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Capitalismo, Globalização e internet. Tudo a ver

Releitura do texto Globalização e liberdade postado no site: https://www.webartigos.com/artigos/globalizacao-e-liberdade/154057 Acesso em 07/03/2022

“...A liberdade produz mais riquezas – mas também nenhuma riqueza compra a felicidade.”
Adam Smith.
Resumo
Tudo é um fazer humano. Capitalismo existe pela principal característica humana, o dom de pensar, desejar e consumir. É um sistema racional de produção de bens e serviços e com sua existência no próprio existir humano, o qual só se realiza no outro.
Através do sistema de globalização os humanos se encontram, mas também facilitam a proliferação das mais recentes formas de escravização. Por esses encontros mudam pensamentos e transformam diferenças em desigualdades. Avançam mundo a fora não mais em navios, chegam a distancias sem sair do lugar, usam as tecnologias, a internet.
Com a exploração do mundo virtual e o advento do pensamento da globalização, conceitos são repensados, readequados e as formas de comunicação ganham novas faces, novos atores entram nesse ritmo, causam transformações nas culturas, nas identidades, nos governos e nas autoridades.
Palavras chaves: Capitalismo. Globalização. Desigualdade. Humanidades.
Introdução
Discutiremos nesse texto, de forma sucinta e simplória, a tão falada história evolutiva da globalização, seus meios de expansão, sua origem e suas consequências, salientando sua relação com o capitalismo e a importância da internet para ambos.
 Não há neste artigo a intenção de pregar uma verdade, condenar ou absorver, apenas contribuir para uma reflexão introspectiva, e assim criarmos uma noção do significado e como colaboramos com tudo isso no decorrer da nossa existência.
Como se dá a relação capitalismo, globalização e Internet? O que significa a interação de países em desenvolvimento e desenvolvidos na mundialização, e quem são os protagonistas dessa ação grandiosa, mas também perversa?
Discorreremos usando citações de pesquisadores como: Geraldo Guimarães, 2004 et al, autores do livro “Reinventando sua empresa”, também estaremos às voltas com ideias da professora Cristina WULFHORST, pela obra “Transitando Entre Folhas e bytes a Expressão da Mídia impressa e da Mídia Digital na cultura e na Produção de subjetividades”.
Voltaremos também nosso olhar para os pensamentos da autora Julien Prevotaux, da qual utilizaremos o texto: “A armadilha da Europa neoliberal”, dentre outros autores que se debruçam sobre o tema. Buscaremos entender os benefícios da globalização, o real motivo do seu aparecimento e sob que circunstância esse pensar começou a ser introduzido no meio humano.
Então nesse ensejo, abordaremos também a cibercultura e o uso indiscriminado do espaço virtual, a sua interferência nos relacionamentos entre indivíduos e entre nações, além de identificarmos o que mudou após o desuso da carta, do telegrama e do telefonema.
Desenvolvimento

Globalização, Capitalismo e liberdade, fazem parte do rol de termos que em suas práticas personificam sentimentos intrinsecamente humanos, assim como o capitalismo.
Tudo é um fazer humano. Capitalismo existe pela principal característica humana, o dom de pensar, desejar e consumir. É um sistema racional de produção de bens e serviços e tem sua existência no próprio existir humano, Ser social, extremamente competitivo e que só se completa na relação com o outro.
O que seria do capitalismo enquanto forma de capitalizar, ou até, em sua forma original representada apenas como uma evolução na maneira de produzir, sem o consumidor?
O humano é nascido para convivência, por isso faz sentido no decorrer da história surgir o fenômeno, globalização, pois, mesmo quando ainda não pensada, já existia, e isso se confirma na própria trajetória, quando das grandes viagens expansionistas, ou mercantilistas, estas levavam e traziam. A diferença é que a globalização daquela época era presencial, hoje, priorizam o virtual.
Aparentemente o homem aprendeu tudo, exceto conviver com seu igual sem dominá-lo. Para Thomas Hobbes, em seu estado de natureza, o homem é lobo do homem. Sendo assim, esse ser, elege para si um direito natural que seria o poder de autopreservação, e satisfação de desejos. No entanto, nesse estado que é um momento de guerra constante, o ser humano é incapaz também de produzir riquezas isoladamente.
Não há traços de solitude, menos ainda de solidão na constituição humana, esses só aparecem quando buscados momentaneamente, ou forçada por situações sociais.
