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Romace

  • "Senta aqui, vamos tomar um café"

    Senta aqui, vamos tomar um café?! Jogar conversa fora? Rir pra caramba, quem sabe chorar em algum momento. Senta aqui, vamos falar sobre nós! Como você está? Seus planos? Suas conquistas... Conta mais.

    Senta aqui, vamos matar a saudade de nós, vamos aproveitar um tempinho livre pra descansar a cabeça, o corpo! Senta aqui, vamos falar sobre sonhos, até mesmo daqueles mais cabulosos, quase impossíveis! Senta aqui, vamos olhar dentro do olho, ver como estão brilhando. Senta aqui, me deixa ver como você está bem, como você está feliz!

    Quero sentir seu abraço por alguns instantes. Ouvir sua voz, sua risada. Senta aqui, deixa eu te contar como eu estou como me sinto. Senta aqui, quero te contar uma ideia maluca que tive. Senta aqui, lembra aquela viagem que eu queria fazer, deu certo! Senta aqui, me ajuda a fazer uma lista de prioridades! 

    Preciso ir... Obrigada pela companhia, pelo café, pelo abraço, pela voz doce e suave, pelos conselhos impagáveis, pela companhia maravilhosa, pelas gargalhadas que demos, pelas bobagens que falamos e pela saudade que matamos!
  • [Cartas] DESPEDIDA

    Lembro de você me chamar, segurar a minha mão e me guiar.

    Era pouco antes das dez da noite. A noite bonita. Depois da nossa longa conversa, levantou do banco marfim entre as árvores do condomínio, pegou na minha mão e disse “vem aqui”. Não sabia onde iríamos, mas levantei e deixei-me levar. Eu estava descalço e sentia a grama fria em meu pé, entrelaçando nos meus dedos. Enquanto me conduzia, por entre o emaranhado de folhas, parou um instante. Olhou para trás. O seu rosto de um jeito convidativo, um sorriso de canto, seu olhar castanho fitando os meus lábios, fez-me arrepiar. Voltamos a caminhar, “eu estou descalço”…”não importa, só vem comigo”. E eu nunca vou esquecer a sensação da grama fria nos meus pés.

    Chegamos na parte mais bonita da pequena vegetação tropical que cercava o condomínio. Paramos, você não precisou falar nada, o seu abraço me disse o universo e o mundo. Confirmando tudo.

    Recordo o seu toque leve acariciando os meus braços até suas mãos chegarem e relaxarem em minha cintura. Eu estava nervosa, tensa. Você tentava me deixar confortável. Não era a primeira vez que te via naquele clima e daquele jeito, mas era tudo ainda mais intenso. Havia algo de diferente. Forte. Eu sabia a imensidão que significava aquele momento mas, me recusei a aceitar.

    Numa tentativa falha de cessar, postergar, comecei a falar. Você me encarou fixamente, repousou os dedos nos meu lábios — “shh” — e, num sussurro, me pediu pra parar de falar porque você queria me beijar. Não era o meu primeiro beijo com você. E ainda assim, eu estava com medo, tão aflita que sequer entrava no clima. Podia não ser o primeiro, mas sabia que seria o último.

    Infelizmente algumas situações precisam ser vivenciadas. Não há como fugir. Elas cortam, mas são necessárias. Não podem ser adiadas, elas nos cercam, quando menos esperamos. Reconheci que aquela noite marcava a nossa despedida. E isso me torturava. Antagonicamente marcava o fim e confirmava a intensidade de tudo que vivemos, a grandiosidade do que nos proporcionamos sentir. Árduo, mas belo.

    Resolvi postergar, não o momento, mas a dor. Faria da nossa última noite uma celebração da nossa curta história de “amor”.

    Teu olhar sereno me fitava. Seus olhos trêmulos. Com um sorriso de canto, me disse “é necessário”. Exalando pesar, assenti. Em meio às árvores que abafava o som de “Brooklyn Baby — Lana Del Ray” que ecoava da festa, deixei me guiar. Foi só em meu rosto tocar e, como sempre, me desmanchei. Você não falou, mas não ouse chegar a negar. Nunca te vi tão obcecado por mim como naquela noite. Desejo. Como se o seu eu não só ansiasse, mas dependesse do meu. Queimava em intensidade de um jeito que nunca havia visto e que jamais esquecerei. Almas conectadas. Transcendemos.

    Nunca conversamos a respeito daquele dia depois. Não nos vimos. Não nos veremos. Para mim foi bem mais que intenso. Enquanto decidia simplesmente a ti me entregar, uma reprise dos nossos dias invadia minha mente. Uma reprise do meu melhor verão. A sensação enquanto parávamos para respirar era gostosa, saber que por alguns instantes nos pertencemos, que estávamos em sincronia. A cada exalar, um momento nosso tornava a minha mente, fazendo-me grata por dividir um verão com você. Tão grata que mesmo hoje, distantes, provavelmente um pouco mais diferentes, somos duas pessoas, que não mais se conhecem, mas com uma história gostosa, repleta de lembranças inimagináveis e momentos incríveis — em comum — de uma intensa paixão de verão.

    Lembrei de quando me levou para conhecer a galeria, depois do luau. Era enorme. Fiquei boquiaberta com o quanto se dava bem em tudo atrelado à arte. Não só compunha belas canções, mas também dava vida à telas maravilhosas. Por ser totalmente leiga, impressionada, fiz uma série de perguntas. Tu não se irritava com minhas indagações, ao contrário, me contava graciosamente sobre tuas técnicas. Inspiração. Gostava de te ver daquela maneira, expondo seu íntimo.

    Tornei também à noite do karaokê, cantamos juntos “What’s Up? — 4 Non Blondes”. Lembrei da festa da Mallu, você me irritava me chamado para dançar enquanto eu resistia alegando não saber, mas, na hora que eu sentia você em mim a sua calmaria me inundava e toda fútil irritação se evadia. Independente de experiência, achei teus movimentos tão graciosos. Definitivamente eu não sabia dançar. Porém, contigo eu não tinha receio de arriscar. Não haviam barreiras. Foi a primeira noite que dancei literalmente sem pensar no amanhã.

    Passamos a maioria das tardes do verão em seu ateliê. Adorava te ver trabalhar enquanto jogávamos conversa fora. Aliás, jamais esquecerei o meu pique de euforia ao ver uma pintura minha lá. O meu melhor artista. No entanto, adorava ainda mais quando cantava “Onde anda você — Vinicius de Moraes”. Tudo em ti me derretia, não era só o seu beijo. O teu jeito. Quando nos encontrávamos, instantaneamente algo me preenchia, embora antes não estivesse fazia. Eu não te completava e nem vice e versa, a gente transbordava.

    Em pensar que na primeira vez que te vi, não imaginava tudo que estava por vir. Nunca iria presumir o quão profundo um envolvimento de férias poderia me tocar. Sequer que umas horas de papo furado na praia com um cara bêbado de sorriso malicioso iriam acarretar tudo isso. Felizmente, tive o prazer descobrir que tu era bem mais do que isso, bem mais que um cara bonito cheio de lábia com jeito de inconsequente.

    Você tinha sede de conhecimento, tão sedutor explicando-me os assuntos mais complexos, isso me desmoronava. E ao passar do verão, me cativava cada vez mais. É deslumbrante memorar o quanto me mostrou, não me refiro só os lugares bonito que me levou, mas também, às nossas horas de conversa, sua filosofia que pouco a pouco me fazia ver por outra perspectiva a vida. Era uma troca. Troca de conhecimentos, experiências, questionamentos e, claro, amassos.

    Confesso que a sensação, o clima de incerteza, sobre o que rolava entre a gente era gostosa. Você tinha a sua coisa, eu a minha, e quando a gente se encontrava era muito bom. Havia mistério, nem começo nem fim. E eu não queria perder o controle da situação. Não poderia ser tão fácil assim. Eu definitivamente não era esse tipo de garota, não me apaixonava assim. Mas, aquele verão foi diferente. Você foi o diferente.

    “Foi mais que um prazer conhecer você, foi incrível” as lembranças evadiram-se e rapidamente eu voltei, para a nossa última noite, afinal, eu voltaria para São Paulo na manhã seguinte. A noite ficou encantadora. E foi naquele instante, enquanto pronunciava aquelas palavras e o teu olhar avelã me fitava, que percebi o quão sua frase naquele primeiro dia na praia “a gente não tem nada ver” foi completamente descartada. Seu rosto corou, se entregou, estampou a verdade.

    Não imagina o quanto eu havia esperado, ansiado, desejado aquele momento ao longo de todo o verão, com o meu apressado e quem, sabe, inconsequente efêmera paixão. O instante exato que tive certeza que, pra ti, a nossa coisa também foi surreal. Química demais, conexão demais para ser verdade.

    O melhor de tudo foi que mesmo o Rio de Janeiro transparecendo despedida, ao longo de não um, mas vários beijos, o clima daquela noite não poderia ter sido melhor. Caloroso. Não era uma noite de despedida como as outras, não era capaz de me reconhecer. Não lidava bem com despedidas. Mas, estranhamente, reconhecia que estávamos fadados a ela, apesar de não aceitar.

    O clima, embora de já exalar saudade, não pesava. Conformismo? Tu agia de uma forma que eu jamais imaginara, sempre tão autêntico, agora afável, sereno, mas ainda assim, algo característico seu, mas um lado que eu desconhecia.

    Não sei se eu fui uma pessoa qualquer dentre as demais. Você não foi. Creio que alguma memórias não ousará em deixar para trás. Não tem como. Nos conhecíamos havia pouco tempo e já tínhamos uma conexão esplêndida, te contei tantos segredos, mas nunca abri meu coração. Lembro que você mencionou “a nossa história” comigo algumas vezes e, em pensamento, me questionava o quão apressado, cedo, era pra você falar isso. Presa em minha própria teia. Eu queria mais. Disposta a me deixar levar. Quando eu teria uma aventura como aquela novamente?

    Mais cedo, antes de tudo, sentados juntos naquele banco, olhando o céu escuro, sentindo a brisa da noite calorosa — o som da festa ao fundo “Art Deco — Lana Del Ray” — conversávamos e eu juro que tentei. Tentei de verdade, abrir meu coração. Falar sobre o sentimento avassalador que me dominava, fazendo desejar cada vez mais e mais dias como aqueles contigo. Corroía. Já não me importava se era cedo, se burlava todos os meus conceitos. Tentei e eu estava disposta a colocar tudo pra fora independente do que você fosse falar ou pensar.

    Eu tentei: “não fala nada, você só vai me ouvir”, comecei a falar sobre umas coisas e logo desisti. A insegurança de sempre veio a tona e eu me senti tão boba. Boba por ter atribuído intensidade demais a tudo. Enquanto eu tentava revelar a imensidão do que na época sentia, simplesmente ao desenrolar das palavras, a coisa mais forte que eu consegui dizer foi apenas “saiba que eu gostei de você” e tu instantaneamente virou o rosto em minha direção, me olhou, inclinou a cabeça, mordeu o lábio e confirmou o que lá no fundo eu já sabia “eu também gostei de você, demais, pra caramba”.

    Mas nenhuma de nossas falas remeteu ao amanhã. Independente do que ia acontecer ou não depois daquele instante, eu precisava aceitar, realmente, paixão de verão. Porém, uma coisa eu pude ter certeza, nos dedicamos uma história breve, mas sensacional. Confessa.

    Não esperava vivenciar sequer uma parte de tudo isso. Sequer é possível falar qual a melhor parte da “nossa coisa” sendo que eu gostei de absolutamente tudo. De todo o verão contigo. Talvez você não lembre da mesma forma que eu ou apenas não lembra mais de tudo que sentiu na época. Mas, se tem uma coisa que eu jamais irei esquecer é você. O cara pelo qual fui inconsequentemente apaixonada. Jamais irei esquecer a minha curta paixão de verão.

    Definitivamente uma paixão de verão, não passou disso. Justamente a sensação de incerteza sobre o que seria depois foi a graça de toda a coisa.

    Lembro de sentir a grama fria entrelaçar os meus dedos dos pés, dos seus beijos, do seu ritmo caloroso, do seu gosto, do nosso calor. Foram só alguns dias, mas que marcaram imensuravelmente aquele verão.

    Lembro de cada detalhe da despedida.


    Janaina Couto ©
    [Publicado — 2017]

    @janacoutoj

  • [Cartas] FANTASIA

    Eu fantasiei. Fantasiei muita coisa a respeito do que estava rolando entre nós. Finalmente, depois de tanto tempo, identifiquei que também fui parte do problema. Tudo aquilo era tão novo, tão excitante, aquela sensação de perceber que o cara pelo qual sempre tive uma queda estava claramente na minha, me corria! Isso arrasou o meu psicológico. Literalmente.

    Você fazia as coisas mais simples e esperadas de um cara que está afim de alguém, mas, simplesmente pelo fato de ser você, eu me sentia incrível, a grande contemplada; me contentando com migalha. Afinal, desde o início, lá atrás, sequer cogitava a hipótese de te atrair, pois, não me enquadrava nem um pouco com as mulheres que você costumava sair.

    Não foi assim que te vi. Não, definitivamente não foi, apesar de ter chamado fortemente a minha atenção de primeira. Foi de modo gradual, com decorrer do tempo, quando passei a conhecê-lo realmente [ou melhor, quando acreditei que o conhecia], que me encantei por você.

    Confesso, inicialmente, me recusei a aceitar já que aquilo parecia o cúmulo do absurdo, cheguei a passar por toda aquela fase de negação que, aliás, foi relativamente longa. No entanto, reconheci que mentir para mim mesma não fazia sequer sentido, como poderia sentir vergonha por ser capaz de me cativar por alguém antes mesmo de tocá-lo?

    Mas, o problema não estava nisso, jamais fora o sentir. A grande questão era o receio de não ter o meu interesse correspondido, como já mencionado, ao meu ver eu não fazia “o seu tipo”. Esse pensamento me inibiu por um tempo considerável, até que, em meio às brincadeiras da galera, você passou a dar sinais favoráveis a mim.

    Mas, para a garota que no fundamental era alvo de chacota entre os garotos da turma, tudo aquilo não passava de mais gozação. Aliás, acabou por ser um dos principais motivos da minha insegurança e baixa auto-estima, qual até hoje percebo seus reflexos. Não era capaz de acreditar. No entanto, por incrível que pareça, aos poucos eu cedi à medida que você pareceu tão confiável, claro e franco. Você não era como eles.

    Não é novidade, sempre há um “porém”, você agia diferente comigo em detrimento das demais garotas da classe, com uma espécie timidez, acanhamento. Não faz ideia do quão isto deturpou a minha mente. Eu precisava encontrar um porquê. Cheguei ao ponto de identificar uma espécie de padrão nas garotas que você curtia; e, pior ainda, me rotular como não interessante e/ou atraente como elas. Que apesar de sentir-se atraído por mim, jamais seria na mesma intensidade que elas o atraíam. Eu não podia competir.

    Sinto vergonha em assumir que tive tal pensamento esdrúxulo, como se nós, mulheres, estivéssemos numa competição; ou que pelo fato de uma mulher ser para ti atraente e eu não possuir as mesmas características que ela me diminuísse de alguma forma. Além do mais, tola, por ter sido tão ingênua e deter uma visão distorcida sobre “conquista”, já que ainda não compreendia sobre “reciprocidade” e “leveza”.

    Sei bem o que me levou a isto. Sabe o que? Minha tentativa fútil de justificar a razão pela qual as coisas aconteciam lentamente entre agente. Não, eu nunca fui e não sou apressada, a real era que você me enrolava e eu não conseguia compreender o seu porquê. Você agia diferente comigo, não tinha atitudes negativas, ao contrário, tinha medo e eu só não sabia do que. De agir? Pois, chega a ser curioso, eu estava apta a me deixar levar e isso não era possível quando reconhecia que apesar de sentimentalmente a coisa ser mútua, você ainda assim não tomava atitude consonante.

    Havia algo sim, medo, receio ou sei lá o que, você não era assim e isto me fazia reconhecer que era por causa de mim, eu causava essa reação em ti. Era por isso que eu viajava. Não conseguia entender o que te embasava. Porque não me chamava logo pra sair? Demorou, mas, depois finalmente compreendi.

    A sensação que vigora entre nós era a de estar pisando em cascas de ovos, a todo instante evitando deslizes, constantemente tendo cautela exagerada em tudo para não estragar o pouco conquistado em tanto tempo. Mal sabíamos que isso nos impedia de sermos nós mesmos.

    Fazíamos o possível para manter a boa impressão e não afugentar o outro; eu, por exemplo, chegava a ficar minutos pensando em como responder uma mísera mensagem; você, por hora, corava ao falar comigo em nossa roda de amigos, ficava sem graça e ao invés de conversar se afastava.

    Justamente o zelo e o desejo de que “fluísse naturalmente”, sem colocar pressão ou sequer expectativas no que acontecia, de modo a não fazermos projeções para evitar a temida frustração, tornava tudo ainda mais embaraçoso.

    Mal sabíamos que só em pensar dessa forma, estávamos os dois concomitantemente implorando para dar certo. Expectativa. Não chegamos a falar isto, mas, era evidente dos dois lados. Eu dançava conforme os seus passos. Mesmo não concordando com o lance da demasia, isso me consumia. Mas, ainda assim, continuei a dança, persisti naquilo, afinal, eu também queria que desse certo.

    Em virtude do anteposto, é evidente, não deu certo. Recordo os detalhes, consigo explicar conjunto de fatores externos de uma forma lógica que inibiram o que desejávamos, mas não sei bem explicar como isso pôde ser maior que a intensidade e pureza do sentimento avassalador que havia ali, aparentemente, a magia da primeira paixão de adolescência não era tão forte assim.

    Alguns verões depois, em tese “maturos”; se comparado a nossa, ou melhor, a minha — em especial -, falsa percepção de conquista, idealização de amores e nula experiência quanto a mãos, bocas e perfumes, nos esbarramos novamente. Destino? Universo? Coincidência? Não sei, não importava. A minha única convicção era de que jamais cometeria o mesmo erro que anteriormente. Desta vez, não havia um sentimento antecessor, paixão ou seja lá o que, para complicar as coisas ou até mesmo postergá-las.

    Em contrapartida, havia ainda forte interesse e, claro, lembranças. Isso deixava tudo inflamado, quente. No início, estávamos jogando e o flerte não só era excitante; mas também, escancarado.

    Além de tudo, a minha percepção de mundo havia mudado, já não mais existia aqueles fantasmas de baixo autoestima ou qualquer coisa atrelada a me taxar como insuficiente. Naquela época, eu não me sentia menos que inteira. Aquele seria o meu ano e me permitiria viver e sentir o mundo, nada iria me impedir.

    Estava decidida e isso foi ótimo. Sim, “foi” enquanto ainda tínhamos tudo sobre controle. As coisas são imprevisíveis. Sou emotiva demais. Perdi o controle. Aos poucos criei um vínculo muito forte e só pude perceber quando me peguei implorando para isso se desfazer, pois, eu me magoei demais.

    Como alguém pode insistir permanecer com algo que acabou por tornar-se mais motivo de decepção do que satisfação, por julgar que é melhor ter aquilo do que perdê-lo? “Melhor pouco do que nada”? “A frustração ao abrir mão seria maior”? O que havia acontecido com a história da “reciprocidade”?.

    Cara, você fez eu me sentir especial. Não como se não existisse nenhuma outra garota aos seus olhos; mas, como se dentre tantas mulheres encantadoras, você pudesse escolher uma, ainda sim desejaria e preferiria estar comigo, jamais por me achar melhor do que elas, mas por ter zelo à nossa troca de energia. Porque, no meu ponto de vista colorido e bem elaborado, você estava apaixonado [novamente] por mim. Como eu disse, fantasiei, ou melhor, acreditei. Ou será que apenas não fui capaz de discernir as coisas?

    Mas, o problema foi que sim, talvez eu tenha fantasiado. No entanto, você colaborou fortemente para isso. É mais que óbvio quando um cara chega para sua irmã, dizendo que desejava mais que tudo que fosse você quem estivesse ali e ainda a questiona sobre o que ela pensa a respeito da possibilidade dele te namorar, com o intuito de aferir se a sua vontade era essa também. Eu sentia mais que o suficiente. Eu queimava em intensidade.

    Ah, você acabou com o meu psicológico. Mas, estranhamente, por um longo período, foi um dos motivos que mais fez bem a ele. Sabe, a única coisa que realmente me faz ter saudade era em como estar com você fazia eu me sentir ainda melhor. Gostava de ti, logo, ter-te por perto era gostoso.

    No início, cheguei a te dar todo o crédito pelo “bum” da minha auto felicidade, pela minha autoestima, pela minha calmaria, pelo meu bom humor — que se fez tão marcante naquela época -, pela minha inteligência e demais atribuições e características; eu definitivamente me sentia incrível. Não que eu não fosse nada disso anteriormente, apenas não havia percebido e você reconheceu, me mostrou.

    Porém, durante muito tempo fui equivocada e acreditei que você havia me dado tudo isso. No entanto, não sou egoísta ao ponto de não assumir que adorava saber que você me via daquela forma, da maneira que eu gostava, do jeito que eu era.

    Tínhamos uma troca muito gostosa, havíamos decidido encarar a situação da melhor maneira. A regra era clara, não cometer os mesmos erros. Mergulharíamos. Sim, mergulharíamos, profundo, desde que aquilo que nos motivasse fosse puro, sincero, espontâneo. Intrínseco. Não magoaríamos um ao outro.

    Justamente por tal, por proposta sua, conversamos, nada ficou a cegas, expomos o nosso interesse e a partir disso surgiu o acordo: o lance deveria ficar entre nós, seria “a nossa coisa”; a melhor maneira para nos conhecemos definitivamente sem qualquer tipo de pressão alheia ou algo correlato; inicialmente, sem nenhuma cobrança sentimental, já que não havia sentimento pré-existente para ambos, diferente de outrora; porém, como consequência de se conhecer, impossível seria descartar a possibilidade, consiste em algo qual não detemos controle, logo, nessa hipótese seriamos francos e claros um com o outro. Um pacto perfeito para nós dois.

    Tu não é capaz de imaginar o quão uma simples mensagem sua, inesperada, me alegrava, muito menos sequer compreender tamanha euforia que suas frases curtas quando acompanhadas pelo famoso sorriso mútuo, já que os seu olhos sorriam também, de “te quero” [como intitulei] me causavam.

    Algo florescia, era quente, pulsava, dominava; minha respiração ficava desregulada, sentia uma leve palpitação e por uma fração de segundo eu entrava em transe enquanto um calor percorria ferozmente o meu corpo; no mesmo instante podia sentir meu rosto aquecer, momento em que tinha certeza da nova cor que minhas bochechas haviam ganhado, me via envergonhada só em cogitar a possibilidade de você perceber todo o alvoroço que causava em mim.

    Afinal, acreditava que tu estava sendo sempre franco (de acordo com o nosso combinado), chegando até a ficar frustrado nas poucas vezes que eu ironizava suas falas, pois, era encantador demais ouvir-te pronunciá-las, quase que surreal, não me restava saída que não a brincar com a sua frase na fútil tentativa de não te deixar perceber o embaraço que você provocava em mim.

    Sua companhia realmente me fazia muito bem. Não imagina o quão eu me sentia incrível por saber que era por ti admirada, desejada; em sentido amplo. Como se eu tivesse te conquistado. Reciprocidade. Sim, reciprocidade, uma vez que que eu sentia o mesmo por você. Achava um máximo que apesar do seu jeito sarcástico, nos instantes mais inesperados, involuntariamente, você me falava coisas tão bonitas e logo após ficava sem graça, como fuga, caçoava ao se dar conta que estava sendo “romântico pra caralho”.

    Frases que jamais esperava ouvir de qualquer cara, muito menos de você. Além do mais, me tratava de uma forma que me surpreendia. Me surpreendia realmente, ternura.

