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Cap.3 - Blood Company
Boa noite queridos. Cá estou eu novamente. Quando entrei naquele carro, tinha um leve cheiro de perfume barato e cigarro. Sentei e relaxei. Já estava acostumada com esse tipo de ambiente. Havia outro homem, dirigindo. Tinha jeito de ser motorista daquele cara. Ele não entrou no carro. Fiquei um tanto assustada. Perguntei: - Onde estamos indo ? - Para a academia senhorita. Lamento, mas fui orientado a não dar mais explicações. Tudo bem. Já que nao teria explicações na hora, relaxei e simplesmente fiquei pensando. Como estaria a situação naquela casa agora ? Será que eles já tinham se matado? O que aconteceria comigo ?
- Chegamos senhorita.
Olhei para os lados, deveria estar muito longe de onde morava. Não conhecia aquele lugar, era repleto de prédios antigos e pessoas estranhas andando na rua, havia um ou dois mendigos, mas, o que mais me assustava, é que em um lugar como aquele, a maioria das pessoas usavam terno, só haviam carros de luxo. Olho pra mim. Estava de uniforme, com a meia rasgada e maquiagem borrada devido ao choro. Nunca fui um exemplo de beleza, mas nesses instante estava me sentindo realmente apavorante. Acho que deviam me contratar pra fantasma de banheiro. Eu ia ganhar uma grana. O motorista abriu a porta, e segurou minha mão ao sair.
- Aqui terá tudo o que precisa senhorita, aguarde que alguém virá recebê-la.
Ele entrou no carro e saiu.
Fiquei ali, sozinha, sendo encarada por pessoas que eu nunca tinha visto na vida, ai que raiva! Cadê aquele cara esquisito? ele não está aqui não? Encostei em um poste. Fiquei ali parada, até que um homem veio em minha direção. Ele parecia ser novo, tinha cabelos longos e era bem forte. tinha várias cicatrizes no braço (Esse povo deve brigar igual galo, só pode)
- Então, você deve ser Hatsune. Certo?
- Sim.
- Tenho que te levar até seus aposentos, você vai morar aqui por um tempo.
- Como assim?
- Takumi me disse que você precisava de moradia, então reservei um quarto pra você. Tava com o Jason, mas, como ele morreu, você pode ficar com o quarto dele.
Eu estava um tanto assustada com aquilo tudo, mal havia presenciado aquele inferno na minha casa, um estranho me pega, me coloca em um quarto e me dá um lugar pra morar? Será que Deus existe mesmo?
- Tudo bem.
O prédio que entramos era enorme, e com grandes janelas. Era beem antigo, mas conservado. Logo que entramos, tinham vários aparelhos de exercícios, e vários homens se exercitando. Mas não era como as academias comuns, não havia música, televisão, muito menos recepcionista ou algum funcionário. Pareciam que estavam todos ali por conta própria. E o lugar não era uma maravilha no quesito limpeza.
- Qual o seu nome? - perguntei ao cara que me guiava por aquele lugar.
- Jeremy.
- Americano?
- Sim. Vim pra cá tem pouco tempo, estou estudando com os melhores.
- Hm.
Entramos em um elevador, e ele selecionou o sétimo andar. Não fiz mais perguntas. Havia um grande corredor, e com várias portas.
- O ultimo quarto é o seu, é um dos maiores, parabéns. Takumi deve mesmo gostar de você.
Fui andando.
- O que tem nas outras portas?
- Somente três são quartos. Incluindo o seu. As outras salas você terá permissão de entrar, mas depende muito de suas habilidades. Portanto, dificilmente passará por todas. Mas não se preocupe.
Jeremy me entregou a chave do quarto. Abri. UAAAU, era um quarto lindo. Parecia aqueles hotéis antigos de filme de terror, um lugar realmente luxuoso. O que esse povo quer de mim? eu vou fazer o que aqui? Comecei a vasculhar o quarto, procurando algo que pudesse me dizer o que era aquele prédio ali. No quarto havia uma grande cama de casal, um lustre lindo, um guarda roupa, uma mesa com quatro cadeiras, um sofá, uma estante repleta de livros, e um banheiro. Na beirada da cama, havia dois sapatos, vermelhos, com o salto incrivelmente alto. Coloquei eles, eram o meu número! Estava adorando, e ao mesmo tempo desconfiando cada vez mais. Fui até o guarda roupa, estava cheio de vestidos, cada um mais bonito que o outro, lá parecia ter tudo o que eu precisava. Fui ao banheiro, a mesma coisa. Havia uma banheira lá, sais de banho, sabonete, shampoo, cremes para beleza, kits de maquiagem! Parecia um sonho. Mas, era demais pra mim. Porque um estranho me daria tudo isso?
Tirei a roupa, e tomei um banho. Não demorei muito. Peguei um vestido vermelho no guarda roupa, e coloquei os sapatos. Ficaram lindos em mim. Voltei ao banheiro, e me maquiei. Nada extravagante, somente rímel, e um pouco de batom marrom. Eu tinha ficado deslumbrante. Estava admirada comigo mesma. Abri a porta do quarto. Aquele senhor, que me pegou na porta de casa, estava ali me aguardando.
- Vejo que você já está usando seus presentes. Que bom que gostou.
- Seu nome é Takumi, não é?
- Sou sim. Agora venha, vou lhe apresentar o lugar.
Ele me levou ao térreo.
- Bem vinda a minha academia, eu criei esse lugar para garantir a vida de meus estudantes, e passar os conhecimentos que se passam de geração a geração em minha familia.
- Que tipo de conhecimentos?
- Calme pequena, você irá entender. Deixe-me falar. Esse lugar, pertence a mim e a minha familia, que é repleta de assassinos, da melhor qualidade. Alguns usam seus conhecimentos, outros não. Alguns membros de minha familia estão até na política, para assegurar que a Academia não seja encontrada. Aqui, eu os ensino tudo, e tudo o que quero de volta é o seu trabalho e reconhecimento. Eu vi muito potencial em você Hatsune, e você é a segunda mulher dessa casa. Se acalme, não precisará ficar lutando como esse bando de brutamontes, e sim usar as ferramentas que você tem de melhor. Seu cérebro, e sua beleza magnífica. Mas antes você precisa passar por uns testes, como esse de agora. Quero ver, a sua paixão por vingança minha querida.
Nos sentamos em um sofá, em frente a um bar que havia na academia. Ele gritou.
- Quem aqui nesse lugar, gostaria de mostrar serviço a mim e a minha convidada?
Um rapaz veio até nós.
- Muito bom. Agora, quero que tire um dos sapatos dela e a morda.
- Como assim?! Olhei para o rosto daquele velho, um tanto revoltada.
O rapaz o fez. Com o meu outro pé, dei um chute em seu rosto e o fiz cair no chão. Algo tomou conta de mim. Simplesmente peguei o meu sapato, coloquei em meus pés e subi em cima dele, o machucando.
- Não faça isso de novo, ou provará o doce gosto de veneno.
Takumi começou a rir, e o rapaz no chão, a chorar.
Me sentei.
- Escolhi a pessoa certa, realmente. Você é magnífica Hatsune.
Olhei para o rapaz no chão, seu nariz sangrava com o golpe que levou, ele continuava no chão, chorando.
Ao ver seu desespero me senti tão bem, aliviada de certa forma. Me uni a Takumi no sofá novamente, e comecei a rir. Como era doce aquilo, simplesmente apaixonante. Olhei para meus pés, gotas de sangue se destacavam no vermelho escarlate de meus belos sapatos.