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  • [Cartas] AUSÊNCIA

    Me surpreende que mesmo há muito tempo sem te ver, falar, fitar, sentir, tocar, encarar ou simplesmente lhe escrever… não houve sequer um dia em que eu não tenha pensado em ti.

    É absurdamente estranho. Você distante, me magoando, não só por isso; mas também, por aparentemente não fazer questão, como quem já não mais se lembra. Me magoando, pois te vejo evitando todo e qualquer contato comigo, por mais ínfimo que seja. Digo isso com certeza, já que você sabe muito bem onde e como me encontrar. As poucas notícias que tive a seu respeito, desde então, foram através dos nossos colegas, afinal, tu continuas mantendo contato e saindo com todos os meus amigos..., aliás, sem sequer pronunciar o meu nome. Me machuca ver que usas de todos os meios e artifícios para inibir, obstruir, desviar todas as minhas tentativas em simplesmente conversar. Deve fazer ideia do quanto acho isso infantil.

    Não sei se fico feliz por você aparentemente ter superado e seguido ou incrivelmente decepcionada por perceber que não marquei o quanto imaginava, na mesma intensidade que as nossas estações marcaram a mim. Adoraria conseguir lidar muito bem com as idas e vindas, chegadas e partidas, mas não é do meu eu. Desmorono.

    E mesmo na ausência, você se faz tão presente… é na rotina do meu dia, na pausa para o café, na caminhada até a faculdade, é durante o meu banho, até na insônia da calma noite chuvosa… não precisa de muito, basta o soar de uma música para eu memorar um instante, ouvir uma frase (sutil) e julgá-la tipicamente sua, o notar de um perfume e percebê-lo familiar, é simplesmente tornar um lugar e ter uma “reprise” dos minutos que estivemos por lá. É, sobretudo, desejar insanamente o teu toque, o teu corpo, a sua fala mansa, ansiar temerosamente estar novamente no envolto do teu abraço e ser preenchida pelo teu cheiro. Sim, a sua presença é leve.

    Confesso, nos primeiros dias estava a ponto de delirar. Ouvia o seu nome, relia nossas mensagens de texto, procurei todas as nossas fotos, ouvi todas as músicas dedicadas a mim e também reli todos os textos que te dediquei. Lógico, escrevi muito na tentativa de exteriorizar e arrancar de mim o peso da sua ausência e até usei todas as suas camisas que ainda estavam no meu armário. Passei em claro todas as madrugadas quentes de agosto pensando em nós, em você, em tudo que aconteceu e que poderia ter acontecido — martirizando-me sobre o eterno “e se”. Em cada instante sozinha, eu pensava na dura transição do “nós” para o “eu e você”.

    PS. Jamais vou te perdoar se nas próximas estações todas às vezes que ouvir “É Você Que Tem — Mallu Magalhães” e “João de Barro — Maria Gadú” o meu pensamento cair em ti.

    Eu ainda penso em nós. É, sobretudo, nas frias madrugadas tempestuosas, ao ser acordada pelos estrondos dos trovões, ao perceber o quarto iluminado não só pelo clarão da lua que atravessa a imensa janela, mas também dos raios luminosos que invadem e espantam a escuridão — você sabe, detesto raios por temê-los -; instante que me sinto pequena, frágil e extremamente vulnerável… lembro o quanto você me julgava boba e infantil por isso, mas ainda assim, me abraçava fortemente e não me soltava… não faz ideia do quanto eu me via protegida, naquele instante, ouvindo sua respiração, o meu mundo estava concentrado em você, mesmo que não estivesse vazia, uma felicidade insana me preenchia ao me dar conta de que você sempre estaria ali, comigo e eu por você.

    No entanto, é especialmente nas noites de sexta que o meu corpo pulsa e anseia pelo seu toque. O desejo de ter você, por inteiro, não somente no meu corpo, mas também na minha alma, assim como desejo de uma vida ao seu lado, de modo que meros instantes não seriam o suficiente. [Me arrepio ao escrever isso]. Sim, eu sei, disse para ti inúmeras vezes “que a nossa coisa perdure, enquanto sentido fizer”, ela ainda fazia sentido para mim, em partes; jamais irei esquecer a imensidão que o tempo contigo me proporcionou, sobretudo, me fez ser alguém melhor, mudou minha visão sobre algumas coisas, me ensinou muito e acabou agregando uma oitava cor ao arco-íris que chamo de vida… até a ruptura.

    Ainda enquanto estávamos juntos, ao deitar na cama cansada à procura do sono, imaginava um futuro incrível, deduzindo infindas possibilidades, criando e reinventando as cenas mais distintas… com apenas uma coisa em comum, você em todas elas. Vez ou outra me pego fazendo a mesma coisa, não largo essa velha mania, madrugada que coloco os meus fones na fútil tentativa de me dissociar do teu eu. Não é incomum, busco me castigar afirmando para mim mesma que você não merece tomar todo esse tempo de mim, então realmente digo isso a mim mesma, alto e em bom-tom, com convicção — pois preciso que me digam com seriedade já que sou teimosa —; corro para o espelho e reproduzo mais duas ou três vezes a mesma oração. Por alguns minutos, funciona. Depois paro e penso no que fiz, mesmo que eu seja “mulher” para algumas coisas, nisso eu me vejo muito infantil, boba, ingênua. Sabe, alguns momentos tenho 30, 20, 12 anos... isso me assusta e te assustava também.

    Mas, no final das contas, esse ritual de nada adianta, não importa o quanto eu queira. Tenho raiva de você por arrancar todo esse tempo de mim, tempo que eu gasto pensando em nós, escorre; e tenho ainda mais raiva de mim por atrelar a culpa a você de uma coisa que está em mim. Quem sabe, talvez com o correr do tempo, eu me acomode a sua ausência até não mais percebê-la; e se isso for verdade, que o tempo sana tudo, Deus, como quero que ele passe.

    Porém, acima de tudo, isso não é a parte difícil, o duro é assumir que, apesar de tudo, sinto falta de alguém que, ao final, me magoou. Jamais irei me perdoar por uma coisa dessas. Como se habitassem duas pessoas em você, o cara pelo qual, talvez, me apaixonei e o cara que me fez ir embora, não faz ideia do quanto sinto a presença da ausência desse primeiro. Não sou tola, recordo com clareza todas as suas condutas que me magoaram, desde ações às omissões, coisas que falou, coisas que você não fez… foram tantas. Sim, penso “ele não me merece, nunca mereceu”. Mas, instantaneamente, recordo das partes gostosas, dos instantes que fui surpreendida, que, aliás, superam de longe as demais coisas — que se fazem diante dessa comparação tão bobas — e me remetem à minha criação do seu “primeiro eu”; portanto, acabo me sentindo uma mentirosa.

    Me sinto mal ao afirmar “você me magoo”, pois me vejo apontando o dedo e gritando isso na sua cara; sendo que tenho total consciência de que a recíproca também é válida. Talvez, eu tenha te decepcionado profundamente e isso justifique a sua partida efêmera. É contraditório, mas nas últimas semanas conturbei muito as coisas entre nós, justamente tentando fazer dar certo. Nós dois somos terrivelmente diferentes.

    Sei que peco em muita coisa. Não consigo ser direta e isso atrapalha tanto, principalmente por prolonga discussões, é o meu defeito, você o conhece bem e sabe o quanto o detesto. No mais, às vezes cobro que você pense como eu, espero que você supra minhas expectativas e entre outras coisas. Tem hora que deixo a razão falar mais alto ou a emoção. Eu não tenho equilíbrio, talvez por isso seja digna de elogios como “desequilibrada, descontrolada, louca”. Eu erro, falho, estou muitas vezes equivocada. Mas, quando acontece reconheço, assumo a bomba, isso nos diferencia. Eu não tenho receio em pedir perdão, quando vejo sentido, me desculpo com o coração, jamais da boca para fora… de mim nunca haverá manipulação... afinal, é como se concretiza um pedido de perdão sem mudanças. Mas, isso não vem ao caso agora, não é o cerne da questão. Sou uma pessoa difícil, você também é. Sabe, eu temia tanto isso… que nós magoássemos um ao outro.

    Nunca falei tanto sozinha como no último mês. Vez ou outra me deparo questionando em pensamento algo sobre ti e outra versão de mim mesma responde alto e em bom-tom. Quando é mais latente, me deparo jogando “n” coisas na sua cara, como se estivesse ali, diante de mim. É insano. E tudo cessa com a frase “Pelo amor, você tá ficando doida”.

    Choveram tantas coisas em mim. Me vejo num eterno não senso. O “sim” e o “não” na mesma pessoa. O desejo e o desprezo em tê-lo comigo, afinal, se é para ficar e eu me sentir daquela forma, você sabe qual, prefiro que vá. Eu queria te proporcionar dias gostosos no último mês e penso que não consegui… não me doei como gostaria. Aceito defeitos de todos os tipos, menos a indiferença. Os momentos de desdém me matam. Me mata principalmente reconhecer que, nos últimos dias, eu nāo fui o melhor de mim, em muitos sentidos. Serei franca, culpo você por isso.

    Não é novidade: o meu eu contra si mesmo.

    É assim, sempre dessa mesma forma, basta em pensar seja lá o que for ao seu respeito que novamente aquele desejo me consome. É uma chama azul. Um fogo me domina de tanto que queimo em intensidade na ânsia de ter-te comigo… me contorço e o meu corpo estremece na abstinência do teu toque, desejando o teu amor, desejando com todas as minhas forças a ponto de te fazer pensar em mim, a ponto de sentir você pensando em mim, até que tudo se desfecha em brasa. Delírio. Chame do que quiser, loucura, insanidade. Procure adjetivos e se encontrar, seja qual for, não conseguirá definir.

    Eu nunca imaginei que chegaria a esse nível. Insanidade. Qual é o sentido disso? Me levará ao que? Será que é tudo isso em vão? Acredito que não, quero acreditar que não, acreditar que não foi e não é tempo perdido, não quero reconhecer que insisto em alimentar algo que cedeu ao fracasso. Então, na tentativa de cessar a tortura emocional e psicológica digo em voz alta para mim mesma: “Que tipo de perguntas idiotas são essas?”.

    Está claro, não é? Estou tão confusa... indo e vindo em centenas de coisas e não chegando a lugar nenhum. Mais uma vez, perdendo o foco... a concentração. É isso o que sua ausência está me causando "desconcentração".

    Não entendo como ousa me ignorar, evitar. Me corta as suas ações, pois elas me dizem que fui para ti apenas um capítulo. Enquanto fiz e faço de você o meu melhor livro, aquele favorito, que jamais canso de ler e reler. Eu gostaria de ter razões suficientes para acreditar que seu intuito é justamente tentar demonstrar isso, mas, que, no fundo diverge da realidade. Realmente me corta, pois, eu ainda te desejo. O meu íntimo, ainda que não insista em acreditar que estávamos “destinados a ficar juntos” (não sei qual termo usar para definir), ele espera, com força, que você enxergue o quanto é gostoso quando estamos juntos, ao menos, para mim, um tempo foi… enquanto o distanciamento ainda não existia.

    Não, eu nunca disse e não estou dizendo que quero ser tudo para você; mas, a pessoa que não trocaria por nada. Nos proporcionamos um amor puro, percebi assim. Serei eternamente agradecida por essa dádiva. Sobretudo, gostei imensuravelmente da nossa coisa. Adoro o vínculo que construímos e é cortante vê-lo se diluindo. Talvez, eu não seja o grande amor da sua vida ou você da minha, o destino é uma álea, aliás, nem sei se existe isso de “o eterno amor” ou sequer “o grande amor da vida de alguém”, mas, saiba, que o nosso foi — ainda é — o amor mais intenso e breve que vivi.

    E, por falar em destino, infelizmente, você será a minha eterna saudade, quem sabe a eterna quedinha, talvez o eterno desejo. Não sei. Mas, tenho certeza de que fez e fará parte das minhas melhores recordações. Jamais esquecerei a grandiosidade do que me permiti sentir, com você. Nem sequer cogitarei intitular como fase, paixão ou ilusão tudo o que pulsa aqui. Agora, já não faço ideia da sua percepção sobre o nosso enredo, espero que seja um tanto parecida com a minha. Me fará sorrir se, eventualmente, de alguma forma, eu souber que pensa em mim com carinho, que te atingi de um jeito bonito. Apesar dos pesares.

    Ainda assim, soa tão simples quando diante do que acreditei causar. E é um imenso contraste se comparado ao que me causou. Seria um prazer se lembrasse de mim como a garota pela qual foi apaixonado, a amiga pela qual teve carinho, a mulher que te causou imenso desejo… que te proporcionou conhecer um sentimento que queima de tão intenso, quem o incendiou, sobretudo, quem realmente lhe despertou o amor.

    Não se é preciso ser perfeito para ser incrível na vida de alguém.

    Vez ou outra me pego pensando se, depois da ruptura, houve uma madrugada sequer em que você tenha me desejado. Me desejado de alma como por um lapso temporal já desejou, já demonstrou, já gostou. Já sentiu. Desejo mesmo, sabe? Que só em me olhar te consumia, te preenchia por uma vontade insana e intensa, como uma fúria interior, um querer que corrói, uma imensidão latente implorando para me ter ao seu lado por toda a vida. Não faz ideia do quanto eu amava imensuravelmente esses instantes, os instantes que sentia e via o seu olhar em mim me dizendo o universo e o mundo.

    Será que, por um momento, uma mísera vez, se questionou se ama ou se já me amou?

    As suas palavras, escritas, cuspiram na minha cara que não. E, ainda assim, demoro a acreditar. Contradizem tudo o que vivi:

    “Olha, desculpa.
    Me desculpa por cada vez que te deixei triste, por cada momento que te decepcionei.
    E, principalmente, por às vezes parecer um idiota com você.
    A real é que essa coisa é grandiosa e eu não sei lidar.
    Eu não levo nada a sério na minha vida, muito menos ela própria.
    E, sobretudo, não sei sequer um dedinho do que é sentir algo por alguém.
    Por isso, mudo repentinamente, sem mais nem menos, fico diferente do nada, meu estado de espírito me controla naturalmente e esqueço que as pessoas têm sentimentos e que preciso respeitá-los.
    Quero me afastar de você. Não por mal, mas porque não te faz bem ficar comigo.
    E eu não sou bosta nenhuma e não tenho nada para te oferecer de bom.
    Por fim, agora, ainda que compartilhemos a mesma lua, estamos muito longe um do outro.
    É isso.
    Ps. Sou grato pelo tempo que esteve comigo. Foi puro."

    Não faz ideia do alvoroço sentimental que as suas palavras frias me causaram. Juro, ri ao terminar de ler, um riso sem alegria, aquilo era o cúmulo do absurdo. “Você sabe, não sou a pessoa que insiste na presença de quem já não quer ficar. Perde o sentido”. Depois de tudo o que você vomitou, pensei o infinito e o mundo e não dirigi a ti mais nenhuma palavra.

    Ainda que eu diga para mim mesma, com veracidade, em alto e em bom-tom, que eu simplesmente me acostumei com a sua presença, me sinto uma mentirosa, tentando envenenar o meu pensamento na fútil tentativa de sanar o meu sentir. Nunca imaginei que seria doloroso e difícil assumir, bater no peito e falar, mesmo que somente para mim, que amo você.

    Isso é tão irônico, não é? Eu aqui, em devaneios por sentir o peso da sua ausência, enquanto ti sequer depois daquele dia, da ruptura, me ligou…

    E ainda assim, sou nua e crua ao falar que te desejo as melhores coisas do mundo, ainda que isso signifique se afastar de mim. Você sabe o que é melhor para você. E, no momento, eu não faço ideia do que seja o melhor para mim.


    Janaina Couto ©
    [Publicado - 2019]

    @janacoutoj

  • [Cartas] PROFALÇAS

    Planejava te escrever sobre a imensidāo do que você e o “agora” significam para mim… mas, farei isso em outro momento.
    Juro, chega a ser surreal como tenho dificuldade em transcrever para o papel os meus sentimentos - puros, nus e crus - é muito diferente de criar ou inventar um enredo.
    A grande questão é que, se tratando da realidade, qualquer coisa que eu escreva soa absolutamente ridículo se comparado ao que pulsa aqui dentro…
    Eu desejei escrever algo diferente, o mais singelo e sincero que conseguisse. Me desculpa por nāo ser nada objetiva:
    Meu bem, desejo que essa seja a sua melhor idade! Esse, o seu melhor ano! Que você vivencie as aventuras mais malucas, as experiências mais gostosas, que se permita reinventar e arriscar!
    Sei que muitas coisas há de encarar sozinho, mas quero vivenciar contigo muitas delas… pode ser cedo, mas, quero dividir parte da minha vida com você. Anseio muitos dias tranquilos sentido o sol queimar nossa pele...
    A nossa coisa é nova, mas, desde já, sei que serei eternamente agradecida por cada beijo, pelos conselhos, por cada abraço, pelos instantes de riso, pelos olhares serenos, pelas falas apaixonadas… por cada microsegundo, pela intensidade, por isso que me proporciona sentir.
    É surreal como as horas contigo correm, teu sorriso me desmancha, seu abraço me aquece, seu olhar me desmonta e teu toque me arrepia. Obrigada por tudo isso.
    O aniversário é seu, mas é meu o prazer em dividir esse dia com você. Jamais esqueça o quanto se tornou especial para mim.
    Você é um cara incrível, nāo estou falando que é perfeito - ninguém é; mas, eu vejo os seus 'defeitos' e ainda assim, vejo muito do que eu quero… com quem desejo estar.
    Me encanta o homem que vejo em você.. muito mais que um rapaz bonito com jeito de inconsequente. Independente, forte, inteligente, protetor… astuto. Gosto do teu jeito peculiar de ver algumas coisas... Me amarro na sua personalidade.
    Psiu, jamais perca sua essencia… sempre mude para uma versão melhor de si mesmo!
    Te desejo muitos picos de felicidade, em todas as suas formas, cores e facetas! Claro, a consequência de viver é errar, tentar, acertar, chorar, sorrir, amar... ninguém é perfeito ou feliz, haja vista que é impossível atingir o pleno estado de felicidade. Isso mesmo, a felicidade bem como a tristeza sāo momentos, instantes. A felicidade está nos microsegundos, seja quando alcança uma meta, quando toca, quando ouve sua música preferida tocar na rádio, quando se sente bem consigo mesmo, quando num abraço se sente em casa ou simplesmente quando na monotonia do cotidiano se dar conta de que é capaz de amar e é amado. Nāo use parâmetros para a "felicidade", viva intensamente e "seja feliz" do seu jeito de ser! Viva ao invés de sobreviver!
    Que cada dia teu seja único, intenso, sempre norteado de muito amor — espero te proporcionar para além disso! Que a cada ano que passe, você conquiste seus sonhos e descubra novos desejos. Que você olhe para os dias que correram e sinta orgulho do que viveu. Tente levar a vida sempre numa boa, usufruindo ao máximo das coisas mais bonitas e singelas!
    Espero que você possa sempre evoluir como ser humano, nos seus ideais de evolução. A cada estação, uma versão melhor de você. Quero a cada estação, uma versão melhor nāo só do "eu e você", mas também do 'nós’.
    Te desejo as melhores coisas do mundo, só nāo sei se serāo o suficiente para o Universo que vejo em ti.
    É hora de se despedir do velho garoto e desejar boas-vindas ao homem que está construindo.
    Não sei se é cedo para falar que sinto o mundo por você. Mas, já não importa os meus velhos conceitos. Eu sinto. Sei que sinto. Quero que jamais esqueça isso!
    Não queria usar o clichê "eu amo você", mas, se trata disso.
    Ps. Nesse instante eu estou te abraçando calorosamente e lhe dando um beijo, puro… quero que sinta isso.
    Com amor,
    Beijos,
    Jacarandá.
  • [Conto] DEDO PODRE

    Naquela manhã de sábado quente, acordei questionando se realmente deveria ir à festa com o meus amigos. Será que vale a pena, já que o garoto mais insuportável do mundo vai estar lá? Realmente não sei. Sinto-me encurralada, a galera está falando da tal noite a semana inteira e os meus amigos me pressionam para dar uma resposta boa, tipo: “É lóooogico que eu vou!”.

    Na realidade, o pessoal acha que é frescura da minha parte, mas ninguém reconhece o quanto ele é infantil. É um porre. Como ele pôde? Até os meus amigos parecem fechar os olhos ao que ele fez. Se atreveu a me fazer passar vergonha em meio a todo o colégio! Aff. Neste exato instante, dizer que o odeio não me parece nem um pouco exagerado. Babaca!

    Foi inevitável, passei a tarde refletindo: será que conseguirei me divertir com a presença daquele ser tão insuportável e imaturo lá? Fala sério, parece que sou um imã de gozação dele. Pensar nisso é uma tortura.

    O cara realmente é um idiota. Sinto-me envergonhada só de lembrar da última que ele me aprontou. Jamais esquecerei o dia em que estava enfezada e o imbecil veio dar uma de que era simpático, o engraçadinho foi logo perguntando o que eu tinha; eu, trouxa, como sempre, fui sincera e disse estar decepcionada por ter engordado 5 quilos. Óbvio, de modo algum, o problema não foi a pergunta, mas o seu comentário, totalmente previsível ser algo desagradável por vir dele. Afinal, sabe o que ele me disse? Detalhe, gritando para a turma toda: “Mas é claro! Você quer ser magra como??? Sempre está mastigando! Come chocolate a aula toda e ainda egoísta a ponto de sequer oferecer. Por isso está aí, parecendo uma porca obesa! Já sei, você veio falar isso só para eu te elogiar, queria me ouvir dizer que você é magra e tem um corpo com “bonitas curvas”, né? Hahaha!”. Não obstante, ele levantou a blusa mostrando o “tanquinho” - infelizmente, o problema é que ele é lindo e apesar de todo o meu ranço, não consigo negar - e disse que eu nunca chegaria aos pés dele. Resumindo, ele é um bosta e ainda assim fui eu quem passei vergonha. Pois é, eu disse, bem desagradável, ele é um tremendo imbecil.

    O fato de memorar isso me impulsionou a ir, pois, eu jamais daria a ele esse gostinho. Me recuso a me privar de algo por causa dele.

    Chegando lá, tudo estava bem animado e a festa parecia prometer. Trombei com ele ainda na fila que ousou em me dar um sorrisinho sarcástico malicioso, não me contive e, como de praxe, não exitei em revirar os olhos. Prometi a mim mesma que não o deixaria estragar a minha noite, eu havia levado tempo demais para me produzir e estava um arraso, não seria por causa dele que perderia o clima.

    Tempo depois, os meus colegas chegaram e toda a galera estava dançando. Apesar dos meus pés estarem me matando, a música era contagiante demais. Sem sequer esperar, um cara puxou a minha mão como quem me guiava convidando-me para dançar, tratava-se do baile da escola e por isso não fiquei receosa de seguir, afinal, conhecia todos ali. Porém, além de tomar um baita susto, instantaneamente fiquei frustrada, posso dizer que acima de tudo chocada, quando um feixe de luz roxa iluminou o seu rosto e pude reconhecer o Eduardo. Novamente, não me contive e soltei um “Grr, só pode ser perseguição!” enquanto tentava soltar sua mão.

    Estranhamente, disse que precisava conversar num canto, a sua expressão foi de receio, pela primeira vez notei que ele não estava com ar de zombaria. Como se fosse um mantra, enquanto caminhava sibilei para mim mesma três vezes “não irei me estressar essa noite”. Primeiro, pediu apenas para ouvi-lo, não queria ouvir de imediato as minhas constatações, assim o fiz. Ele veio com um papinho nada a cara dele de “me desculpe”, “será que pode me perdoar?”; depois a coisa foi ficando ainda mais esquisita, começou a me elogiar dizendo que sou bonita e blá blá blá; como se a coisa não pudesse ficar pior, contou que as minhas patadas o magoavam e ainda me pediu para parar, como se a minha grosseria para com ele surgisse do nada; a parte surreal foi ele alegando - assumindo - que só fazia aquilo para chamar minha atenção, que na realidade estava super na minha. Acredita que o filho da mãe teve a cara de pau de falar que era “afinzaço” de mim? Oi?!

    Sem saber o que falar, numa inútil tentativa de fugir da situação embaraçosa corri desesperadamente para o banheiro. Passei a mão molhada na nuca enquanto fitava-me no espelho do lavabo. Por que eu estava tensa? Para tornar tudo engraçado, o trecho do ícone da Kelly Key não saía da minha mente “você é gatinho, mas assim não dá”. A música alta me impedia de refletir com clareza se poderia esquecer meses de fúria oriunda de uma perseguição idiota e dar a ele uma chance, permitindo-me conhecer o “boy lixo”. Espontaneamente, dei risada debochando de mim mesma, já que só o fato de cogitar a ideia soava absurdo. Definitivamente não, não mesmo! Fala sério, se é assim, que ele entre em combustão, quero mais que essa situação seja para ele torturante, como foi para mim todos esses meses de brincadeirinha sem graça.

    No mesmo instante, um súbito pensamento trouxe de volta cor à minha noite. Com certeza, aquilo se tratava de mais uma brincadeira ridícula dele, uma tentativa de aferir se sentia algo por ele, caso caísse em sua ladainha, iria usar como motivo para me caçoar o resto do ano. Puff, mais infantil do que podia imaginar.

    Me recompus e sai do banheiro, iria fingir que nada havia acontecido, simplesmente optei por ignorar o ocorrido. Não deu certo, na porta do banheiro o Otávio me encurralou “tem um cara que é afim de você há um tempão. Mana, fica com o Edu?”, não posso ser hipócrita em negar que não passou pela minha cabeça acatar a proposta - a galera toda sabia, agora, era evidente o porquê de não darem trela às minhas reclamações a seu respeito - , mas tudo o que consegui fazer foi gargalhar. Sim, eu gargalhei, só não sei concluir se foi mais pelo cúmulo do absurdo ou de constrangimento. Não deu em outra, o boy ficou super sem graça - mais que eu até, se é que foi possível - e sumiu na multidão, o Otávio soltou um “Bom, você quem sabe. Eu até te entendo.” e saiu em disparada atrás do amigo.

    Aquela noite foi inusitada de todas as formas, eu não conseguia processar o que estava rolando e me senti super mal pela forma como ele saiu. Não deu em outra, perdi o clima e decidi ir embora. O cara era mais complicado do que eu pensava. Me deparei com ele sentado na calçada sozinho no lado de fora, “Meu pai vai vir me buscar, quer uma carona? Sei que sua casa é no final da minha rua”. Não queria ser chata, aceitei e percebi que ele levou como uma anuência à um bate-papo. Conversar com ele sobre aquilo não foi tão horrível como imaginei que seria. E, sim, a coisa toda era real. O pai dele estava demorando consideravelmente, cheguei a duvidar se ele sequer havia feito a tal ligação. Acabou que conversamos bastante e pela primeira vez em um diálogo não o classifiquei em pensamento como “desprezível”.

    A festa era no bairro, então decidimos por ir caminhando e encontrarmos o seu pai no caminho. Não sei o que aconteceu, mas, do nada me vi correndo pelo quarteirão com ele em meio a gargalhadas. Naquela noite, eu ri tanto que a minha barriga chegou a doer. Fiquei surpresa, fui capaz de reconhecer uma característica positiva nele, conseguir me fazer rir. Naquela madrugada quente, nos beijamos pela primeira vez, bom, eu o beijei. Fomos interrompidos pela buzina forte do carro do pai dele. Eu disse, aquela noite foi inusitada. Eu e o meu dedo podre.


    Janaina Couto ©
    [Publicado - 2016]

    @janacoutoj

  • [Conto] ESCOLHA

    Então eu contei 1,2,3… suspirei. E sai dali. Passei por aquela porta. Definitivamente eu nunca mais voltaria àquele lugar. Nunca. Difícil descrever o que senti, uma espécie de raiva com uma mistura de desabafo e alívio. Por incrível que seja, eu chorei. Sim, chorei! Mas, dessa vez foi de alegria, êxtase, prazer. Liberdade. Realmente me vi liberta. Aquilo tudo me sufocava, aos poucos, lentamente, cada vez mais. Eu o amava, porém já não gostava mais dele. Não dava mais.

    Eu iria seguir a minha vida, os meus sonhos. Não mais o teria me impedindo de ir em busca das minhas conquistas. Sempre de um modo sutil, ele enfiava na minha boca um “você não pode me deixar. precisa de mim. não suporta nada sem mim. eu estou aqui por você, para te proteger e nada mais importa desde que fiquemos juntos”, literalmente enfiava garganta abaixo, já que eu o ouvia tanto dizer aquilo que acabava por internalizar e reproduzir a mim mesma a velha frase. Como se fosse um mantra. A mesma cena se repetia todas as vezes que lhe contava os meus planos. Não mais ouviria um “não vai. fica comigo, você pode deixar isso para depois. não vai conseguir sozinha” me fazendo sentir-se tão tola só de pensar em deixá-lo, afinal, ele me amava. Realmente uma tola. Fui tola em colocá-lo acima das minhas vontades.

    É sobretudo cortante, sei que ele gosta de mim absurdamente. Sinto isso. Acredito que justamente por saber disso que sempre acatei cada frase. Pela mesma razão eu sentia culpa, afinal, como eu poderia planejar algo que ele não estivesse incluso, fazendo uma escolha só minha sobre mim? Eu me sentia má, pois ele fazia parecer que o meu gostar era ínfimo perto do dele, sempre dizendo que largaria qualquer coisa por mim e para estar comigo, pois a minha companhia já o bastava e não teria nada mais a conquistar ou desejar. Confesso, me assustava, como poderia fazer de mim um mundo?

    No entanto, ele não percebia que aos poucos ele não desejava estar comigo, mas me ter; e isso são coisas bem distintas. Com o decorrer do tempo, ele se importava até mesmo quando as músicas que eu ouvia, os meus posts e até mesmo com os meus textos não falavam dele, mas apenas de mim; segundo ele, eu não “demonstrava” estar com ele. Outro dia, eu apaguei uma foto minha que havia postado logo após ter enviado para ele, pois, segundo ele, eu com isso eu jogava fora o fato da “foto ter sido tirada especialmente para ele e mais ninguém”.

    Sim, ele queria estar comigo. Mas, ele possuía medo de me perder. Acredito que por tal razão insistia para que eu demonstrasse de forma visual estar com ele; isso significava incluí-lo em tudo. Pela mesma razão, me afastava dos meus sonhos… tinha pavor quando eu dizia que gostaria de morar em Arraial do Cabo, pois ele disse que jamais abandonaria São Paulo; ficava triste quando contava com vontade sobre a graduação, segundo ele, eu encontraria pessoas mais interessantes, a minha cabeça ficaria cheia e eu o abandonaria. Nunca era o momento para eu desejar ou pensar em fazer algo, a menos que ele estivesse incluído e fosse da vontade dele.

    Como um cara pode tentar te afastar dos seus sonhos, das suas conquistas, da sua independência, só para estar ao seu lado?! E ainda tentar justificar esse absurdo com o esdrúxulo argumento de que é por “amor”? Via meus sonhos sempre adiados, afinal, eu ainda queria estar com ele, queria tanto ter os dois. Tudo o que mais desejava era poder pensar num futuro em que eu conquistasse o mundo e ele estivesse ali, comigo, me apoiando.

    Ele me pedia tanto, chegava a chorar implorando, se declarava e depois surgia outro velho argumento “vamos aproveitar o agora, você pode fazer isso depois”, eu questionava, discutiamos. Mas, ao final, a culpa sempre era do “amor”. Estava insustentável, não suportava mais o duelo entre o amor e os meu desejos.

    Se enquanto eu apenas cogitava as coisas, sendo os meus desejos ainda abstratos e, por isso, distantes, ele agia dessa forma…. Sempre tive receio em pensar no depois… Sempre me questionei como ele iria reagir quando eu fizesse definitivamente algo, quando abandonasse a inércia e corresse atrás de seja lá o que fosse que me desse vontade.

    Poxa, em nenhum momento ele disse “eu vou com você!”. Não! Não, não. Ele não disse! Nunca! Apenas me impedia, me desviava. Pois é, eu era fraca. Era.

    Apesar dessa situação horrível, ainda assim, tivemos momentos incríveis, com o seu lado que amava. Foi duro. Eu o deixei e talvez tenha “perdido” um cara que realmente me “amou”. No entanto, foi para o meu próprio bem e até mesmo para o dele. Poxa, eu não sou o céu de ninguém. Acredito que foi melhor assim. Quando olhar para trás, quero lembrar dele como uma bela melodia que acaba sem mais nem menos, enquanto ainda ouvimos os primórdios da melancolia ela chega ao seu fim e ficamos com a sensação de que haveria um depois. Prefiro uma melodia “interrompida” do que a ouvi-la por inteiro e ser destruída pela melancolia.

    Liberdade. Agora terei liberdade para viajar, estudar… planejar como tocar a minha vida. Farei tudo sem ressentimentos.

    Foi incrível a variedade de pensamentos - altos e baixos -, bem como o turbilhão de emoções que permeavam o meu corpo naquele momento, naqueles microsegundos em que peguei a maçaneta e simplesmente sai por aquela porta. Jamais esquecerei os meus 20 segundos de euforia ao fechá-la.

    Eu morava há cerca de 4 quarteirões dali, enquanto caminhava, chorei e saltitei agradecida a mim mesma. Confesso que Isso durou pouco. Até a hora que entrei casa. Meu irmão mais velho estava na sala com a namorada, enquanto o caçula montava um quebra cabeça. Meus pais não estavam. Aquela calmaria me mostrou que poderia subir as escadas, ir direto para o meu quarto e permanecer o resto do dia ali, sozinha. Não haveriam perguntas ou sequer indagações em relação ao que houve. Ao menos, não agora. Tudo que eu precisava era ouvir um indie e pensar no que havia acabado de fazer. Isso, “acabado”, essa é a palavra.

    Aos meus 17 anos eu o amava demais, além da conta. Jovem e uma vida inteira para fazer tudo o que me desse vontade, acertar e errar, desfazer e me refazer; mas nada atrapalhava tanto quanto esse “amor”. No momento, concluindo o colegial, os meus estudos eram prioridade, sempre foram, porém, infelizmente, o meu relacionamento estava atrapalhando, não somente, mas também, até mesmo os meus pequenos objetivos. Me vi obrigada a escolher entre ficar ao lado dele e jamais sentir-se realizada ou seguir o meu caminho e deixar para trás um cara incrível. Neste instante, a primeira coisa que me vem à mente é “Brooklyn Baby” da Lana Del Ray.

    Eu o deixei. Afinal, diferente dele, eu o amava o suficiente a ponto de deixá-lo, ao invés de enganar não só a ele, mas a mim, estando infeliz ao seu lado.

    Naquela noite eu desmoronei ouvindo todo o álbum de “Cigarettes After Sex”, não era tão fácil dizer adeus como pareceu naquela tarde. Tudo estava acabado. Mas, eu ainda tinha esperança, afinal, eu não iria embora para sempre. Voltaria depois da faculdade… se fosse amor, iria prevalecer, independente de tempo. E foi ao som de “Flower Face - Angela” que tive certeza de como o amava intensamente e ainda mais certeza da minha decisão. Não havia o que temer. A “saudade” iria passar, “solidão” sequer entrava no contexto - jamais estivera só - e “arrependimento” não condizia em nada.

    Não. Realmente não o teria deixado se não tivesse tido um empurrão. Jamais havia pensado em fazer algo assim, boba, incapaz de escolher. Ganhar a bolsa de estudos foi o estopim. A minha família ainda nem sabia. Óbvio, em hipótese alguma cogitaria não ir. Eu precisava resolver uma coisa. Foi naquele mesmo dia, mais cedo, assim que acordei, chequei meus emails e recebi a notícia que mudaria a minha vida, a porta para os meus sonhos.

    Fala sério, eu estava surtando. Após tanto esforço, eu havia conseguido! Eu sabia a grandiosidade do que significava essa aprovação. Eu estava em êxtase. Era a minha oportunidade e jamais abriria mão. Mal esperava a hora do jantar, estava ansiosa para ver a reação dos meus pais, ainda que já sabia o que esperar.

    Mas, e o Jhon? O primeiro a receber a notícia seria ele.

    Não pensei duas vezes. Escovei os dentes, lavei o rosto, fiz um coque, vesti o “uniforme de sempre” jeans, all-star e a velha camisa de algodão, desci as escadas cambaleando enquanto comia uma pêra e corri para a casa dele.

    Apesar de reconhecer que estava indo terminar a nossa história, não imaginava que ele não ficaria feliz com a minha conquista, que a desprezaria. Tudo bem que ele sabia o significado daquilo, porém, era o meu sonho e ele não foi capaz de ficar feliz por mim. Isso me magoou e me motivou a seguir com aquilo, me dando ainda mais convicção no discurso de adeus. Não entendia a sua forma de amar. Foi isso que me motivou a não olhar para trás ao fechar a porta.

    O dia havia começado com surpresas e emoções demais. Naquela noite, ouvindo “The Saxophones - If You're On The Water”, tudo o que mais desejava era que ele passasse, depressa.


    Janaina Couto ©
    Publicado — 2015

    @janacoutoj


    [PS. Não se trata de um relato pessoal. Mas, confesso que é um imenso pesar reconhecer que o meu texto foi lapidado sob um apanhado de relatos de pessoas queridas que estão ao meu entorno.
    Ainda que mesmo nas coisas mais sutis possamos constatar algo a se repudiar e imediatamente afastar-se, não raramente, horrivelmente, isso acontece apenas quando se tornam salientes.]

  • [Contos] FUGA - Parte I

    Na rua, vindo do trabalho de bicicleta, estava frio, o dia nublado, eu cansado… quando a vi. A vi passar, no outro lado da rua, caminhando de mochila e com um livro na mão, parar no ponto de ônibus, abrir o livro e começar a folheá-lo. Ela estava graciosa, tão linda… parecia distante, perdida num momento que pertencia só à ela. Mas, ao cruzar a rua e passar rapidamente em frente ao ponto, ainda fui capaz de notar seu rosto de choro… suas maçãs estavam avermelhadas, assim como os olhos e a ponta do nariz. Instantaneamente questionei: O que poderia fazê-la chorar? Eu a olhei de canto, mas não acenei, não chamei, não fiz nada, só continuei a pedalar. Percebi que no mesmo instante ela levantou o rosto a procura de alguém conhecido, mas logo voltou a se debruçar sobre o livro.

    Ainda longe de casa, naquele dia nublado, numa sexta-feira de verão, próximo às 7h00 da noite, começou uma garoa fina. Os faróis dos carros iluminavam o início de noite e pedalando ao som de “Baby I’m Yours — Arctic Monkeys” nos meus fones, senti uma sensação diferente, não ruim, que estremeceu e arrepiou todo o meu corpo, desde os meus pés à minha nuca. Uma forte onda nostálgica bateu em mim e todos os sentimentos mais quentes e intensos permeavam o meu corpo e mente novamente, como se de repente eu fosse repreenchido por algo que já havia caindo no esquecimento, mas que ainda estava ali, dentro de mim. Aqueles olhos castanhos, donos de formosos cachos do mesmíssimo tom de castanho avelã que ao vento, assim como ao sol, enalteciam ainda mais a beleza e profundidade daquele olhar, pairavam em minha mente.