Os Pensadores, Marx, Engels e Aristóteles, mesmo em contextos temporais diferentes, corroboram com a ideia de que o homem é um ser social, e o mais não passa de constructo social. Entretanto, mesmo com essas características nos deparamos com ações que demonstram uma grande força narcísica, que propõe discussões como as levantadas por Jean-Jacques Rousseau, o qual afirma que o ser humano nasce bom, a sociedade o corrompe. Mas a sociedade não é formada por homens, mulheres e suas opiniões e costumes, quem corrompe a quem?
Para enriquecermos um pouco mais nosso debate e também para retomarmos a discussão sobre Globalização, Capitalismo e internet, podemos lembrar a frase atribuída ao economista escocês Adam Smith:
 “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelos próprios interesses. Apelamos não à humanidade, mas ao amor-próprio, e nunca falamos de nossas necessidades, mas das vantagens que eles podem obter.” Adam Smith.
Conforme o pensar de Hobbes, a origem das sociedades amplas e duradouras não foi a boa vontade de um para com os outros, mas o medo recíproco. Vemos que no entender do autor, o homem abre mão da sua liberdade em favor de um agente agregador, de um soberano, aquele que mediará suas relações, e assim o é, até os dias de hoje. Esse, agora não mais defensor, mas administrador de conflitos, senhor da situação.
Aquele que queria proteção, se tornara escravo, em nome da liberdade, pois cria o “estado”, representado pelo conjunto de instituições que controla e administra um determinado território, também o responsável por doutrinar relações, entretanto vulnerável às inserções ideológicas, tanto extrínsecas, como intrínsecas.
O estado, enquanto estrutura, acolhe em suas camadas os mesmos elementos que influenciaram a citação de Thomas Hobbes sobre a condição interativa entre os humanos, e sofre com a manipulação provocada pela força do capital e suas formas de produção, somadas a ideologias.
A força dos meios capitalistas, legalizam a globalização e a apresentam como necessária, isso é inegável, entretanto, o encontro de diferentes maneiras de ver e viver a vida é afetada, sobretudo quando o interesse é ganhar mercado, aí vale a força do mais forte, funcionando como brasas sob as cinzas, que ninguém vê, mas está queimando e induzindo a novos incêndios.
Para acelerar a colonização foi fundamental a criação de mecanismos que agilizassem o encontro e o confronto entre os costumes e tipos humanos. Lembremos o que aconteceu com nativos brasileiros, e com os negros. Aceitam o índio como guardião da história, enquanto lhes roubam o direito às suas terras, por outro lado, vemos a luta dos negros descendentes de escravizados, que lutam contra o “inexistente preconceito” e recebem apoio das mais altas classes e personalidades, enquanto são convertidos a credos alheios. Aceitam a todos, índios e negros, desde que enquadrados às novas regras.
Já não é permitido ao homem roubar, matar, usurpar, criou-se a lei, no entanto, continuam invadindo, já não trazem ou levam escravos a cordas... Agora há um sistema onisciente e onipresente. Mas a essência não mudou, e quem estiver a sombra do leviatã tudo pode. Destituiu os déspotas e apresenta uma igualdade baseada em ideias preestabelecidas, mas tudo nasce já obsoleto, pensamentos e coisas. Já não importa a classe social, todos estão acorrentados, enquanto são investigados novos sentidos para o termo liberdade.
O sentido da palavra liberdade traz a impressão de que tudo podemos quando livres, mas a sabedoria humana nos domestíca, e impõe a ideia que minha liberdade termina quando começa a do outro, todavia, nem sempre é assim, pois quando se trata de questões entre costumes, encampam uma pseudodefesa até que se implanta o pensar do poderoso.
O sistema capitalista tem a base de seu sucesso no consumo, e para maiores possibilidades, legalizaram com status de fundamental para a raça humana, a globalização e a Internet, uma ancorada a outra, e assim como o cavalo de troia, estão as ideias implantadas pelo capitalismo.
Em nome do bem maior, a comunicação entre os humanos, criaram a cibercultura: espaço virtual de encontros e desencontros, o qual permite que os conquistadores convençam a quem está do outro lado, não importa a distância. Os convencidos exibem suas algemas como jóias, mas choram por não identificar o que os prende.  Estudam as preferências e propõem fantásticas novidades, nessa facilidade terminam por assumir o controle.
