- Drama
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DERROTANDO A INIMIGA
Ele não tinha inimigos. Era pacato, vivia concentrado, calado. Quase nem falava. Nos últimos tempos, quando eu ia lhe dirigir a palavra, com apenas um gesto de mão eu sabia que deveria ficar quieta no meu canto. Ele não tinha inimigos. Tratei de fazê-los pra ele. Foi necessário! Estava me traindo!
Convivi com a situação por muito tempo porque deixava-o sempre à vontade, sem ficar na cola, sem pegar no pé, sem cobrar nada. Me aliando a inimigos, destruiria completamente a minha rival e o assunto seria "morto e sepultado". Ninguém saberia que fui eu. Assim, procurei uma pessoa. Um rapaz muito jovem, sujo, mal vestido, que atendia num porão na boca de uma favela. O dito estava às voltas com um amontoado de peças, desmontando uma "máquina", ao mesmo tempo em que procurava um lugar no meio da bagunça para descansar o cigarro. Quando expliquei o que queria, sorriu, sentindo-se importante, e se mostrou pronto para me ajudar. E tudo saiu conforme nós dois arquitetamos.
Dias depois, ao chegar em casa eu o encontrei na sala, triste e abatido, folheando uma revista. Perguntei se não ia conectar-se à Internet. Respondeu que não conseguia. O computador fora atacado por vírus. Estava completamente danificado. Sorri intimamente e argumentei:
- Agora não podemos consertá-lo. Esse mês tem o material escolar das crianças, o IPTU, IPVA, cartão de crédito...
Ele pareceu mais triste ainda, enquanto eu erguia mentalmente o meu troféu. Sem dúvida, tudo saiu conforme eu e o meu cúmplice planejamos. Essa foi a minha vitória sobre uma inimiga que estava roubando tudo que havia de bom entre nós dois.
Convivi com a situação por muito tempo porque deixava-o sempre à vontade, sem ficar na cola, sem pegar no pé, sem cobrar nada. Me aliando a inimigos, destruiria completamente a minha rival e o assunto seria "morto e sepultado". Ninguém saberia que fui eu. Assim, procurei uma pessoa. Um rapaz muito jovem, sujo, mal vestido, que atendia num porão na boca de uma favela. O dito estava às voltas com um amontoado de peças, desmontando uma "máquina", ao mesmo tempo em que procurava um lugar no meio da bagunça para descansar o cigarro. Quando expliquei o que queria, sorriu, sentindo-se importante, e se mostrou pronto para me ajudar. E tudo saiu conforme nós dois arquitetamos.
Dias depois, ao chegar em casa eu o encontrei na sala, triste e abatido, folheando uma revista. Perguntei se não ia conectar-se à Internet. Respondeu que não conseguia. O computador fora atacado por vírus. Estava completamente danificado. Sorri intimamente e argumentei:
- Agora não podemos consertá-lo. Esse mês tem o material escolar das crianças, o IPTU, IPVA, cartão de crédito...
Ele pareceu mais triste ainda, enquanto eu erguia mentalmente o meu troféu. Sem dúvida, tudo saiu conforme eu e o meu cúmplice planejamos. Essa foi a minha vitória sobre uma inimiga que estava roubando tudo que havia de bom entre nós dois.
Atualizado em: Qua 25 Fev 2009