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medieval

  • Harmonia ao quadrado

    A Editora Estúdio Armon não cansa de me surpreender. São diversos títulos de mangás seriados ou solo que, acabam nos divertindo e nos levando a outros mundos possíveis. Sejam fantásticos ou realistas, esses mundos são a manifestação de que possuímos criadores talentosos em nosso meio, ansiosos por uma oportunidade de mostrar o seu talento enquanto desenhistas e roteiristas.
              A coletânea HarmoniHQ apresenta um interessante conceito: um quebra-cabeça em mangá. Assim como um quebra-cabeça, diferentes peças conectadas formam a imagem de um todo, maior e mais bem elaborada. O argumento inicial surgiu da quadrinistas e designer Cristiane Armezina, e acabou gerando uma das melhores obras dos criadores do estúdio. Tanto é que foi indicado a uma das categorias do Troféu HQ Mix.
              A obra foi recorde em financiamento coletivo do estúdio no Catarse. A tiragem inicial foi de 1000 exemplares, maior até que muitas editoras tradicionais. A identidade visual ficou a cargo da Cristiane Armezina, com capa representando todos os protagonistas dos one-shots feitas pelo Giovanni Kawano. A capa e contracapa possuem detalhes em brilho e alto-relevo, um projeto gráfico muito bom da Gráfica Monalisa. São mais de 300 págs.
              O tomo possui orelhas, dois prefácios escritos por Kaji Pato (Quack, Editora Draco) e Max Andrade (Tools Chalenge, Editora Draco), além de diversos extras. A obra reúne 9 one-shots e 12 artistas. A partir daqui eu traço minha experiência de leitura, que de nenhuma forma se propõe a ser a palavra final. E recomendo a aquisição da obra para uma completa visualização de suas potencialidades. Como se trata de uma obra com menos de dez títulos, farei análise uma por uma, iniciando da que mais gostei, colimando até a que menos gostei.
              BRAkuman é escrita por Fábio Gesse e ilustrado por Raphael Munhoz. À primeira vista parece uma paródia de Bakuman, mas isso se torna ledo engano na primeira virada de página. Seguimos a jornada do Jotacê, um jovem adulto tentando descolar uma grana enquanto continua a produzir seu mangá Pure Armors na internet. Mostra de maneira crua, porém, divertida, a expectativa e desafios da produção de quadrinhos independentes dos brasileiros. O Fábio incluiu vários elementos que deixou a coisa bem verossimilhante, até o Joey do canal MangáTube!, apareceu aqui, mas sem cuspir nos mangás alheios. O Munhoz teve algumas sacadas metanarrativas, como incluir a criação de quadrinhos em recurso da diagramação, além de fazer quadros em 3D — quando os objetos do quadro interagem com outros quadros, é como se o personagem saltasse da página para fora dela.
              Epístola é one-shot escrito pelo Gabriel Nunes e ilustrador pelo jovem experiente Gabriel Silva. Esse último foi o artista que mais evoluiu no Estúdio Armon para mim. Se destacou após desenhar o seinen Máscaras da humanidade, obra com ótimo potencial mas que acabou se tornando um fiasco devido a inconstância do roteiro — era um thriller psicológico, virou uma ação sobrenatural, por fim, se tornou um thriller psicológico de novo. Depois dessa pequena gafe em forma de mangá, ele se recupera mostrando a maturidade do seu traço num roteiro sombrio e angustiante. Os Gabriel, ou melhor, Gabriel2 traz a história do jovem executivo Renato que está sofrendo assédio (ou stalker, se você prefere o estrangeirismo). Particularmente, eu quero ver mais dessa dupla. Estão bem entrosados, e são jovens.
              Lucky Guy é uma obra do Giovanni Kawano, e o cara é muito bom em criar obras que dramatizam o nosso cotidiano com perfeição. Lucas é um jovem de beleza adônica, mas sofre com a timidez, e não sabe se expressar muito bem. Resultado: muitas trapalhadas! Kawano tem um traço muito simpático. Os roteiros são leves e bem-humorados, o que nos leva a questionar se aquilo não já acontece conosco ou com nossos amigos.
              Inclinação para o mal­ foi desenvolvido pelo Erix Oliver. Nesse one-shot, a protagonista Leslie Lockendoor, conceituada romancista, se envolve num caso de assassinato na inauguração do Hotel Zorn. O mistério e sua resolução foi muito criativa, digna dos clássicos das histórias de detetive que rende homenagem. Porém, acho que o autor deveria ter criado uma situação para gerar mais dúvidas no leitor, e o momento ideal era a reunião na sala de recepção, fora isso, tudo está muito coeso. Outra coisa que me chamou atenção, a obra se passa no Brasil, mas porque trazer tantos elementos europeizados? Não é possível criar uma atmosfera para histórias de suspense policial se não remetermos ao estrangeiro? Os desenhos são geometrizados, remetendo aos shoujos, só que com traçado mais obscuro. A Leslie é bem gótica para mim, eu gosto desse visual.
              Jayson Santos nos traz seu one-shot Sociedade Zumbi. História anteriormente ganhadora de um concurso de quadrinhos, mostrou mais uma vez o talentoso traço do mesmo autor de Hooligan e Makai Mail (Conrad). A trama gira em torno do Gary, um zumbi que encontra uma humana ainda viva, a Seis. É uma história que traz uma mensagem fatalista, determinista e conformista. É uma tragédia em redenção nem catarse.
              CNC é uma obra do Waldenis Lopes, autor de Utopian. Outra história de detetive, mas com um teor mais mórbido, afinal, é um gag mangá sobre um crime. Entretanto, acho que esse one-shot tem alguns erros no roteiro. Por exemplo, porque que uma testemunha se trancou num cômodo no local do crime se ele poderia fugir? Porque não chamou a polícia? Inspetora de qualidade trabalha em que órgão regulador do governo? O crime e suas motivações tem sua lógica, mas a cadeia de eventos não o foi nada factível. O desenho em lembrou muito Luluzinha Teen, mais cartunesco, com contornos grossos com uso e abuso de retículas e texturas. O elemento yaoi passou em branco aqui, foi mais alívio cômico do que retratação de personagens LGBT+ na obra.
              Dreams é da mangaká Pammella Marins. A autora tem um dos melhores traços josei do nosso país. Apesar da beleza dos desenhos, a obra ficou aquém. O one-shot trata de um relacionamento lésbico entre uma jovem desenhistas e uma mãe solteira. Isso por si só já dava para explorar muitas coisas em um one-shot, mas a autora não soube aproveitar em nada a temática. Ela incluiu diversos recursos narrativos como flashback e saltos temporais (ou time skip, se preferir) que comprimiram a história, e a cada compressão, perdíamos um dos elementos de nosso interesse. Por exemplo: a protagonista, a Alexandria, é uma jovem desenhista, mas após passagem de tempo, qual a relevância disso para ela? Como um relacionamento com uma mulher mais velha e com uma filha poderia impactar numa relação? Como a projeção da imagem da mulher amada na afilhada da companheira de Alexandria iria provocar problemas na relação das duas? Porque incluiu um tema fantástico que não foi desenvolvido e nem teve relação com a trama? Para um spin-off de Anjo da guarda, a obra não funciona só, e nem complementa a trama original.
              Penúria prometia uma obra sarcástica e com um teor crítico, que suscitaria discussões, mas acabou fazendo o contrário. A Andressa Gohan nos trouxe uma quebra de paradigma visual: a protagonista é uma jovem amazona negra em pleno mundo medieval, e só, tudo acaba aí. Como a temática remetia ao “girl power”, segundo a autora, o objetivo era estabelecer uma crítica a sexualização das personagens femininas na ficção especulativa, porém, a história é anêmica demais para sustentar uma crítica tão grande. Há erro um problema na causalidade dos eventos, parecendo mais uma miscelânea de piadas metatextuais equivocas.
              Considero Maximillian Sheldon a pior história que já li de todo o estúdio. Sei que parece injusto com o traço simpático do Lucas Gesse e com o roteiro eficiente do Fábio Gesse. Eles traduziram a música da banda Ultraje a rigor para os quadrinhos. A ideia é genial, e eles contaram com a ajuda do Roger Moreira, vocalista da banda. Porém, como eu não curto mais a sonoridade da banda e acho a figura do Roger repugnante, eu detestei a história. Roger é um roqueiro reacionário, negacionista, bolsonarista, militarista, armamentista, antidemocrático, arrogante, egoísta, egotista, ególatra e que se acha o centro do universo etc. adjetivos que sozinhos já te fazem alguém muito insuportável, mas que juntos te fazem alguém ainda pior. Ele é tão inteligente que se filiou a um partido que não existe. Ariano Suassuna disse que um roqueiro é uma coisa decadente, mas decadente mesmo é um roqueiro a favor do sistema. Sem chance pra essa história irmãos Gesse, prefiro ler Crônicas de Etekion ou 4 elementos.
  • Império Scandinavo Ep1

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    Em uma época arcaica das Terras de Scandinavia onde a guerra e a ambição assolava-se entre membros de famílias guerreiras que a todo custo defendiam a honra e os interesses de sua família por meio da guerra e da espada.
    Entretanto no ano de 150 do Calendário Scandinavo nasce um jovem garoto chamado Tales Filho do Rei Raphah, desde sua infância se interessava mais por os livros que pela guerra, um de seus autores favoritos era Neo autor jovem que pregava um principio básico a União dos Povos Scandinavos E o Fim dessa Guerra Civil Que já se assolava essas terras a mais 50 anos  levando a devastação de centenas de famílias e destruição de 1/3 das terras, Neo também afirmava em suas Escrituras que se os povos Scandinavos não se unissem seriam totalmente devastados por um Império Organizado vindo de uma terra desconhecida que eram donos de um arsenal de armas e intelectualmente mais avançados e organizados uma estrutura formada não por famílias mais por legiões e um exército organizado embora dedicasse sua vida para escrever sobre isso Neo nunca foi ouvido e dado muita importância,10 anos antes do nascimento de Thales no ano de 140 do calendário Scandinavo morre Neo em uma batalha Lendária contra a família de Sebas,são muitas as histórias contadas sobre a morte de Neo alguns dizem que ele enfrentou mais de 10 adversários sozinho e ao final cercado quando sabia que ia morrer se jogou de uma cachoeira seu corpo nunca foi encontrado, as Histórias de Neo Encantavam Thales e sua mãe que também torcia para o fim da guerra pois nela havia perdido muitos parentes, a Organização Social se baseava em grandes famílias os homens ao chegar aos 18 anos eram obrigadores a treinar e irem pra guerra , o estudo filosófico e literário era somente ate os 12 anos a partir de ai somente treinavam para guerra e para sobrevivência, Thales por outro lado nunca se interessou pela guerra e ao chegar aos 12 anos se negava a lutar e participar dos treinamentos de sua família faltando muitas vezes para ler livros ou pensar sobre oque acontecia a sua volta, até que aos 18 anos Thales de Gate foi obrigado a ir para a guerra seu primeiro confronto seria com uma família vizinha que nunca foram grandes guerreiros somente haviam conseguido sobreviver e ganhar batalhas por suas estratégias e firmeza com as palavras de seu líder Emiliano de Balsa,Numericamente os guerreiros de gate tinham vantagem pois eram mais de 400 soldados de gate contra menos de 300 de Balsa Entretanto Emiliano e seu filho Máximo De Gate criaram uma estratégia que consistia em atacar o oponente com rapidez e em pontos estratégicos se dividiu os soldados em pequenos grupos de 30 soldados que usariam artefatos incendiários para atacar o celeiro onde ficava a Cavalaria de Gate, Usaram também seu Serviço de Inteligencia para descobrir onde ficava boa parte dos armamentos dos soldados de Gate, A noite quando os guerreiros de gate faziam suas orações e outros a descansar se nota um grande incêndio em seus celeiros e seus cavalos fugindo, e uma chuva de flechas começa  a cair sobre as tendas de gate ao ir a tenda principal buscar suas armas encontram um vazio,Sem Armas  e Cavalos só restava ao povo de gate se Render,Entre as baixas de Gate estava o rei Raphah pai de Thales, Thales embora vendo a morte de seu pai a aceitou sem mais palavras ele havia buscado esse destino declarando guerra e massacrando os povos da região , Thales Por seu gosto literário começa a se identificar com Máximo outro amante da Literatura,Filosofia e Estratégia, Com o passar dos anos Thales deixa de ser Escravo para a Condição de Braço Direito de Máximo, em meados dos anos 200 do calendário Scandinavo Morre seu Rei, Emiliano deixando como sucessor seu filho Máximo, como braço direito de máximo Thales Apresenta a Máximo as Ideias de Neo que foram aceitas por Máximo que aceitou libertar o povo de gate e transforma-los em cidadães livres , capazes de ingressar no exército ou exercer comércio depois dessa data é fundado o Império Scandinavo de Clãs Unidos I.S.C.U,
                                     1.1 FUNDADO O IMPÉRIO
                  I.S.C.U ganha a simpatia de muitos povos  devastados pelas guerras e construindo uma base sólida e todos os clãs que optavam por seguir com a guerra civil eram massacrados ante o poderio militar da aliança de I.S.C.U  que tinha neste momento mais de 20 clãs aliados num mesmo exército.
    por 80 anos I.S.C.U dominou as terras scandinava sem mais problemas com um forte poder militar  e união dos lideres este império se encontrava firme e unificado, entretanto nos anos 300 , As muralhas recém construidas deste império passam a ser atacadas por um Exército Polaco com uma Força e Quantidade Esmagadora as primeiras cidades a cairem foram Gate, Calle, e Arucci As ordas polacas se dirigiam a capital do Império Localizada em Balsa, Quando o rei Máximo,e Thales foram avisados Máximo por estar velho e sem condições de se dirigir ao campo envia Thales como comandante Oficial dos Clãs Unidos para deter a nova ameaça Thales Liderou um grupo de 10.000 soldados contra 30.000 Polacos  na Fronteira entre Gate e Balsa, Derrotando-os em uma Estrategia que ficou conhecida como "U" onde se organizava as tropas em forma de U deixando a frente do exército inimigo marchando sem ver os ataques que vinham por a retaguarda e lados comprimindo ainda mais a sua força as tropas Polacas sendo esmagadas não tinham como recuar pois sua retaguarda estava fechada eram obrigadas a seguir marchando  ao chegar aos portões de Balsa uma imensa quantidade de arqueiros esperavam nas grandes muralhas assim como Óleo e Fogo Choviam sobre as tropas Polacas que morriam da pior forma possível, depois de este dia Thales foi considerado um herói e 30 anos de paz foram instaurados em Scandinavia ate quando Máximo já velho foi assassinado por um capitão de sua guarda cujo nome foi desconhecido sem deixar filhos herdeiros , Thales assumiu o trono o qual pretendia manter unido seu povo, Entretanto um Homem morto aparece, Era Neo Fundando um Império Scandinavo Rebelde Contestando a Thales o dando como rei tirano a afirmativa de Neo era que não queria destruir a I.S.C.U somente depor thales que em sua opinião já era rei a muito tempo e que deveria ser criado um senado, muitos inimigos de Thales e Scandinavos Leigos encantados por a simpatia de Neo e suas escrituras desertaram ou desbandaram pra o grupo de Neo, Thales como um rei firme decide atacar a Neo com uma guarda de 5.000 soldados Neo conhecedor do terreno e mais experiente em guerras criou uma Nova Estrategia que Consistia em deixar boa parte do esquadrão visível com escudos  em forma de casco de tartaruga e quando atacados as tropas vinham por fora do cerco atacando assim a retaguarda inimiga as tropas de Thales não sabiam como sair dessa armadilha, foi um massacre. isso enfraqueceu a Relação de Thales e os antigos lideres de clãs unidos em seu ultimo esforço Thaless reuniu uma força de 40.000 homens e atacou ao Exército de Neo, que recuou de imediato, A atitude de thales foi vista como covardia por os nobres e cidadães de Scandinavia atacar com um numero 10 vezes maior de soldados tirando a parte que os soldados ali presentes atacavam e matavam a seus próprios familiares membros de seus antigos clãs que hoje eram rebeldes oque enfraqueceu ambas Organizações tanto os Rebeldes Quanto os I.S.C.U pra piorar a situação as tropas Polacas voltavam a invadir as províncias do Imperio com uma quantidade esmagadora de aliados de tribos Nórdicas uma delas Se chamava Vanaheim famosos por sua brutalidade e crueldade em combate, o Império e os Rebeldes começavam a se atrofiar assim como toda a organização os clãs voltavam a se dividir e entrar em guerra ao parecer aquele Sonho Havia Acabado...
  • Império Scandinavo Ep1

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    Em uma época arcaica das Terras de Scandinavia onde a guerra e a ambição assolava-se entre membros de famílias guerreiras que a todo custo defendiam a honra e os interesses de sua família por meio da guerra e da espada.
    Entretanto no ano de 150 do Calendário Scandinavo nasce um jovem garoto chamado Tales Filho do Rei Raphah, desde sua infância se interessava mais por os livros que pela guerra, um de seus autores favoritos era Neo autor jovem que pregava um principio básico a União dos Povos Scandinavos E o Fim dessa Guerra Civil Que já se assolava essas terras a mais 50 anos  levando a devastação de centenas de famílias e destruição de 1/3 das terras, Neo também afirmava em suas Escrituras que se os povos Scandinavos não se unissem seriam totalmente devastados por um Império Organizado vindo de uma terra desconhecida que eram donos de um arsenal de armas e intelectualmente mais avançados e organizados uma estrutura formada não por famílias mais por legiões e um exército organizado embora dedicasse sua vida para escrever sobre isso Neo nunca foi ouvido e dado muita importância,10 anos antes do nascimento de Thales no ano de 140 do calendário Scandinavo morre Neo em uma batalha Lendária contra a família de Sebas,são muitas as histórias contadas sobre a morte de Neo alguns dizem que ele enfrentou mais de 10 adversários sozinho e ao final cercado quando sabia que ia morrer se jogou de uma cachoeira seu corpo nunca foi encontrado, as Histórias de Neo Encantavam Thales e sua mãe que também torcia para o fim da guerra pois nela havia perdido muitos parentes, a Organização Social se baseava em grandes famílias os homens ao chegar aos 18 anos eram obrigadores a treinar e irem pra guerra , o estudo filosófico e literário era somente ate os 12 anos a partir de ai somente treinavam para guerra e para sobrevivência, Thales por outro lado nunca se interessou pela guerra e ao chegar aos 12 anos se negava a lutar e participar dos treinamentos de sua família faltando muitas vezes para ler livros ou pensar sobre oque acontecia a sua volta, até que aos 18 anos Thales de Gate foi obrigado a ir para a guerra seu primeiro confronto seria com uma família vizinha que nunca foram grandes guerreiros somente haviam conseguido sobreviver e ganhar batalhas por suas estratégias e firmeza com as palavras de seu líder Emiliano de Balsa,Numericamente os guerreiros de gate tinham vantagem pois eram mais de 400 soldados de gate contra menos de 300 de Balsa Entretanto Emiliano e seu filho Máximo De Gate criaram uma estratégia que consistia em atacar o oponente com rapidez e em pontos estratégicos se dividiu os soldados em pequenos grupos de 30 soldados que usariam artefatos incendiários para atacar o celeiro onde ficava a Cavalaria de Gate, Usaram também seu Serviço de Inteligencia para descobrir onde ficava boa parte dos armamentos dos soldados de Gate, A noite quando os guerreiros de gate faziam suas orações e outros a descansar se nota um grande incêndio em seus celeiros e seus cavalos fugindo, e uma chuva de flechas começa  a cair sobre as tendas de gate ao ir a tenda principal buscar suas armas encontram um vazio,Sem Armas  e Cavalos só restava ao povo de gate se Render,Entre as baixas de Gate estava o rei Raphah pai de Thales, Thales embora vendo a morte de seu pai a aceitou sem mais palavras ele havia buscado esse destino declarando guerra e massacrando os povos da região , Thales Por seu gosto literário começa a se identificar com Máximo outro amante da Literatura,Filosofia e Estratégia, Com o passar dos anos Thales deixa de ser Escravo para a Condição de Braço Direito de Máximo, em meados dos anos 200 do calendário Scandinavo Morre seu Rei, Emiliano deixando como sucessor seu filho Máximo, como braço direito de máximo Thales Apresenta a Máximo as Ideias de Neo que foram aceitas por Máximo que aceitou libertar o povo de gate e transforma-los em cidadães livres , capazes de ingressar no exército ou exercer comércio depois dessa data é fundado o Império Scandinavo de Clãs Unidos I.S.C.U,
                                     1.1 FUNDADO O IMPÉRIO
                  I.S.C.U ganha a simpatia de muitos povos  devastados pelas guerras e construindo uma base sólida e todos os clãs que optavam por seguir com a guerra civil eram massacrados ante o poderio militar da aliança de I.S.C.U  que tinha neste momento mais de 20 clãs aliados num mesmo exército.
    por 80 anos I.S.C.U dominou as terras scandinava sem mais problemas com um forte poder militar  e união dos lideres este império se encontrava firme e unificado, entretanto nos anos 300 , As muralhas recém construidas deste império passam a ser atacadas por um Exército Polaco com uma Força e Quantidade Esmagadora as primeiras cidades a cairem foram Gate, Calle, e Arucci As ordas polacas se dirigiam a capital do Império Localizada em Balsa, Quando o rei Máximo,e Thales foram avisados Máximo por estar velho e sem condições de se dirigir ao campo envia Thales como comandante Oficial dos Clãs Unidos para deter a nova ameaça Thales Liderou um grupo de 10.000 soldados contra 30.000 Polacos  na Fronteira entre Gate e Balsa, Derrotando-os em uma Estrategia que ficou conhecida como "U" onde se organizava as tropas em forma de U deixando a frente do exército inimigo marchando sem ver os ataques que vinham por a retaguarda e lados comprimindo ainda mais a sua força as tropas Polacas sendo esmagadas não tinham como recuar pois sua retaguarda estava fechada eram obrigadas a seguir marchando  ao chegar aos portões de Balsa uma imensa quantidade de arqueiros esperavam nas grandes muralhas assim como Óleo e Fogo Choviam sobre as tropas Polacas que morriam da pior forma possível, depois de este dia Thales foi considerado um herói e 30 anos de paz foram instaurados em Scandinavia ate quando Máximo já velho foi assassinado por um capitão de sua guarda cujo nome foi desconhecido sem deixar filhos herdeiros , Thales assumiu o trono o qual pretendia manter unido seu povo, Entretanto um Homem morto aparece, Era Neo Fundando um Império Scandinavo Rebelde Contestando a Thales o dando como rei tirano a afirmativa de Neo era que não queria destruir a I.S.C.U somente depor thales que em sua opinião já era rei a muito tempo e que deveria ser criado um senado, muitos inimigos de Thales e Scandinavos Leigos encantados por a simpatia de Neo e suas escrituras desertaram ou desbandaram pra o grupo de Neo, Thales como um rei firme decide atacar a Neo com uma guarda de 5.000 soldados Neo conhecedor do terreno e mais experiente em guerras criou uma Nova Estrategia que Consistia em deixar boa parte do esquadrão visível com escudos  em forma de casco de tartaruga e quando atacados as tropas vinham por fora do cerco atacando assim a retaguarda inimiga as tropas de Thales não sabiam como sair dessa armadilha, foi um massacre. isso enfraqueceu a Relação de Thales e os antigos lideres de clãs unidos em seu ultimo esforço Thaless reuniu uma força de 40.000 homens e atacou ao Exército de Neo, que recuou de imediato, A atitude de thales foi vista como covardia por os nobres e cidadães de Scandinavia atacar com um numero 10 vezes maior de soldados tirando a parte que os soldados ali presentes atacavam e matavam a seus próprios familiares membros de seus antigos clãs que hoje eram rebeldes oque enfraqueceu ambas Organizações tanto os Rebeldes Quanto os I.S.C.U pra piorar a situação as tropas Polacas voltavam a invadir as províncias do Imperio com uma quantidade esmagadora de aliados de tribos Nórdicas uma delas Se chamava Vanaheim famosos por sua brutalidade e crueldade em combate, o Império e os Rebeldes começavam a se atrofiar assim como toda a organização os clãs voltavam a se dividir e entrar em guerra ao parecer aquele Sonho Havia Acabado...
  • Inferno encomendado para um vampiro

    fogo. Reclusão. E um monte de absurdo.
    Ela me devorava. Ela me torturava. Eu era fantasmagórico para uma viva de pele infernal.
    Na noite, um dia, a levei para o meu quarto às escuras.
    Ela era abruptamente e vividamente loura, vivia nos Infernos.
    Não a comi porque, vindo das Trevas, só amava o frio e os anjos da Morte. Mas, uma moça tão bonita se misturou comigo na minha clausura. Eu dei um fim demônios! Ela se transformou em Belzebu.
    Graças aos meus santos, uma gota de sangue pendeu dos meus lábios e então, ela já não estava mais na minha loucura desarvorada era tudo um questão de tempo para esquecer o que ela arrancou de mim, o coração, vampiro, eu já estava sem alma e sem espelho na imensidão das noite.
  • Lançado a 1ª Edição da Revista Prosaika

    É com imenso prazer que já baixei a 1ª edição da Revista Prosaika – Espada & Feitiçaria. Lançada em maio de 2022, a revista em formato digital reúne a nata dos escritores nacionais e ilustradores do fantástico. Conta ainda com artigos e matérias voltadas para um dos subgêneros de ficção fantástica mais lidos no mundo. A obra foi editada por Bruno M. Garcia e Mateus Braga, arte da capa ficou por Victor Maristane.
    A obra foi disponibilizada gratuitamente em formato PDF e e-pub. São cerca de oito artigos sobre diversos temas relacionados a espada & feitiçaria, produzidas por escritores e pesquisadores do fantástico. Para os que gostam de ficção, são nove contos sobre o tema da edição. A revista é recheada de ilustrações, um deleite para os olhos, nessa galeria, vários talentosos ilustradores nacionais podem ser conhecidos.
    Seja você produtor de conteúdo, editor, escritor, pesquisador da literatura fantástico ou um simples fã como eu, a leitura dessa e das próximas edições da Revista Prosaika é recomendada! Baixe a revista, leia, compartilhe e comente lá no site da Prosaika. A revista pode ser baixada aqui:
    Link: https://linktr.ee/revistaprosaika
  • LOBO

    A fera que há em mim despertou
    Sob o eclipse, quando a lua tampou o sol
    Mas ainda era dia
    Era a lua negra em pleno dia

    Lobo me transformei
    E minha família, eu matei
    Sem dó nem piedade
    Fugitivo me tornei

    Agora me transformo
    Sob toda lua cheia
    Cheia de sombras, cheia de trevas,
    Cheia de banquetes e banhos de sangue

    Devoro a raça mais impura.
    Humanos, infelizes criaturas.
    A prata pra mim não é problema
    Pelo contrário, uso objetos de prata como emblema

    Se quiser me matar, encontre comigo em uma praça serena.
    E vejamos quem se dá melhor, sem nenhum problema.
  • Morte

    Após diversas tentativas de acertar seu adversário com golpes de todas as suas espadas, de nada adiantou. Seus membros estavam estafados. Sua respiração, pesada. O calor da batalha, o sangue fervente. Estava feliz. Afinal, nada lhe trazia mais felicidade do que lutar contra alguém difícil de vencer. Mas agora parecia que o desfecho seria diferente. Nenhuma tentativa logrou êxito, nenhum aço encontrou carne, e agora o tinha perdido de vista. Certamente seu irmão estava às suas costas, pronto a lhe desferir o ultimo golpe. O herói estava pronto para isso. 
    O herói abre suas mãos. Suas espadas caem ao chão com um tênue som de aço encontrando o solo. Sentiu uma pancada no meio das costas e viu a ponta de uma espada escarlate saltar por seu peito. Então o paladino sussurra em seu ouvido aquelas ultimas palavras. "Tem que ser você a descer. Tem que ser eu a subir." 
    Não doía. O sangue quente ainda pulsava por suas têmporas, o suor emanava sob forma de vapor em todo o torso e braços. A unica coisa que sentia era liberdade. Sentia um líquido quente e grosso descer por seu abdome, que certamente era seu sangue. Seus dedos começaram a formigar. Um forte odor de ferro subia por suas narinas. Não tinha mais volta. 
    Olhou para frente, logo abaixo, onde estavam seus companheiros, completamente aterrorizados com o que estava acontecendo. Avistou sua pequena aprendiz, que chorava incrédula e soluçava, e sorriu para ela. Nunca havia lhe demonstrado afeição. Era injusto. No fim do fim, apenas se sentia obrigado a isso: confortá-la. 
    Dizem que sua vida toda passa diante de seus olhos quando está morrendo. Isso não era verdade. O que se passava em sua mente eram apenas perguntas que se fazia sobre seus deveres. Havia cumprido tudo o que deveria? Ao mesmo tempo, não importava mais. O que foi feito já foi. O que não foi feito já passou da hora. Após ter matado tantos inimigos, percebeu que não haviam inocentes entre eles e que, por incrível que pareça, se preocupava muito mais com os vivos que certamente viriam a morrer com sua falta. 
    Agora seus membros estavam dormentes. O herói já estava de joelhos, prestes a cair de peito no chão. Seus amigos vinham a seu encontro correndo. Não avistava mais o paladino, que provavelmente já se evadiu dalí. Sua vista estava se embassando. Caiu pesadamente no chão, mas sua cabeça foi amortecida. Era o colo de Maria, que o virou para cima. Ela chorava muito, uma cena de fazer dó. Os demais passaram disparados, provavelmente buscando perseguir seu irmão. Seu corpo começou a se esfriar, e nesse momento uma dor forte e cada vez mais aguda percorria seu tórax. O gosto de sangue na boca era o ultimo sinal. Era o fim.
    Deixava para trás sua sucessora. Maria não estava preparada, haja visto o descontrole que demonstrava naquele momento. Mas isso acabaria lhe servindo como parte da preparação. Até mesmo nisso ele já havia pensado. Seus pensamentos começavam a se embaralhar. Logo faria a passagem, mas ainda tentava se lembrar de uma ultima coisa que precisava dizer a ela. Ela ajudou, fazendo a pergunta certa.
    - O senhor tinha me dito que o sacrifício era o sentido, mas disse pra eu nunca sacrificar minha própria vida. Por que se sacrificou?
    Estava feliz com a pergunta. Essa lição quase passou batido pelos anos de treinamento e ensinamentos. Em seu ultimo suspiro, juntou forças para dizer suas ultimas palavras.
    - Um homem deve cumprir o seu dever. Um homem deve se sacrificar. 
    Uma bela garota aos prantos, olhos com íris vermelhas e um céu azul sem nuvens. 
  • MYSTICA STATERA por Lux Burnns O tomo para iniciantes

    Sumário
     Agradecimentos..........................3
     Introdução......4
     Capítulo 1- O nascer e o torna-se.....5
     Capítulo 2-Realizando a magia.......12
     Capítulo 3- A magia é vida, mas não é um ser 
    vivo....20
     Capítulo 4- O mundo sem o véu..........26
     Capítulo 5- O fanatismo, o grande o veneno mágicko......33
     Capítulo 6 - A verdade liberta, mas é dolorosa....39
     Capítulo 7 - DIY mágicko.............47
     Capítulo 8 - A bruxa que vive entre os santos e os pecadores............ 54
     Capítulo 9 – Os Deuses, e o Fim da farsa da Realidade Dualística...... 59
     

     
     
    Agradecimentos
    Minha gratidão é voltada para o meu companheiro Soul, que me apoiou desde o início desta caminhada, me ajudando a melhorar ainda mais como ocultista, e jamais desistir das minhas convicções, mesmo quando o mundo inteiro, parecia discordar das mesmas. Também deixo minhas graças aos meus amigos: Lua Negra, Srtoa Gamab, Milliato, Rivendell, Srta Rabbith, Mandy, Tha, a Witch born on fire, e Isa, que me ajudaram a perceber quê este tomo poderia ser útil as próximas gerações. Por fim reconheço também o auxílio de minha mãe Silvana, que apesar dos pequenos atritos pelas crenças diferentes, sempre acreditou em mim e nos meus ideais. Obrigado a todos vocês, que me deram ânimo para chegar até aqui, e terminar este projeto. Não sei o quê me aguarda depois disso, mas certamente é um feito e tanto, e me orgulho por plantar esta semente, que vocês com carinho e paciência regaram.
     