    Lembro detalhadamente de cada borboleta no estômago, cada instante de aceleração dos meus batimentos cardíacos, de cada respiração ofegante, do desejo em te ver todo dia, de cada troca de olhar, dos joguinhos, dos teus sorrisos maliciosos, do seu olhar profundo me fitando com o famoso sorriso de “te quero”. Sempre lembrarei. Confesso que, por esses instantes, eu sou grata a você.

    Foi sim perfeito, no começo. Ao decorrer do tempo, o tratado já havia sido parcialmente descartado, ignorado, seja lá como queira chamar. Descumprido, já que víamos sentimento surgindo, ou melhor, metamorfoseando-se para ambos e estávamos gostando daquilo; não que essa parte não tenha sido prazerosa, só que não fomos específicos, não conversamos a respeito, que seria o ideal já que devíamos ter honrado o pacto. Justamente isso acarretou, a longo prazo, um problema no quesito “intensidade”.

    Mas, ainda assim, estava no ar, era evidente, límpido e posso afirmar com convicção que não tratava-se de um ponto de vista exclusivo meu; para ti também estava óbvio.

    Não obstante, conforme anteposto, sermos silente e não tratar do assunto ocasionou uma confusão, na verdade, uma teia, graças a você, que foi cínico o suficiente ao ponto de utilizar tal argumento, um tanto quanto fraco, como justificativa ao me ver te questionar sobre o que possuíamos e o que seria do depois (quando pude perceber que estávamos mais uma vez fadados a não ficarmos juntos). Me vi cercada, sem saída, sem argumentos e, de certa forma, traída.

    Tudo parecia maravilhoso demais pra ser verdade, aí reconheci os vacilos. Que na época eu não enxergava dessa forma, sempre acreditava nas suas explicações e razões, que hoje, reconheço como as mais idiotas possíveis, coisas que para com quem você afirmava “ter uma história”, partiam o coração na hora e logo depois, antes mesmo de você arranjar uma desculpa escrota, eu acabava criando uma razão lógica para tal atitude me culpando.

    As estações tinham mudado, mas eu havia estagnado o tempo, queria eternizar o que possuíamos. Cai na real apenas quando não só o ritmo, mas a canção era outra. A letra dessa vez era difícil pra caramba, eu não apreendi. Sinceramente não tenho como apontar um motim, sequer compreendo o que aconteceu. Me vi imersa numa situação qual eu sozinha jamais seria capaz de mudar. Estava surtando com o seu vai e vem.

    Recordo claramente a primeira vez que me disse “perdi o interesse”, na verdade, contou-me uma série de coisas quais se resumiam nesta curta frase, a única que assimilei. Foi cortante, me senti péssima, pois, jamais cogitara nosso distanciamento. Porém, eu prezava pela reciprocidade. Aceitei. Não o questionei ou pedi uma explicação, mesmo tendo certeza de que merecia um mísero “porque”.

    Jamais iria me humilhar dessa maneira, fazer questão de alguém que já não quer ficar. Havia tomado sua decisão, respeitei. Decidi encarar isso da melhor forma e não era de modo algum negando a sua existência, muito menos me martirizando para te esquecer.

    Por incrível que pareça, estava me saindo bem, daria certo. Exatamente, “daria” se você não se aproveitasse do meu método para se aproximar aos poucos e tentar restabelecer o vínculo que eu ainda não havia cortado. Não posso mentir para mim mesma, te vi chegar, não convidei, mas te permiti entrar. Afinal, eu não havia cortado o vínculo e ao ver-te tomar tal atitude, me equivoquei ao interpretar como um “me enganei”. Acreditei que aquilo não iria mais se repetir. Tudo se restabeleceu como se nada tivesse acontecido, como se o seu vínculo jamais fora rompido.

    Na realidade, eu é que me enganei. Me enganei ao crer que aquilo não mais aconteceria. Aconteceu, infelizmente, mais de uma vez. Está aí o problema, quero dizer, parte dele; ou melhor, um deles, percebeu? Hora você me fazia pirar de tanto desejo; Outrora, me fazia ficar mal, ao te ver tratando-me como um tanto faz, como se só me quisesse por perto apenas nos momentos em que eu te convinha. Isso era péssimo, sentir-se uma pessoa que apenas convém e não alguém com a qual se tem zelo.

    A sua indecisão me corroía, era doloroso ficar no meio termo. Tu sabia que o meu sentimento era mais forte quando comparado ao teu e se aproveitou disso. Evidente era que eu queria estar contigo, mas, desde que você quisesse o mesmo; jamais cogitei a possibilidade de implorar ou desejar que você permanecesse aqui sem querer ficar, não sou do tipo que era egoísta consigo mesmo ao ponto de mendigar reciprocidade.

    Porém, infelizmente, eu ficava naufragando e emergindo, hora você era a boia que me salvava, ora a água gélida que invadia minhas narinas e estranhamente queimava. Não, eu não mendiguei reciprocidade, mas aceitei migalha.

    Você estava sempre indo e vindo. Sinto-me mal em falar, mas, apesar de não pedir para você voltar ou ficar; ainda assim, estava sempre a disposição, afinal, era melhor estarmos juntos quando você queria do que eu te dar um fora e não poder sequer sonhar com a possibilidade do que possuíamos dar certo. De qualquer maneira, fui sim egoísta comigo.

    Eu, que sempre odiei meios termos, me submeti a um por causa de você. Identifico-me integralmente com aquela frase da Clarice Lispector “Não suporto meios termos. Por isso, não me doo pela metade. Não sou sua meio amiga nem o seu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada!”.

    Fui tão cruel comigo, me senti impotente e mais uma vez, tentei jogar o peso da situação para mim “Como pude deixar você escapar pela segunda vez?”. Errando comigo pela enésima vez, eu não havia deixado nada. Ao contrário, você mudou comigo completamente e eu, sinceramente, não estava mais aguentando me submeter a tentar resgatar a “nossa história”. Fui cruel ao me culpar por colocar um ponto final no seu vai e vem.

    Hoje, reconheço que jamais estarei sendo egoísta por me colocar em primeiro lugar.

    Viajei, pra caramba. Viajei ao pensar que aquele seria o nosso ano. Óbvio que você também não ajudou muito. Sabe o que é mais impressionante? Na época eu tinha plena certeza que você estava sendo sincero. Pior que isso, eu. EU via você apaixonado por mim. Pesado, não é? Me questiono se tudo isso que eu via em você era real ou apenas fantasia. Tudo foi tão intenso.

    A minha intensidade. A brisa nostálgica do passado. Como eu posso ter inventado; ou melhor, fantasiado aquilo? Foi a única conclusão a qual cheguei, fantasia. Sabe porquê fantasia? Não consigo encontrar um explicação lógica para ti de uma hora para outra jogar fora, ou melhor, abrir mão do que demoramos para constituir (tratar como tanto faz).

    Lembra? Eu, que não me permitia se fascinar ou me entregar, me apaixonei duas vezes por você e, na última, esperando um resultado diferente, mergulhei completamente nesse teu mar agitado, porque tu me fazia ver-te águas cristalinas de uma atraente calmaria, te permiti me conduzir, te daria um voto de confiança e passei a acreditar que me desejavas como se necessitasse de mim. Fantasia.

    Pra ser sincera, se fantasiei, eu não sei.

    Já não consigo decifrar o que eu criei [inventei para mim mesma] do que realmente aconteceu. Será que cheguei a fantasiar algo? Idealizei ao ponto de perder a percepção da realidade? Francamente, esses sentimentos e as lembranças são tão vivas em mim que chego a duvidar.

    Resta, agora, um turbilhão de emoção e lembranças com uma pitada de confusão. Sim, confusão, uma vez que não sei o motivo de você ter se afastado de modo tão repentino. Me arrisco a dizer que foi quase como se tivesse renegado o que ousou um dia chamar de “nossa história”. Renegado não somente isto, mas o que nos permitimos sentir.

    Não compreendo o porquê, se aquele foi o sentimento mais incrível que tinha despertado, até então, por um cara. Justamente por isso, ainda não consigo colocar nenhum outro acima de você. Que, aliás, já não é mais merecedor do posto que ocupa e, aqui dentro, travo uma batalha pra te destituir.

    E por falar em fantasias, nas madrugadas após as conversas mais gostosas contigo, que mexiam tanto comigo e me causavam até insônia, esperando o sono chegar ao longo do resto da noite eu fantasiava, idealizava, momentos ao teu lado. Momentos simples e intensos de uma vida que eu torcia tanto pra acontecer.

    Você também já fantasiou momentos comigo? Creio veementemente que sim, pois, nas madrugadas era tu que me mandava mensagens criando um roteiro de uma vida comigo, aliás, roteiro qual seguiu por um breve momento. Não faz ideia do quando ansiei para que seguisse o roteiro completo daquele verão.

    Fantasia. Incrível como uma palavra se faz tão presente. Fantasias quais eu ainda, em meio a madrugadas de verão movidas por uma brisa nostálgica, me pego memorando. Viajando. Então, eu levanto, coloco pra tocar um indie, me sirvo uma taça de vinho, e fico ali, no escuro da sacada debruçada no parapeito, dispersa em devaneios enquanto observo o quão deslumbrante pode ser a cidade sob o negro do céu.

    Espero profundamente que isto não seja um sintoma de saudade.

    Estou mais confusa do que nunca, não sei se desejo me afastar ou ficar junto de você. Sou incapaz de concluir isso. Novamente, sendo ainda mais egoísta comigo. Tu não faz ideia do que é sofrer de amor. Será que já não sei diferenciar a fantasia da realidade? Ao dizer fantasia, me refiro ao fato de ter atribuído mais emoção e importância a tudo que acontecia. Isso não seria apenas intensidade? Afinal, eu queimava em intensidade. Sempre queimei. E se eu não tiver fantasiado? Talvez seja o que tenha acontecido, ou não. Mas, e se tiver?

    Será que me apaixonei pelo que inventei de você?


    Janaina Couto ©
    [Publicado — 2019]

  • [Cartas] MORNO

    Se quiser falar a respeito, estou aqui.
    Me desculpa por te deixar assim.
    Queria que se sentisse confortável comigo. Principalmente para dividir tudo o que sente. Para me contar o que se passa com você. Gostaria de ter a chance de compreender e poder te ajudar com essa infinidade de "problemas". Me mata te ver assim.
    Me fere mais ainda perceber que, de algum modo, algo em mim te deixa com o pé atrás nesse sentido. E eu não sei a razão. Não sei o que te inibe em me colocar e inserir de uma vez por todas em todos os âmbitos da sua vida. Não sei o que te impede de me mostrar cada fresta tua.
    Quanto a traumas, se eles existem, é importante compartilhar comigo, para lidarmos juntos. Não quero minhas ações afetando você e sendo motivo para que fiquei assim, morno.
    Me deixa arrasada constatar que, enquanto eu queimo em intensidade, a "nossa coisa" já não pega mais fogo. Detesto esse morno.
    Eu gosto de você de uma forma insana. E, infelizmente, sinto que vê isso distante. Mas, nāo adianta eu só falar. Quero muito que "veja" tudo o que causa em mim. Anseio que perceba a grandiosidade do que me faz sentir.
    Gosto muito de mim quando estou com você, acho incrível como faz eu me sentir. Um estado constante de euforia, desejo.
    Semana passada, madrugada, quando nos encontramos, enquanto eu repousava em teu peito, você estava distraído até que nossos olhos se esbarram. Te olhei profundamente.
    Me perdi no teu olhar e, juro, me arrepiei com ele, de uma forma que nunca havia acontecido antes. Naquele instante, acreditei fortemente que eu estava alinhada ao meu destino… que ele está "escrito". Te olhava profundamente tentando me fazer acreditar que, felizmente, o tenho ao meu lado.
    Recordo que sorri desejando eternizar aquele momento. Reconhecendo tudo o que pulsa em mim, aquele trecho de Relicário não saia da minha mente "Eu trocaria a eternidade por essa noite". Naquela madrugada fria, você, em seguida, beijou a minha testa. Eu senti carinho, proteção… foi a primeira vez que alguém me beijava daquela forma. Serei eternamente agradecida por ter sido você.
    No dia a dia, com a rotina corrida, não faz ideia do quanto sinto saudade, muito menos de como anseio às 19h para te ligar e ouvir sua voz ou ao menos ler uma mensagem sua.
    Sinto muito por nāo te proporcionar o mesmo…
    Eu quero, quero de verdade. Sinto que sou capaz de te deixar bem ao meu lado. E, talvez, seja por isso que te ver 'blé', com tudo e, sobretudo, com a "nossa coisa", me deixa mal. Principalmente por cogitar que isso pode ter tudo haver comigo.
    Sinceramente, não recordo o que posso ter feito para te causar essa névoa sentimental.
    No mais, independente do que for, sei que minhas desculpas sempre te soam em vão.
    Aliás, naquele dia, eu nāo agi como quem não se importa. Muito pelo contrário, me importei muito e fiquei com medo, justamente por isso te falei “escolhe e só me diz uma coisa dessas quando tiver certeza, convicção”. Jamais imaginaria que você seria capaz de fazer o meu tipo certo de escolha errada.
    De repente, sinto que estou perdendo algo. A nossa coisa… você. Ainda tento digerir o que me disse 'só nāo sei se estamos mais juntos'. Desde então, o meu bem está agindo diferente e percebo a existência de um "vazio".
    Deus, eu faria o impossível para preenchê-lo. Eu sinto o universo… transborda. Acredito que seria mais que o suficiente.
    Me desculpa te encher, estou exausta e isso tudo me sufoca. Não fico em paz.
    Prometo que farei o máximo para te deixar tranquilo quanto a mim, sobre nós (para mim ele existe). Procurarei demonstrar, não que eu não fizesse isso antes, não quero dizer isso, a questão é fazer com que você sinta que estou, de verdade, com você. Nāo sei se me destituiu do posto.
    No mais, sei o quanto os detalhes te são importantes, juro que irei prestar atenção nos meus, pois, reconheço os seus e sou grata por eles.
    No entanto, as minhas promessas a ti nada significam. Já não sei o que fazer. Me sinto e estou perdida.
    Sabe, demorei tanto para te conquistar… Não vou te deixar ir embora da minha vida sem mais nem menos. Não me permito desistir e não dar o meu máximo pelo "nós". Valorizo muito o que sinto e quero comigo, por todo o sempre, o alvo de todo esse meu amor.
    Por favor, não desiste de mim. Não desiste do "nós".
  • [Cartas] PROFALÇAS

    Planejava te escrever sobre a imensidāo do que você e o “agora” significam para mim… mas, farei isso em outro momento.
    Juro, chega a ser surreal como tenho dificuldade em transcrever para o papel os meus sentimentos - puros, nus e crus - é muito diferente de criar ou inventar um enredo.
    A grande questão é que, se tratando da realidade, qualquer coisa que eu escreva soa absolutamente ridículo se comparado ao que pulsa aqui dentro…
    Eu desejei escrever algo diferente, o mais singelo e sincero que conseguisse. Me desculpa por nāo ser nada objetiva:
    Meu bem, desejo que essa seja a sua melhor idade! Esse, o seu melhor ano! Que você vivencie as aventuras mais malucas, as experiências mais gostosas, que se permita reinventar e arriscar!
    Sei que muitas coisas há de encarar sozinho, mas quero vivenciar contigo muitas delas… pode ser cedo, mas, quero dividir parte da minha vida com você. Anseio muitos dias tranquilos sentido o sol queimar nossa pele...
    A nossa coisa é nova, mas, desde já, sei que serei eternamente agradecida por cada beijo, pelos conselhos, por cada abraço, pelos instantes de riso, pelos olhares serenos, pelas falas apaixonadas… por cada microsegundo, pela intensidade, por isso que me proporciona sentir.
    É surreal como as horas contigo correm, teu sorriso me desmancha, seu abraço me aquece, seu olhar me desmonta e teu toque me arrepia. Obrigada por tudo isso.
    O aniversário é seu, mas é meu o prazer em dividir esse dia com você. Jamais esqueça o quanto se tornou especial para mim.
    Você é um cara incrível, nāo estou falando que é perfeito - ninguém é; mas, eu vejo os seus 'defeitos' e ainda assim, vejo muito do que eu quero… com quem desejo estar.
    Me encanta o homem que vejo em você.. muito mais que um rapaz bonito com jeito de inconsequente. Independente, forte, inteligente, protetor… astuto. Gosto do teu jeito peculiar de ver algumas coisas... Me amarro na sua personalidade.
    Psiu, jamais perca sua essencia… sempre mude para uma versão melhor de si mesmo!
    Te desejo muitos picos de felicidade, em todas as suas formas, cores e facetas! Claro, a consequência de viver é errar, tentar, acertar, chorar, sorrir, amar... ninguém é perfeito ou feliz, haja vista que é impossível atingir o pleno estado de felicidade. Isso mesmo, a felicidade bem como a tristeza sāo momentos, instantes. A felicidade está nos microsegundos, seja quando alcança uma meta, quando toca, quando ouve sua música preferida tocar na rádio, quando se sente bem consigo mesmo, quando num abraço se sente em casa ou simplesmente quando na monotonia do cotidiano se dar conta de que é capaz de amar e é amado. Nāo use parâmetros para a "felicidade", viva intensamente e "seja feliz" do seu jeito de ser! Viva ao invés de sobreviver!
    Que cada dia teu seja único, intenso, sempre norteado de muito amor — espero te proporcionar para além disso! Que a cada ano que passe, você conquiste seus sonhos e descubra novos desejos. Que você olhe para os dias que correram e sinta orgulho do que viveu. Tente levar a vida sempre numa boa, usufruindo ao máximo das coisas mais bonitas e singelas!
    Espero que você possa sempre evoluir como ser humano, nos seus ideais de evolução. A cada estação, uma versão melhor de você. Quero a cada estação, uma versão melhor nāo só do "eu e você", mas também do 'nós’.
    Te desejo as melhores coisas do mundo, só nāo sei se serāo o suficiente para o Universo que vejo em ti.
    É hora de se despedir do velho garoto e desejar boas-vindas ao homem que está construindo.
    Não sei se é cedo para falar que sinto o mundo por você. Mas, já não importa os meus velhos conceitos. Eu sinto. Sei que sinto. Quero que jamais esqueça isso!
    Não queria usar o clichê "eu amo você", mas, se trata disso.
    Ps. Nesse instante eu estou te abraçando calorosamente e lhe dando um beijo, puro… quero que sinta isso.
    Com amor,
    Beijos,
    Jacarandá.
  • [Cartas] TENTAÇÃO

    Você é a mulher mais foda que eu já conheci. Você simplesmente é foda. E, Deus, eu já conheci tanta gente.
    Você é única.
    Gosto da forma que fala, por mais que às vezes eu reclame da presença de todo esse juridiquês e do uso de infindas palavras para algo que poderia ser dito em apenas cinco.
    Juro, sou fascinado nesse teu jeito. Uma pergunta vira uma reflexão e uma análise esmiuçada sobre seja lá qual for o tema. Gosto disso. Interesse, curiosidade. Te torna uma mulher tão sexy. Caralho, não faz ideia de como eu amo conversar contigo. A literatura não tem uma palavra pra descrever isso ainda.
    Me amarro no teu jeitinho de falar. Toda acelerada. Sempre conta o que têm a dizer com uma empolgação que não sei donde vem. Usa todo o fôlego e a sua hora de fala sempre se desfecha com um suspiro. Acho incrível como diz com emoção.
    Você é inteligente pra cacete (muito plausível já que passa a maior parte do tempo nessa doação). A sua inteligência transcende. Você tem uma puta mente aberta, seja para conhecimento quer seja para sentimentos e até mesmo ações. Pensa muito bem sobre algumas coisas. Sabe se portar conforme as situações. Nada te passa despercebido.
    Quando estamos juntos fico pensando “que mulher”. Confesso, dou uma viajada.
    Não bastasse, parece ter uma opinião formada sobre todo e qualquer assunto. E quando não conhece a respeito assume “sou completamente leiga, me explica”. Lembra do que disse sobre as várias formas de inteligência? Pois bem, acho que esse tipo de coisa tá no pacote. Você é surreal.
    Não importa a situação, o contexto ou a conversa, tu muda o espectro da coisa de uma forma incrível. Aliás, sem tirar a essência do que é basilar.
    Me encanta o quanto é precisa. Sabe o que gosta, diz de boca cheia o que acredita que precisa ser mudado, não tem receio em dizer não. Adoro o seu falar cheio de convicção.
    Quando se posiciona diante de uma situação, fala com propriedade. Prende a atenção de qualquer pessoa. Eu te vejo uma deusa. Você me possui.
    Você é uma boa observadora. Capta o clima, percebe quando algo está incomodando. Leva como máxima aquilo de “não lêmos mentes”. Para ti, tudo se resolve com uma conversa. Prioriza dirimir as coisas de imediato, no instante exato que constata o problema, pois tem horror a ideia de que ele se propague no tempo. Têm pavor à dissimulação e detesta mentiras, razão pela qual é serena, franca e sincera ao extremo. Valoriza a verdade, ainda que ela seja cortante.
    Gosto como se põe no lugar do outro. Sopesa as coisas. Ainda que convicta dos motins de cada um de seus posicionamentos, tornando-os devidos, acreditando ser a “dona da razão”, vê os dois lados da balança. Aliás, não tem medo em acatar a visão do outro. Não têm receio em pedir desculpas e quando faz é de coração. E ainda assume quando “estava completamente equivocada”.
    Você é de verdade. Sempre.
    Conheço cada uma das tuas versões de si mesma, principalmente a amiga, a escritora e, óbvio, a companheira. Não constato falha, executa muito bem os seus papéis. Como?
    É fortemente determinada e nem se dá conta.
    Não importa o âmbito. Estudo, família, trabalho. É incrível como consegue lidar. Traça uma rotina. Os determina como prioridade. Você não se sabota nesse sentido.
    Determinada a ponto de não se permitir espairecer. A ponto de abrir mão das coisas simples que gosta de fazer sozinha e para si mesma… ler na praça de madrugada, por exemplo. Confesso, acredito que precisa de uma pausa para si mesma. Um respiro. Vai devagar, meu bem.
    Você é forte e ainda assim consigo reconhecer boas fragilidades. Tem grandes sonhos e valoriza as coisas simples. Tem uma forma peculiar e poética de ver a vida. Para ti, todo e qualquer momento encaixa com uma canção. Aliás, tem gosto musical incrível. E, claro, você é a minha escritora preferida. Me fascina o quanto é boa com as palavras. Sobretudo, a sua facilidade em elucidar nos exatos termos os teus sentimentos.
    É uma mulher imprevisível. O que me assusta, pois não consigo te desvendar. É uma gana incessante, mas gostosa. Não quero saná-la, eis que no final das contas você acaba me surpreendendo de um jeito maravilhoso.
    Você é extremamente amorosa. Obrigada por isso.
    Você abre esse seu sorriso bobo quando me olha eu me quebro. Adoro seu olhar penetrante e misterioso, ainda mais quando é voltado para os meus. Quando me beija sem eu pedir ou quando faz qualquer coisa em mim quando estou distraído, até mesmo o teu toque suave mais sutil, eu amo.
    Eu poderia listar o que acho bonito só em você e jamais iria exaurir o rol.
    Você é educada, sincera, honesta.
    É uma excelente ouvinte.
    Adoro o quanto é compreensiva.
    São coisas que eu admiro muito. Aliás, ressalto que não se trata apenas de mim. Questione qualquer outro alguém. Todos possuem a mesmíssima percepção de você. Tenho certeza que aqueles que já conviveram contigo, ainda que pouco, te perceberam assim.
    Me corrói a forma que você se vê. Não sei a razão para baixa autoestima ou mesmo a sua depressão pós alimentação só porque comeu uma besteira. Tão menos a sua bipolaridade quanto a percepção de si mesma. Não entendo o que te faz alucinar para se vê insuficiente, tão menos o temor de não conquistar os seu sonhos. Mulher, esse mundo já é seu. Você é um universo inteiro.
    Você é intensa.
    Você é atenciosa.
    Simpática, engraçada e boba. Dá risada de qualquer coisa.
    Não bastasse todo o exposto, você é uma mulher extremamente atraente. Fisicamente linda. Gostosa. Sensual.
    A sensualidade é a sua característica mais marcante, para mim. Está presente na sua forma de se mexer, olhar, falar. Me intriga como você consegue ser sensual até mesmo quando está lendo. Eu te vejo caminhar em minha direção ao som de “Mild Orange — Some Feeling”.
    Se a perfeição tivesse forma humana, eu seria capaz de ver cada um dos teus traços nela.
    E justamente por isso me atormenta ouvir “Arctic Monkeys — I Wanna Be Yours” quando estou longe de você.
    “Me encanta a sua inteligência.
    Me encanta a sua empatia.
    Me encanta a sua força de vontade.
    Me encanta a sua forma de lidar com certas coisas.Venero o jeito que trata a sua família.Honro a sua confiança em mim.
    Honro a forma como me tem.
    Honro como se faz nua e crua.
    Honro a sua doação.Gosto dos seus olhos e como eles me vêem e me encaram.
    Gosto do seu sorriso e como sorri para mim.
    Gosto do seu cabelo volumoso e brilhoso, ondulado, liso, cacheado… em você tudo fica perfeito.
    Gosto do seu estilo autêntico.
    Gosto do seu andar.
    Gosto da sua forma de falar.
    Gosto do timbre da sua voz.
    Gosto dos seus pés delicados.
    Gosto do seu nariz pontuadinho.
    Gosto da suas mãos.
    Gosto do seu pescoço fino.
    Gosto das tuas costas.
    Gosto da tua pele macia.
    Gosto do teu cheiro.
    Gosto da tua boca rosa, cheia.
    Gosto das tuas intenções.Amo seu beijo.
    Amo teu suspiro.
    Amo seu toque e em como ele me faz arrepiar.
    Amo o envolto do seu abraço.
    Amo você do princípio ao fim e isso é muito gostoso de sentir.”
    Precisaria de mais algumas horas para pormenorizar cada um das tuas frestas.
    Sim, estamos juntos pra evoluirmos de uma certa forma. Óbvio, vejo algumas coisas em que você pode melhorar. Acredito que ser mais discreta em alguns lugares é uma delas, mas, isso será difícil, como tu mesmo diz, você é um escândalo de mulher.
    Vu só? Por questões óbvias e razões infinitas eu sou doido por você. Você é aminha tentação.
    Quando estou contigo só penso em te abraçar, te sentir, te beijar. Sou fascinado e você parece não se dar conta. Meu pensamento sempre está em ti. Sempre, inclusive agora.
    Percebo que me coloca dentre as tuas prioridades e eu faço o mesmo contigo. Você está comigo de verdade e eu gosto disso demais. Você é muito foda e está sendo foda comigo. Eu só quero ficar com você, permanecer aqui. AMO a nossa troca.
    Independente do que aconteça no relicário imenso desse amor, eu vou permanecer aqui com você, enquanto for da sua vontade.
    O que pulsa em mim é algo inexplicável. Sinto o mundo, o universo por você.
    Com amor e carinho,
    seu “mais insano e desmedido amor”.
  • [Conto] ESCOLHA