    Instantaneamente, uma reprise de tudo que eu vivi com aqueles olhos castanhos me possuiu… era invasivo… como se algo qual eu lutei pra guardar e deixar ali, quietinho, estivesse gritando e me inundando, trazendo recordações de um sentimento forte, fascinante, gostoso, sedutor… adocicado por um desejo insano de vivenciar cada instante novamente… de poder tocar os cachos daquele cabelo. Sentindo aquilo me dominar, me corroer, lutando para pensar em outra coisa e encontrando-me sem saída, futilmente comecei a pedalar mais rápido, a chuva engrossava e o meu desespero para deixar aquilo de lado e apenas me concentrar em chegar em casa era imenso… não fui capaz, não consegui. Fui vencido e sentir-me-ia ser preenchido.

    Arfei. Arfei ao sentir novamente todo aquele turbilhão de emoção vigorar em mim novamente. Paixão. Zelo. Admiração. Tesão. Por um segundo cheguei a questionar porquê internalizei aquilo, se me fazia sentir triunfo. Porém, como em uma antítese, vinheram estes por conseguintes acompanhados. Culpa. Pena. Frustração. Arrependimento. Fazendo-me lembrar como memórias tão gostosas e sentimentos intensos foram por mim soterrados. Chovia muito. Naquele instante, com a camiseta toda molhada, a ventania congelava o meu peito e, ainda assim, eu conseguia senti-lo queimar.

    A chuva embasava a minha visão e minha mente era invadida por flashbacks de todas as vezes que meus olhos encontraram aqueles penetrantes olhos amarronzados, tornando quase impossível distinguir a realidade da alucinação. Novamente o olhar mais quente, insano, misterioso… me fitando. Olhar que me chamava, me deixava sem ar por segundos, me afogava.

    Os flashbacks eram como fotos. Lembranças intensas que eu não fazia ideia de como poderiam ser tão vivas e ao passar de cada um deles, eu vivenciava cada cena novamente. Sem compreender exatamente o que acontecia comigo, percebendo que ela ainda mexe fortemente comigo, reconheci que não conseguiria fugir daquilo, estava fadado a enfrentar os meus conflitos internos uma hora ou outra, esse momento chegou mais cedo do que imaginei. Não podia sabotar meus pensamentos, tentei e por centenas de vezes consegui, mas dessa vez não.

    Jamais esquecerei como é olhá-la nos olhos e conseguir ver a beleza da sua alma, além da beleza daqueles olhos, a beleza de uma garota que exalava mistério. Garota nada fácil de desvendar, dona de um império interior que eu ansiava descobrir. Intuitivamente, eu sabia. A todo instante sabia que me perderia na intensidade daquele olhar profundo, na imensidão de seu império, mas de imediato eu não tive medo, afinal, sempre me cativei pelo desconhecido. Aos poucos os flashbacks já não eram tão recorrentes, sendo substituídos pelas luzes fortes dos faróis dos carros. A chuva virou garoa. Pedalando agora devagar, percebi que já havia passado a rua de casa.

    Estranhamente, a noite fria, agora, era tomada por um mormaço. O meu bairro tranquilo. As árvores ainda molhadas transmitiam calmaria. Típica noite de verão. Nostálgica. Respirei fundo e apesar de não desvendar o propósito dela, decidi apreciá-la. Eu já não queria mais fugir e agora admirava o céu estrelado ao lado dela… a saudade. Pedalando, observando cada rua, cada casa, cada esquina… parei numa praça. Praça qual eu conhecia muito bem. Lugar que marcou muitas noites minhas, noites quentes. Perfeita para marcar também uma noite nostálgica que, agora, transbordava em saudade.

    Adentrei a praça, vazia, segui uma pequena trilha de terra e pedras, encontrei com facilidade não só o lugar, mas também o banco que tinha em mente, um cantinho bem específico. Larguei a bicicleta na grama, tirei a mochila das costas, enxuguei o excesso de água no banco e me sentei, tirei a camisa molhada e coloquei apenas o agasalho azul que tinha na bolsa. A copa das árvores ao redor, assim como eu, eram iluminadas pelo poste de luz atrás do banco. Chuviscava. Sentado com o corpo relaxado eu podia ver as minúsculas gotículas caírem do céu.

    A lua iluminava a pequena trilha que terminava logo à frente. E ao som de “ As Long As You Love Me — Jaymes Young” nos meus fones, eu nunca senti tanta saudade… dos caracóis daquele cabelo. O som penetrava em meus ouvidos e permeava a minha mente, que, por vez, fazia uma trilha sonora com tudo o que vivenciei com ela. Uma trilha sonora da nossa história, bom, ao menos para mim nós tivemos uma história. Olhando as copas das árvores aquietarem-se, os chuviscos cessarem e a inquietação da praça ir embora com a chegada de um casal caminhando em meio a gargalhadas na estrada da praça ao longe, foi o estopim para um instante de lucidez em meio a tantos delírios.

    Me vi cercado de questionamentos quanto ao eterno “e se”. Reparando no casal ao longe, suspirei, passei a mão no cabelo ainda molhado, repousei as costas no banco e indaguei, pensando alto, num sussurro: Como posso ter uma história com uma garota que eu não tive um “relacionamento”? Encarando a trilha iluminada pela noite estrelada, a imagem dela no ponto de ônibus mais cedo tornou a minha mente, seu cabelo longo com mechas e cachos aleatórios flutuando ao vento… incrível como tudo parecia ser reproduzido em câmera lenta.

    Se no instante que a conheci alguém me dissesse que um dia eu me veria perdidamente seduzido por aqueles olhos cor de avelã que exalavam perdição, pelos macios cachos de seu cabelo, por seu cheiro de lírio, pelo sorriso de mistério, por seu jeito quente… completamente desesperado por aquela garota sagaz, eu jamais acreditaria. Eu não era desses. Definitivamente não era esse tipo de cara. Não era… Lembrei das nossas conversas nesta praça durante as madrugadas do verão passado, dela me falando sobre intensidade, sentimentos, o universo, destino… era extraordinária sua capacidade de criar teorias elaboradas — e escrever — sobre tudo. Ela queimava de tanta intensidade.

    Eu, por vez, achava aquilo tudo tão bobo, não fazia nenhum sentido racional para mim. Apesar dela não falar a respeito, sequer imaginava, que, no fundo, eu conseguia reconhecer seus sinais de paixão. Não sei exatamente o que a deixava atraída por mim, éramos muito diferentes. Vê-la dessa forma era ardente, me deixava ainda mais gamado, fascinado. Mas, sinceramente, paixão? Eu não era desses… não era.

    O universo fez questão de me fazer reconhecer o fervor de tudo o que ela sentia, da pior forma, na pele… queimando em intensidade, atordoado de desejo para me perder — ou me encontrar? — novamente em seu olhar profundo. Admirando a exuberância da praça, sentindo o pesar da ausência de alguém que não permiti “ser minha”, agora, dilacerado pelo remorso junto ao arrependimento, era impossível mensurar o quanto eu a queria.

    Nunca imaginei que aconteceria um terço do que vivemos, nem que recordaria sem esforços os mais singelos detalhes, muito menos que o destino traria de volta uma paixão do passado, afinal, nossa história é de muito tempo. Fadados ao erro. Ela recuou na primeira vez. E na segunda? Eu fugi.

    Os meus pensamentos me torturavam e tudo só piorava enquanto eu buscava, numa tentativa falha, compreender racionalmente os motivos da minha fuga ao esmiuçar as fases do nosso distanciamento. Medo? Balbuciei no intuito de elaborar uma justificativa que a tornava unicamente culpada, irrefutavelmente não consegui. Havia um culpado? Hoje, creio que não. Mas uma coisa é evidente, situações pequenas, coisas ditas em dois segundos que pouco a pouco abalaram a conexão construída no decorrer das estações, influenciadas não só pelo meu orgulho, mas também, por toda ingenuidade amorosa dela junto ao seu desgaste emocional.

    No entanto, não são os fatos que me torturam, afinal, não sou capaz de mudá-los. Agora, nessa noite, nesta praça, sentado em “nosso” banco e sentindo o cheiro de terra molhada, sou torturado por questionamentos do eterno “e se…” e nada me corrói tanto. E se quando reconheci que estava me apaixonando eu não tivesse me afastado? E se ela me falasse quando a magoei? E se, depois de tudo, ao ser sincera ela não tivesse estraçalhado meu coração? Como não possuíamos um “relacionamento” não nos sentíamos confortáveis em cobrar ou prestar esclarecimentos. E se eu tivesse feito isso? E se ela tivesse feito? Será que ela tentou e eu não percebi? Não sei, na época sempre dotado de orgulho.

    A imagem dela no ponto não saia da minha mente, sozinha e pensativa, assim como eu nesta praça, ao contrário do casal que ainda estava ali, distante, mas ali. As horas corriam e eu nem me dava conta. Apesar de fisicamente bem, eu estava cansado, a mente cansada, tudo aquilo estava sendo tão exaustivo e, de modo antagônico, fazia meses que não me sentia tão vivo, pois eu queimava em intensidade, paixão. Como no verão passado, mas antes não notara a nobreza dessa dádiva, afinal, parece que a paixão consegue ser bela e árdua concomitantemente.

    Não sei como consegui manter a imensidão do que eu sinto escondida por tanto tempo. Enquanto a garota mais incrível que já conheci estava ali, eu, um moleque entusiasmado e imaturo, como sempre, queria só jogar, desvendá-la. Sequer pensava na possibilidade de gostar dela, gostar de verdade, pra valer. Eu não era desses de se apaixonar. E quando ela foi embora, não me dei conta que havia perdido um alguém que tanto precisava. Camuflei a dor. Ela disse adeus e parecia estar tudo bem, e estava, pois eu me enchi de prazeres e felicidades momentâneas para internalizar tudo. Eu não era desses que sofria e sequer conhecia isso de “superar”.

    Mas, hoje, voltando do trabalho, quando a vi, lutei para evitar esse turbilhão de sentimentos, os quais não mais consegui manter estancados. Sinto que não serei capaz de internalizá-los novamente, já não cabem mais ao peito, me sufocam, são maiores que eu.

    Enquanto pedalava, sob a garoa, a procura dessa praça, dei-me conta de como os meus envolvimentos amorosos de lá pra cá são supérfluos quando comparados a grandiosidade do que ela me permitiu sentir. Eu, sinceramente, não conhecia e não conheço isso de superar, afinal, eu nunca a esqueci, sempre acabo apaixonando-me por ela de novo, de novo e de novo.

    Não sei explicar a razão. O universo? Nunca acreditei nisso de “destino”, ela por vez… sinto-me condenado a acreditar. Espero que a nossa história não acabe assim, não pode ser, desejo que não sejamos apenas duas pessoas que não mais se conhecem com uma história profunda num passado em comum.

    Ao som baixo de “ASTN — Love No More”, fechei os olhos, respirei fundo e permaneci ali, sentindo a natureza, ouvindo ao longe o barulho da cidade abafado pelas árvores e pelos meus fones, sentido o mundo e a vida ao meu redor e em como tudo aquilo era incrivelmente gostoso, finalmente, em meses, eu me sentia vivo.

    Mais uma vez respirei fundo, deixando os pensamentos e angústias irem embora, pouco a pouco evadirem-se, até que permaneceu apenas a perfeição daquele sentimento puro e inexplicável dentro de mim. Realmente, agora, desejava apreciar a noite nostálgica, sem os conflitos internos, só memorando, com intensidade, as coisas boas que fizemos um ao outro, os nossos melhores momentos — onde as situações mais simples eram repletas de borboletas no estômago -, lembrando o quanto ela me incentivava a ser uma pessoa cada vez melhor.

    Transcender. Era essa a palavra que ela usava. Senti uma brisa ao pé do ouvido, lentamente abri os olhos, reconhecendo que tudo o que vivenciei nesta noite foi preciso, para minha alma, pro meu coração, pro meu eu.


    Janaina Couto ©
    [Publicado — 2018]

    @janacoutoj

  • [Desabafo] Inspiração

    Você é minha fã. Eu sei disso. Eu vejo.
    Obrigada por toda atenção. Apesar de, como mesma diz, ser “completamente leiga no assunto”, só me dou por satisfeito quando da sua aprovação. Sem usar termo técnico algum, me auxilia nos ajustes da melodia. Você é precisa. Tem um jeitinho peculiar de explicar o que “falta”. Você realmente as ouve. Me deixa empolgado quando aponta os segundos. Me motiva a aprimorar o som.
    Se debruçar sem razão alguma. Me exalta. Elogia o que produzo e me diz que sou um artista. Você me vê de uma forma tão bonita.
    Gosto dessa coisa aqui, sabia? A nossa trama. Você é um livro aberto, inclusive sobre os teus sentimentos, e ainda assim me é um mistério.
    Tu, por vez, conhece as minhas manchas, o meu caminhar, aliás, já é capaz de premeditar as minhas ações. Porém, tenho uma dificuldade tremenda em me abrir. Sei que tenta me desvendar, pois jamais exponho os meus sentimentos. Normalmente, percebo o clima e guardo tudo para mim.
    Recordo a primeira vez que estivemos juntos. Usando a desculpa para vê-la, te pedi um livro emprestado, marcamos um encontro.
    Partindo de um contato sem mais pretensões, suas, nos tornamos amigos. Muito íntimos, aliás. Serei eternamente agradecido por aquele março.
    Estava chovendo, o meu rosto molhado, a visão embaçada, as minhas botas encharcadas e eu tinha a convicção de que levaria um bolo. Era o cair da noite de uma sexta-feira e estava definitivamente caindo o mundo. Confesso, desci até lá com uma ansiedade, uma palpitação, um receio e uma euforia que não sei donde vinha. Os minutos corriam e não me contive a reclamar daquela chuva inesperada que, no meio do caminho de casa até o recanto, me contava que estava prestes a frustrar os meus planos.
    No ponto marcado, haviam muitas travessias. O cruzamento estava assoberbado de carros e a chuva intensificava a luminosidade dos faróis. Isso atrapalhava ainda mais a minha visão. Temi não a vê-la, perder o eclipse. Inquieto, olhava incessantemente para cada uma das ruas. Por qual delas você viria? Conseguiria te reconhecer? Aliás, será que viria?
    Tínhamos conversado por algumas semanas, sobre o universo e o mundo. Todos os dias, por muitas horas. Existia uma conexão foda e em poucos dias eu me via ansiando o horario em que sairia da faculdade, pois sei que responderia as minhas mensagens de texto. Não havia nem mesmo fitado os teus olhos e já podia apontar uma série de coisas que me cativaram.
    De alguma forma, sentia que era o princípio de algo grandioso. Aquela chuva foi a coisa mais estranha e prazerosa que já me aconteceu.
    Eu estava inquieto. Os segundos pareciam minutos, os minutos me eram horas. O tempo passava e eu estava me sentindo tolo “aquela garota jamais vai se propor a tomar um banho de chuva por minha causa”. “Aliás, por qual razão ela viria?”. Mas, ainda assim, permaneci ali. Com frio, mas esperando, enquanto profanava o trovejar.
    Senti o meu cabelo encharcado gotejar sobre a minha pele. Estava prestes a ir embora. Na fútil tentativa de aprimorar a minha visão, passei as mãos sobre o meu rosto e no mesmo embalo o cabelo para trás. Abri novamente os olhos e fisguei o exato instante.
    Cristo, não acreditei quando a vi. Sei que fiquei paralisado, com as mãos ainda sobre a cabeça e boquiaberto. Aquele triz foi atemporal.
    A vi atravessar a rua, parar no farol. Estava com um enorme guarda-chuva preto e o exemplar de a “A Cruz de Morrigan”, da trilogia da Nora Roberts em um saco plástico transparente.
    Deus, eu não aguardava uma garota. Era uma mulher. A mulher. Alta, emoldurada por um longo cabelo ondulado meio preso, um rosto de traços finos, um nariz pontuadinho, uma boca rosa e cheia… vestia uma regata que destacava a sua clavícula e um jeans claro que ressaltava as curvas.
    Assim que chegou do outro lado, de imediato, ainda que ao longe, me reconheceu. Acredito que por me ver encharcado, enquanto caminhava até mim, se atreveu a fechar o guarda-chuva. Interpretei como um “eu topo tomar um banho de chuva”.
    Eu pude sentir o penetrar dos teus olhos nos meus. Me arrepiei dos pés à cabeça. Você caminhava com graça, apesar de todo o caos do entorno. Parecia indestrutível. Como se nada te atingisse. Eu vi força.
    Finalmente chegou diante de mim, de queixo erguido fitou meu rosto e abriu um enorme sorriso largo. Foi insano. Agiu como se já me conhecesse. Não vi qualquer resquício de timidez. Foi a primeira vez que ouvi pessoalmente o seu “Eae, cara”. Eu ainda estava sem reação.
    Havia algo de diferente. O clima. O tempo, O momento. A intensidade. As cores. O som. A velocidade. O destino me contava algo. Me senti alinhado à ele. Eu era tomado por euforia e medo da grandiosidade do que havia de vir. O futuro era uma álea e eu a desejava com todas as forças.
    Eu ainda estava deslumbrado, simplesmente sorri enquanto o meu rosto escancarava um “uau”. Já disse o quanto adoro a tua atitude? Sequer havia te respondido, ainda processava a minha admiração com o contexto e você me deu um imenso abraço corporal.
    A água do meu corpo foi de encontro a tua pele macia, cheirosa e seca. Eu jamais vou esquecer a intensidade do que percorreu o meu corpo. Foi banho de chuva e o abraço mais gostoso da minha vida. Cacete. Como você era gostosa de abraçar. Macia. Eu poderia ficar no envolto daquele abraço por toda a minha vida. Estava perplexo. Tu não se importou nem um pouco em se molhar. Num desejo repentino e um agir imediato, se pôs nas pontas dos pés e em milésimos de segundos a imensidão do seu eu estava em mim. Acariciei a tua nuca.
    Lembro que na noite seguinte te disse “desde aquele dia no recanto, eu não paro de pensar em ti”.
    Eu recordo minuciosamente os detalhes. Posso apontar cada um deles.
    Desde então, não deixamos de nos falar nem mesmo um dia. São quase dois anos. Exatamente o tempo em que sinto algo. Algo ainda, por mim, inominado. É diferente. Nunca senti isso antes.
    Fico pensando nisso… como um conjunto de ações, atitudes, falas e, sobretudo, imediatismos, nos trouxe até aqui. Outrossim, como sem mais nem menos, apesar de alguns ocorridos, apesar dos pesares, permanecemos. Não importa as razões ou quantas vezes já tenhamos tentado nos distanciar.
    Mesmo quando me expôs os motins, naquele julho, para não nos entrelaçarmos da forma que eu mais desejava, apesar de me destruir, ainda fazia eu desejar permanecer pela nossa amizade. Claro, aquele sentimento ficou guardado, às sete chaves, eu queria parecer forte. O coloquei numa caixinha de estofado rosê. Um sentimento bonito dentro de uma série de caixas velhas e esquecidas. Mas, quando eu me aproximava de você e, especiamente, quando te beijava, aquela caixinha se abria e a força do que ela guardava me consumia. Era inevitável o sentimento correr pelo meu corpo.
    Confesso que não sei ao certo o que aconteceu comigo naquele junho e, muito menos, no dezembro passado. Sei que pedi para se afastar de mim. Eu mesmo tentei me convencer de que precisava disso. Falhei. Com o primeiro brilho e soar de fogos de artifício do ano novo, a primeira pessoa em quem pensei foi você. Te liguei, lembra? Estava na praia e eu na cidade. A minha única certeza era que eu não desejava estar onde estava, em muitos sentidos. Foi ali que me dei conta de que eu queria estar com você. Você. Ao seu lado. Sou incapaz de me dissociar de ti.
    Sabe aquela minha música que você tanto venera? Foi pra você.
    A minha segunda, que escrevi no outono passado. Estavas no Recanto esses dias, tarde da noite já, lendo, como sempre, a ouvindo. Te ouvi sussurrando a letra e cantarolando. Não sei como não me viu ou sentiu a minha presença.
    Pode não parecer lendo a letra. Mas, o modo que eu a enxerguei enquanto escrevia, fazia todo o sentido do mundo.
    Pensei em ti em cada uma das estrofes.
    Nunca contei para ninguém. É o meu segredo. Mas, pra você, eu conto.
    Primeira estrofe. Escrevi recordando os nossos primeiros encontros. O nosso banho de chuva e aquela primeira noite no recanto, no ponto alto de sempre. Você não parava de falar e eu estava deslumbrado. Lembro com precisão do que me consumia ao ver sua o movimento dos teus lábios. Me remetia inúmeras frases e ser ouvinte jamais fora tão quente.
    Segunda estrofe. Foi pautada em um outro dia no recanto, mas naquele em que ficamos no banco de madeira marfim escondido dentre as árvores. Era quase madrugada, eu estava deitado no seu colo e te apreciava. Já estávamos engajados no meio-termo. Se tratava do começo e já te via um universo de qualidades.
    Terceira estrofe. É inequívoco que eu estava gostando de você e da nossa coisa. Te olhava e dizia a mim mesmo, de mansinho, que não podia fazer aquilo comigo. Mal te conhecia e já estava apaixonado. Óbvio, você até primeiro que eu. Parecia tudo tão apressado, mas eu estava adorando.
    Quarta estrofe. Se trata, nos exatos termos, da imensidão do que você significa para mim. A minha lua, a minha musa. Vênus.
    Penúltima estrofe. Lapidada nos dias em que você ia à minha casa. Não sei explicar. À época, eu enfrentava alguns problemas e estava muito mal. É claro que você não sabia. Aliás, se tratou do período em que mais nos vimos, pois eu tinha sede da tua presença. Você me acalmava de um jeito que ficou marcante até hoje. Você tem o poder de isentar a minha dor, espantar as trevas do meu mundo. Surreal demais para ser esquecido.
    Última estrofe. Confesso, tentei e acredito que deveria reformular a frase. Deixei esta por, pensando em ritmo e campo harmônico, encaixar melhor com a melodia. Ainda assim, expõe uma gana insaciável. As horas correm quando estou contigo, o relógio não é meu amigo. Se tratando de ti, até a eternidade parece insuficiente.
    Sobre tudo o que falei. Sei que jamais havia demonstrado o quanto cada instante, dia, momento significava para mim. Eu não demonstrei nada, nunca demonstro, eu só guardo. Hoje, me sinto seguro para dividir com você.
    Quanto a canção, eu não iria te falar tão cedo. Ela surgiu quando falou com todas as letras e me disse de boca cheia que o teu desejo era ficar comigo, justamente por também ser da minha vontade, me estimulou a escrever. Eu precisava eternizar a minha percepção e o meu sentir de alguma forma.
    Ainda bem que também desenvolveu um sentimento latente por mim. Algo nos atrai. Nos move. Até parece que o nosso interior sabe de algum modo. Não sei. O universo nos empurra.
    No início, pensei que era paixão e que se eu deixasse tudo como estava logo passaria. Juro. Depois do banho de chuva, acreditei naquela ideia de “amor à primeira vista”. Claro, jamais iria te escancarar logo no princípio. Afinal, quando eu dizia sentir saudade ou estar ansioso para te ver, você parecia tão serena “calma, estamos nos conhecendo” e eu me via um idiota.
    O tempo escorre. Sinto que nos conhecemos há anos. O meu sentimento não mudou. Apenas fica cada vez mais forte. A chama mais quente. Pulsa em mim e estou perdendo o controle. É maior que eu. Tenho a sensação de que vai me dominar. Eu preciso por pra fora.
    Desculpa por me prolongar. É que eu gosto muito de você. Obrigada por me ouvir. Você é muito linda. Sabia? Não consigo acreditar que não estou contigo. Agora. Juntos.
    Você é a mulher da minha vida. Só de olhar pra você percebo. Quando me encara, teus olhos avelãs confirmam tudo. Me deixa queimando em intensidade sem sequer se esforçar. Te quero na minha vida por todo o sempre.
    Eu tenho medo de perder você. Medo do destino. Temos certeza somente do presente e quero fazer de tudo pra ficarmos confortáveis um com o outro. Sim, eu ainda estou muito apaixonado por você e sei que não é passageiro. Eu sei quando é. Você é uma mulher incrível, já te disse isso e falo novamente. Não quero te perder. Aconteça seja lá o que for, jamais deixará de ser “a mulher da minha vida”.
    Você me idolatra. Ter me dedicado “The Pussycat Dolls ft. Avant — Stickwitu” foi a melhor forma de escancarar.
    Eu sou quem sou seu fã. 
    Você é minha inspiração.
    A minha musa.
    A amo com todas as minhas forças.
  • [Poemas] DETESTO

    Coisas que eu detesto em você:

    Detesto o fato de você fumar;
    Detesto o fato de você sempre sair pra beber;
    Detesto como você gosta de ser o centro das atenções:
    Detesto como aparenta ser íntimo com toda e qualquer garota;
    Detesto o seu desleixo com os estudos;
    Detesto sua opinião política;
    Detesto como consegue ser bipolar ao extremo;
    Detesto o quanto é pão duro;
    Detesto o fato de você não estar nem aí para nada;
    Detesto o seu jeito de andar se sentindo o fodão;
    Detesto quando suas atitudes vão em confronto com a tua fala;
    Detesto o jeito como se porta diante dos seus amigos;
    Detesto fortemente seu completo desdém;
    Detesto o seu desmazelo;
    Detesto o teu corte de cabelo;
    Detesto como consegue conquistar todo mundo;
    Detesto o seu caminhar como se o mundo estivesse do jeitinho que você quer;
    Detesto quando diz "foda-se" para toda e qualquer situação;
    Detesto o quanto é incrédulo quanto ao amor;
    Detesto as suas falsas convicções;
    Detesto quando você mente;
    Detesto quando me dá desculpa esfarrapadas;
    Detesto quando usa a ironia para discutir comigo;
    Detesto quando me fita e me deixa constrangida;
    Detesto quando teus olhos avelã penetram os meus;
    Detesto a minha tensão quando estou perto de ti;
    Detesto mais ainda quando me vê e me ignora;
    Detesto quando faz eu me sentir "um tanto faz";
    Detesto, sobretudo, quando me ignora, pois eu gosto da tua atenção;
    Detesto como sempre está com uma garota diferente… detesto tanto que sinto ânsia de vômito;
    Detesto o fato de você me fazer sentir ciúmes de alguém que não me pertence, nem mesmo um pouco;
    Detesto como mexe comigo a ponto de eu precisar me esforçar para te odiar;
    Detesto seu potencial para me distrair;
    Detesto o fato de acreditar que estou apaixonada por você;
    Detesto quando afirma que dentre garotas passageiras inexistiu alguém especial;
    Detesto com todas as forças o fato de sequer cogitar o meu "eu";
    Detesto quando me idealizam para você;
    Detesto ainda mais os comentários de que eu te suscitaria qualquer coisa próxima a "mudança";
    Detesto como sempre associam eu a você;
    Detesto ficar questionando para mim mesma o que os outros dizem;
    Detesto memorar a primeira vez que te vi;
    Detesto pensar naquele primeiro ano;
    Detesto principalmente reprisar e sentir uma mormente saudade;
    Detesto ficar imersa numa época em que acreditei vivenciar o meu "primeiro amor";
    Detesto assumir para mim mesma que esse amor era você;
    Detesto me ater a sua afirmação de que as suas borboletas no estômago existiam por mim;
    Detesto desejar uma nova faceta daquela paixão ingênua;
    Detesto enxergar que aquela conexão não há de voltar;
    Detesto como apesar dos pesares, depois de tudo, você me fez sentir especial novamente;
    Detesto com todas as forças o fato de que na verdade somente tomou o meu tempo;
    Detesto reconhecer que acreditei em meias verdades;
    Detesto ter acredito, ainda que por míseros instantes, após aquela noite tudo estaria bem;
    Detesto o fato de depois você ter mudado comigo radicalmente;
    Detesto sua bipolaridade, já falei isso?
    Detesto confessar que havia criado expectativas quanto a nós;
    Detesto afirmar que a alegria das minhas manhãs era te ver;
    Detesto a convicção da minha ilusão;
    Detesto estar tão na cara que não fiz isso sozinha, pois você colaborou fortemente para isso;
    Detesto reconhecer que não fui a única a sonhar e romantizar;
    Detesto a dúvida se também o fiz se decepcionar;
    Detesto te ver e ser incapaz de impedir que tudo torne à minha mente;
    Detesto olhar a estrada e ver o amor juvenil desaparecer;
    Detesto a sensação de ter pedido o eclipse, quem sabe, a álea que mudaria nossas vidas;
    Detesto poder apontar com precisão que perdemos o acontecimento do século;
    Detesto a minha intuição da sua cegueira, eis que não enxerga nada disso;
    Detesto a sua presença, que me impede de virar a página;
    Detesto como tudo desabou em dias;
    Detesto tu não ver os meus cortes;
    Detesto tu não mais se importar;
    Detesto me sentir incapaz de apagar tudo, como fez você;
    Detesto não entender os seus porquês;
    Detesto pensar naquela palavra "esquecer"; soa tão "você"
    Detesto me ver resumida a nada para você;
    Detesto assumir que imploro ao universo para te esquecer;
    Detesto exatamente esse agora, que apesar de vividas as memórias, já não me fazem sofrer;
    Detesto olhar o futuro e cogitar encontros;
    Detesto a hipótese de duas pessoas que não mais se conhecem com memórias em comum;
    Detesto agora desabafar num post-it, enquanto o que eu mais desejava era dizer diretamente a você;
    Detesto saber que jamais terei a oportunidade de esclarecer;
    Detesto recordar com fiducia o seu aviso de que não iria me permitir te confundir novamente;
    Detesto usar a frase com o intuito de suavizar o "estou me apaixonando novamente por você";
    Detesto esses temores bobos;
    Detesto a certeza de que este escrito jamais chegará a você;
    Detesto você sequer gostar de ler;
    Detesto como não se dá conta que eu o conheço melhor que até mesmo você;
    Detesto questionar maneiras de te remeter:
    Detesto antecipadamente sofrer com a ideia de ti amassá-lo sem mesmo ler;
    Detesto o contraste entre a minha alma escritora e o seu analfabetismo;
    Detesto este caso concreto fazer valer a máxima "o que não vira amor, vira poema";
    Detesto pensar em jamais isto publicar, com receio de ti não gostar;
    Detesto apontar a nossa história como a minha mais intensa e o mesmo não partir de você;
    Detesto ter enganado a mim mesma naquela noite;
    Detesto aquela noite marcar a minha vida, enquanto para ti foi um anoitecer qualquer;
    Detesto constatar o tempo que despendi nisso aqui;
    Detesto cada fantasia minha frustrada;
    Detesto a música solene daquele 28 de agosto;
    Detesto sentir saudade daquele agosto;
    Detesto o quanto ainda queima as memórias dos dias quentes;
    Detesto cada uma das controvérsias. Por falar em controvérsias, desde o princípio foi assim, por muito tempo acreditei que te amei, de uma forma que jamais imaginei;
    Detesto este amor em cem linhas.
  • [Roteiros] DETALHES

    14h16

    Acho que sim. Você disse que não corre atrás e que não irá implorar nada. Sei que faz quando vê um problema, mas, aparentemente, não vê problema em nada.
    [...]
    Vejo sim. Vejo um problema, mas não o mesmo que você.
    Simplesmente queria que se colocasse no meu lugar. Mas, nāo tenta fazer isso. Fica dizendo equivocadamente que eu nāo tenho o direito de me justificar ou de também estar chateada. Acho um absurdo. Só queria que visse o meu ponto de vista para entender que "eu tenho o direito sim" e não ficar como hipócrita na sua visão.
    A sua frustração é quanto a um ocorrido, qual eu ainda não entendi pois você se recusa a explicar; a minha, por vez, é com a sua forma de lidar com ela, o seu modo de agir quando diante de uma situação de incômodo. Você está agindo pensando no mérito e eu no processo.
    [...]
    Entendi. Sei que se trata disso. Quanto a minha forma de lidar, reconheço que me estresso, quero distância no momento e me recuso a falar a respeito, faço isso porque qualquer atitude/decisão minha no momento será influenciada pela emoção, acabo sendo imediatista e agindo de uma maneira que sempre me arrependo depois.
    O seu agir na emoção me afeta de um jeito que você nāo faz ideia e a minha frustração/irritação foi justamente por isso.
    Eu nāo sou assim, a gente é diferente nisso. Tento nāo ser imediatista, as coisas ditas em instantes ficam e a gente nāo apaga. Quando eu tomo uma decisāo é de verdade, pra valer. Por isso te perguntei e te disse "me fala quando tiver convicção". Por isso nenhuma vez eu disse qualquer coisa do tipo. Não sei se entende o peso de falar isso…
    [...]
    Compreendo perfeitamente. Mas, voltando ao cerne da questão, ao mérito, ao que me frustrou… você não se desculpou de nada, em momento algum, somente justificou tudo. Eu entendo e concordo com o que disse, mas eu não quero mais ouvir justificativas e argumentos.
    Não fui bom o suficiente pra você e acho que, talvez, nem você pra mim. Como você mesmo falou, não costuma "correr atrás", se é assim, por favor, não faça isso, minha decisão está tomada.
    [...]
    Não sei o que falar nessas horas. Ainda assim, já nāo importa.
    Eu fui de verdade. A todo instante, nāo menti ou camuflei nada. Fui sempre sincera.... desde o início, até mesmo no longo "meio-termo". Quero que saiba. Não comecei nada cogitando um fim, mas, as vezes é como aquela música da Cássia Eller " o 'pra sempre' sempre acaba".
    [...]
    Você sabe porque acabou.
    [...]
    Eu sei, pelo motivo que eu nāo queria que tivesse acabado.


    20h02

    [...]
    Isso está me torturando.. Vai me atender?
    [...]
    Por qual razão saiu e me deixou falando sozinha?
    Eu disse que tinha muito a falar, pois, depois que tanto implorei para pontuar, fui capaz de compreender seus motins (finalmente entendi ao que se referia ao falar em "detalhes") e você ainda insistiu em sair andando.
    [...]
    Você só diz o que eu não preciso ouvir.
    Sabe o que aconteceu e você parece não se dar conta? Hoje eu percebi, com decepção, que você não correria atrás de mim. Simplesmente parece que não se preocupa com a ideia de poder "me perder". Seria capaz de me deixar partir por uma simples desavença, por ser orgulhosa a ponto de não querer correr atrás e fazer eu ficar.
    Demonstrou que não faz "questão" de me manter na sua vida. Aliás, confesso, ver sua indiferença me matou.
    O papel que eu fiz hoje, você quem deveria ter feito. Eu quem estava frustrado e decepcionado, o que me levou a cogitar uma ruptura, literalmente fui atrás de você por ter dito aquilo a flor da pele, para "resolver" as coisas.
    [...]
    Eu faria, faria o mesmo. Se, desde ontem, soubesse exatamente do que se tratou o seu desconforto, como fui capaz de compreender hoje depois que se propôs a falar. Já disse, não leio mentes.
    Aliás, faço questão sim. Diferente de você, eu sequer colocaria a hipótese da gente terminar por causa de uma simples briguinha.
    [...]
    Você ficou argumentando, tentando se explicar de alguma forma para se isentar de qualquer sentimento de culpa, enquanto deveria ter ficado quieta nesse sentido e simplesmente tentado resolver as coisas, independente de seja lá o que for.
    De antemão, esclareço que, sequer se trata de um "problema". Você se expressou mal, creio eu. Não "errei". Isso sequer deveria ter tido condão para causar discussão.
    Meu bem, uma omissão minha que te fez sentir-se mal… deveria tranquilamente ter me dito, nas suas palavras, que: "eu gostaria que agisse assim, essas pequenas coisas que deixam confortável e demonstram - para mim - que estás comigo, me fará muito bem se passar a ser mais atenciosa nesses detalhes, por mim".
    [...]
    Mas, independente do cerne da situação, você me deixou partir. Algo que eu jamais esperaria. Aliás, ainda nem consigo digerir isso, fiquei incrédulo e por isso mais uma conversa.
    [...]
    Estávamos conversando e tentei explicar o meu agir diante de como vi a coisa. Você parece não perceber que eu não iria "correr atrás" diante de uma situação onde eu sequer constatei "problema" para justificar sua escolha de partida.
    [...]
    Eu vi indiferença da sua parte e me magoou muito. Não disse o que precisava dizer, o que eu precisava ouvir e, sobretudo, o que deveria ter dito. E tenho convicção de que sabe ao que me refiro.
    Isso aqui não era para estar acontecendo, estou praticamente te cobrando. Se você quisesse a minha presença, diria por espontânea vontade. Mas, pelo jeito, a ideia de ruptura não te suscita nada. Não te assombra.
    Como se não bastasse, depois de tudo o que foi dito, das coisas que eu queria ouvir após todo esse meu agir, ainda não ouvi ainda.
    [...]
    Há pouco tempo, eu jurava que você estava disposto por um ponto final no nosso vínculo e isso definitivamente não era o que eu queria. Mas, com tudo nebuloso, ainda ousei e falei: DECIDE e me diz uma coisa dessas somente quando tiver convicção, justamente para você repensar e prestar atenção no absurdo. Sabe, eu jamais imaginaria que diria o que disse. Confirmando uma escolha ruim.
    Eu nāo tinha como correr atrás. Aliás, eu jamais imaginaria que precisaria correr atrás pois eu não fazia ideia de que, diante de uma situaçāo mal interpretada e não esclarecida, você diria um adeus.
    [...]
    Essa conversa não vai dar em nada de novo. Não entraremos em um consenso. Sabe, como se não bastasse, constatei algo que me abalou. Vamos deixar a situação como está.
    Por fim, te peço desculpas por não ter tentado lidar com as situações de incômodo de uma forma melhor.


    22h45

    [...]
    Eu te peço desculpas, agora, por nāo agir do modo que você gostaria, um modo que eu poderia agir e não percebi (digo isso quanto aos detalhes). Aliás, me desculpa por ser "individual" em algumas coisas, sua frustração nesse sentido é, infelizmente, válida. Reconheci isso, percebi tudo sobre os detalhes depois que se propôs a pormenorizar.
    Eu já havia dito que agiria de acordo, por querer agir, por ver sentido em passar a agir assim. Agora, sei como são importantes, apesar de chamarmos de "detalhes".
    Peço desculpas também por nāo ser direta, sei que isso complica muito as coisas.
    Peço desculpas por colocar expectativa no seu agir e me frustrar com ele.
    [...]
    Pediu desculpas somente após ouvir as minhas pelo meu imediatismo cego. Pediu desculpas como se fosse por obrigação.
    Sinceramente, se eu nunca amei alguém antes, acredito que estou amando agora e não gosto de amar alguém. Dói e frustra. Não quero esse sentimento de amor.
    [...]
    Isso foi inesperado e cortante. Não queria te proporcionar isso. E, outra, você nāo é o único a ser afetado nessa história.
    Sobre desculpas, está equivocado. Eu mesma já te disse que um pedido de desculpas sem mudança é manipulação.
    [...]
    Quanto a minha dor, já tomei atitude a respeito. Você precisa me esquecer, o que eu acho que não é tão difícil, a ausência do seu agir quanto aos detalhes me leva a pensar assim.
    [...]
    Não tenho como esquecer ou parar de sentir tudo o que pulsa em mim de uma hora para outra.
    Qual atitude? Aquela decisāo anterior? Aquilo realmente é do seu desejo?
    Como assim, isso foi um "eu amo você"? Disse me amar e não gostar disso?
    Cacete. O primeiro "amo você" que ouvi, dessa forma de amor, foi pronunciado com pesar. Não faz ideia do quanto isso é decepcionante.
    Vejo que está decidido… Se é assim, quanto aquele texto, sobre o parágrafo final (que prometi te responder na hora certa), foi sincero. Sei que nāo mais te importa, mas, foi real.
    Isso explica muita coisa... o meio-termo que me submeti, mesmo sendo doloroso para mim, por causa do desdém e, ainda assim, eu estou aqui.

