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No inferno? Queime!

A primeira vez que ouvi falar de Hideshi Hino foi através da publicação do álbum A serpente vermelha, obra publicada pela Zarabatana. Embora eu não seja o maior fã de obras de terror, tinha muito interesse em conhecer sua obra, pois, ele mesclava contos de fadas e as mais diversas influências do terror e do horror. Seu traço é grotesco e cinematográfico, e Panorama do inferno une todos esses pontos num só.
Essa obra foi publicada pela editora nipônica Seirindo em 1982 e foi licenciada no Brasil pela Conrad no ano de 2006. O volume único reúne 13 capítulos, tratados aqui como se fossem diversos quadros do inferno. A edição nacional, embora simples nos gráficos, possui um editorial e um posfácio escrito pelo próprio autor. Essa obra era para ser a sua última obra, mas desenhar era o inferno de Hideshi Hino, continuou.
O mangá nos apresenta o protagonista, um pintor anônimo, traumatizado e complexado ao extremo. Ele apresenta características de sociopata, mas o personagem parece o reflexo de um mundo apodrecido pela violência e loucura. Não desejaria nem ao meu pior inimigo nascer num lugar desse. Se você não tem estômago forte, não leia esse mangá, sério, ele tem gore, canibalismo, violência explícita, cenas de tortura e outras coisas mais. Não recomendo para menores de dezoito anos.
Para além de todo o cenário putrefato dos capítulos, cada uma das personagens apresentadas demonstra ser doentias que as demais. Parece haver uma verdadeira competição para ver quem vai ganhar o título de “doidinho de bairro”. Mas para além dos dramas e dilemas apresentado na trama de um pintor que quer retratar o inferno com tons sanguinolentos, em todos os sentidos, é o caráter autobiográfico.
O autor nasceu em 1946 na China, numa região controlada pelos japoneses. Após a derrota na Segunda Guerra Mundial, os japoneses tiveram que imigrar de volta para o Japão. Eu achei incrível a forma como ele conseguiu unir o fantástico e o grotesco ao dramático estado dos nipônicos no Pós-Guerra. Era um momento de desesperança para o país, que além de derrotado, perdeu grande parte de sua autonomia.
A capa cartonada em tons de vermelho dá uma deixa do que encontrar, acredite, será o mais puro horror. O capítulo que eu mais gostei foi Três gerações de uma tatuagem [Parte 1 Anaconda], inspirada no avô de Hideshi Hino e em filmes de samurai. Achei bem antenada com a linguagem cinematográfica de mestres como o diretor Akira Kurosawa. Foi a mais bem narrada, e os personagens me pareceram humanizados aqui.
O quadrinho foi publicado em formato: 13,4 x 20,2 cm, com 208 Páginas em papel jornal, a capa é cartonada. Essa é ume edição antiga, quando as publicações de obras assim ainda engatinhavam ralando os joelhos no chão, portanto, a edição tem páginas que podem soltar. Se eu recomendo comprar? Sim, ainda continua sendo uma ótima obra de terror, é volume único e a tradução está excelente, assim como a revisão de texto.
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Atualizado em: Qua 6 Out 2021

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