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Capítulo VII
— Oh — ele disse. — Então eu finalmente pude ter a honra de conhecer a Princesa Lilim.
Uma corrente elétrica atravessou o corpo de Diablo. A menção do seu nome verdadeiro ainda a deixava desconfortável. Porém, ela não devia ligar para desconforto naquele momento — ela havia o encontrado. Agora, sua missão era destruí-lo antes que ele acabe pegando outra adolescente.
Ela evitou dizer qualquer coisa. Não queria provocar e nem ser provocada. Porém, no momento em que ela iria dar um passo em sua direção, ela não conseguiu. Era como se alguém a segurasse; ou como se seus pés estivessem grudados no chão.
— Intrigante, não? — ele perguntou e deu três passos em sua direção, cruzando os braços. — Nunca lhe falaram para evitar manter contato visual com um demônio, Lilim? — ele aumentou o sorriso malicioso que tinha instalado nos lábios. — Eles podem acabar te hipnotizando. E isso vale para todos os seres vivos. Até para você. — ele deu alguns passos a mais na sua direção, até parando a sua frente, com poucos centímetros de distância.
A mão dele foi até uma mecha do cabelo solto dela. Pegou-a entre os dedos e a levou até o nariz. Cheirou-a e deu um sorriso satisfeito. Diablo tentava se lembrar de como ela conseguia desfazer a hipnose — havia uma maneira, havia sim! Ela sabia disso. Mas qual? Ela não conseguia se lembrar.
Sentiu um arrepio ao sentir a mão dele tocar seu rosto. Os dedos acariciaram levemente o rosto dela. Traçaram uma linha imaginária em torno do mesmo e pararam nos lábios dela. Ela estreitou os olhos para ele. Ela não conseguia se mover. Tampouco falar. Droga! Fora paralisada pelo demônio.
— Você é mais bela do que eu imaginava. — ele disse. — Mas, é claro, não? Filha de Lilith e Lúcifer, e ainda por cima é uma súcubo... É digno que seja tão bela dessa maneira. Deve despertar a libido nos homens humanos e nos demônios, estou correto? — ele deu um sorriso torto. Sedutor. — As Alrunes de Lilith não são tão belas como você. Tem aquela beleza puxada da mãe... E alguma dos outros demônios.
Os pensamentos estavam a mil na cabeça de Diablo. Havia uma palavra... Uma única palavra... Agora qual era? Ela não se lembrava!
— Mas eu tenho que ir, minha querida. — ele disse. — Tenho coisas a fazer. Como estuprar adolescentes. — ele fixou seus olhos azuis nos dela. Ela tentou fechá-los, mas por meio da hipnose, ele não permitiu. — Diga a Eloistier que Josey era uma das mais apertadas e deliciosas que eu já tive em meus braços.
Diablo quis mais do que nunca avançar nele naquele momento. Porém seus músculos estavam rígidos. Sua boca estava presa, e sua língua não se mexia. Podia sentir seu coração bombear no peito e o sangue negro subir até sua cabeça. Ela estava com raiva. Muita raiva.
— Aliás — o demônio voltou a dizer. —, meu nome é Alec.
O demônio deu mais um sorriso para ela e desapareceu de sua vista. Só apenas dez segundos depois que ele desapareceu, que ela pode ter total controle de seu corpo. Ela arfou.
— Merda! — gritou em plenos pulmões. — Desgraçado! — ela deixou que seu corpo caísse de joelhos no chão. Apoiou as mãos nas coxas e respirou fundo, tentando acalmar a respiração. — O filho de uma puta além de me hipnotizar, ainda rouba parte da minha energia! — sibilou. Sentia-se cansada, fraca. Mas tinha de correr atrás dele! Porém, naquele momento, ela não poderia recorrer ao seu querido universitário. Não havia tempo. Alec, o demônio, já devia ter ido embora há muito tempo.
Ela passou a mão no capote negro que usava. Sentiu uma elevação no bolso e pegou o que estava no mesmo. O celular.
Foi na discagem rápida e ligou.
— Legna?
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— Pelo amor de Deus, o que esse demônio te fez? Você está acabada! — Legna disse em tom alto e claro quando chegaram ao quarto do hotel. Diablo se sentou na cama, sentindo-se exausta.
— Ele me hipnotizou assim que eu olhei para ele. — Diablo disse de maneira cansada. — Me falou algumas coisas e... Depois tirou parte da minha energia. — murmurou. — Filho de uma puta. — xingou.
— E você se deixou hipnotizar?! — Legna disse em tom razoavelmente alto. — Diablo! Eu esperava mais de você! — ela bufou. — Pensei que fosse mais inteligente! Já te avisamos um monte sobre olhar nos olhos dos demônios, ainda mais como ele. — enfatizou.
Diablo suspirou e passou a mão no rosto. Sentia seus olhos pesados e seu corpo dolorido. Ah, como ela queria dormir naquele momento! Nem vontade de fazer sexo com Harlan ela estava.
— Eu não sabia o que estava fazendo — Diablo disse, mas logo acrescentou: — Não, espera. Eu sabia. Mas a idéia de ele me hipnotizar nem passou pela minha cabeça... É algo tão velho. A maioria dos demônios nem se lembram como se hipnotiza para paralisar alguém. Nem eu lembro. E olha que era do meu tempo esse negócio de hipnotizar e paralisar...
Legna suspirou.
