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O SAGRADO FEMININO DO HOMEM

O machismo é o sagrado feminino ferido. A espiritualidade é um bom caminho para compreender isso. O papel das mulheres na vida da maioria dos homens é marcado por grandes impasses: rejeição materna, ausência de expressão afetiva, dependência, etc. Sobre esse cenário de reflexividade é que a maioria das personalidades masculinas são construídas socialmente, fortalecendo um sentimento machista de raiva sobre as mulheres. Muitos afirmariam que isso ocorre apenas por elas serem mulheres, na apoteose da discussão feminista cheguei a cogitar essa possibilidade, mas estava muito além da teoria. Descobrir que a raiva alimentada sobre as mulheres desde sempre pelos homens, era devido ao seu sagrado feminino estar machucado ou invertido. 

A natureza humana nasce de uma mulher, necessita dela para se nutrir, ser formar e estabilizar quanto sujeito, talvez a gênese das feridas, se dão pela a maioria dos homens acreditar que as mulheres têm o dever de protegê-los. Estou retirando a culpa delas, estou justificando que as tomadas de ações femininas no mundo se dão a partir de suas sobrecargas patriarcais, criando assim uma expectativa erronea sobre o seu real papel no mundo. Culpabilizá-las é um ato criminoso e um espectro egoísta.

A maioria dos homens, vivem atrás de respostas das mulheres do seu passado, justificativas, mesmo que muitas delas tenham desencarnado e outras não tenham tido mais contato, tornando assim dificil o processo de entedimento existencialista, aquela lacuna de insatisfação deixada por elas. Ficando aberto a forma dominadora que subjuga-se todas as mulheres do presente por ações daquelas. A espiritualidade, por meio de mulheres conselheiras do plano astral é um valioso instrumento para curar, libertar os sentimentos raivosos sobre as mulheres.

Primeiramente a espiritualidade possuí a capacidade de desconstruir a ideia de que as mulheres possuam deveres com os homens, entende-se que não se pode cobrar nada de quem está no mesmo processo evolutivo, desmistificando a autoridade inconsciente do masculino que despeja sobre elas a culpabilização e por fim a compreensão que as mágoas se dão porque o homem nutre amor pelo feminino, e a quebra das expectativas, torna-se obsessão.

A cura do sagrado feminino do homem tende a barrar o “looping” criado onde o chavão torna-se: “todas são iguais, fim”. O plano astral fez com que se enxergue a nítida distinção entre divergências cotidianas e mágoas temporais. É comum divergir, esse fato de maneira alguma induz que se deva odiar as mulheres. Divergir é saudável. Separar as situações e sentimentos, fez com que se exercite toda forma de respeito, troca e empatia por e com elas. Visando os espaços comuns, o lugar de fala, a hora do bastidor e a abertura para o protagonismo delas. Recuparar os valores que se perdem, quando as recolocamos como culpadas, enquanto o sistema alfa, disso se alimenta.

A espiritualidade fez o serviço de arrancar o ego ferido, conscientizar e recuperar o sagrado feminino por um viés positivo. O único culpado desse processo cultural cruel é o sistema patriarcal que usa da sanidade das mulheres para estigmatizá-las como o mal encarnado. Toda a resistência das mulheres contra essa operacionalização, quando não vista como, sendo uma reação sobre a opressão imposta torna-se dor, porque o sistema faz com que acreditamos que as ações femininas são incompatíveis ou incomuns para quem vê nelas uma fonte de grande inspiração, nesse estranhamento manipulado é que nos tornamos tão parte do sistema que as oprime, porque passamos a cobrá-las e padronizar as suas atitudes. 

O suporte para vencer a carência, os achismos, mudar de lado e cicatrizar acontece depois que pisoteamos o egocentrismo, parar de recolocar e esperar das mulheres qualquer obrigação, suporte, respostas ou satisfação. Perceber que direito não se negocia e por isso elas precisam obter todo e qualquer amparo jurídico em igualdade. Por fim nos juntarmos a elas para mostrar ao mundo que do macho, branco e heterossexual, as mata e vive a nos enganar quanto homens. A maioria que comete o genocídio sobre as mulheres são traídos pelo próprio sistema capital que os alimenta e miseravelmente precisa de sangue alheio para justificar a sua falha com os homens. As usam como bodes expiatórios para tudo.

Quem machuca o sagrado feminino do homem é essa conjuntura de autoridade social, política, moral e controle de propriedades. Como as mulheres são o maior alvo e estão a frente da luta estrutural, a lógica que o capital deseja é criar nelas a visibilidade negativa e cruel. O mercado implanta ideologicamente esse cenário para a sociedade e a ausência de uma instrução educativa por meio da apometria, associada a uma cultura machista enraizada que se antecede a nós, reproduz esse ódio. Elas são vítimas e os homens certamente os culpados até que se prove o contrário, justamente porque não conseguirmos entender-nos como peça que mói a mulher quanto existência. O maior desafio atualmente é reafirmar que a sentença transgressora pode ser modificada, somando forças horizontais na luta feminista, sem jamais hierarquizar o poder.

A espiritualidade, nessa caso enfatizo as experiências com as religiões afro-brasileiras, têm o seu papel imprescindível nessa compreensão, porque estão acima de nosso raso entendimento individual, traumático, historicamente falho e evolutivamente a níveis mais elevados. Cumprem o papel de nos retirar do lugar de mendigo funcional elevando-nos a um estado de reestruturação do pensamento mais humanizado do coletivo feminino. Extingue-se esse vício da culpabilização contra as mulheres, reafirmando nossa pequenez quanto ser no processo histórico.  

O sagrado feminino do homem quando sangra é alimento do machismo, obter a consciência quando ferido que o objeto de cura não são as mulheres, mas sim a revelia contra a engrenagem esmagadora de seres humanos, que coloca uns contra os outros em desfavor ou vantagem, os motivando a cometer as maiores atrocidades. Deslocar os sentimentos adversos que são depositados por séculos nas mulheres é um ato de coragem, libertação e início da cura do homem. Reconhecer essa condição é unir-se a força do feminismo, como um ato de soma e não de disputa de gênero. Elevar-se a níveis de raciocínio e sentimentos na qual as zonas mais baixas de energia espiritual não costumam oferecer.

O agradecimento aos guias espirituais e aos orixás por justamente clarificar aquilo que advém do exógeno, que transcende o nosso eu limitador, as suas palavras ressignificadas a parafrasear para os diferentes níveis de saber, porém, que misticamente alcança a todos. A importância da presença das mulheres no meio acadêmico redireciona sua fala, a leitura sobre a ótica feminina tem a capacidade material de orientar. Precisamos aprender primeiro a lê-las para depois ouvi-las, porque o campo da literatura nos prepara o ouvido, e elas têm muito a nos dizer.

Axé a todos! 
                   
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Atualizado em: Ter 17 Mar 2020

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