    [...]
    Um amor que só você sabe que existe? Que não me demonstra com atitudes? Um sentimento que eu não vejo? Um sentimento vomitado? Você me diz muitas palavras de amor, mas tenho a sensação de quem são da boca pra fora.
    [...]
    Eu tenho plena convicção do que sinto e é horrível te ver menosprezando algo que está em mim, algo puro e singelo que pulsa por você.
    Sabe, quanto às suas perguntas retóricas, eu também poderia fazê-las. Principalmente por você ter colocado a hipótese de ruptura, enquanto eu jamais faria uma coisa dessas.
    [...]
    Não conta isso que estou fazendo? Nem mesmo tudo o que já fiz até agora? Aliás,coisas que eu nunca fiz e jamais faria por nenhum outro alguém?


    00h05

    […]
    Tem mais alguma coisa a falar?
    [...]
    Só a ouvir...
    [...]
    Isso quer dizer que está me esperando dizer algo específico?
    [...]
    Talvez. Na realidade, se trata do que eu gostaria de ter ouvido há muito tempo. Mas, não sei, acho que já desencanei…
    [...]
    Entāo isso significa que independente da nossa conversa a sua decisāo é aquela?
    [...]
    Faça uma reprise de todo o acontecido, lembre das coisas ditas.
    Eu fiz e percebi coisas que eu e você dissemos e que nāo dissemos. E, sobretudo, nas coisas que eu falei.
    Aliás, aceito suas desculpas, ainda que você nāo reconheça as minhas.
    [...]
    Eu aceito as suas. Mesmo que eu não tenha sentido sinceridade.
    Como assim? Esteve repensando exatamente o que?
    [...]
    Como as pessoas são capazes de sentir e isso nāo estar ao alcance do outro.
    [...]
    Se refere a o que?
    Quando eu disse que sinto o mesmo que você, me falou que nāo percebia assim…
    [...]
    Não irei te enganar com uma mentira. Não há nada que eu possa fazer a respeito, pois se trata do que eu vejo e sinto.
    [...]
    A gente pode levantar infindas coisas para justificar o nāo crer no que o outro alega sentir.
    [...]
    Eu não vejo o seu sentir e se ele realmente existe, não me satisfaz.
    (...)
  • [Roteiros] ETERNO

    […]

    Estive refletindo todo esse portfólio. O nosso amor. Sabe no que tanto andei pensando? Que a gente deveria casar. E ter uma família, cachorro. Temos uma conexão surreal, gostamos muito um do outro. Não há desculpas ou o que se questionar. Já sei que a resposta é um sim, não precisa responder. Agora só falta marcar o dia… Pode ser hoje mesmo, ao anoitecer, no Recanto, assim que eu sair do trabalho. Fechou então, marcado.

    Vamos mesmo casar hoje, viu? Uma cerimônia a dois, simples e singela, vamos eternizar cada segundo entre o luar e o alvorecer.

    Está será a noite mais incrível dos nossos dias.

    Olha, juro para o Universo que não estou brincando. Você diz que eu sou louco, mas ainda não sabe o quanto. Te amo, meu Jacarandá.

    […]

    Está falando sério? Adorei o seu falar cheio de convicção. Convicto quanto a mim. Exatamente assim, não há que se ter dúvidas.

    Eu trocaria a eternidade por esta noite, como em “Relicário — Nando Reis”. Caso com você quando e onde quiser.

    Assim que te vi, topei uma vida com você e todos os frenesis que há de vir. Estamos entrelaçados. Ligados por todo o sempre.

    O destino me mostrou isso ainda no principio. Te contei, cedo, nas entrelinhas e você não se deu conta.

    Lembra quando nos conhecemos? A primeira vez que nos encontramos?

    Recordo fervorosamente cada detalhe. A primeira vez que senti o seu toque, o teu cheiro, o teu olhar… A primeira vez que ouvi o teu timbre. O nosso abraço sob a densa chuva.

    As águas de março fechavam o verão e naquele dia eu tomei o banho de chuva mais gostoso da minha vida. Sobretudo, me vi no envolto corporal que estranhamente me arrepiou dos pés à cabeça.

    Somente quando diante do seu olhar eu compreendi tudo. Se tratava daquilo… a chuva.

    Quando do nosso primeiro beijo, a chuva também estava lá. Marcando o principio do relicário imenso desse amor.

    Em algum lugar no tempo ouvi dizer, e acredito com veemência, que as coisas que se iniciam com a chuva são eternas. Nos transformam. Mudam a nós mesmos radicalmente. É um sinal de que estamos alinhados ao nosso destino. São instantes atemporal.

    Sabe, tenho essa sensação… de que o “eu e você”, de algum modo, sempre esteve escrito. Não sei explicar, só sinto.

    […]

    Mulher, você é fantástica. Confesso, tive receio de que julgasse bobo, precipitado e mal desse ouvidos. As estações correm e nós permanecermos a agir como no principio. Não há que se esperar nada se tratando de nós dois. Não passamos vontade. Não importa como, quando ou onde. Gosto disso na gente.

    […]

    Óbvio que foi inesperado. Sem mais nem menos, de um instante a outro. Aliás, diante de tudo isso aqui, inequívoco que eu seria incapaz de dizer um “não”.

    Se trata de você, meu bem. O homem que tem nas mãos o meu choro de mulher, que tem o meu ver, o meu olhar e o que quiser.

    Eu toparia casar com você até mesmo se a proposta for fazendo juras de mindinho. O casamento, ao meu ver, não é institucional e sim simbólico.

    […]

    Você tem um potencial para me dizer coisas tão lindas que eu fico perdido sem saber o que responder. Como se nada do que eu dissesse fosse capaz de expressar tudo o que eu sinto.

    […]

    Não precisa me dizer nada. O seu olhar, o seu toque, me diz o Universo e o mundo. A sua linguagem do amor é diferente da minha. Eu não preciso de palavras de afirmação para reconhecer o que você sente.

    Você não precisa usar comparações, canções ou palavras bonitas para me fazer sentir amada. Basta palavras sinceras. Apenas.

    Gosto dessas nossas conversas. São lindas. Parece até mesmo que estamos seguindo uma espécie de roteiro, escrito por um alucinado que idealiza o amor.

    […]

    Eu jamais havia imaginado estar vivendo isso aqui. Esse “agora”, com você. Quando te conheci, não imaginei que seria a mulher com quem dividiria a minha vida. Na realidade, sempre te achei tão dona de si que parecia loucura cogitar qualquer envolvimento contigo. Você é um Universo de qualidades.

    Não sei o que em mim tanto te cativa.

    […]

    Sinto em dizer que não sei te responder. É um mistério. Eu mesma me questiono isso. O que faz você, ser você. Há algo, sei que há. Algo imenso.

    Posso apontar a dedo cada detalhe seu, pinta, marca, riso, jeitos e andados. É um conglomerado de coisas que te faz único. Fico imersa nos seus detalhes.

    Não precisa de muito. É justamente por ser tratar de você.

    Não sei explicar, desde o início, ainda que você e qualquer outro alguém agisssem exatamente da mesmíssima forma, eu sempre fui atingida ao máximo por você.

    O sorriso que enaltece o meu dia. O colo que eu deito e descanso. O olhar que despertar o meu lado devasso.

    Não percebe? Eu amo você. Você. Todo o conjunto do seu eu, cada partezinha.

    […]

    O que eu sinto por ti é desmedido a ponto de ser misterioso. Até mesmo mais que o céu, o luar e as estrelas. Eu sei exatamente o que torna você, você. Cada uma das coisas que me faz transbordar.

    […]

    Sabia que sou fascinada nessa coisa? Planetas, estrelas, anéis… Gostei dessa comparação com os astros. Pode ter certeza que irá encontrá-la em algum dos meus textos. Eles são cheios de você.

    […]

    Então, escolhi a noite certa. Um evento celestial para marcar mais um epílogo. A noite de glória para Vênus, seu ápice. Iremos contemplar o extremo de seu brilho sobrecarregar as Plêiades, da constelação de Touro.

    Aliás, por falar em astros, recorda a primeira música que cantei para ti? “Mecânica Celeste Aplicada — Yoñlu”. Tudo quanto a nós está repleto de pequenas coincidências. Sempre estamos diante da “sincronicidade” que você tanto fala.

    […]

    Espero não estar sonhando, delirando ou em devaneios. Você sempre me surpreende e cada vez de uma forma mais esplêndida. Se eu pudesse, nos fazia eternos.

    […]

    Vamos estagnar o tempo. Eu te farei eterna, em mim. Exatamente como em “As Coisas Tão Mais Lindas — Nando Reis”. Dias, semanas, meses, anos décadas e séculos, milênios vão passar e viveremos por todo o sempre, eternamente, no templo que construímos um no outro.

    […]

    Me sinto grata por você ser o alvo de toda a minha doação e entrega. É um prazer ser você a ter nas mãos o meu sentir e cada fresta do meu corpo. Eu amo a forma como me tem, como me toca (em sentido amplo).

    […]

    O prazer é mútuo. Sei o quanto adora ser chamada de “Vênus”. Mas, você não se dá conta que ser uma deusa, se tratando de ti, ainda é pouco. Você é um Universo inteiro. Aliás, o mais lindo que poderia existir. Tanta força, beleza e intensidade em uma única mulher. Você é expansão.

    […]

    Obrigada, meu bem.

    […]

    Eu quem sou grato. Terei a honra de casar com você. Aliás, venho matutando isso há dias consideráveis. Te comprei um vestido bem antes disso, por de imediato memorar você.

    Fica tranquila, não é branco e muito menos “de casamento”. Sei o que pensa a respeito. Sabe, Ele é do tecido e com os tipos de detalhes que você gosta. Quanto a cor, estampa e tudo mais, não sei dizer. Ele é a linha tênue entre o luar e o alvorecer.

    […]

    Perfeito.

    […]

    Sabe, adoro isso na gente… como nos tratamos. O imenso respeito. A cautela, cuidado e zelo um com o outro. O nosso amor puro. Nesta noite, vamos materializar não apenas simbolicamente. Te fiz algo. Também te escrevi outra música. Bom, seria surpresa, mas eu fico nervoso nesses instantes.

    […]

    Tenho certeza que irei amar.

    Está aí mais uma coincidência. Finalmente finalizei aquele capitulo. Eu escrevi todo o nosso enredo. Cada texto é pautado em um momento. São escritos repleto de frases, cores e falas dos nossos dias. Pormenorizei os nosso detalhes. Espero que goste da minha dedicatória, o primeiro exemplar será seu. Bom, seria surpresa, mas não me contive.

    […]

    Nas ultimas semanas, reconheci o seu jeito e andando diferente. A mudança do seu semblante. Acredito que se tratava disso. Eu tenho convicção que irei me desmanchar com cada palavra.

    […]

    Se trata não somente, mas também disso…

    […]

    Olha, a semana corria e muitos momentos pensei em “arrancar” algo de você, mas não tentei. Você pode ser boa em muitas coisas, mas não sabe disfarçar. Dissimular não é uma característica sua. Eu sinto que tem algo mais.

    […]

    Confesso que já fui melhor nisso. Te mostrei cada uma das minhas versões. No inicio de tudo isso, sobretudo, naquele 29 de fevereiro, eu te era um enigma. Hoje, me conhece tão profundamente que facilmente me decifra.

    […]

    Dona do meu pensamento, cogito algo. Aliás, que eu desejo fervorosamente que seja. Me diz, por favor, que não estou equivocado. Fala de boca cheia e com todas as letras que o nosso vinculo eterno já foi materializado.

    […]

    Se trata disso. Carrego o nosso vínculo eterno em meu ventre.

    Janaina Couto ©
    [Publicado — 2020]

    @janacoutoj

  • [Roteiros] RECEIO

    [Roteiros] RECEIO
     
     — Jamais. Vou me atentar a tudo o que você expôs e o que eu mesmo reconheci e prometi a respeito. E, você sabe o que eu sinto por você. Pode não ver ou sentir, por eu não demonstrar. Estou muito consciente quanto a isso. Mas, não é possível que não tenha se dado conta de que você está sendo a melhor pessoa que eu pude conhecer. Você é a minha dádiva.
    Se leu o meu texto, sabe o que eu penso.
     — Eu li e reli uma centena de vezes. Eu amo você, meu Jacarandá. Talvez, a única mulher que sou capaz de amar. Apesar dos pesares.
     Frase minha…
     — Minha agora.
     Eu sei. Ou acho que sei. A minha única certeza é quanto ao meu imenso sentir. Você é o motim de todo ele. É insano a minha sede do seu eu”. Sinto que absolutamente nada será capaz de me dissociar de você. A comistão ocorreu e, felizmente, não há nada que possamos fazer.
     — Diz que sabe… Diz que sabe que eu amo você.
    Espero que nós dois nunca magoemos ou decepcionemos um ao outro para algo bonito nāo se tornar lindamente horrível.
    Pois, tenho plena convicção que na hipótese, eu, ainda que não mais goste de você, jamais deixarei de te amar. Isso vai me dilacerar de todas as formas, esfarelar o meu sentir e sei que levarei comigo por todo o sempre cada uma das migalhas.
     — Fico boquiaberto com cada palavra sua. Independente do que aconteça entre nós, sei a imensidão de tudo isso… que você realmente gosta de mim e de mais ninguém. Jamais serei hipócrita ao ponto de jogar fora.
    Nós somos pessoas, meu bem. Sobretudo, muito diferentes. Se é preciso ter cautela e cuidado consigo e com o que causamos no outro. Eu mesma tenho medo de fazer mal para você, de qualquer forma, … emocionalmente, psicologicamente. E, se esse desatino um dia acontecer, jamais me perdoarei. 
     — Eu também… apesar dos pesares. Me sinto péssimo quando me diz essas coisas. Fico imerso nesse contexto. Não entendendo como sou capaz de afetar você de diversas formas, com minhas omissões e posições. Aliás, sei que essa sensação é recíproca da sua parte. O nosso amor é lindamente doentio.
    Sim. Espero, com todas as minhas forças, que as coisas que foram ditas após o episódio quente diante do enorme Cinamomo não sejam por ti ignoradas. Sabe, para o meu bem e consequentemente, o nosso. Eu mergulho, chego ao âmago e você parece não ter qualquer noção quanto as profundezas. Para existir um relacionamento amoroso entre nós, eu preciso que você se atente, assim como eu sei que preciso em alguns pontos.
     — Sim. Eu sei disso. Fica tranquila. Inequívoco que nada é proposital. Jamais me perdoaria por machucar você. Sou incapaz desejar, planejar ou cogitar tamanha atrocidade. Sabe, a mudança não será efêmera, mas prometo tentar. Não quero te afastar de mim, aliás, isso sequer é possível… somos uma linda comistão, lembra?
    Não me interprete mal, foi porque noite passada me vi precisando avisar a presença de uma coisa que outrora você havia dito que iria se atentar e tentar evitar.
     — Sabe, me vejo abraçando você, te beijando e presenteando com uma rosa, mas que está dotada de espinhos quais eu sequer os vi ou senti. Até que, de um instante a outro, você se espeta. O seu sorriso se esvai, o seu olhar fica trêmulo e fixos aos meus. Exato momento que te vejo sangrar e me desespero. A culpa permeia o meu corpo sou dilacerado por ver que, ainda sem ter querer culpa, te causei dor…enquanto na realidade o que eu desejava era tão somente proteger, cuidar e amar o meu universo, a minha mulher.
    Não vou negar, vejo isso. Somente frisei aquilo por ter receio de que você entenda todo o epílogo desde o desabafo no Cinamomo como um “Ela nāo se importou. Fez uma cena. Nāo consegue ir”.
     — Não. Não penso isso de você.
    Me vejo voltando atrás numa decisāo e isso é incomum, se tratando de mim. Nāo descarta as coisas que eu te falei. Um pedido de desculpa ou uma promessa sem mudanças é manipulação, leva isso pra vida. Prometo ser cautelosa com você.
     — Adivinha o que estou ouvindo?
    Não faço ideia, meu bem. Vou voltar a dormir… levantei para falar contigo antes de você ir trabalhar e estou acordada desde entāo.
    Vamos ver até quando isso vai durar. Estou ouvindo a música que define você, para mim. Você segue o nosso pacto à risca, se faz “nua e crua” para mim e a canção retrata isso. Retrata a grandeza de uma mulher, de imediato penso no meu universo. Você. Ela é, sobretudo, linda como você. “É Você Que Tem — Mallu Magalhães”. 
    Irei ouvi-la agora. Não pausa, okay? Colocarei os meus fones, ouviremos juntos. Olha, se depender de mim, essa rotina vai perdurar por todo o sempre. Em cada um dos nossos dias.
     — Você é surreal.
    Sabe o que também é surreal? Enquanto qualquer coisa é motivo para você nāo querer falar comigo, eu suprimo minhas horas de sono para ter o prazer em falar com você antes do incio do amanhecer.
     — Não diz isso…
    A verdade é dura de se ouvir…
     —Eu amo você.
    Meu mais insano e desmedido amor, se atenta aos detalhes, vamos fugir da mácula. Eu amo você, meu Tigre Malaio.
  • * Prazeres "quase" eternos

    Nos refletores, cores variadas explodindo em feixes de luzes ricocheteando os globos espelhados posicionados estrategicamente no alto do salão, infundia em cada um dos presentes, um misto de sensação cada vez mais agitado, frenético, dançante e prazeroso no expressar já movimentado dos pés sobre a pista de dança. “Que tanto de gata! Vamos praticar os passinhos? Marcos Hayashi era impulsionado pelos amigos em provocações já imersas e sequestradas pelo ritmo das músicas, vibrando neles, pensamentos, atitudes e comportamentos mais ousados que em um dia normal. “ Putz! Há tantos anos frequento esse espaço e nunca encontrei alguém que realmente valesse a pena!” Com o olhar viajando pelo ambiente, ele suspirava silencioso entre um e outro ressentimento, copo de cerveja à mão, acompanhando apenas com os olhos o grupo incompleto se enfileirando no centro, iniciando os passos exaustivamente praticados no fundo do galpão da fábrica. Conforme a música se desenvolvia e a provocação do ritmo abastecia a eletricidade dos corpos, a galera ao redor ficava cada vez mais agitada com gritos perenes, excitada pelos movimentos frenéticos de pés, mãos, troncos e cabeças metodicamente sincronizados entre os eles, perfeitamente expressando rostos já corroborados de sentimentos de aprovação por causa dos aplausos que recebiam. “ Galera, hoje não irei participar! Marcos sorria um sorriso desanimado partindo solitário para o segundo piso, após ter negado o convite quase obrigatório de estar ali, juntamente com eles, participando da coreografia que a alguns anos o clã  utilizava como “isca” para “pescar” novas garotas. Subindo as escadas, a alma tateando aqui e ali através de olhares trocados, contraditoriamente ele adentrou a sala reservada aos namorados, e como todas às vezes que se sentia entediado, caminhou lentamente atravessando o corredor sobrepujando uma parede esverdeada, onde após a grossa coluna de concreto, alguns banquinhos isolados construíam uma aura maior de privacidade no ambiente. Já sentado, o líquido embriagante sobre a mesa ao lado de um maço de cigarros amarrotado, ele ficava ali, o olhar perdido no horizonte dos sons, das cores e dos corpos agitados de desejo lutando contra a ansiedade e o receio de “porventura” voltarem desacompanhados após a farra.
    Como nas noites que velhos sentimentos voltava a atormentá-lo, ele retirou o pequeno livreto do bolso, capa azul de camurça, onde estava escrito em letras desgastadas e douradas o título: MAKTUB (Está escrito!) Com o rosto mergulhado vasculhava página por página, a fumaça do cigarro insistindo adentrar as pálpebras mas impedida pelo piscar frenético dos olhos, seu dedo finalmente encontrou a dobradura no cantinho que denunciava o papel amarrotado, sujo e amarelado pelas constantes releituras das letras. “O pior pecado do mundo é o arrependimento” Lia e relia em voz alta a frase que a tantos anos exercitava os músculos da língua e da mente, entremeando os pensamentos, devorando horas de suas horas por busca de significados diferenciados entre os inúmeros que se pôs a refletir em algum canto do apartamento. “Não acredito que estou vendo você aqui!” Era uma voz feminina e sensual, reconhecida no desabrochar da infância até a puberdade precoce, que acompanhou o Marcos menino nas ruas, nas praças, nas lanchonetes, na escola e em cada cantinho de casa quando imprudentemente esquecidos ali por ambos os pais. “ Linda Harumi! ” Em um sobressalto, os olhos não podendo esconder o impacto daquela presença, ele ficou vislumbrado com a beleza que agora encorpava a menina manhosa, delicada em gestos e nos protestos, a raquítica especial que insistia a tantos anos estimular antigas lembranças, povoar suas memórias, sempre o incomodando em desejos impossíveis de serem esquecidos. “ Há quanto tempo você está no Japão?” Já sentada e o encarando, Linda perguntava curiosidades ouvindo atentamente não mais se atendo a fisionomia do rosto dele, nem incomodada pelos olhares à volta a devorando de cima a baixo, mas no movimentar contínuo e singelo daqueles doces lábios que, na adolescência, tanto deliciou em beijar. “Estou à três anos no Japão! E você?”  Marcos respondia suas perguntas com o semblante amendoado e carinhoso, lutando com os olhos na verdade, mas não conseguindo se desvencilhar das curvas, das formas, da silhueta formosa ainda que na penumbra do ambiente levemente já esbranquiçado pela fumaça branca liberando um odor agradável que subia dos motores elétricos posicionados nos quatro cantos da pista de dança.
    Como água represada à anos, ambos assim ficaram, os olhos dele encarando sutilmente os olhos dela, ela tateando resquícios de percepções diversos nele, mas ambos simultaneamente impulsionados a encontrar nos diálogos; um sentimento comum impregnando as palavras, ladeando o pausar das resposta involuntárias, ou suspenso em algum movimento inconsciente que porventura denunciasse em gestos, em olhares, em suspiros inaudíveis que eles ainda se desejavam. “ Cheguei à três meses... é tudo tão diferente…  não sei se vou conseguir me acostumar!” Buscando refúgio no calor corporal que, paulatinamente se alastrava para a singeleza do rosto, Linda Harumi intercalava sorrisos com desvios de olhar, e ele, devolvia o sorriso envelopando com eles, promessas protetoras de alguém um pouco mais acostumado com toda aquela loucura, com todos aqueles trejeitos, com todas aquelas esquisitices de país de 1º mundo.  Finalmente chegava a pausa de descanso do DJ que, com as mãos doloridas, posicionou um LP enquanto os casais apaixonados iam se formando aos pares. “Se precisar de alguma coisa, pode contar comigo...” Ele se levantou da mesa, e estendendo carinhosamente a mão em sua direção, a convidou para descer até a pista de dança ao som romântico de Mariah Carey...
    “You look into my eyes
    And I get emotional inside
    I know it's crazy but
    You still can touch my heart
    And after all this time
    You'd think that I
    I wouldn't feel the same
    But time melts into nothing
    And nothing's change…”

    Já abraçados, as mãos de Linda suavizadas sobre os ombros seus ombros e as deles circundando firmemente sua cintura, por um momento ou pelo tempo que durou a música, toda uma torrente de sentimentos acumulados e represados ao longos dos anos passados, arrebataram suas almas: vieram as lembranças das promessas joviais expressas em beijos singelos e demorados, das fugas entremeio as festinhas que aconteciam na vizinhança, as travessuras, os receios, e a intranquilidade pelo possível flagra ao pé da porta que avultam ainda mais em sentimentos sinceros, crescentes, genuínos, se apossando cada vez mais do coraçãozinho de ambos na pré-adolescência. “Nunca consegui te esquecer!” Marcos proferia confissões acaloradas ao pé do seu ouvido, a respiração de ambos ficando acelerada, diminuindo cada vez mais o espaço entre os corpos no apertar dos abraços não tão sutis, seduzidos cada vez mais pelas passagens românticas da música. “ Ah Marcos… eu também não … “ Ela respondia os gracejos já se sentindo segura nas palavras, o queixo angelical repousado sobre o ombro dele, deixando a doce fragrância do perfume nos cabelos embriagar cada vez mais o olfato do recém amor reencontrado. “ Parece que foi ontem....”  Refletiam no conforto do próprio silêncio, os passos alternados; dois para lá, dois passos para cá, e a canção anestesiando os corpos da tensão do dia, adocicando pensamentos diversos, enternurando emoções antigas, revirando no fundo do baú dos sentimentos até encontrar o ‘’amor descontinuado’” ainda fibrilando pulsões, latejando sensações, emergindo na epiderme do ser resquícios do prazer de uma vida a dois interrompida, impossível agora, pela força do destino ou pelo acaso do reencontro de almas que se procuravam, permanecer vivo somente nas lembranças.
    “Não vai nos apresentar ?” Logo ao final do repertório romântico, os amigos se aproximaram expressando arfadas, suspiros e golfadas de ar intercaladas, provocando ciúmes ao colega que, diante daquela beldade, o julgava um cara sortudo. “Essa é a Linda!" Apresentava a acompanhante ao seleto grupo de amigos em círculo, desejando naquele espaço de tempo ter dito “meu amor” ao invés de “minha amiga”, dando-lhe um beijo singelo na bochecha, enquanto permitiu que ela fosse fuzilada por perguntas vindas de todo o grupo. Ela respondeu todas as perguntas buscando sempre apoio na presença ao seu lado, as palavras entrecortadas por gestos, por olhares, por suspiros acompanhados de uma entonação amanteigada na voz, e a todo momento direcionando o olhar para aquele que a abraçava. “ Vamos reunir a galera amanhã na estação. Você vem?” Convidaram. “Não vou dar certeza pessoal... Eu e a Linda acabamos de nos reencontrar e talvez tenhamos outros planos para amanhã...” Franzindo os olhos, Marcos a encarava com ternura em rabos de olhos desconfiados, receoso por ter ultrapassado por assim dizer, algum limite dela, na resposta espontânea que deu ao amigo. No relógio central localizado no alto do chafariz da praça principal, bateram duas horas da manhã quando todos se despediram em frente da casa noturna denominada B’One com o frio cortando porta afora, cada um seguiu esgotados e satisfeito em passos apressados na direção do ponto de ônibus. “Aonde te deixo?” Marcos Hayashi perguntava já sentindo saudades, conduzindo-a rumo à estação do metrô subterrâneo enquanto Linda Harumi momentaneamente muda, sorriu envergonhada, com o rosto mais corado que o normal. “Me leva pra sua casa?” Ressabiada e com os olhos miúdos enterrados em sua direção, como uma cadelinha sem dono ela apertou ainda mais o braço encadeado ao seu. Por um instante de momento, com a mente de Marcos  sendo pega desprevenida viajando em devaneios passados, ficou mudo.  “Se você quiser é claro...” Ela reforçou o auto convite com a face insegura e envergonhada,respeitando as próprias pausas respiratórias do ar gelado adentrando as narinas, concentrando o seu olhar a partir dali, nas leituras de uma "aura" agora desperta, emitindo paulatinamente um brilho mais incandescente que antes.
    Após apearem do táxi, ambas as mãos roçando a pele em toques singelos, finalmente seus dedos se entrelaçaram. “Nem em mil anos poderia ter imaginado reencontrá-la...” Marcos Hayashi comemorava em silêncio, a respiração ficando ofegante, e a imaginação a mil enquanto conduzia com doçura Linda Harumi já na entrada do pátio. “Cuidado com o degrau princesa!” Advertia carinhoso, controlando em pausas a excitação se avolumando na mente, enquanto admirava de rabo de olho a silhueta formosa revelada na penumbra da noite. “ Haha! Princesa? Nossa! Estou adorando esse seu tratamento VIP!” Ela subia lentamente cadenciando os passos, a lanterna do celular Iluminando o caminho, enquanto se esforçava para apaziguar o vestido florido, rebelde ao corpo, totalmente agitado com as rajadas de ventos vindo em ambas as direções. Dentro do apartamento N° 404, já protegidos da tortura congelante que ficara de fora, em um impulso logo eles se aqueciam abraçados. “Precisamos de um banho!” Linda se antecipou em falar, para logo em seguida, às pressas, corrigir o possível mal entendido sublimado nas próprias palavras: “ Quero dizer que eu preciso tomar um banho…” Energias inocentes estas, entremeando suas falas, passando a vibrar insinuações sensualmente mais provocantes na libido de ambos. “ Sim, claro! Vou pegar um roupão para você…” Suspirou.
    Foi uma “puta grosseira” de um prostíbulo localizado no centro de uma cidade chamada Omya que anos atrás “roubara” a virgindade do inexperiente Marcos. Entre as “estocadas inseguras” ora ela folheava uma revista, outrora retocava a maquiagem borrada, mas sempre e compulsivamente recontando o dinheiro adquirido que escondia entre cobertores inundados de suor. Com as pernas arregaçadas, recebendo as idas e vindas frenéticas que estremeciam toda a extensão do seu corpo judiado, ela não se esforçava para esconder a má vontade do “ fazer ” expressado nos suspiros tediosos que bufava, nos olhares indiferentes carregados de desprezo, e principalmente na falta de educação que denunciava o cansaço da “ labuta exagerada ” que mulher alguma nunca deveria se acostumar. Dentro de uma cabine 3x1 mal iluminada, com homens e alguns jovens atrás da porta em fila ansiosos para adentrar, foi que Marcos Hayashi aos 16 anos de idade iniciava a traumática vida sexual que, dali pra frente, viciava sua carne, mas violentava inevitavelmente a sua alma. Agora Linda Harumi estava ali: lindamente provocante, insinuante em gestos inconscientemente diretos, arrebatada por desejos de compartilhar com ele, o abecedário completo do prazer quando é deliciosamente conjugados nos verbos: dar e receber amor. Mas Marcos respirando resquícios dessas mesmas frustrações passadas, instintivamente se fez de desentendido, corou nervoso, e insinuando à tarefas esquecidas, ele desprezou momentaneamente os clamores desesperados da sua faminta carne. “ Está com fome? Que acha de eu preparar um lámen pra nós!” Dizia partindo para a cozinha, lhe entregando um roupão amarelo, enquanto Linda envergonhada pelas recentes falas, fechava a porta do banheiro confusa. “Fiz besteira… como você é oferecida garota!" O quê ele vai pensar de mim?” Ela naufragava em perguntas confusas, tirando a roupa vagarosamente, e em paralelo, procurando defeitos em frente a um espelho que revelava seu físico, mas não as angústias brotando da sua alma. “ Burra, burra, burra...” Balançada pelas próprias condenações, ela achava repouso apenas na batida quente das águas que, inundando suas costas, descia suavemente ladeando e abrangendo as curvas acentuadas das nádegas.
    Na cozinha, segurando uma faca afiada na mão, Marcos Hayashi preparava entre um suspiro e outro, os ingredientes que comporiam o preparo do alimento à base de massa: o kombu, o niboshi, ossos de carne, shitake e um pouco de cebola. Mantinha o pé segurando a porta da geladeira entreaberta para alcançar com a mão um par de ovos mexidos que quando quebrados, caiam na água fervente, diluindo e empedrando ao mesmo tempo. “ Que vontade de estar lá, tomando um banho quentinho, agarradinho com ela... ” Dizia degustando os pensamentos vindos do demoniozinho sibilando em seus ouvidos, os seus olhos revirados ao teto, já sentindo no corpo as velhas tremuras do prazer.

    “Mas ela não é como as outras que eu  comi...” Deu o veredicto final, se concentrando no tempero, despejando as verduras picadas na panela enquanto o macarrão duro amolecia aos poucos, no compasso das mexidas da colher de pau. O cheiro do lámen proporcionado nos vapores que subiam em espiral até o teto, seguia o fluxo do ar sorrateiro que entrando pela abertura da janela da sala, alcançava e engolia todos os ambientes do apartamento. “Que cheiro delicioso! ” De repente, Linda, a passos lentos, com o roupão grudado a um corpo jorrando vapor pelos ares, despontou silenciosa na porta da cozinha, e encostando no portal contemplava-o enquanto penteava com os dedos seus longos cabelos umedecidos. 

    Sobre a mesa, os tchawans esperavam virados de cabeça pra baixo bem ao lado dos hashis de madeira recém tirados de uma embalagem. Para acompanhar o preparo; shoyu, pimenta e um pouquinho de kurikake que era jogado sobre o arroz cozido sem um pingo de sal. “ Linda, use o meu quarto para se trocar! ” No quarto, já sentada sobre a cama, Linda Harumi vasculhava com olhos nervosos resquícios que porventura indicassem alguma pista, alguma mancha, cheiro ou algo que confirmasse que alguma presença feminina havia passado por ali. Não encontrou nada. Apenas fixado nas paredes, três pôsteres de tamanho 2x1 “embelezavam” o ambiente pouco iluminado, gerando um frenesi louco de imagens retiradas de revistas hentais (pornô). Em cada cenário, mulheres nuas em  poses extravagantes e sensuais, revelavam as próprias “curvas” sem nenhum pudor. Por exemplo, na parede frontal, estampado estava a imagem de uma loira estonteante: só de biquíni e agachada de costas, ela segurava uma bola de basquete, glúteos quase ao chão, o rosto virado pra trás oferecendo um sorriso lindo carregado de provocação. Na parede lateral à esquerda, bem ao lado de uma estante montada de ferro encaixáveis, o segundo quadro apresentava uma morena escultural em meio à mata: sentada sobre uma grande pedra, as pernas entreabertas, o dedo indicador da mão esquerda passeando os lábios volumosos em um olhar inocente, subliminarmente convidativo ao prazer. À vista ficavam os seios fartos, as coxas grossas, a barriga bronzeada, e o sexo totalmente à mostra, sendo ladeado carinhosamente pela pontinha dos dedos da mão direita. Por último era a ruiva emoldurada no cantinho especial do quarto, por cima de uma escrivaninha coberta por livros e algumas revistas de sacanagem organizadas metodicamente em fileiras que faziam divisa com um porta canetas de aço. A terceira beldade estava suspensa sobre uma máquina de escrever antiga que, há alguns anos, Marcos Hayashi vinha dedilhando alguns poemas apaixonados. “Assim você acaba comigo guria!” Era exatamente assim que ele em seus devaneios frequentes, repetia sua confissão sem se cansar, sozinho no banho ou debruçado sobre a cama, devorando a imagem nua com olhos famintos enquanto arregaçava o “membro endurecido” salivando de desejo, saltitante na palma da mão. “ Nem consigo trabalhar amanhã ” Desejava-a com a boca, os pensamentos soltos e encravados em cada pedacinho do corpo dela: nos lábios carnudos insinuantes no movimentar da língua aos beiços, nos seios fartos carregados de uma volúpia descomunal que refletindo o rosado dos bicos pontudos expressava ainda mais a brancura da pele sedosa, na bunda redondinha, formosa em formas, empinando convites a deliciosas cavalgadas aceleradas, e por fim, na cerejinha do bolo, o gran finale, representado pelo sexo depilado, acentuado pelas marcas de um biquíni ausente, deliciosamente pronto para ser consumido a exaustão. Gemendo sempre baixinho acompanhando o movimentar frenético do vai e vem dos dedos cerrados, ele não deixava que nada passasse despercebido à sua mente, sempre voraz a tudo que, dependendo da quantidade dos pixels da imagem estática, pudesse ser deliciado.
    Deslumbrada com a beleza das imagens, no entanto visivelmente perturbada com a rivalidade que elas representavam, Linda Harumi ficou por um breve espaço de tempo às encarando de frente; o olhar empoderando, a respiração firme e pausada na postura ereta do corpo que anunciava ali, algum tipo de futura batalha. “O reinado de vocês, suas piranhas, acaba aqui!” Dizia em falas esquizofrênicas, relaxando os ombros e as costas, sentindo-se mais leve, mais segura e liberta nas recentes palavras que expurgaram algum tipo de mal inconsciente. Em seguida, após vestir um moletom acinzentado, procurou na gaveta inferior da cômoda alguma meia que pudesse calçar. “Será que é o diário dele?” Lina Harumi manuseava um caderninho capa de couro, cor vinho envelhecido, com o tempo de uso já considerável, sem anotações externas que denunciassem algum tipo de função. Abri-lo sem ser descoberta era impossível. Trancado pelas bordas, um pequeno cadeado dourado garantia que o conteúdo das páginas, seja lá o que for que estivesse escrito, ficasse totalmente inviolável, definitivamente inacessível a olhares curiosos. 

    “ O lámen está pronto... ” Sobre a mesa, com os olhares timidamente trocados, eles se sentaram lado a lado, talheres à mão, servindo da panela à frente, deliciosa e convidativa aos olhos no saciar da fome acumulada, expressada nos roncos sugestivos do estômago que horas atrás vinha reclamando como cachorro louco. Dizendo “Oishi!” em japonês, Linda agradecia a Marcos Hayashi com a boca cheia do macarrão, ora suspenso sobre as duas ferpas do hashi que, enfiado entremeio aos fios, lutava para manter-se firme e ancorado aos dedos. “Vamos ouvir uma música?” Retirando o CD da Roxette do estojo, Marcos o encaixou cuidadosamente no compartimento do aparelho eletrônico, girando o botão do volume até que a canção Listen To Your Heart, já audível em som ambiente, começasse a tocar:

    “I know there's something in the wake of your smile
    I get a notion from the look in your eyes, yea
    You've built a love but that love falls apart
    Your little piece of heaven turns too dark…”

    Finalizado o jantar, eles se sentaram na sacada do apartamento. Com o coração mais acelerado, a respiração ofegante em ciclos se alternava de acordo com a temperatura no interior do edredom enroscado em ambos os corpos à convites de contatos mais aflorados. “A lua é linda!” Ouvia-o dizer poemas ao pé do ouvido, aveludando as palavras, e com o olhar amoroso, Marcos ajustava o tom da voz na altura perfeita que não atrapalhasse a melodia de amor que continuava entoando vibrações carregadas de candura a partir do aparelho na sala.

     “ Eu a perdi uma vez…” Marcos ditava promessas que insistia que iria cuprir a ela, o seu olhar ficando sério, apertando seguidas vezes um chumaço do edredom felpudo que ia reduzindo cada vez mais o espaço entre os dois corpos se ardendo de desejo no resvalar nada sutil dos toques eletrizados. “Ah mas éramos apenas dois jovens apaixonados...  Enroscada ao seu peito e com a ponta dos dedos, Linda identificou uma estrelinha sob a lua, reluzindo seus raios cintilantes na penumbra da noite. “ Vamos compensar agora, né princesa ? Ao ouvir a energia vibrando destas doces palavras, Linda Harumi duplicou o sorriso espaçando ainda mais o espaço entre os lábios, agasalhando no coração de mulher sensibilizada com o cenário, as doces seguras palavras recém-ouvidas ao pé do ouvido. “ Podemos sim e vamos! ” Marcos Hayashi reforçou novamente os abraços, o seu semblante esmagando o dela, sorvendo com a língua o excesso do chocolate que ficara salpicado em um dos lados da bochecha. O carrossel girando no aparelho de som, por fim alcançou o último CD posicionado e, no compartimento sobre o laser, posicionou a música romântica La Solitude de Laura Pausini:

    “Marco se n'è andato e non ritorna più
    E il treno delle 7:30 senza lui
    È un cuore di metallo senza l'anima
    Nel freddo del mattino grigio di città
    A scuola il banco è vuoto, Marco è dentro me
    È dolce il suo respiro fra i pensieri miei
    Distanze enormi sembrano dividerci
    Ma il cuore batte forte dentro me”

    Ali, sobre o luar, os rostos corados levemente sendo iluminados, eles deram o primeiro beijo de amor que, dali pra frente, selaria o reinício da relação iniciada na adolescência. Debaixo do cobertor, ora os corpos se fundindo nos abraços apertados, outrora as mãos soltas à vontade brincando apalpadelas entremeio ao vácuo, deixava a pele toda eletrizada, desejosa por mais, carregada de uma ânsia insaciável por toques mais acalorados. “  Sou toda sua amor!” Linda Harumi se jogou sobre seu corpo, o olhar levemente ficando devasso, se distanciando rapidamente da timidez inicial, incentivada ainda mais pelo alastrar da ardência úmida no enroscar frenético das duas línguas. “ Vem cá... não foge! ” E ela o segurava em suas falsas escapulidas, ambos os sexos estimulados debaixo da roupa, a sua boca carnuda toda enlouquecida, desejosa por mais, naufragando em um mergulhar cada vez mais profundo dentro dos lábios do amado.