— Tudo bem. — ela disse e puxou uma cadeira do quarto. — Como ele era?
Diablo olhou para ela.
— Deslumbrante.
Legna revirou os olhos: — Eles sempre são.
— Não, ouça... Era diferente com ele. Ele era deslumbrante de uma maneira... Muito deslumbrante. Sério. Ele tem uma beleza diferente. Mais desumana e mais surreal do que os outros. Mas ao mesmo tempo ela parece ser tão... — Diablo parou de falar. Pigarreou e continuou: — Ele era diferente. Eu sentia isso. Havia algo nele... Algo que eu não sei explicar. Tudo nele te atrai. Entende? Desde o dedão do pé até o último fio de cabelo. Ele era... Irresistível.
A boca de Legna estava escancarada.
— Ah, não. — a anjo disse.
— O quê?
— Você está atraída por ele. — ela acusou.
— Mas é claro que não! — Diablo rebateu. — É claro que não estou. Ora essa. Eu? Atraída por um demônio? — ela disse de maneira debochada. — Tenha dó, Legna. Apenas achei a beleza dele muito... Diferente.
Legna olhou para ela com os olhos acusatórios. Diablo soube o que ela estava pensando naquele momento apenas em olhar em seus olhos. Admita, ela pode ouvir a voz de Legna na sua cabeça, você está caída por ele. Vamos lá, admita. Não é feio. Amar é bom, sabia?
— Eu não estou apaixonada. — Diablo disse.
— Mas está atraída.
Diablo se encolheu.
— Ele era bonito, tá legal? — ela disse. — Apenas isso. Fiquei atraída, sim, pela beleza dele. Mas isso não vai me atrapalhar na hora de destruí-lo. Vou vê-lo como a Medusa. Vou evitar olhar em seus olhos e tudo ficará bem. — olhou nos olhos turquesas de Legna. — Estou falando sério. Vou trazer a cabeça dele para Eloi, ainda.
Legna suspirou.
— Ok, se ele era tão bonito, me descreva-o.
Diablo cruzou a perna. Começou a descrevê-lo. Porém, acabava acrescentando sem querer, mínimos detalhes totalmente desnecessários. Quando percebeu, sentiu-se uma adolescente com seus hormônios à flor da pele contando para a melhor amiga como foi o primeiro encontro com aquele garoto, ou coisa parecida. Logo ela amenizou nos detalhes. Porém, não conseguiu amenizá-los quando o assunto foi seus olhos.
— Eles eram tão... Azuis. — ela disse. — Eram lindos. Completamente lindos. Acho que foi por isso que me deixei hipnotizar. Eram atraentes, bonitos. E também acho que foi por isso que as garotas se entregaram tão fácil a ele.
— Isso é — Legna disse. — se elas se entregaram tão facilmente a ele. Talvez ele tenha usado hipnose nelas também...
— Eu não acredito. — Diablo disse. — Acho que elas se entregaram para ele. Digo, ficaram atraídas. Ele tem uma beleza inacreditável, Legna. Nem você acreditaria se o visse. — ela fez uma pausa. — Aliás, acho que ele é íntimo de Lúcifer e Lilith. Ele mencionou sobre as Alrunes e sobre o quão menos bonitas elas eram de mim.
— Que cara de pau! — Legna riu. — Além de te hipnotizar, ele tem coragem de te cantar? — ela perguntou. — Ok. Eu vou pesquisar. Devo ter uma lista de todos os íntimos de Lúcifer e Lilith. — ela hesitou. — Aliás, você já teve alguma visita? Digo... De algum amigo de Lúcifer?
— Por enquanto não — Diablo disse. — Mas espero não ter tão cedo. Tenho que me concentrar. Perder tempo com demônios de Lúcifer vai apenas prejudicar meu trabalho e mais adolescentes vão acabar mortas. — suspirou. — Enfim... Eu preciso dormir, Legna. Preciso descansar. Não posso recorrer ao meu trabalho de súcubo agora. É cedo demais, ainda por cima.
— Tudo bem. — Legna disse. — Vou informar Eloi sobre o acontecido. Ele provavelmente vai ficar histérico, berrar e quebrar coisas... Vai te chamar de incompetente também, por ter o cara na palma da sua mão e não detoná-lo. Mas acho melhor não falar no assunto de ele ser tão incrivelmente bonito que te deixou deslumbrada.
— É. — Diablo disse. — Não diga isso. Capaz dele ainda vir aqui e me esganar. Aliás... Eu também me sinto uma incompetente por isso.
— Não é sua culpa, Diab... — ela parou de falar no momento que Diablo estreitou os olhos para ela. — Ah, tudo bem, não vou tentar amenizar a situação. É sua culpa, sim. Mas acredite, você ainda vai pegar esse desgraçado.
Legna se levantou da cadeira e a colocou no mesmo lugar onde estava antes.
— Eu vou indo. Um bom sono.
— Obrigada. — Diablo disse. Legna saiu do quarto, fechando a porta. Diablo suspirou e deixou que seu corpo caísse sobre a cama. Sentia-se exausta... Queria dormir, naquele momento, mais do que nunca.
Não se deu ao trabalho de tirar a roupa. Apenas ficou deitada, na cama. E em seguida, fechou os olhos. Depois de muito tempo sem dormir, ela entrou no mundo dos sonhos.
O pavoroso mundo dos sonhos.