    Introdução 
    É válido mencionar, que jamais tive a intenção de escrever um livro voltado para o aprendizado dos demais. Afinal há muitos autores, infinitamente melhores do quê uma velha bruxa, em um corpo não tão jovem. 
    Mas devido ao grande número de desinformados, que se acham conhecedores do mistério, e tudo o quê mesmo representa, vejo que é hora de assumir o meu manto de ocultista outra vez, e trazer-lhes algumas verdades nada convenientes. 
    Não estou aqui para lhes ensinar fórmulas, que vão mudar as suas vidas num estalar de dedos. Muito menos sobre como devem adorar seus deuses, ou o quê é o certo e o errado. Não sou uma bússola moral para tomar tal partido, apenas viajo de mundo em mundo, para libertar aqueles que aceitam o preço da liberdade. A ignorância pode ser uma benção, mas é a coragem que determina quem tem a chave do tudo. O inimigo é astuto, logo devemos ser justos, mas isto não significa dissociar, e se abster, e sim que devemos está preparados. Você pode não compreender estas palavras no momento, mas logo entenderá o quê cada frase significa.
     Se escolheu decifrar este livro, é porquê ouviu o chamado, mas não estou falando dos filhos do sol, e sim de algo mais amplo e intrigante.
    Há memórias de um mundo que querem te fazer acreditar que não existe. Há poderes que um ou nenhum dos seus parentes consegue explicar. Há mistérios em teu íntimo, que quer desvendar.
    As respostas estão presentes aqui, mas está pronto para ouvir o quê a primeira causa tem a dizer? Não será um caminho fácil, por isso é necessário que esteja pronto para esta jornada, que saiba no mínimo o quê é a espada e o escudo, e como usá-los. Do contrário será devorado pelos teus demônios, antes mesmo de ouvir a palavra da força geradora.
    Eu sei, parece o roteiro de algum filme de ficção científica bizarro, porém tudo o quê for mencionado aqui, será focado na minha experiência real como bruxa, e no aprendizado que isto me trouxe no decorrer do tempo. Está preparado? Então vire a página, pois a aventura o aguarda jovem peregrino.
    Capítulo 1
    O Nascer e o Tornar-se 
    Vivemos numa sociedade cheia de liberdade, que acredita bastante no ideal de igualdade, e que todos podem entrar no mundo da magia, sem discriminações de espécie. 
    Não estou aqui para me impor sobre tal coisa, porém acredito -e é o quê devia ser ensinado- que há aqueles que nascem com a predisposição para a magia, e os que infelizmente, não foram agraciados pelas divindades.
    Isso faz com que estes sejam mais fracos? Não. Eles devem ser escorraçados, e friamente criticados ? Também não. Apenas devem ter consciência de quê a sua busca, certamente será mais trabalhosa e longa – ou não se souber usar os meios certos, mas não vem ao caso – Por isso jamais devem se comparar aos que possuem habilidades naturais, pois tal atitude culmina em desencontro com o propósito inicial, de descobrir-se neste caminho.
    Não pense em nenhum momento, que o fato de ser somente humano te faz inferior, isso não significa muita coisa, quando você sabe que há meios de melhorar as suas habilidades.
    Já os predispostos, deveriam entender que o fato de terem recebido dons da natureza, não os faz automaticamente deuses, apenas lhes dá alguma vantagem em relação aos outros. Mas uma vantagem, não significa uma vitória garantida, portanto devem estudar e se preparar, tanto quanto os que não foram agraciados, para superar suas limitações, que sim existem.
    Não importa o quê são capazes de fazer - se levitam, se incendeiam, se preveem, manifestam, projetam, e tudo mais-  isto não os faz bruxos, apenas são detentores de habilidades especiais. Tanto o filho de um deus, quanto o filho do homem, precisam de treinamento, e conhecimento, para poder serem dignos de tal alcunha.
     
    É nos ensinado desde o começo, que precisamos andar em grupos, para poder obter o grau de bruxo, mago, ou feiticeiro. A sociedade mágica insiste em seguir essa premissa, mesmo nos tempos atuais, e isso atrasa bastante a vida de um novato.
    Grupos, como: Ordens e Covens, Podem até servir para ajudar no entendimento de certos assuntos, mas a realidade é que se queres realmente o poder, não deve seguir com ninguém mais, além de ti mesmo.
    Afinal de contas, o ocultismo no fim é apenas uma forma de encontrar-se, e não é no meio da multidão, com suas ideias diversificadas, que conseguirá te achar, no máximo ficará ainda mais confuso e perdido.
    Você se encontrará apenas quando não houver ninguém por perto, quando estiver sozinho num quarto escuro ou claro, questionando-se sobre o quê é, como, e o porquê das coisas.
    Por isso não acredite em líderes, que fazem questão de impor que precisa deles, acredite em ti mesmo, e naquilo que vai de acordo com a tua personalidade, e o quê tu consideras certo ou errado.
    E este tópico nos leva a outra questão. A magia tem se tornado um grande alvo do entretenimento. Para onde olhar  há “bruxos” ou “seres místicos”. O quê é uma coisa boa, mas somente para a diversão, pois tudo o quê se encontra nos filmes, seriados, desenhos e afins, são apenas fragmentos de textos ocultistas, e qualquer um de bom senso sabe, que não dá para entender o texto com apenas um verso, pois o mesmo pode servir para expressar diversas possibilidades, e se apenas escolher ler tal parte, jamais entenderá o contexto para que foi criado, por isso não use tais meios para aprender sobre o caminho. 
    A verdadeira magia, influencia o ambiente, mas o ambiente não influencia a magia. Logo uma obra midiática pode ser inspirada em algo oculto, só o quê o oculto, não pode advim de uma obra midiática, do contrário todo o entendimento se perde, e em vez de formar a sua inteligência divina, apenas a degrada e a transforma em loucura vã.
    Um bruxo de verdade- homem ou ser mágico- Sabe disto por instinto próprio. Entretanto com tantos jovens adotando posturas erradas, por conta do quê assistiram, é sempre bom frisar tal fato.
    Como disse antes são verdades inconvenientes, por isso não espere que eu vá apoiar uma conduta tão inapropriada para o ocultista.
    Queres ser um bruxo? Então leia, pesquise, estude, questione-se, e faça-se um. 
    Não espere que apenas porquê mudou o caminho, e deixou de seguir com as ovelhas, tudo será mais fácil. Verdade seja dita, se quer conforto, e evitar desafios que podem te fazer desmoronar, seu lugar não é aqui. Não importa se tem o sangue, sem essência jamais conseguirá sair do lugar.
    A magia não é um caminho simples, nunca foi. Apenas os que se encantam por sua versão comercializada de luzes e pó brilhante, acreditam nesta falácia.
    O agraciado deve aprender a controlar seus dons, para não ferir os que não merecem receber tal castigo, e o humano deve procurar meios, de melhorar seu espírito, ou DNA cósmico, para garantir que conseguirá manifestar alguma habilidade.
    Só que ambos precisam passar pelo mesmo processo árduo e cansativo. O agraciado, que nasceu com poderes sobrenaturais, precisa torna-se aquele que tem controle de si, e o humano que tem o controle da sua mente, precisa destruir todas as barreiras impostas, para então nascer como um ser sobrenatural.
    Ambos são como a metade um do outro, mas precisam focar em suas limitações, pois o primeiro poderá sofrer consequências desagradáveis, e o segundo precisa achar meios, de fazer-se tão forte quanto o outro, mas no fim os dois se encontram no mesmo patamar, por isso seus caminhos, ou o quê são , não interessa.
    É dito que para ser um bruxo, é necessário uma iniciação, canalizada por sacerdotes e sacerdotisas, que receberam o chamado dos deuses, e toda aquela parafernália, que estamos cansados de ouvir.
    A iniciação é um processo necessário sim, mas não precisa vim das mãos de alguém que diz ter sido “tocado” pelos deuses. 
    Haverão aqueles que certamente discordarão de mim, pois são tão tradicionalistas quanto os cristãos ortodoxos, contudo esta é uma verdade inegável.
    Não estou dando pontos a favor de rituais de meia tigela, encontrados na vasta rede, que fique claro. Apenas acho justo mencionar, que tais postos – sacerdotes- não torna os homens e as mulheres detentores da verdade, pois para aqueles que podem ver, a mesma   é revelada dia após dia, fora dos templos “sagrados”. 
    Aliás creio que o grande segredo, é apenas um pedaço de papel vazio, que nada diz, pois o axioma está no vento, na água, na terra e no fogo, não nas palavras ditas por um mestre.
    Você é o quê acredita ser, não o quê os outros impõem sobre ti.
    A iniciação nada mais é que um processo psicológico, no qual você condiciona o teu cérebro, para se abrir a possibilidades, que por anos foram lhes ensinadas como impossíveis.
    É importante pois o poder, embora se manifeste em nossos genes, vem da mente. 
    É um fato científico, pois por mais que muitos duvidem, a magia é sim ciência, pois pode ser estudada, verificada e comprovada.
    Os neurônios são responsáveis por tudo o quê fazemos, seja bom ou ruim. Assim se você acredita firmemente, que ao chegar do outro lado de uma rua, vai acabar caindo, esses impulsos químicos captam a mensagem, e fazem com quê sofra o acidente, porquê os manipulou para isso.
    Este é um caso simples, mas há situações ainda mais “inexplicáveis”, nas quais as pessoas sofrem de males mentais, que podem provocar sintomas físicos, mesmo que não haja aparentemente nada para causar dor, são as chamadas doenças psicossomáticas.
    É por isso que um bom bruxo, precisa ter um ótimo preparo mental, ou a sua magia não obterá resultados.
    Não adianta nada você nascer com a predisposição, ou procurar pela essência sem acreditar nelas, pois em ambos os casos, não conseguirá despertar suas verdadeiras habilidades.
    Já viu que pode levitar, ou incendiar as coisas por exemplo, só que na hora de provar os teus poderes, há um bloqueio.
    Sozinho chega ao teto, queima a toalha da mesa. No entanto na presença de amigos, é visto como louco, pois seus pés não saem do chão, ou acreditam que usou o isqueiro, para forjar provas.
    Isso te faz achar que enlouqueceu, que os outros estão certos, e que é melhor evitar as suas “habilidades imaginárias”. Não é?
    Esse certamente é o caminho mais fácil, mas como disse antes o caminho é difícil, não adianta fugir no primeiro obstáculo.
    Esta é apenas a prova, de quê precisa tornar-se aquele que controla a si mesmo, para poder provar aos outros, do quê realmente é capaz.
    É a evidência de quê a predisposição, não é o suficiente, se em nada acredita – Principalmente se duvida de si.
    Já no caso dos humanos, a situação é um pouco diferente, pois este ainda não manifesta nada, mas precisa se desamarrar das correntes de concreto da sociedade, na qual foi inserido.
    De outra maneira, achará apenas os que lhe oferecem um lugar, servindo aos deuses, mas jamais um acento do lado dos mesmos.
    O ser humano, está acostumado a ter tudo nas mãos, e a seguir sempre aquilo que o torna o maior dos maiores, e é isso que tem que acabar.
    Há uma hierarquia no mundo mágicko, que deve ser respeitada. Só que o fato de hoje ser apenas homem, não implica que amanhã também será, então é preciso que aprenda a aceitar as suas limitações, e a conhecer melhor as possibilidades.
    Seu mundo é pessimista demais, ou exacerbadamente otimista, você não tem equilíbrio, vive mergulhado em caos, engolindo os ideais daqueles que supostamente estão acima de ti, sem nunca levantar a voz.
    É preciso que entenda que você tem sim voz, que o quê sente importa, que há muito mais do quê somente um planeta abrigando a vida, e -comprovado por Galileu Galilei- A Terra não é o centro do Universo.
    Desse modo, quase tudo o quê lhe ensinaram até o momento, pode ser mentira, ou uma verdade mergulhada em mentiras, ou seja há fatos que são claramente falsos, e outros embora pareçam como tais, são verdadeiros.
    É preciso que entendam suas limitações, ou a magia nunca funcionará.
    A iniciação além de expandir a sua mente e elevá-la, é também o  desenvolvimento de uma conexão mental do seu eu e o cosmos, e por isso deve ser considerada “sagrada.” 
    Assim sendo quando for realizá-la, não vá procurar por “receitas de bolo” prontas, como se houvesse alguma nova bruxa, que fosse a Ana Maria Braga da Magia, pois não há - se houvesse todos teriam poderes e entendimento, e não é o que acontece.
    Somos todos mestres e aprendizes de nós mesmos, mas devemos sempre procurar sermos a melhor versão. - É importante frisar, porquê se tu é o teu mestre, logo irá crer que pode fazer o quê quiser, como se ser um mestre, significasse que é Deus, e pode mandar e desmandar. Mas não é bem assim.
    Ser o teu próprio mestre, significa melhorar-se nos aspectos necessários. Crescer, e desenvolver-se, para alcançar os teus objetivos, não interessa se são bons ou ruins, pois bem e mal é relativo -O quê é bom para mim, pode não servir para ti.
    A iniciação, mesmo que realizada por tuas mãos, ainda é um ritual, e por isso dependendo do Deus que escolher seguir, deve respeitá-la como tal.
    Se queres obter sucesso e expandir teus pensamentos, é preciso que ouça a tua voz interior. Mas esta voz não nasce do nada, ela não é uma ideia absurda que lhe vem ao pensamento, e tu executas, isso se chama criatividade, não o chamado interno.
    Para realizar uma iniciação de sucesso, é necessário, que conheça os cultos anteriores dedicados ao Deus com o qual escolheu aprender. É uma forma de honrá-lo, e a ti mesmo também, para quê não passe vergonha entre os outros ocultistas, e consiga calar a boca dos iniciados.
    Eu escolhi aprender com Satã, logo me utilizei de velas negras,  símbolos profanos, e materiais de corte, para realizar a minha auto-iniciação.
    Sou uma predisposta, nasci numa família, que embora hoje sirva a Yaweh sob a luz, um dia serviram ao seu lado negro, conhecido como Adonai.
    Por isso consegui aprender muita coisa, sem a interferência de mestres e iniciados. Já tive a oportunidade de andar com grupos. Mas os “mestres” que apareceram em meu caminho, mais me atrasavam, do quê me ajudavam a entender a minha verdade.
    Entendo muitos conceitos místicos, por intermédio dos deuses do abismo. Eles me ensinaram a ser mais forte, e me indicaram o quê procurar, para achar as respostas, por isso sou muito grata a eles, e defendo minha versão da veras mística. (Ou verdade mística)
    É significativo mencionar que os deuses, embora nos guiem pelo caminho, eles jamais podem andar por nós, sendo assim não espere que o Deus escolhido, te entregue todo o material, que precisa para alcançar o teu objetivo, eles te darão a chave, mas a porta quem procura é você.
    Outra coisa, se teus caminhos se abrem com facilidade, há apenas duas explicações: O teu papel é pequeno, logo suas limitações são fáceis de superar, ou já sofreu o suficiente, para entender como alcançar aquilo que mais deseja.
    Após passar pela iniciação, e receber sinais – isso mesmo sinais, e não sinal- de quê o Deus escolhido te acolheu entre os seus, você agora vai definir como deve estudar, e mensurar o teu aprendizado, por isso precisará de um caderno, e uma caneta, para registrar, cada coisa incomum que te ocorreu, com data, hora, condições mentais, respostas plausíveis, e tudo o quê for necessário, para provar que teu relato é verídico.
    Se é um predisposto, poderá medir a melhora do controle de teus dons, se é o primeiro da tua linhagem, poderá transmitir isso para o próximo que colocar o manto, que certamente vai aparecer, podendo ser um filho seu, ou algum outro parente.
    Coisas incomuns vão acontecer, é inevitável, faz parte da jornada. Como lidarão com elas, é que vai definir se são ou não bruxos, magos, ou feiticeiros de verdade.
    Ou acreditaram mesmo que bastava um ritual, para se tornarem algo?
    Não, não é tão simples. Se fosse, se chamaria cristianismo, e não paganismo.


    Capitulo 2 – Realizando a magia

    Poderia encher as páginas com vários sistemas mágickos, como: Herméticos,  Satânicos, Caoístas, Streghes, Célticos, Gregos, Egípcios etc. Alguns conheço a fundo, outros apenas de maneira superficial, mas não o farei. 

    Se queres conhecer cada um deles, sugiro que faça uma pesquisa, extensa e detalhada, para entender o conceito apresentado, por estas filosofias de maneira profunda.

    Como disse antes não estou aqui para ensiná-los, como adorar os seus deuses, até porquê o ato de “adoração”, é algo que me dá nó estômago, mas vai de cada um.

    Então você escolhe com o quê quer trabalhar, minha função é apenas te ensinar, a realizar o ato mágicko. (Note que há um k extra, é proposital, para separar magia de ilusionismo, e foi proposto por um famoso ocultista.) 

    Primeiramente lembre-se sempre: O poder vem da mente, e com a linguagem certa pode programá-la. Sendo assim os resultados mágickos (como respostas, questões, ou atos) são genuínos, mas o processo para se realizar o ato, pode ser provocado pela mídia. 

    Não estou me contradizendo, a magia sempre influencia, mas a mídia não deve fazê-lo, pois faz do entendedor um tolo. No entanto, se souber usá-la, pode ser bastante benéfica, na hora de preparar a sua mente, para desbravar a Terra Oculta e suas maravilhas.

    Você Não deve aceitar a verdade escrita no roteiro, pois é uma meia verdade, e toda meia verdade é uma mentira.

    Todavia se for esperto o suficiente, fará bom uso de tais artifícios, e em vez de acabar mergulhado nas trevas da insanidade, será um exímio ocultista.

    O tolo irá ouvir a música milhares de vezes, e se deixará ser controlado por ela, tornando-se mais dos zumbis da cultura popular. O astuto utilizará a mesma música, para domar a si mesmo, pois tem conhecimento dos seus efeitos e que a própria serve para controlar a mente, por isso sabe como programar a canção, para atingir o seu objetivo.

    O ingênuo assistirá um filme, e criará diversas histórias em sua mente, acreditando que aquela é a sua realidade, sem de fato ser. O desperto verá na mesma obra, aspectos que condizem com a sua jornada, e os quê também contradizem seu aprendizado. – A magia estará presente ali mas o verdadeiro ocultista, saberá sobre o quê se trata o seu contexto.

    O hipócrita utilizará lendas urbanas, para validar as suas experiências “mágicas”, e recuará quando for abordado. O consciencioso saberá que a verdade sobre as lendas urbanas, é tão pequena que passa despercebida, por isso fará o possível para detalhar o seu relato, de maneira que coincida com o quê tal criatura realmente é, pois tem o entendimento de quê lendas nascem da má interpretação dos povos sobre determinados seres. Lobisomens por exemplo podem ser criaturas provindas de Sirius B, Vampiros podem ser membros da constelação de Alfa Draconis, e por aí vai.

    A voz do coletivo precisa ser ignorada, até que se faça necessário ouvi-la, ou seja o conhecimento empírico tem de ser esquecido, até que haja uma explicação científica para o mesmo, ou uma forma de validá-lo de maneira, que não seja uma experiência pessoal.

    Encontrar-se a si mesmo é importante, contudo depois de achar-se, deve focar-se em descobrir se realmente é o quê acredita ser, pois é a mente é uma caixinha de surpresas.

    No mundo em que vivemos, o ceticismo doentio é louvado, por isso devemos dançar de acordo com a música, para poder criarmos nossos passos. Isto é necessitamos abraçar o conhecimento concreto, antes de realizar a magia. Porquê embora o espírito preceda ao corpo, a mente funciona como nossa alma, e quando a mesma é atingida, nossos resultados mágickos podem falhar.

    Não adianta tentar empregar a magia pela magia, numa sociedade que te obriga a ter respostas para tudo. 

    Foi-se o tempo que não havia explicações para os fatos naturais, e bastava curva-se para os deuses para conseguir as suas graças.

    Não é mais a Era de Ouro, os Deuses não estão mais entre nós, eles abandonaram este planeta há muitos anos, e até os seus filhos estão por conta, por isso conectar-se com os mesmos não é tão simples.

    É imprescindível que o predisposto tenha consciência disto, pois muitos filhos dos deuses, acreditam do fundo de seus corações, que nossos pais cuidam de nós, por 24 horas, como se fossem como os humanos que nos acolheram em suas casas, mas a realidade é outra.

    É, eu lamento, lamento de verdade. Mas os deuses tem seus próprios afazeres, e embora nos visitem algumas vezes, deixando rastros incontestáveis de sua presença, eles não ficam ao nosso lado todo o tempo.

    Novamente estou ciente de quê muitos tentarão me “apedrejar” por isso. Só que como disse antes, as verdades são inconvenientes, e trago a liberdade para os que aceitam o seu preço, e neste caso o preço é abandonar a carência de seus coraçõezinhos, e aceitar que o pai, a mãe, ou ambos nem sempre podem ficar presentes.

    Se vocês os veem, ou os ouvem constantemente, é porquê ainda estão acordando, e as memórias da vida passada, estão se manifestando, de acordo com a forma com a qual eles se comportavam com vocês, no outro mundo.

    Eles nunca aparecem por nada, sempre há uma motivação para realmente virem ao nosso encontro, e quando vem, fazem com que saibamos que estiveram conosco.

    Lúcifer e Lilith são meus pais, sou a primeira de sua linhagem, e isso pode ser confirmado no meu site antigo, que disponibilizarei no fim deste livro. Por quê digo isto? Bem uma famosa série, retratou tal fato recentemente, só que antes do mesmo acontecer, já havia escrito no meu site, que esta primeira era eu. Então pode ir conferir na prática, que o oculto influencia mídia mas a mídia não interfere no aprendizado místico.

    Quando Lúcifer me visita, sempre há todo um contexto por trás disto, ou é para me dá um alerta, como em 2013 quando me mostrou que Belzebu é um traidor, que quer o seu trono. Para me proteger de alguma criatura nociva, que tentou me destruir, enquanto caminhava pelo mundo inferior. Ou me convocar para alguma reunião importante. - Eu sei parece cômico, mas já fui chamada uma vez, para ir com o mesmo no conselho celestial.

    Como sei que de fato era ele? Eu jamais tinha visto Belzebu como um traidor. Mas após este sonho e outros nos quais fui perseguida pelo Senhor das Moscas,  fiz uma extensa pesquisa, e encontrei relatos de pequenos ocultistas, que defendiam a mesma teoria. Alguns que falavam que Belzebu se opõe a rebelião de Satanás, outros que ele era como um exorcista, mencionado na bíblia.  Mas pareciam tão dissociados da realidade, que me desanimei e aleguei insanidade.

    Contudo algo em meu interior, me levou a pesquisar ainda mais, e acabei encontrando um belo artigo dedicado ao mesmo, no site da Penumbra Livros, onde faço grande parte dos meus estudos esotéricos atualmente, devido a enorme fonte de conteúdo gratuito disponível ali.

    De fato não só Belzebu era traidor, como já tinha conquistado o trono do Inferno uma vez, fazendo com quê 49 dos 72 demônios que caminhavam com Lúcifer o servissem, e isto já tinha até se tornado o roteiro de uma revista em quadrinhos da Vertigo inclusive.

    Até aquele momento eu nada sabia, mas Lúcifer veio e me mostrou um fato, que não era uma fantasia, e podia ser comprovado.

    Além disso no dia do dito sonho, ocorreu um evento quase cataclísmico em minha cidade, ligado ao vento, que é um dos elementos que o representa, e minha mãe literalmente viu um anjo dentro do nosso lar, muito bonito segundo a mesma.

    Já na outra vez, foi como se ele enviasse uma mensagem através de uma médium, na qual me mandou tomar cuidado, pois coisas terríveis iriam acontecer em breve. 

    É claro que duvidei, para mim a possessão, é apenas um processo psicológico, no qual o “possuído”, na verdade é um predisposto, que desconhece seus dons, e acaba manifestando habilidades sobre-humanas, que fazem com os quê os padres interpretem de maneira errônea, e na época, achava que se tratava de uma insanidade maior que a minha, só que ainda sim, é no mínimo suspeito tudo o quê aconteceu depois.

    Minha casa foi saqueada, e levaram todo o meu material de registro de eventos sobrenaturais, os homens reviraram o meu quarto todo, e deixaram o da minha mãe arrumado. Procuraram pelo notebook, onde tinha fotos, teorias, e vídeos, sobre a minha caminhada oculta, levaram a minha câmera, e até o quê eu usava para me distrair do mundo, o meu playstation 2, que já não valia muita coisa na época, e acreditei ser o disfarce perfeito, para o quê realmente fizeram.

    Foi como se declarassem guerra a mim, e a minha sanidade, pois eu analisei os fatos, bati cabeça dando explicações para mim mesma, e a verdade é que até hoje não consigo ver como um mero assalto, pois o mesmo começou, segundo a perícia no momento do incêndio da rua debaixo, que havia começado por causas naturais, e não por intervenção humana.

    Isso não foi a única coisa, naquele ano e até o inicio do outro fiquei muitas vezes a beira da morte. Escapando de acidentes por muito pouco, ou sobrevivendo as tentativas de suicídio, mesmo sem querer continuar de pé, porquê não suportava mais o fardo de ser filha de Lúcifer e Lilith. – Ou achou que somente o não agraciado sofreria? 

    Não foi fácil, e depois que tudo o quê era meu foi levado, fiquei isolada do mundo, e saiu a notícia de quê as contas estavam sendo vigiadas pelos americanos, e como se isto não bastasse, a minha página com apenas 150 curtidas, tinha sido apagada da rede, como se o link estivesse quebrado. O quê convenhamos, é no mínimo suspeito.

    Mas Lúcifer havia me avisado, e eu não dei ouvidos.

    Já Lilith sempre foi mais sutil, aparecia em corpos bonitos, e transmitia mensagens de importância sentimental, que me impediriam de me meter em furadas - Entretanto eu não ouvia, e por isso me machucava sem necessidade.

    No meu primeiro contato com a mesma, esta me revelou que o meu namorado na época, não era digno, nem me pertencia, e que era um erro tomar posse do mesmo, pois este era infantil e malévolo, e não era o quê tinha escolhido para mim.

    Duvidei de imediato, pois a moça que me disse, parecia ter sentimentos pelo rapaz. Só que anos mais tarde, vim saber que as suas predições estavam corretas, e que o cara era realmente um traste.

    Não haviam sinais plausíveis, que nos ligassem de fato, somente aqueles que vinham da sua capacidade de me estudar, para saber o quê eu queria - como um sociopata adolescente - e que o fato de me juntar a ele, não trouxe nada mais que:  Desentendimento, culpa, tristeza, e desespero. Como se o mesmo tivesse sido colocado na minha frente, somente para atrasar a minha descoberta, sobre quem e o quê de fato era, pois tal informação certamente tinha grande valia, e lá na frente falarei sobre isto.

    Por estas e outras que digo, eles só vão se manifestar em casos de extrema importância, por isso não espere que apareçam apenas por quê é a tua vontade.

    É preciso entender que a linha da realidade e a ficção por vezes se cruzam, mas a ficção é apenas uma expressão exagerada da realidade. Se não compreender isso, certamente não vai suportar os desafios, e acabará por enlouquecer. – Foi o quê quase aconteceu comigo, depois de 6 anos no caminho.

    Por isso use os artifícios midiáticos apenas para controlar a ti mesmo, para atingir o teu objetivo, ou por diversão. Mas jamais faça uso dos mesmos, para o teu aprendizado. Eu sei deve ser a 3° ou a 4° vez que repito, mas é para que entre em suas cabeças.

    O preparo mental é o primeiro e mais importante nível, porquê é através deste que vai destravar todo o teu potencial oculto, e trazê-lo para a luz.

    Por isso é necessário cuidar da tua mente, como se fosse o teu corpo, absorvendo somente aquilo que é capaz de suportar, e que favoreça o teu entendimento, ou a realização do teu propósito.

    Dias antes de fazer o ritual, faça uma boa playlist de músicas, que te ajudem a se sentir mais forte e capaz, de filmes que te façam crer no mundo oculto, de games e quadrinhos que seguem o mesmo roteiro, e quebram o padrão do impossível, tornando-o possível.

    Pois assim é criada a atmosfera mística mental, e isto te ajuda a ficar pronto para realizar o teu ato místico.

    Feito isto, agora é hora de seguir para o segundo nível.

    A atmosfera mental já foi desenvolvida, você se sente pronto para fazer o seu primeiro ritual, e não há nada que te faça duvidar de suas capacidades.

    Então agora deve expressar isso de maneira física, desenhando símbolos em teu altar, utilizando as velas certas, o incenso necessário, e o ambiente favorável ao teu rito.

    Por isso precisará conhecer cada símbolo que for utilizar em teu ritual, do contrário pode acabar libertando uma coisa, que deveria ficar no outro mundo- Falo por experiência, passei 9 anos sob a influência de Carreau, por ter o libertado em um dos meus rituais, e só há pouco tempo me livrei do mesmo. Então tome muito cuidado, com os símbolos que vai utilizar, pois cada um tem significado específico, e não é o teu desejo de alterá-lo, que vai promover a mudança de uma egrégora que está presente neste planeta há anos.

    Feito isto, agora é colocar em prática o teu aprendizado, então vá adiante.

    Já estudou, já conheceu os símbolos, e leu tudo a respeito dos cultos dedicados ao deus que tu escolhestes, então porquê não se arriscar com um rito próprio? 