    Então eu contei 1,2,3… suspirei. E sai dali. Passei por aquela porta. Definitivamente eu nunca mais voltaria àquele lugar. Nunca. Difícil descrever o que senti, uma espécie de raiva com uma mistura de desabafo e alívio. Por incrível que seja, eu chorei. Sim, chorei! Mas, dessa vez foi de alegria, êxtase, prazer. Liberdade. Realmente me vi liberta. Aquilo tudo me sufocava, aos poucos, lentamente, cada vez mais. Eu o amava, porém já não gostava mais dele. Não dava mais.

    Eu iria seguir a minha vida, os meus sonhos. Não mais o teria me impedindo de ir em busca das minhas conquistas. Sempre de um modo sutil, ele enfiava na minha boca um “você não pode me deixar. precisa de mim. não suporta nada sem mim. eu estou aqui por você, para te proteger e nada mais importa desde que fiquemos juntos”, literalmente enfiava garganta abaixo, já que eu o ouvia tanto dizer aquilo que acabava por internalizar e reproduzir a mim mesma a velha frase. Como se fosse um mantra. A mesma cena se repetia todas as vezes que lhe contava os meus planos. Não mais ouviria um “não vai. fica comigo, você pode deixar isso para depois. não vai conseguir sozinha” me fazendo sentir-se tão tola só de pensar em deixá-lo, afinal, ele me amava. Realmente uma tola. Fui tola em colocá-lo acima das minhas vontades.

    É sobretudo cortante, sei que ele gosta de mim absurdamente. Sinto isso. Acredito que justamente por saber disso que sempre acatei cada frase. Pela mesma razão eu sentia culpa, afinal, como eu poderia planejar algo que ele não estivesse incluso, fazendo uma escolha só minha sobre mim? Eu me sentia má, pois ele fazia parecer que o meu gostar era ínfimo perto do dele, sempre dizendo que largaria qualquer coisa por mim e para estar comigo, pois a minha companhia já o bastava e não teria nada mais a conquistar ou desejar. Confesso, me assustava, como poderia fazer de mim um mundo?

    No entanto, ele não percebia que aos poucos ele não desejava estar comigo, mas me ter; e isso são coisas bem distintas. Com o decorrer do tempo, ele se importava até mesmo quando as músicas que eu ouvia, os meus posts e até mesmo com os meus textos não falavam dele, mas apenas de mim; segundo ele, eu não “demonstrava” estar com ele. Outro dia, eu apaguei uma foto minha que havia postado logo após ter enviado para ele, pois, segundo ele, eu com isso eu jogava fora o fato da “foto ter sido tirada especialmente para ele e mais ninguém”.

    Sim, ele queria estar comigo. Mas, ele possuía medo de me perder. Acredito que por tal razão insistia para que eu demonstrasse de forma visual estar com ele; isso significava incluí-lo em tudo. Pela mesma razão, me afastava dos meus sonhos… tinha pavor quando eu dizia que gostaria de morar em Arraial do Cabo, pois ele disse que jamais abandonaria São Paulo; ficava triste quando contava com vontade sobre a graduação, segundo ele, eu encontraria pessoas mais interessantes, a minha cabeça ficaria cheia e eu o abandonaria. Nunca era o momento para eu desejar ou pensar em fazer algo, a menos que ele estivesse incluído e fosse da vontade dele.

    Como um cara pode tentar te afastar dos seus sonhos, das suas conquistas, da sua independência, só para estar ao seu lado?! E ainda tentar justificar esse absurdo com o esdrúxulo argumento de que é por “amor”? Via meus sonhos sempre adiados, afinal, eu ainda queria estar com ele, queria tanto ter os dois. Tudo o que mais desejava era poder pensar num futuro em que eu conquistasse o mundo e ele estivesse ali, comigo, me apoiando.

    Ele me pedia tanto, chegava a chorar implorando, se declarava e depois surgia outro velho argumento “vamos aproveitar o agora, você pode fazer isso depois”, eu questionava, discutiamos. Mas, ao final, a culpa sempre era do “amor”. Estava insustentável, não suportava mais o duelo entre o amor e os meu desejos.

    Se enquanto eu apenas cogitava as coisas, sendo os meus desejos ainda abstratos e, por isso, distantes, ele agia dessa forma…. Sempre tive receio em pensar no depois… Sempre me questionei como ele iria reagir quando eu fizesse definitivamente algo, quando abandonasse a inércia e corresse atrás de seja lá o que fosse que me desse vontade.

    Poxa, em nenhum momento ele disse “eu vou com você!”. Não! Não, não. Ele não disse! Nunca! Apenas me impedia, me desviava. Pois é, eu era fraca. Era.

    Apesar dessa situação horrível, ainda assim, tivemos momentos incríveis, com o seu lado que amava. Foi duro. Eu o deixei e talvez tenha “perdido” um cara que realmente me “amou”. No entanto, foi para o meu próprio bem e até mesmo para o dele. Poxa, eu não sou o céu de ninguém. Acredito que foi melhor assim. Quando olhar para trás, quero lembrar dele como uma bela melodia que acaba sem mais nem menos, enquanto ainda ouvimos os primórdios da melancolia ela chega ao seu fim e ficamos com a sensação de que haveria um depois. Prefiro uma melodia “interrompida” do que a ouvi-la por inteiro e ser destruída pela melancolia.

    Liberdade. Agora terei liberdade para viajar, estudar… planejar como tocar a minha vida. Farei tudo sem ressentimentos.

    Foi incrível a variedade de pensamentos - altos e baixos -, bem como o turbilhão de emoções que permeavam o meu corpo naquele momento, naqueles microsegundos em que peguei a maçaneta e simplesmente sai por aquela porta. Jamais esquecerei os meus 20 segundos de euforia ao fechá-la.

    Eu morava há cerca de 4 quarteirões dali, enquanto caminhava, chorei e saltitei agradecida a mim mesma. Confesso que Isso durou pouco. Até a hora que entrei casa. Meu irmão mais velho estava na sala com a namorada, enquanto o caçula montava um quebra cabeça. Meus pais não estavam. Aquela calmaria me mostrou que poderia subir as escadas, ir direto para o meu quarto e permanecer o resto do dia ali, sozinha. Não haveriam perguntas ou sequer indagações em relação ao que houve. Ao menos, não agora. Tudo que eu precisava era ouvir um indie e pensar no que havia acabado de fazer. Isso, “acabado”, essa é a palavra.

    Aos meus 17 anos eu o amava demais, além da conta. Jovem e uma vida inteira para fazer tudo o que me desse vontade, acertar e errar, desfazer e me refazer; mas nada atrapalhava tanto quanto esse “amor”. No momento, concluindo o colegial, os meus estudos eram prioridade, sempre foram, porém, infelizmente, o meu relacionamento estava atrapalhando, não somente, mas também, até mesmo os meus pequenos objetivos. Me vi obrigada a escolher entre ficar ao lado dele e jamais sentir-se realizada ou seguir o meu caminho e deixar para trás um cara incrível. Neste instante, a primeira coisa que me vem à mente é “Brooklyn Baby” da Lana Del Ray.

    Eu o deixei. Afinal, diferente dele, eu o amava o suficiente a ponto de deixá-lo, ao invés de enganar não só a ele, mas a mim, estando infeliz ao seu lado.

    Naquela noite eu desmoronei ouvindo todo o álbum de “Cigarettes After Sex”, não era tão fácil dizer adeus como pareceu naquela tarde. Tudo estava acabado. Mas, eu ainda tinha esperança, afinal, eu não iria embora para sempre. Voltaria depois da faculdade… se fosse amor, iria prevalecer, independente de tempo. E foi ao som de “Flower Face - Angela” que tive certeza de como o amava intensamente e ainda mais certeza da minha decisão. Não havia o que temer. A “saudade” iria passar, “solidão” sequer entrava no contexto - jamais estivera só - e “arrependimento” não condizia em nada.

    Não. Realmente não o teria deixado se não tivesse tido um empurrão. Jamais havia pensado em fazer algo assim, boba, incapaz de escolher. Ganhar a bolsa de estudos foi o estopim. A minha família ainda nem sabia. Óbvio, em hipótese alguma cogitaria não ir. Eu precisava resolver uma coisa. Foi naquele mesmo dia, mais cedo, assim que acordei, chequei meus emails e recebi a notícia que mudaria a minha vida, a porta para os meus sonhos.

    Fala sério, eu estava surtando. Após tanto esforço, eu havia conseguido! Eu sabia a grandiosidade do que significava essa aprovação. Eu estava em êxtase. Era a minha oportunidade e jamais abriria mão. Mal esperava a hora do jantar, estava ansiosa para ver a reação dos meus pais, ainda que já sabia o que esperar.

    Mas, e o Jhon? O primeiro a receber a notícia seria ele.

    Não pensei duas vezes. Escovei os dentes, lavei o rosto, fiz um coque, vesti o “uniforme de sempre” jeans, all-star e a velha camisa de algodão, desci as escadas cambaleando enquanto comia uma pêra e corri para a casa dele.

    Apesar de reconhecer que estava indo terminar a nossa história, não imaginava que ele não ficaria feliz com a minha conquista, que a desprezaria. Tudo bem que ele sabia o significado daquilo, porém, era o meu sonho e ele não foi capaz de ficar feliz por mim. Isso me magoou e me motivou a seguir com aquilo, me dando ainda mais convicção no discurso de adeus. Não entendia a sua forma de amar. Foi isso que me motivou a não olhar para trás ao fechar a porta.

    O dia havia começado com surpresas e emoções demais. Naquela noite, ouvindo “The Saxophones - If You're On The Water”, tudo o que mais desejava era que ele passasse, depressa.


    Janaina Couto ©
    Publicado — 2015

    @janacoutoj


    [PS. Não se trata de um relato pessoal. Mas, confesso que é um imenso pesar reconhecer que o meu texto foi lapidado sob um apanhado de relatos de pessoas queridas que estão ao meu entorno.
    Ainda que mesmo nas coisas mais sutis possamos constatar algo a se repudiar e imediatamente afastar-se, não raramente, horrivelmente, isso acontece apenas quando se tornam salientes.]

  • [Contos] FUGA - Parte I

    Na rua, vindo do trabalho de bicicleta, estava frio, o dia nublado, eu cansado… quando a vi. A vi passar, no outro lado da rua, caminhando de mochila e com um livro na mão, parar no ponto de ônibus, abrir o livro e começar a folheá-lo. Ela estava graciosa, tão linda… parecia distante, perdida num momento que pertencia só à ela. Mas, ao cruzar a rua e passar rapidamente em frente ao ponto, ainda fui capaz de notar seu rosto de choro… suas maçãs estavam avermelhadas, assim como os olhos e a ponta do nariz. Instantaneamente questionei: O que poderia fazê-la chorar? Eu a olhei de canto, mas não acenei, não chamei, não fiz nada, só continuei a pedalar. Percebi que no mesmo instante ela levantou o rosto a procura de alguém conhecido, mas logo voltou a se debruçar sobre o livro.

    Ainda longe de casa, naquele dia nublado, numa sexta-feira de verão, próximo às 7h00 da noite, começou uma garoa fina. Os faróis dos carros iluminavam o início de noite e pedalando ao som de “Baby I’m Yours — Arctic Monkeys” nos meus fones, senti uma sensação diferente, não ruim, que estremeceu e arrepiou todo o meu corpo, desde os meus pés à minha nuca. Uma forte onda nostálgica bateu em mim e todos os sentimentos mais quentes e intensos permeavam o meu corpo e mente novamente, como se de repente eu fosse repreenchido por algo que já havia caindo no esquecimento, mas que ainda estava ali, dentro de mim. Aqueles olhos castanhos, donos de formosos cachos do mesmíssimo tom de castanho avelã que ao vento, assim como ao sol, enalteciam ainda mais a beleza e profundidade daquele olhar, pairavam em minha mente.

    Instantaneamente, uma reprise de tudo que eu vivi com aqueles olhos castanhos me possuiu… era invasivo… como se algo qual eu lutei pra guardar e deixar ali, quietinho, estivesse gritando e me inundando, trazendo recordações de um sentimento forte, fascinante, gostoso, sedutor… adocicado por um desejo insano de vivenciar cada instante novamente… de poder tocar os cachos daquele cabelo. Sentindo aquilo me dominar, me corroer, lutando para pensar em outra coisa e encontrando-me sem saída, futilmente comecei a pedalar mais rápido, a chuva engrossava e o meu desespero para deixar aquilo de lado e apenas me concentrar em chegar em casa era imenso… não fui capaz, não consegui. Fui vencido e sentir-me-ia ser preenchido.

    Arfei. Arfei ao sentir novamente todo aquele turbilhão de emoção vigorar em mim novamente. Paixão. Zelo. Admiração. Tesão. Por um segundo cheguei a questionar porquê internalizei aquilo, se me fazia sentir triunfo. Porém, como em uma antítese, vinheram estes por conseguintes acompanhados. Culpa. Pena. Frustração. Arrependimento. Fazendo-me lembrar como memórias tão gostosas e sentimentos intensos foram por mim soterrados. Chovia muito. Naquele instante, com a camiseta toda molhada, a ventania congelava o meu peito e, ainda assim, eu conseguia senti-lo queimar.

    A chuva embasava a minha visão e minha mente era invadida por flashbacks de todas as vezes que meus olhos encontraram aqueles penetrantes olhos amarronzados, tornando quase impossível distinguir a realidade da alucinação. Novamente o olhar mais quente, insano, misterioso… me fitando. Olhar que me chamava, me deixava sem ar por segundos, me afogava.

    Os flashbacks eram como fotos. Lembranças intensas que eu não fazia ideia de como poderiam ser tão vivas e ao passar de cada um deles, eu vivenciava cada cena novamente. Sem compreender exatamente o que acontecia comigo, percebendo que ela ainda mexe fortemente comigo, reconheci que não conseguiria fugir daquilo, estava fadado a enfrentar os meus conflitos internos uma hora ou outra, esse momento chegou mais cedo do que imaginei. Não podia sabotar meus pensamentos, tentei e por centenas de vezes consegui, mas dessa vez não.

    Jamais esquecerei como é olhá-la nos olhos e conseguir ver a beleza da sua alma, além da beleza daqueles olhos, a beleza de uma garota que exalava mistério. Garota nada fácil de desvendar, dona de um império interior que eu ansiava descobrir. Intuitivamente, eu sabia. A todo instante sabia que me perderia na intensidade daquele olhar profundo, na imensidão de seu império, mas de imediato eu não tive medo, afinal, sempre me cativei pelo desconhecido. Aos poucos os flashbacks já não eram tão recorrentes, sendo substituídos pelas luzes fortes dos faróis dos carros. A chuva virou garoa. Pedalando agora devagar, percebi que já havia passado a rua de casa.

    Estranhamente, a noite fria, agora, era tomada por um mormaço. O meu bairro tranquilo. As árvores ainda molhadas transmitiam calmaria. Típica noite de verão. Nostálgica. Respirei fundo e apesar de não desvendar o propósito dela, decidi apreciá-la. Eu já não queria mais fugir e agora admirava o céu estrelado ao lado dela… a saudade. Pedalando, observando cada rua, cada casa, cada esquina… parei numa praça. Praça qual eu conhecia muito bem. Lugar que marcou muitas noites minhas, noites quentes. Perfeita para marcar também uma noite nostálgica que, agora, transbordava em saudade.

    Adentrei a praça, vazia, segui uma pequena trilha de terra e pedras, encontrei com facilidade não só o lugar, mas também o banco que tinha em mente, um cantinho bem específico. Larguei a bicicleta na grama, tirei a mochila das costas, enxuguei o excesso de água no banco e me sentei, tirei a camisa molhada e coloquei apenas o agasalho azul que tinha na bolsa. A copa das árvores ao redor, assim como eu, eram iluminadas pelo poste de luz atrás do banco. Chuviscava. Sentado com o corpo relaxado eu podia ver as minúsculas gotículas caírem do céu.

    A lua iluminava a pequena trilha que terminava logo à frente. E ao som de “ As Long As You Love Me — Jaymes Young” nos meus fones, eu nunca senti tanta saudade… dos caracóis daquele cabelo. O som penetrava em meus ouvidos e permeava a minha mente, que, por vez, fazia uma trilha sonora com tudo o que vivenciei com ela. Uma trilha sonora da nossa história, bom, ao menos para mim nós tivemos uma história. Olhando as copas das árvores aquietarem-se, os chuviscos cessarem e a inquietação da praça ir embora com a chegada de um casal caminhando em meio a gargalhadas na estrada da praça ao longe, foi o estopim para um instante de lucidez em meio a tantos delírios.

    Me vi cercado de questionamentos quanto ao eterno “e se”. Reparando no casal ao longe, suspirei, passei a mão no cabelo ainda molhado, repousei as costas no banco e indaguei, pensando alto, num sussurro: Como posso ter uma história com uma garota que eu não tive um “relacionamento”? Encarando a trilha iluminada pela noite estrelada, a imagem dela no ponto de ônibus mais cedo tornou a minha mente, seu cabelo longo com mechas e cachos aleatórios flutuando ao vento… incrível como tudo parecia ser reproduzido em câmera lenta.

    Se no instante que a conheci alguém me dissesse que um dia eu me veria perdidamente seduzido por aqueles olhos cor de avelã que exalavam perdição, pelos macios cachos de seu cabelo, por seu cheiro de lírio, pelo sorriso de mistério, por seu jeito quente… completamente desesperado por aquela garota sagaz, eu jamais acreditaria. Eu não era desses. Definitivamente não era esse tipo de cara. Não era… Lembrei das nossas conversas nesta praça durante as madrugadas do verão passado, dela me falando sobre intensidade, sentimentos, o universo, destino… era extraordinária sua capacidade de criar teorias elaboradas — e escrever — sobre tudo. Ela queimava de tanta intensidade.

    Eu, por vez, achava aquilo tudo tão bobo, não fazia nenhum sentido racional para mim. Apesar dela não falar a respeito, sequer imaginava, que, no fundo, eu conseguia reconhecer seus sinais de paixão. Não sei exatamente o que a deixava atraída por mim, éramos muito diferentes. Vê-la dessa forma era ardente, me deixava ainda mais gamado, fascinado. Mas, sinceramente, paixão? Eu não era desses… não era.

    O universo fez questão de me fazer reconhecer o fervor de tudo o que ela sentia, da pior forma, na pele… queimando em intensidade, atordoado de desejo para me perder — ou me encontrar? — novamente em seu olhar profundo. Admirando a exuberância da praça, sentindo o pesar da ausência de alguém que não permiti “ser minha”, agora, dilacerado pelo remorso junto ao arrependimento, era impossível mensurar o quanto eu a queria.

    Nunca imaginei que aconteceria um terço do que vivemos, nem que recordaria sem esforços os mais singelos detalhes, muito menos que o destino traria de volta uma paixão do passado, afinal, nossa história é de muito tempo. Fadados ao erro. Ela recuou na primeira vez. E na segunda? Eu fugi.

    Os meus pensamentos me torturavam e tudo só piorava enquanto eu buscava, numa tentativa falha, compreender racionalmente os motivos da minha fuga ao esmiuçar as fases do nosso distanciamento. Medo? Balbuciei no intuito de elaborar uma justificativa que a tornava unicamente culpada, irrefutavelmente não consegui. Havia um culpado? Hoje, creio que não. Mas uma coisa é evidente, situações pequenas, coisas ditas em dois segundos que pouco a pouco abalaram a conexão construída no decorrer das estações, influenciadas não só pelo meu orgulho, mas também, por toda ingenuidade amorosa dela junto ao seu desgaste emocional.

    No entanto, não são os fatos que me torturam, afinal, não sou capaz de mudá-los. Agora, nessa noite, nesta praça, sentado em “nosso” banco e sentindo o cheiro de terra molhada, sou torturado por questionamentos do eterno “e se…” e nada me corrói tanto. E se quando reconheci que estava me apaixonando eu não tivesse me afastado? E se ela me falasse quando a magoei? E se, depois de tudo, ao ser sincera ela não tivesse estraçalhado meu coração? Como não possuíamos um “relacionamento” não nos sentíamos confortáveis em cobrar ou prestar esclarecimentos. E se eu tivesse feito isso? E se ela tivesse feito? Será que ela tentou e eu não percebi? Não sei, na época sempre dotado de orgulho.

