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A nave, o piloto, os cogumelos alucinógenos e o bolo de heroína
- O que é aquilo? – perguntou o piloto da nave, o Ente Sinariano.
- O quê? – respondeu a nave Derelito.
- Aquele objeto em forma de disco – falou o Ente.
- Ora, é um prato de feijão – disse o propulsor principal da nave.
- Está contra o vento, veja os feijões voando em nossa direção – disse o Ente, de olhos arregalados e avermelhados.
- Será que são o que você está pensando? – disse o computador proteico da nave.
- Não sei, acho que a pintura está soltando pedaços de tinta – falou o Ente, arrotando pedaços de metal, que havia comido na véspera.
- Vamos perguntar ao computador Zen – choramingou o analisador de amostras do Derelito.
- Não, não vamos! – choramingou também o Ente.
- E por que não? – disse nervosinho o centro de comida hidropônica da nave.
- Porque ele comeu os cogumelos mágicos – falou o Ente, cheio de paciência.
- É mesmo?
- Sim, são cogumelos alucinógenos – disse a ranhura do gravador de CD do painel de controle da nave.
- E o LSD que está saindo do seu estômago de metal enferrujado? – falou o Ente Sinariano.
- O quê? – falou o gravador, olhando para o seu próprio umbigo.
- Tem lesmas de Chthulhu abrindo buracos em sua barriga – observou o Ente, lambendo os beiços.
- Não, é o resultado de minha excreção, não são lesmas – peidou o computador Zen.
- Ora, deixe disso, a minha barriga está longe de ser algo normal – discutiu o Ente, raivoso.
- Como assim? – perguntou o LED de raios gama da espaçonave.
- Uma árvore baobá cresceu dentro de mim, ontem à noite – o Ente babou.
- Sóóóó.... – a nave parecia estar quase lá, quase em estado Zen.
- E uma lagarta veio comer a macieira que está em meu ouvido – analisou o Ente, filosoficamente.
- É... estou vendo uma multidão de abelhas em sua pupila – falou a nave, pacientemente.
- É... acho que comemos muito bolo de heroína... – concluiu o Ente, deprimido.
E assim, a nave espacial “Derelito” e o seu piloto, o Ente Sinariano, entraram em comunhão Beta, saindo em velocidade acima da luz fora do Mundo Alucinatório.
Comentários
Muito obrigado pelo elogio... eu estava com a veia humorística, quando escrevi esta crônica...
Legal!
SHOW...