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Pyxis Lynx - Biografia - Parte 2 - O Aprendiz
Tudo passou tão rápido. Quando se deu conta, Pyxis Lynx já estava em sua casa, cercado de primos, primas, tios, vizinhos e alguns colegas de escola. Todos queriam ouvir a historia, contada com empolgação pela sua mãe, sobre o problema da anestesia, e como os médicos conseguiram superar a morte e trazer seu filho de volta.
Foram tantas histórias que já estava ficando aborrecido. Mas em compensação tinham muitos doces e refrigerantes. E também aquela prima mais querida, a Helga, verdadeira inspiração para o Pyxis.
Os dias seguintes foram difícil, primeiro foram às dores e depois as coceiras.
Logo Pyxis aprendeu a enfiar uma régua entre o gesso e a pele e esfregar o lugar.
Depois foram as muletas e a gozação dos colegas:
- Aleijadinho! Quatro pés!
– Deixa que eu chute...etc.
Pyxis muito desanimado, não foi mais à escola, inventava um problema ou uma dor e ia ficando em casa. Mas não podia perder o ano, (assim se falava na época), então foi combinado que a professora daria algumas aulas particulares e por fim uma prova final.
Pyxis ficou assim com muito tempo livre. E como não podia sair, passou a ler muito, principalmente autores alemães, franceses e a ouvir musicas clássicas.
Começou até a escrever um livro de ficção cientifica. Montou um laboratório fotográfico.
E com um telescópio observava o céu em busca das constelações, principalmente Auriga, facilmente identificável por causa de sua alfa, Capella, um sistema binário de cor amarela e luminosidade intrínseca 160 vezes superior à do Sol, ...quantas saudades.
Seu pai, Rudi, imigrantes alemão, vindo de uma família de agricultores do interior, próximo da fronteira russa, acostumado ao trabalho bruto, quase sem estudo, casara-se com Elisabeth, uma imigrante húngara, de Budapeste, acostumada a vida de cidade grande, cosmopolita, que estudou em boas escolas, ajudou a traduzir o livro “O Guarani” para o húngaro e tocava violino no Teatro Municipal.
Desta forma Pyxis, herdou do pai o gosto pelo trabalho e da mãe o gosto pela leitura e pela musica.
Em menos de um ano, e depois de muita fisioterapia, Pyxis voltou a andar. E, embora sua perna direita tenha ficado um pouco mais curta, andava normalmente.
Os anos foram passando e Pyxis continuou seus estudos.
Amante das ciências exatas, logo se encantou pela física e pelos números; pelos senos, co-senos, graus e ângulos. Álgebra, equações e campos magnéticos o levaram até a eletrônica.
E as viagens espaciais, então, eram épocas de viagens a Lua e depois quem sabe? O futuro abria-se a sua frente.
Entrou em uma escola técnica e matriculou-se no curso de Técnico em Eletrônica.
Tudo passou muito rápido então. Formou-se e começou a trabalhar com Telecomunicações, cabos ópticos e transmissão a laser. Entrou para a Universidade, e começou um curso de Engenharia Elétrica.
Muito prestigio, dinheiro, carros do ano, namoradas e noitadas. Era a época das discotecas, The Bee Gees e os embalos de sábado à noite.
Aos 23 anos, Pyxis Lynx, conheceu os efeitos inebriantes do álcool e das drogas, tornando-se súdito deste reino de fantasias e de falso poder.
Era o ano de 1980, e aquele garoto que tinha tudo para dar certo, estava preste a conhecer o lado mais terrível da sociedade humana.
Continua
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