    A imagem dela no ponto não saia da minha mente, sozinha e pensativa, assim como eu nesta praça, ao contrário do casal que ainda estava ali, distante, mas ali. As horas corriam e eu nem me dava conta. Apesar de fisicamente bem, eu estava cansado, a mente cansada, tudo aquilo estava sendo tão exaustivo e, de modo antagônico, fazia meses que não me sentia tão vivo, pois eu queimava em intensidade, paixão. Como no verão passado, mas antes não notara a nobreza dessa dádiva, afinal, parece que a paixão consegue ser bela e árdua concomitantemente.

    Não sei como consegui manter a imensidão do que eu sinto escondida por tanto tempo. Enquanto a garota mais incrível que já conheci estava ali, eu, um moleque entusiasmado e imaturo, como sempre, queria só jogar, desvendá-la. Sequer pensava na possibilidade de gostar dela, gostar de verdade, pra valer. Eu não era desses de se apaixonar. E quando ela foi embora, não me dei conta que havia perdido um alguém que tanto precisava. Camuflei a dor. Ela disse adeus e parecia estar tudo bem, e estava, pois eu me enchi de prazeres e felicidades momentâneas para internalizar tudo. Eu não era desses que sofria e sequer conhecia isso de “superar”.

    Mas, hoje, voltando do trabalho, quando a vi, lutei para evitar esse turbilhão de sentimentos, os quais não mais consegui manter estancados. Sinto que não serei capaz de internalizá-los novamente, já não cabem mais ao peito, me sufocam, são maiores que eu.

    Enquanto pedalava, sob a garoa, a procura dessa praça, dei-me conta de como os meus envolvimentos amorosos de lá pra cá são supérfluos quando comparados a grandiosidade do que ela me permitiu sentir. Eu, sinceramente, não conhecia e não conheço isso de superar, afinal, eu nunca a esqueci, sempre acabo apaixonando-me por ela de novo, de novo e de novo.

    Não sei explicar a razão. O universo? Nunca acreditei nisso de “destino”, ela por vez… sinto-me condenado a acreditar. Espero que a nossa história não acabe assim, não pode ser, desejo que não sejamos apenas duas pessoas que não mais se conhecem com uma história profunda num passado em comum.

    Ao som baixo de “ASTN — Love No More”, fechei os olhos, respirei fundo e permaneci ali, sentindo a natureza, ouvindo ao longe o barulho da cidade abafado pelas árvores e pelos meus fones, sentido o mundo e a vida ao meu redor e em como tudo aquilo era incrivelmente gostoso, finalmente, em meses, eu me sentia vivo.

    Mais uma vez respirei fundo, deixando os pensamentos e angústias irem embora, pouco a pouco evadirem-se, até que permaneceu apenas a perfeição daquele sentimento puro e inexplicável dentro de mim. Realmente, agora, desejava apreciar a noite nostálgica, sem os conflitos internos, só memorando, com intensidade, as coisas boas que fizemos um ao outro, os nossos melhores momentos — onde as situações mais simples eram repletas de borboletas no estômago -, lembrando o quanto ela me incentivava a ser uma pessoa cada vez melhor.

    Transcender. Era essa a palavra que ela usava. Senti uma brisa ao pé do ouvido, lentamente abri os olhos, reconhecendo que tudo o que vivenciei nesta noite foi preciso, para minha alma, pro meu coração, pro meu eu.


    Janaina Couto ©
    [Publicado — 2018]

    @janacoutoj

  • [Desabafo] Inspiração

    Você é minha fã. Eu sei disso. Eu vejo.
    Obrigada por toda atenção. Apesar de, como mesma diz, ser “completamente leiga no assunto”, só me dou por satisfeito quando da sua aprovação. Sem usar termo técnico algum, me auxilia nos ajustes da melodia. Você é precisa. Tem um jeitinho peculiar de explicar o que “falta”. Você realmente as ouve. Me deixa empolgado quando aponta os segundos. Me motiva a aprimorar o som.
    Se debruçar sem razão alguma. Me exalta. Elogia o que produzo e me diz que sou um artista. Você me vê de uma forma tão bonita.
    Gosto dessa coisa aqui, sabia? A nossa trama. Você é um livro aberto, inclusive sobre os teus sentimentos, e ainda assim me é um mistério.
    Tu, por vez, conhece as minhas manchas, o meu caminhar, aliás, já é capaz de premeditar as minhas ações. Porém, tenho uma dificuldade tremenda em me abrir. Sei que tenta me desvendar, pois jamais exponho os meus sentimentos. Normalmente, percebo o clima e guardo tudo para mim.
    Recordo a primeira vez que estivemos juntos. Usando a desculpa para vê-la, te pedi um livro emprestado, marcamos um encontro.
    Partindo de um contato sem mais pretensões, suas, nos tornamos amigos. Muito íntimos, aliás. Serei eternamente agradecido por aquele março.
    Estava chovendo, o meu rosto molhado, a visão embaçada, as minhas botas encharcadas e eu tinha a convicção de que levaria um bolo. Era o cair da noite de uma sexta-feira e estava definitivamente caindo o mundo. Confesso, desci até lá com uma ansiedade, uma palpitação, um receio e uma euforia que não sei donde vinha. Os minutos corriam e não me contive a reclamar daquela chuva inesperada que, no meio do caminho de casa até o recanto, me contava que estava prestes a frustrar os meus planos.
    No ponto marcado, haviam muitas travessias. O cruzamento estava assoberbado de carros e a chuva intensificava a luminosidade dos faróis. Isso atrapalhava ainda mais a minha visão. Temi não a vê-la, perder o eclipse. Inquieto, olhava incessantemente para cada uma das ruas. Por qual delas você viria? Conseguiria te reconhecer? Aliás, será que viria?
    Tínhamos conversado por algumas semanas, sobre o universo e o mundo. Todos os dias, por muitas horas. Existia uma conexão foda e em poucos dias eu me via ansiando o horario em que sairia da faculdade, pois sei que responderia as minhas mensagens de texto. Não havia nem mesmo fitado os teus olhos e já podia apontar uma série de coisas que me cativaram.
    De alguma forma, sentia que era o princípio de algo grandioso. Aquela chuva foi a coisa mais estranha e prazerosa que já me aconteceu.
    Eu estava inquieto. Os segundos pareciam minutos, os minutos me eram horas. O tempo passava e eu estava me sentindo tolo “aquela garota jamais vai se propor a tomar um banho de chuva por minha causa”. “Aliás, por qual razão ela viria?”. Mas, ainda assim, permaneci ali. Com frio, mas esperando, enquanto profanava o trovejar.
    Senti o meu cabelo encharcado gotejar sobre a minha pele. Estava prestes a ir embora. Na fútil tentativa de aprimorar a minha visão, passei as mãos sobre o meu rosto e no mesmo embalo o cabelo para trás. Abri novamente os olhos e fisguei o exato instante.
    Cristo, não acreditei quando a vi. Sei que fiquei paralisado, com as mãos ainda sobre a cabeça e boquiaberto. Aquele triz foi atemporal.
    A vi atravessar a rua, parar no farol. Estava com um enorme guarda-chuva preto e o exemplar de a “A Cruz de Morrigan”, da trilogia da Nora Roberts em um saco plástico transparente.
    Deus, eu não aguardava uma garota. Era uma mulher. A mulher. Alta, emoldurada por um longo cabelo ondulado meio preso, um rosto de traços finos, um nariz pontuadinho, uma boca rosa e cheia… vestia uma regata que destacava a sua clavícula e um jeans claro que ressaltava as curvas.
    Assim que chegou do outro lado, de imediato, ainda que ao longe, me reconheceu. Acredito que por me ver encharcado, enquanto caminhava até mim, se atreveu a fechar o guarda-chuva. Interpretei como um “eu topo tomar um banho de chuva”.
    Eu pude sentir o penetrar dos teus olhos nos meus. Me arrepiei dos pés à cabeça. Você caminhava com graça, apesar de todo o caos do entorno. Parecia indestrutível. Como se nada te atingisse. Eu vi força.
    Finalmente chegou diante de mim, de queixo erguido fitou meu rosto e abriu um enorme sorriso largo. Foi insano. Agiu como se já me conhecesse. Não vi qualquer resquício de timidez. Foi a primeira vez que ouvi pessoalmente o seu “Eae, cara”. Eu ainda estava sem reação.
    Havia algo de diferente. O clima. O tempo, O momento. A intensidade. As cores. O som. A velocidade. O destino me contava algo. Me senti alinhado à ele. Eu era tomado por euforia e medo da grandiosidade do que havia de vir. O futuro era uma álea e eu a desejava com todas as forças.
    Eu ainda estava deslumbrado, simplesmente sorri enquanto o meu rosto escancarava um “uau”. Já disse o quanto adoro a tua atitude? Sequer havia te respondido, ainda processava a minha admiração com o contexto e você me deu um imenso abraço corporal.
    A água do meu corpo foi de encontro a tua pele macia, cheirosa e seca. Eu jamais vou esquecer a intensidade do que percorreu o meu corpo. Foi banho de chuva e o abraço mais gostoso da minha vida. Cacete. Como você era gostosa de abraçar. Macia. Eu poderia ficar no envolto daquele abraço por toda a minha vida. Estava perplexo. Tu não se importou nem um pouco em se molhar. Num desejo repentino e um agir imediato, se pôs nas pontas dos pés e em milésimos de segundos a imensidão do seu eu estava em mim. Acariciei a tua nuca.
    Lembro que na noite seguinte te disse “desde aquele dia no recanto, eu não paro de pensar em ti”.
    Eu recordo minuciosamente os detalhes. Posso apontar cada um deles.
    Desde então, não deixamos de nos falar nem mesmo um dia. São quase dois anos. Exatamente o tempo em que sinto algo. Algo ainda, por mim, inominado. É diferente. Nunca senti isso antes.
    Fico pensando nisso… como um conjunto de ações, atitudes, falas e, sobretudo, imediatismos, nos trouxe até aqui. Outrossim, como sem mais nem menos, apesar de alguns ocorridos, apesar dos pesares, permanecemos. Não importa as razões ou quantas vezes já tenhamos tentado nos distanciar.
    Mesmo quando me expôs os motins, naquele julho, para não nos entrelaçarmos da forma que eu mais desejava, apesar de me destruir, ainda fazia eu desejar permanecer pela nossa amizade. Claro, aquele sentimento ficou guardado, às sete chaves, eu queria parecer forte. O coloquei numa caixinha de estofado rosê. Um sentimento bonito dentro de uma série de caixas velhas e esquecidas. Mas, quando eu me aproximava de você e, especiamente, quando te beijava, aquela caixinha se abria e a força do que ela guardava me consumia. Era inevitável o sentimento correr pelo meu corpo.
    Confesso que não sei ao certo o que aconteceu comigo naquele junho e, muito menos, no dezembro passado. Sei que pedi para se afastar de mim. Eu mesmo tentei me convencer de que precisava disso. Falhei. Com o primeiro brilho e soar de fogos de artifício do ano novo, a primeira pessoa em quem pensei foi você. Te liguei, lembra? Estava na praia e eu na cidade. A minha única certeza era que eu não desejava estar onde estava, em muitos sentidos. Foi ali que me dei conta de que eu queria estar com você. Você. Ao seu lado. Sou incapaz de me dissociar de ti.
    Sabe aquela minha música que você tanto venera? Foi pra você.
    A minha segunda, que escrevi no outono passado. Estavas no Recanto esses dias, tarde da noite já, lendo, como sempre, a ouvindo. Te ouvi sussurrando a letra e cantarolando. Não sei como não me viu ou sentiu a minha presença.
    Pode não parecer lendo a letra. Mas, o modo que eu a enxerguei enquanto escrevia, fazia todo o sentido do mundo.
    Pensei em ti em cada uma das estrofes.
    Nunca contei para ninguém. É o meu segredo. Mas, pra você, eu conto.
    Primeira estrofe. Escrevi recordando os nossos primeiros encontros. O nosso banho de chuva e aquela primeira noite no recanto, no ponto alto de sempre. Você não parava de falar e eu estava deslumbrado. Lembro com precisão do que me consumia ao ver sua o movimento dos teus lábios. Me remetia inúmeras frases e ser ouvinte jamais fora tão quente.
    Segunda estrofe. Foi pautada em um outro dia no recanto, mas naquele em que ficamos no banco de madeira marfim escondido dentre as árvores. Era quase madrugada, eu estava deitado no seu colo e te apreciava. Já estávamos engajados no meio-termo. Se tratava do começo e já te via um universo de qualidades.
    Terceira estrofe. É inequívoco que eu estava gostando de você e da nossa coisa. Te olhava e dizia a mim mesmo, de mansinho, que não podia fazer aquilo comigo. Mal te conhecia e já estava apaixonado. Óbvio, você até primeiro que eu. Parecia tudo tão apressado, mas eu estava adorando.
    Quarta estrofe. Se trata, nos exatos termos, da imensidão do que você significa para mim. A minha lua, a minha musa. Vênus.
    Penúltima estrofe. Lapidada nos dias em que você ia à minha casa. Não sei explicar. À época, eu enfrentava alguns problemas e estava muito mal. É claro que você não sabia. Aliás, se tratou do período em que mais nos vimos, pois eu tinha sede da tua presença. Você me acalmava de um jeito que ficou marcante até hoje. Você tem o poder de isentar a minha dor, espantar as trevas do meu mundo. Surreal demais para ser esquecido.
    Última estrofe. Confesso, tentei e acredito que deveria reformular a frase. Deixei esta por, pensando em ritmo e campo harmônico, encaixar melhor com a melodia. Ainda assim, expõe uma gana insaciável. As horas correm quando estou contigo, o relógio não é meu amigo. Se tratando de ti, até a eternidade parece insuficiente.
    Sobre tudo o que falei. Sei que jamais havia demonstrado o quanto cada instante, dia, momento significava para mim. Eu não demonstrei nada, nunca demonstro, eu só guardo. Hoje, me sinto seguro para dividir com você.
    Quanto a canção, eu não iria te falar tão cedo. Ela surgiu quando falou com todas as letras e me disse de boca cheia que o teu desejo era ficar comigo, justamente por também ser da minha vontade, me estimulou a escrever. Eu precisava eternizar a minha percepção e o meu sentir de alguma forma.
    Ainda bem que também desenvolveu um sentimento latente por mim. Algo nos atrai. Nos move. Até parece que o nosso interior sabe de algum modo. Não sei. O universo nos empurra.
    No início, pensei que era paixão e que se eu deixasse tudo como estava logo passaria. Juro. Depois do banho de chuva, acreditei naquela ideia de “amor à primeira vista”. Claro, jamais iria te escancarar logo no princípio. Afinal, quando eu dizia sentir saudade ou estar ansioso para te ver, você parecia tão serena “calma, estamos nos conhecendo” e eu me via um idiota.
    O tempo escorre. Sinto que nos conhecemos há anos. O meu sentimento não mudou. Apenas fica cada vez mais forte. A chama mais quente. Pulsa em mim e estou perdendo o controle. É maior que eu. Tenho a sensação de que vai me dominar. Eu preciso por pra fora.
    Desculpa por me prolongar. É que eu gosto muito de você. Obrigada por me ouvir. Você é muito linda. Sabia? Não consigo acreditar que não estou contigo. Agora. Juntos.
    Você é a mulher da minha vida. Só de olhar pra você percebo. Quando me encara, teus olhos avelãs confirmam tudo. Me deixa queimando em intensidade sem sequer se esforçar. Te quero na minha vida por todo o sempre.
    Eu tenho medo de perder você. Medo do destino. Temos certeza somente do presente e quero fazer de tudo pra ficarmos confortáveis um com o outro. Sim, eu ainda estou muito apaixonado por você e sei que não é passageiro. Eu sei quando é. Você é uma mulher incrível, já te disse isso e falo novamente. Não quero te perder. Aconteça seja lá o que for, jamais deixará de ser “a mulher da minha vida”.
    Você me idolatra. Ter me dedicado “The Pussycat Dolls ft. Avant — Stickwitu” foi a melhor forma de escancarar.
    Eu sou quem sou seu fã. 
    Você é minha inspiração.
    A minha musa.
    A amo com todas as minhas forças.
  • [Poema] LEMBRAR

    Todas as vezes que ouvir “Os Outros”
    ou até mesmo “Onde Anda Você”.

    Todas as vezes que alguém pronunciar aquela frase
    ou quando outro alguém me fitar daquela forma.

    Todas as vezes receber um largo sorriso malicioso como o teu
    ou quando outros lábios tocarem os meus.

    Todas as vezes que sentir aquela mesma euforia
    ou quando me deparar com aquela cena.

    Todas as vezes que me tocarem da sua forma
    ou quando tocar aquela a sua canção.

    Todas as vezes que atravessar aquela esquina
    ou descansar no banco marfim daquela praça.

    Todas as vezes que acariciarem a minha nuca
    ou quando me ver no envolto de um longo abraço apertado.

    Todas as vezes que ouvir um timbre próximo ao seu
    ou quando sem mais nem menos me ver diante de ti.

    Todas as vezes que ler aquele poema…

    Todas as vezes que ouvir “Vento no Litoral”…

    Todas as vezes que chegar aquela estação…

    Todas as vezes que uma brisa invadir a janela do meu quarto numa madrugada de verão…

    Todas as vezes que numa quente madrugada contemplar o mar…

    Todas as vezes que um olhar fixo e profundo fizer o meu corpo arrepiar…

    Todas as vezes que a brisa deixar em mim o cheiro de mar…

    Sempre que lembrar daquele verão.
    Vou lembrar de momentos simples com você.

    E vou amar você, novamente, da mesmíssima forma,
    nem que seja por míseros instantes.

    Sei que sorrir ao lembrar de como os dias daquele verão foram ainda mais quentes com você.

    E, nesses instantes, apenas nesse momento, desejarei intensamente reviver tudo.

    Depois?

    Provavelmente os meus olhos ficarão acinzentados e serenos, quem sabe, até mesmo trêmulos…

    quando me der conta de que o seu amor não mais me pertence e nem o meu a você.


    Janaina Couto ©
    [Publicado — 2019]

    @janacoutoj

  • [Poemas] DETESTO

    Coisas que eu detesto em você:

    Detesto o fato de você fumar;
    Detesto o fato de você sempre sair pra beber;
    Detesto como você gosta de ser o centro das atenções:
    Detesto como aparenta ser íntimo com toda e qualquer garota;
    Detesto o seu desleixo com os estudos;
    Detesto sua opinião política;
    Detesto como consegue ser bipolar ao extremo;
    Detesto o quanto é pão duro;
    Detesto o fato de você não estar nem aí para nada;
    Detesto o seu jeito de andar se sentindo o fodão;
    Detesto quando suas atitudes vão em confronto com a tua fala;
    Detesto o jeito como se porta diante dos seus amigos;
    Detesto fortemente seu completo desdém;
    Detesto o seu desmazelo;
    Detesto o teu corte de cabelo;
    Detesto como consegue conquistar todo mundo;
    Detesto o seu caminhar como se o mundo estivesse do jeitinho que você quer;
    Detesto quando diz "foda-se" para toda e qualquer situação;
    Detesto o quanto é incrédulo quanto ao amor;
    Detesto as suas falsas convicções;
    Detesto quando você mente;
    Detesto quando me dá desculpa esfarrapadas;
    Detesto quando usa a ironia para discutir comigo;
    Detesto quando me fita e me deixa constrangida;
    Detesto quando teus olhos avelã penetram os meus;
    Detesto a minha tensão quando estou perto de ti;
    Detesto mais ainda quando me vê e me ignora;
    Detesto quando faz eu me sentir "um tanto faz";
    Detesto, sobretudo, quando me ignora, pois eu gosto da tua atenção;
    Detesto como sempre está com uma garota diferente… detesto tanto que sinto ânsia de vômito;
    Detesto o fato de você me fazer sentir ciúmes de alguém que não me pertence, nem mesmo um pouco;
    Detesto como mexe comigo a ponto de eu precisar me esforçar para te odiar;
    Detesto seu potencial para me distrair;
    Detesto o fato de acreditar que estou apaixonada por você;
    Detesto quando afirma que dentre garotas passageiras inexistiu alguém especial;
    Detesto com todas as forças o fato de sequer cogitar o meu "eu";
    Detesto quando me idealizam para você;
    Detesto ainda mais os comentários de que eu te suscitaria qualquer coisa próxima a "mudança";
    Detesto como sempre associam eu a você;
    Detesto ficar questionando para mim mesma o que os outros dizem;
    Detesto memorar a primeira vez que te vi;
    Detesto pensar naquele primeiro ano;
    Detesto principalmente reprisar e sentir uma mormente saudade;
    Detesto ficar imersa numa época em que acreditei vivenciar o meu "primeiro amor";
    Detesto assumir para mim mesma que esse amor era você;
    Detesto me ater a sua afirmação de que as suas borboletas no estômago existiam por mim;
    Detesto desejar uma nova faceta daquela paixão ingênua;
    Detesto enxergar que aquela conexão não há de voltar;
    Detesto como apesar dos pesares, depois de tudo, você me fez sentir especial novamente;
    Detesto com todas as forças o fato de que na verdade somente tomou o meu tempo;
    Detesto reconhecer que acreditei em meias verdades;
    Detesto ter acredito, ainda que por míseros instantes, após aquela noite tudo estaria bem;
    Detesto o fato de depois você ter mudado comigo radicalmente;
    Detesto sua bipolaridade, já falei isso?
    Detesto confessar que havia criado expectativas quanto a nós;
    Detesto afirmar que a alegria das minhas manhãs era te ver;
    Detesto a convicção da minha ilusão;
    Detesto estar tão na cara que não fiz isso sozinha, pois você colaborou fortemente para isso;
    Detesto reconhecer que não fui a única a sonhar e romantizar;
    Detesto a dúvida se também o fiz se decepcionar;
    Detesto te ver e ser incapaz de impedir que tudo torne à minha mente;
    Detesto olhar a estrada e ver o amor juvenil desaparecer;
    Detesto a sensação de ter pedido o eclipse, quem sabe, a álea que mudaria nossas vidas;
    Detesto poder apontar com precisão que perdemos o acontecimento do século;
    Detesto a minha intuição da sua cegueira, eis que não enxerga nada disso;
    Detesto a sua presença, que me impede de virar a página;
    Detesto como tudo desabou em dias;
    Detesto tu não ver os meus cortes;
    Detesto tu não mais se importar;
    Detesto me sentir incapaz de apagar tudo, como fez você;
    Detesto não entender os seus porquês;
    Detesto pensar naquela palavra "esquecer"; soa tão "você"
    Detesto me ver resumida a nada para você;
    Detesto assumir que imploro ao universo para te esquecer;
    Detesto exatamente esse agora, que apesar de vividas as memórias, já não me fazem sofrer;
    Detesto olhar o futuro e cogitar encontros;
    Detesto a hipótese de duas pessoas que não mais se conhecem com memórias em comum;
    Detesto agora desabafar num post-it, enquanto o que eu mais desejava era dizer diretamente a você;
    Detesto saber que jamais terei a oportunidade de esclarecer;
    Detesto recordar com fiducia o seu aviso de que não iria me permitir te confundir novamente;
    Detesto usar a frase com o intuito de suavizar o "estou me apaixonando novamente por você";
    Detesto esses temores bobos;
    Detesto a certeza de que este escrito jamais chegará a você;
    Detesto você sequer gostar de ler;
    Detesto como não se dá conta que eu o conheço melhor que até mesmo você;
    Detesto questionar maneiras de te remeter:
    Detesto antecipadamente sofrer com a ideia de ti amassá-lo sem mesmo ler;
    Detesto o contraste entre a minha alma escritora e o seu analfabetismo;
    Detesto este caso concreto fazer valer a máxima "o que não vira amor, vira poema";
    Detesto pensar em jamais isto publicar, com receio de ti não gostar;
    Detesto apontar a nossa história como a minha mais intensa e o mesmo não partir de você;
    Detesto ter enganado a mim mesma naquela noite;
    Detesto aquela noite marcar a minha vida, enquanto para ti foi um anoitecer qualquer;
    Detesto constatar o tempo que despendi nisso aqui;
    Detesto cada fantasia minha frustrada;
    Detesto a música solene daquele 28 de agosto;
    Detesto sentir saudade daquele agosto;
    Detesto o quanto ainda queima as memórias dos dias quentes;
    Detesto cada uma das controvérsias. Por falar em controvérsias, desde o princípio foi assim, por muito tempo acreditei que te amei, de uma forma que jamais imaginei;
    Detesto este amor em cem linhas.
  • [Poemas] PERDER

    Os dias correm
    penso, felizmente,
    cada vez menos em ti.

