- Ode
- Postado em
ODE SERTANEJA (À PATIVA DO ASSARÉ)
Grande cabra-da-peste Patativa,
eu te saúdo, meu irmão de enchada
e sonho nas mãos!
Seu canto "pa-lavra" a terra dura
ante os olhos esbugalhados
do Caburé sobre os rochedos
do São Francisco.
A "lira servage"
de sua alma encaliçada
desperta os espíritos
dos backlands que cavam os açudes
de suores e nervos
a vislumbrar um
"sertão de possibilidades"
a pesar de você acreditar
nas histórias
do coroné Padim Ciço Romão.
Seu canto é sertão, é a enxada
carreirando o milho certo
por linhas tortas e bem postas,
é as tragédias que se estatelam
nas serras do Cariri.
Você é topado, poeta pé-duro e valente
como Lampião
varando as estradas na peleja
contra os macacos do Governo,
é corajoso, cheio de armada e arte
como os toureiros
Diabo Louro e Casa Grande
quando domaram
o raivoso boi Mangangá.
É você o poeta das coisas simples
como puleiro de galinhas
e curral de bode,
que canta e chora como a velha viola
sobre seus ombros cansados
mas não vencidos,
que narrou suas histórias e cantigas
para aliviar
o peso do enxadeco que lasca
as mãos dos roceiros do sertão,
que tira onda
feito o cão da embira
com os eruditos de fachada
e suas baboseiras gramaticais
cuspidas nas salas ocas
das Universidades.
Eu te saúdo, poeta cabra-da-peste,
teu canto é teu, é meu, é nosso
SERtão.
Comentários
Abraços.
abraço anarquista