes?

- Peixes?

- Sim...

- Quem os pesca?

- Um homem, um homem, disse Tina, olhando em direção do padre.

Comeram os peixes, perguntaram se Tina ali vivia.

Ao sair, viram de longe um homem caminhar em direção a  casa. Um deles sorriu para Tina.

Um dos quatro religiosos, era o padre Matheus, estava coberto por um manto, cobria a cabeça e parte do rosto, o outro, o Profeta João.

Tina os tinha reconhecido., mas fingiu, deixando ao padre a iniciativa,

- Diga ao seu amigo, que os peixes são deliciosos, e que ele sabe pescar muito bem....muito bem...tirou o gorro da cabeça e cumprimentou o amigo de Tina.

Tina correu para ele e o abraçou.

- Padre Matheus...que bom ver o senhor, que bom. Como está a igreja.

- Bem minha filha, a fama das reportagens, aumentou o número de  fiéis e os donativos, reconstruímos tudo. Te espero lá.

Traga seu amigo pescador. Sorriu e continuou a falar.

- Deus estará sempre com vocês. A fé está entre estas montanhas, Deus também, por vezes o homem não o reconhece, porque o orgulho não o deixa enxergar.  

Olhou na direção de Marcius...

- Deus criou o mundo, deixou o homem conquistá-lo, houve muitos erros.  O homem, esquece sua própria criação, sua própria vida. Mas, a droga acabou, era um instrumento do diabo,  mas acabou.. Deus não matou os malfeitores, os reuniu num só lugar. O homem paga por seus erros. 

Me lembra a fábula,  “Os Animais”...

Tito que estava perto, pediu.

- Conta padre, conta, eu gosto de histórias.

Os três religiosos sorriram.

O padre falou... está bem meu filho, vou contar. A fábula chama-se:

“ANIMAIS”

Não sei se ele era Deus!

Ou um simples homem....

Ele caminhava por entre as pessoas...

No barraco, por onde passava, ouviu a voz de um menino

-         Pai, posso comer este pão?

-    filho... é o último pedaço

-         Mas Pai !

A voz do menino soava  rouca, mesmo assim, abraçado ao pai, disse.

-         Pai, eu te amo...

Nenhuma lágrima brotara dos olhos do Pai ao olhar o filho.

Do pensamento do homem, surgiram as palavras    –  Meu Deus...!

O homem, que parecia Deus, continuou caminhando...

passava naquele momento, por uma  casa suntuosa,  toda enfeitada.

Lá de dentro,  ouviu:

-         Nãaaooo Paiii, não quero comer

-         Mas filho, há de tudo, nada falta!

O som do choro, longe, se ouvia.

O homem, que parecia Deus, continuou caminhando, se lembrou  da  história de dois homens, um pobre, com filhos  e o outro abastado,  vivia só, sem família.  O pobre trabalhava e produzia para o rico.

Os dois  iam cruzar uma ponte, que estava prestes a ruir.

O pobre parou e pensou... “se eu tentar atravessar e ela ruir, o que restará para meus filhos, morrerão.”

O rico, sorrindo, falava baixinho consigo mesmo... - ah! deixa ele ir, se ela ruir,  construo uma outra bem forte para eu passar..

Perto deles um lobo raivoso,  faminto,  olhava para  um coelho acuado e pensava:

 

- Se eu matar esse coelho, ..... não haverá mais crias...!

Sorrindo, partiram, entre os morros...

O tempo correu. Muitas luas e estrelas  atravessaram os montes...

Havia alegria

A história das drogas, era escrita, cantada.. Para muitos, era uma lenda. Numa praia, palavras soavam roucas e  fortes,  todos o escutavam silenciosos, sentados na areia, alguns ainda se amedrontavam.

- Eu vi o homem.

- Eu vi o fim das drogas...O dia em que a droga acabou. E vi ele partir levando os bandidos, as gangues, os homens das drogas.  Colocou eles num cometa, tinha uma calda enorme, em chamas, era o inferno, ah!, era sim, até o demônio ele liquidou, era feio, marrom-escuro, tinha uns chifres, soltava fogo...ah!, se soltava...

Levantou-se e partiu sob o barulho das ondas, um nevoeiro envolveu sua silhueta, na areia, não havia pegadas. Diziam que percorria o mundo.

Uns falavam que foi um dos maiores entrevistadores do mundo, que transmitia alegria, chamado simplesmente de Jô.  Outros diziam ser ele o homem de Deus, que acabou com as drogas,  eram tantas as historia sobre aquele personagem.

E alguns o julgavam Deus....porque era feliz. E outros falavam que era Sato, havia retornado para pagar seus pecados...

No lugar das drogas, houve espaço para  alimentos, frutas e flores.

Padre Mateus, por  ser missionário, gostava de contar fatos de Deus e dos homens.