    Linda se entregava sem economias, excitada pela voracidade dos beijos contínuos, pelo calor tempestivo gerado nos abraços mais apertados, mas sempre e paulatinamente testemunhando o desnudar do próprio corpo no avultar nada sutil de dois olhos incinerados. Ainda que se sentindo sequestrada pelo desejo de satisfazer a ele ou mesmo ansiando querer mais pra si dele, ela permanecia totalmente entregue diante das investidas sequenciais, palpáveis, ou gustativas, não interrompendo as preliminares nem diante das tão necessárias golfadas de ar. “Fica louquinha pra mim, fica princesa?” O amado balbuciava para uma mulher cada vez mais perdida nos próprios sentidos, a cabeça emborcada para o lado em desprezos dos cabelos sobre o ombro, permitindo com estes submissos atos, uma passagem mais convidativa ao prazer, carregada de provocações eróticas, aprisionando parte dos desejos de Marcos focado na consumação exacerbada da pele nua em volta do seu exuberante pescoço. “Ai que tesão...” Sem piedade Marcos caia esfomeado, o pensamento acelerando o palpitar do coração nos gemidos crescentes ao pé do ouvido, beijando a pele dela com carícias provocativas no passear sensível junto aos lábios, em suaves mordidas no lóbulo inchado de desejo, seguido por intercaladas enfiadas da língua no fundo do orifício do ouvido. “Hum, já estou tão molhada...”. Excitado, Marcos finalizava o ciclo degustativo com chupadas mais sedentas que as iniciais, sua língua serpenteando roxeões à flor da pele, notórias a ver de longe, afogando cada vez mais a libido de ambos no desejo louco de adentrarem o próximo estágio.

    Grossas nuvens formando no horizonte, e o próximo estágio acontecia estritamente às apalpadelas aprofundadas, a mão de Marcos adentrando o moletom de Linda, a pontinha das unhas arranhando suavemente a lateral do dorso dela, a deixando toda arrepiada, louca de desejo por ele que, suas mãos subindo o sutiã, não saia dali, até vencer o adversário empacado, o fecho não sincronizado com o tesão arrebatador que há muito tempo já engolia os dois. No concentrar mental entre as pausas para a respiração, finalmente o fecho se abriu, os sorrisos antes abafados coloriam mais o rosto, as mãos resfolegantes por tatear tanto, finalmente degustavam toda a volúpia de um par de seios extremamente fartos. “ Também estou pegando fogo...” Marcos Hayashi advertia sem parar e ela ficava cada vez mais excitada nas carícias, nos afagos, no movimentar da pontinha do dedo pressionando levemente os bicos dos seios e os deixando mais inchados, entumecidos e desesperados por mais. “Agora desce um pouquinho...” Em seguida, como um cachorrinho bem adestrado ele fielmente obedecia, descendo ao ventre chapado, passeando os dedos na extensão da virilha, estacionando nos pelos pubianos macios e escassos, ora puxando-os levemente como se quisesse arrancá-los, outrora massageando por cima como uma mãe amorosa acariciando os cabelos do filho.

    Ali na virilha, a calcinha apertada denunciando tatilmente a umidade do sexo vazando o exterior do tecido, os dedos dele ficaram mais agitados, mais sedentos, mais ansiosos por causa do ritmo pulsante do sangue que, circulando com maior rapidez nas têmporas da testa, aumentava cada vez mais a pressão sanguínea dentro da cabeça. “Que bucetinha molhada..." Assim, narrando seus laboriosos atos, Marcos começava devagarinho, acariciando o clitóris em movimentos suaves, às vezes frenético no enrijecer dos dedos, mantinha estes movimentos por alguns segundos, depois voltava a ladear os lábios de cima a baixo, arregaçando a abertura da vagina, sempre com o extremo cuidado de não feri-la com as unhas. Na entrada do orifício, com o desejo sexual alimentando a sua sensibilidade criativa, Marcos Hayashi sentia o próprio “pau” ao invés de “dedos” endurecidos: indo, vindo, estacionando lá no fundo, depois voltando e entrando novamente, retornando a ladear os grandes lábios como no início, saboreando assim, devagarinho, palmo a palmo, toda a  densidade cavernosa daquele sexo encharcado.“ Que vontade de chupá-la...” Diante de um par de olhos se cerrando, ele retirava e adentrava os dedos do orifício, e com a viscosidade fazendo ponte entre o indicador e o polegar, abocanhou os dedos com uma tal voracidade, que a deixava ainda mais excitada.

    Era de se esperar que a chuva logo caísse do céu já tenebroso, anunciando o prelúdio que viria através das trovoadas que estremeciam os carros estacionados, os latões de lixo, os postes de ferro mal posicionados, os corrimões das escadas e seus parapeitos, as paredes de alvenaria, os telhados, as janelas, e toda a extensão da sacada onde eles se encontravam. “ Por favor, vamos entrar?” Ela agarrava-se a ele enquanto os clarões dos raios iluminavam como flashes instantâneos os ambientes antes ocupados apenas pelo negrume da noite; as vielas pouco movimentadas, o sombrear das árvores envelhecidas na entrada do pátio e os corredores dos edifícios vizinhos mal iluminados por causa da baixa potência da lâmpada. “Claro que sim! Vamos...” Ele com o olhar prestativo encadeou seus braços a ela que, sentindo o cheiro másculo exalando do seu corpo úmido de minutos outroras, agora lutava para manter toda aquela excitação incubada no seu corpo de mulher ainda não satisfeita. Caminharam até o interior da sala com os dedos entrelaçados, ambos os rostos selando-se entremeio aos beijos que aconteciam aos trotes, e quando atravessaram o ambiente, alcançaram por fim o aconchego do quarto quente, totalmente preparado ao prazer. 

    No canto esquerdo do dormitório, um abajur chinês com cúpula esbranquiçada e base em tons que se aproximavam ao vermelho sangue, estava localizado a ½ metro da cama. A partir dali, emergindo sua luzinha fraca e limitada, os feixes de luzes alcançavam apenas parte dos móveis e objetos que compunham o lugar, emergindo todo o resto do ambiente em uma penumbra amarelada que se permitia ver apenas vultos nas sombras. “Safadinho você hein...!” Dando voltas ao redor e se posicionando fronteiriço as paredes do quarto, para o provocar, ela encarava as três imagens emolduradas, arranjadas de tal forma que, a iluminação refletida diretamente nos retratos, acentuava ainda mais a beleza irradiando de cada uma das daquelas deliciosas curvas estáticas. “São só pôsteres que não significam nada...” Usando argumentos que mantinham a suavidade do clima ainda pairando no ar, ele a apertou no peito, deu-lhe logo um beijo ardente, sugando todo o fôlego que ela tinha reservado para revidar em palavras. “E eu?” Sorrindo baixinho entremeio aos gritinhos de prazer sufocado que quanto mais ela emitia, ele delirava, seu pescocinho sensível ficou totalmente exposto às carícias vorazes dos lábios incendiados de Marcos. “Você é o meu xuxuzinho!” Respondendo respostas agradáveis, ele a abraçava cada vez mais forte, temperando com humor as palavras salpicadas com ternura, emulando à partir do coração que em outros tempos estava desassossegado, o amor adolescente interrompido anos atrás, e que agora, se ascendia em envergadura e presença,  anestesiando a psique de ambos em confortos verbais e carinhos visíveis, expurgando de dentro dela, qualquer tipo de malícia que porventura instigasse a continuar se avolumando de ciúmes infantis. “Assim você me ganha!” Agora, com o ar do ambiente mantendo sua nobreza, o mesmo inspirava leveza, e impregnado das liberdades não palpáveis que tanto protegem e estimulam os amores, eles voltaram a se aconchegar nos abraços.

    A música havia parado de tocar no aparelho quando o som da chuva torrencial começou a despencar do céu. Inicialmente foram pingos pipocando sobre o telhado que, quando se avolumavam na calha, transbordavam na parede e desciam inundando as bordas janela, deixando a vidraça completamente enervada por grossos fios de água que se enraizaram. “Que fofinho !”  Retirando a calcinha rosa de Linda, Marcos a deslizava entre as pernas entreabertas, enquanto ela o encarando na direção dos seus olhos, se situava através do brilho ocular emitido graças a uns poucos feixes de luzes que ricocheteava em um espelho e jorravam entremeio a escuridão do quarto. Com as mãos segurando o objeto íntimo, ele o levou até o rosto, acariciou a própria pele como se fosse a dela, e em seguida buscou entremeio as linhas do tecido de algodão, o cheiro exalando da essência úmida impregnada no seu interior..“ Tem um odor maravilhoso ! ”  Era o que repetia antes de entrar em um transe louco que o levou a sugar todo o resquício do líquido viscoso que pairava na superfície do algodão. Marcos a elogiava lambendo os próprios beiços, passeando a língua aos lábios, acariciando o membro endurecido trincando pulos desesperados para fora da calça. Como uma mulher não enlouquecerá de prazer diante destes atos? Ver o amado se satisfazendo assim; como um cachorro doido, faminto de desejos, degustando “sabores” e consumindo “odores”, o olhar faiscando contatos mais aprofundados na pele dela, a sua boca gulosa pipocando em brasas, desejando a todo custo bebericar toda a sua intimidade?

    “ Mantenha bem abertinha para mim... ” Marcos segurava suas pernas entreabertas, enquanto descia a sensibilidade do seu rosto devagarinho, suavizando toda a extensão da pele dela. “ Tá gostoso assim? ”  Passeava a língua úmida no interior das coxas, saltitava entre elas, até chegar pertinho dos grandes lábios. Apesar do tesão implorando por extravasar, ele não adentrou por um instante. Permanecia apenas ladeando lábios e língua por fora, energizando a libido aflorada nos toques singelos na pele do seu rosto provocando a pele dela, enquanto beijos e mordiscadas suaves eram alternados rente à divisa, arrepiando Linda Harumi ainda mais no desejo louco de ter todos aqueles limites íntimos ultrapassados. “ Tá judiando demais de mim...” Linda emitia gemidos suaves, os olhos semicerrados ao céu, adocicando a voz no rebolar perfeito que poderia colocar o pingar do seu sexo, mais bem posicionado frente a lábios vertendo lavas incendiárias. Com as pernas tremulando sobre os seus lábios, finalmente Marcos Hayashi decidiu que a doce tortura chegava ao fim. “ Enfia essa linguinha lá no fundo, por favor… ” Enlouquecida nos estímulos e ainda mais sendo consumada a exaustão por uma boca esfomeada, ela desfrutava o desidratar dos próprios fluídos entremeio a uma língua louca, serpenteando enrijecida sobre o clitóris vibrando cada vez mais intumescido. O amado lambuzava os beiços, a pausa para as suas respirações sendo adiadas, a língua, os lábios, e a boca por um todo sempre prudentes na aceleração frenética que desprezava ainda mais os protestos alarmados pululantes no aperto da própria calça. Lentamente, palmo a palmo, com a língua tateando aqui e ali ansiando por absorver resquícios de sensibilidade ainda não explorada, Marcos subia e descia devagarinho, palmilhando olfatos, degustando com excelência toda a textura da pele sensível envolta da vagina. Com a pontinha dos beiços, os dentes acovardados dentro da sua boca, ele puxava cuidadosamente os lábios vaginais: ora os esticando de encontro a si, outrora soltando-os de volta, mas sempre e repetidamente voltando a esses mesmos atos de provocação, gerando dessa forma, uma tensão sexual assoberbada em gemidos cada vez mais carregados de gratidão.

    Linda Harumi suplicava a ele, e ele com a excitação expressada na face avermelhada, mergulhava cada vez mais fundo dentro dela: tateando o interior da intimidade, sentindo as fissuras cavernosas no penetrar inicialmente tímido, e em seguida perfurador da língua até o fundo, mas sempre engolindo e engolfando em êxtase absoluto cada pedacinho da sua libido transbordante de mulher lucidamente entregue. Abandonando os trejeitos ora iniciais, de súbito ele alternou o tom das investidas, antes lentas e delicadas, para em seguida se lançar com maior avidez, maior gula e uma sede insaciável na agressividade enternurada que tomava conta da sua língua. “ Uiiii, Marcos, eu estou quase gozando!” 

    Ela arfava transes carregados de extrema sensualidade; serpenteando o corpo e revirando os olhinhos para o alto, expressando nestes sequenciais atos, todos os desejos outrora reprimidos no ser e agora, expressos no mordiscar frenético das unhas aos bicos dos seios, das mãos galgando carícias em volta do pescoço e lóbulo da orelha, movimentos incontroláveis que a deixaram toda inundada, desejosa ao extremo, fielmente descabelada diante do frenesi possuidor de promessas de êxtases absolutos. “Não para que eu vou gozar!” Quando ouvia este tipo de confissão, Marcos dava brecadas propositais como parte de seus planos de prazeres quase eternos, cheios de malícias, com os lábios umedecidos se afastando do sexo temporariamente desidratado, e arrancando nesses covardes atos, protestos acalorados carregados de uma ansiedade descomunal, ainda mais expressados no rebolar ensandecido das nádegas sobre seu rosto. “ Aguenta mais um pouquinho...”  Marcos também empacava excitado, seus olhos encarando um olhar desvanecendo, mas sete segundos depois ele voltava a apertar o botão do start com mais vontade, maior voracidade e grande desejo nos lábios entremeando as pernas dela; degustando os sabores, consumindo os mesmos odores, fibrilando as velhas palpitações em um bailar nada sutil do clítoris sob a vibração mais enérgico da sua língua.

     Após sequenciais investidas assim: frustrantes e ao mesmo tempo provocantes na carne suada, a excitação de ambos novamente alcançava o nível máximo; ele voltando da embriaguez, subia até a virilha,  passeava a língua sobre o ventre dela, ladeando sempre em sentido horário ou ao contrário os biquinhos pontudos e rosados aprumados em ambos os seios. Por fim, pairava sobre o rostinho angelical e lindo levemente desfigurado pelo prazer interrompido de minutos outroras. “ Agora sente o seu gosto na minha boca! ” Marcos ia ordenando submissões e despejando na boca dela toda a essência do sexo ainda pairando sobre seus lábios, e Linda Harumi gemia mais enlouquecida, se perdendo nos cheiros, nos gostos, nos próprios fluídos a sublimando em metamorfoses embriagantes da própria sexualidade. “ Fica de quatro...” Ela totalmente turva entre os sentidos rodopiando, logo ficou de quatro, enquanto ele afrouxando o cinto da calça, tirou o jeans apertado denunciando um volume exagerado dentro da cueca box. “ Putz, esqueci o preservativo...” Expressando preocupações no semblante, Marcos ia revirando as gavetas da cômoda e do guarda roupa, o membro endurecido bailando vendido no ar, enquanto ela enlouquecida suplicava cada vez mais alto para logo ser penetrada...

    “ Te quero por inteiro… ” O provocava em palavras suavizando gemidos em seu ouvido, tentando-o com o timbre da sua voz ficando enternurada, oferecendo ali toda a volúpia dos lábios vaginais arregaçados e ainda mais valorizados no rebolar provocante das nádegas passeando sofregamente para ambos os lados. Com o rosto enterrado no colchão e a curvatura perfeita da coluna indo de encontro com um arrebitar cada vez mais acentuado da bunda, ela insistia: “ Ah! Assim não! Vem logo Marcos...”  Agora Linda ordenava em gemidos, e ele de pronto obedecia em desesperados desejos de obedecer; optando assim por deixar do lado de fora do quarto; todas as disciplinas latentes que poderiam por hora, evitar preocupações carregadas de reticências futuras, desprezando nessa forma de agir e mal calcular, quaisquer empecilhos ao prazer corroborado nas duas carnes que finalmente se esfolavam. “ Que fogo...” Em baixos sussurros e com a respiração ofegante,  Marcos sentia o pulsar do próprio sangue circulando incontrolável nas veias, enquanto ela desfrutava centímetro a centímetro conforme a consumação operava por baixo das suas operantes nádegas. “ Mete com mais vontade... ” Linda Harumi se sentindo ávida, com tamanha eroticidade mordeu o travesseiro, e com o sexo sendo arreganhado em um cravar de dedos afastando ambas as suas coxas para os lados, com as intimidades escancaradas, ela testemunhou seu clitóris tremer e vibrar em um aperto sufocante socando sequenciais intensidades por baixo das suas nádegas.

     Percebendo o seu sexo friccionar suavemente o “ ponto de contato” do outro sexo, ele com a mão esquerda apoiado sobre a bunda dela, buscava apoio para investidas mais emborcadas, perfeitamente mais bem posicionadas, realizando movimentos transversais no penetrar, ou verticais o suficiente para que os pés levemente em suspensão junto ao corpo favorecessem um ângulo melhor, um colocamento melhor, facilitando dessa forma uma postura mais adequada para que a rigidez peniana infringindo o clitóris intumescido, o esmagasse sucessivamente em todas as investidas de entra e sai. E assim foi. Sucessivamente, exaustivamente, calorosamente provocando o desejo sexual tempestivo, a eletricidade afrodisíaca se apoderando de ambos os corpos inebriados por mais, o prazer não maduro emergindo a virilha, se espalhando pelos músculos em calafrios reconfortantes carregados de promessas de devaneios altissonantes, a tensão tão estimulada nas preliminares, saldada ali, nos pensamentos não mais confundidos e muito menos controlados pela consciência já livre das prisões, liberta dos atrasos, se entregando de vez na luxúria do gozo explodindo no corpo e na alma de ambos. “ Linda! !” Ele dizia “ Marcos !” Ela respondia. Encerrando os gemidos, jogados um sobre o outro, totalmente nus e encharcados pelo deleite percorrendo os corpos, eles adormeceram. 

    Com o irromper do sol no horizonte denunciado que o alvorecer havia principiado, ambos se sentiram levemente atordoados quando no abrir da janela do quarto, golpes de ventos carregados de resquícios da neblina que havia varado a madrugada ainda insistia umedecer a camada de ar, somando-se ao cheiro das flores e das árvores, principalmente do pessegueiro plantado na frente do edifício, inundando ambos os pulmões de uma essência revigorante que rememorava antigas recordações no peito de Marcos. Ficaram por alguns instantes posicionados assim, os rostos sobrepujando parcialmente o limite da janela, avistando ao longe as montanhas, as nuvens pairando quase inertes sobre elas, e toda a vegetação limítrofe pelo alcance de dois pares de olhos encantados com a beleza do cenário. “ Que vista privilegiada! ” Ela bocejou esticando os braços outrora repousados nos ombros de Marcos, procurando a melhor posição para aproveitar a infusão dos raios solares que, jorrando ambiente adentro, aquecia parcialmente a nudez feminina refletindo um brilho mais incandescente através da pele. 

    “ Daí alguém pode te ver... ” Ele sorria sussurrando ciúmes brotados inconscientemente, para em seguida jogá-la sobre a cama, se esforçando a todo o instante para imobilizá-la com o corpo estendido sobre o dela. “ Eu quero que me vejam como vim ao mundo! ” Dando risadas golfadas entremeio a provocações acompanhadas de remelexos de quadril, Linda Harumi  brincava de se soltar até sentir o fôlego se esvair nas cócegas que recebia na sola do pé, nas axilas e principalmente na cinturinha tão sensível ao encravar dos dedos de Marcos. “Ainda não te disse bom dia meu bebêzinho lindo!” Ainda nus, eles já se encontravam enroscados, e apesar do leve incômodo apontado através do bocejar dos hálitos, logo as bocas se avançaram em um tripudiar frenético de línguas e lábios em total desconsonância com hábitos rotineiramente matinais. “Assim você acaba comigo!” Em um meneio, ele foi jogado de costas por ela, e ela já sobre ele, oferecia toda a volúpia de ambos os seios eriçando os bicos quando posicionados fronteiriço a voracidade dos seus lábios. “Mama gostoso meu bebê!”  O provocava sem se deixar penetrar, apenas saboreando os lábios vaginais passeando com eles na ponta do membro ficando endurecido, e o encharcando no mel que escorria gradualmente pela cabeça, lambuzando toda a extensão nervurada, até se acumular viscoso no limite das bolas massageadas pela delicadeza da sua dedicada mão. 

    Encarando-o no fundo dos seus olhos, carinhosamente Linda sorriu o provocando: “  Você vai ver o que é bom para tosse! Ontem a noite me torturou, agora sou eu que vou te pagar na mesma moeda! ”  Degustando um duplo prazer; tanto no proferir dessa covarde promessa quanto no vislumbre da “ dureza “ posicionada a poucos centímetros do corar do seu rosto, com o serpentear da pontinha da língua, ela umedecia os lábios em provocações contínuas e não amenizadas no olhar devorador estampado na sua bela face. " Vai me fazer gozar com essa boquinha? ” Ele deitado de costas, mantinha contínuos emborques de coluna para vê-la trabalhando lá embaixo, antecipando na mente e na carne, a colheita do prazer sexual proveniente da noite anterior que, após ter semeado exaustivamente em frenéticas labutas de língua e lábios, chegava carregado de promessas de devaneios deliciosamente ainda indefinidos.  Mas com intuito de torturá-lo, ela ficou inerte por alguns instantes, apenas encarando-o e se deliciando no desespero expressado em seu semblante: “ Hum… Esse pau vai ficar mais gostoso na minha boca!” Com o corpo tremulando da ansiedade que o revolvia em remexidas ensandecidas pelo logo aquecer de seus doces lábios, e apesar dos seus desesperados atos; ora segurando um chumaço do seu cabelo e direcionando o orifício da boca para perto do palpitar do seu sexo, outrora implorando o logo realizar daqueles prazeres já efervescendo em gemidos silenciosos e desesperados, Linda não cedeu. Desejou excitá-lo além. E assim, consequentemente o resistia realçando cada vez mais o verbalizar das suas promessas. 

    Com uma das mãos soldada sobre o sexo, com a outra ela se esquivava do desespero de Marcos Hayashi, agarrando-o pelo punho da sua mão direita, para em seguida devorar gradualmente toda a sensibilidade contida em cada um dos seus dedos. Com um biquinho beijava as unhas e dali com um sensual afastar de lábios, sua boca úmida o sorvia como se fosse uma luva em idas e vindas, incendiando cada vez mais a sensibilidade já refletida em tremulações nervosas que vagarosamente subia pela espinha dorsal dele e explodia deformando o seu rosto. Sussurrando repetidamente: “ Tá gostoso bebê? ” Ela proferia palavras aveludadas, os olhos amendoados, naufragando o silêncio ensurdecedor da manhã nos gemidos que naturalmente se misturavam com o início de uma melodia de pássaros que se iniciava no beiral da janela. “É assim que vou fazer com você!” E tornava a engolir os dedos e gemer, aumentando o ritmo ou diminuindo, alternando entre os dedos frios e secos e os deixando novamente quentes e umedecidos. “ Que sede da sua boca bebê…”  Se lançando rapidamente sobre ele, novamente ela se afogou em sua boca, beijando-o sofregamente, mordiscando seus lábios ainda anestesiados dos prazeres outroras, e de lá, escorregando de línguas entrelaçadas, ia se aventurar entremeio a roxeões esculpidos e decorados sob a pele do seu pescoço exposto.

    Mas de forma alguma ela se distraia do membro ainda tremulando abaixo, e paralelamente enquanto se deliciava descendo os lábios na caixa toráxica, nos bicos do peito e os mordiscando de leve, passeava sobre o umbigo e o provocava com a " quentura " da língua massageando o fundo do orifício. Em baixo, sob o massagear delicado de uma das mãos, ora Linda arregaçava a cabeça até esgoelá-lo, outrora encapuzava-o por completo também, persistindo nesses calorosos sequenciais movimentos até gerar um calor sexual intempestivo que só era amenizado no estimular mais intenso e mais frenético do arregaça e encapuza que paulatinamente ia emergindo a libido sexual do amado no anseio louco de logo ter o seu pênis exaurido no desforrar de lábios acelerados. " Garota, você é do mal mesmo!" Repetia sem se conter, os olhos docemente acovardados, os braços soltos e desenergizados, naufragando seu corpo carnal na imensidão dos estímulos estuprando seu ser, e o arrebatando ferozmente por dentro. Nos segundos que se seguiram, com a respiração atropelada na sensação chamuscante percorrendo em fagulhas de molestamentos no peito, desejou que seus desesperados anseios de devaneios se tornassem muito mais que eternos quando por fim a quentura abarcando aqueles doces acelerados lábios, cumpria a prazerosa promessa de o engolir. "Puta que o pariu..." Gemia já estando no céu: o movimento da cabeça da amada indo e vindo ocultando parte do seu sexo agargantado, sons sonoros de êxtases de delícias eram pronunciadas em gemidos não contidos que ora e outra arfava descargas elétricas afrodisíacas no intervalo de ambas as respirações.

    " Chupa só a cabecinha..." Com a mão de Marcos segurando um chumaço dos seus cabelos alvoroçado, para lá ela subiu guiada deixando toda a extensão nervurada iluminada de saliva, e após segundos degustando em delícias a pontinha rachada, o encarava com gula cada vez mais expressa no olhar visceral abrilhantando seus olhos. Ali, diante dos desejos desesperados do amado, ela mergulhou mergulhos nunca imaginados com outros homens: com a libido desenfreada inundando o próprio sexo em gotejos de desejos sobre a perna e o cobertor, ora suas mãos calibraram o membro para que não ultrapassasse o limite do pedido, outrora desciam tremulando pelo corpo feminino até a vagina, degustando com os dedos eretos e cerrados, toda a extensão do pêlos pubianos, lábios e a entrada molhada. "Agora engole até o talo e acaba com o papai...!" Ao ouvir as orientações finais de Marcos, Linda Harumi se aprumou em desejos de obedecer para se lançar com muito mais prazer: retirou fios de cabelos que incomodavam a face e foi descendo e subindo, subindo e descendo, vagarosamente articulando movimentos com o cilindro de carne sufocando o aperto dos próprios lábios. " Hum… parece que ficou mais grosso hein?" Agora mais excitada e após cerrar a mão na base encharcada de saliva, laborou movimentos com o corpo nu, ajustando a posição corporal que mais cooperasse com a mecanicidade da sua língua e lábios, principalmente da garganta já desfrutando de gotículas precoces e salgadas, resultado dos estímulos cada vez mais enérgicos no passear descontrolado da outra mão sobre o próprio sexo, pois os dedos operando ritmados com o sugar da voracidade da sua boca, estimulavam brutos prazeres sob a sensibilidade de um clitóris se avolumando de gula carnal, afogado em ânsias, desejoso até os céus dos céus por aqueles breves segundos de gozos que quando alcançaram, a fez desfalecer e tornar uma só entranha com ele.

     “ Que tal um banho juntinhos ? Podemos? ” Sorriam desorientados pelas energias raleadas de minutos outroras, e o piso gelando a sola do pé, agredia chacoalhões matinais conforme eles iam trotando até o registro da ducha. Mas nem tudo se trata só de sexo, carnes esfoladas e suores respingando de corpos eletrizados até a alma. Há um sentimento sim, ou melhor, uma “verdade ainda oculta em sentimentos”  e que é um tanto quanto essencial dentro de um relacionamento que vai se desenvolvendo aos poucos, entremeando as experiências das trocas recíprocas, fortalecendo a conta-gotas todas as bases subjetivas do que no íntimo já deseja ser puro e incondicional. E quando esse processo é genuinamente forjado no espelho da verdade tateando as verdades que mais despontam de dentro do coração, esse jeito de se encarar para se enxergar, vai tecendo  caminhos decididamente compartilhados, enredos mais solidificados, carregados de mais significados se aflorando em cuidados, proteções, carinho curador de feridas, um conjunto de anestésicos psicoemocionais para a epiderme do ser frente ao que, na vida comum de um casal, ainda vai se desenrolar em muitos sequenciais amadurecimentos, até se metamorfosear por completo do rio vertendo o inundar de experientes lágrimas, no que seja o desabrochar do verdadeiro amor. 

    Do nada, “ flagelos do passado ” tornaram a reviver, avultar corpo e carne, sequestrando Linda em uma “ insegurança repentina ” que já deixava seus olhos verdes marejados de lágrimas. “ Dessa vez vai ser diferente! ” Insistia silenciosamente para si em meio aos conflitos; os ossos titubeando o peso do corpo no bambear dos músculos das pernas, as tremuras crescentes fibrilando na boca do estômago, e o peito suado, sufocado na ausência do ar que grotescamente minguava na mente. Tudo junto e eclodindo, elevou a ansiedade de Linda Harumi ao seu estado máximo. Ela buscou alento entre os movimentos, mas não encontrou. 

    “ Está tudo bem? ” Assim, deitada sobre o piso, o antebraço direito sobre o rosto como venda sobre os olhos, ela sofreu acovardada o peso de cada pancada existencial refletida nos pavores angustiosos, nas sequenciais lembranças ruins que cansaram de lhe roubar o sono da noite, nos traumas, nas frustrações, nas desilusões, nos abusos, e no sentimento de abandono que insistia a todo custo acompanhar seus antigos relacionamentos. 
    “Eu sinto que eu sinto excessivamente…” Ela recordou dos diagnósticos da terapeuta, os braços circundando o corpo nu coberto pelo cabelo molhado, enquanto expressava um choro sendo reprimido no intervalar de cada respiração. “ Pelo amor de Deus Linda, me diga o que está acontecendo com você? Foi algo que eu fiz? ” Ali, já sentada no chão, ela encontrou auxílio apenas nos ensinamentos fraternos ouvidos desde a infância pelos pais e tios, nas lembranças das falas solidárias que adentrando madrugada a fora pareciam nunca esgotar os diálogos entre os amigos, nas orações que ouviu na igreja, na Palavra que proferiu na solidão do quarto, nas recordações da paz desfrutada entre as meditações diárias.
    “Eu não fui totalmente sincera com você Marcos…”  Aconchegada sobre a cama, com os braços firmes em abraços dando voltas nos joelhos, Linda Harumi voltava a derramar pequenas lágrimas alinhadas com um sentimento palmilhando cuidadosamente as escolhas das suas palavras, ladeando os suspiros irreprimíveis, margeando as confissões que sofregamente ela revelaria a seguir: “ Me perdoe a maldade que fiz a você Marcos … Eu não deveria ter te envolvido nisso... ” . Confuso e ficando angustiado, Marcos se manifestou: “ Que maldade você fez para mim Linda? Por acaso isso é alguma brincadeira? Putz, realmente não estou entendendo nada…” 

    Limpando as lágrimas com as bordas do roupão, e lutando inutilmente consigo para empoderar o próprio semblante, Linda não pode sintonizar-se com o brilho confuso emitido pelos olhos dele, e aos soluços, confessou aos prantos: “ Sou uma mulher casada Marcos… Sou uma mulher casada…! Me perdoe esta grande maldade! ” Portanto, como ele nunca imaginou vivenciar uma situação como aquela que ela também demonstrou ao longo da noite, ter na alma e no corpo a âncora ancorada nos refrigérios das paixões reavivadas, Marcos Hayashi sem saída, e não tendo outra alternativa, passou a cultivar um silêncio de início ensurdecedor.

    Ainda aos prantos, ela insistia: “ Me perdoe Marcos! Te encontrar foi um tipo de presságio, milagre, sei lá, mas que está sendo um refrigério indescritível pra mim. Meu mundo está desmoronando e não sei o que fazer…” Ela suspirou e prosseguiu: “Ontem a noite brigamos feio, saí sem rumo, perdida, só queria tomar um ar, daí eu te vi e…” Com o rosto cabisbaixo, escolhendo cuidadosamente as frases e picotando palavras julgadas desnecessárias, Linda Harumi demonstrou, apesar do corpo ainda envergado, vestígios de uma coragem crescente que de fato a ajudou a voltar-se para ele e encará-lo nos olhos “ Marcos, por favor, fala alguma coisa…” 

    Após liberar uma golfada de ar, Marcos mantinha seu silêncio enclausurado no corpo nu debruçado sobre as bordas da janela. O rosto se aquecendo rebelde ao sol, a íris se acostumando a luminosidade adentrando o ambiente, e a cabeça sendo sustentada pelo apoio de uma das mãos vacilando o peso da mesma para ambos os lados. Vagarosamente, ele inspirou e respirou sequencialmente respeitando as pausas profundas, profundas pausas ante o absorver do ar denso e gelado parido no encontro dos vendavais noturnos da noite de outrora, com as névoas advindas das montanhas distantes. Acendeu um cigarro e abraçou-se. Na verdade, abraçou-se como nunca antes tinha-se abraçado, e chorou. Conseguinte ao enxugar das lágrimas, mergulhou mergulhos em seus pensamentos mais confusos e, após longos minutos inerte com o olhar mirando o nada diante de si, submergiu do seu mundo interior transbordando de lá, o alívio alentador das inocências que inocentaram a aura já se sentindo generosamente liberta do inundar intrépido de sentimentos esvoaçados. 

