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ODE SERTANEJA (À PATIVA DO ASSARÉ)

Patativa

Grande cabra-da-peste Patativa,
eu te saúdo, meu irmão de enchada
            e sonho nas mãos!
Seu canto "pa-lavra" a terra dura
ante os olhos esbugalhados
            do Caburé sobre os rochedos
            do São Francisco.
A "lira servage"
            de sua alma encaliçada
            desperta os espíritos
dos backlands que cavam os açudes
            de suores e nervos
a vislumbrar um
                  "sertão de possibilidades"
a pesar de você acreditar
                   nas histórias
         do coroné Padim Ciço Romão.

Seu canto é sertão, é a enxada
       carreirando o milho certo
       por linhas tortas e bem postas,
é as tragédias que se estatelam
                         nas serras do Cariri.
Você é topado, poeta pé-duro e valente
        como Lampião
        varando as estradas na peleja
        contra os macacos do Governo,
é corajoso, cheio de armada e arte
        como os toureiros
               Diabo Louro e Casa Grande
               quando domaram
        o raivoso boi Mangangá.

É você o poeta das coisas simples
              como puleiro de galinhas
              e curral de bode,
que canta e chora como a velha viola
              sobre seus ombros cansados
              mas não vencidos,
que narrou suas histórias e cantigas
              para aliviar
       o peso do enxadeco que lasca
       as mãos dos roceiros do sertão,
que tira onda
       feito o cão da embira
       com os eruditos de fachada
       e suas baboseiras gramaticais
       cuspidas nas salas ocas
       das Universidades.
Eu te saúdo, poeta cabra-da-peste,
      teu canto é teu, é meu, é nosso
                         SERtão.

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Atualizado em: Seg 29 Nov 2010

Comentários  

#4 jacosta 04-06-2011 15:22
Grande texto Pirro, merecida e bela homenagem a um poeta do povo que muitas vezes é esquecido, você não esqueceu. Abraços.
#3 tania_martins 19-05-2011 10:03
Parabéns! Bela homenagem.
Abraços.
#2 Pirro 17-05-2011 21:17
É isso, caras. É a homenagem à literatura-vida, à escrita com sangue, suor e lágrimas.
#1 ANTENA 16-05-2011 16:51
Linda homenagem a um poeta cabra-macho!


abraço anarquista

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