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No Último Verão (Capítulo 36)
- Ela é tão linda ! – Amanda dizia á cada 5 minutos. – E o melhor de tudo é que éminhanetinha.
- EfilhadeAmy.– Jason retrucou.
Amanda revirou os olhos e sorriu para mim.
- Você está bem, Amy ? - ela perguntou.
O ar ficou tenso, pois todos nós sabíamos que o que ela realmente queria dizer era: “ A leucemia ainda não atrapalhou, Amy ?”
Amanda tem se preocupado muito comigo nos últimos meses.
- Eu estou bem, Amanda. Obrigada por se preocupar. – respondi, devolvendo o sorriso.
Ela caminhou até mim e se sentou ao meu lado.
- Se algum dia precisar de ajuda, pode me chamar. Estarei á sua disposição, querida. – ela disse.
Eu sorri e a abracei.
- Obrigada, Amanda. Eu agradeço muito mesmo.
Ela retribuiu o abraço e, pelo canto do olho, vi Tommy sorrindo. Nina estava no colo de Ethan que a estava ajudando a desembrulhar o presente novo.
- Ethan, você está mimando minha filha ! – gritei.
- Claro que não estou, faz muito tempo que não dou um presente novo para ela.
- Ethan, esse é o sexto presente em 4 dias !
- Ah, qual é, Amy ! Ela é uma criança, precisa de muitos presentes para passar o tempo. Prometo que vou dar o próximo presente só daqui á 1 semana.
Eu ia protestar, mas pensei melhor e decidi que esse seria o maior tempo que ele conseguiria ficar sem dar presentes á Nina.
- Tudo bem.
Fui na cozinha e peguei uma maçã para comer. Tommy apareceu em alguns minutos, me abraçando por trás.
- E, então, o que pretende fazer depois que eles forem embora ?
Eu conseguia perceber o que ele queria dizer.
- Sem gracinhas. – eu avisei. – Assim que eles forem embora, irei dormir enquanto você faz algo para ocupar Nina.
- Eu fiz isso da última vez.
- Não, na verdade, você me deixou com ela e foi dormir.
- Tem certeza ?
- Sim, Tommy. Certeza absoluta.
- E se eu fizer ela dormir ? - insistiu.
- Aí só me acorde quando ela estiver com fome. – respondi, caminhando de volta para a sala.
***
Algumas coisas têm acontecido nos últimos tempos... Coisas que, obviamente, Tommy não percebeu e que eu faço o máximo para disfarçar.
Ele realmente achava que dormir, na freqüência que eu durmo, é normal ?
Ou ele era bem desligado das coisas ou sabia o que estava acontecendo e fazia de tudo para não ficar pensando no assunto.
E mais: quando ele está dormindo, eu meio que... vomito um pouco. Eu nem sei se ele algum dia percebeu ou ouviu. Só sei que estava cada vez mais freqüente.
Eu nem conseguia pensar em Tommy e Nina sem mim.
***
13 DE JUNHO DE 2013
PONTO DE VISTA DE TOMMY
Estava piorando. Á cada dia... Eu sentia que estava mais perto do fim.
E eu não iria deixar que o fim chegasse. Não para Amy.
Eu não sei o que ela pensava. Acho que nem sabia que eu ouvia, sim, suas idas no banheiro de madrugada ou quando ela pensava que eu estava dormindo, e depois ouvia seu choro, misturado com tristeza e medo. Eu tinha vontade de chorar junto.
Apenas não ia lá consolá-la porque... eu também tinha medo.
Muito medo.
Eu não saberia o que fazer sem Amy aqui, comigo... bem do meu lado.
Eu não conseguia aceitar o fato de que eu teria de continuar uma vida em que ela não iria existir.
Uma vida em que ela viveu apenas uma pequena parte.
Uma vida tão injusta á ponto de tirar a oportunidade de ela ter a família que sempre quis. Que ela não irá conhecer a própria filha... E que a própria filha nunca saberá como foi ter uma mãe que a amava tanto quanto eu vejo que Amy ama.
São muitas razões para que Amy fique... Então, por que estão fazendo o contrário ? Não há sentido e nem razão alguma em uma atitude assim !
Ela estava, agora mesmo, dentro do banheiro, eu ouvia os gemidos misturado com seu choro. Isso era tão cruel !
Finalmente tomei coragem e corri até o banheiro.
Vi Amy segurando os cabelos com uma mão e apoiada no vaso sanitário com a outra. Estava chorando e vomitando ao mesmo tempo.
Ela se assustou ao me ver ali, tentando ajudá-la, afastando o cabelo de seu rosto.
- Tommy, saia daqui ! – ela conseguiu dizer, me empurrando. – Não quero que fique assistindo isso.
Ela mal conseguia me empurrar, estava fraca demais para isso.
Não saí de perto dela.
- Quando me casei com você, jurei estar do seu lado em todos os momentos, sejam eles bons ou ruins, lembra ? - perguntei.
Ela não respondeu.
Agora já havia parado de vomitar. Encostou a cabeça em meu ombro e começou á chorar.
- Estou cansada de fingir que vai ficar tudo bem, Tommy. – ela sussurrou. – Não agüento mais.
Minhas mãos corriam pelos cabelos negros dela.
- Você precisa descansar. – sussurrei de volta.
Ela olhou profundamente em meus olhos.
- Você nunca me escuta, não é, Tommy ? Por quê ?
- Porque te amo demais para aceitar o fato de que, um dia, terei de deixar você partir.
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parabéns.