Lembrava-se  de Marcius e Tina com carinho,  veio a sua mente,   de um autor desconhecido, um poema,  pensou, talvez tenha inspirado ainda mais Deus, Marcius e os homens de bem,  a   mudar o mundo e evitar um desastre maior  dos consumidores de drogas, de  180 milhões,  onde 144 milhões consumiam a  maconha, 29 milhões anfetaminas, 14 milhões cocaína, 13,5 milhões opiáceos e nunca teria fim.

E a Colômbia?, 80% da droga consumida no mundo, concentrava-se  naquele país. O Afeganistão e Mianmar, eram os donos do ópio.

Lembrou ainda, : os drogados vendiam de tudo, se desfaziam de celulares, CDs, roupas, roubavam a família, vizinhos, amigos, somente para alimentar o vicio, que os levava ao fundo do poço. Matavam os pais, ou os pais, os matavam, e depois morriam movidos pelo desespero da perda dos filhos.

Era um texto interessante,  diferente e resolveu declama-lo em pleno sermão.

“Desabafos, num mundo que mal caminha,

e se dobra aos estragos das drogas, das mentes, que mal caminham.

até quando os destroços, serão mais importantes!

que o humano, que nasce, vive e morre...para ser somente feliz.

Vou comprar o mundo.

Ahhh!, acordei,

vou comprar o mundo

me adoçar com todos os sorvetes,

amar todas as mulheres,

tomar os melhores vinhos,

florir todos os caminhos

juntar as cidades mais lindas,

na mesa farta, sentar sozinho,

sentir-me um Rei...

Ah!, vou guerrear em Israel, Iraque, Afeganistão,

virar terrorista,

roubar os maiores bancos,

juntar uma montanha de dólares,

explodir crianças, sem olhar as cores.

Não!...não vou comprar o mundo

vou construí-lo mais bonito

faze-lo sorrir...

Ah!, sei lá, melhor mendigar na rua

deixar os mortos na rua, olhando um céu que não existe,

deixar as crianças com fome, afinal, nem sei seus nomes

acordar, nada para fazer, afinal, todos os dias nasce a mesma lua...

Matar soldados,

ver as mulheres e os filhos, se prostarem aos prantos,

me encher de drogas, troca-las pelos trinta pratos,

ser Rei...

Não!!!

Vou lutar pela vida, pelas crianças,

no campo das drogas, vou semear uma planta, uma semente,

acabar com a fome

limpar o que não presta,tudo que seja imundo

plantar flores, frutos, flores...

vou perfumar as cidades, o mar, o infinito

pintar o mundo, bonito...

vai ser natal, novo ano, todos os dias

vou fazer uma lei, onde ninguém será TRISTE.

Uhaaa!... acho que vou dormir de novo, ninguém me ajuda.

O mundo é tão grande...onde caminho, outros caminham

não vai valer nada...

melhor ficar no meu Ap, uma TV, um PC, um som,

a escola, cinema, a menina sorrindo na rua onde passo,

a noite entra no espaço,

o dia some...

Nada! Nada muda, podia ser rei, presidente, .um jogador,

astronauta, um...um passarinho !

podia fazer o MUNDO menos triste...

Já sei...vou virar...PALHAÇO...”

- Que bom, se todos sorrissem...

Ouviu na entrada da igreja, um bater de palmas e pessoas entrando, sob o clarão reconheceu Tina, trazia nos braços uma criança recém nascida, em seguida Tiana, Paty, o Mestre e por fim Marcius.

Deixou o altar e correu para abraça-los...Marcius estava diferente, tinha deixado a barba crescer, bigode espesso e pintado o cabelo, para não ser reconhecido....Mas era ele... “O HOMEM DE DEUS”

Todos aplaudiram...Tina trouxera sua filha para ser batizada pelo Padre Matheus.

Os repórteres que sempre estiveram na igreja e haviam filmado a última cena entre Marcius e os bandidos,  reconheceram todos e a Marcius... apenas sorriram...enquanto guardavam suas maquinas.

Num epílogo, alguém escreveu...

A Droga?

Não!!...

A Droga não mata!

Eu tinha muitos amigos

Todos estão vivos...

Só eu vivo aqui,

Onde?

Sei lá...

Na entrada, está escrito...

Cemitério de Almas.     A Última Morada!.

E, todas as noites um ruído estranho, sempre se faz ouvir por entre os muros, parecem pessoas presas por correntes, caminham,  sob um chicote de aço, brandido por um vulto marrom-escuro. Os urros são horríveis. 

Na Cidade das Montanhas, o sol brilhava!. No Rio Grande, as ondas ainda se erguiam contra as pedras.  

Na areia branca, o estranho homem, não era mais triste, brincava com as crianças, livres, tocava na bola que corria solta e sorria,  enquanto ao seu lado, um garotinho segurava sua mão. Diziam que o menino era filho de um traficante de drogas.

Nas montanhas onde Marcius vivia, seu filho, curioso, num raiar do dia, pega a “Maquina” escondida numa mala, aperta o gatilho e gira por toda a sala, Marcius, Tina e omenino desaparecem.

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Atualizado em: Seg 31 Out 2011

Comentários  

#1 PauloJose 11-11-2011 20:54
PARABÉNS UM BELO TEXTO!

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