    Foi
    na verdade, ainda é
    tão árduo tentar te esquecer.

    Sequer sei se é possível
    essa coisa de esquecer.

    Acredito que não.

    Basta uma brisa
    um lugar
    um cheiro
    e, inevitávelmente, eu falho.

    Sim,
    eu falho
    cada vez menos.

    As vezes 
    me assusto 
    ao lembrar que ainda havia 
    um tanto de mim pra você conhecer
    é uma pena.

    Realmente uma pena,
    lentamente você me perder.


    Janaina Couto ©
    [Publicado - 2018]

    @janacoutoj

  • [Roteiros] CIGARROS

    — Quanto tempo. Está me procurando... O que houve? O que quer?

    — Com tédio. Estou querendo ir na praça. Aquele lugar sempre remete você, sei lá. Vou ir.

    — Deve estar um deserto.

    — Não me importo. Eu gosto da calmaria.

    — Vai, chama alguém… Ou vai sozinho mesmo, pensar na vida. É gostoso.

    — Está ocupada?

    — São 23h40 e eu estou no busão… vou descer a serra… encontrar um pessoal e passar o feriado na praia.

    — Espero que seja quente.

    — Eu também, mas como essa madrugada pelo jeito vai ser gélida, já não tenho tanta esperança.

    — Eu queria era um maço de cigarro. Mas não posso gastar.

    — Vícios. Não há o que se fazer, a vontade vai te corroer até tragar.

    — Fuma há quanto tempo? 2 anos?

    — Menos.

    — Hum. Quantos maços por dia?

    — Não fumo todos os dias. Mas quando fumo mesmo, uns 4. Às vezes mais.

    — 4 maços? Cacete.

    — Não, 4 cigarros.

    — Ah, menos mal. Eu acho. Meu pai fuma 3 maços por dia.

    — Já não há uma parte do pulmão que salve.

    — Acho um absurdo.

    — Eu fumo com meu pai. Sempre quando vamos trocar um papo de vida, estamos fumando juntos.

    — Eu sou asmática. O cheiro do cigarro me enoja e dá pigarro.

    — Fresquinha.

    — Não, sensata. Jamais gastaria grana com o que me destrói.

    — Pode ser.

    — Conselho: Nunca pare de fumar por alguém. As pessoas te abandonam, o câncer não.

    — Essa frase não fez sentido

    — Era para ser um humor pesado. Não é pra ter sentido.

    — Ah tá, entendi.

    — Fuma qual cigarro?

    — Lucky Strike. Mas, com o tempo, me acostumei e passei a achar fraco. Passei a fumar Marlboro e não me satisfazia. Agora, Hollywood está suprindo as necessidades.

    — Marlboro fraco??

    — Sim, acredite.

    — E o Ministér? Já fumou?

    — Não.

    — Sempre achei o Marlboro forte. Insuportável.

    — O cheiro?

    — A gente precisa conhecer o inimigo

    — Você sempre odiou o cheiro, não vai dizer que começou a fumar…

    — O cheiro, sim, é insuportável. E nāo, eu nāo fumo.

    — Então não entendi.

    — Eu nāo consumo o que me destrói. Okay? Apenas.

    — Ingere açúcar?

    — Infelizmente, sim. Mas, quando possível, evito. Nesse sentido, me destruo. Pouco a pouco. Lentamente. Mas, eu dou a ele esse poder. Ainda assim, estou no controle.

    — Ninguém está. Então, é a mesma coisa.

    — Não. Pois, os cigarros que fumam perto de mim, me degradam sem o meu querer. Inalo. Me faz mal e eu não posso evitar. É exterior ao meu querer. É bem diferente. Agora, se eu quiser fumar, okay… a escolha foi minha. Eu dando o poder a coisa que me faz mal. Eu e minha vontade. Eu decidindo por mim. Ainda assim, no controle, alteridade…. até se tornar um vício. Aí fode. Mas, coisa que de uma forma ou outra, foi fruto das minhas ações.

    — Às vezes a gente faz coisas para suprir necessidades que nós mesmos fazemos ser necessárias, mesmo sabendo que tal coisa nos faz mal. Bebida, cigarro, entre outras coisas. É o que eu acho.

    — Sim. Vício. Você descreveu o que acarreta. É muito metafísico isso. Concorda?

    — Com o que disse? Sim.

    — Vício. Dá para fazer uma puta comparação ou intersecção com as pessoas.

    — E ao que disse lá em cima sobre câncer. Cigarro causa sim câncer, mas não como dizem.

    — Muita coisa causa câncer.

    — Sim, mas demora muito, em alguns pode ser em algumas dezenas de tragas, mas em outros pode nunca nem acontecer.

    — Sim. Como quem nunca tragou pode desenvolver.

    — Sim.

    — Porém, é evidente que quem é fumante está mais propenso. Seja ele passivo ou ativo.

    — Uma série de coisas que ingerimos, assim como vários temperos, causa câncer. E ninguém liga pra isso.

    — Cara, agrotóxico. Uma centena de coisas.

    — Eu não ligo pra nada disso, tô foda-se. E não quero me importar ou me preocupar.

    — Você diz estar “foda-se” para uma série de coisas. A questão é: Até onde isso é verdade? Já se questionou se diz isso a si mesmo apenas na tentativa de se auto convencer? Dizendo alto e em bom tom?

    — Nunca me perguntei. Mas não acho que seja.

    — Hum. É, pode ser. Ou simplesmente nunca se questionou.

    — A questão é que mesmo sabendo que é errado. A gente costuma, eu costumo, me apegar aos vícios e eles me controlam. Passo a agir por eles a ponto de fazer qualquer coisa para suprir meu desejo.

    — As vezes a gente deseja o que destrói e isso é duro de aceitar e lidar.

    — Concordo.

    — Isso explica muito sobre nós.

    — Eu sei… Eu sou a merda do cigarro não é?

    — Sim. E eu tô tentando parar de fumar.

    — E hoje um alguém te encarou e acendeu a porra de um cigarro na sua frente.

    — Exatamente. Justamente enquanto estou lidando com a abstinência.

    — A merda da abstinência.

    — Ela é sufocante porque os segundos correm e só o desejo com mais veracidade.

    — Ainda que cada trago seja intenso, pouco a pouco tudo se desfecha em cinzas.

    — Você sabe, você vê.

    — Não importa o quanto eu queira…

    — Eu sou nocivo.

    — Não pode continuar a me dar o poder de destruir você.

    — Eu dei o poder e luto para tomar ele. Já havia se tornado um vício.

    — Tenho sede do seu trago.

    — Dizer isso não me ajuda.

    — Desejo você para cacete a ponto de ser egoísta, te querer só para mim. É forte a ponto de te fazer mal. Eu sou a merda de um nocivo. E você tem a porra de um vício. Me desculpa.

    — Eu queimo em intensidade e incendeio ao queimar o cigarro.

    — E é nesse momento em que me tem nas mãos. E eu me desfaço. Momento que sou teu. Momento que você, pelo prazer, me dá o poder.

    — Eu detesto você por tudo isso. E detesto ainda mais a mim.

    — Tudo poderia ser suave. Mas, como você falou, o controle só existe enquanto não há o vício.

    — Sim.

    — São pequenos esforços diários...

    — Eu sei. E hoje, eu não vou tomar minha dose de você.

    — (…).


    Janaina Couto ©
    [Publicado — 2019]

    @janacoutoj

  • [Roteiros] DETALHES

    14h16

    Acho que sim. Você disse que não corre atrás e que não irá implorar nada. Sei que faz quando vê um problema, mas, aparentemente, não vê problema em nada.
    [...]
    Vejo sim. Vejo um problema, mas não o mesmo que você.
    Simplesmente queria que se colocasse no meu lugar. Mas, nāo tenta fazer isso. Fica dizendo equivocadamente que eu nāo tenho o direito de me justificar ou de também estar chateada. Acho um absurdo. Só queria que visse o meu ponto de vista para entender que "eu tenho o direito sim" e não ficar como hipócrita na sua visão.
    A sua frustração é quanto a um ocorrido, qual eu ainda não entendi pois você se recusa a explicar; a minha, por vez, é com a sua forma de lidar com ela, o seu modo de agir quando diante de uma situação de incômodo. Você está agindo pensando no mérito e eu no processo.
    [...]
    Entendi. Sei que se trata disso. Quanto a minha forma de lidar, reconheço que me estresso, quero distância no momento e me recuso a falar a respeito, faço isso porque qualquer atitude/decisão minha no momento será influenciada pela emoção, acabo sendo imediatista e agindo de uma maneira que sempre me arrependo depois.
    O seu agir na emoção me afeta de um jeito que você nāo faz ideia e a minha frustração/irritação foi justamente por isso.
    Eu nāo sou assim, a gente é diferente nisso. Tento nāo ser imediatista, as coisas ditas em instantes ficam e a gente nāo apaga. Quando eu tomo uma decisāo é de verdade, pra valer. Por isso te perguntei e te disse "me fala quando tiver convicção". Por isso nenhuma vez eu disse qualquer coisa do tipo. Não sei se entende o peso de falar isso…
    [...]
    Compreendo perfeitamente. Mas, voltando ao cerne da questão, ao mérito, ao que me frustrou… você não se desculpou de nada, em momento algum, somente justificou tudo. Eu entendo e concordo com o que disse, mas eu não quero mais ouvir justificativas e argumentos.
    Não fui bom o suficiente pra você e acho que, talvez, nem você pra mim. Como você mesmo falou, não costuma "correr atrás", se é assim, por favor, não faça isso, minha decisão está tomada.
    [...]
    Não sei o que falar nessas horas. Ainda assim, já nāo importa.
    Eu fui de verdade. A todo instante, nāo menti ou camuflei nada. Fui sempre sincera.... desde o início, até mesmo no longo "meio-termo". Quero que saiba. Não comecei nada cogitando um fim, mas, as vezes é como aquela música da Cássia Eller " o 'pra sempre' sempre acaba".
    [...]
    Você sabe porque acabou.
    [...]
    Eu sei, pelo motivo que eu nāo queria que tivesse acabado.


    20h02

    [...]
    Isso está me torturando.. Vai me atender?
    [...]
    Por qual razão saiu e me deixou falando sozinha?
    Eu disse que tinha muito a falar, pois, depois que tanto implorei para pontuar, fui capaz de compreender seus motins (finalmente entendi ao que se referia ao falar em "detalhes") e você ainda insistiu em sair andando.
    [...]
    Você só diz o que eu não preciso ouvir.
    Sabe o que aconteceu e você parece não se dar conta? Hoje eu percebi, com decepção, que você não correria atrás de mim. Simplesmente parece que não se preocupa com a ideia de poder "me perder". Seria capaz de me deixar partir por uma simples desavença, por ser orgulhosa a ponto de não querer correr atrás e fazer eu ficar.
    Demonstrou que não faz "questão" de me manter na sua vida. Aliás, confesso, ver sua indiferença me matou.
    O papel que eu fiz hoje, você quem deveria ter feito. Eu quem estava frustrado e decepcionado, o que me levou a cogitar uma ruptura, literalmente fui atrás de você por ter dito aquilo a flor da pele, para "resolver" as coisas.
    [...]
    Eu faria, faria o mesmo. Se, desde ontem, soubesse exatamente do que se tratou o seu desconforto, como fui capaz de compreender hoje depois que se propôs a falar. Já disse, não leio mentes.
    Aliás, faço questão sim. Diferente de você, eu sequer colocaria a hipótese da gente terminar por causa de uma simples briguinha.
    [...]
    Você ficou argumentando, tentando se explicar de alguma forma para se isentar de qualquer sentimento de culpa, enquanto deveria ter ficado quieta nesse sentido e simplesmente tentado resolver as coisas, independente de seja lá o que for.
    De antemão, esclareço que, sequer se trata de um "problema". Você se expressou mal, creio eu. Não "errei". Isso sequer deveria ter tido condão para causar discussão.
    Meu bem, uma omissão minha que te fez sentir-se mal… deveria tranquilamente ter me dito, nas suas palavras, que: "eu gostaria que agisse assim, essas pequenas coisas que deixam confortável e demonstram - para mim - que estás comigo, me fará muito bem se passar a ser mais atenciosa nesses detalhes, por mim".
    [...]
    Mas, independente do cerne da situação, você me deixou partir. Algo que eu jamais esperaria. Aliás, ainda nem consigo digerir isso, fiquei incrédulo e por isso mais uma conversa.
    [...]
    Estávamos conversando e tentei explicar o meu agir diante de como vi a coisa. Você parece não perceber que eu não iria "correr atrás" diante de uma situação onde eu sequer constatei "problema" para justificar sua escolha de partida.
    [...]
    Eu vi indiferença da sua parte e me magoou muito. Não disse o que precisava dizer, o que eu precisava ouvir e, sobretudo, o que deveria ter dito. E tenho convicção de que sabe ao que me refiro.
    Isso aqui não era para estar acontecendo, estou praticamente te cobrando. Se você quisesse a minha presença, diria por espontânea vontade. Mas, pelo jeito, a ideia de ruptura não te suscita nada. Não te assombra.
    Como se não bastasse, depois de tudo o que foi dito, das coisas que eu queria ouvir após todo esse meu agir, ainda não ouvi ainda.
    [...]
    Há pouco tempo, eu jurava que você estava disposto por um ponto final no nosso vínculo e isso definitivamente não era o que eu queria. Mas, com tudo nebuloso, ainda ousei e falei: DECIDE e me diz uma coisa dessas somente quando tiver convicção, justamente para você repensar e prestar atenção no absurdo. Sabe, eu jamais imaginaria que diria o que disse. Confirmando uma escolha ruim.
    Eu nāo tinha como correr atrás. Aliás, eu jamais imaginaria que precisaria correr atrás pois eu não fazia ideia de que, diante de uma situaçāo mal interpretada e não esclarecida, você diria um adeus.
    [...]
    Essa conversa não vai dar em nada de novo. Não entraremos em um consenso. Sabe, como se não bastasse, constatei algo que me abalou. Vamos deixar a situação como está.
    Por fim, te peço desculpas por não ter tentado lidar com as situações de incômodo de uma forma melhor.


    22h45

    [...]
    Eu te peço desculpas, agora, por nāo agir do modo que você gostaria, um modo que eu poderia agir e não percebi (digo isso quanto aos detalhes). Aliás, me desculpa por ser "individual" em algumas coisas, sua frustração nesse sentido é, infelizmente, válida. Reconheci isso, percebi tudo sobre os detalhes depois que se propôs a pormenorizar.
    Eu já havia dito que agiria de acordo, por querer agir, por ver sentido em passar a agir assim. Agora, sei como são importantes, apesar de chamarmos de "detalhes".
    Peço desculpas também por nāo ser direta, sei que isso complica muito as coisas.
    Peço desculpas por colocar expectativa no seu agir e me frustrar com ele.
    [...]
    Pediu desculpas somente após ouvir as minhas pelo meu imediatismo cego. Pediu desculpas como se fosse por obrigação.
    Sinceramente, se eu nunca amei alguém antes, acredito que estou amando agora e não gosto de amar alguém. Dói e frustra. Não quero esse sentimento de amor.
    [...]
    Isso foi inesperado e cortante. Não queria te proporcionar isso. E, outra, você nāo é o único a ser afetado nessa história.
    Sobre desculpas, está equivocado. Eu mesma já te disse que um pedido de desculpas sem mudança é manipulação.
    [...]
    Quanto a minha dor, já tomei atitude a respeito. Você precisa me esquecer, o que eu acho que não é tão difícil, a ausência do seu agir quanto aos detalhes me leva a pensar assim.
    [...]
    Não tenho como esquecer ou parar de sentir tudo o que pulsa em mim de uma hora para outra.
    Qual atitude? Aquela decisāo anterior? Aquilo realmente é do seu desejo?
    Como assim, isso foi um "eu amo você"? Disse me amar e não gostar disso?
    Cacete. O primeiro "amo você" que ouvi, dessa forma de amor, foi pronunciado com pesar. Não faz ideia do quanto isso é decepcionante.
    Vejo que está decidido… Se é assim, quanto aquele texto, sobre o parágrafo final (que prometi te responder na hora certa), foi sincero. Sei que nāo mais te importa, mas, foi real.
    Isso explica muita coisa... o meio-termo que me submeti, mesmo sendo doloroso para mim, por causa do desdém e, ainda assim, eu estou aqui.

    [...]
    Um amor que só você sabe que existe? Que não me demonstra com atitudes? Um sentimento que eu não vejo? Um sentimento vomitado? Você me diz muitas palavras de amor, mas tenho a sensação de quem são da boca pra fora.
    [...]
    Eu tenho plena convicção do que sinto e é horrível te ver menosprezando algo que está em mim, algo puro e singelo que pulsa por você.
    Sabe, quanto às suas perguntas retóricas, eu também poderia fazê-las. Principalmente por você ter colocado a hipótese de ruptura, enquanto eu jamais faria uma coisa dessas.
    [...]
    Não conta isso que estou fazendo? Nem mesmo tudo o que já fiz até agora? Aliás,coisas que eu nunca fiz e jamais faria por nenhum outro alguém?


    00h05

    […]
    Tem mais alguma coisa a falar?
    [...]
    Só a ouvir...
    [...]
    Isso quer dizer que está me esperando dizer algo específico?
    [...]
    Talvez. Na realidade, se trata do que eu gostaria de ter ouvido há muito tempo. Mas, não sei, acho que já desencanei…
    [...]
    Entāo isso significa que independente da nossa conversa a sua decisāo é aquela?
    [...]
    Faça uma reprise de todo o acontecido, lembre das coisas ditas.
    Eu fiz e percebi coisas que eu e você dissemos e que nāo dissemos. E, sobretudo, nas coisas que eu falei.
    Aliás, aceito suas desculpas, ainda que você nāo reconheça as minhas.
    [...]
    Eu aceito as suas. Mesmo que eu não tenha sentido sinceridade.
    Como assim? Esteve repensando exatamente o que?
    [...]
    Como as pessoas são capazes de sentir e isso nāo estar ao alcance do outro.
    [...]
    Se refere a o que?
    Quando eu disse que sinto o mesmo que você, me falou que nāo percebia assim…
    [...]
    Não irei te enganar com uma mentira. Não há nada que eu possa fazer a respeito, pois se trata do que eu vejo e sinto.
    [...]
    A gente pode levantar infindas coisas para justificar o nāo crer no que o outro alega sentir.
    [...]
    Eu não vejo o seu sentir e se ele realmente existe, não me satisfaz.
    (...)
  • [Roteiros] ETERNO

    […]

    Estive refletindo todo esse portfólio. O nosso amor. Sabe no que tanto andei pensando? Que a gente deveria casar. E ter uma família, cachorro. Temos uma conexão surreal, gostamos muito um do outro. Não há desculpas ou o que se questionar. Já sei que a resposta é um sim, não precisa responder. Agora só falta marcar o dia… Pode ser hoje mesmo, ao anoitecer, no Recanto, assim que eu sair do trabalho. Fechou então, marcado.

    Vamos mesmo casar hoje, viu? Uma cerimônia a dois, simples e singela, vamos eternizar cada segundo entre o luar e o alvorecer.

    Está será a noite mais incrível dos nossos dias.

    Olha, juro para o Universo que não estou brincando. Você diz que eu sou louco, mas ainda não sabe o quanto. Te amo, meu Jacarandá.

    […]

    Está falando sério? Adorei o seu falar cheio de convicção. Convicto quanto a mim. Exatamente assim, não há que se ter dúvidas.

    Eu trocaria a eternidade por esta noite, como em “Relicário — Nando Reis”. Caso com você quando e onde quiser.

    Assim que te vi, topei uma vida com você e todos os frenesis que há de vir. Estamos entrelaçados. Ligados por todo o sempre.

    O destino me mostrou isso ainda no principio. Te contei, cedo, nas entrelinhas e você não se deu conta.

    Lembra quando nos conhecemos? A primeira vez que nos encontramos?

    Recordo fervorosamente cada detalhe. A primeira vez que senti o seu toque, o teu cheiro, o teu olhar… A primeira vez que ouvi o teu timbre. O nosso abraço sob a densa chuva.

    As águas de março fechavam o verão e naquele dia eu tomei o banho de chuva mais gostoso da minha vida. Sobretudo, me vi no envolto corporal que estranhamente me arrepiou dos pés à cabeça.

    Somente quando diante do seu olhar eu compreendi tudo. Se tratava daquilo… a chuva.

    Quando do nosso primeiro beijo, a chuva também estava lá. Marcando o principio do relicário imenso desse amor.

    Em algum lugar no tempo ouvi dizer, e acredito com veemência, que as coisas que se iniciam com a chuva são eternas. Nos transformam. Mudam a nós mesmos radicalmente. É um sinal de que estamos alinhados ao nosso destino. São instantes atemporal.

    Sabe, tenho essa sensação… de que o “eu e você”, de algum modo, sempre esteve escrito. Não sei explicar, só sinto.

    […]

    Mulher, você é fantástica. Confesso, tive receio de que julgasse bobo, precipitado e mal desse ouvidos. As estações correm e nós permanecermos a agir como no principio. Não há que se esperar nada se tratando de nós dois. Não passamos vontade. Não importa como, quando ou onde. Gosto disso na gente.

    […]

    Óbvio que foi inesperado. Sem mais nem menos, de um instante a outro. Aliás, diante de tudo isso aqui, inequívoco que eu seria incapaz de dizer um “não”.

    Se trata de você, meu bem. O homem que tem nas mãos o meu choro de mulher, que tem o meu ver, o meu olhar e o que quiser.

    Eu toparia casar com você até mesmo se a proposta for fazendo juras de mindinho. O casamento, ao meu ver, não é institucional e sim simbólico.

    […]

    Você tem um potencial para me dizer coisas tão lindas que eu fico perdido sem saber o que responder. Como se nada do que eu dissesse fosse capaz de expressar tudo o que eu sinto.

    […]

    Não precisa me dizer nada. O seu olhar, o seu toque, me diz o Universo e o mundo. A sua linguagem do amor é diferente da minha. Eu não preciso de palavras de afirmação para reconhecer o que você sente.

    Você não precisa usar comparações, canções ou palavras bonitas para me fazer sentir amada. Basta palavras sinceras. Apenas.

    Gosto dessas nossas conversas. São lindas. Parece até mesmo que estamos seguindo uma espécie de roteiro, escrito por um alucinado que idealiza o amor.

    […]

    Eu jamais havia imaginado estar vivendo isso aqui. Esse “agora”, com você. Quando te conheci, não imaginei que seria a mulher com quem dividiria a minha vida. Na realidade, sempre te achei tão dona de si que parecia loucura cogitar qualquer envolvimento contigo. Você é um Universo de qualidades.

    Não sei o que em mim tanto te cativa.

    […]

    Sinto em dizer que não sei te responder. É um mistério. Eu mesma me questiono isso. O que faz você, ser você. Há algo, sei que há. Algo imenso.

    Posso apontar a dedo cada detalhe seu, pinta, marca, riso, jeitos e andados. É um conglomerado de coisas que te faz único. Fico imersa nos seus detalhes.

    Não precisa de muito. É justamente por ser tratar de você.

    Não sei explicar, desde o início, ainda que você e qualquer outro alguém agisssem exatamente da mesmíssima forma, eu sempre fui atingida ao máximo por você.

    O sorriso que enaltece o meu dia. O colo que eu deito e descanso. O olhar que despertar o meu lado devasso.