    Você já aprendeu a respeito do ser escolhido, sabe o quê pode, ou não fazer, o quê o honra ou desonra, então dê asas a tua imaginação, pois uma imaginação sem recursos é criatividade, mas quando a mente foi preenchida com conteúdo, a imaginação pode abrir as portas, para quê consiga ouvir a tua voz interna. Quer dizer que se você apenas fizer um ritual, seguindo a tua imaginação por nada, pode falhar e cometer erros graves, mas se souber moldá-la, pode servir de ponte entre você e o deus que te aceitou entre os seus.

    Os predispostos precisam está preparados, pois quando a sua voz interna surgir, vários fatos intrigantes vão acontecer, inclusive coisas de origem sobrenatural, que parecem obra de um poltergeist, mas provavelmente virão deles mesmos. 

    A forma de saber se vem de si mesmo, é medindo sua temperatura corporal, pois o excesso de energia, fará com quê a mesma suba bastante, independente do seu elemento, mesmo os que tem afinidade com o gelo, poderão sentir a sensação de calor intenso.

    Ou tentando mensurar o seu comportamento psicológico, pois se estiver sob o estado de muita adrenalina, também poderá acabar por influenciar o ambiente com a tua força oculta.

    Já os humanos não precisam se preocupar, também podem empregar a sua energia oculta num ato mágico, sem ter alcançado o poder divino. É claro que no caso dos mesmos, coisas sobrenaturais serão raras, e provavelmente se acontecer, dificilmente virão dos mesmos. Contudo isso não significa que não há nada que possam fazer.

    O poder dos homens está em sua mente, um pouco mais que no caso dos predispostos, e os humanos podem usar a sua força, para realizar sonhos típicos da espécie, como: Ganhar muito dinheiro, um bom emprego, atrair o amor de suas vidas, melhorar a aparência etc.

    Não será algo instantâneo pois são limitados, por serem a imagem de seu Deus Jeová, mas mesmo assim, com o método certo, e os 2 níveis mental e físico, eles certamente atingirão as suas metas.

    Pois há uma energia oculta poderosa, que está disponível para todos, inclusive os humanos, e é através desta que podem inclusive, abandonar a condição de homens, para se tornar algo mais próximo dos predispostos, ou ainda mais poderosos que alguns.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Capitulo 3- A Magia é vida, mas não é um ser vivo.

    A magia não é feminina, nem masculina, ela está acima de teorias tão mundanas.

    Atualmente vemos constantemente que a magia é algo especificamente feminino, que a mulher é detentora de uma enorme energia oculta, porquê somente a mesma é capaz de produzir a vida, e todo aquele blá, blá, blá feminista, do qual até mesmo Lilith já está por aqui.

    Ou pior ainda que o homem, por conta de seu intelecto voltado para o modelo mais racional da realidade, é naturalmente aquele que manifesta as forças de um verdadeiro deus, ou outras besteiras machistas que nos fazem entender, porquê o feminismo existe para se opor a tal pensamento.

    Nem o homem ou a mulher são os provedores de tal energia. Não separados pelo menos. Pois a mulher embora tenha o ambiente perfeito para gerar a vida, não pode fazê-lo sem a semente que existe dentro do homem.

    É totalmente desnecessário provar a sua superioridade através do seu sexo. Isto não é coisa de um bruxo real, mas sim de alguém que tem sérios problemas consigo, e precisa validar-se pelo quê tem no meio das pernas.

    No caso das mulheres, é como adotar uma postura semelhante ao machismo, que supostamente desprezam. No caso dos homens é apenas seguir sendo como os outros, quando, como ocultista , deveria ser melhor que os demais.

    Baphomet representa a união do feminino e masculino, e é uma das figuras mais poderosas do ocultismo, pois não expressa apenas a dualidade, mas a totalidade, que é o uno. A união  do céu e o inferno, do sagrado e o profano, e provavelmente é a imagem perfeita, de como a primeira causa seria, se a mesma se manifestasse em forma física, portanto aprenda a lição mostrada por esta imagem.

    A Magia não tem Religião.

    Muitos defendem abertamente que bruxaria cristã não existe, porquê a igreja perseguiu inúmeros bruxos na santa inquisição. – Até os 16 anos acreditava no mesmo, mas hoje tenho 24 anos, e sou obrigada a desiludi-los mais uma vez.

    O conceito amplamente defendido é que a magia pertence ao paganismo, e logo não pode ser praticada dentro das igrejas, ou por seus fiéis.

    Quem faz tal defesa, provavelmente se encontra no inicio da caminhada- Mas se já passou vários anos, e ainda acredita nisso, precisa urgente deixar de seguir a “massa mística” (O quê é irônico, pois nem deveria haver uma.) e conectar-se  com os deuses, pois apesar do quê imaginam, não estão nem os servindo, nem caminhando com os mesmos.

    Eles sentem como se a nossa cultura estivesse sendo saqueada dos templos sagrados, e entregues aos cristãos.

    E não estão errados, pois isto é o quê de fato aconteceu, antes da chegada de Cristo. – A bíblia sagrada cristã é um mosaico de textos ocultistas de outras culturas.

    Portanto o “roubo” já aconteceu há muito tempo, não é algo novo, e desta forma muitos fiéis já tiveram tempo suficiente para desenvolver os seus cultos. Existe até mesmo uma linha do cristianismo, voltada para os misticismos, então a bruxaria cristã não é algo novo, aceite isso.

    Além disto os grandes ocultistas conhecidos, estudaram as mesmas filosofias criadas por estes fiéis, antes de fundar as suas escolas de pensamentos. É o caso de Aleister Crowley - conhecido como “To Mega Therion”, a  “Besta 666”, “O homem mais cruel do mundo” - que ingressou na Ordem da Aurora Dourada, antes de criar seus Libers. Porém o quê poucos sabem, é que embora o mesmo tenha sido expulso da escola dominical, a Ordem que o recebeu, foi fundada através do ensinamentos distorcidos de Agrippa, que era um grande homem, e devoto do divino.

    Então não há necessidade de espancar e cuspir naqueles que descobriram tal possibilidade, pois pode até servir para contribuir em alguma coisa.

    Há tanta coisa que merece mais tal ódio, que realmente me dói a vista, ler tanto desgosto voltado para os que resolveram seguir um caminho diferente do nosso.

    Do momento em quê erguemos nossa espada para os homens apenas por conta da sua religião, estamos sendo tão sujos e hipócritas, quanto os inquisidores, que apenas apontavam o dedo para aqueles que discordavam da sua versão do mundo. – E eu sei que você não quer ser comparado com o teu rival, então não haja como tal.

    É importante frisar, que a magia supostamente foi trazida aos homens por aqueles que desceram dos céus, por isso a mesma não pertence a humanidade, e logo não deve ser julgada como se fosse.

    Lúcifer e os caídos ensinaram as mulheres, e lhes deram o poder, para realizar os próprios intentos. Mas de onde Lúcifer veio e onde a magia residia antes? Isso mesmo no plano celestial, ou a Deusa Desceu a Terra para ensinar os humanos a praticar a magia, e os guiar para o seu mundo. Quando não mais pôde ficar enviou a sua filha, para continuar o seu trabalho. Mas é sempre seguindo a premissa de quê a magia foi transportada de outro reino, que não é o quê vivemos.

    Então por favor, pare de usar esse contexto absurdo, de quê a magia pertence somente a um grupo, pois até nos textos antigos, pode ser comprovado, que “não é assim que a banda toca”. Hermes Trismegisto já dizia: O quê está acima, é o quê está abaixo. Entenda de uma vez por todas este conceito.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    A magia não tem política.

    Se você é de : direita, esquerda, liberal, fascista, socialista, ou qualquer outro partido conhecido, não importa.

    Novamente é algo mundano, que deve ser deixado em seu devido lugar.

    Não traga suas convicções partidárias para dentro da sociedade ocultista, pois não é bom misturar as coisas.

    Hitler e o Vrill estão aí para provar. 

    Ele obteve um grande sucesso ao realizar a sua missão, mas a sua mensagem real jamais foi ouvida, e pior ainda acabou por ser distorcida, com o decorrer dos anos. Sendo tratada como um massacre desnecessário, ou desumano, ou o grito de horror de inocentes, que nem eram tão inocentes assim. – A sua luta não era contra os judeus, e sim os sionistas, que supostamente queriam dominar o mundo, mas conseguiram fazer parecer que esta era a vontade de Adolf.

    Esta é a versão da verdade que conheço e acredito, pois a filosofia sionista e illuminati, em muito coincidem.

    Mas é algo em quê Eu acredito. Não significa que você é obrigado a crer no mesmo. Por isso saiba que há um espaço para a magia, e outro para a política, não é porquê um influencia o outro, que devemos misturá-los.

    O Tudo é o Todo, e o Todo é Um. Só que é preciso compreender suas metades, para poder entender como se complementam.

    A Magia não tem etnia.

    Não importa se tu és negro, branco, hispânico, índio, ou qualquer outra raça conhecida. Todos são humanos, ou ao menos meio-humanos, no caso dos predispostos. Assim sendo devem respeitar uns aos outros.

    Se o branco quer fazer parte da gira, deixe-o entrar. O mesmo vale para o negro que anseia entrar num sistema mais elitista como o luciferianismo ou o satanismo.

     

    Salvo apenas exceções para filosofias voltadas para o racismo como a Skull and Bones por exemplo. Porém creio que tais ideais são como feminismo e machismo, e precisam ser abolidos da face da Terra, pois só servem para validar a vontade, de gente tão pequena que se define por sua cor ou sexo.

    A magia não tem estilo.

    Vocês encontrarão gente de todo tipo no caminho. Mulheres com roupas provocantes, homens maquiados, moças de turbante, rapazes de dread, gente de preto, gente de branco, e isso não significa absolutamente nada.

    A roupa que a bruxa veste, não representa o seu poder, apenas expressa a sua mais forte emoção, aquilo que mais gosta, e tem alguma afinidade.

    Ou seja não é porquê uma bruxa veste preto, que ela trabalha para Satã, ou porquê uma bruxa usa vestes coloridas, que esta serve a deusa e o deus.

    A diversidade neste meio é muito grande, logo nem tudo o quê aparentemente é, de fato é. Quer dizer há casos de bruxos que se vestem como anjos, mas trabalham com energias bem densas, e o mesmo ocorre com aqueles que se vestem como demônios, mas praticam magias menos pesadas, pois é o quê podem suportar.

    Há bruxos que pouco estudam, mas conseguem obter grandes resultados. – Embora mais tarde acabem achando que o hospício é o lar doce lar.

    Há ocultistas que procuram estudar mais do quê necessário, e quê embora criem barreiras no seu desenvolvimento, se sentem mais confortáveis, em suas limitações.

    Então não adianta ditar que a magia é um estilo de vida, pois cada um é livre para encontrar o tipo de vida que o mais o agrada. – É claro que adotar a prática diariamente, certamente vai te ajudar a obter bons resultados, pois condiciona o cérebro a destruir o empecilho do impossível. Entretanto isso não é uma obrigação, nem uma regra. Você decide o quê se adequa a tua condição. - Até porquê há aqueles que compartilham seu lar com outras pessoas, que não apoiam as suas práticas, e por isso precisam de outros meios, de gerar uma boa atmosfera mágica, que não implique em desrespeito aos que lhe oferecem um teto, e seja viável para executar.

     

     

    A magia é uma energia.

    A magia é formada de átomos de energia positiva e negativa, e você é o nêutron que rege tais forças. 

    A magia não tem voz, ela apenas te ajuda a encontrar a sua. A magia não pode ser um corpo, mas te ajuda a moldar o teu. A magia não ouve, mas te faz ouvir. A magia não vê, mas te ilumina para enxergar. A magia não sente, mas te impulsiona a sentir. A magia não pensa, só que intervém em teus pensamentos.  

    A magia é uma força gigantesca, que se bem canalizada, pode criar ou destruir a vida, mudar ou colocar as coisas no lugar, alterar o fluxo ou mantê-lo, incendiar ou apagar o incêndio. É a mais perfeita expressão da linguagem divina, proveniente da Primeira Causa. É a matriz de onde tudo nasce, da qual pode beber de sua energia.

    A magia é vida, pois é movimento, e ausência do mesmo, é luz, é sombra, é claro e escuro, é impulso, é neutra, é causa e efeito, mas não é um ser vivo.

    Consequentemente não pode ser tratada como tal. A vista disto não lhe atribua as características de um humano, fazendo-a ter: sexo, política, etnia, ou estilo, pois esta é muito maior que tais convicções.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Capitulo 4- O Mundo sem o véu.

    Já trabalhamos em cima da atmosfera mística , e a importância do aspecto mental, para criar tais condições, e portanto aplicar a energia mágicka. Mas como é que o mundo se torna, após quebrar a barreira do impossível? 

    Primeiramente o mundo de concreto, continuará o mesmo, são seus olhos e o olhar que se tornarão diferentes. 

    Provavelmente deve ver diariamente a batalha entre os céticos e os ocultistas. “Só confie na ciência pois há como comprová-la e a magia é apenas crendice.” Dizem os apaixonados pela ciência. “Abra seus olhos, há um mundo mágico por trás deste, e somente a fé nele é o suficiente para manifestá-lo. A ciência é uma tolice, um insulto as forças divinas.” Dizem os aficionados a magia.

    Você pode de imediato concordar com a segunda visão, mas ambas estão erradas. – Embora a parte do conceito metafísico (o mundo por trás do mundo) seja correta.

    Quando se encontra de fato com o oculto, você percebe que magia e ciência, servem para dar as mãos e não se destruírem, como se fossem inimigos velados.

    Essa rivalidade trivial, não é digna de um ocultista, pois o mesmo tem consciência, de quê muito do quê temos hoje antes era visto como místico.

    Imagine-se em 1500 com um celular em suas mãos, certamente as pessoas do tempo, ficariam maravilhadas, e depois iriam temê-lo, ao ponto de queimá-lo vivo, sob a declaração de prática de bruxaria. – Mas nos tempos em que vive, sabe que se trata de ciência, e isto o faz rir.

    Essa perspectiva a princípio pode deixá-lo desnorteado, só que é um fato. Eles nem parariam para estudar a respeito, pois naquela época a Terra era movida pelo medo.

    Muitos cientistas foram tidos como hereges no seu tempo, e jogados no fogo purificador dos santos, então tentar separar o inseparável é bobagem. – Todavia é significativo que saiba que não basta compreender as metades, é necessário entendê-las a fundo.

    A ciência é um meio de comprovar se um fato é real ou falso. Embora seus métodos, pareçam servir somente para desbancar a existência de seres maiores que a humanidade. Eles também podem ser usados, para por exemplo separar, quem realmente viveu uma experiência sobrenatural, e os que apenas precisam de tratamento psiquiátrico. – Lembrando que alguns eventos de natureza mística, podem ser tão devastadores, que causam este efeito de estresse pós-traumático.

    Logo se a ciência serve para medir o evento, o esoterismo é o evento– Uma manifestação nua e crua da natureza, que para muitos foi esquecida, e que tem mistérios a serem desvelados.

    Desta forma o primeiro ponto é esse: A inexistência de um padrão dualista, e percepção de que o universo é realmente um, cujas as metades unidas, o fazem completo.

    Além disso, quando você se conecta de fato com o cosmos, ele também se junta a ti, e assim desenvolve o quê é conhecido como inteligência divina. – Não que vá conseguir resolver cálculos matemáticos complicados em segundos, como no filme Transformers, mas certamente libertará uma sabedoria, bem diferente da dos demais, e que vai te ajudar a se compreender melhor.

    No caso daqueles que tem a predisposição, poderão descobrir mais sobre a linhagem, através das memórias dos deuses, que vão lhes transmitir informações sobre a sua missão, e o nível dela. – Se será fácil ou cheia de obstáculos.

    Já os humanos, terão como resolver as suas grandes questões, a respeito de quem são, e de onde vieram de fato, podendo inclusive conhecer o criador da sua espécie, e lhe pedir a dádiva divina. – Mesmo que tenha um preço alto a se pagar.

     

     

     

     

     

     

     

    E este é o segundo ponto: Saberá sem ter visto nada antes. – Mentalize a seguinte situação: Você é um estudante de médio conhecimento sobre a Deusa Afrodite. Tudo o quê sabe é que é a Deusa do Amor, e que seu par é Hefestos, o ferreiro do Olímpo, e outras pequenas coisas. Do nada seu corpo se desliga, e você tem a visão de Afrodite na cama de Ares, o Deus da Guerra dos Gregos, e Hefestos quer provar a sua traição. Você retorna, acha aquilo estranho, e decide pesquisar sobre isso, então lá está o quadro que retrata a sua visão. É o quê vai acontecer, quando libertar este tipo específico de aprendizado.

    Novos mundos irão se apresentar a ti, mas eles não serão físicos. Sempre que meditar, terá visões do teu verdadeiro lar, que não é este planeta, e ao fazer a viagem astral irá sentir, como  são as outras civilizações.

    Há chances de prestigiar o mundo, em que o Deus que te acolheu habita, e assim receber dele algumas direções, para te ajudar a cumprir o teu propósito.

    É quando começará a entender a teoria de Giordano Bruno, sobre os milhares de planetas, que existem além da Terra, e a diversidade presente nos mesmos.

    Deixará de crer em filosofias como criacionismo ou evolucionismo, e aceitará o design inteligente, que lhe parecerá a resposta mais plausível, para a origem das espécies existentes.

    Verá que a panspermia cósmica, é uma ideia incompleta, pois a vida não se forma do nada, é preciso de uma causa que a gere, e esta é ninguém menos que o próprio Uno, que você conhece como Universo.

    Ao entrar no plano invísivel , começará a duvidar se está vivo, ou preso em um sonho, do qual acorda todas as noites, e retorna para casa. – É lindo, porém se você criar afinidade com apenas o outro lado, esquecerá que não habita nele, e isto te trará consequências terríveis, como buscar o abraço gélido da morte por exemplo, e ao fazê-lo, se levará a dimensões sombrias, que deram origem ao termo adotado como Inferno, o quê atrasará ainda mais a sua volta.

     

    É preciso que se lembre sempre, de quê embora a sua casa seja a anos luz daqui, há pessoas que precisam de você, e tu tens uma missão a cumprir, antes de retornar para aquele lugar que te faz tão bem. – Quando fizer a projeção, tenha ciência de quê está fazendo uma visita, e não se mudando pra lá.

    Alguns rapidamente encontram o caminho de volta para as estrelas, outros demoraram, pois não estão prontos para aceitar, que aquele canto maravilhoso, o aguarda, mas ainda não é o momento certo. – Ou pior, devido as espécies superiores e inferiores, que vem se aniquilando há milênios, não há pra onde ir, e só pode aprender com o quê restou, da sua civilização materna.

    Outra coisa, é importante também ter conhecimento de quê, tudo o quê tem no outro mundo, não pode trazer para o físico. O máximo que conseguirá, é uma versão fantasma da coisa em questão.

    Portanto se atravessar o mundo dos dragões para este, montando em um deles, o mesmo não vai se materializar em teu quarto, como se fosse um animal comum, e somente os que desenvolveram A Visão, poderão enxergá-lo, (ou nem isto, pois há os que escolhem com quem interagir).

    Há muitas críticas no meio sobre o quê os bruxos já viram ou experimentaram.  Qualquer magista que tenha  visto duendes ou dragões, e se juntado a estes numa experiência mística, é friamente julgado. Então mesmo que adentre no outro lado, é preciso que não fale isto para quem não presenciou o mesmo, pois dificilmente vão compreender. – Salvo exceções aos que se dizem ocultistas, mas precisam de substâncias alucinógenas para adentrar no outro mundo. Estes realmente possuem pouca credibilidade sobre o quê presenciaram, pois as drogas não te ajudam a conhecer a outra dimensão, no máximo consegue refletir o teu interior. Isto não significa que me oponho ao seu uso, pois cada cabeça tem uma sentença, e sabe o quê é melhor para si. No entanto quando se trata de experiências extra-sensoriais, o uso de tais artifícios pode lhe ofuscar A Visão.

     

     

     

     

     

    Não estou falando da visão física, mas sim do terceiro olho, o olho que tudo vê, o olho que não enxerga somente o concreto, mas os átomos que o compõem, e vibram na mais baixa frequência, para torná-lo pesado.– É o olho que desmembra a realidade, para que conheçamos cada um dos seus mais profundos mistérios, e certamente você não querer perder essa capacidade. Pois uma vez que encontra o plano místico, os seres do plano místico te encontram também, e nem sempre isso é algo positivo, pois a maioria detesta os seres esquecidos na Terra, e anseia destrui-los, para que não retornem ao mundo deles, com medo de serem “infectados” por ideias humanas.

    E aqui é que a situação piora, pois os seres que odeiam os meios- terrestres, e terrestres em sua totalidade, fazem de tudo para que  os bruxos, não consigam atravessar a ponte do astral, para o Etérico – O plano acima do astral, (que também pode ser reconhecido como o Consciente Coletivo de Jung) terão as respostas necessárias, para evoluírem suas consciências, sobre quem são.

    Eu sei parece o roteiro de algum RPG, e se quer saber a realidade, o mundo invisível não é tão diferente do mesmo. Então se anseia entender a respeito, sugiro que comece a jogar, e estude todo o sistema, para quê saiba de suas limitações.

    Aliás creio que quando disseram que Deus jogava com dados, se referiam a isto, pois tudo depende das circunstâncias. Deus lhe oferece alternativas, e você no início, quer seguir adiante, e derrotar o monstro com um golpe de misericórdia. Contudo Ele no poder de mestre do jogo, prefere que lute contra o monstro, da forma mais humilhante que há, e perca teus braços e pernas. Ambos atiram seus dados no tabuleiro. O resultado dele é 7 o seu é 2, sua vontade é alterada para que a dele seja atendida, e você nobre peregrino, acaba por perder teus membros na batalha contra o gigante.

    Pois não importa o quanto digam que A Tua Vontade é A Lei, seus artigos podem ser alterados pela diretoria, que foi gerada pela Lei Imutável dos Antigos. 

     

    A sua vontade, não é o suficiente para alterar algo monumental, principalmente quando se trata do seu encontro com o Mestre do plano Superior. Pois naquele lado há uma egrégora poderosa, que foi alimentada por milhões, e a diferença do milhão para um é muito grande.

    Você certamente deve está pensando, se é assim que graça tem em praticar magia? A mesma de jogar. Pois quando você segue dentro dos padrões sociais, apenas está sendo parte do cenário, e não tem controle das próprias ações.

     Mas quando modifica o rumo, ao menos tem a chance de escolher, ou seja está pegando os seus dados, e se preparando para alcançar a glória do verdadeiro livre- arbítrio.

    Porém assim como para jogar um RPG, você precisa muito do quê o dado, na magia não é diferente. É necessário escolher um personagem, ou no caso do ocultismo, uma vertente, como a magia draconiana por exemplo.

    Feito isto, não basta apenas manter o personagem, é preciso fortalecê-lo, para encarar o mundo que o aguarda. No RPG com armaduras, joias, e outros apetrechos. Na magia com sigilos, círculos, linguagens desconhecidas, etc.- E mesmo que seu personagem esteja no nível máximo, sempre haverão aprimoramentos, para torná-lo cada vez mais capaz de alcançar os objetivos, que lhe são apresentados na jornada.

    Portanto antes de adentrar de vez no mundo translúcido, ou tentar remover o véu do mundano, se prepare devidamente, pois nem sempre o mestre vai com a cara do seu personagem, e no seu caso essa potência é ninguém menos que o próprio Deus. - Não o Deus dos Ocultistas, que é a força ilimitada e geradora. Mas sim o quê foi criado por uma egrégora de humanos ambiciosos, e mal intencionados, que conheceram um ser, que achou que poderia tomar a coroa cósmica de quem o gerou, e o fortaleceram o suficiente para ser aquele que hoje comanda muitos mundos. É, eu sei parece a história de Lúcifer, mas este é um clássico caso, em quê o vilão se denuncia pela sua versão deturpada dos fatos, e quem tem o bom senso consegue perceber as entrelinhas. – Leia o Antigo Testamento, como um livro comum, e verá que o Deus do Amor, é na verdade uma expressão do mais puro Ódio. 

     

     

     

    Além destas alegorias, há muitas outras, então fique atento, e aprenda a jogar, ou siga como a massa permitindo que o mestre controle o seu destino, sem jamais se opor a tudo o quê te acontece, e ficando grato pelo pão e o vinho na mesa, assim como pela morte dolorosa de toda a sua população, porquê este quis assim.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Capítulo 5 - O fanatismo, o grande veneno mágicko.

    No capítulo 4, abordei sobre o outro mundo, mas primeiro expliquei sobre o maior dos empecilhos para chegar lá, pois é importante que esteja ciente, de quê nem tudo são flores.

    Posso ter passado a impressão de quê estou em cima do muro, sobre Deus e o Diabo. Mas o fato é que, quando se conhece ambos os lados, fica claro que a ideia do preto e branco, não serve para nada.

    É claro Jeová é cruel, é o Deus dos homens, dos pecadores. Contudo é um verdadeiro Ares da religião judaico-cristã, não há quem duvide da eficácia de suas estratégias, e isto é admirável. – Apenas discordo de algumas metodologias dele.

    O mesmo ocorre com Lúcifer, ele é meu pai, e certamente me orgulho disto. Porém não concordo em evitar a massa. Apesar de não pertencer a ela, seus tipos de entretenimentos são bem agradáveis.

    Então é aqui que se percebe, a razão para não apoiar fanatismos. Se fosse obcecada por Lúcifer, concordaria com tudo o quê dissesse, mesmo que fosse contra aquilo que gosto, somente para ser o quê ele supostamente espera de mim.

    Isso é errado. Além da grande falta de amor próprio, há também o risco de ser manipulado por entidades maléficas, que não caminham nem com a luz, nem com as trevas, apenas servem a si mesmos. – O quê não é errado, mas do momento que atrapalha a vida do outro, se torna prejudicial.

    São seres que passaram grande parte da sua vida, sob a sombra dos senhores, e que jamais conseguiram ascender como eles, e por isso na primeira oportunidade, os apunhalaram pelas costas, e assim foram jogados num mundo caótico, de onde vez ou outra saem para atormentar, sob a forma de fantasmas, que sussurram coisas em nossos ouvidos. – É como se fossem os empregados que se dedicaram a empresa, sem terem recebido uma proposta de aumento, e mesmo assim esperaram subir de cargo, e quando nada aconteceu, começaram a destruir o prédio para que ninguém mais trabalhasse. 

    Uns os chamam de demônios, mas isto é um insulto aos seres do mundo inferior. Então prefiro seguir com o conceito da umbanda, de espíritos obsessores, e embora grande parte diga que se tratam apenas de seres humanos, poucos sabem que não são apenas os homens, que tem problemas para evoluir.

    São criaturas que em vez de terem visto alguma oportunidade, abraçaram as limitações como desculpa, para concentrar a sua ira em algum foco.

    E porquê estou falando nelas? É bem simples na verdade. Porquê tais seres encarnados ou desencarnados, costumam se aproveitar da fé alheia, para que cumpram seus objetivos atrozes, de destruir a base das filosofias, que supostamente os abandonaram.

    Portanto quando você se entrega demais a fé, não consegue perceber as armadilhas dos mesmos.

    Imagine duas situações: Primeiro há um padre de uma cidade pequena, cheia de gente analfabeta, mas com muita fé em compensação.

    Eles acreditam que apenas a palavra de Deus, proferida por seu padre, é a verdade imutável da vida.

    Contudo tal líder, pouco se importa com as palavras divinas, apenas as estudou, para ter poder sobre as pessoas, e assim usá-las como bem entender.

    Ele tira das mesmas: o seu dinheiro, os seus filhos, a sua liberdade, e os faz segui-lo cegamente, em rumo a completa perdição, pois sabe que está condenado, e quer levar quem puder junto.

    Como se não bastasse, para garantir-se, diz que é a vontade de Deus, toda vez que o questionam, e pior ainda, faz com que seus seguidores, repudiem qualquer figura pública, que pode desmistificar a sua falácia. – E se a tática funciona, mostra as suas garras, é quando por exemplo reúne os mais devotos, e os influencia a matar alguém, alegando que a pessoa está sob possessão demoníaca. (Não que discorde da existência da mesma, mas creio que eu, que o quê parece palhaçada para quem entende, é assustador para o ignorante, e o medo, sempre gera caos, se mal empregado) 

    No segundo caso, a mentira é um pouco mais articulada. O sacerdote diz que você é livre, que não precisa mais seguir nenhuma regra do “Nazareno”, que a vida começa agora, e os pecados não passam de uma bobagem.

    No início nenhum centavo é tirado, eles apenas promovem festas de orgia. – O quê não é ruim se for solteiro, mas o verdadeiro preço, que vem depois sim.

    Você se envolve nas palavras do sacerdote: Não há Céu, Não há Inferno, somente o aqui e agora, então façam valer a pena do jeito que o diabo gosta!

    Assim como o padre, tal sacerdote não está interessado no crescimento do seu grupo, somente quer arrastá-los para o fundo do poço, para que precisem dele, e é aqui que o golpe se torna mais evidente.

    Pois toda vez que a pessoa quer sair da tristeza por sua vida vazia, surge um novo motivo para deixá-la em tal estado. – É, o sacerdote, não carrega tal acunha, sem ser praticante de magia.

    Após fazer com que a vítima de seu magnetismo ( e alguns espíritos), comece a enlouquecer, vem as ofertas absurdas. “Mate um bebê para Satã, e ele te libertará destas correntes.” Diz o mesmo. Mas convenientemente, esquece de contar que a criança escolhida, é filha da ex com o atual - que percebeu o bosta que ele era, e o deixou.

    Eu sei parece inacreditável, mas a situação somente se agrava, pois no fim das contas, o padre e o sacerdote, se encontram longe dos olhos de todos, e assumem que suas jogadas, estão sendo bastante eficazes. Pois se os cristãos ficarem longe da magia, que os levam a questionar, e os satanistas evitarem o sentido de certo e errado, nunca conseguem atingir o estado da iluminação, para descobrirem a quem de fato servem, e que não é nem ao Diabo, nem a Deus.

    Estas criaturas são ainda mais inescrupulosas que Jeová, pois enquanto o mesmo ainda recompensa os seus, estes seres apenas fazem os demais afundarem, e nunca reconhecem os seus esforços, porquê como disse antes, sentem-se injustiçados, e que todos merecem a sorte que tiveram, por serem tão tolos ao acreditarem neles.

    Então não deixe que a sua fé te domine, mesmo que seja parte do plano superior. – Ela pode abrir portas, mas se não souber onde pisa, acabará indo para uma selva, e mergulhará em areia movediça.

    Somente a fé, nos faz ficar cegos. Da mesma forma como seguir somente a ciência, nos faz deixar de perceber, o tamanho da plenitude do universo, e que nem tudo se resume ao que é “concreto”. – A verdade mística não pode ser medida por filosofias dualistas da humanidade, pois esta se perdeu há muito tempo.