    Serenando o semblante agora esvaziado das angústias que o cerraram a face, ele expurgou-se de todas as culpas e, voltando-se a se alimentar de pensamentos carregados de amor, encapsulou-se por completo em auto perdões contínuos que, abrilhantando seu olhar, resguardou a psique que lutara ferozmente para voltar a se equilibrar. Interiormente, Marcos Hayashi, já naquele início de manhã avançada, se anestesiava no horizonte das primeiras movimentações iminentes vindas do comércio iniciando suas atividades, dos passos descompassados dos transeuntes cruzando ruas e calçadas, e enquanto uma brisa suave passeava reconfortos em seu rosto, seus ouvidos antes consumidos naquela rotina vibrando desgastes, adorou todos os sons sobrevindos até a janela, principalmente dos automóveis a transitar velozmente, segundos seguintes a semáforos totalmente esverdeados.
  • 728571 passos

    Bom, conheci um garoto, o nome dele é Leandro, como ele é? ele tem um cabelo cacheado, em formas de caracol, deve ser tão cheiroso e macio, fico imaginando o cheiro todos os dias, acho que ele brigaria muito comigo, pois eu iria mexer e cheirar toda hora, aqueles olhos dele de "demônio" com os cílios enormes, aquele olhar que enxerga as profundezas que te deixa todo desconcertado, nem pode se esquecer daquela boca(deve ser tão macia e gostosa), com um sorriso que me encanta, amo os vídeos/fotos dele sorrindo, são os melhores, fico extremamente boiola, aquela altura de 1,80 , fico imaginando eu andando abraçado ou de mãos dadas ao lado dele com meus 1,65 todo baixinho, olhando para o rostinho dele ficando boiola e dando aquele sorriso bobo. Como nos conhecemos? bom comecei a seguir ele no instagram, ate que um dia ele postou um stories, que se tratava que ele usava a figurinha da xicara triste, e eu super me identifiquei e comentei, disso eu super gostei da vibe dele e começamos a conversar mais e mais, percebi que ele era um garoto diferentes dos demais pelo jeito que ele se  conversa, preocupa e se importa comigo, quando percebi virou uma rotina(Melhor rotina da minha vida) e quando não nos falamos eu fico péssimo, sempre que estamos conversando eu sempre fico dando sorriso com as bochechas vermelha, parecendo um tomate SAKFNSAFDSAKFNSA . e quando espero ele me responder, qual quer notificação que chega no celular, eu vou doido correndo atrás do meu celular( e quando é eu infarto),amo demais a nossas playlist/filme no rave, eu fico extremamente muito ansioso para que chegue a noite para a gente fazer a playlist, inclusive estou escrevendo escutando "Goodnight n go", nossa musica. fico o dia todo pensando nele, literalmente 24 horas, acordo pensando nele( me perguntando se ele esta bem ou dormiu bem), tomo café pensando nele( fanfico eu na cozinha fazendo o café de cuequinha e ele me abraçando pelas costa e me dando um beijo no pescoço e me dando bom dia, saudade de quando eu estava aprendendo a fazer café, e ele perguntava se eu tinha feito muito doce ou sem açúcar), almoço pensando nele( fico imaginando ele me ensinando a cozinhar, pois eu não sou muito bom não kfsanfksabnfsan), tomo banho pensando nele( imagino a gente tomando banho juntos, um lavando o cabelo do outro, a agua caindo sobre nossos corpos e a gente se beijando lentamente), janto pensando nele( imagino a gente jantando e conversando/dando risada de como foi o nosso dia), vou para escola e fico pensando nele( as vezes eu estou fazendo algo, eu paro e fico olhando para o nada, e começo a pensar nele, imaginando oque iriamos fazer se estudássemos juntos, durmo e sonho pensando nele( essa e a melhor parte, aonde eu mais fanfico, fico pensando e imaginando a gente dormindo, eu abraçando ele, uma mão debaixo da cabeça dele e a outro na cintura, com a cabeça no peito dele, minha perna entre as pernas dele), mas sempre tem um porem..., só de imaginar que estamos aproximadamente 728571 passos um do outro me deixa tão triste, meu maior desejo e encontrar ele, tocar ele, sentir o cheirinho dele, dar um abraço tão forte e não desgrudar, encher ele de beijinhos, ir no cinemas assistir filmes de terror, eu levando susto e te abraçando, fazer a noite do pastel, fazer skincare juntos, ir passear e fazer um piquenique no igapó, ir na  ponte de guarda chuvas, aonde ele disse que seria nosso primeiro beijo, escutar e dançar(a dança de centavos kassgdsgakfnsakfnsakn) álbuns da Lana Del Rey e ariana juntos, fazer aquele jantar surpresa para ele com a comida que ele mais ama(macarrão ao molho branco), só queria ter você por perto...
  • A Extinção dos Gatos

    Três gatos morreram e fizeram a tristeza de uma família se juntar à tristeza de milhões de pessoas no mundo que passavam pelo mesmo. Os gatos estavam morrendo por uma doença misteriosa, transmitida pelo ar e que aparentemente os matava sem muita dor, os deixando tontos e cambaleantes por alguns poucos minutos, terminando com um súbito e fatal desmaio. Mas a família ainda sentia muita dor mesmo após semanas em que os três se foram.
    Obviamente os cientistas estavam interessados em achar alguma cura ou vacina já que isso também significava milhões em lucros, mas muitos não demonstravam muito otimismo com a velocidade que a doença se espalhava e o tempo necessário para as pesquisas. Enquanto isso, há cada vez mais relatos de coisas sobrenaturais acontecendo. Aqueles mais ligados ao mundo sobrenatural afirmam que os gatos são guardiões do submundo e por isso esses eventos estão acontecendo. Já os mais céticos falam que tudo isso não passa de um monte de desocupados que espalham desinformação para sustentar uma teoria da conspiração.
    Nicolas, que acabou de perder os seus três gatos, era um dos céticos, enquanto os seus pais eram crentes no sobrenatural. Eles moravam há mais de duas gerações em uma fazenda a uns dez quilômetros de estrada de chão da cidade mais próxima. Quando criança, Nicolas brincava nas árvores que seus avós plantaram em suas infâncias e desde cedo aprendeu os trabalhos na roça, além do respeito aos animais. Cada bicho tinha uma função, seja prática ou espiritual, e por isso tinham que ter a constante presença de todos eles. Por mais difícil que fosse, os gatos tinham que ser substituídos assim que partiram deste plano, então os pais de Nicolas fizeram uma viagem até a cidade para adotar uns gatos de sua tia, castrá-los e comprar alguns suprimentos pra casa. Pela primeira vez, Nicolas ficaria alguns dias totalmente sozinho e seria o responsável por manter toda a plantação e animais vivos. Mas é claro que, depois de acompanhar o seu pai todos os dias por mais de 8 anos, não seria uma tarefa muito difícil. A rotina já estava bem definida há anos e só mudava quando um novo equipamento chegava, então sabia que tinha que acordar bem cedo e ficar alternando entre cuidar dos animais e da plantação. Era algo bem cansativo e até chato em alguns pontos, mas necessário se quisesse sobreviver.
    O lado bom é que quando chegava a noite estava tão cansado que só queria esquentar a janta, que não passava das sobras do almoço, e deitar. O cansaço era tanto que sempre se recusava a acender a luz da cozinha para lavar o seu prato, usando a pouca claridade da sala em suas costas como guia. Assim que levantou a cabeça para abrir a torneira, viu uma sombra humana se formar na parede e se aproximar de suas costas até que não houvesse mais luz e a parede estivesse completamente preta. A sua respiração parou momentaneamente, a barriga se contraiu e os olhos vidrados se esforçaram ao máximo para piscar. Assim que piscou, tudo estava como antes e a luz da sala continuava a iluminar fracamente a cozinha. Nesse instante, soltou de uma vez só todo ar que tinha segurado e respirou fundo algumas dezenas de vezes para se acalmar enquanto a água escorria na sua frente. O seu lado racional tentava convencer o emocional de que tudo não passava da obra do cansaço, afinal não estava acostumado a fazer todo o trabalho sozinho. E, mesmo que não fosse cansaço, não tinha outra alternativa a não ser tentar descansar já que o próximo dia estava perto de começar.
    Como sabia que não ia conseguir simplesmente tirar isso da cabeça e dormir, decidiu deitar no sofá, colocar os fones de ouvido e esperar o sono o pegar desprevenido. É estranho como não se percebe a transição entre estar acordado e dormindo. Sem nem lembrar em qual parte da música dormiu ou até mesmo qual era a música, Nicolas foi para o mundo dos sonhos e se distanciou completamente de sua realidade. Pelo menos até abrir os olhos e perceber que não conseguia mexer nem sequer um dedo. O medo que sentia era perceptível em sua breve respiração e que foi ficando mais curta ao perceber pela sua visão periférica que uma sombra vinha se aproximando. Quando ficou de frente pra ele, percebeu pelo corpo que era um homem alto, mas bem franzino e com uma aparência de que tinha sofrido muito. O corpo todo do homem parecia envolto de uma sombra a não ser pelo chapéu que uma vez já tinha sido bege, mas agora estava preto de tão sujo. Aquele homem sombra ficou encarando Nicolas por alguns segundos, parecendo saborear o medo que ele sentia e que transparecia pelo seu suor, lágrimas e respiração. Nicolas tentava falar, gritar e implorar, mas não conseguia abrir seus lábios. Enquanto batalhava contra o seu corpo, o homem sombra avançou pra cima dele e começou a sufocá-lo com uma força incompatível com o corpo que apresentava. A respiração curta de Nicolas tinha ficado inexistente. No desespero da busca pelo ar, piscou o olho, caiu no chão e começou a tossir. Por alguns minutos ficou olhando de relance para todos os lados tentando achar o homem sombra enquanto revezava entre respirar e tossir. O medo ainda estava em seus olhos e só queria fugir, mas os seus pais haviam levado o único carro que tinha na propriedade. Então, ignorando o cansaço, decidiu andar até a propriedade vizinha a uns três quilômetros e pedir o carro deles emprestado.
    Ele queria e tentava se convencer de que tudo tinha uma explicação. Já tinha tido uma vez paralisia do sono e talvez fosse só isso, embora ela não explicasse a marca vermelha de dedos em seu pescoço. Mas mesmo que de algum modo conseguisse uma explicação racional para tudo isso, não iria adiantar. O medo que sentia era muito grande e, por mais que quisesse, não poderia ignorar isso. Então pegou uma lanterna, a identidade e um pouco de dinheiro, trancou a porta e fugiu em plena escuridão.
    A lanterna ia da direita para esquerda e da esquerda para a direita em uma meia lua interminável, indo ocasionalmente para trás para ver se não havia nada lá. A vista das estrelas já começava a acalmá-lo nesse longo caminho, o que era bom. Já havia pensado na desculpa que usaria com os seus vizinhos: uma pessoa invadiu a casa e o agrediu, mas conseguiu fazer com que ele sumisse. Como tinha medo que ele voltasse sozinho ou acompanhado, queria passar a noite na cidade. Não era a verdade, mas também não era uma mentira. Com tudo isso planejado, podia continuar admirando as estrelas e afastando a imagem do homem sombra de seus pensamentos.
    Tinha acabado de direcionar a lanterna para trás, visto que não tinha nada lá e voltado a mirá-la para a frente quando sentiu um enorme impacto em sua perna esquerda que o fez cair e soltar diversos xingamentos. A dor parecia sair de seu joelho e ir ardendo até a sua mente. Quando olhou para o chão, viu uma pedra do tamanho de um melão banhada em sangue. Tentou se levantar, mas a dor não permitia que o seu joelho sustentasse o seu corpo.
    Devia faltar mais uns quinhentos metros até a casa vizinha, então, como não tinha outra escolha, decidiu começar a se arrastar. Logo depois dos primeiros centímetros percorridos, sentiu uma forte puxada em sua perna machucada que levou a uma nova irradiação de dor. Embora tentasse, não conseguia gritar e, por mais que se esforçasse, só soltava uns grunhidos baixos. Quando começava a se acostumar com a dor, olhou para a frente e viu o chapéu na sombra de um homem. Não conseguiu encarar por muito tempo, pois, cada vez que a dor ficava um pouco mais tolerável, ele puxava com força para dar um tranco na perna e irradiar mais dor para o corpo. Sabia que estava sendo levado de volta para a sua casa. Tentava piscar e se debater para escapar, mas o homem sombra era muito forte.
    A família de Nicolas chegou dois dias depois dessa noite com seis filhotes de gatos, bastante comida e fertilizante. A mancha de sangue na estrada já se confundia com o vermelho do barro e nem foi percebido pelos seus pais. E mesmo que percebessem, provavelmente acreditariam que algum animal tinha caçado e arrastado a carcaça de sua presa. Não estariam certos, mas também não estariam errados. Chegando em sua casa, viram o corpo de Nicolas empalado com o suporte de uma antena e deixado com os braços abertos como se fosse um espantalho bem na escada que dava acesso a porta principal da casa.
    A polícia investigou o caso que teve uma repercussão nacional, mas nunca chegaram a algum suspeito. Segundo os legistas, Nicolas foi empalado vivo, morrendo lentamente de hemorragia enquanto a antena ia atravessando os seus órgãos até chegar ao seu estômago, o fazendo engasgar lentamente com o seu próprio sangue. Mesmo demorando horas para morrer, pela distância entre as propriedades ninguém deve ter conseguido ouvir os seus gritos de dor. Já os seus pais nunca souberam o que o atormentou já que se mudaram antes dos seus novos gatos morrerem pela doença.
  • A garota da fila do bar

    Eu não sou a menina que te seduz na pista de dança. Aquela que você se aproxima tentando adaptar o ritmo do seu corpo com o dela enquanto dançam e então você a faz sorrir, pergunta seu nome e troca meia dúzia de palavras antes do beijo.

    Não, eu sou aquela que observa com o copo na mão. Sou aquela que você tromba na fila do bar, pede desculpas por educação e apenas pela fila ser tão grande começa a conversar. Comenta sobre a festa, de a bebida estar quente ou qual drink é mais gostoso. Ela te faz dar risada fazendo as piadas mais idiotas possíveis, e só quando o bartender atende vocês é que você pergunta o nome dela. 
    Você adiciona no facebook... Ela era legal, porque não? Alguns dias conversando são o suficiente para chama-la pra sair. Ela fala coisas malucas, te conta suas bebidas preferidas, seus encontros mais embaraçosos, e te faz contar coisas que nunca contou a ninguém.

    É a garota mais legal que você já conheceu. Seus abraços são os melhores, o jeito como a bochecha levanta apertando os olhos quando ela sorri te faz sorrir involuntariamente... Mas ela não é a garota da pista de dança. Não é ela quem você vai apresentar aos amigos, porque eu sou só a garota da fila do bar.

  • A história

                    “E aí Rose, o que tá pegando minha filha?” Leleco põe o skate embaixo do braço depois que cumprimenta a amiga.
                    “Não é nada não, é só que a autora está criando a nossa história. Alguma aventura vem por aí! Tô tão animada!!”
                    “Animada por que pô?! Que aventura? Eu quero que ela escreva um romance, aí normalmente a gente não faz nada, só fica pegando as mina gata que aparece na história!!” Leleco arruma um colarinho imaginário.
                    “Que não faz nada! A gente faz sim! Normalmente no romance a gente sofre por algum infortúnio antes do final feliz ou não tão feliz assim… – Leleco concorda. – Mas a aventura não, a aventura traz o carisma e a sagacidade da personagem à tona, ela torna cada capítulo um marco em nossas vidas, nas aventuras e nos suspenses é que moram as personagens mais preferidas e admiradas, pois conquistaram um lugar ao sol com muito esforço e em nome de um grande propósito.”
                    “Esse negócio de aventura dá muito trabalho ô Rose, não inventa esse negócio de glamour que não rola comigo não, meu esquema é namorar as gatinhas e fica de boa, falando aquelas frase de efeito que o cara nunca esquece.”
                    “Sabe que você tem razão, é como aquele autor maravilhoso que escreveu ‘aos vencedores as batatas’, quem leu não esquece. Mas ainda assim, não deixou de ser um livro emocionante e perigoso” A expressão de Rose se transformou em puro mistério.
                    “Rose, não viaja Rose, quer mais perigoso que tá o nosso país Rose, mané não precisa ler livro não, mané só vive, mano.”
                    “Credo Leleco! Também não é assim! Livro também traz mensagens positivas de amor e de paz, grandes lições e grandes exemplos!”
                    “Ah, então quer dizer que não vai passar lá o personagem principal o tempo todo sofrendo que nem um condenado?”
                    “Claro que não, toda a história tem um objetivo, uma motivação, um propósito” Rose tenta explicar da melhor forma possível. “Mesmo que às vezes a gente não entenda o que o autor está propondo logo de cara.
                    “Tipo Titanic, que o cara se arrisca a história inteira e ainda morre no final?”
                    “Na verdade, Titanic é uma história verdadeira, embora o Romance da história seja fictício, realmente aquela tragédia aconteceu”
                    “Nossa, que coisa! Tragédia verdadeira, romance fictício, isso tá muito parecido com a vida real Rose” Diz Leleco xingando.
                    “Por isso faço tanta questão de aventura Leleco, com a aventura a gente sonha, se inspira, se fortalece e vibra junto com o personagem quando tudo fica bem no final!”
                    “Vendo por esse lado, até que seria bacana se autora me colocasse num lugar de destaque, tipo o cara que sabe tudo e resolve as coisas no final. Eu quero é ficar bem na fita ae!”
                    “Mesmo se tiver que arriscar sua vida para salvar a mocinha da trama?”
                    “É… se não der muito trabalho!” Leleco dá risada da expressão irada de Rose.
                    “Leleco!!!”
    —————————————————————————————–
    Marya Lampert
    26/06/20
  • A nova cura para o mundo

    Muito tempo atrás, mesmo antes de voce nascer, seus pais e avós, eu pisei neste mundo, conheci cada parte e construí meu grande Império secreto.
    Meu nome é Powerful, fui expulso do meu planeta por pensar diferente, e agir de forma diferente, eles diziam que eu agia assim por ser sozinho, mas o que ser sozinho tem a ver ? Eu fiz tudo aquilo por que eu queria, nao por que eu estava sozinho. Destruí dezenas de moradas, matei milhares deles, e nao me arrependo, eu fiz o que tinha que ser feito. Foi melhor para todo mundo.
    No ano de 1876 a.C, eu estava no meu planeta, e houve uma guerra, eu era um bebê, mas eu ainda lembro, vários dos assassinos eram do povo vizinho, eles estavam armados, atirando em todo mundo, sem dó, meu povo corria e se escondia, nao querendo ser mortos, eu ouvia gritos, choros, e tiros por todo lado, e eu estava numa cabana, sozinho, com medo, e ninguém estava lá para me proteger, um dos assassinos entrou na cabana aonde eu estava, olhou para um lado e para o outro e olhou-me nos olhos, ele estava pronto para me matar, então algo dentro de mim brilhou, e eu pude entrar na mente do assassino, e fiz ele mudar de idéia, ele saiu da cabana e todos eles recuaram, com medo. Com o passar do tempo, cada vez que alguém contava essa história, ela ficava cada vez mais falsa, ninguém sabia o que realmente tinha acontecido, exceto eu.
    Depois que eu cresci, com meus dez anos de idade, eu comecei a entender o que havia acontecido naquele ano de 1876 a.C, e foi aí que tudo começou a mudar. Eu passava cada hora do meu dia planejando uma vingança, eu queria me vingar pelo o que eles haviam feito com meu povo, então eu passei seis anos planejando, e me fortalecendo, eu ficava longe de tudo e de todos, não fazia amizade, não conversava com ninguém, uns me chamavam de louco, mas eu segui meu caminho.
    Depois dos seis anos aprimorando minhas habilidades, eu saí no meio da noite e fui ate o planeta vizinho, usei meus poderes da mente para fazer com que uns matassem aos outros, eu gostei daquilo, de ver aquela mesma guerra acontecendo novamente, todos correndo, gritando e implorando por suas vidas. Eu comecei a camihar pelo terreno deles, com o chão cheio de poças de sangue, eu me sentei ali mesmo e vi cada um se matar. Assim que todos se mataram, vieram vários povos, o meu também estava lá, só para ver o que havia acontecido, e eu sorri e disse:
    -Não precisam mais ter medo, o mal já foi derrotado.
    Todos ficaram em choque, se perguntando como eu tinha feito aquilo, e eu respondi todas as perguntas, então o chefe do meu povo caminhou ate a mim, retirou meu cordão e disse:
    -Saia!
    E me expulsou, na mesma hora que ele disse aquelas dolorosas palavras eu fechei meus olhos e senti um vento sobre minha pele, quando os abri novamente, eu estava aqui, nesse Planeta que todos chamam de Terra.
  • Alma Perdida

    Ela era uma prostituta. Mas não era uma prostituta qualquer, nela havia algo especial. Cercada de tristeza e dor, seu corpo possuía tons curiosos.
    Carmen, filha de João e Maria, cresceu ouvindo que o mundo era vazio, um lugar sem esperança. Quando criança, tentava de todas as formas agradar os pais que trabalhavam dia e noite para poder colocar o pão na mesa, chegavam cansados e só verificavam se Carmen estava viva, não prestando atenção acima da mesa: ‘’Papai,Mamãe. Eu não sei muito sobre vocês, contudo isso é uma das consequências da vida que fomos destinados a ter, porém amo vocês do mesmo jeito que qualquer outra filha amaria.”
    Aos 16 anos, os pais de Carmen morreram e a adolescente foi morar com o único parente que tinha, seu tio. Era uma casa fria, sem cor. Todas as noites, ela chorava baixinho, no canto do quarto, implorando para sentir alguma coisa: felicidade, tristeza, raiva... Algo que mostrasse que ela ainda estava viva e não somente sobrevivendo. Seu tio, uma pessoa amarga, chegava bêbado em casa todos os dias e, naquela noite, ele escutou um murmúrio vindo do quarto. Alguém chorava. Uma alma perdida pedindo socorro. ‘’Eu vou te dar um motivo para sentir algo.’’, disse, puxando a cinta e espancando a jovem Carmen.
    E naquela madrugada, ela de fato sentiu algo: repulsa. De si mesma. Olhava para os hematomas e as lágrimas não faziam seu caminho pela bochecha mais, era uma dor mais profunda. Julgou que a melhor forma de acabar com aquilo era fugir e assim fez, saindo sem rumo. Vagou pelas ruas, somente o tempo conseguiria cura-lá.
    Passaram- se anos, Carmen se encontrava no banheiro do posto, enquanto passava o batom tão vermelho quanto seu próprio sangue, um sorriso falho no canto dos lábios. No relógio marcava 00:00, deu um passo para o lado de fora, sentindo o vento frio contra sua pele pálida. Mais uma noite de trabalho.
    Uma mulher diferente de todas as outras, parada no ponto, vendendo aquilo que sempre desejou ter, o puro amor.
  • Antecedente da cicatrização

    Como quando a orelha inflama porque o brinco estava um pouco sujo; ou quando colamos o curativo adesivo que fixa na pele de modo a puxar todos os pelos na hora de sair.
    Mesmo sabendo que no fim iria doer, provoquei. Botei o brinco pra inflamar, colei o curativo pra fazer doer. Queria viver aquilo, nem se fosse por míseros segundos, minutos, horas, dias. Nem sei mais quanto tempo passei imersa naquela banheira de espumas.
    Corria cada vez mais só pra vê-la. Queria era socorro, socorro da própria situação. Socorro de mim mesma. Mas por mais rápido que eu o fizesse, não a alcançava. Dormia sem conseguir descansar. Não sabia como evitar, como não sentir. Era, humanamente, impossível fechar o peito para aquela que, outrora, me visitava com flores e com pele macia a me acariciar.
    Deitada sobre seu peito sentia que a perdia. Procurava sua mão. Meus dedos se entrelaçavam nos dela, mas os dela no meu. Ficava ali parada até o momento em que escorria pelo meu corpo. Indo embora sem dizer adeus.
    Enquanto eu souber que a ferida não será fechada por completo, vou levando. Empurrando com o resto de forças que sobrara do restante da minha alma, que jorrava água escura, afim de fugir do precipício que eu mesma criara.
  • Apenas um sonho

    Descobri meu refúgio em você
    Vivemos o melhor que a vida tem,juntos
    Contra todos,vencemos
    Mas,onde você foi?

    Sinto que não posso te encontrar
    E a solidão aumenta a cada segundo
    Lembro de cada sorriso seu
    Não pode ter ido embora

    Foi tudo apenas um sonho?
    Não posso acreditar
    Foi tudo apenas um sonho?
    Não posso acreditar

    Nosso amor não se perdeu
    Quero cada segundo da minha vida com você
    Só te encontro nos retratos
    A sua espera a toda hora

    Minha vida virou uma escuridão
    Talvez ainda exista no meu sonhos os seus sorrisos
    Não posso ter te perdido

    Foi tudo apenas um sonho?
    Não posso acreditar
    Foi tudo apenas um sonho?
    Não posso acreditar
  • As crônicas do Inferno II