Introduzem opiniões, estupram filosoficamente, dando aos sem letras a sensação de domínio intelectual. Pessoas que se evadiram da escola, sentem-se letradas, como que por mágica, mas cheios de ideias alheias, logo saem arrotando informação... Disseminando as ideias do dominador, mas esse não tem lugar, ou nome, apenas existe e todos tem suas características, mesmo os ávidos por denunciar as perversidades do capital podem personificá-lo.
Todos são vítimas de produtos originados da nossa própria essência. O capitalismo não é uma personalidade ou uma instituição, mas uma forma de fazer negócio e produzir. A globalização é intrínseca da natureza humana, a qual é constituída para socializar-se, e por fim, a maior das criações, a internet, responsável pela execução, promove o avanço.
 Foi com a Revolução Industrial que o pensamento capitalista ganhou fôlego e passou a explorar espaços jamais imaginados, criando para si o meio de dominação mais eficaz de todos os tempos, a internet. Essa, responsável agora por encurtar distâncias, impõe, cria aliados, distorce opiniões e torna o poderoso, algo próximo a um deus. Porém não é algo de vontade própria, é movida por interações humanas.
 Hoje, mesmo aquele que depõe contra o capitalismo, já o é em potencial.
 “Não há outra saída. Somos envolvidos pelo pensamento do querer e ensinados a achar que podemos, que temos livre escolha, aprendemos a brigar pelo bom, pelo irrelevante a vida... enquanto desvirtua-se o dom do discernimento entre salutar e supérfluo. Valorizamos o que é bom e abandonamos o que faz bem. Abraçamos o já obsoleto”. Jailton Silva (Pensador uol)
Embora já esteja implícito, podemos inserir nesse pensamento, o valor dos tapinhas nas costas, pela consideração à ele destinado, a ponto de torná-lo uma relevante ferramenta no fazer capitalista.
Neste cenário, é perceptível, como que propositadamente, a disputa entre as ideologias, as quais se esforçam na produção de material para incriminação, reforçando as dicotomias e afastando-se da introspecção.
As pessoas, abrem mão de suas capacidades de raciocínio para endossar a ideia do momento. Muitas pensam e agem diferentemente do que expõem em seus discursos, mas se dizem não neoliberais, ou não progressistas, conservadores, ou esquerdistas, direitistas ou capitalistas, sei lá... Uma coisa é certa, ninguém sabe ao certo aonde quer chegar.
Com o avanço tecnológico as nações poderosas buscam incutir nas mentes o óbvio, com ar de novidade, diz: A terra é um único território e não deve haver porteiras que impeçam o livre trânsito de pessoas ou negócios, mas com as pessoas estão seus costumes, poder financeiro, seus anseios, e tudo isso, a depender do local onde aportarem e de seus objetivos, transformarão além do esperado.
Conforme o livro da coleção FGV Negócios (1ª edição, 2004) Nova Estrutura– reinventando sua empresa: no prefácio, os autores definem esse fenômeno assim:
 “A globalização pode ser definida como um processo de integração do mercado mundial, compreendendo a desregulamentação do comércio entre países e a liberdade completa de movimentação de pessoas e capitais... A globalização é rápida e dinâmica...” (Geraldo Guimarães, Marcos Rechtman, Roberto Lima Netto,2004)
 Essa forma de aproximação é análoga aos elementos mais rápidos já existentes, não é algo de fácil conceituação, e traz como característica a versatilidade, o que causa um esforço e inquietude em seus estudiosos, desconhece processos históricos, cria e reinventa a história.
Conforme a Professora Tania Steren do Departamento de Sociologia/UFRGS:
“Um dos autores que se têm dedicado, de forma mais aprofundada, à reflexão da temática da globalização, é Otávio Ianni. Atualizando o referencial marxista, ele apresenta uma série de novas conceituações para caracterizar as transformações históricas mais recentes do capitalismo: aldeia global, cidade global, comunicação virtual, desterritorialização, redes de corporações, nova divisão internacional do trabalho, neo fordismo, acumulação flexível, zona franca, mercado-mercadoria e moeda global, planejamento global, sociedade civil mundial, cidadania mundial, exército industrial ativo e de reserva global, pensamento universal (Ianni, 1996, p. 50).”-Tania Steren dos Santos. Globalização e exclusão: a dialética da mundialização do capital. Sociologias, Porto Alegre, n. 6, p. 170-198, dez. 2001
 Aceitando que o homem é um ser sociável, podemos ver nesses termos algo de familiar, e por alguns instantes, até encontrar um ponto de benefícios para a raça humana, todavia, quanto mais aprofundam as negociações em torno da globalização, mais aumentam a distância entre ricos e pobres, promovem o advento de fatores excludentes que são baseados no etnocentrismo e outros... afinal, o significado de capitalismo filosoficamente seria: capital=dinheiro; ismo=doenças (doenças da pobreza, do preconceito, do subemprego e outras).