    Não percebe? Eu amo você. Você. Todo o conjunto do seu eu, cada partezinha.

    […]

    O que eu sinto por ti é desmedido a ponto de ser misterioso. Até mesmo mais que o céu, o luar e as estrelas. Eu sei exatamente o que torna você, você. Cada uma das coisas que me faz transbordar.

    […]

    Sabia que sou fascinada nessa coisa? Planetas, estrelas, anéis… Gostei dessa comparação com os astros. Pode ter certeza que irá encontrá-la em algum dos meus textos. Eles são cheios de você.

    […]

    Então, escolhi a noite certa. Um evento celestial para marcar mais um epílogo. A noite de glória para Vênus, seu ápice. Iremos contemplar o extremo de seu brilho sobrecarregar as Plêiades, da constelação de Touro.

    Aliás, por falar em astros, recorda a primeira música que cantei para ti? “Mecânica Celeste Aplicada — Yoñlu”. Tudo quanto a nós está repleto de pequenas coincidências. Sempre estamos diante da “sincronicidade” que você tanto fala.

    […]

    Espero não estar sonhando, delirando ou em devaneios. Você sempre me surpreende e cada vez de uma forma mais esplêndida. Se eu pudesse, nos fazia eternos.

    […]

    Vamos estagnar o tempo. Eu te farei eterna, em mim. Exatamente como em “As Coisas Tão Mais Lindas — Nando Reis”. Dias, semanas, meses, anos décadas e séculos, milênios vão passar e viveremos por todo o sempre, eternamente, no templo que construímos um no outro.

    […]

    Me sinto grata por você ser o alvo de toda a minha doação e entrega. É um prazer ser você a ter nas mãos o meu sentir e cada fresta do meu corpo. Eu amo a forma como me tem, como me toca (em sentido amplo).

    […]

    O prazer é mútuo. Sei o quanto adora ser chamada de “Vênus”. Mas, você não se dá conta que ser uma deusa, se tratando de ti, ainda é pouco. Você é um Universo inteiro. Aliás, o mais lindo que poderia existir. Tanta força, beleza e intensidade em uma única mulher. Você é expansão.

    […]

    Obrigada, meu bem.

    […]

    Eu quem sou grato. Terei a honra de casar com você. Aliás, venho matutando isso há dias consideráveis. Te comprei um vestido bem antes disso, por de imediato memorar você.

    Fica tranquila, não é branco e muito menos “de casamento”. Sei o que pensa a respeito. Sabe, Ele é do tecido e com os tipos de detalhes que você gosta. Quanto a cor, estampa e tudo mais, não sei dizer. Ele é a linha tênue entre o luar e o alvorecer.

    […]

    Perfeito.

    […]

    Sabe, adoro isso na gente… como nos tratamos. O imenso respeito. A cautela, cuidado e zelo um com o outro. O nosso amor puro. Nesta noite, vamos materializar não apenas simbolicamente. Te fiz algo. Também te escrevi outra música. Bom, seria surpresa, mas eu fico nervoso nesses instantes.

    […]

    Tenho certeza que irei amar.

    Está aí mais uma coincidência. Finalmente finalizei aquele capitulo. Eu escrevi todo o nosso enredo. Cada texto é pautado em um momento. São escritos repleto de frases, cores e falas dos nossos dias. Pormenorizei os nosso detalhes. Espero que goste da minha dedicatória, o primeiro exemplar será seu. Bom, seria surpresa, mas não me contive.

    […]

    Nas ultimas semanas, reconheci o seu jeito e andando diferente. A mudança do seu semblante. Acredito que se tratava disso. Eu tenho convicção que irei me desmanchar com cada palavra.

    […]

    Se trata não somente, mas também disso…

    […]

    Olha, a semana corria e muitos momentos pensei em “arrancar” algo de você, mas não tentei. Você pode ser boa em muitas coisas, mas não sabe disfarçar. Dissimular não é uma característica sua. Eu sinto que tem algo mais.

    […]

    Confesso que já fui melhor nisso. Te mostrei cada uma das minhas versões. No inicio de tudo isso, sobretudo, naquele 29 de fevereiro, eu te era um enigma. Hoje, me conhece tão profundamente que facilmente me decifra.

    […]

    Dona do meu pensamento, cogito algo. Aliás, que eu desejo fervorosamente que seja. Me diz, por favor, que não estou equivocado. Fala de boca cheia e com todas as letras que o nosso vinculo eterno já foi materializado.

    […]

    Se trata disso. Carrego o nosso vínculo eterno em meu ventre.

    Janaina Couto ©
    [Publicado — 2020]

    @janacoutoj

  • [Roteiros] RECEIO

    [Roteiros] RECEIO
     
     — Jamais. Vou me atentar a tudo o que você expôs e o que eu mesmo reconheci e prometi a respeito. E, você sabe o que eu sinto por você. Pode não ver ou sentir, por eu não demonstrar. Estou muito consciente quanto a isso. Mas, não é possível que não tenha se dado conta de que você está sendo a melhor pessoa que eu pude conhecer. Você é a minha dádiva.
    Se leu o meu texto, sabe o que eu penso.
     — Eu li e reli uma centena de vezes. Eu amo você, meu Jacarandá. Talvez, a única mulher que sou capaz de amar. Apesar dos pesares.
     Frase minha…
     — Minha agora.
     Eu sei. Ou acho que sei. A minha única certeza é quanto ao meu imenso sentir. Você é o motim de todo ele. É insano a minha sede do seu eu”. Sinto que absolutamente nada será capaz de me dissociar de você. A comistão ocorreu e, felizmente, não há nada que possamos fazer.
     — Diz que sabe… Diz que sabe que eu amo você.
    Espero que nós dois nunca magoemos ou decepcionemos um ao outro para algo bonito nāo se tornar lindamente horrível.
    Pois, tenho plena convicção que na hipótese, eu, ainda que não mais goste de você, jamais deixarei de te amar. Isso vai me dilacerar de todas as formas, esfarelar o meu sentir e sei que levarei comigo por todo o sempre cada uma das migalhas.
     — Fico boquiaberto com cada palavra sua. Independente do que aconteça entre nós, sei a imensidão de tudo isso… que você realmente gosta de mim e de mais ninguém. Jamais serei hipócrita ao ponto de jogar fora.
    Nós somos pessoas, meu bem. Sobretudo, muito diferentes. Se é preciso ter cautela e cuidado consigo e com o que causamos no outro. Eu mesma tenho medo de fazer mal para você, de qualquer forma, … emocionalmente, psicologicamente. E, se esse desatino um dia acontecer, jamais me perdoarei. 
     — Eu também… apesar dos pesares. Me sinto péssimo quando me diz essas coisas. Fico imerso nesse contexto. Não entendendo como sou capaz de afetar você de diversas formas, com minhas omissões e posições. Aliás, sei que essa sensação é recíproca da sua parte. O nosso amor é lindamente doentio.
    Sim. Espero, com todas as minhas forças, que as coisas que foram ditas após o episódio quente diante do enorme Cinamomo não sejam por ti ignoradas. Sabe, para o meu bem e consequentemente, o nosso. Eu mergulho, chego ao âmago e você parece não ter qualquer noção quanto as profundezas. Para existir um relacionamento amoroso entre nós, eu preciso que você se atente, assim como eu sei que preciso em alguns pontos.
     — Sim. Eu sei disso. Fica tranquila. Inequívoco que nada é proposital. Jamais me perdoaria por machucar você. Sou incapaz desejar, planejar ou cogitar tamanha atrocidade. Sabe, a mudança não será efêmera, mas prometo tentar. Não quero te afastar de mim, aliás, isso sequer é possível… somos uma linda comistão, lembra?
    Não me interprete mal, foi porque noite passada me vi precisando avisar a presença de uma coisa que outrora você havia dito que iria se atentar e tentar evitar.
     — Sabe, me vejo abraçando você, te beijando e presenteando com uma rosa, mas que está dotada de espinhos quais eu sequer os vi ou senti. Até que, de um instante a outro, você se espeta. O seu sorriso se esvai, o seu olhar fica trêmulo e fixos aos meus. Exato momento que te vejo sangrar e me desespero. A culpa permeia o meu corpo sou dilacerado por ver que, ainda sem ter querer culpa, te causei dor…enquanto na realidade o que eu desejava era tão somente proteger, cuidar e amar o meu universo, a minha mulher.
    Não vou negar, vejo isso. Somente frisei aquilo por ter receio de que você entenda todo o epílogo desde o desabafo no Cinamomo como um “Ela nāo se importou. Fez uma cena. Nāo consegue ir”.
     — Não. Não penso isso de você.
    Me vejo voltando atrás numa decisāo e isso é incomum, se tratando de mim. Nāo descarta as coisas que eu te falei. Um pedido de desculpa ou uma promessa sem mudanças é manipulação, leva isso pra vida. Prometo ser cautelosa com você.
     — Adivinha o que estou ouvindo?
    Não faço ideia, meu bem. Vou voltar a dormir… levantei para falar contigo antes de você ir trabalhar e estou acordada desde entāo.
    Vamos ver até quando isso vai durar. Estou ouvindo a música que define você, para mim. Você segue o nosso pacto à risca, se faz “nua e crua” para mim e a canção retrata isso. Retrata a grandeza de uma mulher, de imediato penso no meu universo. Você. Ela é, sobretudo, linda como você. “É Você Que Tem — Mallu Magalhães”. 
    Irei ouvi-la agora. Não pausa, okay? Colocarei os meus fones, ouviremos juntos. Olha, se depender de mim, essa rotina vai perdurar por todo o sempre. Em cada um dos nossos dias.
     — Você é surreal.
    Sabe o que também é surreal? Enquanto qualquer coisa é motivo para você nāo querer falar comigo, eu suprimo minhas horas de sono para ter o prazer em falar com você antes do incio do amanhecer.
     — Não diz isso…
    A verdade é dura de se ouvir…
     —Eu amo você.
    Meu mais insano e desmedido amor, se atenta aos detalhes, vamos fugir da mácula. Eu amo você, meu Tigre Malaio.
  • [Roteiros] RUPTURA

    Eu sempre vou ter o que falar. Não guardo palavras. Mas, é cansativo quando são proferidas em vão. Sobre o meu sentir, você sabe. Aliás, fim de semana passado foi incrível.

    Posso apontar a dedo (os seus e meus) erros e os acertos, ações e omissões, os altos e baixos.

    Obrigada pelos altos.
    Obrigada pelos dias gostosos.
    Obrigada pelos olhares, pelos momentos de verdade.
    Obrigada por me mostrar inúmeras coisas.
    Obrigada pela imensidão do que me permitiu sentir.

    Porém, foi sobretudo, conturbado para apenas uma estação. Não vivemos ou viveremos tudo o que eu gostaria. Não comecei nada pensando no fim.

    O ponto final você põe, agora, sozinho. Não precisa me falar razões. A minha resistência ao CEDER e a sua necessidade em IMPOR sempre foi um problema entre nós. Sobretudo, o jeito como lidamos com as coisas, que é grotescamente diferente. Causou muitos dias baixos (como ontem e hoje).

    Todas as minhas declarações, choros, abraços, beijos, toques e olhares, foram sempre, profundamente, de verdade.

    Sabe, você diz sentir o universo por mim. Não sei como se pode amar alguém e facilmente colocar ponto final em relação a ela, bem como sempre ameaçar partir. Muito menos como tudo pode ser razão para partida. Não sei se é por você ser imediatista. Não sei.

    Acaba por me proporcionar alvoroço emocional. O alvoroço existe justamente pelo que pulsa em mim, por eu gostar de ti de uma forma desmedida.

    Você parece não perceber que, para quem está do outro lado, isso é foda, pra cacete. É uma espécie de controle emocional. Sem contar que mostra fragilidade do nosso elo, em muitos sentidos. Te disse isso das outras vezes.

    Francamente, como amiga, se atenta nisso. Como isso afeta e o que demonstra para o outro. Não sei se nos seus relacionamentos anteriores isso fluía ou como sua parceira reagia. Mas, pode descartar se quiser. Não tenho outra experiência para poder comparar. E, ainda que tivesse, sabe o quanto detesto comparações.

    Por favor, não me venha com “vai deixar a nossa coisa se desmanchar”. Sendo sincera, você quem iniciou a ruptura e, dessa vez, simplesmente acatei sua decisão. Não jogue o peso da sua escolha sobre mim.

    Recordo precisamente do seu efêmero posicionamento. Ouvi com atenção aquela frase, que, aliás, óbvio, atordoa a minha mente. “Não está bom pra mim”. Ainda que antes mesmo de proferi-la, intuitivamente pude pressentir o que diria. A mensagem amarga. Ao soar de cada silaba proferida, cada movimento dos teus lábios, queimava. Lentamente eu provava cada farpa do veneno.

    Não vou enganar a ti, muito menos a mim mesma, estou decepcionada e, mormente, com raiva. Por todo um conjunto.

    Aquela conversa não foi em vão. Aliás, nunca qualquer conversa, fala, minha foi frívola. Detesto a ideia de me doar em conversas baldias.

    Você não pode dar tchau pra mim sempre que tiver vontade. Fazendo-me sentir imenso temor diante de toda e qualquer coisa ínfima, propriamente por saber que você, a qualquer momento, irá se voltar a mim dizendo um adeus ou ameaçando isso.

    Você não pode me dispensar e depois -quando quiser - me chamar, acreditando que vou ignorar isso e simplesmente "gozar".

    Não pode me descartar assim, achando que isso não me abala ou enfraquece um vínculo.

    Sabe o pior? Isso não foi agora. Já havia acontecido mais vezes do que eu gostaria, aliás, vezes demais que chega a ser difícil de acreditar. É tristemente reincidente.
    Não quero uma relação instável. Não quero me sentir insegura, pontualmente nesse sentido: “hoje ele quer estar comigo, amanhã, sem mais nem menos, talvez não”.
    Tenho horror a estar constantemente dependente da sua aprovação e, principalmente, a conviver com a necessidade incessante em me certificar de que “está tudo bem entre nós”.

    Não quero ficar absurdamente pressionada pela ideia de que “se eu não fizer determinada coisa ou se não agir da forma que ele espera/deseja, independente do que penso ou quero a respeito, para mantença do ‘nós” irei ceder, senão ele virá colocar um ponto final ou ameaçar fazer”.

    Não quero estar obrigada a ceder quando não vê necessidade ou sequer sentir vontade para tanto, muito menos quando reconhecer um problema quanto a anuência. Fico apavorada ao me ver sendo qualquer pessoa, que não eu mesma, por temer sua partida.

    Naquela madrugada, custava pensar antes de agir? O que te faz mudar de ideia logo após enfiar na minha garganta um ponto final? Nem sei se mudou, sequer o que te motivou a tomar uma decisão incrivelmente ruim. Juro que isso me intriga. Desde quando o que penso ou sinto sobre a árdua transição do “nós” para o “eu e você” passou a te importar?

    Você fez isso, sozinho, quando eu menos esperava, quando eu sequer podia sentir cheiro de partida, muito menos cogitar qualquer coisa parecida.

    Depois daquela tarde de domingo quente, quando fizemos juras de amor e promessas, exatamente quando, para mim, estava tudo passando a fluir de um modo surreal; mais uma vez, você me fez sangrar, encerrando o nosso ciclo por “bobagem”, quando parecia ser o início do nosso melhor tempo. 

    Acredito que foi a coisa mais idiota que você fez. Justamente por eu gostar pra caralho de você aquela conduta foi uma merda.

    Talvez, seja como canta Adriana Calcanhoto, “Rasgue as minhas cartas e não me procure mais, assim, será melhor.”

    Não importa o que diga. Não me é interessante que as promessas sejam renovadas. Pois, não me valem de nada até que as cumpra. Teve inúmeras chances e elas não foram aproveitadas.

    Não irei permitir ser como das outra vezes. Ainda que eu dê uma nova chance, para o “nós”, é muito provável que semana que vem você faça a mesma coisa. Nessa frequência, irei permanecer me magoando. Detesto com todas as minhas forças o “vai e vem”. Eu não aguento isso.

    Fico pensando naquilo... Se para ti não está bom, imagina para mim com essa instabilidade partindo de você. Não é decidido quanto ao meu “eu”, em muitos sentidos.

    É claro, não imaginava que o nosso relacionamento poderia ser conturbado assim. Instável. Não quero isso para nós. Desejo pisar em terreno seguro. Mergulhar e não cair nas pedras.

    Eu que sempre falei em reciprocidade e priorizei “leveza”, me deparo num naufrágio. Não está sendo saudável e você não vê ou, ridiculamente, fecha os olhos.

    Por constatar o caminhar das coisas e acreditar sinceramente que, nós dois, desejando, seríamos capazes de contornar a situação. Nos proteger da mácula. Te escancarei isso antes. Justamente pela árdua percepção que, naquele domingo, eu te implorei: “vamos tentar”. Mas, infelizmente, nas oportunidades para vermos a tentativa, ela não aparece.

    Desse jeito eu não quero mais. Estive pensando muito de sábado pra cá. A mesma cena se repete. Não quero permanecer num relacionamento desse jeito, a nossa coisa não estava boa para ti e, para mim, estava ainda pior. Sabe por quê?

    Não quero ter que ceder aos seus caprichos (saiba diferenciar ao que me refiro) sob ameaça de te perder! Muita pressão sentimental que estava me sufocando. Sinto que a qualquer momento estarei sozinha, quando eu menos esperar, então é melhor que seja agora, já que você mesmo decidiu isso sob o argumento ridículo de que não supro as suas expectativas.

    No mais, anseio estar com alguém confiante sobre mim. Você sempre com ameaça de fim não demonstra isso.

    Aliás, quanto a sua carta, foi a primeira que recebi dessa forma de amor. Olha, independente de tudo, você sabe o quanto eu sinto por você.

    Desculpa não conseguir responder. Pela primeira vez, não tenho palavras. E isso é raro. Acredito que por estar indignada, com raiva e decepcionada, por aquilo que já falei.

    Eu confiei em você. Confiei em muitos sentidos. Estava mergulhando e me entregando emocionalmente e fisicamente. Para o cara sempre romper comigo por nada. Sem contar nas ameaças de partidas anteriores e nas coisas que já te foram ditas.

    É evidente. Fiquei e estou magoada. Quanto ao nosso vínculo, sou porto seguro enquanto você, para mim, aparenta ser incapaz de ser qualquer coisa próximo a isso. Sempre instabilidade da sua parte.

    Não vou me sabotar tentando repousar a culpa da ruptura nas minhas condutas. Eu sei que tentei agir para você, a todo instante, da forma que eu gostaria que agisse comigo.

    Lembra? Em muitos momentos eu falei “É apenas o começo. Estamos nos conhecendo. Calma, tudo no seu tempo. Podemos lidar da nossa forma. Não esquece o nosso pacto”.

    A estação inteira eu pugnei por um relacionamento saudável. Com sinceridade, reciprocidade e confiança. Sem joguinhos, desconfiança e “paranóias”, pois sequer haviam razões para tanto. Eu via a instabilidade e a repudiava com todas as forças, pois, afinal, eu gosto muito de você e queria o “nós”.

    Acredito mesmo que quando os dois querem, fazem acontecer. Mas, se é preciso maturidade.

    Em muitos momentos não me impus da forma que eu deveria. Ao contrário, conversei cruamente para te explicar o problema de algumas coisas e que poderia se sentir seguro quanto a outras. Não obstante, aceitei coisas que não gostei, de modo desprezível deixando “passar” para ficar tudo bem entre a gente.

    Digo com convicção que em instante algum agi num imediatismo cego contigo, por temer o que isso poderia suscitar em você, a mim e, sobretudo, na nossa coisa. Sei que até mesmo tu reconhece. Pois, diante de toda e qualquer pequena situação de desconforto, eu explicava as minhas razões, problemas e escolhas, me fazendo “nua e crua”.

    Sempre valorizei e recordo de todos esses diálogos. Para mim, representavam um marco para que desde as ínfimas à grotescas situações de incômodo não se repetissem. Deveríamos evoluir para sabermos enfrentar e lidar com coisas novas.

    Reconhecendo que não raramente pareci a sua psicóloga, explicando o problema das coisas, pontos de vistas, aconselhando a ressignificar e mostrando como tudo poderia ser mais suave. Nós dois precisávamos de equilíbrio e aprender a sopesar as coisas.

    Como se não bastasse, para mim mesma, muitas vezes te julguei por “infantil”. Assim como sei que, ainda no momento tendo plena convicção do contrário, também fui.
    Fizemos “pactos” para facilitar o correr dos nossos dias, já que vemos e lidamos com toda e qualquer coisa de modos absurdamente distintos. “Eu e você sempre ‘nus’ e ‘crus’”, lembra? Mas, aparentemente, nos instantes em que mais se era preciso, só eu recordava e estava disposta a segui-los.

    No último mês, houveram partidas em todas as semanas. Todas! As mesmas promessas já foram feitas outras vezes, sobretudo, nas últimas semanas. Por favor, não vamos normalizar isso. Mostra bem mais que fragilidade.

    Relacionamento é balança e não depende só de um. A conduta do outro gera sempre reação. Se isso prosseguir, da maneira como estava, é inequívoco que iremos adentrar novamente no mesmo ciclo vicioso. Assim, acabando somente por prolongar isso, a ruptura.

    Não adianta forçar nada! A entrega, o cuidado, o zelo e a valorização da nossa coisa deveria ser, de ambas as partes, natural. Independente do quanto eu deseje, independente da nossa conexão foda, não temos que forçar dar certo.

    É insano. Foi o meu primeiro relacionamento e sei que minha inexperiência pode ter atrapalhado. Não que sirva de justificativa para erros e afins. Quero dizer que, apesar de tudo, eu tentei agir com maturidade e responsabilidade afetiva. Convivi com uma sede insaciável de afastar as coisas que abalavam o “eu e você”.

    Acredito que irei me magoar ainda mais persistindo nessa ganância de cuidar de algo que independe somente de mim. Não sei como de um instante a outro as coisas podem ser diferentes.

    Você sabe muito bem. Dei um passo muito grande, seria uma surpresa e acabei te contando quando do seu adeus.

    Percebe? É difícil digerir que até mesmo quando tudo está bem, sem mais nem menos, do nada, chove. É triste remoer que na maior parte do tempo estamos no “baixo”, enquanto me apego aos poucos momentos de “alto”.

    Foi a estação em que senti o mundo. Mas, foram dias, sobretudo, conturbados. As minhas emoções ficaram à flor da pele.

    Não acato sua decisão sob o argumento de “é melhor agora enquanto é cedo, antes de entrelaçamos nossas vidas ainda mais, antes se apegar”. Não, não tomo, porque eu já estava apegada o suficiente, desde o meio-termo. No mais, pouco a pouco, te inseri em todos os âmbitos da minha vida.

    Tratava-se do nosso começo e ele deveria ser, em tese, muito bom. Deveríamos, os dois, estarmos eufóricos pela entrega um do outro. A reciprocidade, a sinceridade, o cuidado emocional com o outro tinha de ser trivial. Sem a necessidade de precisar provar que se importa ou, muito menos, se sentir obrigado a tanto.
    Sabe o que demonstra que não estava sendo saudável? Palavras suas: “ambos estão exaustos”. São coisas que não coincidem para mim. Exaustão em um curto lapso temporal. Uma estação! Parece muitos mais tempo, não é? Mas, não, foi só um verão. Com o outono, chegou a ruptura.

    Dessa forma, eu não consigo seguir. Passo o meu dia ponderando em como podemos elevar o suporte do nosso afeto. Fico tentando compreender o que acontece. Como se não bastasse, sinto constantemente o peso de precisar provar para você que pode confiar em mim, que gosto de você, que me importo, que me preocupo.
    Sendo que eu acredito que nunca fiz nada para você pensar o contrário e agir de acordo com tal. Não faz ideia do quanto me sinto imunda por isso. Insuficiente. Ainda que seja convicta de quem sou, muitas vezes, me senti assim diante de ti.