    As crônicas do Inferno
    Épocas sombrias 
     
    O início do fim
    Pecado, esta é a palavra que define
    o tamanho do erro, que Luciféria veio a
    cometer. No começo a consciência lhe
    abandonou, mas quando voltou a
    tê-la, era tarde demais.
    Milhares tinham perecido em suas
    finas e pálidas mãos. O sangue tinha
    tingido o vestido branco de vermelho,
    uma criança aterrorizada estava em
    seus braços, só que ela não sentia
    sua dor, ou qualquer outra
    coisa.
    “Parabéns” Congratulou Bael, vindo
    por trás dela, e atirando o cadáver para
    longe, como se não fosse humano. Em
    seu dedo havia o sangue da vítima,
    que ele levou aos lábios, saboreando
    aquele néctar da vida. “Eram todos
    monstros, que mereciam morrer.”
    Ela lhe respondeu, sem emoção
    nas palavras.
    “Sim minha querida.” Ele disse de
    má vontade, percebendo que a jovem
    não estava ciente do seu crime. “Há mais deles para destruir?” Ficou
    parada, com o olhar vazio.
    “Não, já é o bastante. Beba isso, 
    para perder a sede da guerra.” Disse
    lhe dando o cálice, e fazendo-a beber
    o vinho, que estava infectado com
    uma poção alucinante.
    Ela o bebeu, e ficou leve como 
    o vento. Ele a pegou nos braços, e 
    a levou para o seu palácio pirâmide, 
    onde a deitou numa cama. “Não se
    preocupe, estamos só eu e você
    Lucy” Disse tirando-lhe as
    roupas.
    Na visão da dama, estava num 
    paraíso junto do seu amado marido Azazel, sob o sofá confortável, onde
    praticavam seus atos de paixão. Na
    realidade, ela estava nos braços
    do maligno, que estava louco
    por ideias cruéis.
    Ela parecia uma garotinha, que
    tinha chegado a adolescência apenas
    no tempo, mas não no corpo, e isto o
    fazia querer possuí-la, tomá-la para
    si. Pois de certa forma, o fazia lembrar
    dos tempos em que a filha não tinha
    se desenvolvido, e de quando a
    violou.
    Pobre Eke, além das incessantes negativas de Miguel, tinha um passado
    sombrio, e extremamente assustador.
    Os olhos negros como a noite, já
    foram doces, mas devido ao pânico, a
    cor foi se perdendo com o tempo, e
    ela se transformou em quem
    é hoje.
    “O quê está fazendo?!” Disse a própria,
    tirando-o de sua doentia nostalgia. “Só me divertindo, minha pequena” Ele lhe
    respondeu, adentrando o corpo da
    princesa, que embora parecesse
    intocável, nem um pouco o
    era.
    “Mamãe não gostará disso.” Lhe
    criticou, e o demônio deu os ombros,
    prosseguindo com o abuso, ao ponto
    de suar. “Sabe que de todas as vadias,
    essa é a única...” O olhar frio dele é
    uma resposta ao seu apelo, só
    que ela não desiste.
    “É a única, que jamais quis que
    tocasse.” Protesta em voz solene, e
    ele ergue a sobrancelha. “Eu também
    não queria que deixasse o lar, para ir
    atrás de um certo arcanjo. Mas não
    temos sempre o queremos Eke.”
    Retrucou, fazendo-a deixar
    ele só com a vítima.
    “Eke?” A dama sussurrou, e o mundo
    perfeito, falhou como uma ilusão. “Não
    , eu disse Ele” Tentou desconversar, só
    que a jovem o viu, e isso a trouxe 
    para a realidade.
    “Bael?!” Ela esbravejou, tentando 
    se soltar dos braços dele. “Não haja
    como se não quisesse, sou tão lindo
    quanto seu pai.” Ele se imprensou, forçando-se contra ela.
    “É! É como se estivesse nos braços
    dele! É nojento! Por favor para!” Ela
    implorou, mas em vez de ceder, ele
    apenas seguiu, lhe tapando a
    boca, enquanto ela tenta
    gritar.
    “Podia ser prazeroso, para nós dois.
    Mas você tinha que acordar. Lamento
    por isso, só que não vou parar.” Ele
    diz, sentindo que o corpo dela
    está secando.
    Lágrimas escorrem molhando sua mão.
    Ela tenta dizer “O quê fiz desta vez?” Só
    que o demônio, pressiona sua palma,
    fazendo-a entrar em desespero.
    Os olhos dele encontram os dela, ele
    vê o pânico instalado em sua face, que
    estava ficando vermelha, de tanto chorar.
    Por falsa misericórdia, se aproxima
    do seu ouvido, e sussurra palavras que
    lhe devolvem para o mundo dos seus
    sonhos, e a faz ceder com mais
    facilidade.
    Após terminar, ele se afasta, deixando-a
    desmaiada entre os lençóis brancos. “Eu sinto que tem algo errado aqui.” Ela diz
    dentro do seu Éden mental, enquanto
    fica jogada nas almofadas do
    sofá.
    “De todas as mulheres do mundo, tinha
    que escolher a filha de Cerridwen!?” Diz a deusa Hécate, seguindo o novo deus,
    para os seus aposentos reais, e este
    a ignora.
    “O quê há de errado nisso? Não foi
    Você que escolheu o marido dela como
    seu par ideal?” Questiona friamente, e
    a deixa de queixo caído. “Ela vai ser
    expulsa daqui.” Avisa a esposa,
    e ele para.
    “Ela fica.” Diz em tom imperativo. 
    “Não, nós já temos uma filha de Lúcifer no nosso exército.” Responde opondo-se
    a ordem estabelecida. “Não uma que atenda ao meu desejo. Ela fica.”
    Rebate, deixando-a.
    “Desejo?” A deusa grita invadindo 
    o local. “Você sabe o quanto gosto de
    garotinhas.” Retruca com o sorriso
    cruel. “Lilá é a mais jovem.” Lhe
    contradiz de imediato.
    “Lilá é desenvolvida, como a carne
    manchada pelo pecado. Já Luciféria
    parece tão pura, quanto intocada.”
    Esclarece, e a deusa gargalha 
    com escárnio.
    “Luciféria, não é uma santa. Conheceu 
    os pecados do corpo, mais cedo que Lilá 
    , e nem precisei induzi-la.” Diz em tom de zombaria. “Além do mais, já esteve
    nos braços de Miguel, e Azazel. Ela
    Não É pura.” Prossegue com a
    afirmação.
    “Não? Bem isso a torna perfeita para
    os meus planos. Agora saia, preciso do meu descanso.” Diz fazendo menção 
    para retirar-se. 
    “E Hécate.” A chama antes de passar
    pela porta. “O quê?” Ela pergunta com
    má vontade. “Não ouse tocar nela. Só
    Eu tenho este direito.” Mostra seu
    poder na casa, e isso a 
    enfurece.
    “Mamãe!” Eke grita correndo a bela
    morena. “Sim.” Responde ainda de mal 
    humor. “Você conversou com Ele? Ele vai tirar ela daqui?” Pergunta frenética
    pela resposta. “Não, é mais fácil nos
    tirar, e ficar com ela.” Fala com
    desgosto.
    “Mas por quê?!” A menina fica chateada. “Porquê ele se encantou por
    aquele corpinho de Lilith.” Diz sentindo o ódio crescer dentro de si. “Só que
    como ele não se importa...” Lhe
    vem a ideia.
    “Não vejo mal algum em seguirmos
    em frente também.” Diz caminhando com um sorriso na face. “Chega de ficar
    esperando por Harmonia. Vamos fazer
    do meu jeito. Venha comigo.” Segura
    a mão da menina, e as duas vão
    para fora do palácio.
    A princesa segue desconfiada, 
    olhando para os sorrisos robóticos de seus pais, que sempre parecem felizes. Sem que lhes vejam, ela vai até o penhasco.
    Percebendo que há algo errado, o
    Demônio acorda, e voa rapidamente
    para dentro do quarto. A jovem salta
    para a escuridão, e ele a pega nos
    braços, impedindo-a de bater
    a cabeça.
    Seus olhos estão vazios, outra vez
    a ilusão está falhando, até que volta 
    ao normal, e percebe que está nos
    braços de Bael. “Eu sabia!” Ela
    grita, tentando se livrar 
    dele.
    “De novo?! Não cansa de sofrer?!”
    Ele se mostra frustrado por seu poder
    mental, não ser tão eficaz com ela. “É 
    , e eu não vou cair na sua miragem 
    diabólica outra vez!” Diz ela com
    fúria.
    “Pior para você. Porquê eu não vou
    deixar de me satisfazer!” Responde e a bela fica horrorizada. “Por quê eu?! Eu não queria vim para o seu lado, não
    conspirei com você, então por
    quê?!” Grita mostrando-se
    assustada.
    “Porquê é perfeita.” Responde-lhe, 
    soltando-a, para diminuir o trauma. 
    “Eu sou o quê?” Inquire sem acreditar em tais palavras. “É perfeita.” Ele volta a responder, e com o olhar confuso, a bela pergunta “Por quê?”. “Luciféria,
    desde que a tive nos braços, muito
    tempo se passou...” Ele inicia.
    “Quer dizer quando Miguel permitiu
    que me violasse por vingança?” Ela lhe
    questiona. “Sim” Ele ri. “E seu corpo é o
    mesmo. Seios pequenos, baixinha, pele delicada, é quase uma criança.” Ele
    confessa, tocando-lhe a face.
    “ É uma criança eterna, que nem mesmo a encarnação pode mudar.” Ele
    prossegue, fazendo-a saltar para trás. “O meu corpo, é essa a maldita razão, para me fazer prisioneira?!” Berra, e
    ele a agarra, fazendo-a se sentar
    diante de si.
    “Antes era apenas o seu poder, só
    que ao ver-te desnuda, não pude me conter.” Continua a falar. 
    “Há um fio de sanidade restante? 
    Você me quer porquê pareço uma criança!” Ela berra ainda amedrontada, com as respostas que vem recebendo. “É, mas pelo que sei, já é uma mulher feita, por isso não é crime.”  Ele a
    segura pela cintura.
    “Me devolva para aquele mundo 
    de fantasia, porquê sua insanidade não tem limites!” Diz tirando as mãos dele
    do seu corpo. “Como quiser, assim 
    será menos doloroso.” Ele brinca,
    e se prepara para dar o 
    comando.
    “O quê? O quê vai fazer comigo?!”
    Pergunta-lhe em pânico. “Quando você
    está com Azazel, e realizam atos carnais
    . Bem, não é Azazel que está lá.” Joga
    a isca, e os olhos dela crescem de
    medo.
    “E até onde sei, estava agressivo 
    na medida certa, pois foi o quê você me disse.” Completa, deixando-a vermelha de vergonha. “Achei que era apenas o
    impulso...” Tenta se explicar. “Não
    contarei a ninguém.” Ele volta
    a tirar sarro.
    “Você é doente! Louco!” Finalmente
    o xinga, e ele apenas ri em silêncio. “Só
    é ruim, porquê você quer que seja. Pare
    de lutar, e verá que isso não vai te ferir
    , e será até gostoso, para nós dois.” Tenta manipulá-la, e ela outra 
    vez se afasta.
    “Foi assim que seduziu a Eke?” Ela
    lhe pergunta, tentando fugir daquela conversa pavorosa. “Nem tentei, só fiz 
    o quê Hécate permitiu.” Diz ele lhe
    agarrando outra vez.
    “Por favor não.” Ela suplica, ao vê-lo
    tão próximo do seu pescoço. “Está na sorte princesa infernal. Eu nunca faço
    nada para seduzir minhas vítimas.”
    Responde, e então lhe morde a
    nuca.
    “Nem preciso. Elas se entregam para
    mim, quando finjo ser seu pai.” Diz lhe
    arranhando nas costas. “Eu nunca fui
    apaixonada por  meu pai.” Responde com certa tremedeira, sentindo
    calafrios.
    “Vai ficar depois de mim.” Ele a 
    encosta no topo da parede, e sua
    mão desce até o meio das suas
    pernas. “Certo!” A jovem da
    realeza o para.
    “Me manda pro paraíso, e me faz
    esquecer o aqui e agora. Seja o meu Azazel.” Ela diz tremendo como um
    cachorro com frio. “Não, desta vez
    serei apenas Bael.” Ele diz com
    o sorriso diabólico, e a
    beija.
    Naturalmente a moça resiste, 
    ao menos no começo. “Viu como não
    é ruim, quando você permite?” Ele
    ergue os dedos umedecidos. “Eu não
    estou...” Tenta responder, e ele volta
    a lhe calar, com outro beijo roubado.
    “Se parar de resistir de vez, gostará
    da experiência.” Sussurra em seu
    ouvido.
    “Por favor pare.” Diz ela com
    a voz fraca, aterrorizada por ver-se
    dividida entre seguir, ou manter-se fiel
    aos seus princípios. “Chega, eu não
    quero!” Grita quase se entregando
    a ele, e o atira para longe, caindo
    no piso, onde se fere com a
    madeira.
    “Estou tentando ser bonzinho. 
    Porém você não facilita, sou obrigado 
    a isso...” Diz ele se levantando num vulto, e então enfia na boca dela,
    um liquido esverdeado.
    “O quê é isso?!” Ela urra, e ele não
    se dá o trabalho de responder. “Engula”
    Manda, e ela se nega. “Engula e eu digo .” Diz revirando os olhos. “Eu não confio em você.” É a última coisa que diz, antes dele deixá-la quase 
    cair.
    “Isso é uma toxina que criei. Se não
    quiser saber os efeitos, siga as regras, e ficará bem.” Responde enfim, e a bela sente o calor subir pelo corpo, junto
    de uma dor insuportável.
    “O quê fez comigo?!” Diz entredentes,
    travando na hora de andar. “Apenas lhe dei algo para acumular a libido, se não a esvaziar, o incômodo será maior”
    Ele ri da sua desgraça.
    “Não pode está falando sério!” Diz olhando-o com incredulidade. “Posso e
    estou. Então...Vem para a cama?” Lhe
    questiona, deitando-se entre os 
    travesseiros.
    É claro que apesar da atitude bem
    monstruosa, Bael é atraente, os cabelos loiros como sol, a pele pálida como a lua, e os olhos azul escuro, que ficam
    vermelhos com a adrenalina, são o
    destaque da sua beleza jovial, e
    máscula.
    Porém Luciféria não se importa com
    a forma física do inimigo, e sim com o quê ele faz em seus cultos atrozes, e
    os crimes que cometeu com ela, e
    a sua prima Eke.
    Por isso, embora a primeira vista
    Bael seja um humanoide bonito, ela
    não o vê desta forma, e sim com os
    olhos da vítima, que deseja matar
    , ou fugir do seu agressor.
    “Eu nunca ficaria com você.” Ela
    fica defensiva. “Já ficou, e até gostou.”
    Diz ele olhando para as unhas com total indiferença. “Eu pensei que era Azazel!”
    Grita em desespero. “Então Azazel é
    portador de uma bela espada.” Ele
    zomba, fazendo menção ao “seu
    tamanho.” 
    “Você é baixo!” Diz ela com lágrimas
    , descendo pela face, pois suas partes doem intensamente. “Mais alto que
    Você, e outras deusas.” Ele segue
    brincando, e ela salta em
    cima dele.
    “Me dominando?! Quanto ousadia.
    Nenhuma teve tal coragem.” Diz ele ao
    vê-la montada em seu corpo. “Você é um babaca!” Esbraveja, dando-lhe
    vários socos no peito.
    “Sim eu sou.” A calmaria em sua voz
    , a deixa transtornada. “Idiota!” Grita
    tentando enforcá-lo. “Quem sabe se o
    fizer mais forte...” Ele continua sem se
    importar com a reação dela. “Eu te 
    odeio!” Protesta, e ele a pega 
    nos braços.
    “Eu sei que sim, mas posso tirar a sua
    dor, basta ceder.” Olha em seus olhos, e ela sente calafrios. “Só tende a piorar, e não precisa ter vergonha, finja que está no mundo perfeito.” Diz ele preparando
    seu instrumento, para aliviar a enorme
    tensão que a atormenta.
    “Me manda de volta pra lá.” Pede-lhe
    , preocupada com a realidade. “Não, eu já disse hoje será a minha vez. Chega de Bael, o Lúcifer, Bael, Miguel, ou Bael ,
    Azazel. Serei eu.” Diz ele recordando
    as humilhantes fantasias que 
    satisfez.
    “Por quê?” Lhe questiona amedrontada,
    e ele se prepara para ser um com ela. “É algo que não posso responder.” Diz ele 
    , olhando para o membro, e a dama,
    que mesmo com muita dor 
    ainda nega.
    “Seu corpo precisa liberar o prazer
    Lucy, não vai gostar da dor que vem se
    não o fizer.” É a sua última tentativa. “
    Está bem. Mas saiba que eu mesma,
    sem poção de luxúria, jamais o
    faria!” Finalmente cede.
    Ele a deita cuidadosamente entre 
    os lençóis, e abre-lhe as pernas, que
    estão encharcadas, pois seu corpo já
    estava liberando o júbilo sexual. Ele
    sorri, e entra em seu corpo, fazendo-a
    suar, notando que o medo ainda não
    a deixou, ele entrelaça seus dedos
    aos dela.
    “Há apenas um segredo Luciféria.”
    Diz ele já realizando o objetivo final,
    e os olhos dela engradecem, temerosos
    pelo que a aguardava. “Para, liberar a
    libido, é preciso, que, se, sinta, no
    mínimo, atraída, por, quem, o
    faz!” Diz estocando-lhe.
    “Então agora tenho certeza.” Diz ao
    entoca-se na caverna dela. “Você vai sim se entregar para mim. Sem poção
    alguma.” Conclui, deixando-a num
    carretel de confusão.
    “Isso, não, é verdade!” Ela responde
    ao ser chacoalhada, pelos movimentos
    dele. “Sim, é.” Os lábios dele vão até o
    seu pescoço, e ele morde no ponto
    certo, para esquentá-la.
    “Você pode, não ter, atração por seu
    pai, como Lilá. Mas certamente há algo
    em mim, que te seduz.” Ele prossegue,
    falando em seu ouvido, e deixando-a
    arrepiada pela revelação.
    “Você me envenenou!” Tenta se 
    defender, e no calor do momento ele
    a beija, colando-a ao seu corpo. Outra
    vez ela luta para não retribuir, mas
    acaba o fazendo, pois reduz 
    muito mais a dor.
    Após várias horas, entregando-se 
    aos desejos do demônio, ela finalmente se vê livre do veneno, e adormece nos
    braços dele, que por alguma razão
    não a deixa desta vez.
    “A poção foi apenas uma desculpa.
    A dor passaria com o passar do tempo,
    mas você cedeu a mim, e isso é só o
    começo, pois logo te farei a minha rainha.” Diz ele dando-lhe um
    beijo na testa.
    Eke observa tudo pela fenda da porta,
    e fica furiosa, pois nem com ela, ele era
     tão carinhoso, não mais ao menos, e
    por isso passa a tramar a ruína
    da princesa.
    Vida longa a Rainha
    O tempo foi passando, e a vida seguiu. De alguma forma Miguel
    aceitou seu destino com Eke, e
    Azazel se juntou a Asmodeus,
    numa caçada por ninfas.
    Lilith, Lúcifer, e Yaweh, aos poucos foram restaurando a ordem, e em vez das costumeiras brigas, eles
    enfim agiram como família.
    Lilá também encontrou a 
    felicidade, com a irmã distante 
    do lar, pois embora fossem boas
    amigas. A mais nova da família
    de Lúcifer, detestava o fato da
    irmã se destacar em tantos
    ramos mágicos, dos quais
    os pais tinham total
    orgulho.
    Sem saberem de toda a sujeira
    , que a doce e amável Lilá tinha feito
    com a irmã. Todos achavam que ela
    os tinha traído, e que agora era a
    nova conquista de Bael, por isso
    ninguém foi resgatá-la.
    Luciféria foi a única que não teve
    um final feliz, pois o seu mais novo pretendente, não lhe deixava de
    forma alguma, seguir com 
    outro par.
    “Talvez deva ceder a Ele.” Diz 
    a sua tia, lhe penteando os cachos,
    e esta se vira assustada. “ Eu sei o
    quê fazem nos fundos.” Prossegue
    com o olhar indiferente. “Não é
    que eu queira!” Ela se defende.
    “Será mesmo? O veneno que te
    obriga a tomar...” A morena inicia.
    “Só pode ser curado, por alguém que eu tenha atração.” Completa, ao ver
    que o cacho continua a perder a
    sua forma.
    “Não, só causa dor mesmo. Se para
    quando está com ele, é porquê ele te atrai, e é provável até que goste dele.” Responde terminando
    de ajeitá-la.
    “Eu não sou a Lilá. Não cairei em
    seus jogos de manipulação.” Lhe dá
    um aviso, e a deusa ri. “Não é jogo,
    como deusa da manipulação, você
    devia saber.” Diz deixando-a a 
    sós, com os seus pensamentos.
    “Não, eu não me sinto nem sequer
    bem com Ele.” Diz para si mesma, e o próprio monstro entra no quarto. “O
    quê houve?” Pergunta com o seu
    sorriso mais inocente.
    “Nada. É só que Hécate me alertou
    sobre o veneno.” Responde saindo de
    perto dele. “ Ah que bom, levou mais
    tempo do quê eu esperava.” A sua
    alegria, a deixa apreensiva.
    “Você tem se aproveitado do meu
    pouco entendimento, para fazer o quê bem entende comigo!” Grita,
    e ele lhe faz diminuir o tom, com
    um gesto.
    “Não é nada ruim. Se não sentisse
    nada, continuaria a doer. Eu sei que 
    sente algo Lucy, sua forma lhe trai.”
    Ele brinca de aparecer, em dois
    lados das colunas da cama.
    “Eu não sinto!” Exclama com toda
    a sua energia. “Então se eu quisesse
    te beijar agora, você não iria me
    retribuir?” Pergunta com 
    olhos insidiosos.
    “Claro que!...” Ele a beija antes que
    termine, e cria uma pausa, para ver a onde aquilo chegará. Para a surpresa
    dela, seu sistema nervoso lhe trai, e
    retribui ao gesto dele.
    “Como eu disse sente algo por 
    mim.” Ele se gaba, e com raiva ela 
    lhe morde a língua. “Ataque de amor 
    não dói Lucy.” Ele se afasta, com
    a boca ensanguentada.
    “O quê eu fiz para acabar aqui?”
    Se questiona, e o arcanjo entra no 
    quarto, sem que Eke o veja. “Cedeu a
    ele. Aceitou o presente de Harmonia, ao qual falei que não deveria.” Diz
    claramente enciumado.
    “O quê vê nestes demônios?” Ele
    inquire, fazendo-a gargalhar. “Está
    com ciúmes? Não fui eu que casou
    , e assumiu um compromisso.”
    Retruca, e quem ri é 
    ele.
    “Você só queria saber de Azazel,
    e depois casou-se com o cara que traiu nossos pais. Agora quer vim
    reclamar?! Faça-me rir.” Ele joga
    na cara dela, tudo o quê vem
    fazendo.
    “Eu fui obrigada, idiota!” Diz
    entredentes, e ele ergue a sua sobrancelha descrente. “Não é
    o quê parece, pelos sons que
    vem do quarto do casal.”
    Diz com sarcasmo. 
    “Sons do quarto?! E você e a
    Eke queridinho?! Chame o meu 
    nome, chame o meu nome!” Ela
    começa a contar os segredos, e
    ele percebe também o seu
    ciúme.
    “Como se você e o Matusalém,
    fossem diferentes! Por favor venha
    me possuir, não vou suportar mais!”
    A raiva preenche os olhos dele, que
    ficam vermelhos, ao ponto de 
    lagrimar.
    A princesa podia lhe contar a
    verdade, mas como ele estava com
    a sua maior rival, preferiu ficar em
    silêncio, fazendo-o sofrer com as
    próprias ideias.
    “De todos os homens do céu e o
    inferno, tinha que escolher ele?” É
    o quê diz em tom de tristeza. “O quê
    escolho, ou deixo de escolher, só diz
    respeito a mim.” Responde fria, e
    sem se importar com o choro
    do anjo.
    “Você é realmente uma meretriz!”
    Berra batendo a porta, e a deixando
    sozinha, com sua cabeça. “E você é o mesmo idiota de sempre. Com tantas no mundo, casou-se logo com quem
    quis me destruir.” Lágrimas caem
    no tapete, e a expressão vazia
    volta a ter vida.
    A noite... Luciféria adormece em 
    sua cama de penas, temendo que o marido venha tomá-la durante o sono. Só que nada acontece,
    e ela estranha.
    Ruídos bem familiares, vem do
    último quarto, e ela resolve ver do
    quê se trata. É Lilá que está em seus
    braços, pedindo por mais e mais, e
    a poção está cheia no canto da
    cama, provando que aquilo
    é vontade dela.
    Bael olha nos olhos da esposa,
    sentindo-se revigorado com aquele
    ato, tão impuro. Ele imagina que a
    fará surtar, mas a dama apenas
    sorri, fechando a porta.
    O quê faz perder o seu gosto 
    por aquilo, e correr atrás dela de imediato. “Tão rápido?” Pergunta,
    claramente alegre, com o quê o
    seu companheiro fez.
    “Você não está chateada?” Ele
    questiona, elucidando o seu mal humor. “Sou a 3° das suas esposas.
    Já vi coisa pior.” Rebate, ainda com a face radiante de felicidade. “Só que eu deixei as outras duas, por você.” Esclarece, e a faz sorrir mais.
    “Diga isso para minha irmãzinha.”
    Responde enfim seca, e ele percebe que a machucou. “Lucy.” Tenta tocar
    o seu ombro. “Eu estou bem. Graças
    a você, tive certeza do porquê não
    cedi.” Retruca, com a mesma
    face animada.
    “O quê?” Pergunta-lhe preocupado
    com tal resposta. “Eu quase assumi, que talvez gostasse um pouco de você. Mas me fez lembrar do quanto
    é idiota, então obrigado.” Responde
    deixando-o de queixo caído, pois
    não esperava por esta.
    “Lucy!” Ele berra, batendo na porta
    do quarto dela. “Divirta-se com a sua nova esposa!” Sua voz ecoa por entre a madeira. “Lucy!” Continua a gritar,
    e ela deita, criando fones de pura
    energia, que o silenciam.
    No dia seguinte...Todos os familiares
    se sentam a mesa para o café da manhã, e os olhares gélidos da jovem intrigam a maioria, que desconhece
    os eventos da noite passada.
    “Problemas no paraíso?” Eke brinca,
    e Miguel fica atento para saber sobre as novidades. “Esse lugar sempre foi o inferno.” A jovem responde-lhe com o sorriso mais cínico.
    “Lucy definitivamente não está bem,
    quando sorri demais, sei que há algo errado.” O arcanjo repara no comportamento da moça, que segue como se tivesse achado o tesouro,
    sem o mapa.
    “Logo teremos outra rainha.” Ela
    olha para a irmã, que fica assustada
    com tal afirmação, pois esta sentada ao lado do seu amado Gabriel. “Não
    , não teremos.” Bael a contradiz,
    para proteger a menina.
    “Não precisa esconder querido, 
    uma rainha a mais não faz diferença,
    ou será que faz?” A dama segue cada vez mais ácida, e notando o intuito 
    dela, o rei se levanta, e a puxa
    para longe.
    “Não ouse seguir adiante. Gabriel
    não me perdoará.” Ele olha nos olhos
    dela, que continuam cômicos. “Ah é?
    Devia ter pensado nisso, antes de por
    dentro do meu lar, aquela que foi
    responsável por me destruir!”
    Grita, e a caçula teme 
    pelo futuro.
    Notando a onde a conversa dará,
    Ela se levanta da mesa, e pede para o par ir junto. “Não ouse se afastar!”
    A jovem rainha ordena, e a menor
    fica congelada, esperando pela
    tempestade.
    “Eu estou cansada das suas afrontas,
    e do fato de que nunca recebe o devido castigo!” Diz entredentes, e esta lhe pede com o olhar, que não
    faça nada. Só que a mais velha,
    não lhe dá a mínima.
    “Luciféria Lilith II!” O marido tenta
    lhe impedir, enquanto o arcanjo fica a analisar os fatos, sabendo que há
    algum segredo obscuro, que Lilá
    e Bael, não querem que 
    saiba.
    “Lilá será a 4° esposa de Bael!
    Porquê os encontrei na cama, como
    marido e mulher ontem!” Grita para
    todos na mesa, e Eke e Hécate ficam
    de queixo caído, com a atitude da
    garota.
    “Lilá, isso é verdade?!” Gabriel lhe
    pergunta entredentes, e ela tenta lhe
    negar. “É claro que é verdade! Deixe
    de ser tão bobo!” A filha da rainha
    do inferno, faz juiz ao seu sangue
    quente.
    “Silêncio Luciféria, eu quero ver 
    até onde vão as mentiras dela.” Ele
    olha fixo para a amada, que acaba por desmanchar-se em lágrimas, 
    e tenta abraça-lo, mas ele se
    afasta.
    “É só o quê eu precisava saber.
    Eu mudei, é o quê sempre diz, mas
    Já foram tantas traições que perdi as contas!” Ele revela. “Cansei disto Lilá, eu não sou um brinquedo, e não
    quero mais ser usado como um.” Ele
    se afasta, fazendo-a se virar contra
    a irmã, que a encara com total
    indiferença.
    “Desgraçada! Como pode?! Todos
    sabem que nem mesmo gosta de Bael!” Lilá fica histérica, e a moça
    segue calada, observando até onde vão as acusações. “Afinal ontem mesmo, o marido de Eke saiu do
    seu quarto!” Grita tentando
    causar alarde.
    “Nós não fizemos nada, a não ser
    discutir, deixe de ser idiota.” Ela lhe responde com serenidade. “Você e o amor da sua vida, num quarto, e nada aconteceu?!” Ataca-lhe com mais acidez. 
    “Azazel é!...” Tenta gritar como se
    o quê a irmã fala, fosse a confissão de um crime. “ Você não engana a ninguém! Eu vejo como olha para
    o arcanjo!” Berra mais alto ainda,
    e os olhos do anjo e a deusa se
    encontram.
    Ele se mostra confuso com tais
    revelações, e ela apenas nega em silêncio, enquanto os olhos lhe
    entregam. “Cale-se!” A rainha
    urra estridente, e Lilá nota
    o ponto fraco.
    “Você nunca quis um homem como nosso pai. Mas ainda sim veio e ficou
    no meu lugar!” Protesta, e a outra fica incrédula. “Não mesmo! Ao contrário de você, que dormiu com o
    próprio, eu só queria seguir o meu caminho!” Berra com força, e 
    derruba o vinho.
    “É Lilá, advinha?! O mundo não gira entorno da sua vontade! Até porquê a Harmonia me fez uma deusa, e não a você! Vai ver por isso rasteja de cama em cama, tentando ser adorada!” A bela toca na sua ferida, e a menor perde a cabeça, tentando lhe
    atingir com a faca.
    “Já chega!” Bael a impede de ferir
    Luciféria, e esta deixa a mesa, para ir pro seu quarto. “Eu vou...” O arcanjo
    se dispõe a ajudá-la. “Você fica.” Bael o olha com fúria, e vai atrás da rainha, que permanece trancada.
    “Lucy...” A chama, e ela não lhe responde. “Lucy, o quê foi tudo isso?”
    Tenta descobrir o quê se passa, só que como não obtém resposta,
    usa seu poder para invadir. 
    “Isso não foi por você.” Dá uma luz
    a ele, que o faz rir. “Nem um pouco?”
    Pergunta, e ela o olha com raiva. “Eu só me cansei da sua frieza.” Tenta
    se explicar.
    “O quê faz ou deixa de fazer não 
    me interessa. Com quem faz é o quê
    importa.” Retruca, e ele lhe abraça
    na beira da cama. “Me perdoe. Eu
    prometo que não tocarei outra
    além de ti.” Pede perdão, e
    ela se solta.
    “Só me terá outra vez com o seu
    veneno. Do contrário, nem chegue
    perto de mim.” Deixa-o surpreso. “É
    um sinal de ciúme?” Pergunta com
    alegre desconfiança. “Deixe de
    ser babaca.” Retruca.
    “Lucy, Lucy...Parece se importar com
    as minhas aventuras.” Ele volta a por os braços envolta dela. “Sou possesiva, e desde pequena, tenho lutado com Lilá, para não mexer no quê é meu!” Responde ainda com
    desprezo.
    “Eu sei. Por isso escolhi ela.” Ele ri
    da explicação. “Você só a afasta do quê é importante. O reino de Tiamat,
    seus dragões, Azazel, Miguel, e pelo
    visto Eu.” Beija-lhe o pescoço.
    “Você me fez rainha do mundo, é
    isso que te faz importante. Não sinto nada por ti.” O trata de forma gélida.
    “Não? O ciúme, o fato de ceder, eu
    acho que a resposta é outra.” Ele
    continua a abraçá-la.
    “Lilá, por quê fez isso com a Lucy?
    Já se esqueceu das broncas que ela
    aguentou, só para você ver Gabriel?”
    Miguel pergunta para a mocinha, que o olha com indiferença.
    “Fique quieto.” Ordena, e o arcanjo
    se cala.  “Ele sempre corre atrás dela 
    depois que erra?” Pergunta para Eke
    e Hécate. “Não só quando erra. Ele
    é estúpido, quando se trata dela”
    Responde a deusa das 
    3 faces.
    “Até nos excluiu como esposas, só
    para dá o mundo a Ela. O quê não foi
    tão ruim, pois ganhei meu amado só
    pra mim!” Eke responde abraçando
    o braço do esposo, enquanto este
    sorri sem jeito.
    “Ele segue encantado por Ela, e 
    não sabemos se a ama, ou é o Caos do seu poder, atraído pela Harmonia
    dela. Só temos certeza que não a
    deixa.” Responde a deusa, ainda
    confusa com a atitude do 
    ex.
    “Era para ter sido Eu...” Lilá sente-se
    triste. “Então por quê não foi?” o anjo pergunta furioso. “Porquê eu estava ocupada com Caim, enquanto
    Bael invadia o Inferno.” Mostra-se
    envergonhada.
    “Uma noite de prazer que lhe custou
    Caro.” Hécate ri do seu sofrimento, e lhe dá um cálice cheio de vinho. “Beba vai se sentir melhor.” Estende
    o copo, e esta aceita de imediato.
    “Sempre é sobre Luciféria. Será 
    que ela nunca vai esquecer da nossa infância, e me deixar brilhar?!” É o quê pergunta. “O fato de ser sempre
    a doce e amável Lilá, pesou muito
    para a Luciféria demoníaca e
    bravinha” Miguel ri.
    “É? E ela acha que foi um sonho?
    Nossa mãe tentou me afogar, depois fui jogada no reino de Krasladanshit! Como nada!” Berra, em desespero.
    “Enquanto sua mãe chorava pelos
    cantos, se perguntando porquê não a
    amava, e se isolando dos outros filhos.” Retruca, brincando com
    os vegetais.
    “Ah e eu tinha culpa? Queria ser 
    uma dama sedutora, que tem aos homens na palma da mão, não uma neandertal lutadora!” Rebate, e ele
    ergue a sobrancelha. “Engraçado,
    porquê sua irmã só queria ser
    como Ela.” Revida.
    Notando a superproteção do 
    marido, a jovem de cabelos negros,
    o observa com atenção. “Parece que as neandertais, levam todos os homens das damas.” Eke responde,
    e Lilá sorri, porquê Miguel não poderá mais falar. “A onde irá?” Ele
    lhe pergunta. “Perdi a fome.” A bela
    resmunga, e ao vê os olhos de Hécate, Ele vai atrás.
    “Já disse sem o veneno, não poderá
    me tocar outra vez.” Ele ouve a voz da sua amada, e nota algo errado.
    “Você sabe que posso.” Diz a voz
    de Bael, e os gritos de Lucy se
    fazem presente.
    “Solte-a!” O arcanjo invade o 
    local, e pega o marido com as calças
    arriadas, enquanto a garota corre 
    dele, com lágrimas pela face, só
    que ao chegar nele, o olha
    com raiva.
    Quando está prestes a repousar
    em seus braços, fecha os punhos, e
    se afasta, indo para o mais longe que
    consegue. “O quê faz aqui?!” Ele grita. “O quê ela quis dizer?”
    O questiona sem 
    medo.
    “O quê ela quis dizer com veneno?!”
    Pergunta completamente furioso por causa do silêncio. “Escute aqui anjo,
    a sua mulher é outra!” O demônio
    o pega pelo queixo, e o joga na
    parede.
    “Sabe porquê me casei com ela,
    não se faça de idiota.” Tenta dizer
    , e ele sorri com maldade. “Então se
    casou com minha filha, só por causa
    de Luciféria.” Diz em voz alta, como
    quem conclui algo com sagacidade.
    “É claro que foi.” O alado
    confessa.
    “É bom saber disso.” Eke diz com
    voz de tristeza, e o diabo ri do nível
    de inocência do anjo. “Agora Eke o
    expulsará daqui, e não me causará
    problemas.” Esclarece, e o anjo
    nega em silêncio, sentindo
    a derrota.
    Uma jovem de cabelos negros, e
    olhos violetas esbranquiçados, está 
    a chorar na beira do lago. “Nahemah ”Ouve o chamado familiar, e olha para o anjo. “Eu te abraçaria, se isso não fosse por sua culpa.” Responde
    , ainda sentada na areia, com o
    seu vestido vermelho.
    “Eu não fiz nada desta vez.” Ele
    se senta junto dela, sem aproximar
    demais. “Bael só quis tomar posse de mim, porquê conheceu meu corpo na sua vingança.” Revela, olhando para
    a água, cujas as ondas se movem
    rapidamente.
    “Mas a culpa não é só minha. 
    Eu te disse para não aceitar aquele poder.” Se defende. “Quer mesmo
    Discutir?” O olha incrédula, e faz
    as ondas subirem. “Não.” Segura
    a sua mão, descendo-a, e lhe
    acalmando.
    “O quê é esse veneno de Bael?”
    Enfim investiga. “É uma poção que
    ele me dá, para acumular a libido, e
    causar dor, até que eu ceda aos seus desejos.” Confessa com vergonha 
    de si mesma. “Nossa, isso é...”
    Ele inicia.
    “Engenhoso?” Responde de má
    vontade. “Doentio.” Ele completa.
    “Que seja.” Ela olha para o lado, se
    sentindo frustrada. “O quê Lilá falou
    na mesa, sobre ser o amor da sua
    vida...?” Ele inquire, e a bela
    fica corada.
    “Eu não posso responder. Você 
    é o marido de Eke.” Ela desvia do assunto. “Você é o meu. E só estive 
    com Eke, porquê sabia que Bael é
    um doente.” Ele assume, e a
    faz o olhar surpresa.
    “Só que ao vê-los juntos, acreditei
    que realmente gostava dele, e por isso não tomei partido. Eu não sabia
    o quanto sofria.” Prossegue com a
    sua jura, e coloca seus braços,
    envolta dela, que está de
    costas para ele.
    Seus olhos pedem para abraça-la,
    e os dela permitem. Ele lhe traz para
    o seu colo, e a coloca de frente para a água. “Lembro de quando ficava
    assim com você no paraíso.”
    Diz dando-lhe um beijo
    no rosto.
    “Quando não tinha coragem de 
    assumir que me amava?” Diz com
    sarcasmo. “É, mas não deixava o seu
    irmão se aproximar de forma alguma .” Rebate encostando-a no seu ombro.
    “Isso é errado.” Diz ela ao notar 
    as intenções dele, preocupada com o quê vai acontecer. “Você me fez amar essa frase.” Ele se inclina, e a
    beija. O rosto dela fica vermelho, e
    se sente surpresa com a ousadia. “ É
    como a nossa primeira vez.” Ele a deita. “Eu tenho que te contar...” Ela
    tenta ser sincera. “Quieta. Eu sei o quê quer confessar, mas o quê importa é que te amei como 
    mulher.” Ele beija o seu pescoço, e
    ela continua a se sentir culpada, mas
    o toque dele é tão suave e doce, que
    não consegue resistir ao seu
    carinho. Bael era muito bruto, e cheio de si, e sem o veneno, ela não 
    o cederia tão facilmente, pois seu corpo ficaria seco, sem a devida preliminar. Só que com o arcanjo, se
    sentia bem, e como Azazel lhe deixou de vez, e nem fez nada, finalmente deu uma chance ao quê poderia vir
    a acontecer. “ Se Bael ou Eke...” Ela tenta dizer, e ele a silencia com o indicador. “Esqueça-os, e seja minha outra vez, uma última vez.” Diz com o tom de pedinte, e ela afirma 
    calada. Ele a abraça forte, e a beija
    , tirando-lhe o vestido vermelho, e ela desabotoa a sua camisa. Ambos
    querem ir adiante, os beijos se tornam mais calorosos, ele vai se despedindo. Não há medo nela, não há desespero, há apenas o desejo de 
    entregar-se a paixão. Seus corpos 
    se tornam um, e a sensação daquela energia, os preenche com satisfação, como um prazer inigualável. É este
    o poder do amor, que torna o perigo
    em ação, e o repulsivo em aceitável.
    A dança dos corpos em movimento,
    nem tão sutil, nem bruto, os faz se
    manter ali por muito tempo, até
    ambos derramarem suas 
    libidos. “Eu não me sentia assim 
    há anos.” Diz ele deitando-a em seu peito. “É, nem eu. Você ainda tem a sua forma única de me enlouquecer.” 
    Reconhece ajeitando-se no colo
    dele. “Melhor que Azazel?” Questiona com maldade. “Ele já foi
    um dos senhores da luxúria, então não começa.” O repreende e ele ri, “Está bem”. “Estão satisfeitos? Eke e Bael ficarão felizes em saber a
    notícia.” Hécate corre para contar
    ao pai e a filha, e o arcanjo se prepara para impedi-la. “Não. Saia
    daqui e sobreviva, eu converso com
    eles.” Lucy agarra-lhe o ombro.
    “Eu não posso te deixar aqui.” Ele
    se opõe ao plano, temendo o quê Bael fará com ela. “Pode e vai. 
    Tenho a chama de Harmonia, vou sobreviver.” Responde-lhe o empurrando.  “Eu vou te tirar 
    daqui, te prometo.” Ele diz se preparando para voar. “Não.” Os olhos dela engrandecem, e suas mãos tentam agarrar as dele. “Eu não vou te deixar sofrer mais.” Ele diz e então corre ganhando velocidade, e ergue as suas asas sem olhar para trás. “Miguel” Ela grita desesperada, pois sabe que ninguém o ajudará, já que todos pensam que é traidora, e isto o colocará em 
    risco. “Miguel!!!” Vocifera, e o pai e
    a filha traídos, surgem ao horizonte, fazendo-a ficar calada. “Ele te deixou?” Diz Bael se aproximando, e pegando-a pelo pulso. “Aproveitou-se da sua ingenuidade, e se foi como na adolescência?” Cutuca a ferida, e
    acha que tem êxito, pois a mudez da atual esposa, o deixa satisfeito. Mal
    sabe ele, que aquele silêncio, provém do medo eminente, do arcanjo ser estraçalhado nas terras sombrias. “Ele não ama ninguém mesmo. Mas isto não te eximi da culpa!” Eke concorda, e acerta o tapa no rosto da sua rival. “A única razão para apoiar, esse relacionamento, era que tinha Miguel para mim! Agora que não o tenho, não deixarei você levar o meu pai também!” Diz a sua enteada, com saliva escorrendo pela boca, como um cão raivoso. “Acalme-se, minha pequena, Eu não
    irei a lugar algum com Ela. E esta meretriz que não sairá daqui!” Ele abraça a jovem, e pega a amante do
    seu genro, pelo queixo. “Eu te amei Lucy, fui bom para você, fiz tudo por ti, mas agora vou te mostrar porquê as pessoas me chamam de Novo
    Deus!” Proclama, jogando-a contra a
    parede, com tanto pulso, que esta cai e não se levanta. “Vai conhecer a razão de me chamarem de Sol Negro!” Urra lhe mordendo o pescoço, e cravando seus dentes na veia dela. “Você vai odiar viver ao meu lado. Mas a morte nunca irá te tocar!” Declara olhando nos olhos
    da bela, e esta desmaia. 
    Ao longe o arcanjo Miguel voa de
    volta para o lar, e tenta passar pela  barreira para  o paraíso, só que não
    consegue, pois a partir daquele momento, é um caído.
    Ele força a sua entrada , pois sabe
    o quê Bael fará com Luciféria, e com
    isso os raios o atingem, deixando-o
    a beira da morte. “Somente os anjos
    podem entrar no paraíso.” Diz um
    alado loiro, de cabelos longos,
    bronzeado, e forte.
    “Salatiel ?”  O arcanjo o reconhece,
    e se levanta da areia, regenerando o
    ferimento naturalmente. “O quê faz
    aqui?” Pergunta cumprimentando o
    irmão. “O Pai me enviou, estava
    preocupado.” Responde sem a costumeira doçura.
    “O quê aconteceu?” O arcanjo 
    volta a questionar. E o outro anjo
    o olha com seriedade, como se os
    atos que cometera fossem de todo errado , e então lhe conta o quê
    aconteceu até ali.
    O conto da rivalidade entre irmãs.
    Depois do casamento da filha do
    Inferno, os Deuses dos respectivos planos primordiais, entraram em
    consenso, e extinguiram os seus
    mundos do planeta.
    Assim Céu e Inferno, passaram a
    pertencer a uma dimensão, através
    da qual, só podiam entrar os seres
    semelhantes a energia dos 
    reinos.
    Desta forma se você era inteiramente ligado as regras de
    Yaweh, ia para cima, mas se era
    menos ortodoxo, e conectado a
    Lúcifer, descia para o meio 
    da dimensão.
    Havia um reino ao qual o Inferno
    protegia, que ninguém, seja anjo ou
    demônio devia entrar, e este ficava no subsolo, contendo as criaturas que podiam destruir todas as
    vidas.
    Como tudo isto só foi possível 
    porquê Azazel descobriu, após a sua
    morte. Este manteve as terras que tinha conquistado, e que faziam
    uma ponte com o Inferno,
    ficando a margem
    deste.
    Neste tempo Gabriel abandonou
    o pai, para se juntar a Bael, pois não
    suportou as regras celestiais, e por
    motivos obscuros, não era bem
    vindo no Inferno.
    Lilá percebeu que sua conquista
    não teve tanto sucesso, já que Lilith
    manteve as chaves do mundos dos
    dragões, para quando Luciféria
    “Recuperasse o juízo”.
    Por isso foi atrás de Hécate, que 
    apesar do pouco apreço pela menina
    , notou nela a oportunidade de tirar a outra sobrinha do trono, já que 
    trazer Miguel para a casa, não
    teve efeito.
    Lilá tinha um passado sombrio,
    ainda pior que o da irmã, que pode
    ter influenciado no seu destino, pois a princesa mudou, desde que soube da gravidez de sua mãe, e sonhou 
    que era uma menina, que viria a roubar o lugar.
    Torceu com todas as suas forças, 
    para que sua avó não a desgraçasse, só que Harmonia a ignorou. Então na
    hora do parto, esta fugiu para o céu,
    onde se encontrou com o seu pior
    pesadelo.
    “Fique quieta.” Disse-lhe o belo
    homem de olhos cinzentos, ao entrar
    em seu corpo, enquanto estavam a sós. Só que Luciféria não teve medo,
    apenas agiu com extrema frieza, e
    por pouco ele não foi até o
    fim.
    Graças a Miguel, que estava ali 
    procurando materiais, e Azazel que
    estava procurando pela irmã. Ambos
    desejaram espancar o prisioneiro, no
    entanto a princesa, disse que ele 
    não fez nada grave, e este só
    voltou para a cela.
    “Você está bem mesmo?” Azazel
    lhe perguntou, tentando ver algum sinal de machucado. “Sim, só não quero andar sozinha por aqui de
    novo.” Disse com calma, esta
    era a sua forma, de demonstrar
    desconforto com a situação.
    “Por quê veio até aqui?!” Miguel
    a interrogou em desespero, temendo
    que algo pior pudesse acontecer. “É
    o quê acontece com filhos que não
    tem pais.” Responde olhando 
    para o carro.
    Os olhos cinzas do molestador, encontram os da pequena. Não há
    só medo, há também fúria, e isto 
    o deixa surpreso, e ao mesmo
    tempo encantado.
    Ela não esqueceria daquele dia,
    mas também não deixaria que os
    não envolvidos soubessem. O bebê
    nasceu, e teve a ousadia de vim com
    os olhos violetas. Por esta razão a deusa infernal lhe batizou de
    Lilá.
    “Os olhos dela são como os seus.”
    Disse Lilith com o sorriso, e a bela só
    revirou os olhos. Como no seu sonho,
    a vida dela mudou, com a chegada da sua irmã.
    Seus pais que praticamente viviam
    por ela, passaram a viver pelo novo
    membro, e assim Lucy foi esquecida.
    O quê a fez pensar se devia voltar 
    a rever, aquele psicopata.
    E foi assim que cometeu o seu 
    primeiro ato atroz. Quando todos
    festejavam o aniversário de Lilá, ela foi até a masmorra, e usou o seu poder, para libertá-lo.
    “Vai se arrepender. Por quê está fazendo isso?” Ele lhe perguntou, quando viu que foi uma criança a abrir a porta. “Sei que é a arma secreta de Deus, e que pode
    destruir tudo.” Respondeu com o
    olhar mais frio do mundo.
    “Eu tenho capacidade para matar
    a todos sabia? É um erro.” Ele tentou
    lhe alertar. “É o quê quero que faça.
    É o quê me deve, por me tocar.”
    O convenceu, e este 
    fugiu.
    Miguel viu tudo, e a pegou pelo
    pulso. “O quê acabou de fazer?!” Ele
    disse espantado. “Ele te obrigou?!” É o quê perguntou. “Eu fiz porquê quis,
    entre perder tudo, e vê se destruir,
    prefiro a destruição.” Respondeu
    , deixando-o atônito.
    “O quê está havendo?!” Questionou
    , vendo como poderia ajudá-la. “Não é nada.” Ela desviou. “Eu sou um dos
    seus amigos, me diga.” Insistiu. “Eu
    perdi tudo Miguel. Desde que Ela
    chegou.” Confessou. “Estou muito
    cansada de perder.” Declarou 
    com fogo no olhar.
    “Luciféria. Ter irmãos não é fácil
    mesmo, olha só como é comigo e o
    Gabriel. Ele apronta, e eu é que sou
    culpado. Por outro lado Salatiel 
    me ajuda nos estudos, então ter um irmão não é tão ruim. Repense o 
    quê está fazendo!” Tenta lhe dá uma lição, para que reflita. “Lilá não tem nem 2 anos. Você não sabe como será a relação de vocês.” Ele
    se esforça para fazê-la mudar de
    opinião. “Eu sei sim. Sonho com isso todas as noites. Ela vai se sentar num trono, que deveria ser meu.” Rebate.
    “Há muito mais que um trono Lucy.
    Se ela tiver esse, deixe, pois você
    terá outras chances.” Diz 
    com seriedade.
    “Eu sei que não. Mamãe e Harmonia,
    a traidora, darão tudo a ela, e eu vou
    ser esquecida de novo.” A raiva nela
    o assusta. “Lucy, sua mãe te ama, ela
    não faria isso com você.” Ele tenta
    lhe trazer para a luz. “E outra destruindo tudo, acha que vão te amar de novo?” Inquire. “Eles nem
    estarão vivos para isso.” Diz com a voz sombria. “Se estiverem, vão se
    importar mais com ela, pois você não
    está agindo como quem quer amor,
    e sim ódio.” A repreende. “Ela é
    ruim, vem para tirar tudo de mim, você não entende! Ela vai levar os meus pais, meus irmãos, e até os
    meus dragões.” Chora, e ele a abraça. “Lucy, se ela é tão ruim, seus pais verão, e caso ela tire tudo de ti, saiba que sempre terá a mim.” Esclarece, e ela retribui o abraço, o
    apertando forte. “Só não mate todo
    mundo por medo do futuro, certo?”
    Pede, e ela acena que sim. “E como
    vão capturar Bael?” Pergunta ao
    voltar a si. “Verei o quê posso
    fazer.” A tranquiliza.
    “Sempre que se sentir sozinha 
    pode vim para o laboratório comigo. Sou um pouco frio, mas prometo que te dou atenção.” Ele brinca, e lhe 
    dá um beijo no rosto.
    Naquela época, ele não tinha 
    sentimentos ardentes por ela, mas
    se preocupava, e desejava o seu bem
    , por isso estava disposto a fazer o
    necessário, para que fosse feliz,
    e extinguisse a escuridão
    de si.
    Infelizmente as sombras já haviam
    brotado, e ela não pararia, até o dia
    em que algo trágico aconteceu. Lilá
    cresceu, e em vez de querer o amor
    da mãe, ficou focada em ser a
    nova Hécate.
    Algo que irritou muito a Lilith, que
    se desdobrava para ser amada pela 
    menina, ao ponto de só notar Lucy, quando esta fazia as travessuras 
    para ser notada, ou ao chorar
     pela rejeição.
    Por isso esta perdeu a cabeça, e
    tentou afogar a menina, que agora
    tinha o olho azul marinho, e era mais
    pálida que a neve. O choro de Lucy
    invadia a mente. “Mamãe por quê não me ama mais?” É o quê ouvia, ao pressionar os dedos contra a
    garganta da menor.
    O alvoroço dos irmãos era grande,
    para resgatar a caçula, mas algo era
    ainda maior. O olhar frívolo e cruel da mais velha, que torcia para a
    mãe assassiná-la.
    Lilá olhava direto para irmã, lhe
    pedindo socorro, enquanto a água
    entrava pelos orifícios, e esta não
    movia um dedo, para lhe ajudar,
    algo que a assustou muito.
    Porém ao ver o próprio reflexo 
    sorridente na água, Luciféria saiu
    correndo, preocupada com o nível
    a que seu ciúme havia chegado,
    e no quê estava se tornando.
    Ela se afastou de tudo, de todos,
    e ficou chorando no meio da mata, 
    com medo de si mesma, e do quê
    era capaz. Foi quando subiu na
    árvore, e atirou-se no 
    piso.
    Azazel viu a sua queda, e correu
    para ajudá-la. “Você está bem?” Ele
    lhe perguntou, limpando o seu joelho ferido. “Promete que não vai me deixar!” Ela se atirou no peito dele,
    entre lágrimas, que não paravam
    de transbordar. “Eu prometo” Disse
    sem entender, e a carregou de volta
    para o castelo, onde recebeu a noticia, de que a irmã não
    ficaria mais lá.
    Lilá estava apavorada, com os 
    atos da mãe, e a atitude grotesca
    da irmã, por isso implorou para ir
    embora com o seu tio Krishna,
    que a aceitou em seu 
    reino.
    Ao contrário do quê possa imaginar,
    Lucy sentiu alívio por sua irmã partir, não por motivos egoístas, e sim por
    quê poderia terminar o quê a
    rainha começou.
    Luciféria e Lilá cresceram longe 
    uma da outra, e com tudo o quê 
    aconteceu, Lilith aprendeu que
    devia amar todos os filhos, de
    forma igual.
    Porém Luciféria não a perdoo,
    já que seu ato lhe trouxe muitas
    ruínas. Em vez de ficar muito tempo
    no castelo, preferia viver nas matas,
    com Azazel, ou no laboratório com
    Miguel, já que ambos faziam o
    possível para ajudá-la.
    “Bravinha.” Lúcifer chamou-lhe a
    atenção antes de sair. “Sim pai.” Lhe
    respondeu, voltando para o salão, e
    este saiu do trono para caminhar
    com ela.
    “Eu vi como reagiu a quase morte
    de sua irmã.” É direto, e a coloca no
    seu colo, como um bebê.” Só vi este
    olhar, em minhas batalhas, quando
    matava inocentes para o seu avô.”
    Assume, deixando-a surpresa, pois não achava que justo o seu pai 
    lhe entenderia.
    “É muito jovem para sentir tal 
    ódio. Assim como eu era na sua idade.” Disse carregando-a e lhe
    colocando na cadeira da frente.
    “Mas meu pai não era amoroso, 
    e eu nunca tinha visto minha mãe, então tinha motivos. E você?
    O quê te deixou assim?” Tenta
    saber, para lhe auxiliar, sem
    julgamentos.
    “Lilá.” Responde com vergonha,
    baixando a cabeça. “Luciféria. Só o
    seu ciúme, não lhe levaria a sorri por alguém morrer.” Ele diz em represália. “Não importa. Você não
    entende, nunca precisou dividir a sua mãe com ninguém.” Rebate, ficando
    defensiva. “Pode me contar tudo,
    minha garotinha, não vou apontar o
    dedo.” Diz percebendo que há algo
    errado. “Esqueça isso pai. Eu já esqueci.” Responde tentando mudar o assunto. “O quê fizeram com você?” Ele questiona desconfiado. “Eu fui torturada. Com 5 anos, só
    que isso não vem ao caso, fiz da dor a minha força, não virei vítima do
    acaso. Então deixe o passado no
    seu lugar!” Esbraveja. “Quem lhe
    torturou?” Inquire lentamente. “Oras
    quem sempre quis a infelicidade da mãe?” Diz e da os ombros, indo até
    a área morta, onde ficava o lugar
    em que o arcanjo trabalhava. “O quê
    vamos aprender hoje, querido professor?” Diz se esgueirando para cima dele, e este se afasta. “Lucy.”
    Diz em tom de ordem, fazendo-a
    parar. “Eu só queria me divertir.” Diz claramente entediada. “O quê houve?” Pergunta girando a chave
    de um transporte móvel. “Meu pai, acho que querendo trazer Lilá de volta, me fez me lembrar de quando Hécate me raptou.” Diz sentando-se a mesa, sem se importar com as pernas. “Modos.” Ele a julga, e esta se recompõe. “Foi horrível. Tudo o quê ela me fez passar, e nem sei o porquê , talvez seja um castigo premeditado de Harmonia.” Concluiu, e ele deixou o quê fazia para atendê-la. “Lucy.” Chama-lhe a atenção. “Eu já fechei a perna!” Se defende. “Não é isso, mas agradeço, sabe que é pecado provocar um anjo.” Agradece, e se
    senta ao lado dela, para não olhar para as suas coxas. “Você não foi a única a odiar a chegada de um bebê.” Revela, e esta o olha atenta.
    “Eu te odiei no nascimento, porquê
    era a prova de uma falha do meu
    pai.” Prossegue confessando. “Tá
    mas é um sagrado, deve ter sabido
    lidar com isso.” Se desliga da conversa. “Sou sagrado agora, antes era um moleque burro, que te deu para a pior bruxa negra do universo.”
    Responde, e isso a faz ficar em choque. “Miguel. Eu estava andando
    pela floresta. Não foi...” Tenta fazer
    ele falar o quê acha ser verdade. “Eu
    queria que te matassem, para que ninguém soubesse da vergonha do meu pai.” Ele segue falando, e segura a mão dela. “Ela me acorrentou, me deixou sem comer
    e beber. Eu tive de urinar no canto
    que estava presa. Fui tratada como
    um animal!” Grita com ele, e este
    lhe abraça forte. “Por favor me perdoa.” Diz entre lágrimas, coisa que ela jamais vira antes. “Eu amo
    você, não há um dia que a culpa não me consuma.” Assume, apertando-a
    , e esta fica triste. “Houve um tempo
    , que você era tudo para mim, mas
    hoje, todo o meu amor morreu.”
    Diz derramando uma lágrima
    solitária, e se solta.
    “Lucy, eu errei! Como você! Mas
    me recuperei! Também pode!” Ele berra, já que ela o toca de maneira profunda. “Eu não quero me tornar
    tão patética.” Diz na porta, e o
    deixa para trás.
    A jovem chora , encostada na copa
    de uma árvore, e ao ouvir os sons do seu sofrimento, Azazel se aproxima.
    “Lucy.” Diz vendo-a cabisbaixa. “O
    quê houve?” Pergunta. “O Miguel,
    o Miguel...” Soluça sem parar,
    e o anjo vai até o pivô.
    Sem dizer uma palavra, acerta-lhe
    um soco na face, o tirando do meio do seu projeto, e este se mostra espantado. “Ela me chama de patético, e eu que apanho?” Diz quase indignado. “O quê fez com Ela?” O jovem pergunta entredentes. “Não fiz nada.” Responde revirando os olhos. “Lucy não estaria chorando na floresta por sua causa, se não fosse algo!” Rebate, e o arcanjo sente o peso da consciência. “Quer a verdade?” Ele pergunta com ironia.
    “Você...” Diz com o tom sombrio. “Eu sou um idiota. Devia ter ficado calado sobre ter lhe entregado para Hécate.” Se responsabiliza, e volta aos afazeres. “Você contou a ela?” Ele investiga, e o outro acena que
    sim, ainda em silêncio. Sabendo que Lucy, era totalmente louca de amores por ele, Azazel conclui o quanto isso a machucou, e a leva para caçar, e se divertir para se
    esquecer da dor. Um talento que Miguel não tinha, era fazer ela se sentir bem mesmo nos piores momentos, e por isso o irmão mais velho dela, fez questão de lhe dar apoio para melhorar.
    Naquele dia a triste verdade, não
    lhe assombrou, pois ele a distraiu com piadas, pegadinhas, e a fez ir
    até o topo do céu com Graham, e
    Anahan, a sua draconesa de
    estimação.
    Infelizmente a noite veio, e com
    ela as lembranças também. “Azazel”
    Lhe chamou antes de sair do quarto.
    “Eu não consigo dormir sozinha, por
    favor fique comigo.” Pediu, e este
    voltou, e deitou-se atrás dela
    lhe abraçando.
    “Como quando éramos crianças,
    e eu temia matar a Lilá.” Disse com
    um sorriso tristonho. “É, e eu dizia
    que enquanto estivesse nos meus braços, não machucaria ninguém, nem a si mesma.” Ele relembra, e
    ela fecha os olhos. “O melhor
    abraço do mundo” Diz ao
    adormecer.
    Seu sonho é uma lembrança, 
    de quando ambos eram crianças,
    ela tinha 7 e ele 9. Estavam a beira
    do rio cristalino, sentados na ponte,
    sob a vigilância do arcanjo, que 
    teve de sair por minutos.
    “Você já beijou alguém antes?” Lhe pergunta. “É claro. Me tornei um dos soldados cedo, e você sabe.” Disse ao olhar para o fundo da água. “Já fez o
    algo mais?” Se mostra curiosa. “Sim
    , mesmo que Deus não permita. A onde quer chegar?” Questiona, já conhecendo as táticas da irmã. “Eu
    quero que me beije.” Diz diretamente. “Não prefere aquele almofadinha?” Fala a contragosto. “Ele é velho para mim, e eu conheço a sua fama.” Brinca, e o menino ri. “As ninfas deviam se calar.” Se vira para ela. “ Tem certeza disso?” Pergunta, e ela fecha
    os olhos. “Está bem.” Os seus lábios
    se encostam nos dela. “É um beijo
    de verdade.” Ela sorri e ele também,
    logo suas bocas se abrem, e um 
    morde o outro. Ao ver aquele beijo
    tão intenso Miguel surta, e berra com os irmãos. “Luciféria! Azazel!
    Não deviam fazer isso!” Os julga.
    “Lúcifer saberá disso!” Ameaça, e
    Os dois ficam com medo de mãos
    dadas, como um casal de cupidos.
    Infelizmente para o código de Miguel, o pai deles acha isso bem
    normal, e aprova o sentimento dos dois. “Oras deixe de ser tão certinho.
    Está com raiva por quê nunca beijou ninguém.” O portador da luz mostra
    que está despreocupado. “É piada não é? Já estive com várias ninfas!” o anjo se defende. “É, mas só elas lhe beijaram, você nunca as beijou.”
    Disse-lhe bebendo vinho, e ao ouvir
    aquelas palavras, Lucy desejou ter a honra de ser a primeira, a receber o