    Então como nos impedir de chegar a esse ponto? 

    Não há um método certo, e que tenha 100% de eficácia. Mas após várias pesquisas de campo, com base em observação, percebi algumas formas, que listarei a seguir:

     Evite defender a sua fé com paixão. – Não estou dizendo que não deve amar o quê faz, mas sim que precisa saber a diferença, entre o amor e a paixão. Amor é uma chama pequena, que serve para nos aquecer numa caverna. Paixão é um incêndio, que se alastra, destruindo toda a floresta, e se não ficou claro Paixão é um caso de amor intenso, impulsivo, e descontrolado. Amor é quando duas pessoas completas, compartilham uma vida juntas, sem desistir de quem são, pois escolheram andar com o par, e não dominá-lo.

     Estude tanto o seu opositor, quanto aqueles a que apoia. – Não estou dizendo que precisa se tornar um cdf de magia. Todavia é preciso sim ter conhecimento do quê faz. Então antes de julgar o inimigo, tente descobrir sobre as suas motivações para agir de tal forma. Concordar ou não, está fora do caso, mas é importante ver até onde o boato relatado é real.

     Haja como cético. – Apesar da correlação com o item anterior, é importante nos focarmos no fato, pois ser cético, é duvidar bastante da história, antes de aceitá-la como verdade, e é esta postura que deve tomar, sempre que uma coisa, que desconhece, surge na tua porta.

     Procure informações imparciais – Se o bruxo diz que a sua deusa é santa, e a religião a condena como “demônio”, é bom evitar ouvir ambos, e buscar por uma voz, que trabalha todos os aspectos da deusa, desde os puros, aos mais pecaminosos.

     Não fale sobre sua filosofia com eles. – Um fanático não tem nada para acrescentar na sua busca por conhecimento, a não ser, que queira estudar sobre transtornos de personalidade, ligados a estresse pós- traumático. Mais terrível ainda, pode te levar pro fundo do poço junto com ele, pois te faz crer no mesmo mundo maravilhoso, em que os seus superiores o colocaram. Então se tem um(a) amigo(a) que sofre disto, fale sobre qualquer assunto, menos deste.

     Rejeite as palavras do fanático – Não precisa humilhar a pessoa, por conta do seu fascínio. Afinal o fanático em si, é apenas uma pessoa apaixonada, sendo controlada por terceiros. Então sempre que notar os traços de fanatismo, lembre-se de que ela é apenas o papagaio repetindo o quê ouviu, e não sabe o quê fala.

     Conheça os traços de fanatismo. – Um ser tomado por esta paixão doentia, manifesta alguns sintomas como: 

    Palavras vazias. – O(a) sujeito (a) fala como se entendesse do assunto, mas ao ser confrontado, e obrigado a defender os interesses, com ideias próprias, fica mudo, ou tenta alterar o rumo da conversa. Fingem sensatez e calmaria. – Frases como “O mundo é injusto, por causa de...” são bem comuns no seu vocabulário, pois estes conhecem o Uno, mas são incapazes de entendê-lo.

    III. São agressivos. – Se mudar o rumo da conversa, não funcionar, eles começam a se irritar bastante, e por isso se tornam violentos.

    Não suportam a verdade. – Diga-lhes que Satã é bom, ou que Deus é engenhoso, e verás o fanático demonstrar, a escuridão mais profunda daquilo a que serve. São iludidos. – Não conseguem extrair a verdade de um material fabricado para entretenimento, e pior ainda, tomam para si o todo como verdade absoluta. (Depois saem matando hereges ou sacrificando virgens porquê o programa ensinou.) Veem sinais onde não há nada. – Que há sinais no universo, todos nós sabemos, porém achar que tudo é sinal de alguma coisa, sem antes avaliar os aspectos psicológicos, entorno de tal possibilidade, é sim um erro. Se você sonha com um homem te perseguindo, após ter assistido um filme de terror, ou vários, isto certamente comprova que no fundo, não suportou tão bem quanto pensava. Agora se você sonha com anjos te ajudando, quando a sua vida, é totalmente voltada pro satanismo, é bom avaliar o quê significa.

    VII. Carregam olhos vazios, e parecem está sob efeito de drogas pesadas. – Eles podem tentar forçar o riso, para demonstrar que estão 100% satisfeitos, mas se olhar bem, verá sinais físicos, que denunciam a sua infelicidade como: Olhos de quem foi vítima de hipnose, sorriso que não condiz com os mesmos, magreza ou gordura extrema, tremedeira, e fala lenta, cheia de pausas excessivamente longas, (mesmo que não condiga, com a sua regionalidade) ou discurso caloroso e agitado demais.

    VIII. São ativistas do templo. – Que há fiéis enjoados dentro das igrejas voltadas para o culto cristão, já estamos cansados de saber. Mas sim, também há fanáticos no templo pagão. São bruxos e bruxas, que vivem querendo impor a sua crença, mesmo que isto não seja bom para a própria imagem.

    Não tem noção do quê fazem – São como crianças de 3 anos, que repetem os gestos dos líderes. Nunca questionam os seus superiores. – Nem conseguem, pois a lavagem cerebral intensa, os tornou submissos.  Te amam, somente enquanto concorda com eles. – Discorde de uma ideia sobre a sua conduta, e eles te queimam vivo (literalmente ás vezes).

     

     

    Em algum momento da vida, podemos apresentar, alguns destes sinais, já que independente do caminho que seguimos, nós o amamos, não importa o quão complexo seja. Mas é bom lutar contra tais atitudes, pois elas só servem para nos envergonhar, e também nos distanciam dos deuses, e consequentemente do quê é real e falso.

     

     

     

     

     

     

    Capítulo 6 – A verdade liberta, mas é dolorosa

    É, nobre forasteiro, se a vida tem sido fácil, e as verdades que descobriu até o momento, não lhe trouxeram nenhum problema, ou representaram tudo aquilo que sempre quis, sem algum esforço, e nem sangue ou suor foi derramado. – Significa que a parte boa está acabando, e é melhor está preparado, ou você é vítima da sua própria mente.

    No segundo caso, é algo muito comum atualmente. É o quê chamo de iluminação de holofote. Trate-se de uma pessoa, que sai dizendo que é superior aos demais, ou força transparecer que já atingiu o nível máximo da evolução cósmica. – Mas antes dos beijos de luz, deixa subentendido que te quer “queimando no inferno”.

    A verdade nunca é aquilo que serve para compensar uma perda, mas sim confrontar a existência do ser, por ter sido pré-estabelecida há muito tempo, e isso nos leva a um tópico interessante: Os bonecos que pensam ser filhos dos deuses.

    Hoje em dia tem muitos filhos de Lúcifer e Lilith por aí. Se for contar nos grupos de magia do Brasil, há mais ou menos “mil” deles. – Razão pela qual, prefiro me manter em silêncio a respeito disto, pois me sinto envergonhada.

    Assim como há também as crianças Percy Jackson – Jovens entre 11 e 18 anos, que se encantaram pelos programas, que são focados na visão etérica (e distorcida) do mundo, e saíram mundo a fora, batendo no peito, e dizendo eu sou um (a) semideus!

    Em ambos os casos é algo bastante incômodo, pois se for falar com tais seres, muitos são vítimas do fanatismo midiático, e não só não possuem habilidades, como também mentem, para dar a impressão de quê são “especiais.”

    Chego a sentir dó dessas crianças, pois o tempo que gastam tentando provar o quê não são, poderiam usar para adquirir conhecimentos, que os levassem a encontrar os deuses, e dependendo do contexto, serem abençoados por eles, ao ponto de desenvolverem algum dote.

    Não seriam semideuses, mas e daí? Quantas lendas maravilhosas serão necessárias, para que entendam, que nascer humano, não significa morrer como tal?

     Olhem o exemplo do conde Vlad III, o turco, que empalava os seus inimigos vivos, e deu origem ao vampiro mais famoso das décadas. Ele iniciou como humano, mas hoje, para muitos, é visto como um Deus Noturno.

    Então novamente o quê você é no momento não importa, o quê pode vim a se tornar, após a caminhada sim, portanto pare de perder tempo, forçando ser o quê não é, e abrace quem é de fato.

    A verdade, não é aquilo que deseja, e sim o quê necessita.

    Você pode morrer gritando aos 4 ventos, que é filho (a)  de um deus (a) mas se não for, sempre haverão ausências de sinais legítimos, e a magia não vai se manifestar, mesmo que a sua fé seja grande, pois haverá um forte bloqueio em teu caminho.

     Porém quando realmente é algo, até as coincidências, serão ligadas ao deus com o qual sente a conexão.

     É o meu caso. Quando me foi revelado que era filha de Lúcifer, me opus a isso, com toda fibra do meu ser. – Tinha acabado de ler Lex Satanicus, e via Lúcifer e Satã como seres distintos. Sendo Lúcifer, o belo e inteligente, que tem repulsa ao mundano, e Satã um charmoso nerd, que se divertia em qualquer lugar.

    Jamais pensei em Lúcifer, como sequer meu semelhante, pois apesar de ter problemas para me socializar, não desprezava a sociedade, como ele, e isso foi um grande baque para mim.

    Como se não bastasse, além de ser filha do ser mais inteligente e cheio de conquistas, também me foi revelado que eu era um anjo, e foi a gota d’água, porquê detestava celestiais, e todo o plano superior na época. – Tinha 17 anos, e os hormônios agiam com grande potência em meu organismo.

    Não foi da noite  para o dia, que consegui aceitar. Receber a notícia de que era filha de Lilith foi fácil, pois já tinha notado traços de personalidade, bem semelhantes aos da deusa antiga, que ao contrário do quê a maioria pensa, não nasceu de um mito Judeu, mas sim Sumério, sob o nome de Kiskill-Lila, a filha legítima da deusa Terra, ou Antu, também conhecida como Tiamat, pelos Babilônicos. – Então sei que Lilith não é a deusa suprema, e também que não foi criada para o Adão.

    Lilith era uma deusa lasciva, hipersexualizada, que seduzia os homens, para torturá-los. Tinha ódio da humanidade, por ter sido substituída, por uma mulher inferior. Gerava abortos, para não mandar suas crianças sagradas, para este buraco conhecido como planeta Terra.

    Eu a admirava, me sentia como ela, sentia seu poder em minhas veias, e gostava muito da sensação. Mas como disse antes a verdade não é algo que tapa buracos, por isso tinham aspectos negativos, sobre ter o seu sangue.

    Meu impulso agressivo era muito forte, meu desejo sexual também, ás vezes manipulava as pessoas para o benefício próprio e nem percebia, e pior fui inclinada a uma vida pecaminosa de traição, que por muito esforço, não foi física. – Com exceção ao homem com o qual sou casada, mas ele era meu amante, e não o traído.

    Além disto, como carrego duas naturezas divinas em meu DNA cósmico, tenho peso de consciência sempre que pratico atos de maldade, com aqueles que não deveriam receber a escuridão de mim. – Mas os que a merecem, ou esqueço, ou me vanglorio da vitória.

    Saber destas e outras coisas, foi um enorme desafio, principalmente porquê não entrei no caminho, achando que era um ser celestial ou demoníaco. Apenas o fiz para entender, porquê minha família toda, possuía um passado de histórias fantásticas ou sombrias, e coisas estranhas aconteciam comigo desde criança.

    Quando bebê, meu andajá  se ligava sozinho de madrugada, e isto causou tamanho pavor nos meus pais, que estes queimaram o objeto. Já um pouco mais velha, quando me irritava as coisas caíam sem tocar, se sentia muito ódio, os eletrônicos pegavam fogo perto de quem me magoou, ouvia passos há metros de distância, encontrava objetos perdidos através de sonhos, e literalmente deslocava  meu espírito de um mundo para o outro. – Na infância entrava numa espécie de transe, que me levava para uma dimensão, onde os belos eram maus, e os seres horrendos me protegiam, mas não sabia o porquê. Assim como costumava dizer que o bicho papão era meu amigo, muito antes de lançarem filmes sobre o tema ( quando o entretenimento era voltado para bom é bonito, e mal é feio.) Tal capacidade assustava a minha avó materna, que me pegava falando “sozinha”, e acusava que eu conversava com demônios.

     Como se isso não fosse o suficiente, quando estava na quarta série, e estudava numa escola de esquina para o cemitério, chamada Guanabara, cheguei a me deparar com o mundo sobrenatural, e creio eu que a própria morte, pois era um ser de mortalha negra, que apareceu em meio a penumbra, iluminada por pequenos raios de sol, depois de ter me encontrado com torneiras, que se abriram sem o auxílio de mãos alheias. Não fiquei lá para conversar, tinha 10 anos na época, por isso sai correndo, e ao entrar em contato com meus colegas, tentei não parecer que tinha medo, ou visto algo. Dentre outras histórias, que vieram depois, mas que se eu citasse seria difícil de crer, então vou parar por aqui.

    Quando me abri para o satanismo, não tinha a intenção de ser uma das filhas de Satã, ansiava apenas por ser uma soldada, que guiaria as pessoas para os seus devidos caminhos.

    Por isso ao ser confrontada com visões, e gente muito mais surtada do quê eu mesma, acabei por duvidar de tudo. – “Ah tah eu sou filha de Lúcifer e Lilith, e a herdeira do Inferno, Aham, acredito” ou “Este é o cúmulo da infâmia”. “Tanta gente lá fora, querendo isso, e eu aqui apenas seguindo a minha jornada sem acreditar que sou eu.” “Por quê Lúcifer e não Satã?” – Relembrando que na época via-os como gêmeos negros, não uma totalidade de opostos complementares.

    Não foi algo simples, e pra piorar fiz uma cota de inimigos, que achavam que eu não era digna. – E não ligava muito, pois também concordava com isso, só brigava quando se tratava de mim, não da minha suposta “herança”.

     

     

     

     

    Até hoje sigo duvidando, mesmo que bem lá no fundo, saiba que é verdade, e que aceitar isso é o melhor caminho. Só que sou muito cética, para abraçar tal fé sem provas mais consistentes, e outra eu nunca quis sentar no lugar de Lúcifer, só de está na sua presença, com meus dragões, e meus aliados, já me sentiria feliz. –Apesar das reservas, que tenho, por ele ter interferido para que soubesse, como era ser a ovelha negra da família, e iniciar uma conquista, com apenas as asas e a essência. Todavia há sinais de quê sou da sua linhagem, e vou citá-los, para quê fique claro, quando alguém é um filho, e quando não é. São eles: 

     Nascimento que parece milagroso, mas é maldito: Quando minha mãe engravidou, ela teve rubéola, e o caso foi tão grave, que o médico mandou-lhe me abortar, mas ela se opôs a isto, e fez promessa a uma santa, para garantir minha segurança, e vim saudável. — A igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, quase pegou fogo em 2013, quando houve um incêndio de grandes proporções em Macapá- AP, que foi inclusive noticiado no jornal nacional, mas a causa por muito tempo, foi um mistério insolúvel.

     O meu número da sorte ligado a data do meu aniversário: 15/02/1995 foi quando nasci, e 15 é o meu número da sorte desde criança. – Afinal ganhava festas e presentes. O mesmo dígito é considerado o número do Diabo no Tarot. Além disto se somar todos os algarismos de maneira cabalística, resultará em 5, que lembra o pentagrama, um símbolo bastante comum na magia, e o 1,5 é uma das partes presentes da Deusa Babalom, de Aleister Crowley, representada em sua totalidade por 156.

     Os fenômenos de 15/02: O dia é marcado por grandes eventos históricos, ligados a Nova Era, e ao mesmo a antiga. É no dia 15 por exemplo, que comemora-se a Lupercália, o “dia dos namorados pagão”, em que se celebra Lupercos – que é tido como uma das faces de Lúcifer na Itália – e o dia da fundação de Roma. Foi também no dia 15, que logo após o Papa renunciar, um meteorito caiu na Rússia, e muitos acharam que era um sinal apocalíptico. Desde então no mesmo dia: O exército de fanáticos, chamados de gladiadores do altar se levantou – Estes são responsáveis pela destruição ilegal de terreiros.  Até o material midiático foi direcionado para o caos do fim do mundo. Procure pela série mais assistida por quase um mês: The Umbrella Academy que foi baseada na HQ da Dark Horse, e Doom Patrol, um dos poucos sucessos da DC comics. – Que a propósito, fazem parte do meu gênero favorito de programação, e soou como um presente. Mas você já deve saber, afinal o oculto influencia a mídia... e o resto já deve ter gravado não é?

     Sinais físicos: “Os olhos são a janela da alma”, já dizia o ditado popular. – Embora tenha nascido sem uma alma, meu espírito segue me precedendo. Portanto vez ou outra, os olhos se alteram de maneira expressiva, (quase inumana em alguns casos).

     A minha descendência física: É evidente que carrego uma grande herança Africana, mas o quê poucos percebem, é que a minha forte ligação é com a Itália, inclusive meu sobrenome é dessa origem, e tenho parentes originalmente italianos. Por quê é um sinal? Lá é único lugar onde as bruxas cultuam, e aceitam que Lúcifer teve uma filha enviada a Terra, e também o primeiro local do mundo, onde ouviu-se o nome do Deus Romano. – E eu não sabia disto até 2016. Quando tive um sonho, sobre ter ficado adormecida por 500 anos, que me levou até um conflito na terra da minha descendência de sangue, onde até mesmo encontrei, uma música relevante ao meu nome secreto em 2013. Mas nunca tinha pesquisado mais a fundo, até aquele dia, quando tive o estalo “E se eu focasse na minha magia hereditária para me desenvolver?”.

     A falta de empatia satânica: Lúcifer não é aquele que se diverte entre os demônios, é o quê os mantém na linha, então é normal, que muitos demônios, ou espíritos perturbados, tenham aversão a mim, pois sou filha do “carcereiro da prisão cósmica”.

     Poderes, que podem ser terríveis ás vezes: Odeio ferir pessoas inocentes, mas por vezes a minha ira, se manifesta de tal forma, que consigo interferir neste plano. – Se você é um de nós ou dos nossos, sabe bem a que me refiro.

     A ausência de Lúcifer e Lilith: Eles são deuses, tem seus afazeres, não podem ficar me mimando a cada 24 horas, só porquê vim deles. – A não ser que eu necessite exclusivamente de sua proteção. No entanto é mais fácil enviarem guardiões, antes de tomarem partido, pois querem filhos fortes e dispostos a lutar.

     Loucura racional: Não pertenço a um lado, estou ligada ao todo. Conceitos separativos pertencentes a humanidade, me parecem antiquados. “Magia não pode se unir a Religião” é o tipo de frase que me faz rir por exemplo.– Mas sigo respeitando cada crença, assim como quero, que a minha seja respeitada.

     Relatos autênticos: Devido ao conhecimento sobre os grimórios – e a grande quantidade de gente cética sobre quem sou – registrei tudo datado num site, que serviu como meu diário por um tempo. O nome do mesmo é: Os pensamentos infernais de Carry Manson. – Tenha em mente que na época eu tinha 18 anos, havia acabado de aceitar que era a primeira filha de Lúcifer, e meus textos soavam completamente insanos (e até vergonhosos.) Além disso há os livros Sobre mim de 16/05/2018 e The Angel In Earth de 28/05/2019 no site da Autores, onde podem ler melhor sobre a minha história, e tirarem as suas conclusões. – Os conceitos apresentados acima, são apenas para diferenciar a fantasia do verdadeiro.

     

    Queria dizer que a verdade é o máximo, um conto de fadas, ou tudo o quê aparece na TV, em quê do nada os esquisitos se tornam legais, e imediatamente são reconhecidos como os maiorais da história da Terra. Mas não é assim que funciona.

    Diga que é filho de um Deus, e prepare-se para as risadas, insultos, e pessoas que imediatamente se acham melhores que você.

    Levante-se contra aqueles que não tem consciência, e eles vão apontar o dedo, achando que surtou, e se por acidente acabar os machucando, farão a tua caveira.

    Estou revelando sobre mim, não para que venham tirar satisfações mais tarde. – Mas se quiserem tenho muito mais material para provar quem sou.  – E sim para lhes mostrar, que há sim semideuses entre os humanos, e que nem todos pertencem ao 90% dos mergulhados em mentiras, somente para aparecer.

    Vocês não estão sozinhos. Eu posso ouvi-los, e acreditar em suas histórias, se forem sinceros sobre o quê houve. – Quem realmente é, percebe as inconsistências dos fatos, por isso é mais fácil saber, quem carrega a mesma dádiva ou maldição.

    Cada de nós tem uma missão, seja ela grandiosa, ou parte de um grande plano, e seria bom que nos apoiássemos, pois o universo é grande o suficiente para quê todos consigamos, alcançar a merecida glória. – E isso vale para humanos e predispostos.

    Acham que apenas por ser filha de Lúcifer e Lilith, sou uma criatura suprema e imbatível? Não, não é por aí. Há os filhos que nasceram da própria Tiamat ou de Apsu, e outros Titãs, que são muito mais poderosos. – No entanto ter muita energia, não significa  automaticamente, que sabe usá-la.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Capítulo 7 – DIY MÁGICKO

     DIY é um conceito em inglês que significa Do it Youself, ou Faça você mesmo, e foi adotado por alguns grupos dos E.U.A que preferem fabricar seus materiais, e se abstém do uso das grandes marcas conhecidas. É claro que tal ideal parece implícito para muitos, e embora haja uma corrente chamada Magia do Caos,  que foi desenvolvida Austin O. Spare, e trabalha com isso de maneira bem expressiva, é importante que saiba como praticar.

    Você pode naturalmente criar feitiços, rituais, e cerimônias, para cultuar o teu deus, e lhe mostrar a sua devoção. Mas infelizmente há leis que por hora são permanentes.

    Não adianta por exemplo usar um baphomet para fechar um portal, quando o mesmo é usado a décadas por diversas seitas satânicas, para invocar os príncipes infernais.

    Assim como não adianta tentar invocar um demônio, atribuindo energias negativas ao pentagrama, que há muito tempo é considerado pelas bruxas, como um símbolo de proteção. – Pode até funcionar devido o grande descaso da sociedade, que segue achando que é o símbolo do Diabo, mas a entidade em questão vai rir de você.

    Sempre crie meios de se proteger, mesmo que seja na hora de criar um servidor – No caso da Chaos Magic. – Você pode ter a linhagem dos demônios, sem saber, e atrair um ser de luz, que tenta te destruir, somente porquê tu nascestes como determinado herdeiro. – E vá por mim, luz não significa ausência de combate violento.

    Verifique as condições ideais para realizar a prática mágicka. – Não só a atmosfera mística, como a física também.

    Se a lua é negra, e não condiz com o teu objetivo, evite-a, ou vibre de acordo com o instrumento, de onde saiu o acorde.

    Se o tempo está ruim, (e você não foi responsável), vivem te perturbando, e tudo parece dá errado no dia em questão, já tem a resposta para o teu intento, que é: Não. O universo está se manifestando contra, então fica por sua conta e risco. – Caso queira ir adiante.

    Procure conhecer os presságios. O chamado do universo é comum, por seguir um padrão lógico de repetições, que foge do binário computacional 0 e 1, e passa a ser 0,0,0 ou 1,1,1 – Quanto mais frequente, mais chances há de ser o Cosmos falando de maneira silenciosa. – Será um alerta, se Todos os itens estiverem presentes:

     Números: Números iguais, são portais de consciência – e energia mágicka – se abrindo. Mas quando surgem várias vezes, em conceitos diversos, é bom avaliar o quê significam através do estudo da numerologia, cabala, e gematria em geral.

     Sonhos : O plano onírico é um dos mais interessantes, pois revela sobre o mundo, que há dentro do ser. – Freud estudava os sonhos, para compreender melhor seus pacientes, e você também pode, embora o método não seja recomendado, pois dificilmente será objetivo para ter resultados plausíveis. Além disto, se o indivíduo está conectado com o oculto, tem a capacidade, de prever as linhas dos próximos acontecimentos. Assim sendo deve-se avaliar, quando um sonho, é apenas sonho, ou um sinal. 

    Por ex: Se você tem tido sonhos com elementos semelhantes isolados. Como: a presença constante de pregos em evidência. O resto do contexto se aplica a ti, mas a presença dos pregos é um comunicado. – Como se fosse um código morse do Universo.

     Frases incomuns: Sejam de ameaças, ou que transmitam segurança. – Devem ser avaliadas, se sentir algum tipo de calafrio na espinha, quando as ouvir. Não importa se é da boca de um estranho, na tela do pc, ou em uma canção, pesquise sobre a questão, e tente decifrar o quê significa.

    É relevante salientar que o Padrão Ressoante é a chave, e que embora tenha citado apenas 3 exemplos, o fato de o presságio acontecer 3 vezes, não é o suficiente para se definir como um sinal. Será um sinal, se houver persistência do oculto em te mostrar a mesma mensagem, do contrário pode ser somente uma bela coincidência. A(o) Bruxa (o) saberá intuir a partir disso, e definirá se quer seguir tal caminho, ou optar por outro.

    Respeite as Leis Antigas, apenas atribua algo condizente a tua personalidade no Culto a teu Deus.

    Se lá no teu grimório diz que deve usar a violeta, use a violeta, não o  eucalipto – Com exceção a sacrifícios humanos e de animais, sem razão lógica. Como por ex: Mate um carneiro para o deus, e se livre do cadáver. (Se for para matar um bicho, que seja para deleitar-se da sua carne, ou trazer alívio para alguma dor.)

     

    Siga os antigos, estude-os, respeite-os, mas adore somente aos deuses. – Não trate grandes nomes da vertente da magia, como se fossem a entidade a que te dedica. – Por ex: Aleister Crowley Não É Um Deus Supremo. Em vista disso não haja como se fosse. ( Leia seus escritos, mas sempre com a consciência crítica, do quê condiz com a tua realidade.)

    Você pode imitar alguns rituais, feitiços, e poções. Mas o ocultismo é o campo da criatividade, então quando estiver pronto, inove, entregue-se, e DIY (Faça você mesmo) – Não é porquê fulana usa sempre os métodos 100% tradicionais, que tu devas utilizar também, afinal para ela pode ser fácil, arrancar a cabeça de um cervo, e para ti não.

    Como é errado falar de um ideal, sem aplicá-lo na vida, a experiência que lhes trago é a minha própria língua, que batizei de Lovlicos, pois me baseei em escritos de H.P Lovecraft, e nos sinais da linguagem cósmica, e ela consiste em: 

    Alfabeto tradicional  português- BR. 3 Palavras abreviadas com 3 siglas no total.

    III. Formação de frases, com no máximo 3 sentenças.

    Dicção forte, com acentos ocultos, que somente 

    quem já presenciou os mistérios do universo, 

    consegue aplicá-los.

    Timbre doce para o uso benéfico, timbre

    sombrio, beirando o demoníaco para o

    maléfico.

     

     

    Ex: 

    Em português é: 

    A lua brilha sem parar

    Em Lovlicos é: 

    Alub separ

    Em português é:

    Sim e não, talvez

    Em Lovlicos é:

    Sie nata

     

    Em português é:

    Não vou

    Em Lovlicos é:

    Navo

     

    Parecem palavras de uma raça antiga de alienígenas – ou com os Enn’s demoníacos que conheci ano passado. Mas é apenas um sistema simples, que apliquei aos meus rituais, e até agora rendeu bons resultados. – Ainda que alguns fatos tenham me assombrado, pois apesar de não ter uma egrégora forte (por ser minha criação) é uma expressão muito poderosa. – A melhor explicação, é que o cérebro se impressiona com coisas estranhas, e o uso das mesmas, intensifica o poder mágicko.

    A intenção aplicada nela pode variar, mas pelo que percebi com as minhas experiências e análises, é uma força que mexe com a ordem mundana, e traz a tona o quê é considerado impossível. – Tanto pro bem, quanto pro mal.

     

    Fora a Lovilicos, também realizo meus próprios rituais, baseados na filosofia com a qual tenho mais afinidade. – Uma qualidade, que me fez inclusive criar uma seita chamada Sees- Seguidores da Estrela, que obviamente representava Lúcifer, mas para acessá-la bastava acreditar em algo. -  Através dela introduzi algumas pessoas no mundo místico, após comprar-lhes a sua alma. – Quando acreditava em tais falácias.

    O Sees tinha um propósito comum: Realizar desejos, sejam eles nobres ou atrozes. Assim como também gerava consequências, para aqueles que traíssem o círculo.

     

    No total formávamos 4 componentes. Todos os membros eram femininos, e a nossa crença no poder oculto, era tão grande, que quando nos tornamos A constelação – O quê uma sente, as outras também. – O efeito foi imediato.

    Da mesma maneira que quando uma das moças, escolheu um homem, em vez do círculo. Acabou possuída, e tentou matar o seu amado, diante dos familiares. – Tinha 16 anos na época, e até chorei, me sentindo culpada, por um demônio tomar-lhe posse. – Nem sempre ter poder, é um sonho, na maioria das vezes parece mais um pesadelo. (Ao menos para mim.)

    Nossos rituais incluíam derramamento de sangue, como prova de lealdade, e devorar as doces frutas do cemitério, onde nos reunimos para realizar nossas práticas ocultas. – Que fique claro, não tolerava sacrifício de animais, o fluído da vida, vinha das moças, que faziam parte do círculo.

    Era pura brincadeira de criança, como uma versão da vida real de jovens bruxas. – Mas não cheguei a me tornar uma maníaca como a Nancy, apesar de me vestir como tal.

    Tivemos poucas reuniões, pois após chegarem as consequências, duas garotas, queriam pular fora. Uma perdeu o namorado, e a outra começou a ver as sombras, e isso lhe fez ter medo de onde colocava o pé. Então só restou eu e outra garota, que me apoiou por um bom tempo. – E até me ajudou quando minha vida ficou em risco, após romper o círculo de vez.

    Lembro-me do nosso último encontro. Foi o mais marcante de todos, pois ali tive o primeiro vislumbre da vida passada. – Fomos até o cemitério, e lá um estranho homem de chapéu branco, e camisa vermelha nos recebeu, fazendo perguntas interessantes, a respeito de estarmos ali para passeio ou trabalho, e nos avisou para tomar cuidado com as visagens (termo para espíritos) minha companheira riu, disse temer só os vivos, e eu disse que a morte era uma escapatória para os covardes, frase esta que não saia da minha cabeça.

     Ao ouvir a minha resposta, ele fez uma reverência, e sumiu no meio do matagal. Após a sua partida, as sombras começaram a ganhar forma, e tanto eu, quanto a menina vimos coisas. Primeiro vi uma mulher enforcada no topo de um pinheiro, por um cipó cheio de espinhos, e logo deduzi que era uma bruxa. Em seguida seu corpo sem vida caiu, e um ser de chifres meio homem meio touro, veio para recolhê-lo. Tão grande foi a minha surpresa, ao ver como ele a pegava nos braços. Não a arrastava para o inferno, nem levava como um pedaço de carne, parecia mais que era a sua noiva, e tinha um aparente carinho por ela. – Conseguia sentir que aquela imagem, era um retrato da minha vida passada, e aquela conexão era fantástica. – Ambos desapareciam na névoa, e 7 ou 8 rostos, não lembro ao certo, apareceram, sendo 5 femininos e os restantes masculinos. Nós voltamos para a causa da minha amiga, e acabei por desmaiar sem razão aparente.