Essas patologias influenciam na forma de pensar e agir, suscitam desigualdades onde há apenas diferenças, buscam mudar políticas internas, impor seu ritmo no interior de países e em suas relações com os outros, como expõe Steren dos Santos:
 “Através da conquista do mercado mundial e da exploração da força de trabalho, os grupos hegemônicos vão impondo seu domínio. O processo de acumulação, concentração, centralização e internacionalização do capital, que se constitui na própria essência do sistema capitalista, leva a uma crescente polarização.... Formam-se dois extremos: pólos de riqueza, concentrados em poucas mãos, e ao mesmo tempo, imensos pólos de pobreza.”. (Tania Steren dos Santos - Professora do Departamento de Sociologia/UFRGS)
Guimarães, Rechtman e Netto, (2004) ainda no prefácio do livro Nova Estrutura– reinventando sua empresa, citam que: “esse sistema pressupõe… uma completa desmontagem dos mecanismos de proteção e segurança das nações menos ajustadas e submissão de todos os comportamentos à racionalidade e à eficiência da economia”. Guimarães, Rechtman e Netto,2004 - Coleção FGV Negócios (1ª edição,2004) Nova Estrutura – reinventando sua empresa.
Como citamos anteriormente, com a exploração do mundo virtual e o advento do pensamento da globalização, conceitos são repensados, readequados e as formas de comunicação ganham novas faces, novos atores entram nesse ritmo, causam transformações nas culturas, nas identidades, no governo e nas autoridades.
A carta, o telegrama, o telefonema, tudo é retrógrado, foram inventadas novas formas de estar junto, temos email, whattzap, instagran, twiter, tiktok, e outras formas de redes sociais promotoras de interações sincrônicas, tudo para mascarar sentimentos, mas ao mesmo tempo desmerece o valor da relação presencial. Falamos todos os dias com amigos virtuais do outro lado do mundo, mas não nos preocupamos em desejar bom dia ao vizinho, ou às pessoas que se apertam em lotações conosco.
 A professora Cristina Wulfhorst (2004), cita Celso Cândido et al, quando busca demonstrar o quanto somos envolvidos por estas mudanças:
 “Segundo Cândido (2000), hoje nós compreendemos e interpretamos o mundo a partir do que vemos, ouvimos e lemos nos meios de comunicação, sendo que muito da formação subjetiva é, em grande parte, elaborada nesses processos de comunicação e informação. A mudança da escrita, de uma “passagem” do sentido do papel para os bytes, mostra o quanto as mudanças, os processos de subjetivação, são reordenados a partir da transformação das percepções pela tecnologia, uma vez que nossos sentidos são extensões das tecnologias. Antigamente, eram extensões mecânicas; hoje, a extensão é do nosso sistema nervoso central.” Cândido (2000), et al, apud McLuhan, Cristina Wulfhorst (2004). Transitando Entre Folhas e bytes a Expressão da Mídia Impressa e da Mídia Digital na Cultura e na Produção de Subjetividades. Psicol. Cienc. prof. Brasília, v. 24, n. 4, p. 78-87, dezembro de).
Com a consolidação dessas mudanças, ouvimos um grito que retoma "laissez faire; laissez passer" (deixai fazer; deixai passar) o que contradiz o discurso inovador dessa onda invasora chamada: globalização.
Assistimos o avanço de diversos sofrimentos, e isso causa uma verdadeira balbúrdia, pois nada está definido, a não ser a certeza que a saída não está nas mãos das vítimas, às quais, amargam a decepção de assistirem suas tentativas de criação de políticas internas, tomarem rumos desastrosos e ineficazes, tudo se encontra atrelado ao que acontece no cenário internacional, palco de uma grande queda de braço entre os poderosos, uma verdadeira guerra de Titãs.
Não podemos abraçar a ideia de que só os poderosos se digladiam, essa disputa também é vivenciada nas categorias entre e intra classes, as mudanças provocam novas necessidades e anseios, e consequentemente se acirram as competições, visto que promovem a exclusão de muitos, enquanto imprimem em todas as mentes que o nosso destino somos nós que construímos, disseminando jargões como, ‘querer é poder’.