    A única vez que a partida partiu de mim, foi por isso. Por perceber tudo! Conversamos sobre reciprocidade, leveza, sentir e tudo mais. Houveram promessas de ambas as partes. Você se atentou a algumas coisas, mas ao que magoava, não. Com a primeira chuva de outono, nos encontramos nisso, partida.

    Possamos gostar muito um do outro. Mas, não foi a primeira que me disse “não está bom para mim”. Não sei como isso vai mudar de uma hora a outra. Levando em consideração o quanto já tentei, me sinto esgotada, sem cartas na manga. Como de um segundo a outro te farei sentir-se realizado? Não quero ser hipócrita.

    É duro. Posso gritar para o mundo o quanto é duro para mim enfrentar isso aqui, a ruptura.

    Sofro pelo que poderia ter sido e não foi. Não esquece.

    Acredito que estou frustrada, não pela minha entrega, mas justamente por acreditar com lasciva veemência que, depois do pôr do sol daquele domingo, nós dois iríamos tentar, mesmo! Por acreditar que as promessas, conversas e pactos não tinham sido em vão. Pelo meu crer de que nunca mais haveriam idas e vindas. Sempre estive disposta a enrrigecer a nossa coisa.

    E, exatamente uma semana depois, tudo volta ao antes. Ao morno.

    Meu mais insano e desmedido amor, o “eu e você” não vai prosseguir. É árduo dizer que na maior parte do tempo estávamos frustrados um com o outro, ainda que em vertentes distintas.

    Não quero viver na esperança de tentar. Não quero permanecer num relacionamento que conforme palavras suas, “só tenho preocupações”. Não quero seguir assim.
    Nossa afinidade deveria ser o refúgio. Algo digno de agradecimento. Sabe, muitas noites eu agradeci ao universo por estar ao seu lado, por dividir essa fase com você. Ansiei muito para que passasses a me ter como confidente, assim como te fiz o meu. Te falei isso, mas sempre respeitei o seu jeito peculiar, astuto e ocluso, nesse sentido; acredito que tratava-se de uma questão de tempo para você se sentir confortável para tanto.

    Talvez eu tenha posto muito expectativa e essa seja a raiz da frustração. Mesmo que eu tenha tentado manter os meus pés no chão. Desejei ter o seu verdadeiro “eu” comigo.

    Nesse quesito, sobre a sua carta, nas folhas “amarelas”, eu gostaria, mas não consigo ler aquilo e dizer “você não foi assim para mim”. No entanto, afirmo com convicção que você não foi somente aquilo.

    Existem dois caras em você. Aquele por quem me apaixonei e o que me faz ir embora.

    Sei que eu não sou ótima. Que não sou a dona da razão, aliás, não raramente estou completamente equivocada. Mas, realmente tentei agir para contigo da forma que eu gostaria que agisse comigo.

    Eu não menti uma vez sequer. Não tratei com desdém. Não joguei na cara o tempo que despendi para estarmos juntos. Não enganei, nem com ações, nem com palavras e em nenhum instante isso passou pela minha cabeça. Eu fui nua e crua para você, te mostrei cada fresta. Mas, nada disso foi o suficiente.

    Como se não bastasse, o meu sentir, nas suas palavras, “não o satisfaz”. E, quanto a isso, me recuso alegar qualquer coisa. E sei que essa frase jamais será esquecida por mim. Já disse o quanto detesto seu imediatismo?

    Estou assoberbada de pensamentos confusos e conflitantes. Por hora, não sei o que tenho mais a falar. E o que sei que tenho, prefiro acalentar.

    Já falei tanto. Fiz cartas de amor (puras). Me declarei. Me entreguei. Sobretudo, me joguei da cascata, a queda foi gostosa, mas acabei presa nas pedras.

    Não quero mais. Desculpa, sei que devo, pois também errei contigo, apesar da minha “ingenuidade”, como mesmo dissestes. Aquela história. E, sinceramente, pensando em tudo que vivenciamos, analisando os motins das nossas discussões, aquela consistiu na única coisa com titulo de “problema” e digna de uma ameaça de partida. Quanto às demais, trataram-se de coisas que poderiam facilmente ser resolvidas e acabaram, por nós, prolongadas.

    Independente da minha raiva e decepção, juro que digo isso com um imenso pesar, meu bem: Nada do que te digo agora é inconsciente. Essas não serão mais palavras em vão.

    Eu não havia planejado falar nada disso aqui. Depois de agradecer pelos nossos “autos”, pensei: “ao decorrer dos nossos dias, já falei o bastante”. Nada do que expus te é novidade. Não abandono o espetáculo sem mais nem menos.

    Sabe o que me corrói? Não fui para ti quem eu gostaria. Ser refúgio e confidente, por exemplo. Você não me permitiu ser. Acabava comigo te ver “morno”, com a mente e o olhar distante e, especialmente, por notar que os problemas te consumiam a ponto de te fazer agir mal com os que te querem bem.

    Foram muitas as vezes que te implorei para saber o que estava rolando e querer ajudar, mas parei quando me disse em voz alta e em bom tom que não queria a minha ajuda. Não dividiu. Não mostrou confiar em mim. Não me inseriu nos outros âmbitos da sua vida.

    Ainda assim, por ter ciência da sua dificuldade em compartilhar, te perdoo pelos momentos de desdém, pelos instantes que estava atordoado com os problemas a ponto de parecer que eu nem estava ali, que a minha presença tanto fazia.

    Porém, muitas vezes, agiu como um idiota comigo, como você mesmo pormenorizou na segunda folha amarela daquela carta. Como se não bastasse, quando diante dessas ações te disse “eu não não mereço ser tratada assim”, não ouvi sequer um pedido de desculpas, mas sim um “então arranja um cara que te trate melhor que eu”.

    São tantas coisas. São praticamente infindas para apenas uma estação. Fiz uma escolha, acatei sua decisão e, por hoje, não quero falar sobre isso. A minha cabeça está cheia e o meu coração inquieto. Não existe mais o “nós”.

    Eu disse sério ao falar que estou com raiva e decepcionada. Essa ruptura será ainda mais complicada se mantermos contato contínuo. Pelo menos agora.

    Mais uma vez, te peço, não coloque a ruptura nas minhas mãos. Você já tomou uma decisão e eu simplesmente concordei com ela. Faço isso pelo meu bem estar emocional e psicólogo.

    Não quero perder minha essência ou personalidade, como é o caso de ceder a meros caprichos, para manter relações, ainda por cima instáveis. Não quero me desgastar na tentativa de salvar algo sozinha, que não está somente sob o meu controle.

    Me apavora te ouvir dizer que existe algo mais, que estou dissimulando as razões da minha anuência. Parece absurdamente que não prestou atenção ou que ridiculamente descartou tudo o que já desabafei. Não é “do nada” e não tem que se achar estranho. Uma vez, naquele domingo, a partida surgiu de mim e pelos mesmos motivos de agora.

    Sabe o quanto desprezo idas e vindas. No pôr do sol daquele mesmo domingo te disse: “Me vejo voltando atrás numa decisão e isso não é comum para mim. Por respeito a nós, não vamos jogar fora”.

    Você voltou atrás também, em todas as suas despedidas…

    Suas ameaças de partidas e as despedidas foram motivadas com base em que eu fui para você, dentro dos seus limites, ideais de certo e errado e sentimentos.

    Sua percepção sobre o meu desejo de estar com você, príncipalmente sobre o meu sentir, depende de que eu seja quem você quer, ceder, suprir as suas expectativas até mesmo nas coisas mais mínimas.

    Sabe, eu tenho fervor por quem me deseja por inteira. A mim mesma. Não irei mudar a ponto de se tornar uma versão pirata de mim mesma.

    Eu queria poder agradar você, óbvio. Mas, sendo eu mesma e não precisando provar o meu desejo e tudo o que sinto da maneira que você achava que deveria ser. “Não está bom para mim”. Não consigo ceder a ponto de me tornar o amor que te satisfaz, que você deseja.

    Houveram pedidos de desculpas e promessas mútuos, mas nem todas elas foram cumpridas. No principal imbróglio, sequer houve tentativa. Nunca acreditei numa mudança repentina. Mas, o mínimo que eu esperava era uma mísera tentativa.

    Com instabilidade e insegurança sobre mim, tive dias de inquietação emocional e psicológica. Não consigo lidar, me martiriza. Acaba, assim, me atrapalhando nas coisas mais simples (concentração, estudo, trabalho).

    Confesso que nos “altos” me proporcionou coisas incríveis, êxtase. Mas, a maior parte do tempo estávamos no “baixo”. Pelo morno, me sentindo insuficiente, idiota e até mesmo alguém ruim. Sobretudo, “o não satisfaz”.

    Percebeu como sou repetitiva? Isso torna essa conversa densa e incrivelmente cansativa.

    Ainda que me questione, não vou mais te expor motivos. Foram coisas sempre ditas.

    Não vamos ser hipócritas. Isso não precisa acabar mal. Não vamos denegrir a imagem um do outro, não há razão. Aliás, algo assim é ridículo.

    Se é preciso aceitar os erros. Ficar triste pelo que não foi. Reconhecer o que se perdeu. E seguir com maturidade. No mais, agradecer os momentos de “altos”. Não é tratando como se nunca tivéssemos nos conhecidos que a ruptura se tornará fácil.

    Você não foi e não é qualquer pessoa. Isso não vai mudar, para mim. Marcou.

    Eu comecei com sinceridade. Vou terminar assim também.

    A minha decisão está tomada. Espero que aprendamos a não cometer os mesmos erros.

    Sobre a nossa coisa, o nosso meio-termo, me mostrou como sou intensa. Obrigada, mesmo, pelos instantes de intensidade. Adorava quando a nossa coisa pegava fogo.

    Você foi contemplado em ter o meu sentir, o meu querer, o meu corpo. Eu jamais havia me entregado tanto.

    Peço para que a nossa coisa fique entre nós. Principalmente os nossos detalhes, as coisas importantes que aconteceram. Desejos, intenções e afins. Assim como as coisas agradáveis e desagradáveis. Lembre, são memórias suas e minhas também.

    Me agrada a ideia de estagnar no tempo o “eu e você”.

    Não sei como vai me perceber depois da ruptura. Acredito e espero que não seja motivo para “descaracterizar” o meu eu. Jamais irei desonrar o seu nome. Por favor, não o faça com o meu. Não há razões. Não me interprete mal, peço isso por desencargo de consciência. Acredito no que sente por mim e sei que não faria tal coisa.
    Desculpa se te proporcionei momentos ruins.

    Foram meses repletos de primeiras vezes, para mim. Você sabe. Aliás, a primeira vez que proferi “eu amo você”, dessa forma de amor. E dane-se se foi cedo.
    Reconheço que sobre algumas coisas dei passos largos e tropecei nos meus próprios pés. Fui inconsequente. Me arrependo. Mas, jamais irei me arrepender pelo que fui e sou capaz de sentir. Muito menos, pelas palavras de amor ditas.

    Uma pena eu não tê-las visto valorizadas…

    Não quero ser vista como hipócrita.

    Sei que não compreende o meu pedido em mantermos a amizade. Não consegue entender como posso não mais te querer como seu parceiro (mesmo amando-o) e, ainda assim, implorar para que me tenha como amiga. “Não entendo como eu não te querer como amiga é algo que se deva discutir e fazer sentido”.

    Coloquei tudo às claras. Detesto quando questiona o que eu sinto. Eu não queria que fosse assim. Ansiei a transformação do meio-termo muito tempo. Você sabe. O meu sentir nasceu muito antes do verão. Não fale insinuando como se eu tivesse em algum momento mentido sobre o meu sentir, muito menos diminuindo o que me rasga o peito.

    A perda não é apenas de uma parceira ou um parceiro. É de um amigo(a) também. Não apague o meio-termo. Tudo começou numa amizade sem mais pretensões.

    - “Se você realmente sentisse intensamente, iria querer permanecer e continuar, tentar mudar. Nunca se afastar do problema, igual você fez. Me esquece. Você de repente decidiu que os nossos confrontos te fizeram sentir uma fracassada. Além de tudo, foi capaz de esquecer todos os momentos bons, sem mais nem menos, descartar-los e valorizar só os pontos ‘baixos’ para justificar a sua hipócrita vontade de partir. Forte seu amor.  Não vou negar. As vezes me pego preso nisso… questionando se tudo o que me disse, se cada palavra de afeto foi realmente cheia de sinceridade. Você é boa com as palavras e tenho medo de tê-las usado para comigo de uma forma deplorável. Não sei se seria capaz de dissimular dessa forma. É louco dizer, mas, sim, eu acredito no que diz sentir por mim. Ainda que muitas vezes não tenha agido de forma condizente, ainda que eu mesmo fique matutando a respeito. Tudo isso é insano (como você mesmo costumava dizer).”

    Quanto à mantença do “nós”, me recuso a permanecer no que me fazia sentir um fracasso. Essa sensação existia por você ter me dito bem mais de uma vez que a minha linguagem do amor não te satisfazia.

    Da forma que você coloca, faz-me sentir ingrata. Também estou despedaçada. Nos nossos dias, pouco a pouco eu estava me desfazendo em alguns sentidos e precisava do seu agir para me refazer. Por isso tanto diálogo, da minha parte. Por isso a ideia do “pacto”.

    Falei isso naquele domingo. Lembra? Com seriedade. Mas, quando tudo soava calmaria. Você choveu em mim. Foi isso que você fez naquela madrugada de sábado. Naquela noite quente, prometi a mim mesma que era a última vez que iria me fazer chorar. Última vez que iria me frustrar por você descartar suas promessas e não pensar em mim antes de fazer algo que tanto me afetava.

    Me desculpa por ser tão repetitiva. Te remeto inúmeras palavras, te falo coisas infindas, e sei que você acha um porre, acaba descartando quase tudo.

    Ao pôr do sol daquele domingo, me disse as mesmas coisas que agora. E eu voltei atrás na minha decisão, lembra? No mais, deixei claro que a hipótese de partida, da minha parte, se tratava de algo que não desejava, mas que a cogitei para evitar me machucar.

    Ainda que em outro contexto, estamos novamente na mesma coisa. Mas, dessa vez, eu já estou machucada.

    Espero que você fique bem, mesmo. Mas, sendo sincera, não vou mentir. Espero, no mínimo, um pingo de saudade, arrependimento ou pesar pela perca.

    - “Espero o mesmo de ti. Sinto uma saudade incessante. Sonho com você. Tenho arrependimento também. Quanto a estar despedaçada, não acredito. Se você sentisse saudade, vontade, amor… resgataria o ‘nós”. É simples. Eu te falei estar disposto a mudar, mas você não se importa.Eu faria o impossível por você e é deprimente te ver me colocar como imundo. Não jogue entrega na minha cara, suportei muita coisa por você e tu simplesmente joga fora. Sabe, me abri emocionalmente como jamais havia feito com qualquer pessoa. Você tem o meu amor nas mãos e está esfarelando ele. Nunca imaginei que seria capaz de uma coisa dessas. Te vejo traindo quem eu vi em você, principalmente, tudo o que me dizia ser. Você diz estar machucada enquanto me machuca também e não se dar conta.”

    Não me surpreende você não acreditar em mim. Simples para você falar pensando em quem fui contigo. Se coloca no meu lugar. Você mesmo reconheceu coisas nada bacanas que partiam de você. Não quero discutir.

    Foram poucos dias para tudo voltar ao antes. E as três coisas que eu mais te pedi para evitar, porque me afetava muito, vinheram num pacote no mesmo final de semana. Me decepcionei muito naquele sábado. Eu chorei a madrugada inteira.

    Não entendo como pode me amar e não tentar evitar fazer algo que eu tanto te pedia para ser cauteloso. Não entendo como não conseguia evitar fazer o que me desabava.

    Sabe, eu reconhecia quando agiria daquela maneira. Pressentia. Sabia quando seria tomado pelo seu imediatismo cego. Nesses momentos, eu falava coisas como: “Presta atenção. Lembra do que combinamos sobre lidar com os problemas. Não precisa ser assim”. Justamente para ver se você pensava em mim e no valor do nosso vínculo.  Antes de fazer qualquer coisa ou dizer, eu sempre pensava em como você ia se sentir. Por isso tenho certeza de que nunca te ofendi ou derrespeitei, ou magoei com o que falei.

    Não estava sendo saudável, meu bem. Não quero nós dois num relacionamento que ainda no início não estava sendo leve. Não vamos mais reviver essas discussões… Okay?

    - “Não adianta eu dizer mais nada. Vejo que persistirá nessa decisão. Eu preciso digerir a ideia e aprender a lidar. Sabe, foi você mesma quem terminou com a gente. Não te entendo. Eu corri atrás e você não quis mais, praticamente me esnobou. Permanece com a vontade de se afastar e de que, se ficar, será somente para ter minha amizade. Eu não quero ser somente o seu amigo, quero dividir uma vida contigo, desejo ser o seu parceiro. Sabe, nós discutimos algumas vezes e eu te disse coisas impulsivas, sobretudo, nunca dotadas de veracidade, foram coisas que eu não deveria (e não queria) ter lhe dito. Porém, apesar de tudo, isso jamais significou que não quero a sua presença e muito menos que ela tanto fazia para mim. Não precisa ter medo, pode confiar nessas minhas promessas, nas falas que te remeto agora.No entanto, acima de qualquer coisa, sabe o que é foda? No momento que acreditei que ficaria comigo, você foi embora. Isso foi péssimo. Tenho medo de dizer a mim mesmo o que isso significa. Você não está disposta a erguer um castelo comigo.”

    É complicado erguer castelo com alguém que diante de qualquer lajota colocada torta ameaça abandonar a execução ou a faz. Dá a sensação de que a qualquer momento a obra vai ficar inacabada e desmoronar. Do jeito que você coloca, tudo se torna pequeno. Me colocando como venenosa faz eu me sentir muito bem.

    Não foi minha intenção “esnobar”. Foi o que te disse: Eu, ferida, iria passar a ferir você também. Não quero isso. Olha, eu não queria somente a sua parte fácil de amar. Não. Eu mesma falei: “eu e você nus e crus”. Eu disse desejar o seu verdadeiro “eu” comigo.

    Moram dois caras em você. O que fez eu meu me apaixonar e aquele que tem atitudes comigo nada bacanas, me tratando de uma forma que não gosto, e assim me cortando. E, se tratando de um amor que ainda estava no começo, esse primeiro cara deveria ser o mais presente e não o segundo. Diante do segundo cara, eu não conseguia ser o meu melhor com você.

    Aliás, tem algo que está engasgado e preciso te questionar. Sabe o que eu não entendo? Você me disse assim, duas semanas atrás: “Eu posso ser só esse primeiro cara”. “Posso mostrar só o meu melhor”. Me passou a impressão de que, de algum modo, você tinha plena consciência de tudo o que apontei… Não sei.

    - “Me desculpa. Sim, eu sempre tive. Por isso quero você de volta. Para agir como você merece. Aliás, como deveria ter agido desde o incio. Com o inicio da ruptura, passei a ver e valorizar tudo de uma outra forma. Me sinto mal com tudo isso. Porém, ainda que você exponha infindas coisas, só consigo pensar que: ‘É por isso quer partir pra sempre?’. Tenho a horrível sensação de essa conversa não vai dar em nada. Sinto que estou de mãos atadas. Estou implorando para ficar enquanto você constantemente arranja um argumento para reforçar sua partida. Me faz um monstro.”

    Já que percebia, por qual razão não agia assim antes? Já pensou nisso? Sabe, são um conjunto de pequenas coisas e estou decepcionada pela existência delas.
    Argumento porque você merece justificativas. Sobretudo, porque gostaria que se colocasse no meu lugar. Principalmente, que tentasse entender. Você sabe muito bem que não ser tratado da forma esperada por quem a gente ama, corta. Mas, tenho a sensação de que para ti, estou “fazendo tempestade em copo d’água”. “Sou exagerada”.

    A minha decisão não é fácil. Eu sinto o universo por você. Ainda que tenha me decepcionado com atitudes. E é duro assumir isso. Sinto saudade do primeiro cara, muita. Sinto saudade de olhares, toques, do seu abraço, de me sentir protegida ao caminhar contigo, do seu timbre… É por sentir muito, intensamente, que as coisas que apontei me machucaram e você não está percebendo isso.
     
    Isso é difícil, mesmo. Eu vejo que reconhece o que eu expus para aceitar a sua decisão de partida. Não questionou nada e disse reconhecer. Mas, vejo que não vê como motivo para ruptura.

    Eu adoraria — com todas as minhas forças — acreditar quando você disse “eu estou prometendo que vou mudar, porque a minha visão é outra agora”. Eu não sei qual é a sua visão, mas, ainda assim, tenho medo. Poxa, você confirmou que tinha percepção de tudo aquilo antes.

    Os dias correm e em todos eles eu revivo “a nossa coisa”. Tudo poderia ter sido diferente, assim como você mesmo expôs naquela sua última música.

    Não é por meras brigas. Isso vai existir, justamente porque nos importamos e queremos fazer dar certo estarmos juntos.

    O problema é por se tratar das mesmas coisas. Como vamos crescer persistindo nos mesmos “erros”, persistindo no que destabiliza a nós dois?

    Você é astuto, tem controle sobre o que quer. Sei que não me quer como amiga. Porém, preciso saber que você está bem. Se precisar de mim, independente do que for, me diz.  Você sempre disse ter problemas, mas tinha um bloqueio em dividir comigo. Se precisar desabafar, eu estou aqui. Pode confiar em mim. Não irá ouvir julgamentos. Eu sempre questionei sobre eles por me preocupar. Não faço ideia do que sejam. Eu ainda me importo. Isso não vai mudar. Sabe o quanto sinto, sabe onde e como me encontrar, se quiser, se precisar.

    Pensa numa coisa, por favor, é a última coisa que te peço. Questiona se, pelo caminhar das coisas, eu te fazia sentido.

    O sentido a gente percebe com o tempo. Sobre “tempo”, você disse não acreditar. Eu também. Mas, sobre relacionamento, é tudo novo para mim. Ao longo da estação, mudei pensamentos, me vi em coisas que antes dizia “jamais” e fui eufórica com coisas que antes me assombravam.

    Por favor, pensa realmente nisso. Pois, uma coisa é querer a presença de alguém e outra coisa é querer a presença daquela pessoa. E, se tratando daquela pessoa, se é preciso agir com maturidade e responsabilidade afetiva. 

    Se tratando de você, para mim, há sentido. Mas, não naquele caminhar.

    Me chame de venenosa, hipócrita o que for. Só não me puna por estar desacreditada quanto a promessas. Acredito que a mudança que tanto ansiei só existiria na certeza quanto aquilo. Eu sendo “aquela pessoa”. Acredito que assim você agiria como tal.

    Essa infinidade de palavras não existiriam se você não fizesse sentido para mim.

    Juro que tentei, mas não consigo entender como por qualquer “problema” você mudava comigo e dizia coisas como “presta atenção, eu só vou caindo fora” ou que o caminhar não te agradava. Como se não bastasse, algumas vezes, de última hora, tirou o nosso encontro dos seus planos porque, para ti, me ver “não valeria a pena”. E, não obstante, claro, sempre cogitava dar um basta comigo e chegou a fazer isso algumas vezes.

    É difícil ouvir essas coisas de alguém que você ama. Eu me senti insuficiente mesmo. Insuficiente para ti. É isso que eu quis dizer com um fracasso.

    - “Você nunca foi insuficiente, muito menos qualquer coisa perto disso. Aliás, eu pensei. Não quero ser seu amigo. Sei que não irei suportar te ver com outra pessoa, um dia vai acontecer e eu não quero estar lá pra ver isso, muito menos te ouvir falando desse alguém para mim. Não quero ter contato. Mas, ainda assim, pode contar comigo, sempre que quiser, para qualquer coisa. Sabe, eu amo você de todas formas e uma delas é como amigo.”