     

     

     

     

    Mais tarde a noite, quando estava sozinha em meu quarto, vi que haviam várias sombras chifrudas ao meu redor, e as mesmas pareciam que iam sair das paredes. – Isso me deu um calafrio tão grande, que naquela noite, resolvi dormir no sofá. – Neste tempo nem imaginava que era a herdeira de Lúcifer, então não tem como ser algo influenciado por tal descoberta, que veio acontecer no ano seguinte, e só foi aceita, quase 2 anos depois, pois precisei analisar toda a gama de fatores, para poder aceitar tais fatos.

    Então tome muito cuidado com o quê aplica no seu DIY mágico, pois tudo o quê fizer, expressará a sua real natureza. – É por isso que estou lhe dando estes conselhos de maneira direta, pois apesar de ser uma conhecedora dos mistérios, com grandes saberes, por ter estudado sempre sozinha. Queria que alguém tivesse me dito estas palavras, para evitar todos os desastres que aconteceram.

    A magia independente do quê faça, sempre trará consequências. Mas não é como colher o quê plantar, e sim por causa do valor que atribui a tua responsabilidade pelos atos. Portanto sempre pratique, somente aquilo que a sua consciência é capaz de suportar, do contrário além de ser taxado como louco pela sociedade, vai realmente acabar como um. – Ouça esse conselho de quem foi recentemente diagnosticada com transtorno de personalidade, após inúmeras tentativas de suicídio e agressão, antes de conhecer formas de lidar com a própria escuridão.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Capitulo 8 – A bruxa que vive entre os santos e os pecadores.

    Viver em sociedade é uma tarefa difícil para um bruxo. Sabemos de tantas coisas maravilhosas, e verdades indizíveis, que nos sentimos criaturas superiores, que precisam interferir na jornada dos demais, para que experimentem de toda a beleza ou conhecimento que adquirimos. – Isso é inegável, mesmo que sirva a luz da magia, e diga que acredita que todos são iguais, a igualdade não é a resposta para o quê quer.

    Imagine que todos no mundo são lagartas, e que algum dia se tornarão lindas borboletas. – Se você interferir no processo, eles certamente morrerão, antes de conseguirem sair do casulo. Este é um exemplo que li em Lex Satanicus, e achei algo absurdo na época, mas hoje percebo que é o melhor a ser feito.

    Assim como as pessoas, podem ser simbolizadas como insetos majestosos, também podem ser descritas como música, e cada uma tem um ritmo ou melodia própria, que pode ou não agradar os nossos ouvidos. – Portanto procure sempre andar, com aqueles que tem um ideal em comum contigo.

    É lindo abraçar as diferenças, mas uma coisa é aceitar o outro, outra bem diferente, é querer ser como ele. – A verdadeira beleza do mundo, não está em rostos padronizados e iguais. Mas sim em suas peculiaridades. O quê quero dizer com isso? Seja fiel a ti mesmo, e se aceite acima de tudo, não tente se adequar aos demais, somente porquê eles não te aceitam. Procure pelo teu próprio nicho, pois não importa qual seja, sempre há um espaço para ser ouvido. 

     

     

     

    Evite se expressar em sociedade, se não aceitam a tua crença mística. – Não é porquê você respeita os outros, que eles farão o mesmo por ti. – “Mas Lux você falou para não me adequar aos demais!” Sim, e não se adequar, significa ser leal aos teus ideais, não importa o ambiente em que se encontra. – Eu sou bi, e mesmo em meio aos héteros, continuarei sendo, não importa o quê digam. E se encontrar aqueles que me apoiam, me abrirei e direi a verdade, se não, seguirei em silêncio, pois o mundo é um lugar perigoso, e há aqueles que em seu fanatismo, apenas precisam de um “A”, para virem para cima. – E não quero mais responsabilidades por danos aos outros. É uma questão de sobrevivência.

    Enfiar nossas crenças na goela alheia, é como forçar a pessoa a aceitar nossas filosofias. – Eu sei que funcionou para os cristãos, mas o medo é tão eficaz, que hoje os fiéis se uniram a outras crenças, por não aceitarem a intolerância religiosa. Então o temor, embora funcione, não se compara a força do amor pelo quê se faz. Por isso se quer mesmo trazer, alguém para o seu lado – Vá na mãe de santo mais próxima, e coloque o nome da pessoa numa roda. Brincadeira!

    Tente explicar-lhes sobre a sua fé, e quando for confrontado, apenas faça comparações, que o ajudem a perceber que no fim seu amor pela divindade, não é tão diferente, do quê o quê sentem por Cristo. – Sua vida está tão difícil por quê não larga dessa tal magia e abraça o nosso senhor? Já me disseram e respondi Da mesma forma que você ama o seu senhor, apesar das dificuldades, eu também amo a Lúcifer, e assim como tu se identificas com Cristo, eu me sinto mais confortável andando com o deus romano. Foi o suficiente para seguir em paz, nunca mais tocou-se no assunto, e a amizade seguiu  a mesma.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Não tente humilhar ninguém, a não ser que a pessoa realmente mereça tal castigo. – Eu pessoalmente odeio “lacrações”, porquê é algo desnecessário para sociedade, e trata-se de gente, que quer “arrasar” apenas repetindo o discurso alheio, como se fosse uma verdade absoluta. A pessoa aparentemente refletiu sobre algo, mas no fundo não se deu o trabalho de questionar, e apenas uniu a ideia do autor, a coisas que ouve no cotidiano. Chega a ser – me perdoe pela expressão – Patético, pois a preguiça intelectual se torna mais do quê evidente. – Por isso fica a seu critério Expor a sua ideologia ou não–  Mas lembre-se Bruxos (a) de verdade, não tomam os problemas da sociedade como seus. – Eu sei soa frio, todavia é assim que funciona, pois devido a enorme gama de poder, que um ser desses possui, se ele coloca as suas emoções em jogo, certamente isso traz consequências, que dificilmente são agradáveis. Hoje destrói um ditador, amanhã impede o seu país de prosperar, e todos acabam na miséria por exemplo.

    Não estou dizendo,  que não deve defender aquilo em quê acredita, estou apenas esclarecendo, que precisa ter noção do quê defende, antes de ir as ruas ou redes sociais. – Não seja mais um papagaio da fé, e somente parta para a guerra, se o conceito do outro, realmente te ferir, de uma forma, que precisa colocar todo o ácido para fora. – Este livro não é para passivos, ou atacados, mas sim guerreiros que sabem quando devem erguer a voz.

    Isto nos leva a um tópico interessante. Não ataque a tudo e todos, apenas porquê não te aceitam. Aprenda a si amar, e não ligar para opiniões repulsivas. – Não ligar mesmo, ou seja ouvir, e entrar por um lado e sair pelo outro, sem sair por aí dizendo “Eu não ligo! Não adianta tentar me atingir! Pois não vai conseguir!” já que se o fizer, estará claramente agindo de maneira contrária, ao que disse.

    Aprenda a controlar a sua raiva, ou ela te controlará. – Não haja por impulsos, pois isto pode custar muito caro para você, ou os seus colegas. – A ira nos faz ter pensamentos num segundo, cuja responsabilidade pesa por uma década.

    Haverão muitos grupos, que exaltarão a fúria, e te dirão para destruir tudo e todos. Mas não te falarão, que você pode ferir alguém gravemente, ou até mesmo matar o alvo escolhido. – Porquê a maioria que venera estas forças, não se dá ao trabalho de conscientizar os seus do perigo.

    Aprender a controlar a sua raiva interior, não te fará mais fraco. Mas sim capaz de realmente arrancar o coração, de um inimigo velado, sem sequer se importar se isto pesa ou não na consciência, pois terá ciência, de quê se chegou a tal ponto, foi algo necessário, e será mais difícil de se arrepender. Só que se o fizer, apenas por causa de um segundo de raiva, a culpa mais tarde vai te consumir, e caso isto não aconteça, sugiro que vá urgente ao psiquiatra, pois a sua falta de empatia, é algo assustador.

    Aceite a natureza, e a proteja, não tente modificar a ordem das coisas. – Nós somos carnívoros, está no nosso DNA, desenvolvemos caninos para devorar carne. Se você quer cuidar da natureza, comendo apenas frutas e vegetais, tudo bem, mas não venha tentar obrigar os outros a seguirem a tua doutrina. – Cada um em seu nicho lembra?.

     “Um leão pode devorar um ser humano, mas o ser humano não pode devorar o leão”? A onde isto é natural na cadeia alimentar? Por quê o leão tem que ser superior ao homem, em vez de haver um termo de igualdade entre ambos? A ciência não tem dito a anos, que o homem tem parentesco com os primatas, e logo é um animal também? – Eu sei isso pode ser desagradável, mas o natural não se baseia em veados e leões, andando lado a lado como amigos, da mesma forma, não pode acontecer com os humanos e os seus irmãos animalescos. Não importa se é racional. A falta do instinto caçador, nos torna dóceis, e mais fáceis de sermos manipulados por entidades obsessoras. – É claro esta é a minha opinião, escolher seguir ou não é de você, mas antes de sair levantando bandeiras a favor do meio-ambiente, pelo menos conheça o quê defende.

    Isto significa que eu, Lux Burnns, sou um monstro, a favor da caça por diversão, e outros meios de entretenimento humano, que humilham os animais? Não, o preto e branco, não se encaixa a mim. Uma coisa é respeitar a natureza, outra é usá-la como posse, da maneira que bem entender. – Por mim as fábricas de comida, deveriam promover o abate misericordioso, semelhante aos dos banquetes de festividades africanas.

     

     

    Sempre respeite a crença alheia. Você ama Odin e seu parceiro a Lúcifer. Mas e daí? Cada um segue a divindade que desejar, e aprende com a mesma. – Novamente lembre-se da metamorfose da borboleta, se mexer no casulo, ela morre.

     

    O mesmo vale para os seus pais. Se você vive com eles, lhes deve muito, por te darem um teto, comida, e as vezes até roupa lavada. Então não os desafie, ou os desmereça por causa de crenças diferentes. Vocês são de tempos diferentes, foram colocados juntos, para aprenderem uns com os outros, não se destruírem. – Seja maduro, saiba argumentar, e lutar como um nobre, pelo seu ponto de vista. Se agir assim, eles provavelmente verão, que a tua filosofia está te tornando alguém melhor, e que não precisam se preocupar. Agora se sair berrando, quebrando os móveis da casa, batendo a porta do quarto, mesmo que eles só queiram conversar, tudo o quê vai ganhar com isso, é mais abordagens, que demonstrem medo do caminho que está tomando. – Falo por experiência. Iniciei minha vida mágica da pior forma, e só depois que adotei esta postura, por causa de Anton Lavey, a guerra em casa acabou. Rebeldia com causa é algo louvável, mas rebeldia por rebeldia, nada mais é que tolice. – Se eles  ainda sim, não permitirem que faça os cultos dentro de casa, vá para fora, se for ruim, procure algum canto seguro, onde possa praticar, sem causar problemas em seu lar. – Nem sempre será um método efetivo, mas é melhor ter aliados dentro de casa, do quê inimigos.

     

    Por fim sempre tenha em mente, que sentir-se superior, não significa ser superior. Para torna-se assim, terá que ter atitudes que condizem com tal postura. – Não me mande beijos de luz, se a sua única intenção é me queimar. GsolitaryDevil.

     

     

     

     

    Capitulo 9 – Os Deuses e o Fim da farsa da realidade dualística.

    Este é o fim da sua jornada comigo, e o ínicio de algo ainda maior. Como disse lá no início, há autores infinitamente melhores, e não estou aqui para me apropriar dos seus cargos ou teorias. – Apenas estou apresentando-as com uma linguagem mais direta, para que saibam exatamente o quê praticam, de acordo com a interpretação aceita por outros ocultistas. 

    Até aqui temos trabalhado sobre as grandes causas sociais, que afligem a comunidade mística, e muitas vezes defendi que a realidade não é dualística. Mas para fechar este pequeno guia, me aprofundarei nesta questão com uma explicação mais extensa. – É neste ponto que você vai decidir, se quer continuar sendo ocultista, ou prefere tomar o caminho mais simples, adotando alguma religião por exemplo.

    Desde que éramos jovens, nos ensinaram a dividir o mundo entre homens e mulheres, bem e mal, fogo e gelo, guerra e paz. Nossos pais – na maioria das vezes – nos diziam “No mundo há Deus que é o bem, e há Satanás que é o mal. Deus é luz, Satanás escuridão. Deus é água, Satanás é chamas.” 

    Apesar de não discordar, dos conceitos acima apresentados – com exceção a Deus ser luz, mas é pessoal – creio continuarmos a segui-los é errado. Já aprendemos muito sobre as duas metades, então por quê deveríamos continuar trabalhando-as de maneira separada? 

    Está certo, a iluminação é importante, mas as sombras também são. É preciso que haja um ou o outro, para quê o todo exista. Não adianta tentar tirar um dos números da equação, senão dificilmente encontrará o valor de X ou Y.

     

     

    Devido a minha conexão cósmica, estudei não somente astrologia, como astronomia, física, e biologia. Pensei a príncipio, como muitos magos, que era apenas uma imposição social, para nos manter ignorantes perante a verdade do universo. Mas foi então que percebi, que a culpa da divisão não era dos cientistas, em sua maioria religiosos, e sim dos novos filósofos da internet, que empregam o conhecimento científico, apenas para atender os seus próprios conceitos mesquinhos.

    “Deus não existe.” Dizem todos os ateus, que esqueceram-se de questionar, adotando uma conduta massificada, e muitas vezes tomam como prova inconstetável, as palavras de grandes pensadores, que foram queimados como hereges. Oras meus amigos, se Deus não existe, naturalmente nada mais do mundo místico é real também. Inclusive Lúcifer, Odin, Hel, Osíris, Ísis, Seth, Zeus, Deméter, Amon, Baal, Krishina, e vários outros deuses, pois se o suposto supremo não é real, o resto dificilmente pode ser considerado como tal. O velho barbudo de sandálias que conhecemos, nada mais é do quê uma imagem criada por homens, que compilaram antigos escritos, num livro chamado bíblia sagrada. – Então quando se entrega a crença, de adorar o Deus do impossível, você indiretamente está se conectando com alguma destas divindades do velho mundo, por isso o uso de versículos, para atingir determinados objetivos.

    Espera Lux Burnns, filha de Lúcifer e Lilith, neta da gigante Tiamat, você está sugerindo que devo me converter? Calma! Não, isso jamais. Alimentar a ideia de quê este deus é supremo, é o quê torna ainda mais forte, não lembra? 

    Só que também não se pode descartar o inegável, de quê esse grande mosaico mal feito, também é parte da nossa cultura, e que desprezar alguns dos seus fatos, é o mesmo que massacrar a própria doutrina. – Por isso se prender ao lado A ou B, é errado. 

    “Ah mas a deusa x é maior que o deus y.” ou “O deus y é maior que a deusa x” Já chega de se prender a isso. Queres realmente acessar o poder máximo, nesta realidade limitada? Então pare de abraçar apenas a causa que te convém, e aceite que o quadrado é feito de dois triângulos, ou o círculo é formado pela união dos mesmos. – O quê isto significa? Que a realidade não se resume, a deuses C e D, e que não é necessário comprar as suas brigas, para que adquira o seu respeito, ou realizem os seus objetivos.

    Nem mesmo estes deuses são originários do príncipio feminino ou masculino, mas sim da união de ambos, que nasceram do verdadeiro ser supremo, que não é Jeová, Cerridween, ou nem mesmo Tiamat, apesar do quê muitos acreditam.

    Se você é iniciante, será um choque, mas a realidade precisa mostrada desde aqui, para que entenda a perda de tempo, que é lutar apenas de um lado. Então prepare-se, pois a origem do universo, de acordo com os antigos, lhe parecerá absurda, se ainda continua abraçado apenas a positivos e negativos:

     Mitologia súmeria

    Cosmogonia

    “Antes de todos os antes, nada existia, a não ser Nammu, o abismo sem forma. Um dia, Nammu resolveu espreguiçar-se, e novamente voltou a enrolar-se. Com esse gesto, ele criou Ki e Anu, respectivamente a Mãe Terra e o Firmamento. Deles nasceriam todos os demais deuses, o tempo e, no futuro, o homem, que seria feito de argila.”

    Superinteressante 28/05/2019

     

     Mitologia Egípcia: 

    Cosmogonia 

     

    Neterus Primordiais:

    São os deuses mais importantes os quais estão associados com o mito de criação (origem do universo):

    • Nun (Nu ou Ny): simbolizava a água ou o líquido cósmico que deu origem ao Universo.• Atum (Atum-Rá, Tem, Temu, Tum e Atem): representa a transformação de Nun, sendo considerado aquele que deu origem a explosão do Universo (semelhante ao Bing Bang) e que gerou os diversos corpos celestes, separando assim, o céu e a Terra.• Amon (ou Amun): esposa de Mut, ele é considerado o rei dos deuses.• Aton (Aton ou Aten): relacionado ao sol, ele foi o deus do atomismo que estava relacionado com o disco solar.• Rá (ou Ré): deus da criação, sendo um dos principais deuses do Egito.• Ka: força mística que representava a alma dos deuses e dos homens.• Ptah: marido de Sekhmet e de Bastet, representava o deus criador e protetor da cidade de Mênfis. Além disso, era considerado deus dos artesãos e arquitetos.• Hu: representava a palavra de criação do Universo.

    Toda Matéria 28/05/2019

     Mitologia Hindu

       Comosgonia 

    A Mitologia Hindu está fundada nos Vedas, que são os livros sagrados dos hindus. Segundo a crença, o próprio Brahma os  escreveu. Brahma é o Deus supremo da tríade hindu. Seus atributos são representados pelos três poderes: criação, conservação e destruição, que formam a Trimuri ou trindade dos principais deuses: Brahma, Vishnu e Shiva, respectivamente, da criação, da conservação e as destruição.

    Brahma é o deus criador de todo o universo e de todas as divindades individuais e por ele, todas serão absorvidas. Ele se transformou em várias coisas, sem nenhuma ajuda externa e criou a alma humana que, de acordo com os Vedas, constitui uma parte do poder supremo, como uma fagulha pertence ao fogo.

    Infoescola 28/05/2019

     Mitologia Grega

    Cosmogonia

     

    No princípio de todos os mitos, houve um tempo em que nada existia no Universo além do Caos – a mais antiga, a mais inexplicável, a mais absurda das divindades. Nenhum poeta e nenhum filósofo grego imaginava o que teria existido antes dele: era o primeiro dos deuses, a sombra de loucura e confusão que está nas profundezas de tudo o que existe.

    O Caos ocupava todo o espaço do Universo. Nele, estavam misturadas as sementes de todas as coisas futuras: mas não havia ordem alguma, apenas um turbilhão sem sentido e sem fim. No poema As Metamorfoses, escrito no século 1 a.C., o poeta romano Ovídio descreve assim a terrível divindade que deu origem a tudo: “Antes que a terra, o mar e o céu tomassem forma, a natureza tinha apenas uma única face, chamada Caos: uma massa crua e desestruturada, um conglomerado de matéria composta por elementos incompatíveis… Nenhum elemento estava em sua forma correta, e tudo estava em conflito dentro de um mesmo corpo: o frio com o quente, o seco com o molhado, o pesado com o leve”.

    O Sol não iluminava o dia, e a Lua não brilhava à noite. Não havia chão para firmar os pés, nem mar para se nadar – todos os elementos estavam misturados num caldo primitivo. E as coisas, embora sempre em convulsão, não saíam do lugar: pois não havia sequer direita e esquerda, em cima ou embaixo, Norte ou Sul, dentro ou fora. O Caos era tudo e, ao mesmo tempo, nada.

    Superinteressante 28/05/2019

     

     Mitologia Nórdica

    Cosmogonia

     

    A narrativa das Edas conta que, no princípio, não havia nem céu nem terra, apenas uma enorme abismo sem fundo e um mundo de vapor, no qual flutuava uma fonte. Dessa fonte surgiram doze rios que, após longa viagem, congelaram-se e com o acúmulo das camadas de gelo umas sobre as outras, o abismo se encheu.

    Ao sul desse mundo de vapor, havia um mundo de luz, que soprando vapores quentes, derreteu o gelo que havia se formado. Esses vapores, ao elevarem-se no ar, formaram nuvens e destas surgiu Ymir, o gelo gigante e sua geração. Surgiu, também, a vaca Audumbla, que alimentou o gigante com seu leite e alimentava-se da água e sal contidos no gelo. Certo dia, quando a vaca lambia o gelo, surgiu o cabelo de um homem; no segundo dia, a cabeça e no terceiro, todo o corpo, com grande beleza, força e agilidade.

    O novo ser era um deus e dele e de sua esposa surgiram Odin, Vili e Ve, que mataram o gigante Ymir. Com o corpo do gigante morto, fizeram a terra, com o sangue, os mares, com os ossos ergueram as montanhas, dos cabelos fizeram as árvores, com o crânio fizeram o céu e o cérebro tornou-se as nuvens carregadas de neve e granizo. A moradia dos homens foi formada pela testa de Ymir e ficou conhecida como Midgard ou terra média.

    Infoescola 28/05/2019

     

    Notou uma semelhança? É novato, e A e B nada mais são que A+B, que resulta em AB, que é a resposta sobre o quê o cosmos é. Eu detesto matemática, mas é um cálculo aceitável. Só que esta presença de uma força, que é a soma de partes, não se encontra presente apenas no misticismo, ou em algebra.

    Na física por exemplo um átomo, é formado por prótons e elétrons, que significa respectivamente o positivo e o negativo trabalhando juntos. Isto é algo caiu para mim na sexta-série, mas estava tão focada em renegar o aprendizado mundano, que não pude perceber, o quanto isto podería me ser útil.

    Na biologia há os casos de partogênese, quando uma espécie assexuada, gera uma prole. Mas isto só é possível, porquê as mesmas carregam tanto os genes xx quanto o xy. 

    Esta é a natureza meu caro, esfregando em sua face, que as espécies não são definidas por machos ou femêas, e sim por aqueles que são dotados de capacidades, para dominar o reino em quê habitam. – No reino dos insetos a louva deus fêmea, fica no poder, porquê o ambiente a tornou capaz. No reino felino, especificamente dos leões, é o leão quem comanda, e assim por diante.

    Os humanos, pré-dispostos ou não, continuam sendo animais, por isso também são livres, para definir quem é apto ou não para determinado cargo, desde que estejam cientes, de quê os gêneros feminino e masculino, atuam como formas da valor equivalente, não desigual. Já que novamente, um sem o outro, tem poder, mas os dois juntos, geram a perfeita união que representa o nosso Universo.

    Portanto não se entregue a falácias dualístas, que só agregam valor a determinado grupo. Abrace o todo, entenda-o, e perceba que a união de muitos, é o quê realmente faz a força.

    Por fim guarde isto em sua mente: Bem e mal é relativo sim. Mas uma conduta, realmente correta, pode ser alvo de piada entre os demais. Não importa, se tu segues a luz ou as trevas. Sempre que resolver pensar fora da caixa, haverão aqueles que tendem a te “apedrejar” ou “queimar na fornalha ardente”, por sua postura nobre.

    Um satanista pode sim ser amigo de um cristão. Um bruxo pode sim ser amigo de um mundano. A única coisa que me parece imperdoável, é que ambos continuem, a tentar se destruir, por comprar a briga de seres, que claramente andam de mãos dadas.

    Sem o Inferno não há quem puna os criminosos pelos seus pecados terríveis, da mesma maneira que sem o Paraíso não tem recompensas maravilhosas. Sem a Guerra, não há razão para o Amor existir. Sem a luz não dá para ver na escuridão, assim como sem um pouco escuro, é impossivel enxergar na luz. Sem o fogo para aquecer, o frio nos congela. Sem o frio para nos aliviar, o calor nos queima. Sem a lança para atacar, o escudo pode não ser mortal. Sem o escudo, não há como se defender da espada. A magia branca nos ajuda a alcançar nossos objetivos, mas a magia negra, nos ajuda a sobreviver. O tudo é o todo, e o todo é a junção de todas as metades.

    Agora a sua jornada se encerra comigo, nobre peregrino, e espero ter te ajudado a encontrar o teu cálice dourado. Pegue-o, encha-o do vinho do saber, e embriague-se de conhecimento, pois como pôde ter notado, não importa o caminho que tomares, o destino sempre será o mesmo, mas é a perspectiva do conceito, que te trará paz ou desespero.

    Com muito carinho, Lux Burnns.

     

     

     

     
     
