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Protagonista Relâmpago McQueen vira coadjuvante em Carros 2
Esquentem os motores para conferir o novo sucesso da Pixar, Carros 2 (Cars 2, 2011), dirigido a quatro mãos por John Lesseter e Brad Lewis. O que não falta é velocidade. Grandes cenas de corrida, veículos de todos os tipos como trens, aviões, barcos, incluídos no universo dos carros. Mas a velha cidade de Radiator Springs, cenário do primeiro filme, perde o destaque e se torna apenas mais um ponto de parada numa trama que percorre diversos países pelo mundo. Uma preocupação cada vez maior nos filmes de Hollywood é procurar incluir personagens, culturas e lugares diversificados para criar identificação com uma audiência cada vez mais global. As animações da Pixar também abraçaram essa cartilha, especialmente no novo filme Carros. Portanto, esqueçam um pouco as dicotomias entre vida na cidade grande e em pequena cidade, moderno e antigo, tecnologia e nostalgia, ritmo frenético versus ritmo lento. Elementos reunidos com sucesso no primeiro filme.
Para poder envolver as cidades apresentadas na trama, os autores bolaram uma corrida mundial com uma pitada de preocupação ecológica, elemento presente em outras animações da empresa como Wall-E. O empresário Sir Miles Axlerod utiliza o campeonato World Grand Prix para promover um novo tipo de combustível menos poluente que a gasolina batizado de Allinol. Mas existem aqueles que não querem o sucesso do novo combustível, com um plano mirabolante para estragar a grande corrida. Para enfrentá-los, entra em cena, o agente secreto britânico Finn McMissile e sua assistente Holley em seqüências de ação dignas dos melhores filmes do agente secreto 007.
Bem distante de tudo isso, Relâmpago McQueen, agora o grande campeão das Corridas Pistão, decide dar uma pausa na carreira de carro de corrida e retorna a Radiator Springs para rever os amigos e sua paixão Sally Carrera. Mas graças ao amigo Mate, o atrapalhado caminhão guincho, McQueen aceita o desafio de disputar o Grand Prix contra o arrogante carro de corrida italiano, Francesco Bernoulli. McQueen escala os amigos, inclusive Mate, para formarem sua equipe técnica durante o campeonato.
Entretanto, Mate é confundido com um agente secreto que pode ter informações cruciais para salvar a corrida. Perseguido por agentes e capangas do vilão, Mate se mete em várias encrencas e ainda atrapalha a atuação de McQueen na corrida, resultando na vitória do rival italiano Bernoulli. Irritado com Mate, McQueen discute com o amigo que decide desistir da viagem. Mas seu envolvimento com espionagem ainda atrai mais problemas. Ele terá que mergulhar de cabeça no universo dos agentes secretos se quiser salvar a vida do amigo McQueen.
Curiosamente, Relâmpago McQueen não é o personagem principal da trama. Sua atuação na corrida tem uma função essencial no roteiro, mas aos poucos vai perdendo destaque até cair para segundo plano. O companheiro atrapalhado Mate, envolvido em espionagem, torna-se o protagonista que move a história em direção ao apoteótico final no confronto contra um grupo de veículos tranqueiras malfeitores. Porém, o grande tema abordado termina sendo o valor da amizade ao trabalhar os conflitos na relação entre McQueen e seu amigo Mate.
A trama intrincada, repleta de referências, clichês do gênero de espionagem e velocidade vertiginosa do novo Carros, pode até confundir muitas crianças, público alvo do filme, mas certamente agradará aos adultos. Além disso, a qualidade técnica, sempre aprimorada em cada animação produzida pela Pixar, garante um visual estonteante, rico em cores e detalhes para cada cenário e personagem apresentado. Embora, não faça alcance grande diferença nas apresentações 3D da película. O filme será bem valorizado quando for lançado nos disquinhos de Blu Ray.
Por fim, respeitando uma tradição conquistada pela Pixar, a continuação de Carros é superior ao original, apesar das ressalvas. Isso significa muito, considerando que o primeiro Carros nem é considerado um grande trabalho da Pixar. Principalmente, quando comparado com outras animações do estúdio. Mesmo que ambos tenham sido dirigidos pelo próprio criador da Pixar, John Lasseter. Apesar de tudo, a recepção do público promete ser calorosa e deve garantir uma ótima bilheteria, além da consolidação da franquia. Como diria McQueen: Ka-Tchow!