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Resenha bibliográfica da obra - A Língua de Eulália: Novela Sociolinguística de, Marcos Bagno
Dedicado principalmente a estudantes universitários e a discentes interessados a produzir conhecimento de qualidade, a obra Língua de Eulália propõe um estudo sistemático da linguagem. A personagem Eulália é escolhida como referência de falante da “norma não padrão da língua”, para contrastar com a norma padrão, sendo que todas as abordagens receberão esta oposição procurando desenvolver no leitor uma conclusão edificante.
Esta obra propõe que o ensino da língua deve ser algo prazeroso como um “bate papo”, pois o campo da variação linguística é muito amplo e por isso, necessita de estudo cauteloso, pois a língua é como a escrita individual, um mesmo texto escrito por diversas pessoas, nenhuma das grafias serão iguais, no entanto, todos compreendem o que foi escrito. A falta de conhecimento leva muitas pessoas a cometerem o preconceito linguístico, invertendo os papéis que ao invés de ensinar destroi, não inclui, mas exclui não aceita o que fala diferente. O conhecimento diante destes fatores é determinante para constatar que as semelhanças entre a “norma padrão e não padrão” são maiores do que as diferenças comenta Marcos Bagno.
As variações estão ligadas diretamente a herança linguística é o caso do rotacismo tachado por muitos, como forma errada de falar. mas quem será que está falando erradamente, o professor ou o aluno? A informação diz que em muitos casos falta conhecimento do mestre! A oralidade apresenta forma intolerante pela gramatical ao ser aplicado na escrita, mas são marcas encontradas em obras literárias com funções específicas como: poesia, conto, romance e etc. A transcrição fonética é uma das explicações dentro da língua (várias escritas diferentes, para um mesmo som). Em seguida a obra apresenta o uso do clássico e o coloquial e encerra esta parte os tempos verbais.
Uma pequena síntese da história da língua do latim ao português é feita seguida do processo de formação das palavras com enfoque na fonética. Mostra também que a língua oral é viva e por isso está sempre mudando, diferente da normativa que se mantém inerte. Diante disto, é esclarecido para que serve a escrita, distinção entre vogal, semivogal e consoante. Acrescenta ainda que, muitos possuem dúvidas na escrita por causa de pronuncia errada na fala, são dados como exemplo: os ditongos, vogais tônicas, pretônicas e átonas. Falar do jeito que se escreve não significa “falar mais certo”, pois em diversos casos a escrita não corresponde aos sons da fala. Em seguida tem-se os estudos sobre o vocabulário erudito e o popular, ambos são amplos e variados. Portanto, é necessário que o falante saiba distingui-los para usá-los corretamente.
A partir da página 118 temos uma ênfase sobre o arcaísmo no português do Brasil e alguns destes traços são evidentes em nossos dias e por falta de conhecimento algumas pessoas classificam-nos como “erro”. É mostrado também que o passado “alumia” o presente e a nossa língua é, o que é hoje por causa do passado que sofreu transformações. Complementa-se com a história dos verbos e suas conjugações, os significados e uso da partícula “se”, qualificações e identificações dos tipos de sujeitos. Comenta-se também sobre a analogia, que neste contexto é a “mudança linguística causada pela interferência de uma forma já existente”. Chama-nos a atenção (Bagno) que o uso excessivo desordenado da analogia pode levar a hipercorreção (errar, tentando acertar demais).
Na última parte desta obra é exposto sobre a norma padrão e não padrão, falante culto e não culto. A classificação e uso do pronome “mim” seguido das regras gramaticais. Esta obra é concluída com um resumo sobre a dupla significação das palavras que em muitos casos dependerá do contexto para identificar se sua aplicação está correta ou não. A partir das páginas 208 em diante limita-se a uma breve conclusão dos tópicos abordados nas anteriores.
É possível afirmar que o grande valor desta obra consiste em sua forma singular de abordar os elementos linguísticos, capaz de orientar estudantes de Graduação, Pós-graduação, pesquisadores e professores preocupados em fazer ciência e ensino de qualidade.
Referências
BAGNO, Marcos. A Língua de Eulália: São Paulo, Contexto. 16 ed. 2008, 219 p.
Atualizado em: Qua 3 Jun 2020