     
  • O Fim de Escalônia I

    O Fim de EscalôniaCapítulo I
    Cena I
     Apenas quando tentou se mover e seu corpo demorou a responder foi que Ledice teve certeza, ela havia sido afligida de novo. Ela piscou com força tentando comandar a própria atenção, mesmo algo tão simples levou alguns instantes, era difícil desviar sua visão e ao mesmo tempo ela não estava olhando para nada. Quando a atenção voltou seus braços e pernas ainda demoravam demais para responder, era como se estivesse presa dentro do próprio corpo. Aos poucos a liberdade de movimentos retornou, e Ledice começou a olhar para o chão para evitar cair, ela sabia bem que naquela condição vertigens e cãibras seriam comuns. O que acontecia com Ledice não tinha um nome, ou se tivesse ela mesma não conhecia, para si ela chamava de vazio. O vazio era algo que sempre esteve com ela desde que ela se lembrava, tanto foi que apenas quando mais mocinha Ledice descobriu que a outras pessoas não sofriam apagões como os dela. Ela não pensava muito sobre o vazio, simplesmente era algo que vinha sem aviso e poderia acontecer a qualquer momento do dia, por azar ou por sorte nos últimos tempos ocorria apenas quando ela estava sozinha. Fosse como fosse, quando o vazio chegava o resultado era sempre o mesmo, ela acordaria algum tempo depois e teria de se ajustar para entender o que estava acontecendo ao redor dela. Daquela vez como em todas as outras Ledice não sabia quanto tempo havia se passado, se levasse em conta as dores e a sensação de formigamento, parecia que havia ficado em pé por tempo demais. Num estalo seus ouvidos receberam o sons constantes das ondas d’água batendo gentilmente contra as pedras ela se lembrou de porque tinha ido até o píer no lago.
    Oh! Por favor não, por favor não…
     Com medo de que os baldes tivessem caído dentro do lago ela virou-se sobre o píer, arrastando seus grandes pés nas tábuas grossas.
    Ah! Aí estão vocês…
     Ledice ficou aliviada ao ver que os dois baldes estavam a salvo e cheios, ficou mais aliviada ainda ao ver que o céu estava cinzento e a claridade direta do sol não havia surgido no horizonte. Ela então se ajoelhou, entrou debaixo da vara que ligava os dois baldes, ergueu-se lutando contra o desequilíbrio inicial e seguiu em frente, retornando para o Exarcado pela estrada entre as árvores. Acima a neblina era forte e o frio fazia doer ainda mais a sua barriga, mas ela ignorava, olhando para a terra arenosa ela se distraia com cada pedra molhada de orvalho, era como caminhar sobre uma estrada de massa de biscoitos de trufa. Deliciosos biscoitos de trufa doce, ela mal podia esperar para quando a estação da abonância viesse e ela pudesse se estufar com aquelas doces maravilhas.
    Oh! Calma garota, calma…
     Entre gemidos de dor, Ledice falava para sua barriga. Aquela dor no seu estômago roncando logo passava, mas as cólicas cortantes ainda estavam lá, para lembrá-la de apertar seu passo e trocar logo os trapos. Por causa de todo aquele frio Ledice sentia o incômodo individual naquela região de corpo, indicando que os trapos estariam úmidos e gelados. A boa notícia era que se já estava naquele ponto as dores estariam cada vez mais perto de passar, a má notícia era que ela tinha pouco tempo para fazer tudo antes de ir para a cozinha. Fosse como fosse o caminho não ficaria mais curto apenas pela preocupação, Ledice então abandonou aqueles pensamentos e para se distrair da dor, que retornava em ondas, ela buscava imaginar como a vida seria diferente se não existissem aqueles dolorosos dias de sangue no meio do mês. Melhor ainda ela imaginava como a vida seria diferente se…
    Se você jamais tivesse nascido.
     Para que se enganar? Ela tinha de admitir ao menos para si mesma que não ter nascido seria de fato um sonho. Não ter de viver a mesma história todos os dias, não ter de desejar a todo momento que nada de ruim acontecesse e piorasse as coisas, não ouvir gritos nem brigas, não ter que esquecer, não ser uma prisioneira. Se ao menos ela fosse alguém diferente, alguém com possibilidades de…
    Mas você não merece ser feliz.
    O que disse menina? Aliás, por que demorou tanto?
     Era a voz de Brami, a cozinheira, que ia e vinha retirando pães do forno e colocando sobre a mesa. O cheiro maravilhoso de pães frescos assaltou os seus sentidos. Estou na cozinha - pensou Ledice. Seria possível que ela já estivesse lá? Claro que seria, ela nem precisava pensar muito a resposta era simples, Ledice tinha sonhado acordada de novo. Outra vez ela tinha feito várias coisas sem sua cabeça distraída registrar e o que ficava era aquela sensação de atraso. Então ela não se lembrava, mas sim, ela já tinha voltado para dentro do Exarcado, feito sua limpeza e lavado seus trapos, assim que pensou nisso suas mãos frias e molhadas confirmaram a teoria.
    O que é isso menina? É sangue?
     Comentou Brami apontando para o peito dela e logo se virando, tão ocupada que estava a cozinheira com a preparação do dejejum. Ao som de conversas paralelas entre as serviçais cruzando a cozinha Ledice olhou para as pintinhas vermelhas espalhadas sobre o topo de seu vestido e parte de seu ombro.
    Não senhora…
     Disse Ledice, mas sentindo que o que estava dizendo não era totalmente verdade. Poderia ser verdade pelo simples fato de que seu sangue era amarelo e não vermelho. E poderia ser mentira, porque mesmo sem se lembrar do que aconteceu no píer quando teve o vazio ela sentia que algo grave tinha acontecido no lago. Talvez até pudesse se lembrar, se ela quisesse de verdade, mas preferia não tentar. Lembrar das coisa que aconteciam durante o vazio não iria fazer bem nenhum a ela. 
    Ainda está ai parada menina? Ajude colocar a mesa…
     Ledice respondeu sem saber o que estava dizendo, depois se moveu sem se dar conta do que estava fazendo. Uma imagem começava a ser formar em sua mente, era uma imagem horrível, uma coisa que ela não sabia nomear, era como uma árvore, mas tinha braços e pernas.
    Não… Fique aqui, você está aqui…
     Ledice fechou os olhos com força, lutando para não ver aquelas grandes mãos brancas sendo coloridas de intenso vermelho. Com custo ela olhou para o chão se concentrando em seus sapatos furados e no esfregão de base redonda.
    Por que você faz isso consigo mesma?
     Num instante o eco da voz dissipou dentro de sua cabeça, Ledice falava sozinha não conseguia evitar, por sorte nem sempre ela falava em voz alta. Uma pontada de dor em suas costas fez Ledice arquear, a base do esfregão era pesada demais. O cabo também não era longo o bastante, afinal não foi feito para pessoas com a altura dela, as mulheres mais altas do Exarcado chegavam até os ombros de Ledice e ela ainda era chamada de menina. Uma menina com fortes dores nas costas pela postura curvada. Na metade do corredor ela seguia passando o esfregão pelo chão de pedras brancas enquanto sua barriga latejava em outro lembrete da natureza. Arrastando a bacia d’água mais para perto ela se obrigou a deixar a dor de lado. Ledice tinha de admitir que ao menos nisso ela era boa, ela podia simplesmente deixar suas costas doerem, deixar sua barriga doer, deixar seu estômago roncar e viver.
     Afinal não fazia sentido deixar a dor atrapalhar sua vida, o cabo do esfregão não iria aumentar, aqueles dias de sofrimento não iriam desaparecer antes do tempo e ela teria de ficar com fome até que todos os senhores do Exarcado tivessem comido, aliás só depois que todos os outros empregados tivessem se alimentado ela aproveitaria a oportunidade de limpar os pratos para comer. Quando Ledice pensava assim, sentia que estava tudo bem, sentia que se era uma vida que podia suportar então não deveria ser uma vida ruim. Quanto mais ela pensava, mais conseguia se distrair, o lado bom era que ela já estava na segunda metade do corredor e suas forças estavam um tanto renovadas para continuar esfregando o chão coberto de rachaduras.
     Ledice não era forte, mesmo tão alta ela não tinha a mesma resistência das outras pessoas e tinha consciência disso, com a exceção de suportar mais dor do que a maioria parecia ser capaz. Um bom exemplo disso era o fato de ela nunca chorar. Realmente Ledice jamais chorava, talvez fosse uma qualidade, uma forma de resistir e esperar por algo melhor, talvez felicidade. Alegria aliás era o que seu nome significava, supondo que fosse verdade o que lhe disse o menino de pele azul. Ela o viu uma única vez, era um bom menino aquele, ao menos pareceu, pois ele falou com ela. Foi um grupo de três pessoas que passou pela sede do Exarcado, para tirar dúvidas ou algo assim, entre os três havia um menino de pele azul que tentava olhar todos os detalhes do mundo, de repente o menino parou sua atenção em Ledice. Qual seu nome? - perguntou o menino numa voz doce - Ledice - ela respondeu - Ledice? Que nome bonito, quer dizer alegria não é? - antes que que ela pudesse responder aqueles três já estavam de partida, mas mesmo à distancia o menino teve a delicadeza de se virar e se despedir. Ledice passou todos os dias seguintes pensando naquele menino, em como eles eram opostos e ao mesmo tempo parecidos. Inúmeras vezes depois ela fantasiou como seria se encontrar de novo com aquele menino azul, a possibilidade seria tão agradável que ela sorria abertamente enquanto lustrava aquelas lindas pedras brancas riscadas de preto, mas logo a realidade cortava seus sonhos diurnos e seu sorriso desaparecia, afinal ela era uma escrava. E felicidade? Se fosse verdade que seu nome significava alegria os senhores do Exarcado não poderiam ter escolhido um nome pior para ela. E quais nomes teriam recebido os outros? Era inútil pensar naquelas coisas, melhor se concentrar, afinal ela já estava quase no fim do corredor. Ledice deixava as dores emocionais de lado, no mesmo canto onde estavam suas dores abdominais, as dores em suas costas e as memórias ruins. Sem poder evitar ela de novo sorriu, pois começava a imaginar o que o menino de pele azul estaria fazendo naquele momento.
    Cena II
    Noviço Cadmo?
     “Gostaria de dizer que sou capaz de deixar de te amar, mas a verdade é que não consigo te esquecer. Há tanto que gostaria de te contar e não posso, há tanto que gostaria de te mostrar e não posso. Nem mesmo posso te ver, você me tirou até a chance de tentar. Hoje posso ser o pior tipo de pessoa, porque não se passa um dia em que não desejo que algo te aconteça e faça você voltar para mim. Pelo menos mais uma vez queria ter você aqui, a luz dos seus olhos, seus lábios em mim, a força do seu corpo contra o meu. Tudo que precisa é reconhecer, porque sabe que estou aqui, você só precisa dizer quando… Para seres como nós a distância não é mais do que…
    NOVIÇO CADMO!
     Ao ouvir o grito com seu nome Cadmo pulou da cadeira quase caindo para trás, no mesmo reflexo ele fechou o livro com tanta força que o impacto causou-lhe novo susto. Com seu coração batendo na garganta ele virou seus os olhos esbugalhados para o clérigo parado na entrada de seu dormitório.
    Pelo Profeta, o que é isso? Fugindo das responsabilidades? Lendo em hora de dever?
     Em poucos largos passos boa parte da corpulência de cônego Pristo estava sobre a escrivaninha e empurrando o jovem Cadmo para o lado, bufando mais de suas reprimendas o clérigo esticou sua mão roliça. Antes que o garoto pudesse sequer responder o clérigo já havia apanhado o livro. Enquanto o clérigo corpulento folheava o volume procurando por algo escondido, Cadmo pensava como foi infantil aquele descuido, ele se deixou levar pela emoção do sucesso, se distrair daquela maneira realmente não era de sua natureza, mas não era fácil se acostumar com as peculiaridades daquele lugar.
     Coisas como privacidade não eram apenas inexistentes no Cenóbito, mas era uma das consideradas como má conduta se praticada por um clérigo. De fato toda aquela construção era voltada apenas para a simplicidade da vida eclesiástica. O prédio era inegavelmente velho, dito o mais antigo da região do Lago Albo. Dois meses atrás quando Cadmo ingressou como noviço notou de pronto que no Cenóbito não haviam vários móveis e utilitários que na opinião dele eram de óbvia necessidade. Tão óbvio, aliás, que ele teve de questionar o porque de não haver portas dentro do Cenóbito, as respostas que ele recebeu soaram surpreendentemente naturais e iam para um mesmo tema, que a vida de um clérigo era pautada pela verdade e portanto transparente, assim a ausência de portas colaborava para que que nenhum segredo tivesse a chance de corromper a integridade da irmandade dos clérigos e blá, blá blá, entre outras explicações que faziam ainda menos sentido, ao menos tinha porta no banheiro privado.
    De mais a mais ele não estava fazendo nada de errado, afinal ler não era nenhum crime, bem, talvez naquele caso fosse, mas enfim, o que tirou Cadmo de seu centro foi ter sido pego de surpresa, mais do que qualquer coisa ele odiava cometer erros  e ser pego distraído o deixou sem reação, suas bochechas ardiam de vergonha. Um grave descuido, quando que aquela situação toda teria sido muito diferente se ele estivesse alerta como sempre ficava, mas aquele texto era tão…
    Noviço Cadmo? Houve alguma mudança na doutrina da qual não tomei conhecimento?
     Ali estava outro exemplo do que Cadmo não gostava na vida cenobitista, era quando os cônegos faziam uma daquelas perguntas, aquelas perguntas que eram apenas irritantes e que qualquer criatura com meio juízo era capaz de entender que seria muito melhor não responder, mas ele não tinha escolha…
    Houve Noviço Cadmo? Estou esperando…
    Não cônego Pristo, não houve…
     Disse Cadmo com evidente desânimo, ele também não gostava de ter que usar os títulos das pessoas antes dos nomes todas as vezes, afinal que outra serventia teriam os nomes senão para encurtar as relações? Aquele dia já estava se mostrando complicado demais para ele.
    Muito bem…
     Disse o clérigo respirando fundo e tentando modular seu tom, enquanto escoltava o noviço para fora dos dormitórios. Cadmo era o único dos noviços que ainda estava lá, e aquilo o fazia desconfiar que talvez ele tivesse sido dedurado. Caminhando pelo corredor ele olhou para cônego Pristo, aquelas bochechas enormes estavam vermelhas de tanto bufar, ou talvez fosse a caminhada.
    Então se não houve nenhuma mudança, poderia me dizer o que ainda estava fazendo no dormitório em vez de ajudar seus colegas no pátio? Francamente, não entendo por que vocês são todos tão problemáticos...
     Ali estava de novo, aquele tom inequívoco na palavra “vocês” dita para ele como se estivesse descrevendo um conhecido fedor do qual ninguém gostava. Cadmo já deveria estar acostumando, afinal aquilo era comum, ele ouvia aquele mesmo tom toda vez que alguém se referia a cor dele. Os azuis, os cianos, era como chamavam seu povo. Se algumas das histórias que ele leu e ouviu estivessem corretas, originalmente sua raça era chamada de cianinos, que se traduziria para povo azul na antiga língua antes do corrente falado ascalone. O povo azul teria sido dentre os mais nobres de todos os povos, naqueles tempo antigos cada pessoa nascida com a pele azul era admirada como se descendesse dos próprios deuses. Cadmo não se surpreendia com aquelas histórias, afinal ele estava familiarizado com o quando uma cultura tendia a enobrecer o próprio passado. Aos olhos das classes dominantes ser rotulado como ciano, era ser membro de uma raça de vagabundos e portadores de doenças que viviam como pedintes pelos cantos dos povoados. Os azuis não eram muito melhores do que escravos, para alguns certamente eram piores, afinal escravos tendiam a ser lucrativos, Cadmo já deveria ter se acostumado. Deveria, mas quem consegue se acostumar a ser tratado como lixo? Claro que se fosse para ser honesto, Cadmo não podia reclamar tanto do tratamento que ele recebia no Cenóbito, pois todos os clérigos eram educados ao extremo, assim nenhum deles demonstrava explícito desgosto em ter de conviver com ele, mas vez ou outra surgiam vazões de preconceito reprimido como aquela. Realmente Cadmo já deveria estar acostumado, aquela era sua realidade e ele não conseguiria fugir dela, mas era quase impossível não se indignar, afinal tudo que ele ouvia sobre seu povo ele não podia atestar.
    Cadmo foi criado no cinturão de Escalônia, onde havia predominância de fazendas e lavouras, portanto ele começou muito cedo a trabalhar no campo e ajudar nos afazeres do orfanato, pelo que se lembrava ele jamais havia ficado doente, parando para pensar ele não se lembrava nem de sentir dor ou ficar cansado e acima de tudo Cadmo passou sua jovem vida sem jamais encontrar outro de sua cor. Era tudo uma grande pena, na opinião dele, pois ser o único exemplar de uma raça em qualquer lugar que fosse já era difícil o suficiente, adicionar mais preconceito a situação era pura crueldade. Por sorte cônego Pristo não insistiu naquele tema, aliás subitamente mudou sua expressão como se nada de importante tivesse acontecido.
    Espero que não se repita noviço Cadmo, vamos inspecionar este material e mais tarde comunicaremos sobre sua adequada reparação…
     Disse o robusto clérigo, sua bochechas balançando quando ele tomava fôlego. Passando o livro de capa cinzenta de uma mão para outra cônego Pristo tentava ler o título antes de virar sua caminhada rumo ao refeitório.
    Hum… Divisores de Águas? Aposto que é leitura não regulamentar. Bem... Ao trabalho então, bom dia noviço Cadmo, que seja de paz…
     Cadmo ainda mudo, ficou ali parado por alguns instantes pensando em como aquele dia havia começado mal e nas consequências que ele sofreria mais tarde, mas logo concluiu que ao menos quanto a reprimendas não poderia haver nenhuma. O livro que o clérigo gordinho agarrou com tanta avidez não tinha nada de especial, era um apanhado de dissertações filosóficas sobre a validade dos poderes de um estado ou governo em relação ao cidadão comum. Um tema clássico num livro simples, mas que escondia um segredo, uma carta que se revelava apenas para quem soubesse ativar a fórmula. Cadmo sorriu internamente enquanto saia para fora do Cenóbito, certamente o cônego não seria capaz de encontrar as pistas e revelar a carta secreta. Ele estava a salvo, mas era mesmo uma pena, que após tanto trabalho Cadmo não poderia ler todo o conteúdo picante daquela carta secreta.
    Melhor assim…
     Murmurou Cadmo, se preparando para abraçar o frio da manhã ele fechava as portas laterais. Já fazia dois meses de sua primeira noite no Cenóbito, mas ele se lembrava de tudo. Naquela noite ele estava compreensivelmente perdido com a rotina apresentada a ele, mas as vida de internado não poderia ser muito diferente de um regime escolar para um religioso seria uma questão de se esforçar e nisso ele era bom. Mesmo sendo uma noite de temperatura amena, Cadmo estava ansioso, incapaz de dormir, ainda mais por haver outros dois noviços no seu alojamento aberto, ele aproveitou então o que ainda restava da luz da vela para revirar ao máximo os dois únicos móveis do dormitório dado a ele, uma pequena cama e uma mesa menor ainda. E foi então que ele encontrou o livro em baixo das tábuas da mesa. Daquela noite em diante se tornou um ritual para ele, ler um pouco do Divisor de Águas, que, ainda que não fosse de todo ruim, não era dos mais interessantes para ele, mas Cadmo insistiu mesmo assim e chegando ao meio algo lhe chamou a atenção. Era uma anormalidade em uma das páginas, algo que ele podia ver que estava lá, mas não sabia nomear, era como tentar enxergar um objeto debaixo de um tecido. Desde então Cadmo passou quase todo seu tempo livre na biblioteca do Cenóbito pesquisando. Na noite mais recente, depois de passar horas tentando diferentes técnicas de revelação e iluminação ele finalmente vislumbrou a fórmula inscrita na primeira página do livro, e ao ler, a carta de versos ardentes apareceu diante dele. Antes de ser interrompido pelo cônego roliço ele passava os olhos pelas linhas longas repletas de caligrafia perfeita, Cadmo só podia concluir que se tratava de uma carta de amor proibido, endereçada a um dos clérigos e estava misteriosamente assinada por uma grande e elaborada lera “D”.
    Ah… Se cônego Pristo tivesse lido apenas uma daquelas linhas, meu tormento jamais teria fim…
     Descendo as escadas laterais Cadmo adentrava propriamente o longo pátio, que em dias de sol era usado para secagem de grãos. Ele respirou fundo enchendo seus pulmões com o ar frio, agradecendo aos deuses pela beleza sóbria daquela manhã, aqueles belíssimos dias poderiam durar para sempre, na opinião dele. Ao abrir seus olhos outro presente, ele viu as luzes coloridas, como sempre estavam em toda parte em infinitos tons e formas, riscos de luz pelos ares, contornos de luz em volta das coisas, correntes e ondas luminosas aparecendo e desaparecendo, nuvens de luz, brilhos e bolhas, era mesmo um presente que ele só poderia agradecer sem partilhar com ninguém. Após algumas decepções Cadmo aprendeu a não contar sobre as luzes coloridas que ele via, na sua experiência as pessoas para quem ele contava não se importavam, ou mostravam pouco desinteresse, ou quanto muito fingiam acreditar, mas agiam com distância como se no fundo pensassem que ele estiva mentindo. Então não havia porque contar a outras pessoas e além do mais era uma qualidade inútil enxergar aquelas luzes, elas não serviam para nada, não eram capazes de iluminar por exemplo, elas apenas coloriam as coisas e isso as vezes até atrapalhava. Era mesmo belo e sem uso, exceto por uma qualidade, aquelas luzes atestavam o bom estado da alma de Cadmo, pois as luzes só apreciam para ele quando sua alma estava pura, se ele fizesse algo moralmente errado, ou por exemplo, comesse em excesso ele não conseguia ver. Ao menos um dia de boa conduta era necessário para que as luzes aparecessem, o que comprovava para ele que ter lido aquela carta não foi algo ruim para sua integridade, ao menos não até a parte em que ele leu.
     Além de agradecer pela beleza daquela manhã Cadmo estava contente por estar sozinho, imaginando que se algum dos clérigos mais velhos estivesse com ele até que Cadmo tivesse retirado cada umas das folhas daquele pátio gelado surgiriam muitas mais daquelas perguntas que ele certamente não queria responder. 
    Velhos arrogantes, repreende um aprendiz e sem nem sequer disfarçar correm para o refeitório para se fartar de pães antes dos outros, e todos sabem, todos veem, mas ninguém fala nada…
     Reclamava Cadmo para o vento, aquele era um exemplo da dualidade velada que Cadmo achava tão difícil de se acostumar na vida dentro do Cenóbito. A conduta daqueles velhos religiosos de não cumprir suas próprias regras à risca, ou cumpri-las apenas quando fosse conveniente, enquanto exigiam o máximo de rigor nos outros, especialmente nos aprendizes. Cadmo não entendia e jamais iria se acostumar com aquilo, afinal não foi para avida eclesiástica que ele se dedicou tanto. Quando Cadmo foi escolhido entre os órfãos para estudar na capital Atenea, todo um mundo maravilhoso surgiu diante dele. Lá passou três anos em árduos estudos para se colocar entre os melhores alunos. Aliás ele tinha de ser o melhor, pois ele sonhava ser um cavaleiro da Ordem de Escalônia.
    Mas um azul jamais se tornaria um cavaleiro…
     Devia haver milhares de histórias como a dele, histórias de fracassos tão típicos ao ponto da banalidade, mas a banalidade não impedia o fracasso de doer em sua alma. Enquanto varria o pátio com seus olhos Cadmo buscava se acalmar, não era fácil, as feridas da decepção ainda estavam abertas. Uma coisa ele tinha de levar em conta, em nenhum momento aqueles velhos clérigos rejeitaram a presença dele no Cenóbito, aliás em relação aos estudos, os clérigos o acolheram com agradecimentos, afirmando que Cadmo seria muito útil nos trabalhos de biblioteca e acervo. E de fato foi, os clérigos podiam não gostar da sua cor, mas também não economizavam elogios para seus trabalhos de transcrição, tanto que  como prêmio recebeu autorização para fazer suas próprias pesquisas em horas vagas e treinar todos os dias. Ele ainda tinha usar os longos hábitos, que na opinião dele era como vestir cortinas, também teria de ajudar nos trabalhos braçais do Cenóbito e participar dos cultos como todos os outros, mas estava tudo bem, ele gostava de se aplicar as coisas. Havia outras as particularidades na vida religiosa, mas o trabalho com livros e manuscritos para ele era como um pagamento, pois quando foi levado para Atenea Cadmo descobriu uma grande paixão por conhecimento.
    Ora! Ora! Ao menos não vou ser o único a receber críticas hoje…
     Disse Cadmo em baixo tom, ao erguer seus olhos para o fim do pátio, antes das árvores duas figuras jovens e magras estavam de costas para ele, paradas como pedras, provavelmente falando mal dos outros clérigos, mas o melhor de tudo eles estavam matando horas de serviço também. Ainda que usassem as mesmos hábitos de cortina que Cadmo, era impossível confundir aquelas duas figuras, o mais alto e mais exibido era Himeneo, o outro não tão alto, nem tão exibido, mas muito mais chato era Talian, além de Cadmo aqueles eram os dois únicos outros aprendizes ou noviços do Cenóbito. Quando estava perto o bastante para ser ouvido por eles Cadmo pensou em chegar dizendo alguma reprimenda, talvez até se passando por um dos clérigos e dar-lhes um susto, mas aquela não era a natureza dele, Cadmo era reservado demais para aquilo. E não teria mesmo tempo, pois de dentro das árvores dois clérigos  velhos surgiam pálidos e ofegantes.
    Vocês... fiquem aqui…
     Disse o primeiro clérigo entre fôlego, era baixo e calvo, cônego Sidério ou Sidéro, Cadmo não tinha certeza do nome. 
    Mas fiquem... Atentos…
     Disse o segundo, também respirando entre as palavras e ainda mais pálido, aquele sim, Cadmo não fazia ideia de como se chamava. Os clérigos do Cenóbito pareciam tender a ficar todos iguais com o passar do tempo, exceto por alguns ganharem mais barriga e outros perderem mais cabelos. Passaram por Cadmo os dois clérigos sem nem sequer responder ao seu bom dia. Bem típico, cobram educação e cortesia mas esquecem de oferecer - pensou Cadmo, e por que ordenaram que eles ficassem ali? Quem limparia o pátio? 
    Aconteceu alguma coisa? Porque os…
     Cadmo não precisou terminar a frase, se colocando ao lado dos dois noviços viu a grande mancha grossa e vermelha colorindo de modo assustador o chão cinzento.
    É sangue…
     Disse Talian, Cadmo já se preparava para dizer o quão óbvia e inútil aquela informação era quando viu um brilho entre as árvores.
    Ali…
     Cadmo apontou para o local alguns metros mata adentro. Aquelas porções de terra arborizadas ao redor do Cenóbito eram muito bem cuidadas, especialmente onde haviam os pomares. Mesmo ali em que predominavam os alamos escuros, o espaço entre as árvores era tão limpo pela ação dos clérigos que facilmente se podia enxergar longe entre os troncos. Após entenderem a referência os dois noviços se juntaram a Cadmo e logo todos os três estavam caminhando para a direção do brilho, era num local diferente de onde os clérigos mais velhos haviam saído antes, mas relativamente próximo de onde iniciaram. Tão próximo que Cadmo não entendeu como ninguém ainda havia visto o corpo caído.
    É um guardião…
     Disse Talian, novamente sendo óbvio. Bastava olhar para o uniforme escuro coberto por placas de metal. Himeneo havia chegado na frente de Cadmo, mas permanecia calado.
    Está morto…
     Continuou em sua obviedade o mais velho dos noviços. Sinceramente Cadmo pensava que as vezes Talian falava as coisas apenas para preencher o silêncio, ou impedir que alguém pudesse dizer algo mais produtivo. Era claro que o guardião estava morto, a menos que ele tivesse decido dormir em serviço no meio das matas todo estirado no chão daquele jeito, o homem não se mexia oras. Saindo detrás de Himeneo, Cadmo pode olhar melhor para o corpo, o pescoço do guardião estava torcido em um ângulo estranho. O estômago de Cadmo se apertou de repente, a cabeça estava quase totalmente arrancada do corpo. Lutando contra a náusea ele decidiu olhar de longe e disfarçar sua tontura. Não era exatamente o fato de uma pessoa ter morrido, afinal pessoas morrem, mas a cena em si era difícil de encarar. Analisando com mais calma dava para ver que o que sobrou do pobre guardião estava mais preso pelas placas de metal e por suas grossas vestimentas do que pela própria pele, aquele homem havia sofrido uma morte horrível, cortado em tiras não era mais que um resto humano picado dentro de um saco de roupas.
    Oh! Deuses! Acho que vou vomitar…
     Disse Himeneo, cobrindo sua boca e se afastando do corpo. Cadmo entendia bem, aquela imagem era mesmo horrível, além do mais havia um cheiro estranho no ar, não era apenas a essência de sangue, era um odor forte quase viscoso de morte, como se o corpo já estivesse ficando velho. Talian segurou o braço de Himeneo oferecendo algum suporte até que firmasse seus pés, logo então o próprio Talian parecia estar com tonturas. Depois de ver os outro dois noviços tão pálidos como estavam, Cadmo percebeu que de fato não estava tão mal assim, ele então vistoriou novamente o corpo.
    Não estou vendo as armas dele…
     Disse Cadmo, mas não obteve a atenção dos outros dois, não fazia grande diferença de qualquer forma, provavelmente teriam sido levadas por quem cometeu o assassinato.
    Alguém sabe como ele se chamava?
     Perguntou Himeneo engolindo algo preso em sua garganta, ninguém comentou aquilo também. Cadmo mal saberia dizer o nome de uns seis ou sete clérigos dentre os vinte com quem convivia no Cenóbito, muito menos dos guardiões que apenas passavam em patrulha por ali.
    E onde está outro? Devia ter pelo menos mais um, um guardião nunca patrulha sozinho…
     Disse Talian olhando de um lado para o outro, e finalmente dizendo algo pertinente. Cadmo não havia pensado naquilo, mas talvez um tivesse matado o outro, talvez fosse um criminoso infiltrado que esperou por muito tempo pela oportunidade de...
    Vou subir e avisar, vocês dois ficam aqui, e fiquem atentos…
     Disse Talian, como sempre já se achando o líder, sendo que jamais teriam encontrado o corpo se não fosse por ele.
    Cadmo caiu para trás.
     O que foi?
     Perguntaram os outros dois, mas as palavras não saíam da boca de Cadmo.
     O que foi? O que você viu?
     Cadmo ainda estava vendo, mas não sabia o que era aquela coisa. Realmente ele não sabia o que era, mas era grande. Estava bem ali parada entre as árvores, parcialmente encoberta pela neblina, talvez por isso ele não tivesse percebido antes. Será que todo aquele tempo a coisa esteve ali perto deles? Cadmo olhava a figura que se misturava facilmente aos troncos, estava ereta sobre dois pés, magra e alta, com longos braços e galhadas no crânio como de um cervo de oito pontas. Exceto nos braços e na cabeça onde era clara como neve a coisa era toda escura e tinha olhos brilhantes que encaravam. Cadmo, caído, paralisado, abriu a boca para avisar seus colegas, para gritar que eles corressem, mas do mesmo modo repentino a coisa desapareceu no ar.
    Não sei…
     Disse Cadmo ofegante, só então se dando conta de que tinha ficado sem respirar todo aquele tempo, após se levantar e limpar a sujeira em seu traseiro, ele olhou melhor para ter certeza de que não havia nada mesmo entre os troncos.
    Vi algo nas árvores, mas já sumiu…
     Disse Cadmo ainda com espanto no olhar, os outros dois pareciam procurar com toda a atenção que podiam, mas sem avistar nada de anormal. O próprio Cadmo pesava estar vendo coisas, tanto que se surpreendeu com a seriedade de Talian ao sugerir que eles saíssem daquele local o quanto antes, claro todos concordaram de imediato. Além de não ser agradável, ali não era mesmo seguro para permanecer e não havia nada que pudessem fazer pelo pobre guardião morto.
    Noviços Cadmo, Himeneo e Talian!
     Disse cônego Pristo de dentro de suas enormes bochechas ao flagrar os três que saíam de dentro das árvores, atrás do clérigo gordinho vinham os outros os dois mais velhos de antes. Enquanto Talian mencionava o corpo, Cadmo analisava as expressões de reprovação de cônego Pristo se transformarem em medo, que logo se espalhou no rosto dos outros dois clérigos. Retornando para mostrar o local do corpo Cadmo se manteve em silêncio enquanto os dois ávidos noviços se alternavam em contar todo o ocorrido incluindo as partes que ele Cadmo não havia presenciado. Mais do que aguardar o fim do relato Cadmo ficou atento caso aquela coisa resolvesse aparecer novamente. Aquele dia estava decididamente complicado demais para os padrões dele. Cônego Pristo murmurou algumas palavras em baixo tom, depois entregou um objeto a Himeneo.
    Façam então como falei, podem ir já vocês três…
     Apenas quando já haviam atravessado o pátio é que Cadmo teve a curiosidade de perguntar aos outros dois o que havia se passado.
    Não…
     Cadmo não pensou duas vezes quanto virou no caminho para questionar o clérigo. E nem havia o que pensar, a resposta era definitivamente não. Enviar três noviços? Três crianças como mensageiras de um assassinato? Era absurdo para dizer o mínimo. Ridículo, aquilo era ridículo, cônego Pristo não poderia estar pensando direito. Eles deveriam fazer algo relacionado a segurança, adotar medidas, em vez disso ele queria enviar três meninos para fora do Cenóbito? Tinha de ser uma piada. 
    Cena III
    Por um animal?
    É o que estão dizendo... Parece que o guardião foi atacado no pomar dos monges…
     Diziam duas serviçais, uma delas esbarrando em Ledice ao entrar na cozinha para depositar pilhas de talheres. Aquelas tigelas ainda cheiravam a mingau de aveia. Ledice organizava os talheres deixados sobre a mesa antes de começar a lavá-los dentro da grande bacia de metal, daquela vez não tinha sobrado muito para ela comer, mas ao menos seu estômago estava cheio o bastante para lhe dar alguma paz. Ela não estava reclamando, mas aquilo não era só pela fome, Ledice gostava mesmo de comer, e comer coisas gostosas.
    Pobre alma, que os deuses o acolham…
     Ledice gostava tanto de comer que já estava pensando no jantar, afinal duas refeições completas no dia eram muito pouco, por sorte se ela fosse rápida o suficiente teria tempo de comer um pouco de farinha com leite antes de…
    O que tem com você hoje menina?
     Disse Brami, a cozinheira, pegando os talheres limpos da mesa e secando-os num pano que levava sempre preso na cintura. 
    Está caladinha hoje, alguém está te fazendo mal? Quer me contar alguma coisa?
     Brami era cuidadosa com Ledice e ela agradecia por isso, era bom saber que tinha alguém olhando por ela depois de tudo o que aconteceu. Ledice não pensava naquelas coisas, ela apenas era daquele jeito. 
    Não Senhora…
     Respondeu Ledice e sorriu, ela tinha de olhar para baixo, pois Brami era baixinha. Na verdade Brami era normal, talvez um pouco gordinha, o que também era normal. Ledice que era magra e alta demais, tentando se concentrar ela disfarçou rapidamente, comentando sobre o quanto ela sentia falta dos dias de sol. Ledice gostava de qualquer tipo de clima, ou melhor nenhum tinha nada de especial para ela, a não ser pelos dias sagrados ou de festas, aqueles eram os melhores, comidas variadas, pessoas diferentes visitando, o Exarcado ficava cheio de vida por um dois dias. Cheio de vida e de trabalho também, por isso ela preferia dias claros, dias de sol eram mais práticos para trabalhar. 
    E você esqueceu a farinha…
     Falou Ledice  sentindo o peso do balde d’água incomodar seu braço.
    E você se distraiu de novo….
     Disse também para si mesma percebendo que já estava perto do celeiro onde ficavam alguns animais e também o seu cômodo. Sem tempo para retornar ela verificou se não havia nenhum dos rapazes sentinelas, cavalariços, ou outros homens ajudantes por perto, quando teve certeza de que não havia ninguém ela usou a chave pendurada em seu pescoço entrou e trancou a porta do seu quarto. A fechadura foi ideia recente de Brami, uma ideia que acalmava Ledice, por isso ela via como um presente.
    Você está mesmo muito esquecida…
     Ledice tinha esquecido de pendurar os trapos, e na lareira já não tinha restado quase calor nenhum. Torcendo para que os panos estivessem secos até a manhã seguinte Ledice adicionou um pequeno pedaço de madeira e soprou até ver fagulhas voando. Depois de pendurar os panos no cordão a frente da lareira Ledice trancou, destrancou e trancou de novo seu quarto, pois havia esquecido sua caneca lá dentro. No interior do celeiro Ledice foi direto até onde estavam as cabras e teve muita sorte, logo de cara a primeira estava com tanto leite que quase encheu sua caneca, só teve que ordenhar outras duas.
    Delícia, pena que você esqueceu a farinha…
     Limpando o pouco de espuma na manga de seu vestido, ela esvaziou os baldes d’água nos coxos e apanhou o rastelo. Se pondo então a limpar o estrume. Ledice sempre dava uma breve pausa ao completar uma repartição do celeiro era quando ela aproveitava para tomar o leite cada vez menos quente. Sua rotina estava tão enraizada nela que Ledice sabia, após o último gole de leite restaria apenas levar o estrume para o lado de fora do celeiro, algo que, dessa vez ela não faria, não com aquela coisa rondando por perto.
    Cena IV
     Não era uma piada, e de nada adiantou para Cadmo argumentar, exceto por irritar ainda mais cônego Pristo, aliás depois de desistir de reclamar e ter de correr para alcançar os outros noviços Cadmo notou o olhar no clérigo, aquele olhar de quem se vingaria depois. Não era justo e Cadmo sabia disso, afinal aqueles velhos não deveriam pregar a paz e o valor de oferecer o perdão? Ou qualquer que fosse o equivalente na ideologia do Cenóbito? Fosse como fosse Cadmo havia perdido o argumento e perdido tempo, além do mais os três noviços estavam numa situação ainda pior, aquele dia estava mesmo complicado.
    Mas por que só nós três? Não deveria ter ao menos um clérigo mais velho conosco?
     Perguntou Cadmo, imaginando que os outros dois estivessem tão indignados quanto ele.
    Levaremos menos tempo para chegar até a torre se formos só nós três, algum dos clérigos consegue acompanhar nosso ritmo? Fomos escolhidos pela nossa idade só isso.
     Disse Talian, achando  que tinha a perfeita explicação para tudo.
    Você não devia se preocupar tanto, a prova de que somos capazes foi o fato de que passamos pelos portões do Exarcado sem nenhum problema.
     Completou Himeneo, mas Cadmo não via da mesma forma, se eles tinham passado tão facilmente pelos portões do Exarcado era provavelmente por duas razões. A primeira seria porque eles estavam saindo da circunscrição do Exarcado e não entrando. Já que o Cenóbito ficava no interior das terras dos nobres do lago, três jovens noviços de saída não representavam ameaça, mas ainda assim Cadmo tinha certeza de que se ele estivesse sozinho sua passagem seria barrada e aquela era a segunda razão. O fato de os outros dois noviços serem caucasianos inspirou confiança, mas o sentinelas certamente veriam um azul como ele com outros olhos. Preconceito não era a questão, o que mais incomodou Cadmo foi o fato de que mesmo ao saberem da morte de um guardião, nenhum dos sentinelas do Exarcado tomou qualquer providência, nem se propuseram a acompanhá-los, provando para ele que havia mesmo uma certa inimizade entre as membros da Ordem de Escalônia e o poderio da nobreza do lago.
    E afinal do que está reclamando? Seria por medo?
     Questionou Himeneo, caminhando mais a frente ao lado de Talian.
    Afinal você não disse que teve treinamento de combate no Ateneu?
     Conclui o noviço mais alto com ar de cinismo. Cadmo não respondeu, porque era óbvio que ele estava com medo, todos estavam, mas Himeneo era exibido demais para admitir. Aliás medo era pouco, Cadmo estava ficando paranoico, a todo momento a imagem da coisa aparecia em sua memória. Para se distrair ele procurava não olhar para as árvores formando barreiras nos dois lados da estrada, em vez disso ele olhava para o chão menos arenoso a medida que eles se afastavam do lago, em vez disso tentava se concentrar no canto dos pássaros ecoando pelo ar. O ar frio que ele tanto gostava, era o vento que vinha do lago. O Lago Albo era enorme e se os estudos dos clérigos estivessem corretos em tempos ancestrais aquele lago teria sido maior ainda, cobrindo quase todo o território atual do Exarcado, por isso aquelas terras tinham um clima próprio. Eram terras muito bonitas de fato, mas não tanto quanto as planícies onde ele nasceu. Cadmo vinha de uma vida muito diferente daquela dos clérigos e ele realmente tinha estudado no Ateneu, como era conhecido o colégio da capital Atenea. E era exatamente pelo treinamento que recebeu no Ateneu que Cadmo valorizava qualquer  conceitos de prevenção, inclusive os conselhos populares que diziam para jamais deixar de lado o medo. Medo era um aviso que se ignorado levava a imprudência. Quando mais calmo Cadmo alongou sua vista e já pode ver a coluna cinzenta acima das árvores. A torre de guarda parecia calma, mas tudo tende a parecer calmo à distância - pensou Cadmo.
    Acho que foram bandidos…
     Disse Himeneo.
    Com certeza, bandidos tentando contra o Exarcado, mas algo provavelmente deu errado e eles tiveram que  abortar o assalto, talvez tenham desistido, ou adiado por terem sofrido baixas demais ou algo assim.
     Disse Talian.
    Com certeza, talvez os guardiões já estejam até sabendo e já tenham enviado pedidos de reforços.
     Completou Himeneo. Enquanto os dois concordavam no quando seria inútil a ida deles até a torre, pois certamente os guardiões já teriam tomando todas as providencias imagináveis, Cadmo pensava apenas na coisa que ele viu na floresta, mesmo não tendo nome para aquilo Cadmo sabia que era algo de muito ruim, seu único consolo era pensar que provavelmente não seria real, e que ele teria imaginado a cena toda, mas estava cada vez mais difícil pensar daquela forma.
    No restante do caminho Cadmo permaneceu calado, ouvindo os dois noviços rindo um das piadinhas do outro. Aqueles dois se davam muito bem, ambos eram mais velhos que Cadmo, sendo Talian com dezesseis anos o mais velho de todos. Cadmo não sabia ao certo a própria idade e, como todos os órfãos do Cinturão, ele não se preocupava com essas coisas, mas pelo que lhe contaram ele era recém nascido quando foi abandonado na porta do orfanato. Cadmo nasceu num cenário pós guerra, ele não sabia muito sobre o assunto, mas antes de ele nascer a Ordem de Escalônia combateu por gerações as  forças rebeldes por quase todo o território do continente. No Cinturão de Planícies ou simplesmente Cinturão, as rebeliões teriam sido mais leves, apenas alguns grupos ocasionais. Pensar que seus pais foram guerreiros rebeldes não lhe agradava muito, afinal Cadmo foi acolhido por um orfanato criado e mantido pela Ordem de Escalônia e depois de conhecer as doutrinas da Ordem ele aprendeu a admirá-la. Cadmo até sonhava que talvez após receber sua ordenação ele pudesse retornar para o Ateneu, ele iria gostar de trabalhar lá, aquele lugar tinha algo de muito especial, era sagrado.