    beijo imaculado dele. Cartas, e mais cartas são escritas para o arcanjo, o
    fogo as queima, e a voz dele lhe
    confessando tudo, fica a 
    atormentá-la. “O homem que amo,
    é o quê quase me matou. Eu preciso o esquecer!” Pensou ao acordar nos braços do seu irmão, e por algum
    tempo, voltou o seus dias, e o
    coração para Azazel. Ao vê-la sempre ao lado do irmão mais velho, Miguel teve o gosto do ciúme. Era duro não
    ter aquele sorriso, as perturbações,
    e a sua companhia. Já estava apaixonado, por isso corria atrás dela, e pedia para lhe perdoar, só que ela o ignorava. Por isso, quando  viu outra menina apaixonada por ele, tentou ser como um príncipe para
    esta. Não queria causar algum desconforto na sua amada, porém quando passou a cuidar de Eke, Luciféria o odiou ao ponto de nem lhe olhar na cara. “Vá ficar com a sua nova ajudante.” Disse tentando pegar um livro de magia, no alto da estante. “Ela não entra no laboratório.” Esclarece. “Isso não
    é do meu interesse.” Diz com o nariz empinado, e acaba escorregando da escada, mas ele a pega. “Não é o quê parece.” Diz sorrindo, e ela sai do colo dele.  “Tanto faz. Hoje Lilá volta para casa, não tenho mais paciência, para problemas.” Diz indo embora.
    Lilá voltou da casa do tio diferente,
    para uma criança de  8 anos, muito mais parecia uma de 12, e em vez de usar pequenos vestidinhos, vestia-se como adulta, algo que traumatizou
    a mãe de imediato, pois achava 
    que só na adolescência a
    veria assim.
    Ela cumprimentou a todos com
    graça e doçura, como se fosse outra
    criatura. Mas não tardou para ouvir
    os boatos, de que esta andava a
    animar as noites dos irmãos,
    que ficaram divididos.
    Os mais velhos Azazel e Asmodeus,
    ficaram ao lado de Luciféria, e os outros, Caim e Mammon, se juntaram a Lilá. O clima de guerra
    era constante, por isso Lucy seguiu
    distanciando-se de seu lar, sempre
    ao lado do seu irmão. Lilá percebia
    que a incomodava, e por isso tomou
    as rédeas da situação. “Eu sei que
    você ama minha irmã.” Disse com
    maldade para o arcanjo. “Isso é um
    assunto de adultos.” Retrucou com
    frieza. “E desde quando a Lucy é
    adulta?” Brincou, e ele lhe olhou
    com desprezo. “Eu posso fazer ela
    voltar a te ver.” Propõe. “E por quê faria isso? Não a odeia e a quer 
    infeliz pelo passado?” Perguntou já
    desconfiado. “Não, éramos menores,
    agora quero que tudo fique bem.” Diz com certa destreza. “O quê me
    sugere? Já pedi perdão, enviei o livro
    sobre o mundo proibido, que ela tanto ama, me humilhei, o quê falta?” Conta. “Deixa comigo.” O convence, e inicia seu plano. 
    Como quem não quer nada, faz 
    com que Luciféria vá parar no meio de uma floresta negra, sozinha e sem algo para se defender, e prossegue da mesma forma com o soldado, o enviando ao encontro dela.
    “Ah claro! Tinha que ser o psicopata!” Diz ela ao vê-lo chegar,
    Enquanto quase arranca os cabelos,
    Tentando retornar para onde acha
    seguro. “Eu não fiz nada. Foi a Lilá.” Responde. “Eu odeio minha irmã,
    mas não sou idiota.” Rebate. “É a
    verdade. Ela queria que a gente se reconciliasse.” Ele se senta sob a
    pedra, e a bela gargalha. “Lilá? A
    minha irmã mais nova? Por quê? Você é muito fácil de enganar.” Diz
    com sarcasmo, e este balança a sua
    cabeça em negação sorrindo. “Sou um arcanjo. Treinado. Ela falou a
    verdade.” Diz com arrogância. “Oh.
    Então se ela me quer com você, é mais uma razão para eu não querer.”
    Retruca, e este se levanta. Os passos
    dele são rápidos, e em segundos a
    encosta no tronco da árvore. “Eu fui
    um idiota, quantas vezes preciso ter que repetir, para que me perdoe?” Diz olhando nos olhos dela. “ Você me enviou para a morte!” Grita. “É,
    mas também fui lá para consertar o erro, e te devolver para a sua família.” Deixa em pratos limpos. “E isso faz de você um herói?!” Pergunta de forma irônica. “Não, mas mostra a minha consciência.” Ele vira o rosto, envergonhado consigo mesmo. “Eu amo você.” Ele diz e os olhos dela crescem devido a pausa, porquê aquilo lhe faz pensar que chegou o dia que passou a lhe
    retribuir. “Foi um erro, mas por favor pare de basear nossa amizade nisso.” 
    E a expectativa cai por terra. “Tudo
    bem. Me desculpa, por dizer que era patético.” Sorri sem jeito, e ele se
    afasta. “Sem problemas. Agora me diga, por quê achava que Lilá queria
    que ficássemos juntos?” Questiona
    sem entender, na mente dele Luciféria era carinhosa e provocativa 
    com todos os amigos, por isso achava que as declarações eram só
    parte do seu jogo, e não que sentia
    realmente algo. Depois deste dia,
    eles voltaram a se falar, e Luciféria ficou em débito com a menor, que
    fez questão de cobrar, lhe fazendo
    levá-la para sair, e pedir para o
    anjo levar Gabriel.
    Após a irmã lhe ajudar, e passarem
    horas juntas, Luciféria percebeu que Lilá não era insuportável, e que em vez de ser sua inimiga, podia se
    tornar o contrário. Para a surpresa
    de todos, as irmãs passaram a ficar grudadas como chiclete e sapato, e
    ao vê-las sorrindo, Lilith se sentiu
    feliz, por não ter ameaçado o laço
    fraterno delas, com o seu amor
    mal dividido. Luciféria acreditava
    que estava tudo bem, e para compensar sua atitude no passado,
    fazia tudo o quê Lilá queria, mimando-a mais que a própria 
    mãe. Azazel detestava isso, 
    porquê ao ver os encontros duplos, tinha certeza de uma coisa: Lilá não os apoiaria, e fazia tudo por Luciféria e Miguel, só para ver o menino Gabriel. Por isso este veio a alertar
    a irmã, que encantada pelo apoio da caçula, não o ouviu. Porém ele não era o único a notar tal coisa, o
    arcanjo também viu. “Lucy. Lilá só
    nos quer juntos, porquê assim pode ficar junto de Gabriel. Não se engane
    , ela é realmente má, como Hécate.”
    Miguel lhe disse. “Isso não é verdade.
    Minha irmã me ama, e deseja que eu seja feliz.” Rebateu com raiva. “Lucy
    , tome cuidado.” Continuou a avisar.
    “Eu te mostrarei o contrário.” Diz
    com a certeza de que ele está se equivocando. Então usando as suas
    táticas de manipulação, faz com que
    Gabriel beije Eke, sem saber que Lilá estava vendo, provocando uma bela
    briga entre o casalzinho, para ver
    até onde a pequena vai. Não tarda
    para que esta se afaste da mais velha, e volte as antigas provocações, por não ter mais nem uma valia manter o contato com 
    ela. Isso decepciona Luciféria de tal
    forma, que esta chega a chorar. “O quê achou? Que basta pedir desculpa
    por tentar me matar, e seremos as
    siamesas?! Cresça!” Disse-lhe em seu momento de raiva. “Eu descobri um
    segredo de Gabriel, depois de seduzir o Miguel, e o fiz beijar Eke. Ele não te traiu porquê quis.” Diz com frieza, e
    a deixa para trás. Há conflito dentro
    da jovem, pois parte dela odeia a sua irmã, mas a outra parte, a ama e se
    sente triste, por perder uma amiga
    tão boa. Assim as irmãs crescem nesta relação de amor e ódio, que 
    na mente de Luciféria acaba sendo só de amor, quando Lilá chega a adolescência, porém para a sua tristeza, vem a descobrir mais tarde,
    que sua melhor amiga, continua a
    odiá-la, e isto a machuca muito.
    “Como se sente agora?” Lilá 
    pergunta para a irmã, que está amordaçada. A mesma revira os
    olhos, e esta tira o tecido da 
    sua boca.
    “Obrigada” Agradece com o
    sorriso irônico. “Estou muito bem.”
    Mente descaradamente. “Mas e
    você? Já preparou o vestido de
    noiva?” Questiona-lhe com
    alegria raivosa.
    “Sim, será vermelho, como no
    seu pesadelo. Bael se casará comigo,
    e sentarei no trono ao lado dele” A
    mais nova provoca, e a outra se
    debate, tentando atacá-la.
    “Finalmente ganhou uma. Afinal
    os portões de Tiamat, só podem ser
    abertos por mim, e Harmonia me fez
    a deusa” Rebate, tentando conter
    a ira, por conta da derrota.
    “Ah pare! Harmonia só te fez deusa
    , porquê Eu não estava lá!” Berra, e a irmã ri. “Ou o Destino preferiu assim, e não era mesmo para ser você. Pode
    ser a nova rainha de Bael, mas nunca
    será eu querida, lamento.” Diz com
    o tom provocativo.
    “Não quero ser você. Nunca quis.
    Só queria o meu espaço. Mas como
    sempre, quando tinha a menor chance de brilhar, vinha a Luciféria
    bravinha, e me ofuscava com sua
    luz radiante!” Retruca, mostrando
    o seu descontentamento.
    “Você só queria roubar o meu
     lugar! Não se faça de sonsa!” Grita
    de volta. “Por quê acha isso? Porquê 
    nasci com a cor dos seus malditos olhos? Por quê quis ser adorada? Ou
    pior por quê só queria que minha 
    irmã me amasse?!” Lilá perde a cabeça, e põe pra fora tudo o
    quê a machuca. “Não tente me manipular, eu te ensinei isso!” A rainha deposta se mostra furiosa.
    “É! Como me ensinou a me vestir direito! A criar uma conexão com as aves! A estudar! E todo o resto! Eu nunca invejei você Lucy! Mas sempre teve tanta insegurança, que nem percebeu que eu te admirava!” Solta todas as mágoas, fazendo a prisioneira ficar em silêncio. “Eu queria sim ser como você, mas era antes, Hécate tinha me ferido muito, e você era o meu exemplo feminino, já que nossa mãe não acreditava que eu tinha mudado.” Senta do lado da irmã, como uma criança. “Só que você, só soube me machucar, me testar, e se afastar. Você não queria ser minha amiga, e sim que eu fosse a sua inimiga, e por isso me tornei
    o quê temia.” Diz entre lágrimas. “Isso não é verdade, pois se for...” Diz para a mocinha. “Eu só me tornei sua inimiga, porquê me fez assim?!” Mostra a conclusão. “Não! Você era ruim! Eu via! Não pode ter sido minha culpa!” A jovem rainha chora,
    negando a realidade dos fatos. “Eu
    podia ser diferente. Já parou para pensar, se não te mostraram o futuro, só para que mudasse?” Ela
    se mostra arrependida. “Que diferença faz? Você seguiu mesmo pra escuridão, e agora está indo para o meu lugar. Como na visão que a velha me mostrou” A nobre se mostra triste. “E importa Lucy? Por acaso gosta de reinar com Ele? Quer mesmo esse lugar?” Pergunta-lhe com incredulidade. “Não.” Ela responde com voz fraca. “Luciféria, 
    Luciféria Lilith II. Não me diga que...”
    Lilá percebe o desconforto da irmã. “Não, Lucy, Não. Miguel e Azazel são
    uma coisa, ele é horrível! Um monstro!” Esbraveja espantada. “Não pode sentir algo por Ele!” Termina, e a consanguínea fica em silêncio. “Lucy. Não.” A caçula, fica em choque. “Ele deixou as outras, 
    e me fez a rainha” Assume. “E mesmo sendo um idiota, tem até cuidado bem de mim.” Prossegue com o relato. “Ele não é nada disso...” Tenta acordá-la, e o próprio entra no lugar. “Pensei que tentaria atormentá-la, e não colocá-la contra mim.” Diz com o sorriso maléfico, e
    estala os dedos, para que venham lhe prender. “Não! Lucy! Lucy! Ele é um monstro!” A irmã tenta dizer, ao ser amarrada. “Ele abusou de mim!” Grita ao passar pela porta, e isto deixa a rainha catatônica. “Eu fiz o mesmo com Eke. Qual a novidade?” Diz o demônio, colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. “Você abusou da minha irmã?” Pergunta incisiva. “Sim, mas não como com você, com ela fui até o fim.” Responde sorridente. “Quantos anos. Quantos anos ela tinha?!” A dama inquire com vigor. “A idade de
    Eke. Por quê? Foi você que me libertou lembra? E me pediu para destruir tudo! Só quis me divertir um pouco!” Diz como se o seu ato fosse normal. “Você a atacou!” Berra com
    ódio. “Sim, e agora farei dela a minha rainha.” Rebate com frieza.
    As mãos dela se soltam, e acertam-lhe um tapa. “Já chega.” Diz angustiada. “Está com ciúme? Depois de se entregar para o arcanjo!?” Diz o novo deus ao limpar o sangue do lábio. “Ciúme eu sentia antes. Por você dormir com a minha irmã jovem e adulta. O quê sinto por você é nojo!” Grita, e ele se
    surpreende. “Lucy.” Diz implorativo. “Não toque em mim!” Se livra da mão dele. “Você me amava?” Ele a pergunta, percebendo a revelação no seu discurso de raiva. “Não! Não sei
    ! Só não te detestava!” A rainha continua a negar o quê sente. “Eu não sabia...” O arrependimento é claro em suas palavras. “Depois de tanto se gabar por me seduzir?! Eu não sou idiota!” Urra. “Lucy.” Ele fica como um bichinho assustado. “Você é um monstro!” Vocifera , o empurrando. “Lucy.” O olhar dela,
    é preenchido pelo rancor, e o violeta enegrece, até ficar como um tubarão, preste a devorar a sua presa. “O quê você...” Ele teme que ela tenha descoberto o tamanho de seu poder. Sem dizer uma palavra,
    ela o puxa pela gola da camisa, e o beija com ferocidade. Algo que o surpreende, mas não tarda para perceber, que não há sentimentos naquilo, e tenta se soltar, só que ela segura o seu pulso, e tenta tomar o
    Caos dele a força, sugando a sua
    energia. Como um machista, tenta mostra superioridade, porém para
    o seu azar, o poder dela cresce pelo ódio, e seu amor pela irmã. Logo os olhos dos dois ficam brancos, e ela mergulha na mente dele. Há uma linda garota de olhos vermelhos como o sangue, parece ter entre 13 ou 14 anos, e então um homem que muito se parece com ela, vem e a toma nos braços, diante toda a família, e a sua prima. Ele tira as suas roupinhas, a toca sem pudor, a penetra como uma cadela no cio. Contudo não se engane, não é Eke
    a vítima, e sim o próprio Bael que
    a rainha colocou na pele da filha, que após este ato horrendo atraiu a sua irmã, para ser iniciada na magia 
    como ela. Ao contrário da rebenta, que depois sentiu prazer no ato. Ele fica com medo, aterrorizado, e implora que lhe salvem, pois aquela sensação é horrível. Seus olhos lagrimam, e então Eke acerta a cabeça da madrasta com a madeira. “Deixe-o em paz!” Grita em pânico,
    atirando a jovem para longe. Esta cai atordoada pelo golpe, e o demônio
    volta para a realidade. Ao vê-la caída na parede, ele arremessa a própria filha, e pega a esposa pelos cabelos, arrancando-lhe o vestido. “Desgraçada!” Diz ele furioso, com
    os olhos cheios de sangue, de tanto exasperar. “Vai pagar pela afronta!” Brada entrando no corpo mole dela, fazendo movimentos tão violentos, que seu membro fica coberto de linhas rubras. “Me larga!” A jovem grita, e ele pressiona seu pulso, até o osso rachar, causando-lhe uma dor insuportável. “Você não é maior que Eu! Nem mais forte!” Grita como se estivesse em desespero para oprimi-la, e a coloca de cara na parede, 
    pressionando sua face no concreto,
    ao balançar-se para dentro dela. O
    tempo parece lento, a dor é incessante, o poder de Harmonia,
    em seu corpo, é sufocado pela escuridão presente em Bael. “Para!”
    A filha do Inferno grita, passando
    por ele como um vulto, e isto o distrai. Ela não suporta a ardência
    em seus músculos feridos, e desmaia no piso. “Eu te odeio.” São as suas
    últimas palavras, antes de fechar
    os olhos. “O quê está olhando?!
    Amarrem-na com cordas mágicas!”
    Ordena, ao ver os olhos grandes de
    Hécate, e esta aprisiona a sobrinha, com a corda encantada, enquanto
    Eke prende-lhe os pés. O novo deus,
    sai do local, extremamente exaltado,
    e resolve descontar tudo em Lilá. Com a mais nova segue um padrão diferente, lhe perfura a língua com o prego, e a penetra com uma camada cheia de espinho, ferindo-a muito
    mais. “É tudo sua culpa! Sabia?!” Ele grita, segurando-a de costas, e lhe
    enfiando o membro. “Ela me amava!
    Ficaria comigo! Se não viesse para
    Reclamar a coroa de rainha!” O rubro fica denso, a mocinha chora sem parar. “Você...Você é o culpado
    não eu.” É tudo o quê ela diz quando
    ele pausa, o quê o faz retomar a tortura, e castigá-la muito mais. No dia seguinte...Luciféria e Lilá estão presas em lados opostos, Eke prepara as vestes da quarta rainha, e Bael segue irritado, temendo que a terceira esposa, volte a atormentá-lo. A cerimônia de coroação de Lilá, não é nada honrosa, ele a leva para o altar, sendo puxada por uma coleira como um animal, fazendo-a inclusive andar como quadrúpede,
    mesmo sem forças. Os servos olham horrorizados para tamanha crueldade, e ele justifica como um ato de correção a má conduta, sem se importar com o medo presente
    nos homens. A coroa é posta na cabeça de Lilá, e o sangue escorre
    por sua face amedrontada. “Bem vinda, nova rainha. Não era isso o quê queria?” Diz ele com sarcasmo, e a dama vira-se lentamente para o encarar. “Teria sido assim quando pôs a coroa na cabeça de Luciféria?”
    Se questionava. Contudo a resposta
    era não, ninguém sabe a razão, mas o novo Senhor da Terra, fez para a sua sobrinha o casamento mais belo ,e com todos os gastos que se possa imaginar. A terceira esposa, lhe era tão importante, que tirou o título das outras para que fosse a única a dividir o trono real. Algo que trouxe
    tanta infelicidade a mãe e a filha, que estas armaram para que Lilá viesse reclamar a coroa, que desde pequena Hécate tinha lhe prometido,
    se fizesse tudo o quê ordenava. Um
    homem de negros cabelos longos e olhos claros, sente uma dor tremenda, ao ver Lilá praticamente nua, sofrendo tamanha humilhação. É Caim, um dos irmãos mais novos de Luciféria, e mais velho que a caçula. Ele não suporta, e abandona o local, a notícia de que Bael tinha uma quarta rainha, logo se espalha, e isto chama a atenção de Miguel. “Precisamos chamar as tropas celestiais!” Diz para o seu irmão mais novo. “Luciféria escolheu o próprio destino, nós não podemos fazer nada.” Diz Salatiel, é claro que queria prestar ajuda, mas sabia que Yaweh não aprovaria. “E o quê faço?! Fico de braços cruzados, vendo a mulher que amo sofrer?!” Diz indignado. “É claro que não. Disse que Nós não podemos ajudá-la. Mas há alguém que pode.” Responde com um sorriso, encontrando uma saída para o irmão, que não mais podia ir para o paraíso. “Quem?!” Quase ulula, de tanta esperança. “Se Bael tem uma quarta rainha, Luciféria não deve está bem.” Diz Asmodeus olhando para Azazel, enquanto este termina a bebida, rodeado por duas mulheres.
    “Ela escolheu casar com ele. Devia saber que logo deixaria de ser a única.” Responde evidentemente sob o efeito da droga infernal. “Não se preocupa?” O irmão e amigo pergunta. “Ele fez um belo casamento, lhe deu o mundo, e atende a todas as vontades dela. Um coração partido deve compensar o poder.” Rebate mostrando-se frustrado. “E se ela foi forçada a isso?” Uma voz familiar diz, e o forasteiro o encara. “Você?! Você não é bem vindo em meu reino!” O demônio meio bode grita. “É? Mas como pode ver, agora posso entrar no Inferno.” Esclarece. “Então vá para lá.” Diz o sátiro rabugento. “Já tentei, mas Lilith e Lúcifer se recusam a ajudar a filha.” Rebate. “É lógico, o quê vier a acontecer com Luciféria, é consequência da própria escolha.” Se mostra indiferente. “Como disse antes, Lucy não teve uma escolha.” O anjo diz como se o outro fosse idiota.
    “Lucy se casou com Bael. E no casamento existe o termo de “sim” e “não”, e ela disse “sim”, então que tal desistir dela também? Há muitas ninfas renegadas aqui. Sei que se casou com Eke, mas claramente não é a sua mulher que ama, então junte-se a nós e divirta-se” Volta a beber, e sorri para as moças. “ Lucy
    não ama Bael!” O anjo esbraveja, com tanto ímpeto, que o demônio fica desconfiado. “Como tem tanta certeza?” Questiona insidioso, e ao ver que ele tinha abandonado as súcubos, o irmão se põe entre
    eles. “ Eu dormi com ela.” Confessa, em voz baixa, e o irmão da princesa perde a cabeça, indo para cima do
    alado, acertando-lhe golpes certeiros no queixo e na boca. “E veio aqui para quê?! Se gabar da conquista?!”
    Berra, ao deixar o anjo no piso, lhe atingindo com murros violentos.  “Não. Bael vai matar a Lucy por isso.” Sussurra, limpando o sangue nos lábios, com a costa da mão. “Você é o amante da mulher dele, resolva.” Diz saindo de cima do rival.
    “O quê aconteceu com você? ” O inimigo inquire, assombrado pela forma como o demônio está agindo, e este o ignora. “Antes me machucaria, e correria para resgatá-la. Agora só a despreza, como um covarde!” Se levanta, e ajeita as roupas. “Só cansei de correr atrás, e
    ela escolher os idiotas que a machucam!” Revela em protesto a acusação. “O quê? Azazel ela passou 100 anos perto de mim, e não quis
    sequer trair a sua memória!” Fica desesperado. “Depois de te beijar no meu enterro, e antes de casar com aquele monstro. Conta outra!” Volta a atacar. “Eu a beijei todas as vezes!
    A única que ela o fez, foi só me usando para descarregar energia!” 
    Assume a responsabilidade. “Não foi
    o quê Eke e Lilá me contaram!” Ele
    bebe o cálice do forte liquido. “Ah por favor! Elas odeiam a Lucy! Não te diriam a verdade!” O arcanjo revira os olhos. “Eu sou o culpado. Não ela.
    Tal como você foi no dia do meu noivado.” O relembra. “E vim te implorar que a ajude, porquê todo o tempo que perdemos, significam mais sofrimento para ela!” Tenta
    mais uma vez. “Lucy não vai querer a minha ajuda.” Recobra a razão, e se sente um babaca. “Ela não te esqueceu.” Admite com dor na garganta. “Como sabe?” Ele lhe pergunta. “Me certifiquei” Responde, e se lembra que a amada, considera o demônio como o senhor da luxúria.
    “Por favor, você é a única chance que ela tem.” Pede-lhe mais uma vez, e o rei considera a ideia. “Posso ir com vocês?” Diz o jovem futuro primeiro assassino da história. “Por quê?” O arcanjo o olha com desgosto. “Lilá também precisa de ajuda, e o meu exército de vampiros pode lhes ser útil.” Responde, e os quatro irmãos que estavam no bar da antiguidade, seguem parao resgate das princesas. “Lilá, nunca será somente sua Cam.” Azazel o adverte. “É, ela já esteve com todo o inferno praticamente. É melhor desistir” Miguel concorda. “Desculpa, mas estou ouvindo isso do anjo que foi traído no dia do casamento, e do demônio cujo o luto foi desrespeitado?” O mais jovem provoca, e os dois se calam. “Sei que amam Luciféria, mas ela também não é um exemplo de mulher certa.”
    Atira na face dos rivais, e eles reagem. Miguel sorri forçadamente, e Azazel finge não ter ouvido. “Está bem. Vamos salvá-las.” O rei tenta desviar do assunto, e monta no seu cavalo negro. “Azazel.” O alado o chama a sós, e este fica confuso. “Por favor, entregue isto a ela quando encontrá-la.” Pede com educação. “Por quê não entrega você? Logo a veremos.” O demônio recusa. “Por quê é provável que eu não volte.” Mostra  receio. “O quê?” O jovem rei fica surpreso. “Você o enfrentou no passado, e ela sofreu com a sua perda. Tem que ficar
    vivo desta vez.” Diz com um sorriso sem vontade, e move as rédeas do seu equino branco. “Não morra
    bastardo!” Grita seguindo outro
    caminho, e guiando os exércitos de
    Azazel e Caim, junto de Asmodeus, 
    que se mostrou pronto para o
    auxiliar. O demônio guarda a garrafa com uma carta dentro da cela, e segue o plano com Caim. “Pronto para resgatá-las?” O sátiro pergunta, pensando na amada ruiva. “Estou sempre pronto.” Responde o vampiro, e os cavalos cavalgam rapidamente, atirando-os contra
    o ar, enquanto estes se transformam em lobos negros enormes.
    Miguel vê que Asmodeus está se pondo em perigo, e olha para este com curiosidade. “Por quê veio?”
    lhe questiona. “Luciféria e Lilá são
    importantes para mim.” Responde,
    seguindo ao lado do arcanjo. “Bem
    mais que importantes, já que está
    colocando sua vida em risco por
    elas.” Brinca, e este apenas se faz de desentendido. De fato tinha algo
    errado, e só o tempo iria 
    mostrar.
    O assassinato e o luto
    Dois cavaleiros, mudam suas formas, 
    o primeiro para a de uma serpente, e o segundo para um morcego, e eles vasculham o lar do novo Deus. O morcego, sobrevoa até a área mais alta, enquanto a cobra passa por debaixo da porta. Ao achar o cativeiro, a cobra toma a forma de um homem encapuzado, que desamarra a jovem terceira rainha, e a pega nos braços. “Você voltou para me salvar.” Ela sorri, ao ser carregada, para fora da sala, e a culpa o consome, por vê-la num estado tão crítico. Os lábios estão secos, o rosto marcado pelo cimento, as roupas rasgadas, e esta nem consegue andar. O palácio piramidal está vazio, e não é
    por acaso, pois a família Belzebu teve de se retirar, deixando alguns soldados para vigiar as princesas, enquanto seguiam para Memphis,
    onde havia um estranho ataque
    de sátiros e vampiros. “Não temos
    tempo para agradecimentos.” A voz de Miguel a acalma, e ela o abraça, embora o sinta diferente. O outro cavaleiro, desce dos aposentos carregando a quarta rainha, que está desacordada. “Lilá!” Se desespera, e
    tenta caminhar até a irmã, mas quase cai, e o alado a segura. “Ela ficará bem, agora precisamos sair daqui. Tenho de te entregar para o Azazel.” Diz ele, voltando-a carregá-la, e esta fica confusa. Azazel? Mas ele esteve no seu casamento, e viu quando disse sim ao demônio, porquê teria reconsiderado? É algo que não parava de se perguntar. Ele
    monta no cavalo, e a põe em seus braços. Eles se encaminham para
    o deserto, e ao ver a amada tão fraca, Caim morde o próprio pulso, e enche seus lábios com o sangue. O quê a faz acordar assustada. “Caim?!” Diz em pânico. “Onde estamos?! Cadê a Lucy?!” São as primeiras perguntas dela, e o vampiro aponta para o lado. Ao ver Lucy, ela sorri surpresa, e ambas olham uma para a outra acenando.
    Sem dizer nada o arcanjo e o homem  morcego, mudam a rota, e então vão para onde se encontra o portal para o Inferno. “O quê? Não, e Azazel? Ele vai morrer! Eu não vou suportar isso de novo!” Lucy se debate, tentando sair do equino, para ir resgatar o seu irmão mais velho. É quando se vê ao longe a silhueta de Asmodeus, e logo atrás dele, há outro ser, o quê lhe dá esperança. O novo deus da luxúria, passa por entre eles, e adentra as terras proibidas. “Vamos. Venha logo.” A jovem suplica, torcendo para que Azazel chegue o quanto antes.  Tão grande é a sua surpresa, ao ver que quem vem no cavalo branco é Miguel, e não Azazel, e se sentindo confusa, ela teme que esteja em outra ilusão de Bael, e se esforça para se machucar, e voltar ao mundo real. Infelizmente o arcanjo não vem sozinho, em seus braços se encontra Eke, e isto lhe parte o coração. Ao ver a sua amada, o arcanjo, beija a esposa, deixando-a de queixo caído, e notando que aquilo é uma tentativa de fazê-la ir para o outro lado, Bael lhe desfere um corte no peito, com uma espada encantada pela deusa Hécate, e o puxa para trás. “Não!” Grita ao vê-lo ensanguentado. “Agora Azazel! Agora!” Grita olhando para ela, enquanto pede para o irmão arrastá-la para dentro do portal. “Não! Miguel!” Ruge tentando se soltar, sendo carregada para dentro, enquanto o demônio volta a sua forma original. Mas não tem forças, e é levada para o reino de Azazel, enquanto Miguel é deixado para trás para morrer. “Por quê fez isso?!” Grita com o sátiro, com lágrimas em seu rosto. “Porquê ele me instruiu.” Responde um pouco abalado. “Ah tah, e desde quando você e Miguel são amigos?! Queria matá-lo! Só esperou a oportunidade!” O acusa pela morte do seu amado amante, e ele ri com desgosto. “Agora sei porquê me incumbiu tal tarefa.”  Diz ainda com o sorriso no rosto. “Do quê está rindo?! Ele tá morto!” Urra chorando sem parar. “Ele me pediu para te entregar isso. Se realmente nos tornamos aliados, ele deve ter
    dito a verdade.” Entrega-lhe a garrafa com o pergaminho, e esta a pega, abrindo-a rapidamente. Vendo o estado da irmã, Lilá se junta a ela na leitura, e a abraça. “Se está lendo isso, é porquê não sou tão forte quanto pensava, e pereci nas mãos de Bael. Sei que fui um idiota, mas acredite em mim quando digo que te amo, e que o seu bem é tudo o quê importa. Não quero que chore sem parar, prefiro que se lembre apenas dos nossos momentos felizes, e não se esqueça que assim como voltou, também poderei fazê-lo. Mas por favor, não volte para Bael, é melhor que siga com Azazel, pois apesar do jeito dele, sei que te ama, e pode lhe fazer feliz, talvez até mais do quê fui capaz. Se o culpa pelo meu fim, te peço que reconsidere, pois fizemos um acordo, e eu pedi para que ele
    ficasse vivo. Sabia que o amava, e não suportaria perdê-lo uma segunda  vez. Ele sempre foi o seu ombro amigo, e aquele com quem pode contar, seria mais difícil, do quê perder um belo anjo, que por muito tempo, ignorou os sentimentos te fazendo sofrer. Eu sei que me ama, e eu te amo também, por isso por mim, perdoa a tua alma gêmea, e siga o seu destino, mesmo que nunca me esqueça, pois não sei por quanto tempo ficarei no mundo de Harmonia, e preciso ter certeza
    de que ficará bem. Para sempre seu, Miguel” A princesa leu aquelas palavras, e colocou o colar dourado com a pedra rubra incrustrada. Não tinha nenhuma magia poderosa no colar, mas foi um presente, o único que Cerridwen lhe deu na vida, e por isso Luciféria sabia do quanto lhe era importante. “Lucy.” Lilá chamou a atenção da jovem, e esta segurou no colar, e secou as lágrimas. “É Nahemah agora” Lhe respondeu com orgulho do nome, e a menor sorriu .com ela. “Aza.” Diz ao entrar no jardim do castelo avistando o demônio, olhando para as flores 
    com tristeza. “Sim.” Atendeu ao
    chamado, e a princesa correu para 
    o seu encontro. “Precisa ler isso.”
    Entrega-lhe a carta, e ao ver a
    mancha das lágrimas, e o nome
    Miguel, este de imediato recusa.
    “Ele foi um oponente valoroso.”
    Assume com o sorriso triste. “Não quer mesmo saber?” A jovem o
    questiona. “Eu já tenho uma ideia 
    do quê seja. Mas me perdoa, não
    estou pronto para nos unirmos
    outra vez.” Esclarece, e a bela fica de queixo caído, também não queria ir em frente, mas ouvir da boca dele,
    foi doloroso. “O tempo realmente muda a gente.” Diz após procurar as palavras certas. “Você escolheu Bael
    em vez de mim...” Inicia para  dá uma explicação. “Esse é o problema? Não ter te escolhido?” Pergunta com certa chateação. “Não. Até o arcanjo era melhor que ele.” O ser revela, deixando-a surpresa. “Azazel.” Ela tenta segurar em seu ombro, e ele segura sua mão. “Em breve iremos dizer que somos noivos. Mas é para que fique aqui, eu não te amo mais
    Luciféria.” Confessa, e parte lhe deixando mais triste. Tal revelação não a abala, mas faz com que se sinta ainda pior. Aquele que achou que a amaria acima de tudo, não sente mais nada, e o quê um dia foi 
    o seu querido par estava morto, o único que lhe restou foi o marido,
    mas deste só queria distancia. 
    A jovem rainha do mundo, e princesa renegada do inferno, seguiu sua vida ao lado do rei. Como o acordo firmado entre eles, noivaram perante todo o reino, com sorrisos e beijos, mas nos aposentos reais, a verdade é que mal eram amigos. Ele não a destratava, porém não era gentil ou carinhoso, e o problema era muito evidente. Ao saber que Lucy voltou para o Inferno, e decidiu noivar-se a Azazel, Lilith se encheu de alegria, e foi visitá-los, e ao descobrir que as coisas não iam bem, sugeriu que o “casal” fosse para o reino de Asmodeus, aproveitar a liberdade e os prazeres daquela terra. Eles foram, por insistência da rainha, que ansiava vê-los juntos, no entanto não tinham a menor vontade de ficarem juntos. Por isso ao chegar lá, o rei se juntou aos amigos Gadreel e Asmodeus, e foi para a taverna mais próxima, deixando a noiva para trás, junto da irmã, que insistiu para ir junto, e de Caim que precisava de férias. “Não acredito que ele esqueceu.” Diz a jovem outra vez ruiva e cacheada, olhando para os decretos que o rei deveria revisar. “Vou entregar a ele.” Sai do local, e procura onde este estaria se divertindo. “ Sei que viemos para descansar, mas precisa administrar melhor o seu reino!” Diz imponente, ao encontrar os irmãos
    sentados a mesa, bebendo. “Querida
    . Por quê não se senta conosco?” Lhe pergunta, desconfortável, sem se dar o trabalho de fingir. “Porquê não sou uma adolescente, sem preocupa...” Ela inicia o seu discurso, e então olha para a cabana a frente, de onde saem os seus pais, e uma bela loira de olhos claros, completamente 
    nua. “Mamãe, papai!? O quê fazem aqui?!” Diz aterrorizada com as possibilidades. “Viemos nos divertir. Como todo mundo.” Diz a imperatriz infernal. “Que tipo de diversão ?” Questiona-lhe, assombrada pela caucasiana. “Oras não haja como se tivesse 7 anos Luciféria!” A rainha nota o incômodo da princesa. “Aqui é uma terra livre de preconceitos minha criança.” Lúcifer concorda com a esposa, e a primogênita, sente falta de ar. “Deixe de ser tão neta de Yaweh, e vá se divertir menina.” A mãe brinca, dando-lhe a ordem, e o pai pega os novos decretos. “Eu posso cuidar disso.” Tenta lhe dá alguma segurança. “Mas...” Luta para seguir com o plano inicial. “Já são 700 anos de noivado, e nada de se casarem. Precisam se soltar!” Diz Lilith, e Azazel e Luciféria riem com nervosismo. Olhando um para o outro, e ao ver que estavam distantes, a bela se senta no colo do seu suposto par. “Como sua rainha,
    ordeno que aproveitem as férias!” A bela grita, e ela e Lúcifer partem com Evangeline, a bela loira de antes. Ao ver que foram embora, a princesa se levanta, e decide fazer o mesmo. Só que para o seu azar, ela percebe que a porta foi bloqueada, e toda vez que tenta sair, é obrigada a voltar. “Sente aí Lucy. Não somos piores que os seus dragões.” Asmodeus a convida, e esta de má vontade, se junta a eles. “O quê estão fazendo?” Pergunta olhando para o tabuleiro gritante. “Jogando o culpado.” Azazel esclarece, notando que o amigo está olhando demais para a falsa noiva, por quem ainda nutre amor verdadeiro. “Este não é aquele jogo proibido no reino dos nossos pais?” Ela pergunta, segurando os pequenos humanos, que imploram para viver. “Sim, mas aqui é Asmoath, a terra quase sem lei. Só
    não violamos a consciência de quem se aventura a vim até nós.” Responde o dono do lugar. “Quer jogar conosco?” Azazel pergunta, 
    eles não se falam direito, porém ele continua a cuidar dela, e tenta lhe fazer bem. “Não tenho outra escolha.” A bela pega a bebida, e vira rapidamente, derramando gotas em seu peito, algo que atrai a atenção do ser que representa a luxúria. O grande soldado olha para o amigo, o repreendendo, e este para de imediato. A dama nem percebe, que está sendo o centro das atenções ali,
    e eles iniciam o jogo. O culpado, é um dos 7 jogos proibidos no Inferno,
    já que este envolve tortura e mutilação, para diversão, e não a necessidade. Fundamenta-se na máxima, de que o assassino sempre se faz de inocente, e ganha o jogo
    quem descobrir qual deles é a
    raiz do mal. Lucy olha para uma mulher, que está implorando pela vida, e se compadece, acreditando 
    que é inocente. Por isso a defende
    dos fantasmas que a perseguem, só
    que no final, descobre que é uma dos culpados, e assassinou pelo menos 20 crianças, em nome do seu senhor Belzebu, e resolve assassiná-la, com um golpe no pescoço. O mais interessante deste jogo, é que cada um dos culpados, realmente cometeu tais crimes, e são miniaturas dos originais, que se encontram no reino de Belial, onde são cruelmente julgados. “Só um golpe no pescoço Lucy?! Você é muito ruim neste jogo!” Asmodeus a provoca, e ela o ignora, pois achava mesmo que a Sra. Hah, era uma mulher que tentava salvar as crianças, e com isso se enganou feio.
    “Vou te mostrar como se faz!” Prossegue com a irritação. Asmodeus
    olha para a sua miniatura, e então sorri com pervesidade. É um homem de poder, que tinha abusado de várias garotas, e que agora se sentia um deus, ou no mínimo um dos seus favoritos. Para torturá-lo, ele o faz perder o poder, em seguida que veja os rostos das moças mortas em toda parte, e por fim ás traz do além túmulo, para persegui-lo por toda a eternidade, sem descanso, e para garantir que estas irão matá-lo todos os dias, faz o tempo ir e voltar, sempre para o mesmo momento, até que este perca a sanidade, e fique chorando como o condenado que 
    é. “Só isso?” A bela resolve entrar no jogo do demônio. “Consegue fazer melhor? Ou vai assassinar o próximo com o chifre de unicórnio?” Ele continua a chateá-la, e esta fica bem pensativa. Sua miniatura é Haruka , uma mulher de 33 anos, que tem levado várias mulheres da magia ao suicídio, por adorar Yaweh acima de tudo, e nunca ter sentido o toque 
    de um homem. Mas antes de morrer, esta estava arrependida e acreditava ter salvação. Desta vez Luciféria nem analisa a criatura, só pelo que vê no holograma sobre a vida dela já a detesta. “É hora da brincadeira.”
    Diz com o sorriso maldoso. Presumindo que por seguir o céu, a euroasiática Haruka, é apaixonada por tudo o quê tem, e por se sentir superior por ser pura, a princesa do inferno a leva para uma festa. Esta vai sem questionar, pois é neste ambiente, que encontra suas vítimas. O garçom lhe oferece a bebida, que está contaminada com o aditivo de Bael, e a pura e perfeita Haruka, se atira em cima de vários homens, mas todos a rejeitam, porquê sua pureza , ali é motivo de vergonha.  Cansada e com dor, esta se depara com várias criaturas horrendas, fortes e musculosas, que ficam envolta dela, e lhe arrancam as roupas. Como se não bastasse deixar de ser virgem, da forma mais humilhante, estes ainda tem espinhos em seu corpo, e toda vez que entram em todos os orifícios possíveis, ela se esgoela em
    pânico, sentindo-se cortada por dentro. “Esta indo bem.” Asmodeus percebe certa maldade crescendo na irmã mais velha. “Quieto.” Lucy se concentra, e eleva o sofrimento de Haruka. Quando esta volta para casa, toda suja, com as roupas destruídas, e o corpo ferido, sua família em vez de recebê-la, a manda para a rua, onde ela volta a se encontrar com os seus agressores sobrenaturais. Com medo deles, resolve se refugiar numa igreja, mas como foi tocada pelos demônios, o próprio Deus lhe diz que a repudia. Ela chora sem parar, sentindo-se tão mal quantas as moças que matou. Porquê ela tinha de ser tão cruel? Se perguntava. Aquelas meninas não mereciam tal fim, o mesmo que levaria, por ter mandado que os seus amigos, abusassem delas uma a uma, para validar a sua fé doentia, ou então se matassem, para “diminuir o nível de vermes no mundo”, como a própria dizia. Sem saber o quê fazer, ou o quê está de fato acontecendo, já que os demônios hora vem, hora não, esta se interna junto com outras mulheres, num local o qual os curandeiros ficam tão assustados, que a cegam para que os demônios a deixem em paz, infelizmente para ela, isto só aumenta a diversão deles, já que com tudo escuro, ela sequer
    consegue se defender. Desesperada por um fim, esta tenta pegar qualquer coisa para se ferir, porém
    toda vez que acha algo que pode lhe matar, isto desaparece de suas mãos, e a sua vida é imortalizada, para que sofra, até o demônio, ou neste caso a anjo dizer chega. “Nossa Lucy! Parabéns!” Azazel fica realmente surpreso com o jogo da bela. “Realmente melhorou admito.” Asmodeus fica fascinado pela escuridão, e ela sorri, subindo na cadeira. “Quem vai matar alguém com o chifre de unicórnio agora?!” Brada erguendo o copo, e quase cai, devido a tontura. Mas o rei de Asmoath a pega em seus braços, e tanto Azazel quanto Gadreel ficam sem entender o quê ele quer com a menina. “Eu vou pedir água curativa.” Diz sem jeito, e vai até a tábua onde se debruça. “Luciféria.” Asmodeus surge logo atrás dela, e esta quase cospe a água. “Olá.” Diz sentindo-se incomodada. “Me beija.” Diz ele tentando dispersar o seu feromônio
    de demônio, mas não parece surtir efeito nela. “Não obrigada.” Pega o copo e se retira. Ele agarra seu pulso, e vendo isto o ferreiro do inferno, sai do lugar para ir salvá-la. “É só um beijo, não estou pedindo nada demais, a não ser que queira.” Ele tenta manipulá-la, e a bela ri. “Asmodeus. Eu não quero. Desculpa mas não vou ser mais uma que...” o
    belo demônio de olhos verdes, a puxa, e lhe rouba um beijo. Esta fica sem reação, pois há 700 anos não sentia alguém lhe beijar com tanto desejo, e isto a pega de surpresa. “Foi ruim?” Ele pergunta, querendo ir para o segundo, e ela sai correndo, tentando se afastar dele, só que este não desiste e vai atrás. “Você não vai a lugar algum.” Azazel o para. “Você teve 700 anos, e disse que a esqueceu, então sim eu vou me divertir.” O garoto rebate, e passa pelo irmão. Azazel fica exasperado, mas Gadreel o segura, não era de hoje que o irmão mais novo, estava cercando Lucy, porém esta era a primeira vez que tinha
    tomado tal atitude. “Você teve 700 anos amigo.” O impede de atacar
    o outro. “Você não vai escapar outra vez.” O belo demônio diz, ao
    segurar seus pulsos, atrás das
    costas, não deixando-a sair. “As.
    Não faça isso.” Diz em tom de
    pedido. “Do quê tem medo? Todas saíram satisfeitas.” Se exibe como
    o garoto jovial e imaturo que é.
    “Eu sou sua irmã.” Esclarece para que fique claro. “Lilá também era, e dormiu com todos.”  O símbolo da luxúria fala. “Todos?” A dama fica desconfiada. “Menos Azazel, por conta do código de vocês.” Revira os olhos. “Eu não sou a Lilá. Prazer Luciféria Lilith II, ou Nahemah para os mais íntimos.” Diz de forma sarcástica, e isto o enlouquece. “Foi um beijo ruim? Azazel finge está com você, e o seu arcanjo ainda não reencarnou, por quê não se dá uma chance de fazer algo novo?” É provocativo, e a beldade ruiva ri. “Desiste.” Olha nos olhos dele, e este a beija outra vez. Para que a solte, ela finge ceder a ele, e o beija de volta, no entanto quando a solta, suas mãos vão para a nuca, e o ponto certo das costas,
    o quê realmente lhe desperta o
    desejo. Por mais que sinta que está entregando a vitória ao inimigo, acaba se deixando levar, e outra vez 
    se sente mulher na árvore onde deu
    o primeiro beijo com Azazel, e ainda
    se deitou com o arcanjo. Após a
    estranha noite, a dama se veste e o deixa sozinho abaixo da árvore. Sente vergonha de si mesma, conhece o irmão, e sabe que irá se vangloriar pelo acontecido, por isso retorna para o castelo, e se esconde no quarto. “Lucy o quê houve?” Lilá corre atrás da mais velha, e esta a
    evita. “Por favor abre a porta.” A menor implora, e esta a destranca. “Eu preciso ir embora de Asmoath”
    Diz arrumando as malas. “O quê fez?” Questiona desconfiada. “Eu
    fui a última conquista que faltava para Asmodeus.” Responde com
    dor na garganta. “Como isso aconteceu?” Inquire a pequena,
    surpresa com tal descoberta. A primogênita luciferiana, lhe explica tudo, e pega as malas. Só que quando está para sair, o seu noivo postiço entra nos aposentos, e pede que a caçula se retire. “Asmodeus?
    Não podia escolher outro?” Pergunta indignado com o fato. “Você é meu noivo, por um contrato, mas não me ama mais lembra? Não tem o direito de reclamar.” Rebate, pegando seus
    pertences. “Eu estava chateado, você tinha se casado com o demônio mais que cruel do universo.” Ele retruca sem acreditar. “Está preocupado com a sua reputação 
    Alteza?” Pergunta com ironia. “Eu não me importo com isso.” Se mostra apreensivo. “Então?” Ajeita as últimas coisas. “Ele é meu melhor amigo, mas vai destruir você.” É o
    quê diz preocupado. “Eu não o amo
    Aza. Só simplesmente aconteceu.”
    Explica, e passa pela porta. O rei cruza os braços, e a deixa ir. Azazel
    não estava errado, depois daquele dia, o amigo contou a todos os reinos
    , que conseguiu esquentar o corpo
    gélido, da rainha da neve. A fofoca se
    espalhou tão rápido quanto um vírus, e logo Luciféria virou motivo de zombaria, principalmente para as
    nobres, de quem antes ela mesma
    tirava sarro, por cederem ao
    garoto desejo. Nem nas terras 
    do noivo, era deixada em paz, já que nelas os habitantes lhes julgavam, por trair o senhor mais generoso e bondoso que já conheceram. Por isso
    a ruiva, um dia perdeu a cabeça, e resolveu partir. “Lucy!” Ouviu a voz familiar, e colocou o pé para fora das terras infernais. “O quê quer?” Lhe olhou com ódio.  “Por quê está indo embora?” Perguntou como se fosse inocente. “Você ainda tem a audácia de me perguntar As?!” Vira-se para
    o jovem. “São só fofocas Lucy!” Ele
    tenta dizer como se o fato não tivesse importância. “Que graças ao
    que fizemos, tenho certeza que são
    reais.” Segue para a saída, e ele
    segura seu pulso. “Eu tenho muito
    mais paz, sendo a outra esposa de Bael.” Caminha para o horizonte.
    “Não, não volta para lá. Ele te feriu,
    te humilhou, está maluca?!” Ele a puxa para os seus braços, e a abraça por trás. “Me solta. Aquilo foi um erro, e não vou repetir!” Se livra dele. “Fica Lucy. Por favor, não vai
    se arrepender.” Diz ele quase choroso, e esta retorna desconfiada.
    “Não acredito nisso, mas tudo bem.”
    O portal se fecha, e ele segura a
    sua mão.
    O noivado que não vingou 
    Após impedi-la de partir, o ser mais cobiçado do inferno, segurou sua mão,
    e caminhou com ela, depois foi a vila central que liga todos os reinos, e
    gritou para todos que era a sua namorada, e ninguém devia tocar nela,
    a não ser que antes falasse com a mesma, e lhe pedisse permissão. Aquilo
    a deixou emudecida, e quando todos
    partiram, esta o puxou para o
    canto. “Namorada?” Sussurrou com
    certo desgosto. “Prefere ficar no seu relacionamento de mentira?” Questionou, abrindo os braços, como
    quem não entendeu nada, e a deixou
    falando sozinha. “Não pode está falando sério As!” O seguiu, enquanto este caminhava a passos rápidos. “Por
    quê não?” Asmodeus gira para  
    lhe responder, e a pega em seus braços como se estivesse dançando. “Você nunca namorou ninguém na vida!” ela berra, e ele a faz cair, mantendo-a em
    seus braços. “Nunca encontrei alguém
    que valesse tanto a pena.” Sorri e a
    beija, voltando a mantê-la em
    pé. “Espera quer mesmo me assumir?”
    Não acredita na possibilidade. “Sim, só
    fiz da sua vida um inferno, porquê disse ao Azazel que não me amava.” Confessa. “Eu achei que só queria uma noite, completar a sua lista.” Cruza os braços, ainda duvidando. “Eu te deixei por último Lucy, porquê você é especial para mim, e não achei que seria capaz.” Diz com certa vergonha. “Mas foi, o quê me faz mais uma.” Rebate. “Não, você
    é a minha irmã mais velha Lucy. Sempre
    gostei de ti, te admirei, jamais faria tal coisa contigo, com Lilá sim, mas você
    não.” Quase se declara. “Há quanto tempo planeja isso?” Fica desconfiada.
    “Desde que me beijou naquele desafio.”
    Ri, e ela se recorda do dia. “Eu tinha 9,
    e você 7. Tá brincando comigo?!” Fica
    sem jeito. “Nunca tentei nada, porquê
    seu coração estava ocupado com o
    arcanjo, e o melhor amigo.” Se senta 
    na fonte. “As. Você e eu não daríamos
    certo.” Se junta a ele. “Jamais saberá
    , se não tentar.” Segura a mão dela.
    “Luciféria Lilith II, você aceita namorar
    comigo?” Pede-lhe como um cavalheiro.
    “Por favor?” Implora com olhos doces.
    “Eu aceito, mas não acho que dará
    certo.” Ele sorri.
    De fato Luciféria estava certa. Asmodeus era um viciado em sexo, e
    mesmo namorando com ela, tinha as
    outras. O quê a tornava muito menos
    interessada, em permanecer ao seu
    lado. “Como anda a vida ao lado
    de Asmodeus?” Diz Azazel
    sorridente, chegando a sacada na
    qual a bela se encontra. “Tirando o fato
    de que ele está em mais camas, que um doente, bem.” Lucy bebe uma bebida
    forte, e faz cara feia. “Não deve ser
    fácil, sofrer mais traições que eu
    e Miguel.” Ri da situação.
    “Não é traição, se ele me conta, e 
    permito.” Diz com um incomodo em
    sua garganta, bufando de raiva. “Eu detestaria se você estivesse comigo e outros.” Ele se aproxima dela, com segundas intenções. “Não lembro
    de permitir isso.” Diz o par da
    jovem. “Também não lembro de 
    ter permitido, que ficasse com a minha noiva.” Diz com desgosto. “Você mesmo
    disse que só eram noivos para ela ter um lar.” Rebate. Os melhores amigos, estão a se estranhar, desde que a união
    deles foi concretizada. “Também disse
    que não me amava.” Ela completa, se
    colocando do lado do parceiro. “Viu?”
    Ele sorri para ela. “Mas eu amava. Do
    contrário, por quê cuidaria de ti, depois
    de ter ido com Bael?!” Os surpreende.
    “É tarde. Lucy me escolheu, aceite 
    isso, não pode vencer todas.” O ser
    o expulsa. “Está bem. Você cuide bem
    dela, e Lucy te vejo depois!” Ameaça
    o amigo, e acena para a sua eterna
    amada. Infelizmente a visita faz 
    o efeito esperado. Luciféria já não
    suportava mais encontrar o namorado
    ,com marcas de batom e cheiro de 3 ou
    4 perfumes diferentes, e por isso teve
    que conversar com ele, mas acabou
    em discussão. “Lucy eu preciso disso!”
    Ele berrou. “Eu não pedi pra namorar
    com você! Sabia muito bem onde tinha
    colocado o seu pé!” Grita. “Nós temos
    um acordo! Por quê não dorme com
    os mais belos que escolhi para 
    ti?!”Propõe com fúria.  “ Por quê eu
    só quero você idiota!” Confessa com as
    lágrimas descendo pelo rosto, e então
    tenta correr, só que ele a agarra, e
    a joga na cama. “Você realmente não
    está feliz com isso?” Pergunta como se
    estivesse temeroso. “ Eu amo você As,
    já estamos juntos há  500 anos, não tem
    como não sentir nada.” Confessa, e
    lhe diz o quê sente pela primeira
    vez. “Você nunca...” Ele fica sem palavras. “Eu tenho ciúme, finjo que
    não, mas me incomoda, que não seja
    só meu.” Diz olhando para o lado. “
    Se não está feliz...” Ele respira
    fundo, e ela acha que vão terminar.
    “Eu vou me controlar, e serei somente
    seu.” Diz dando-lhe um beijo, e esta
    o beija de volta. Como o esperado,
    nenhuma súcubo, ou incubo acredita
    nas palavras do novo senhor da luxúria,
    e todos tentam dificultar a sua decisão,
    mas o sentimento dele por Luciféria, é
    tão grande, que ele guarda todo o
    seu desejo para a parceira. As noites deles se tornam ardentes, e eles
    passam a fazer coisas que antes não eram capazes. O sentimento um 
    pelo outro só cresce, porém o fato de Azazel não desistir, torna o namoro complicado, pois o antigo par ainda
    desperta o amor dela, como na época
    em que Miguel a castigou friamente.
    “Não podemos mais nos ver. Não
    como amigos.” Diz para ele. “ Mas não
    fazemos nada, a não ser conversar!” ele fica indignado. “Eu vejo como olha para mim, e As me fez noiva dele, não vou
    trair outro noivo com você!” 
    Reponta. “Nem se me olhar nos olhos?”
    Ele se aproxima, e vai caminhando, até
    encostá-la na parede. “Ou se recordar do dia que te fiz mulher?” Aproxima 
    seus lábios dos dela. “Não.” Diz como
    uma menina com medo. “Você ainda
    sente arrepios com meus avanços,
    não creio que me esqueceu.” Fica
    cada vez mais perto, e esta corre para
    longe. “Pare!” Grita, e Asmodeus a ouve. Ao ver a atitude do amigo, prefere
    observar, em vez de se manifestar. “Você me ama Luciféria. Só está agindo
    assim, para me castigar!” Ele a segue. “
    Não se trata disso! Aquele menino fez
    loucuras por mim! Me amou como
    nem você ou Miguel foram capazes!
    Não seria justo com Ele!” Ulula com
    certo pesar. “Ah não! Não começa!”
    Continua a ir atrás dela. “Ele fez sim
    sacrifícios por você! Mas não foi o
    único!” Ataca, e ela prossegue com
    a fuga. “O anjo foi um falso Deus, para
    Bael não te matar, e nós dois morremos
    por você!” Inicia, e ela o menospreza.
    Eles eram soldados, a morte não era
    dura para estes. “Eu te deixei casar com Miguel, e depois com Bael, enquanto sofria em silêncio!” Confessa, e isto lhe chama a atenção. “Não entrei naquele
    quarto, para agradar meu pai, e sim para tentar te impedir de ir adiante,
    porquê não queria te perder para
    sempre!” Completa. “Só que após ver
    as consequências, de não ter te deixado ir, preferi que casasse com Bael, porquê
    queria que fosse feliz, mesmo que não
    estivesse do meu lado.” Confidencia.
    “Ele é perverso.” Mostra rigidez. 
    “Sim é. Porém preparou um casamento com tantos requintes, que achei que te amava, e te faria feliz.” Por mais que lhe doesse, ele a deixou seguir adiante com o demônio. “Ele te fez a rainha dele, excluindo as outras. Não achei que
    te faria mal.” Admite, sentindo farpas
    nas cordas vocais. “Só que Lucy não 
    aguento mais te deixar partir! Eu te amo, sempre amei! Por favor desfaz
    esse noivado, e fica comigo de verdade
    desta vez!” Implora entre lágrimas, e
    a bela acaba chorando muito, e o
    abraçando forte. Achava que ele tinha
    a esquecido, ido a diante sem ela, só que agora tinha certeza de que ele
    a amava, mesmo tentando esconder,
    e não podia voltar atrás, não depois
    de tudo que Asmodeus tinha feito,
    para que ficassem juntos. Ao ver o
    sofrimento dos dois, o demônio da luxúria, deixa o lugar com o olhar
    cheio de trevas. Na noite anterior
    ao dia do casamento, ele olha para
    a ruiva dormindo ao seu lado, e sente
    que quer passar toda a eternidade com ela, e é por este sentimento que toma
    as rédeas da situação. “Que bom que
    veio.” Diz desgostoso. “O quê quer?”
    Azazel se mostra frustrado. “Queria
    me casar. Mas parece que a minha bela 
    futura mulher, já escolheu o próximo
    marido.” Respinga, atraindo a sua atenção. “Veio apenas se vangloriar.”
    Os olhos vão para o céu, e este quase
    se retira. “Não sou eu.” Esclarece, e o rival ergue a sobrancelha. “Se a ama
    tanto, por quê não se juntou a ela ao voltar?” Pergunta pronto para brigar.
    “Porquê eu estava furioso. Ela tinha
    dito sim a Bael, e isso acabou comigo.”
    Alumina, e o outro ri. No dia do grande
    casamento, todos se preparam para o
    dia em que finalmente Luciféria, não
    irá se juntar a um traidor. Harmonia
    está com o olhar de satisfação, e a filha
    Lilith parece animada e alegre. Lilá não
    parece tão feliz, mas se arruma para
    ir com Caim. “Tem certeza disso?”
    Uma voz disse. “Sim.” Outra
    respondeu. A noiva se arruma para ir
    até o altar, Asmodeus lhe disse para ser mais bela do quê nunca, pois a união iria entrar para a história, por esta
    razão ela compra o vestido 
    dos sonhos.
    Quando se casou com Bael, colocou
    o vestido vermelho sensual, igual as outras esposas. Só que embora o
    escarlate lhe caísse bem, o seu
    sonho nunca foi casar com
    esta cor.
    Desta vez queria usar o preto, que
    representava as trevas presentes em
    seu ser, e o seu buquê sim seria de
    rosas tão vermelhas quanto o
    sangue.
    Não colocaria o véu, pois com o
    seu par, não precisava fingir pureza,
    no lugar disso punha o espartilho, para acentuar o decote, junto de uma longa saia bufante, com detalhes violetas, e luvas da mesma coloração.
    O cabelo seria preso como o de 
    julieta, com cachos caindo na frente 
    da face. Ela estaria linda, sem ser obrigada, a vestir-se da maneira
    que o noivo quisesse.
    Lucy entra no templo, respirando
    fundo, não havia esquecido de como
    se sentiu nos braços de Azazel, mas ia cumprir sua promessa, porquê As era
    um par excelente. Contudo seus olhos
    se enchem de lágrimas, e o sorriso
    se alarga, ao ver o noivo.
    Asmodeus se aproxima dela, de terno
    e gravata vermelha. “Pronta?” Ele lhe dá o braço, e ela aceita ir com ele. “O
    quê está fazendo?” Lhe questiona.
    “Vi uma cena que me comoveu, sobre
    um casal que quase arruinei.” Confessa,
    lhe levando para o altar. “Vocês se
    amam, eu não quero ser o culpado por
    sua infelicidade. Por isso fiz esta
    surpresa.” Diz entregando-a
    para Azazel, que está todo de preto,
    também de terno, mas com a gravata
    cinza metálico. “Faça ela feliz irmão.”
    Se despede com um sorriso de
    júbilo. Ela sorri com encanto para o
    futuro marido, e Harmonia da inicio a
    cerimônia. “Em nome das cordas do
    destino que nos ligam, eu te aceito
    como meu marido/esposa” Dizem
    em conjunto, e um anel em forma
    de energia, surge envolta dos
    seus dedos, cujas as veias se ligam
    direto aos seus corações. “E com a
    minha sagrada benção, eu os declaro
    marido e mulher” Diz a Grande Mãe
    de todos os seres, e o casal dá um
    beijo com fervor.
    Fim...?
    Epilogo 
    A insatisfação do Diabo
    Minha esposa se casou com outro, e fez votos além da morte e a vida, como nunca foi capaz comigo. Ela está outra vez nos braços daquele moleque, que lhe levou para o reino de Nahemoth, no qual a fez sua rainha. Não consigo dormir, nem seguir adiante com a minha segunda esposa, quando sei que a terceira, agora geme nos braços de outro. Sinto meu coração explodir, ao
    imaginar outros lábios tocando os seus,
    meus nervos ficam a flor da pele, ao pensar no quê ele faz com ela todas
    as noites. Luciféria...Nahemah tem que
    pagar pelo seu terrível crime, de agora possuir dois maridos. Sei o quanto o inferno é importante para ela, e por isso que trarei todo aquele povo, para ser
    julgado pelos meus executores. Não a deixarei sorrir ou ser feliz, se não estiver junto de mim. Tomarei tudo o quê lhe é
    importante, até ela voltar a ser minha,
    e somente minha outra vez!
  • Caçador de Lendas