No Brasil, a luta por reconhecimento de território teve seu desfecho em 1822, entretanto, após ser considerado território livre pela comunidade internacional, inicia-se uma nova luta, agora interna, a luta para considerar-se livre. Apesar de ainda se comportar como colônia, muitos trabalhos, dissabores e mártires foram necessários para que hoje, movimentos despontem como nacionalistas, ou não, e até, para antes de saborear o que é ser nacionalista, já nos vemos às voltas com o avanço do tal “pensamento universal”. Mal assumimos uma posição e tudo já está obsoleto.
Surgem as discussões em torno da decadência do mundo capitalista, mas isso, é mais uma faceta desse fomentador de discórdia e sofrimento, que se alimenta do caos que ele mesmo provoca. O mundo está tão dependente da competição que, na falta de competitividade internacional, não sabemos o que fazer.
A saída talvez esteja no olhar para dentro, devido a não mais estarmos lutando contra o sistema, apenas buscamos sobreviver ao declínio que propositadamente acontece. Por quanto, não nos preocupemos, ele renasce como a Fênix, deixando o poderoso mais poderoso e o pobre mais pobre. Esse sistema age como se estivesse no tobogã, com a diferença que é na descida que ele ganha fôlego, e o pico é a exaustão.
O sistema não atinge só esse ou aquele país, estamos falando do capitalismo, o qual tem como maior característica um número crescente de pobres por todo o mundo. No entanto, as dificuldades são maiores para os mais desprovidos de desenvolvimento, e nesse contexto, o grande desafio está na necessidade de políticas territoriais e regionais, voltadas a valorização de acordos entre as sociedades, com isso, fortalecer-se internamente.
Sobre esse assunto e à luz da realidade da França (país desenvolvido), a autora Julien Prevotaux, em seu livro “A armadilha da Europa neoliberal (v.25, n 2, p. 228-242, 2006) discorre sobre o capitalismo e ações preventivas no contexto da mundialização:
“Favorecer as políticas regionais homogêneas pode ser um modo de racionalizar o comércio internacional de maneira benéfica... não se trata "de ser a favor do protecionismo ou do livre-comércio, mas de saber quem e o que deve ser livre, quem e o que deve ser protegido... não se trata de exaltar os méritos do fechamento ou da autarquia, mas de abrir os olhos para a ilusão e para o absurdo econômico do euroliberalismo”. (Prevotaux, Julian. A armadilha da Europa neoliberal. História, Franca, v. 25, n. 2, p. 228-242, 2006).
Temos que encontrar formas de cuidar e valorizar o nosso meio biótico, abiótico e até as ações antrópicas. Porém, sem ferir a autonomia dos territórios.
O capitalismo e suas consequências estão intimamente ligados ao fazer humano e inconscientemente somos todos potencialmente capitalistas.
Não se trata mais de ser isso ou aquilo, mas de barrar a ganância dos que lucram mais com cada crise instalada. Nessa luta estão inseridos valores não diretamente ligados à economia, no entanto, todos são influenciados por ela. Não basta apenas sair da crise, mas, criar mecanismos que evitem que os subalternos assumam o ônus das mudanças em prol do enriquecimento de alguns, e em seu próprio detrimento.
Tornou-se impossível negar a necessidade de relacionamentos entre países e os benefícios trazidos pela globalização, porém, não pode ser às custas do desaparecimento de culturas. Identidades devem ser preservadas, há de respeitar-se a autonomia e soberania dos territórios, além de levar como bandeira a equidade.
Um país em vias de desenvolvimento não pode competir com países desenvolvidos sem regras que salientem a sua atual situação, regras que evitem abusos e descarte a possibilidade de uma nova colonização.
Foi em favor do próprio crescimento e relacionamento com outros, além de sua proteção, que, em algum momento de sua evolução o homem abre mão de sua liberdade. Foi esse caminho que o apresentou ao capitalismo, o qual, tem sua base principal a propriedade privada, essa é, sem sombra de dúvida, o melhor meio encontrado para salientar defeitos do humano. Vende-se a falsa ideia de ascensão a uns, enquanto a outros é facilitado o encontro com o poder.