    O Sino… 
     Disse Talian para Himeneo que emitiu um som de - Oh!- como se tivesse esquecido algo e então retirou de dentro de suas vestes um pequeno sino metálico. Talian explicou que foi cônego Pristo que os instruiu a tocar o sino intermitentemente de modo a avisar aos guardiões que eram clérigos chegando. Um bom costume - pensou Cadmo, avisar de antemão era muito útil e educado por parte dos clérigos do Cenóbito, mostrava também como era boa a relação entre as vertentes religiosa e militar da Ordem de Escalônia. Himeneo tocou o sino mais algumas vezes enquanto eles faziam a última curva no topo do morro e com a desobstrução das árvores Cadmo pode ver a entrada para a torre.
     O caminho para a entrada da torre saía diretamente da estrada e numa trilha seguia em linha reta no topo do morro. Cadmo achou estranho o portão estar meio aberto, achou estranho não ter um guardião a postos do lado de fora do portão e talvez ele até tivesse encontrado outras irregularidades ao longo do caminho, se nas pedras que marcavam o início da construção não tivessem as mesmas manchas vermelhas e viscosas que ele viu horas antes.
    Sangue? Aqui também?
    HEI! TEM ALGUÉ…
     Cadmo tapou a boca de Himeneo impedindo de continuar gritando, mas o noviço se livrou facilmente afinal era bem mais alto.
    Por que fez isso Cadmo?
     Questionou Himeneo.
    Ainda podem estar aqui…
     Respondeu Cadmo em tom baixo, mas tendo certeza de que os outros dois teriam ouvido. Após acenarem em concordância a expressão em seus rostos se tornou mais preocupada e nenhum deles pareceu querer tomar a liderança. Cadmo olhou para uma das manchas de sangue, estava muito mais coagulada e seca do que a aquela de manhã, tentando se convencer de que aquele era um bom sinal, ele procurou por uma arma ou algo que lhe desse mais segurança, não havia nada por perto.
    Vamos com cuidado agora, dois passos de distancia entre nós e quem ficar por último cuida de olhar para trás o tempo todo.
     Determinou ele, já se arrependendo de tomar a liderança, mas sabendo que os outros dois esperavam que ele o fizesse. Cadmo terminou de abrir o grande portão de madeira que não ofereceu resistência nem fez qualquer som de rangido. Ótimo - ele pensou. No interior havia uma área circular ao redor da torre, como um largo pátio de entrada que pelo que ele percebia também servia como área de manobras, treinos e estábulos. O local era todo de pedras rústicas, havia objetos espalhados a esmo, uma carriola para um lado, blocos de aveia seca para o outro e ninguém a vista. De fato nem mesmo haviam animais nos estábulos. Cada vez mais apreensivo Cadmo seguiu para a direita, ele não conhecia aquele lugar, mas bastou circular um pouco mais o prédio para encontrar a porta de entrada da torre e o primeiro corpo.
    Pelo Profeta!
     Himeneo logo disse sobre os ombros de Cadmo
    Não se descuidem…
     Cadmo advertiu, ainda em tom baixo. Aquele corpo caído com o rosto ao chão apresentava poucos sinais de violência. Lutando para manter suas mãos sob controle Cadmo abaixou-se e verificou que o guardião estava mesmo morto ao tocar seu pescoço. Passando sobre o corpo ele olhou em volta e tentou a porta, estava trancada, mas antes que ele pudesse indagar Talian se levantou segurando uma chave cujo cordão estava manchado com sangue. Himeneo que antes estava paralisado se colocou do outro lado cuidando de observar os arredores. Cadmo não temia exatamente um ataque pela retaguarda, aqueles muros externos eram altos demais para transpor, não, se houvesse algo a temer estaria dentro daquela torre. Talian abriu a porta de madeira reforçada com barras de ferro, aquela sim emitiu rangidos, sons de arrasto e Cadmo logo descobriu o motivo. Dois corpos estavam tão próximos da porta de entrada que para terem passagem um deles teria de ser movido.
    Precisamos de luz...
     Disse Cadmo e indicou as tochas no lado de fora da torre, graça aos deuses ainda estavam acesas mesmo contra a humidade daquele dia frio. Himeneo retornou em longos passos desajeitados e entregou a cada um uma tocha. Eram aparatos simples aquelas tochas, mas Cadmo se sentia muito mais seguro tendo um objeto em mãos que em último caso pudesse lhe dar alguma possibilidade de defesa. Ajustando sua visão ao tom amarelado das chamas Cadmo entrou por completo na torre, imediatamente o enjoo retornou ao seu estômago. Aquele cheiro já estava se tornado um conhecido dele, era o odor de sangue envelhecido, de vísceras expostas, era o cheiro grudento de morte. Ao que parecia aquele era o andar onde os guardiões cozinhavam e comiam, havia restos por toda parte. Evitando olhar para as paredes pintadas com largos riscos vermelhos Cadmo se concentrou em vistoriar o cômodo procurando por inimigos, mas havia apenas os dois corpos.
    Limpo...
     Sussurrou Cadmo seguindo para o nível superior. Como em toda construção militar as escadas ficavam do lado esquerdo e as janelas eram altas, mas de aberturas estreitas permitindo atirar flechas do interior, mas sem dar a chance de contra-ataque ou invasão. Portanto e Infelizmente, naqueles dias nublados as janelas não proviam luz suficiente. Lançando sua tocha o mais alto que seus braços iam Cadmo buscava iluminar os degraus acima enquanto subiam. Ele podia sentir o pavor no silêncio dos outros dois noviços atrás dele, antes de entrar no segundo andar ele olhou uma vez mais para se certificar de que os outros dois estavam seguindo suas recomendações.
    Peim!
     O que era aquele som? Cadmo em passos rápidos adentrou o segundo nível buscando colocar suas costas contra a parede, seu coração estava batendo na garganta e ele girava a tocha no ar tentando iluminar o máximo que podia e identificar quem teria causado o som metálico. Aquele nível estava repleto de camas quase na altura do peito, os lençóis deixados sobre as palhas faziam as camas parecem piras fúnebres, mas Cadmo sabia que era para evitar...
    Peim! Peim! Peim...
     Repetidos sons metálicos soaram, por instinto os três noviços apavorados se puseram mais próximos buscando se proteger, Cadmo estava suando e já sentia sua garganta apertada pelo pânico, quando teve a ideia de olhar debaixo das camas.
    Ali! Ah, é um rato...
     Disse Cadmo ofegante, de novo ele havia prendido sua respiração. Abaixando ele iluminou o avantajado roedor que em reação a luz bateu contra outro dos jarros metálicos, ou talvez fossem penicos.
    Ah! Seu pequeno meliante…
    Isso mesmo é bom correr…
      Atrás de Cadmo os dois noviços se revezavam em xingamentos contra o animal, risos seguiram. Ao exemplo de Cadmo ambos haviam abandonado a discrição e falavam em voz alta. Natural - pensou Cadmo, afinal precisavam aliviar a tensão de alguma forma. Seguindo até o fim daquele andar as últimas camas estavam reviradas, quase todas danificadas, havia um única porta que dava acesso a um pequeno cômodo. Apesar do caos em que estavam os móveis lá dentro, as decorações e o cheiro forte de aço e óleo denunciavam que aquele seria um depósito de armas, Cadmo balançava a cabeça em negação, não havia sobrado uma espada sequer.
    Algo de muito estranho está acontecendo aqui...
     Disse Himeneo como sempre colocando seu pescoço sobre os ombros de Cadmo.
    Talvez estejam escondidas...
     Disse Talian, mas Cadmo não compartilhava daquele otimismo. Assim que o silêncio retornou, um entendimento geral de que nada havia para se fazer ali se instalou, os três então subiram para o terceiro nível ainda mantendo as recomendações de segurança de Cadmo.
    Oh! Pelo profeta...
     Disse Talian segurando sua boca para não vomitar. Pelos sons abafados mais atrás Himeneo não teve tanta força. Cadmo também sentiu sua barriga revirar o ver o grande número de cadáveres que cobria o chão do terceiro nível. Movendo sua tocha para os lados ele clareava um tapete de corpos quase todos uniformizados, alguns pareciam se mover em pequenos espasmos, Cadmo procurava não pensar no motivo. Aparentemente esgotados demais para seguir protocolos, Talian e Himeneo continuaram subindo as escadas, mas Cadmo não os seguiu de imediato, antes ele tinha de ter certeza, andou dois passos mais e parou pelo desequilíbrio ao pisar sobre um dos corpos.
    Que os deuses acolham vocês junto aos bravos de todos os tempos...
     Após observar com atenção e novamente não encontrar nenhuma arma, Cadmo seguiu para cima. O próximo nível era também o teto da torre, ali a céu aberto ele observava as árvores pontiagudas se balançando com o vendo, ao que parecia a névoa havia retrocedido bastante, afinal era o meio do dia. Cadmo olhava para o imenso lago que deixava monocromático todo o lado leste do Exarcado. Era impossível não pensar naquelas tragédias, todas aquelas vidas, tiradas tão rapidamente, aquilo não era certo, não era certo todos morrerem sem que ao menos um restasse para contar o que houve.
    Como eles foram atacados se a torre estava trancada por fora?
     Disse Talian.
    Não sei, mas não há mais nada para fazermos aqui, vamos voltar e...
    Não podemos voltar, vamos para Rocha Alva lá tem outra torre de guarda...
     Talian interrompeu Cadmo naquele tom de liderança desmerecida tão irritante. Cadmo não se conteve.
    Não recebemos ordens para ir além daqui e precisamos avisar os outros, avisar o Exarcado que eles podem ser atacados a qualquer momento...
    Não vai adiantar nada, os nobres do lago odeiam a Ordem, eles não vão se arriscar e proteger o Cenóbito...
     Contrapôs Talian já mostrando sinais de irritação por ser contrariado.
    Mesmo assim é o certo a se fazer eles precisam saber o que aconteceu, para que possam se preparar...
    Acho agora é tarde, olha...
     Himeneo falou por último apontando para os prédios da sede do Exarcado.
    Fumaça negra, um incêndio...
     Disse Talian, como sempre sendo óbvio. Cadmo olhava a coluna de fumaça que se erguia rapidamente, girando para dentro de si mesma e juntando-se as nuvens baixas.
    Sei que estão com medo...
     Começou Cadmo e antes que pudesse ser interrompido por Talian ele subiu o tom para continuar.
    TODOS NÓS ESTAMOS COM MEDO, mas temos ao menos que avisar o Cenóbito, eles precisam saber do que aconteceu aqui...
     Talvez pelo tom que utilizou ou pela simples verdade dos fatos, Cadmo convenceu os outros dois. Quando já haviam descido ao pátio da torre Himeneo sugeriu que cortassem caminho pelas matas até a orla do lago e de lá direto para o Cenóbito sem passar pela sede no caso de o Exarcado estivesse sob ataque. Além de que seria mais rápido. 
    Cena V
     Ledice acordou com chacoalhões, após o susto ela notou que era apenas Brami, a cozinheira, provavelmente estava com medo de que Ledice caísse de sono no meio de todos. Em silêncio primeiro ela agradeceu pela ajuda depois se repreendeu. Você cochilou em pé de novo - pensou ela olhando para todos as outras pessoas em volta, ninguém pareceu perceber, mesmo assim ela suspeitava que suas bochechas estariam coradas de vergonha. Aquele sono não era culpa dela, afinal ela não conseguiu cochilar, pois passou quase toda a tarde ajudando a combater o incêndio no celeiro. Por sorte nenhum dos animais sofreu mais do que algumas queimaduras superficiais, mas Ledice perdeu todas as suas coisas, suas roupas e alguns poucos móveis que tinha, até seu chapéu queimou.
    Depois que recebemos notícia de que um guardião fora encontrado morto na floresta perto do Cenóbito, enviamos três de nossos centranos e dois caçadores para investigar, apenas um caçador retornou, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu há pouco...
     A voz da Exarca Venera era linda demais, Ledice sentia que poderia ouví-la por horas sem fim, mas aquele assunto parecia sério, ela falava apenas em morte, perigos e falta de informação. Se a própria governadora do Exarcado reuniu a todos para dar a notícia era por que a situação tinha mesmo de ser grave. Reunida com outros empregados ao fundo do salão de festas, Ledice podia ver os membros nobres a frente. Sobre o palco estavam Exarca Venera, seu marido Exarco Cultuo e Adora a filha do casal, todos brancos vestindo cores claras com adornos dourados, apenas os olhos profundamente negros da pequena Adora serviam de contraste no trio. Pelo que Ledice sabia a as famílias nobres do Exarcado habitavam a região do Lago Albo desde o início dos tempos, e eram todos descendentes dos antigos alfros, sem dúvida ela acreditava, pois eles tinham até aquelas orelhas pontudinhas.
     Ao final a Exarca Venera deu mais algumas ordens, mas Ledice não prestou atenção, pois estava se lembrando de como aquele salão estava lindo no ano passado durante o festival das vinhas, uma festa tradicional da região do lago que marcava o início da estação da floração. Ao que parecia todos estavam de saída do salão, pois algumas pessoas esbarravam em Ledice o que acabou ajudando a trazê-la de volta a realidade. Mesmo sendo mais alta que todos naquele salão ela esticou seu pescoço procurando por Brami. Após avistar a cozinheira que ao longe conversava com outra mulher, Ledice se esforçou para alcançá-la, mas logo se arrependeu, como era desconfortável correr quando estava naqueles dias do mês e ela nem teria mais os seu trapos para trocar, teria de pedir para ferver outros na casa de Brami.
    Surpresa, surpresaaaa...
     Falou Ledice num sorriso aparecendo ao lado de Brami.
    Você não leva nada a sério não é menina?
     Riu Brami interrompendo brevemente sua conversa com Grena. A cozinheira logo desfez o sorriso, algo estava lhe preocupando, mas não reclamou, alías ela jamais disse uma única palavra ruim para Ledice, Brami era muito doce e desde que ficou sozinha no Exarcado Ledice via a cozinheira como uma mãe e Brami fazia o possível para melhorar a vida Ledice, depois de tudo de ruim que aconteceu, era mesmo um presente ter a companhia de Brami, que mesmo sendo mais baixa sempre a chamava de menina. Ledice era de fato bem jovem, então ela não se incomodava. A mulher séria ao lado, Grena, era a governanta do Exarcado e também a irmã mais velha de Brami. Aquela era uma família de montanheses todos com a pele morena e lindos cabelos negros.
    Os lenhadores...
     Dizia Grena com sua voz mais rouca quase masculina.
    Você sabe, irmãos, baixinhos, gordinhos? O dois gêmeos lenhadores? Eles também foram encontrados mortos perto do Lago Albo, contando com os outros seriam o quê? Sete mortos até agora? Sabe o que isso significa?
     Brami respondia com espanto a cada relato de Grena. Após uma breve explicação de que elas deveriam pegar todos os pertences necessários e retornar para a ala de serviço na sede do Exarcado onde estariam mais protegidas, Ledice passou a acompanhar mais de perto as duas irmãs que ao longo do caminho iam discutindo suas ideias sobre o que estaria causando as mortes. Honestamente Ledice não entendia por que elas estavam com tanto medo e também não entendia por que estavam com tanta pressa, afinal ainda não era de noite. 
    Cena VI
     Se fosse um dia comum Cadmo estaria no templo para as vespertinas onde todos se juntariam aos cânticos e ouviriam sermões por umas duas horas, mas decididamente aquele não era um dia comum. Após ouvir os relatos dos noviços cônego Pristo e cônego Sidéro ficaram paralisados por alguns instantes e então saíram mudos, Cadmo jamais havia visto algo parecido, algum tempo depois os três noviços estavam no refeitório aguardando os demais como ordenado.
    Não sei vocês, mas estou cansado…Cansado é pouco. Pelo Profeta! Estou exausto, mas chegamos ainda com luz no horizonte...
     Disse Talian sentado ao lado de Himeneo, ambos um tanto longe de Cadmo. Os dois noviços já aparentavam um melhor estado de espírito. Durante toda a caminhada pela floresta os três ficaram em quase total silêncio, cada um por suas prováveis razões, Cadmo em particular cuidava de cada detalhe que podia, cada passagem, cada pedra, cada tronco de árvore, imaginando se veria aquela coisa monstruosa de novo, ele não viu. O que viram foi o corpo de outro guardião caído sobre as tábuas do píer do lago. Cadmo ouviu, aliás, antes de ver, era um som que parecia o de uma bexiga de bode sendo apertada. Aquele som vinha da garganta do guardião que, ainda vivo, respirava em longos intervalos  puxando o ar com força como se lutasse para se manter longe das garras da morte. O guardião morreu assim que os noviços tentaram contato, nenhum deles falou uma palavra sequer até chegarem ao Cenóbito. Foi a primeira vez que vi alguém morrer - pensou Cadmo sabendo que jamais conseguiria esquecer as imagens que viu naquele dia, ele pensava nos pobres clérigos que teriam de se encarregar dos funerais de todos aqueles mortos. Nada de bom viria em remoer aqueles tragédias, mas ele não conseguia evitar. Ao som de talheres e caldeirões sendo movidos na cozinha ao fundo ele olhava para a longa mesa, aquela madeira lembrava a cor de sangue envelhecido.
    Bom pelo menos...
     Himeneo começava a dizer quando o zumbido de vários clérigos adentrando o refeitório o interrompeu. Imitando os demais clérigos os noviços se coloram de pé formando um grande círculo ao centro do refeitório, no lado oposto ao deles estava ceno Balterem, o líder do Cenóbito, que começava com seu familiar tom de leitura, ameno e constante.
    Um tempo de escuridão vem se abater sobre nossa terra. Sangue foi derramado ás margens de Lacus Albus, sangue manchou suas águas brancas, nossos irmãos de Ordem caíram e não tenham dúvidas que foi em nossa própria defesa. Ao peso da sombra da morte, reflitamos meus irmãos sobre esse valoroso sacrifício...
     Assim como todos os outros Cadmo abaixou sua cabeça e fechou seus olhos. Em memória dos que partiram os clérigos contariam em silêncio até que cem batidas de coração houvessem passado. Entristecido Cadmo fez a promessa silenciosa de visitar todos os túmulos se tivesse a chance, afinal não fosse pelas dobras do destino ele poderia ter sido um desses guardiões que morrem em defesa de terras que não são deles, de pessoas alheias aos seus corações, como Cadmo que nem sequer conhecia seus nomes. De repente Cadmo sentiu um arrepio doloroso correr sua pele, sua boca se encheu d'água e lágrimas correm seu rosto, ainda de olhos fechados ele esperou até o centésimo batimento para limpá-las.
    Bandidos! Saqueadores...
    Tudo indica que sim...
    Veja por exemplo...
    Sim! Certamente bandidos...
    Talvez não se lembre, mas no meu tempo...
     Cadmo ouvia os cochichos que brotavam nas duas mesas em cada lado do refeitório. Após rezarem por quase uma hora, ceno Balterem discursou novamente tendo o cuidado de incluir em seus sermões as novas recomendações de segurança para os próximos dias e em tom de agradecimento mencionou os sentinelas emprestados pela Exarca Venera. Cadmo achou estranho no começo quando se lhe disseram que todas aquelas terras eram governadas por uma mulher, mais que isso todas as casas de nobreza tinham líderes femininas, achou mesmo muito estranho, mas apenas de início, pois no fim das contas as relações de poder entre ricos e pobres permaneciam as mesmas, inobstante o gênero de quem governava. Logo após os sermões do ceno o jantar foi servido. Caldo de legumes, pão rígido e uma caneca de chá, estava tudo muito saboroso como sempre, contudo Cadmo olhava para baixo sem entender por que sua tigela ainda estava cheia. 
    Bandidos aqui? Para roubar o quê?
     Após a saída de ceno Balterem e dos cônegos superiores que sempre se recolhiam para dormir mais cedo, as conversas ganharam em vozes e tom.
    Realmente, como bandidos atacariam sem deixar nenhum rastro?
    Por isso digo que foram atacados por animais ferozes...
    Animais? Aqui no lago? Quais?
    De fato não há registros de ataques recentes de feras nestas terras, certamente foram povos invasores...
    Precisamente, foram povos inimigos e eles é que puseram fogo na sede do Exarcado...
    Não, não, aquilo não foi um atentado, o fogo foi acidental e não queimou mais do que as paredes de um celeiro...
     Cadmo ouvia aqueles clérigos fuxicando como lavadeiras ou pior como bêbados de tavernas, era admirável como gostavam de boatos. Todos debatiam e levantavam suas teorias, bem, todos menos os três noviços. Assim como ele, Talian e Himeneo permaneciam em silêncio, exceto quanto eram chamados pelo nome a responder alguma questão dos mais velhos. Cadmo não corria o mesmo risco, ninguém procurava conversar com ele, mas naquela noite ele não se deixaria abater pelos espinhos do preconceito, já havia peso demais em sua alma. Desanimado, Cadmo desistiu de terminar sua refeição, sem se despedir ele se retirou para o dormitório, não estava cansado, mas seu ânimo simplesmente estava no limite.
    Espero que um bom sono possa me ajudar.
    Cena VII
     Ledice de novo acordou com chacoalhões, ao abrir seus olhos pesados viu que de novo Brami foi quem teve o trabalho. Será que já era de manhã? Seu sono costumava ser pesado, mas ela tinha deitado há tão pouco. Talvez fosse a cama nova, Brami e Ledice foram abrigadas na sede perto de Grena e sua família. Aquele era um quarto nos fundos da cozinha não muito maior que seu antigo, mas a cama era tão macia... 
    Menina...
     Ainda sendo chacoalhada pela cozinheira Ledice levantou seu tronco, tudo estava escuro então apenas quando Brami moveu sua lamparina ela percebeu a expressão de pavor. O que teria acontecido para deixar Brami tão assustada? - pensou Ledice. Segurando a chama numa mão, com a outra Brami puxava ela para fora. Ledice não queria sair vestida daquele jeito, apenas com roupas de dormir, então quando estava para sair do quarto agarrou o casaco pendurado atrás da porta e assim que cozinheira aliviou um pouco a pressão em seu braço ela o vestiu amarrando-o firme na cintura, lá fora a escuridão da noite era cortada por gritos.
    Cena VIII
     Gritos soaram, Cadmo que sempre teve sono leve acordou imediatamente, e portando ele ouviu todos os demais gritos seguintes, aqueles não eram gritos normais, havia algo de errado. Cadmo levantou-se rápido demais e no escuro do dormitório as luzes coloridas assaltaram sua visão, impedindo que ele visse mesmo na penumbra, como tinha comido pouco no jantar seu corpo estava mais fraco que de costume, então ainda que na pior das horas as luzes se faziam muito fortes. Focando sua concentração ele dominou sua visão e deixou de ver tantas luzes, não era perfeito mas seria o bastante por hora. Ainda apoiado contra a parede Cadmo ouviu outra sucessão de gritos.
    O que está acontecendo?
     Perguntou Himeneo. Cadmo não respondeu, em vez disso correu apanhou a vela na entrada do dormitório.
    O que está…
    Shhh!
     Cadmo silenciou Himeneo, que felizmente não voltou a questionar, Enquanto outros gritos soavam, ele correu até sua cama, tendo de suportar a vela quase tocando seu rosto ele se abaixou e retirou um bastão curto de madeira que ele usava para praticar nas horas livres. Era a única arma que ele tinha a mão, certamente não seria suficiente, mas era o que tinha. Rezando para não estar cometendo um grave erro Cadmo entregou o candelabro a Himeneo e sussurrou.
    Vou na frente, você ilumina, em silêncio e devagar…
     Himeneo aceitou com a cabeça, o noviço estava tão pálido que Cadmo pensava se ele não iria desmaiar a qualquer instante. Ambos pararam para chamar Talian, quando a luz passou por cima Cadmo viu a perna dobrada de Talian, estava em baixo da cama. Bem típico - penou Cadmo, toda aquela imagem de bravura, mas quando perigo era iminente ele se escondia. Himeneo teve que saltar para trás quando Cadmo levantou de repente.
    O quê?
     Perguntou Himeneo em sussurro, Cadmo permitiu que o alto noviço passasse por ele e visse por si mesmo.
    Não…
     Em palavras baixas demais para Cadmo ouvir Himeneo tentava mover o corpo de Talian. Por mais que doesse Cadmo não poderia deixar mais tempo se passar. Ele agarrou o ombro de  Himeneo, chamou por ele em voz baixa, por fim o alto noviço levantou-se, preparando se para sair Cadmo pensou ter visto lágrimas no rosto dele. Ele mesmo estava triste, mas não havia o que fazer por Talian, afinal apenas o vivos sofrem. Na saída do dormitório uma sombra passou na frente deles. Num mesmo movimento Cadmo e Himeneo encostaram na parede e se abaixaram. Cadmo pensava que deveria se decidir rapidamente e acertar as costas do inimigo antes que ele os visse, se o que ele aprendeu estivesse correto, a maioria das batalhas terminava rápido e normalmente quem batia primeiro era quem vencia. Cadmo segurou o cabo do bastão com as duas mãos, firme mas não ao ponto de tremer pelo esforço. O que entrou no dormitório não era uma pessoa, tinha sim duas pernas duas mãos e uma cabeça, mas definitivamente não eram humano. A coisa magricela tinha a mesma altura de Cadmo e era verde, coberta de pelos e de lama, ela andava devagar com as mãos distantes do corpo como se tivesse que sentir o espaço em volta. A coisa andava um passo e parava erguendo a cabeça, Cadmo tremia por dentro imaginando se teria força suficiente, mais importante que tudo, se ele não iria errar, ele não podia errar. Tomando coragem ele firmou seu peso nas pernas para se levantar, mas algo lhe ocorreu, a coisa não estava se guiando pela luz, mas Cadmo tinha de ter certeza. Admirado com sua própria coragem ele estendeu a mão para Himeneo e em resposta ao seus gestos recebeu o candelabro. Cadmo agitou o candelabro no ar, a coisa não respondeu a alteração das sombras. Devolvendo o candelabro a Himeneo Cadmo respirou aliviado. A criatura virou imediatamente em sua direção, Cadmo tapou sua boca tentou respirar o mais silenciosamente que podia, mas ele conseguia ouvir o ar saindo de seu nariz. 
    Claq! Claq! 
     A criatura batia seus dentes fechando a mandíbula com força. Como estava bem mais perto o cheiro que se espalhava no ar era cada vez mais presente, algo como sujeira suor e plantas podres. Cadmo não movia um músculo, suas pernas já estavam doendo, mas ele não se movia e internamente agradecia por Himeneo ter a mesma força de espírito. Atendendo aos pedidos mudos de Cadmo a criatura se virou como se fosse sair do dormitório. Cadmo levantou e acertou a cabeça da coisa, na hora suas mãos tremeram pelo impacto, e ele quase soltou o bastão, mas se manteve firme e seus braços, estranhamente pareceram ter ficado mais fortes após o golpe. Quando a criatura ameaçou se levantar Cadmo bateu com toda força, dessa vez lembrando de inspirar antes e soltar o ar dos seus pulmões após o golpe.
    Certo..
     Sussurrou Cadmo, depois que o corpo da coisa parou de se mover com os espasmos ele olhou para Himeneo, o noviço ainda sentado tinha olhos arregalados como se tivesse visto a própria morte. Cadmo limpou a mancha gosmenta na ponta do bastão e acenou para Himeneo. Pouco depois os dois noviços estavam passando a entrada do refeitório.
    Você... Você matou aquilo, o que era aquilo? E... Talian…
     Cadmo teve de retornar alguns passo e olhando para cima viu que o susto ainda não tinha deixado o rosto de Himeneo.
    Concentre-se, pode haver mais, vamos até os sentinelas…
     Os sentinelas não estavam lá. Segundo o que ceno Balterem havia dito do lado de fora de cada uma as portas do Cenóbito deveriam haver dois sentinelas.
    E agora?
     Perguntou Himeneo. Boa pergunta - pensou Cadmo, fugir para o Exarcado talvez fosse o mais seguro, mas…
    Os outros…
     Bastou olhar para Himeneo para Cadmo ter a certeza de que ele havia entendido, os noviços entraram novamente no Cenóbito. 
    Cena IX
    Bram... Por aqui...
     Era a voz grave de Grena soando entre gritos e outros sons horrorosos. Brami retomou o braço de Ledice puxando-a para fora da casa comum. Ao que ela podia ver, caos estava instalado por todo o Exarcado, animais estavam soltos e pessoas corriam perdidas de um lado para o outro.
    Não, não são pessoas.
     Ledice não teve tempo de ver exatamente o que eram aquelas coisas, a escuridão não ajudava e ela teve de voltar sua atenção para frente para onde estava sendo puxada, mas aquelas coisas correndo de um lado par ao outro não eram pessoas. Toda a família de Brami estava no grupo ao que parecia, inclusive as crianças, os adultos elas guiavam juntando-se ao aglomerado de pessoas que corriam para os portões.
    Brami o que está acontecendo?
     Por mais alto que falasse, Ledice era ouvida, em várias direções algumas pessoas gritavam monstros ou palavras parecidas, confirmando o que ela temia. Ainda sendo puxada por Brami ela seguia olhando para todos os lados. Na caótica procissão, nomes eram chamados entre gritos e os sons monstruosos eram cada vez mais frequentes. 
    E as outras pessoas?
     Passando pelas casas que ainda tinham alguma luz Ledice via criaturas atacando famílias inteiras. Puxada para frente ela não conseguiria voltar para ajudar, ainda que pudesse fazer algo numa situação daquelas, para ser honesta consigo ela tinha de admitir que não poderia fazer nada por elas. Ledice não chorava, não era algo possível para ela, mas uma agonia começava a se instalar em seu peito. Brami ainda puxava como se Ledice fosse se perder a qualquer momento, por todo aquele carinho e preocupação Ledice era grata de todo coração. Após uma breve pausa as pessoas começaram a atravessar os portões. Distraída olhando para trás Ledice esbarrou nas pessoas que pararam abruptamente do outro lado. Enquanto dois homens se esforçavam para fechar os grandes portões de madeira o grupo de pessoas formava um círculo no meio da estrada, ali a escuridão era quase total, além da família de Brami apenas poucas outras pessoas traziam lamparinas.
     Vozes soaram no meio da escuridão e como todos os outros Ledice se virou na direção de onde vinham. Eram os monges do Cenóbito, todos estavam tão assustados que ninguém viu eles chegarem, ao menos Ledice não viu. Ela estava mais calma, mas não menos triste Ledice sem saber onde ficar se reuniu com a família de Brami. Logo depois o marido de Grena e outro homem foram até os monges, enquanto conversavam em voz baixa Ledice notava que, exceto pelo avô de Brami, só havia restado três outros homens no grupo de sobreviventes do Exarcado. 
    Está bem menina?
      Ledice respondeu com um aceno para Brami e então pegou um bebê do colo de Grena, a governanta deveria estar cansada de correr com uma criança dos braços. Enquanto algumas conversas rápidas e repletas de perguntas se davam Ledice olhava para os portões, dentre as frestas brilhos amarelados escapavam. Gritos já não eram ouvidos, exceto pelos urros que aquelas coisas faziam. A cada momento as luzes distantes pareciam se agitar mais e mais, o Exarcado estava tomado por chamas.
    Alguém viu aquelas coisas? Sabem o que são?
    São a morte, isso é o  que são, o que estamos esperando aqui? Vamos fugir logo…
    Isso, vamos fugir antes que apareçam mais daquelas coisas…
    Não, antes vamos voltar e ver se alguém mais está vivo. A família Exarca...
     As vozes no meio do grupo de alternavam, e não concordavam em nada definitivo, nenhuma das pessoas parecia confiante o bastante para tomar alguma atitude também.
    Quando os gritos começaram nenhum dos nobres estava lá, olhamos tudo antes de começar a sair...
     Falou Grena, mesmo tendo salvado toda a sua família e se comparada as outras parecia estar bem controlada havia muita tristeza na voz da governanta.
    Os sentinelas foram os primeiros a fugir, e com certeza levaram a família Exarca com eles…
     Completou uma das camareiras.
    Ledice deu um pulo ao ouvir um grito de agonia ao lado dela, era um dos homens, chorando em gritos como se estivesse a beira da morte. Ledice jamais havia visto alguém sofrer daquela maneira, e nenhum deles tinha ferimentos nem nada do tipo. Os gritos do homem finalmente cessaram quando o outro obreiro se afastou dos monges, o abraçou falando-lhe algo em baixo tom,  instantes depois o homem parecia mais calmo. Ninando a bebê em seu colo, Ledice viu que cada um do grupo de religiosos trazia uma tocha consigo. Eram mesmo cinco, três bem velhinhos, um jovem alto e o menino de pele azul, Ledice imediatamente quis ir até ele e conversar, mas imaginava que seria inapropriado interromper a reunião.
    Cena X
    Mortos, todos mortos…
     Dizia Himeneo ao cavalariço que se apresentou como Damácio. Cadmo ouvia em silêncio enquanto os homens debatiam. Mortos? Não, ele não estava certo se estavam todos mortos. Sim eles encontraram cinco corpos, quatro sentinelas e, infelizmente, Talian, mas nada além desses, havia sinais de violência com certeza mas nenhum outro corpo. Quando os outros dois homens do Exarcado retornaram renovou-se a discussão que Cadmo estava esperando:
    Temos que sair logo daqui…
     Dizia o servo que não estava soluçando.
    E ir para onde?
     Rebateu Damácio erguendo os braços em sinal de incerteza.
    Tudo que temos está aqui, se ficarmos podemos pensar em alguma coisa… Em defender…
     Continuou o cavalariço.
    Defender o quê? Está tudo queimado a esta altura. E Contra o quê? Alguém ao menos viu aquelas coisas?
    Ver? Nós até matamos um…
     Cadmo não se surpreendeu quando Himeneo falou, o tempo todo parecia que o noviço exibido estava querendo uma oportunidade de se lançar na conversa, mas nós? Cadmo revia a cena e se perguntava quanto validade do “nós” na narrativa de Himeneo. E no fim das contas ter matado aquela criatura de alguma forma soava muito errado na mente de Cadmo, a prova era que mesmo com toda aquela escuridão ele não enxergava nenhum traço das luzes coloridas, mostrando que sua alma não estava pura. Ao menos estou vivo - pensou Cadmo. Em algum momento a conversa parou e todos os olhares estavam nele. Estão esperando o meu voto - ele pensou. 
    Também não sei o que fazer, mas se formos entrar no Exarcado, devemos ir todos os homens, os idosos ficam aqui com as mulheres, lembrando que não sabemos quantas daquelas criaturas tem lá dentro e que não temos armas decentes.
    Cadmo olhou para o próprio bastão de madeira antes de continuar.
    Mas se formos formos fugir digo que devemos ir agora, levará quase dois dias de caminhada até Rocha Alva, não temos comida nem água, ou seja, teremos de parar em algum lugar, lembrando que tem crianças dependendo de nós…
    Ao mencionar crianças Cadmo viu o homem que soluçava explodir num choro repentino, mas logo se controlou.
    O que decidirem estou com vocês…
     Se pelo peso das palavras ou a melhor análise das circunstâncias Cadmo não sabia dizer, mas a coragem desapareceu do rosto daqueles homens. Talvez por perceberem que eram apenas nove, mas que de fato os homens que poderiam ser combatentes seriam apenas dois adultos, dois garotos e um homem destruído pela perda que soluçava sem parar num choro contido. Bem ao lado havia um grupo de olhares perdidos com mais de uma dúzia de pessoas entre idosos e crianças. Mesmo com pesar da culpa, a escolha se tornou clara para todos eles.
    Cena XI
     Quando Ledice voltou a si já estava caminhando, ela apertou o bolinho em seus braços e se acalmou ao confirmar que não havia deixado ela cair. Não havia sido um vazio exatamente, mas ela se distraiu muito com alguma coisa. Infelizmente ela não sabia dizer quanto tempo havia se passado, mas ao menos não estava mais tão triste por tudo que havia acontecido, estar em movimento fazia bem a ela. Vidra a bebezinha em seu colo era mesmo um docinho, ao contrário do homem que ainda estava soluçando, Vidra não chorou em nenhum momento, por uma ou duas vezes Ledice teve a certeza de que a pequenina abriu seus olhinhos cor de terra e certamente percebeu que não sua mãe olhando de volta, afinal Grena era morena de cabelos lisos e negros, Ledice nada de parecido, mas Vidra não se incomodava, apenas se ajeitava no seu pequeno casulo e voltava a dormir.
    Ela não vai ficar boazinha assim para sempre, logo que a fome bater vai abrir a bocona, todas as meninas da montanha são mortas de fome nessa idade… 
     Disse Brami caminhando ao lado de Ledice e ainda segurando sua lamparina.
    Se quiser pode me entregar ela, não está cansada de tanto carregar essa batatinha?
    Não senhora…
     De fato Ledice não estava cansada, ela estava incomodada sim com seu sangramento mensal que já se fazia presente de novo, apesar de que as cólicas haviam passado por completo, mas era incomodo, não era cansaço. Além do mais era bom fazer algo de útil, fazer algo de bom para as pessoas que sempre estiveram lá para ajudá-la. Brami deveria ter seus trinta anos, Grena era talvez dez anos mais velha e tinha outros dois filhos, agarrados no seu vestido. Damácio o marido de Grena, mesmo não sendo um montanhês, parecia muito preocupado com os avós de Brami e Grena, aquele casal de velhinhos era tudo o que as irmãs conheceram por pai e mãe após a guerra. Então, vendo que todos estavam ocupados de alguma forma, inclusive ela, Ledice não se sentia cansada, estava triste sim, mas enquanto pudesse ajudar ela ficaria bem. Ajudar os outros era renovador, especialmente Brami, a cozinheira estava com uma expressão perdida, como se o mundo debaixo de seus pés tivesse sido trocado por outro completamente diferente e por isso Brami já não sabia como seguir em frente.
    Vai ficar tudo bem…
    Falou Ledice terminando num sorriso, Brami respondeu com um - Claro que vai menina - em seu tom maternal, mas não sorriu ela não estava confiante. Ledice estava, ela sabia que era verdade, coisas ruins sempre iriam acontecer, ninguém poderia evitar, mas a vida era assim, coisas boas também viriam inevitavelmente. Ledice sentia que o ar se tornava mais frio, mas também notavas as luzes começando a aparecer no céu. A coluna seguia pela estrada, cada um com seus propósitos, cada um com atitudes únicas. Os dois obreiros do Exarcado o sério e o soluçante iam na frente, seguido dos montanheses, atrás de Ledice estavam algumas camareiras e arrumadeiras, e mais lá atrás da coluna estariam os monges, incluindo o menino azul que ela ouviu chamarem de Cadmo, mesmo sem saber o significado ela achava um nome bonito também. 
    Cena XII
     Um cobertor de neblina em puro branco pairava no ar, não estava tão frio quanto na madrugada anterior, mas cônego Romupo tossia sem parar, por vezes parecia perder o fôlego, Cadmo até já havia entregado seu candelabro para uma das mulheres do Exarcado, de modo a ter uma mão livre para amparar o velho clérigo caso precisasse. A vela não duraria muito de qualquer forma e já que seu bastão ele não entregaria a ninguém, uma mão teria de bastar. Os outros dois clérigos eram cônegos Gausto e Moni, ele não conhecia  nenhum dos dois, todos seguiam lutando contra o peso da idade, não estavam bem , mas ao menos não estavam tão mau a ponte de desabar,e afinal quem poderia estar em bom estado após tudo que passaram? Bem, talvez o próprio Cadmo e uma outra pessoa. Mais na frente da coluna estava Ledice, alta e de cabelos amarelos, era fácil distinguir as suas formas delicadas e seu sorriso hora para a criança em seu colo hora para a mulher ao seu lado com quem conversava. Todos pareciam destruídos, exaustos, exceto por Ledice, Cadmo não sabia ao certo mas parecia haver uma certa força nela que emanava cada vez mais forte. Talvez fosse o raiar da manhã tornando o céu cada vez mais claro. Era como se ela conseguisse…
     Gritos agudos cortaram os ares, eram gritos de mulher.
     Cadmo saiu da formação em coluna, assim como alguns outros homens, aparentemente pela forte neblina eles não conseguiam determinar a direção dos gritos, mas ele sim, correndo mostrou que a direção seria mesmo a frente. Cadmo parou a beira da estrada, havia manchas de sangue e perto delas um dos sentinelas estava caído. O uniforme em branco e vermelho, as cores tradicionais do Exarcado, estava cortado em vários locais, não era preciso verificar, mas Cadmo tinha de ter certeza.
    Por ali…
     Ao som de novos gritos, Cadmo apontou a direção para Himeneo e os outros, antes de seguí-los ele verificou com o máximo de respeito que a urgência da situação permitia, não havia nenhuma arma com o sentinela, nem as óbvias lanças longas, nem uma única adaga que fosse.
    Não perca mais tempo…
     Cadmo repetia para si mesmo que não deveria deixar passar aquela oportunidade de salvar uma vida, ele se levantou então e correu na direção dos outros. As matas ali estavam tomadas pela neblina e não tinham a mesma limpeza que as do Cenóbito, mas não era tão difícil se mover entre os arbustos. Instantes depois Cadmo parou ao lado dos outros, entre as árvores estava o centrano, um sentinela da elite do lago, responsável pela segurança da família Exarca, atrás do guerreiro estava uma menina branca como parafina de vela. O centrando estava claramente ferido, mas como um urso ele rugia e apontava sua espada em várias direções, na outra mão o escudo estava avariado. Mesmo após o cavalariço e outro homem se identificarem por nome, o centrano mantinha a menina atrás dele encostada contra uma árvore, sua postura de batalha não permitia a aproximação de ninguém.
    É a Exarquina…
     Disse uma das mulheres, no mesmo instante em que o centrano caiu sobre um dos joelhos a mulher correu e abraçou a menina branca. O grupo então se aproximou, com seus olhos praticamente fechados pelo sangue o centrano girou a espada em sua mão e segurando-a pela lâmina ergueu-a na direção de Himeneo. Logo então o centrano caiu sobre seu escuro sangue escorrendo de sua boca.
    Exarquina Adora…
     Dizia a mulher usando um casaco para cobrir a menina que apesar de não gritar mais, ainda chorava muito.
    O que está fazendo?
     Concentrado em retirar o escudo do centrano, Cadmo demorou um pouco para entender que o cavalariço Damácio estava falando com ele.
    Deixa isso aí!
    Supondo que não tenhamos que usá-lo, acho que ao menos precisaremos de provas.
     Rebateu Cadmo ficando com o escudo, a peça estava bastante avariada, sangue manchava o emblema da nobreza do lago e as marcas de garras além de trazer arrepios faziam Cadmo se lembrar. Ele se afastou do corpo dando passagem para os cônegos. Enquanto os clérigos diziam suas palavras de conforto Cadmo vistoriava as matas por sinais da criatura e observava as pessoas a sua volta, em sua mente uma teoria começava a se formar.
    Fim do capítulo.
  • O Humano entre Anjos e Demonios.