    Eu gostaria de ser sua amiga.

    Se isso acontecer, vai demorar muito. Pra caralho. Eu não sou do tipo que se apaixona em cada esquina.

    A recíproca é a mesma. Olha, você é um cara super atraente. Devem ter dezenas de garotas lindas interessadas em você e que despertam seu interesse também. Isso nós dois sabemos. Eu sou facilmente substituível. Se ocupo um posto, logo mais ele não será meu. Você já se envolveu com outras mulheres. Já teve outros relacionamentos. Sabe que o que digo é verdade. E se por acaso um dia se lembrar de mim, vai ser em algo singelo, por exemplo, ouvindo “É Você Que Tem”.

    E independente de qualquer coisa, da minha decepção amorosa (já falamos a respeito, sabe o que quero dizer), jamais desejarei o seu mal ou direi coisas ruins a seu respeito para qualquer pessoa. As coisas que aconteceram entre a gente e também o que não aconteceu, só cabe a nós. Aliás, ainda que eu possa em muitos momentos sentir raiva, desprezo e afins, sou incapaz de sentir ódio a ponto de profanar de modo detestável o outro. Não sou alguém que se domina por sentimentos ruins.

    No mais, também reconheço as minhas falhas. Espero, mesmo, que você não tenha somente memórias ruins. Tentei e acredito não ter magoado com palavras, te respeitei (em todos os sentidos). Se em algum instante eu não fiz isso, peço perdão. Pois, tenho muito medo de apontar e de cobrar do outro algo que não está em mim.

    Hoje, eu amo você. Mesmo. Apesar dos pesares. Ainda que, olhando com distancia, eu não goste de quem foi comigo.

    Não sei se você sabe, mas há 5 linguagens do amor. As nossas são diferentes, acredito que por isso você “não vê o meu sentir”.

    Talvez, agora, a minha decisão para você (mesmo depois de tudo que eu expus e esclareci) não faça sentido. Mas, daqui alguns dias, meses ou sei lá, acredito que fará.

    Nem sempre o sentir é o suficiente para duas pessoas ficarem juntas. E juro que acredito naquela ideia de que “há formas de se amar alguém para sempre”. No entanto, às vezes justamente a nossa forma de amar, lidar com as coisas, vê-las ou sei lá, atinge o outro de uma forma que não imaginamos. É preciso ouvir o outro e ter cuidado com o que se está construindo.

    A minha decisão é para não mais me magoar. Eu sou muito intensa. Tudo me afeta muito. É frustante ser o bilhete dourado enquanto o outro só enxerga preto e branco.

    Os nosso pacto estava sendo quebrado e os diálogos e promessas sendo vãos. Eu valorizo tanto essas coisas. Reforço, eu, ferida, ia passar a ferir você também.

    Quero muito o seu bem. Sei que um dia outro alguém vai ter o seu sentir e não quero que esteja despedaçado. Não quero que lembre de mim de uma forma ruim.

    Queria ter te proporcionado somente coisas boas, talvez eu não tenha feito, assim como você não fez.

    Apesar do quanto eu sinta, jamais irei me perdoar se, por acaso, persistir nisso aqui e perder a minha essência.

    Eu apago a luz e fecho a porta com cuidado.

    “Não suporto meios termos. Por isso, não me doo pela metade. Não sou sua meio amiga nem seu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada.” — Clarice Lispector. Faz sentido sua escolha. Eu penso a mesma coisa. Queria parecer mais forte. Vou respeitar sua decisão.

    Ps. Se um dia eu escrever um livro, leia. Provavelmente, terá textos meus sobre sentimentos e coisas atreladas a você. Será capaz de reconhecer, eu acho. (Se quiser, claro).

    - “Ninguém será capaz de substituir você pra mim. Só você teve esse posto, da forma que sempre desejei, e só você terá, por todo o sempre. Não vou estragar isso. Talvez eu faça aquilo que você sempre me falou “ressignificar”. E sim, eu já estou despedaçado. Nunca me senti dessa forma. Me magoa ver que está decidida. Só me resta tentar superar e, além de tudo, respeitar. Me desculpa por todos os ‘baixos’. Eu amo você.”

    Nunca mais ouse duvidar do que sinto.

    Sabe, eu realmente acreditei que não mais estava fadada ao Naufrágio.

    Por fim, não joga fora as minhas palavras, nenhuma delas.


    Janaina Couto ©
    Publicado — 2020
    @janacoutoj


    [PS. Não se trata de um relato pessoal. Mas, confesso que é um imenso pesar reconhecer que o meu texto foi lapidado sob um apanhado de relatos de pessoas queridas que estão ao meu entorno.
    Ainda que mesmo nas coisas mais sutis possamos constatar algo a se repudiar e imediatamente afastar-se, não raramente, horrivelmente, isso acontece apenas quando se tornam salientes.]
  • 31

    Uma certeza eu tenho, existe um tipo de pensamento que está comigo o tempo todo. Esse pensamento eu apelidei de “31”. Eis que você deve estar se perguntando: “Por que e o que é 31?” Pois bem, irei explicar.

    31 é aquele pensamento que está comigo o tempo todo e a todo momento. Este é você e provavelmente você ainda não entendeu o porquê desse apelido incomum.

    O que você tem a ver com 31? É simples, você está nos meus pensamentos 24horas por dia e 7 dias por semana, logo, 24+7=31. Todos os momentos com você são como feriados, calmos, tranquilos e alegres.

    Às vezes me pego pensando em ti do nada, às vezes quando acordo e por fim, quando irei dormir. Nós somos jovens cheios de energia d aprendemos a nos curtir cada vez mais. Deve ser a convivência, eu não conseguia ser assim tão ativo antes.

    Mesmo que não estejamos próximos fisicamente nossos espíritos estão conectados, tenho certeza. Pode não ser literalmente em tempo integral mas deu pra entender o recado rsrs.

  • 728571 passos

    Bom, conheci um garoto, o nome dele é Leandro, como ele é? ele tem um cabelo cacheado, em formas de caracol, deve ser tão cheiroso e macio, fico imaginando o cheiro todos os dias, acho que ele brigaria muito comigo, pois eu iria mexer e cheirar toda hora, aqueles olhos dele de "demônio" com os cílios enormes, aquele olhar que enxerga as profundezas que te deixa todo desconcertado, nem pode se esquecer daquela boca(deve ser tão macia e gostosa), com um sorriso que me encanta, amo os vídeos/fotos dele sorrindo, são os melhores, fico extremamente boiola, aquela altura de 1,80 , fico imaginando eu andando abraçado ou de mãos dadas ao lado dele com meus 1,65 todo baixinho, olhando para o rostinho dele ficando boiola e dando aquele sorriso bobo. Como nos conhecemos? bom comecei a seguir ele no instagram, ate que um dia ele postou um stories, que se tratava que ele usava a figurinha da xicara triste, e eu super me identifiquei e comentei, disso eu super gostei da vibe dele e começamos a conversar mais e mais, percebi que ele era um garoto diferentes dos demais pelo jeito que ele se  conversa, preocupa e se importa comigo, quando percebi virou uma rotina(Melhor rotina da minha vida) e quando não nos falamos eu fico péssimo, sempre que estamos conversando eu sempre fico dando sorriso com as bochechas vermelha, parecendo um tomate SAKFNSAFDSAKFNSA . e quando espero ele me responder, qual quer notificação que chega no celular, eu vou doido correndo atrás do meu celular( e quando é eu infarto),amo demais a nossas playlist/filme no rave, eu fico extremamente muito ansioso para que chegue a noite para a gente fazer a playlist, inclusive estou escrevendo escutando "Goodnight n go", nossa musica. fico o dia todo pensando nele, literalmente 24 horas, acordo pensando nele( me perguntando se ele esta bem ou dormiu bem), tomo café pensando nele( fanfico eu na cozinha fazendo o café de cuequinha e ele me abraçando pelas costa e me dando um beijo no pescoço e me dando bom dia, saudade de quando eu estava aprendendo a fazer café, e ele perguntava se eu tinha feito muito doce ou sem açúcar), almoço pensando nele( fico imaginando ele me ensinando a cozinhar, pois eu não sou muito bom não kfsanfksabnfsan), tomo banho pensando nele( imagino a gente tomando banho juntos, um lavando o cabelo do outro, a agua caindo sobre nossos corpos e a gente se beijando lentamente), janto pensando nele( imagino a gente jantando e conversando/dando risada de como foi o nosso dia), vou para escola e fico pensando nele( as vezes eu estou fazendo algo, eu paro e fico olhando para o nada, e começo a pensar nele, imaginando oque iriamos fazer se estudássemos juntos, durmo e sonho pensando nele( essa e a melhor parte, aonde eu mais fanfico, fico pensando e imaginando a gente dormindo, eu abraçando ele, uma mão debaixo da cabeça dele e a outro na cintura, com a cabeça no peito dele, minha perna entre as pernas dele), mas sempre tem um porem..., só de imaginar que estamos aproximadamente 728571 passos um do outro me deixa tão triste, meu maior desejo e encontrar ele, tocar ele, sentir o cheirinho dele, dar um abraço tão forte e não desgrudar, encher ele de beijinhos, ir no cinemas assistir filmes de terror, eu levando susto e te abraçando, fazer a noite do pastel, fazer skincare juntos, ir passear e fazer um piquenique no igapó, ir na  ponte de guarda chuvas, aonde ele disse que seria nosso primeiro beijo, escutar e dançar(a dança de centavos kassgdsgakfnsakfnsakn) álbuns da Lana Del Rey e ariana juntos, fazer aquele jantar surpresa para ele com a comida que ele mais ama(macarrão ao molho branco), só queria ter você por perto...
  • A beleza dos diferentes

    Vou continuar seguindo por aqui
    pensei que sabia aonde ir
    provando um novo gosto e assim
    metamorfose ambulante em fim

    Muitas palavras sem palavras
    o bastante para explicar
    sincera é a faísca que se excita
    perceberá em nosso olhar

    Sua mente rápida divaga, a normalidade acaba
    adoro a riqueza da alma, comigo se encaixa
    quero a diferença, a cor que a pele exala
    coisas e pessoas normais continuam tão sem graça

    Apenas diz o que pensa, sente, surpreende
    afinal, é difícil encontrar o assunto que prende
    a atenção inteligente, nosso sorriso se rende
    um tapete se estende quando alguém te entende

    Rotinas diurnas, lacunas noturnas
    meu coração trancafiado na mesma urna
    a matéria é só uma energia que se curva
    por sorte ou azar, para cada mão há uma luva

    Tudo passa e a escolha sempre será sua
    ser livre da rua para casa, de casa para rua
    insignificante é quem só atua e nos julga                                           
    Sempre seremos verdadeiros e intensos, sem dúvida

    O que se fala, muda, colore, posso esticar
    a metafisica que buscamos, poucos sabem apreciar
    trilha de pensamentos que se calam pelo ar
    se não puder enxergar é melhor nem perguntar

    Alternativas mentais são caminhos a percorrer
    na velocidade da luz, fazemos sem perceber
    entre o futuro e o passado, querer e se envolver
    tudo é raro e valioso, não temos tempo a perder
  • A culpa não é sua

    Um tsunami cobre a cidade 
    Água salgada em nossas gargantas 
    Mar, você é o vilão,
    Destruidor de vidas

    Acusado falsamente, 
    No tribunal da injustiça 
    Você não é o culpado,
    Mar, você não é o vilão 

    A água que cobre a cidade, 
    Lágrimas dos meus olhos 
    Mar, eu sou a vilã,
    Eu sou a culpada.
  • A empinadinha da moto vermelha

    Quando ela passou com seu lindo e diferente trejeito
    De maneira original, bela imagem, porém diferente
    Fiquei logo ruborizado e confesso, meio sem jeito
    Porém com a leve certeza que a veria mais pra frente
    Rondava às vezes a rua arborizada da minha casa
    A rota era a varanda, onde eu gostava de sempre estar
    Quando me olhava de lado como um anjo sem asas
    Meu romântico coração já começava a incendiar
    Eu nem percebia o estridente barulho da sua moto
    Pois seu belo tórax empinado chamava mais atenção
    Em minha mente já se formava a moldura de uma foto
    Nós dois juntos viajando em delírios únicos de sensações
    Foi paixão rápida, suave, porém em chamas incandescentes
    Que me tirou o norte, me aquecendo em centelhas
    Nunca mais esquecerei o porte daquela musa diferente
    Que me encantou empinadinha em sua moto vermelha
  • A História do Nosso Amor - Capítulo 1: Um Jantar Inesperado

    Sinopse
    Nesta história, o casal Paulo e Ana compartilha suas vidas. Paulo é um advogado famoso no YouTube por seus vídeos, e Ana é uma professora de educação infantil. Juntos, eles crescem e amadurecem enquanto aprendem a arte de permanecer casados e felizes. Nessa jornada, estão a cachorra Phoebe, a melhor amiga de Ana, Daniela; a irmã de Ana, Maria; e o primo de Paulo, Jonathan. Além da excêntrica garçonete Luna e de Diego.

     
    Era uma sexta-feira à noite, e o apartamento dos recém-casados Paulo e Ana estava em um caos organizado. Livros de Direito estavam empilhados na mesa da sala, enquanto brinquedos de cachorro se espalhavam pelo chão. Phoebe, a adorável cachorra do casal, corria de um lado para o outro, ansiosa pela atenção dos seus donos.
    Paulo, um advogado renomado e conhecido por seus vídeos no YouTube, estava sentado no sofá, tentando editar um novo vídeo. Ele olhou para o relógio e soltou um suspiro.
    — Ana, você não acha que deveríamos ter uma noite só para nós? A semana foi longa e cheia de compromissos?
    Ana, sua esposa e professora infantil, estava na cozinha tentando preparar algo rápido para o jantar. Ela virou-se com um sorriso cansado.
    — Eu adoraria isso, Paulo! Mas não podemos esquecer que hoje é o aniversário da Maria. E a Dani vai trazer um bolo! Precisamos estar prontos.
    Paulo franziu a testa.
    — Certo, mas eu não esperava que tivéssemos convidados em cima da hora. Eu só queria um momento só nosso.
    Ele se levantou, indo até a cozinha para ajudar.
    — Vamos fazer isso juntos! O que você acha de preparar uma salada? É rápido! — pediu Ana.
    Enquanto isso, Daniela chegou com uma caixa enorme de bolo e uma garrafa de vinho.
    — Surpresa! Espero que você tenha espaço na sua agenda para uma celebração improvisada!
    Ela piscou para Ana.
    — Que ótimo! Só precisamos arrumar tudo aqui. — disse Ana.
    A campainha tocou novamente e Maria, irmã de Ana, entrou com um sorriso largo.
    — Oi, gente! Estou tão animada para a festa! E o que é isso? Um jantar romântico?
    Paulo riu nervosamente.
    — Era pra ser… mas agora temos uma festa.
    Ele olhou para Ana com um sorriso cúmplice.
    — Vamos fazer disso uma noite divertida! — disse Ana.
    Diego, esposo de Dani, apareceu logo em seguida, trazendo mais comida e animação à festa.
    — O que está rolando aqui? Ouvi falar de bolo e vinho!
    Phoebe ficou pulando em volta dele, ansiosa por atenção e petiscos. Todos começaram a rir enquanto tentavam acalmar a cachorrinha.
    Conforme a noite avançava, Paulo percebeu que sua ideia de ter um momento íntimo com Ana havia se transformado em uma celebração inesperada com amigos e família. Ele olhou para ela do outro lado da mesa; ela estava rindo com Maria enquanto compartilhavam histórias da infância.
    Paulo pensou:
    — Talvez isso seja ainda melhor do que eu pensei.
    Quando todos se sentaram à mesa para comer o bolo e brindar à Maria, Paulo decidiu fazer um discurso improvisado.
    — Às vezes os melhores momentos são aqueles que não planejamos. Aqui estamos nós, cercados por pessoas que amamos.
    Todos levantaram seus copos em concordância.
    — E que venham mais aniversários assim! — disse Maria.
    Ana olhou para Paulo com amor nos olhos.
    — É verdade! E quem sabe ainda teremos nosso momento especial mais tarde?
    Paulo sorriu de volta, sabendo que mesmo em meio à confusão da vida cotidiana, havia sempre espaço para alegria, especialmente quando se tem pessoas queridas ao seu redor.
  • A História do Nosso Amor - Capítulo 2: Ana e Paulo Compram um Sofá

     
    Ana e Paulo estão mobiliando o novo apartamento deles.
    — Amor, precisamos de um sofá que seja a cara da nossa casa! Que tal chamarmos a Dani e o Diego para nos ajudar? — perguntou Ana.
    — Ótima ideia! Eles sempre têm bom gosto. — respondeu Paulo.
    Assim, os quatro amigos se encontraram na loja de móveis.
    — Olhem esse sofá! É super moderno e parece tão confortável! — disse Ana.
    — Confortável? Deixa eu testar! (ele se joga no sofá) Perfeito para uma soneca! — disse Diego.
    Após várias risadas e brincadeiras sobre o quanto cada sofá poderia ser “perfeito” para uma soneca pós-almoço, finalmente encontraram o sofá ideal.
    — Esse azul marinho é lindo! Combina com as paredes da sala! — disse Ana.
    — Concordo! E vai ficar incrível com as almofadas que escolhemos. — Paulo concordou.
    Enquanto decidiam os detalhes da compra, Paulo teve uma ideia brilhante.
    — E se fizermos um pequeno churrasco de inauguração do sofá?
    — Adorei a ideia! — disse Dani.
    — Eu posso trazer aquele jogo de tabuleiro que todos amam! — disse Diego.
    Com a festa em mente, eles saíram da loja rindo e sonhando com os encontros que ainda viriam. Quando o sofá chegou à casa de Ana e Paulo, todos ajudaram a arrumar o espaço.
    — Vamos colocar o sofá aqui, de frente para a TV. O que acham? — pergunta Ana.
    — Perfeito! Assim teremos um ótimo lugar para assistir filmes juntos. — disse Dani.
    — E os jogos do timão, hein? — disse Paulo, animado.
    Dani olha o relógio.
    — Amor, vamos! Temos que buscar o Matheus na escola. — disse Dani.
    — Claro, amor! Vamos lá.
    Na noite do churrasco, todos estavam animados para testar o novo sofá. Enquanto Matheus, filho de Dani e Diego, brincava com a cachorrinha Phoebe, Ana levantou um copo.
    — À amizade, ao amor e ao conforto!
    — E às muitas maratonas de séries que vamos fazer aqui! — disse Paulo.
    — E às histórias malucas que sempre surgem quando estamos juntos! — completou Dani.
    E assim começou uma nova fase na vida dos recém-casados e seus amigos – cheia de histórias para contar e momentos para recordar juntos no aconchego do sofá azul marinho.

    Nome: Ana Paula Bauer Soares
    Nascimento: 19 de fevereiro de 1993
    Onde nasceu: Santa Maria, Rio Grande do Sul.
    Mora atualmente: Presidente Prudente
    Nacionalidade: Brasileira
    Altura: 1,67 m
    Cor dos olhos: verdes
    Cor/tamanho/textura do cabelo: Loiro escuro, um pouco abaixo dos ombros, Cacheado
    Cor da pele: Branca
    Família
    Mãe: Carolina Bauer
    Pai: Renato Bauer
    Irmãos: Maria Bauer
    Curiosidades
    MBTI: ENTJ (comandante).
    Tipo sanguíneo: A positivo.
    A filha mais nova de Renato e Carolina Bauer. Depois de se formar na Universidade de Campinas, ela se mudou para Presidente Prudente, onde conseguiu um emprego em uma escola infantil. Ela conheceu Paulo em Presidente Prudente. Pouco antes do Natal de 2021. Os dois se casaram em maio de 2024.
    Ana é muito estilosa e esta sempre bem vestida e maquiada, adora o estilo alfaiataria e está sempre usando blazers e calças sociais.
    Quais redes sociais ela usa? Instagram.


  • A História do Nosso Amor - Capítulo 3: O Drone

     
    Era um sábado à noite e Paulo e Ana estavam no novo apartamento, ainda sem internet e sem TV. O clima estava tranquilo, mas ambos sentiam a falta de entretenimento.
    — Então, o que vamos fazer? — perguntou Paulo. — Sem TV, sem internet... Parece que estamos em um filme dos anos 90!
    — É verdade! Temos que arrumar alguma coisa pra fazer? — sugeriu Ana.
    — Alguma coisa? Tipo, colocar o drone pra voar?
    Ana olhou para Paulo com uma expressão travessa.
    — Beleza! Vamos lá!
    Os dois foram até a janela e ligaram o drone, que começou a voar. Depois de alguns minutos...
    — Amor, deixa eu pilotar um pouco! — pediu Ana.
    — Toma, diverte-se.
    Ana começou a controlar o drone, mas ela encosta o drone no fio do poste e perde o controle e bate no transformador de um poste, causando uma explosão.
    — Oh não! O que foi isso?! — exclamou Ana.
    As luzes do apartamento começaram a piscar e, em seguida, tudo ficou escuro. Um apagão tomou conta da cidade.
    — O que aconteceu?! — perguntou Paulo, assustado.
    — Eu não sei! Só vi a explosão! — respondeu Ana.
    Os dois começaram a rir nervosamente.
    — Acho que conseguimos mais do que apenas colocar um drone pra voar. Acabamos com a energia da cidade! — disse Paulo.
    — O que vamos fazer agora? — perguntou Ana. — Estamos presos no escuro!
    Nesse momento, ouviram barulhos de pessoas na rua.
    Alguém gritou na rua:
    — Alguém sabe o que aconteceu? A energia caiu em toda a cidade!
    — Acho que temos que confessar. Ou melhor, fazer uma fogueira na sala e contar histórias de terror! — sugeriu Paulo.
    — Se isso não fosse tão sério, seria hilário. Vamos acender algumas velas e aproveitar essa situação maluca! — disse Ana, sorrindo.
    Os dois começaram a procurar velas pela casa e logo estavam sentados no chão, cercados pela luz suave das chamas.
    — Então, qual é a primeira história da noite? Algo sobre como causamos um apagão na cidade? — perguntou Paulo.
    Definitivamente essa! — respondeu Ana. — E quem diria que nossa primeira aventura no novo apartamento seria tão eletrizante?
    E assim, entre risadas e histórias inventadas sobre como “roubaram” a energia da cidade, Paulo e Ana transformaram uma noite sem eletricidade em uma memória divertida que guardariam para sempre.
    “Veja mais sobre o apagão na cidade na próxima história, ‘Laços de Amizade’, capítulo 7, que postarei em seguida.”

    Nome: Paulo Roberto Soares
    Nascimento: 24 de setembro 1989
    Nasceu em: Marília, SP
    Mora atualmente: Presidente Prudente
    Nacionalidade: Brasileira
    Altura: 1,79 m
    Cor dos olhos: castanho escuro
    Cor/tamanho/textura do cabelo: Castanho escuro, um pouco abaixo dos ombros, ondulado
    Cor da pele: Branca
    Família
    Mãe: Elza Soares
    Pai: Gilberto Soares
    Irmãos:
    Curiosidades
    MBTI: ISTJ (Prático)
    Ele é um advogado renomado na cidade.
    Possui um canal no YouTube com um milhão de inscritos.
    Tipo sanguíneo: O negativo.
    Paulo, um advogado e youtuber. Depois de frequentar a Universidade Prudentina, ele lutou por reconhecimento antes de finalmente ter sucesso na carreira de Direito na cidade de Presidente Prudente. Ele e sua esposa Ana residem em um apartamento próximo ao centro.
    No dia a dia Paulo usa bastante camisa polo e jeans básico, mais como advogado está sempre usando ternos e gravata lisa.
    Quais redes sociais ela usa? Instagram, YouTube e Facebook.

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