O sistema capitalista de produção de bens e serviços é racional e em momento algum foi pensado para perversidade, mas, ao nos referirmos a essa prática, vemos o quanto é análoga às ações intrinsecamente humanas.
“O capitalismo é um sistema em que predomina a propriedade privada e a busca constante pelo lucro e pela acumulação de capital, que se manifesta na forma de bens e dinheiro.” Pena, Rodolfo F. Alves
Tudo se baseia no fazer e pensar humano, do problema à solução, nada acontece por acaso e somos todos culpados, os ricos por não levarem em consideração que, quanto mais ricos ficarem, mais pobres existirão no mundo, e o pobre que se deixa manipular, seja na força do trabalho, ou ideologicamente.
O sonho do pobre é ser rico, e o do rico? É sob o pensar idealista, ganancioso e vaidoso que as diferenças se tornam desigualdades. Os comerciantes buscam espaços para venderem seus produtos e se instalarão onde houver facilidades, cabe aos compradores unidos ditarem as regras.
O que há de diferente entre os ricos e aqueles que apontam os donos de empresas e os chamam de capitalistas, como algo pejorativo? Teria alguma diferença entre os fazeres, ou a diferença está no ter e ser? Quando o capitalismo é apontado como mau, o que isso representa? Será que representa o grito dos sofredores que pedem um pão, ou será uma jogada para a troca de governantes? Aonde está o mau, no sistema que concentra a renda na mão de poucos ou nas pessoas que são más por que nasceram ricas?
O que buscamos quando encampamos lutas por igualdades, mas nossa prática é segregadora?
O que é mais comum:  Greves de trabalhadores por trabalhadores, ou greves de trabalhadores por categorias? O que diz um trabalhador quando os metroviários entram em greve e ele se atrasa no seu trajeto, o apoia?  
O capitalismo impulsiona o consumo, mas, o não capitalista consegue livrar-se dessa cilada e consume o mínimo possível, consome só o necessário, age diferente, não se importa em repetir roupas, ele não toma coca cola, vai ao trabalho com transporte coletivo, seus móveis não são trocados anualmente, pois isso não o incomoda, valoriza a matéria-prima. Seus sonhos de consumo nunca será uma Ferrari, um Mitsubishi, pois isso pra ele é ostentação.
Discutir questões humanas com seriedade é tão importante quanto ser fiel às suas próprias palavras.  Assistimos a um esfriamento sentimental entre humanos, mas paralelo a isso, também há uma crescente onda de pessoas que encampam lutas para trocar governos, mas fogem quando chamados a introspecção.

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Referências

https://citacoes.in/citacoes/101834-adam-smith-nao-e-da-benevolencia-do-acougueiro-do-cervejeiro/ Acesso 23/05/2020
SILVA, Jailton José - Globalização e liberdade   https://www.webartigos.com/artigos/globalizacao-e-liberdade/154057 Acesso 23/05/2020
https://www.pensador.com/frase/MjEwNjcxNA/
https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/-ismo
https://www.politize.com.br/globalizacao-o-que-e/#:~:text=Sua%20origem%20remete%20ao%20per%C3%ADodo,T%C3%A9cnico%2DCient%C3%ADfico%2DInformacional). Acesso 11/03/2022
GUIMARÃES, Geraldo (2004), RECHTMAN, Marcos (2004), NETO, Roberto Lima (2004) coleção FGV negócios (1ª edição,2004) - Nova Estrutura – reinventando sua empresa. https://books.google.com.br/books?isbn=8522504520
SANTOS, Tania Steren dos. Globalização e exclusão: a dialética da mundialização do capital. Sociologias, Porto Alegre, n. 6, p. 170-198, dez. 2001. Disponível em acessos em 29 mar. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-45222001000200008.
WULFHORST, Cristina. Transitando Entre Folhas e bytes a Expressão da Mídia impressa e da Mídia Digital na cultura e na Produção de subjetividades. Psicol. Cienc. prof., Brasília, v.24, n. 4, p. 78-87, Dezembro de 2004. Disponível a partir. Acesso em 30 de março de 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932004000400010.
PREVOTAUX, Julien. A armadilha da Europa neoliberal. História, Franca, v. 25, n. 2, p. 228-242, 2006. Disponível em. Acessos em 30 mar. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-90742006000200012
PENA, Rodolfo F. Alves. "O que é Capitalismo?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-capitalismo.htm. Acesso em 07 de março de 2022
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Atualizado em: Qua 25 Maio 2022

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