    Natal-RN/Brasil.
    Um garoto de nome Harley,estava na escola,e foi desafiado.
    -Eu duvido que você a chame!
    -Pode ser mas...
    -Vai amarelar é?
    -NÃO!
    -então,as dezesseis horas hoje você vai.

    Apos as aulas de português,história, matemática,artes e educação física,se passou exatamente 2 horas.
    -vai lá prima e faz o que te falei.
    -certo.
    Ela entrou,fez coisas que não posso citar.
    Apareceu uma menina loira,de cabelos que tampam o seu rosto,vestido branco com um perfume inexplicável. A prima:
    Gritou BEM alto.
    Chutaram a porta e se deparam com a lenda urbana na escola estadual.
    -E-Essa loura dá...
    -Calafrios!
    Harley,um jovem espadachim,saca a espada para combater tal demônio.
    Conseguiu dar um belo murro na cara, que fez sangrar sangue preto. Apavorante era! Ela (Loira),levanta seu cabelo que encobre os olhos e parte do nariz. O que veram,foi uma menina sem orbita nos olhos,preto,negro.
  • Caia sete, levante oito vezes!

                Qual o limite entre autor e obra? Muitas vezes, não vemos determinismo entre “criador” e “criatura”, mas um estranha e até mesmo simpática inter-relação. Masashi Kishimoto com Naruto, representa sua fase inicial de carreira, alguém rejeitado, mas com um grande potencial que só queria se divertir com o que mais gostava. Samurai 8 – Hachimaruden mostra um autor consciente, porém debilitado pelas barreiras autoimpostas, mas que ainda assim se direciona a um sonho.
                As diferenças não param por aí. Naruto é uma fantasia urbana com doses de guerras épicas, que ao longo do tempo desbanca para a alta fantasia. Samurai 8 – Hachimaruden é uma mistura de histórias de samurai, cyberpunk e space opera numa deliciosa excêntrica mistura que só os mangakás sabem fazer. Mas porque comparar? Para que julgar o novo usando as medidas do velho? Vejamos o que esse samurai pode fazer!
                Aconselho a todos a lerem o capítulo zero. Nele teremos a dose de mistério e empatia pelo protagonista. O jovem Hachimaru é uma criança ciborgue que vive conectado a uma unidade de suporte vital, uma grande máquina que impede sua morte. O garoto tem condição debilitada devido as alergias e uso de próteses no lugar do braço e da perna esquerda. Sem contar a sua aicmofobia, medo de objetos perfurantes.
                Suas únicas companhias são um cachorro robótico chamado Hyatarou e seu pai, um inventor e seu “enfermeiro particular”. Logo no capítulo zero, nós temos vários elementos que poderão ajudar o leitor a se decidir se lerá ou não o novo mangá. Mas recomendo que o leitor não seja precipitado, e avance para o capítulo 1. É nessas 72 páginas, algumas delas coloridas, que veremos todo o potencial a série.
                Não espere aqui encontrar protagonistas cheios de energia ou poderosos logo de cara, o desenvolvimento do personagem se dá de modo lento e gradual. Com nuances, camadas de shonen intercaladas com drama e ficção científica. Para Hachimaru, se livrar de suas fraquezas é tão relevante quanto poder ter uma vida normal, mas o seu maior sonho é se tornar um samurai, aqueles que estão acima dos guerreiros.
                No capítulo um, o protagonista aprofunda sua condição degradante ao leitor. Quase pessimista. Chegamos a sentir as limitações de Hachimaru na pele, e como se refugia na tecnologia. É um dos poucos mangás com inserção de pessoas com necessidade especiais que já vi na vida. Sua relação com seu pai é conflituosa, e ele será o estopim da evolução de Hachimaru, claro que de modo inconsciente.
                Um encontro inesperado com um gato robótico chamado Daruma, que já foi humano, revelará os potenciais latentes do pequeno Hachimaru. O antagonista da obra, não direi “vilão” ainda, não tem nome, embora tenha marcado grande presença num primeiro capítulo tanto com sua personalidade e poder de luta. Sua inserção na trama foi eficaz e preparou terreno para muita coisa.
                Samurai 8 – Hachimaruden tem roteiros de Masashi Kishimoto e desenhos de Akira Ohkubo. O traço de Akira difere do traço mais realista e sóbrio de Naruto Shippuden e do traço mais arredondado de Mikio Ikemoto de Boruto – Naruto Next Generation. Seu desenho é limpo e plástico. Confesso que o designer das tecnologias pode causar estranheza, tem algo biotecnológico envolvido, é simples, mas funcional.
                O autor prometeu uns dez volumes da obra. Bem sabemos que promessa de mangaká não se deve levar em conta, principalmente os famosos e os que trabalham na Shonen Jump. Esses dez volumes podem virar mais de 50 exemplares fácil. Vocês acham que para salvar a galáxia atrás de sete chaves é vai levar quanto tempo? Espero que tempo suficiente para Masashi Kishimoto desenvolver uma história sem os vícios de seu mangá antecessor e possamos ver a evolução da bela arte de Akira Ohkubo.
  • cicatrizes

    vida,eu já sinto tanto a tua falta,minha vida está muito vazia,o meu coração está vazio. será que tu sente a minha falta como eu sinto a sua? será que tu pensa em mim como eu penso em ti?nós quebramos as nossas promessas,nós erramos,eu errei,você errou,eu errei comigo mesma ao achar que nosso amor devia acabar,minha vida tava um caos,eu tomei várias decisões erradas,ter te deixado foi a maior delas,e agora eu não posso mais voltar atrás.
    acho que sempre estarei esperando a tua volta,me culpo todos os dias por não ter coragem e força o suficiente para ir atrás de você. você aconteceu na minha vida. e meu corpo e a minha alma ainda estão conectadas a ti.
  • Como água do mar

    Hoje nada mais faz sentido
    A saudade já bate mais forte
    Preciso daquele abraço,do seu abraço
    Sai desse lugar e vem me encontrar
    Estou te esperando de frente pro mar

    Vem,não faz isso comigo
    Não me deixe mais uma vez
    Viva comigo,o que temos a perde?
    Deixa falarem,que no nosso romance nem nos entendemos
    Se deixa levar,nosso amor é mais lindo que a água do mar

    Que sorriso é esse
    Me conquisto em 2 segundos
    Fiquei louca só de imaginar
    Mil coisas para nos amar
    Uma tarde não basta
    Quero toda a eternidade
    Esse brilho no olhar

    Vem que hoje é o nosso dia
    Vamos aproveitar cada segundo
    Eu te quero mais do que posso suportar
    O seu sorriso me despertou
    Todo esse amor,o que faço agora?
    Já que sem você eu estou.
  • Cyber Athena II

    Hermes ganhou esse nome por causa da sua velocidade no campo de batalha, ele tinha o braço direito todo feito de titânio graças a o vírus, Hermes era musculoso, alto, negro tinha pouco cabelo, seu braço tinha a habilidade de virar uma arma de 120 tiros e uma espada de plasma que cortava tudo, Hermes liderou um grupo de refugiados que fugiam dos ant-cybers ( pessoa que caçavam os Cybers) eles fugiram para o início liga que os aceitavam o clã HADES.
    Anos se passaram e Hermes conheceu uma humana chamada Sayoku. Sayoku uma mulher linda, cabelos longos e negro, tinha a pele clara como neve, olhos verdes e brilhantes, seios fartos e o corpo bem definido.
    Sayoku era super inteligente era formada em biotecnologia e técnica em nano robótica, ela e Hermes se conheceram na capital de Hades, a cidade 236. Sayoku e Hermes logo se apaixonaram e foram morar juntos.
    Durante 10 anos os Cybers viveram no clã HADES em paz, até que em 02 de julho de 2119 em um noite chuvosa, com nuvem escura, um barulho fez com que Hermes se levantasse e desse até  a parte de baixo de seu apartamento, estava escuro - Hermes andava em silêncio, passos leves, Hermes vai até a cozinha e ver no canto da geladeira, uma sombra na forma de um adolescente. Hermes pergunta.
    - Quem está aí ?
    E a forma responde.
    -  Sou eu pai ! Vim pegar um copo de água, vc se assustou pai?
    Hermes meu nervoso e trêmulo por causa do susto, respondeu meu rocu - não filha. termine aí e vá pra cama tá ?
    - Ta bom papai !
    Logo após 5 anos de casado com Sayoku, Hermes teve uma filha chamada Athena. Athena era uma menina linda muito inteligente, tinha a inteligência da mãe, ela tinha o cabelo escuro, uma voz doce e delicada, mas não se engane, Athena tinha a bravura do pai.
    Graças ao vírus que hospedava o seu pia Athena teve a pele mesclada, partes clara como a da mãe e partes negras como a do pai. Sayoku passou os outros 5 anos trabalhando em uma nova tecnologia chamada  Cerberus .
    Essa Tecnologia inventada pelos centro tecnológico do clã HADES, que tinha os melhores cientistas dos 3 clãs e os melhores equipamentos e muito recursos, trabalhavam nessa nova tecnologia que tinha como base o mesmo princípio do cybe. De restaurar células danificadas. Sayoku a cientista chefe, é sabia muito bem como usar essas tecnologias.
    A cidade onde Hermes e Sayoku moravam com sua filha Athena era a cidade 236. a cidade era linda belas luzes de néon, grades outdoor eletrônicos, motéis de inteligência artificial  bares como realidade aumentada, carros voadores e é claro tinha vários Cybers por toda parte.
    Hermes trabalhava como segurança de um bar só dentro de 236, em um bar de realidade aumentada. Nesse bar pessoas vem para curtir e ter um bela noite de amor com belos hologramas. O bar funcionava assim, pessoas escolhiam o seu holograma iam para um cabine, colocam um óculos de realidade virtual e o resto a máquina fazia, tinha uma grande variedade de opções, podia escolher o que quisesse branco, negro, asiático, magro, alto, gordo, homem, mulher...
    Mas a vida de Hermes ia muito bem, ganhava seu dinheiro tinha seu trabalho tudo estava bem.
    Um homem gordo e baixinho foi até Hermes e disse - Ei cara o movimento foi baixado hoje, não foi ?
    - foi mano !
    Hermes meio ansioso, queria ir para casa logo, disse .
    - Senhor Buky, posso sair mais cedo hoje? Porque minha Athena faz 10 anos!
    O homem gordo e baixinho ficou calado, respirou fundo e falou meio bravo - Pode Hermes, mas vai ser descontado do seu salário.
    - Está bom senhor buk !
    Hermes saiu apressado do trabalho, queria chegar logo em casa, ao chegar deu um grande abraço em sua menininha.
    - Minha garota está com 10 anos tá Ficando velha em ?
    - Oi amor, você trouxe o bolo ?
    - Sim Say, o preferido dela, de chocolate branco né ? Eu nunca iria esquecer !
    A família Hermes fizeram uma festa linda, mas a vida continua. No dia seguinte Hermes foi para o bar logo cedo, ele tinha que recuperar as horas que perdeu na noite passada. Logo ao chegar ele viu uma dupla de caras, um musculoso e o outro magrelo e alto... Hermes já ficou preocupado, foi direto para seu posto e ficou observando a dupla
    Outro homem chegou no bar, dessa vez o homem tinha uma marca no pescoço ele tinha um C é um  número, os Cybers de primeira geração tinha sua numeração de 0 a 5000, mas o número do homem que entrou no bar era 5008 era um ant-cybers.
    Os ant-cybers tinha uma letra é um número perto da orelha, quando Hermes viu aquele número ficou muito aflito e nervoso, mas a numeração que estava no pescoço de Hermes era bem visível assim como em todos os Cybers .
    Os Cybers quando eram feitos tinha seu pescoço marcado e seu cabelo cortado, não importava se eram mulheres ou homem, mas todos tinham essa número, a de Hermes era Z-2870.
    Hermes saiu rápido do bar pela porta dos fundos e se escondeu no bar do lado, Hermes sabia que não podia da pista que ele era um Cyber, porque isso colocaria sua caminhada em perigo, então pedia ao dono do bar ao lado para ficar lá escondido.

    (Continua...)

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