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O Despertar da Primavera em São Paulo
Na última segunda-feira fui ao teatro Frei Caneca em São Paulo para finalmente assistir o tão comentado musical baseado na obra do autor alemão Frank Wedekind, "O Despertar da Primavera".
Minhas espectativas eram altas, pois alguns amigos que assistiram à peça no Rio alegaram que não conseguiam nem se elvantar da cadeira quando o pano caiu. E são amigos de teatro, não aquelas pessoas que vão só pelo show.
Realmente, eles estavam cobertos de razão.
É impressionante a magia que a música pode trazer a um texto que trata de temas tão inquietantes como suicídio, aborto, incesto, prostituição e violência familiar. A platéia vibra do começo ao fim com as contestações dos jovens personagens sobre o mundo em que vivem (Alemanha do final do século XIX).
Há uma reflexão no espetáculo, na qual os sentimentos de opresssão dos jóvens não teria mudado de lá para cá, o que mudou foi somento o cenário e os mecanismos opressores. Essa idéia é demonstrada pelas próprias músicas, que são um rock muito atual e também muito bom de se ouvir (a platéia sai cantando os refrões de "mama Who Bore Me", "Totally Fucked", "The Dark I know well", e etc.).
Quanto ao trabalho dos atores não tenho críticas. São todos muito jóvens, o que é fundamental já que aos aproxima dos personagens que interpretam. Porém são muito mais atores do que cantores. As vozes são "boazinhas", nada essepcional, mas como as próprias músicas não exigem muito a gente sente a letra penetrar dentro de você fazendo seu coração disparar e as lágrimas correrem soltas.
Em resumo: adorei! Recomendo para qualquer um que goste de peças com reflexões tão profundas que ficam girando na sua cabeça por pelo menos uns dois dias, o que é muito difícil de se encontrar em uma peça musical.