    Eu sou Layla Nayana a próxima herdeira ao trono já que meu tio e o Rei ele é a linha direta na coroação, mas e incapaz de ter filhos, então cabe a Meu pai ter o herdeiro só que tem um pequeno problema meus pais só tiveram filhos do Sexo Feminino, melhor dizendo 7 Meninas sendo eu a mais velha. Então eu como a mais velha ganhei esse direito, eu serei a XII Rainha do Reino Alber Lencei.

     Amanha irei para uma escola ao interior do reino para aprofundar minha magia, minha magia e de invocação e possessão, ou seja, posso invocar espíritos e possui-los, fazendo uma fusão, vamos assim dizer, e claro eu preciso de um controle auto para não ser possuída, principalmente por meu espirito Fénix, sim meu espirito é a própria Fénix a Ave Imortal a qual ressurgi das cinzas um espirito classe Lendário, acima da classe lendária só existe 12 Espíritos Celestiais os espíritos nível Deus mas alguém que pode sumonar e muito mais raro, quase impossível você achar alguém com tal poder, tanto porque se você usa-los pode trazer vários danos ao seu corpo, como encurtar sua vida, ou ter que dar algo seu em troca como um braço, uma perna ou algum sentimento como amor, bondade ou ódio, e bem variado o numero de coisa que se pode perde, por isso nos consideramos ate uma maldição alguém nascer com tal poder, caso alguém nasça com tal poder nunca será usado pela corte ou elo exercito para fins como guerras, para que o usuário de tal poder não sofra danos irreparáveis, mas bom, ainda não nasceu ninguém com esse poder na minha Era então eu sou a que tem o espirito mais forte.

      Graças a tela sou chamada de a Esperança da humanidade, pura bobagem, quem tivesse um nível Deus seria tratado com um Rei então, e teria que ficar as ordens do Rei, no caso isso se aplica a mim, eu não posso desobedecer meu tio, ele tem que ter o poder necessário nas mãos para lutar, então deixo ele fazer o que quiser e falar quem sou para os outros nobres e plebeus.

     Hoje faço 15 anos, me torno adulta sendo assim resolvi estudar e aprofundar minha magia para acabar com as guerras entre os seres celestiais e os Humanos, afinal a terra já não está mais aguentando tantas guerras ao passar dos anos, isso para os anjos e demônios pouco importa já que a terra e só um campo de batalha. Antes era um paraíso ate que Deus morreu, sim deus a qual nos fez, morreu junto com o 4 Demonios superiores Lucifer, Leviatan, Beelzebub, Azazel á 2018 Anos na Grande Guerra. Morreram tentando selar os 12 Espiritos Celestiais conseguiram mas a forçar que lhes restou não foi suficiente para continuar a Guerra então pouco a pouco todos os seres demônios e anjos foram morrendo, Deus morreu dois dias depois de selar o espíritos, o que abalou os céus, só que do outro lado os 4 Demonios já não tinham mais forças então pediram que lhes matassem é assim foi feito.

     Desde então Miguel e Gabriel , os Arcanjos, lideram os Céus e no Inferno Belfegor, Asmodeus e Mamon, os Três Reis Demonios cuidam do inferno, essa briga entre eles continua até hoje só que os Humanos também entraram nessa briga a 1111 anos atras para proteger a terra graças a isso a terra continua bem, só que isso não pode continuar, não vai! 

    Amanha estou determinada de ir para a Lencei estudar e logo depois por um fim a essa Guerra, por que se não a humanidade deixará de existir para sempre.

    Ano 2130...

    _Me lembro de tudo daquele dia, o cheiro insuportável da fumaça, o fogo queimando tudo, gritos e choros de crianças e adultos, crianças chorando e buscando pelos seus pais, asas brancas e negras lutando no céus como se não fossemos nada, o sangue em minhas mãos, aqueles que tiraram tudo de mim Anjos e Demonios...

    Ano 112...

    Destrua, destrua todos.

    Você quer poder, nos te daremos poder o quanto você quiser Yuu, então o que você deseja ?

    _Eu desejo... desejo Morte.

    _Hahaha então que seja ser torne a própria morte Yuu, não Hakaishin, nos te daremos poder então destrua tudo.

    De repente o céu se fechou nada além da escuridão podia ser visto, estava um silencio até que...

    Naquele instante todos os seres existentes foram apresentados ao Real medo.

    No dia 12 de maio de 112 a  Propria Morte nasceu.

     todos ficaram com medo daquela escuridão sem fim ate que todos ouviram uma voz uma única voz com tons diferente como se variasse, era como se varias pessoas fossem uma só.

    Um grito de dor foi ouvido, logo depois uma voz.

    _Aaaaaaaaaaah

     _Eu na qual desperto, o ser Celestial acima de Deus!

    Eu destruo tudo, não salvo nada.

    Sua alma vai sofrer comigo

    O relapso da santidade surgiu

    O que é Amor ?

    O que é Dor ?

    Despedaçarei todos os Anjos e os demônios,

    MORRAM.

    _O céus se abriu e o Dia havia virado Noite, uma Risada era Escutada até que todos olharam para a Lua a vista era Linda é ao mesmo tempo Medonha, ali estava o ser na qual matou Deus e os 4 Demonios ali estava o Hakaishin (DEUS DA DESTRUIÇÃO).

    _Naquela noite Deus e os 4 Demonios selaram um Ser na Qual matou 50 % de todos os Anjos e Demonios o ser na qual pintou a terra de sangue, O Ser com Um Rosto uma hora feliz e outra na qual gritava e chorava, um ser realmente impossível de ser entender, O Medo em Pessoa.

    Os Motivos para que uma simples criança tenha ser tornado isso foi...

    Ano  Medieval 112..  

    2018 anos no passado

    Eu Yuu Layo tenho 11 anos e tenho 5 irmãos, vivo na vila July, uma vila pequena longe da capital perto das montanhas que cerca o país, estou catando madeira para queimar, já que hoje eu que irei fazer comida para comemorar, é aniversario da Vovó ela faz 80 Anos é a pessoa mais velha da aldeia, o pessoal a chama de ância o por que, não sei mas todos pedem conselhos a ela.

    A Vovó e muito sabia e sempre tem uma historia para contar, como a Historia da Criação, a historia do Minotauro, ou da Medusa a Rainha das Gorgonas, eu gosto das historias da vovó.

    Terminei de pegar a lenha, estou voltando para casa, meus irmão estão me esperando voltar, tenho ótimos irmãos principalmente Leya a mais nova ela sempre quer me ajudar, é apesar de ser a mais nova ela é a com mais amadurecimento entre nos todos talvez até mais que eu, hihihi.

    Cheguei em casa,  todos estavam arrumando a casa sem brigarem, o que era raro entre nos, a Vovó sorria e todos nos riamos por ela já não ter muitos dentes na boca quando sorria ficava engraçado. Terminei de fazer o almoço, era carne de carneiro com batatas, olho pro lado e todos babando principalmente a Vovó todos estavam famintos então disse a famosa frase que minha mãe usava nessas horas: Se empanturrem seus porcos.

    De repente o ambiente calmo se tornar um campo de batalha todos tentando ser o primeiro a comer, de um lado puxões e empurrões eram vistos do outro, mordidas no braço e arranhões eram feitos principalmente pela Vovó e como sempre a Leya esperando sua vez ela com certeza é a mais madura entre nos.

    Terminamos de comer, eu pedi para todos irem brincar e se divertirem assim foi, logo após todos saírem a vovó me chamou estava seria sobre algo, ela pede para eu sentar e escutar bem, é assim faço.

    _Escute Yuu os Knights Raid estão vindo, nos cobrar aquilo que seu pai deixou pendente.

    _É eu sei e eu já tenho um plano do que fazer.

    _Você não vai fazer isso, não vai se entregar para eles, você vai ser vendido e tratado como escravo esse não é o destino que seu pai queria Yuu.

    _O futuro que meu pai queria é um mundo de fantasias, eu não consigo sonhar igual a vocês vovó , só olho para frente nada mais, sigo em frente passo por passo, devagar e sempre, esse é meu lema e com ele que decidi isso, eu vou me entregar a eles para quitar a divida.

    Era meia-noite estava lua cheia, todos estão dormindo, estou indo me entregar, a vovó e pouco moradores sabem que estou indo, ela vai contar para meus irmãos amanha que fui morto por um urso e que meus restos foram enterrados no pé da montanha, os moradores irão fazer uma cova e fingirem que estou morto, assim espero que seja.

    A lua está no ápice, estou perto de onde é para nos encontrarmos, não a nada a ser feito o vilarejo não pode quitar a divida afinal vivemos do nossa própria colheita e não nos envolvemos com a capital para precisar de dinheiro, a divida de meu Pai é de remédios que meus irmão e o povo do vilarejo precisou por causa de uma peste que atacou o país á 3 anos atrás, o remédio não era caro só que a quantidade de remédios que foi preciso para as pessoas do vilarejo era alta os Knights Raid eles não são ruim apenas rígidos com suas regras, eles são responsáveis por trazer remédios, além de outras coisas da capital para os vilarejos só que todos os anos na Lua cheia eles voltam para cobrar um pouco da divida, caso não pague eles atacam o vilarejo e destroem tudo ate sobrar apenas pó e vendem todas as crianças para o mercado de escravos, deixando só os adultos livres acho que eles usam isso como uma punição aos devedores, eu não posso deixar isso acontecer, não vou meus irmãos vão ser livres.

     A divida é alta, é meu pai sumiu a 2 anos tentando se reergue na capital, já que a divida e algo que não podemos pagar, me darei como escravo que apesar de não parecer grande coisa um escravo jovem vale muito na capital principalmente para os nobres que gostam de nos maltratar para se sentirem superiores então irei com eles e assim que quitar minha divida voltarei para o vilarejo e claro demorara ano mas não á nada a ser feito, ops não é ora de chorar, estou chegando ao ponto de encontro

  • O Index - Livro da Morte

    O Index - Livro da Morte é um manual e material indie multimidia, polimático, filosofico e didático e de teor ocultista. Considerado também Necromicon derivado de Necronomicon, trando-se de uma obra visualmente horrorosa e sombria. O Index do Ravenismo/RV Project não tem nada haver com: O Index Librorum Prohibitorum, em tradução livre o Índice dos Livros Proibidos que era uma lista de publicações consideradas uma heresia, anticlericais ou lascivas e proibidas pela Igreja Católica.

    Este documento é um amontoado de informações, instruções, dicas, tutoriais, conceitualismos, observações, e vários conteudos anexados e meio absurdos em suas introduções. O Livro também é principalmente voltado ao autoconhecimento como uma ferramenta para propor à outrens que façam  mesmo. wink

    Revista RV

  • O Poder Sagrado da Arruda e do Limoeiro

    Como de costume no final de tarde estava a trabalhar no seu pequeno jardim, em especial, no canteiro de ervas que fizera ao fundo do quintal de sua casa, próximo de uma cerca feita de pequenas varas de bambu-chinês. Esse pequenino canteiro horizontal, confeccionado por pequenas pedras de calcários brancos enfileiradas, era um dos pontos mágicos e sagrados do seu jardinzinho orgânico. Ali encontravam-se plantadas, uma após outra, plantas de poder e de cura, medicina para o espírito, para a alma (psique ou coração) e para o corpo, como: Capim Santo (Elionurus candidus), Erva Luíza (Aloysia citrodora), Erva Cidreira ou Melissa (Melissa officinalis), Sálvia (Salvia officinalis), Babosa (Aloe Vera), Manjerona (Origanum majorana) e duas espécies de lavanda ou alfazema (Lavandula angustifólia e Lavandula pedunculata).

    Progressivamente em fila, encabeçando o canteiro, plantara um Pezinho de Limão: "Mas, o que tem de haver um Pé de Limão junto a plantas medicinais e de poder?". Na verdade, o Pé de Limão fora colocado no lugar, em que se encontrava um saudável e farto arbusto de Ruta-de-Cheiro-Forte (Ruta graveolens), que misteriosamente em uma demanda espiritual de ordem negativa vinda externamente contra ele, o arbusto em caridade protetora, secou gradualmente, aos poucos, em sacro-sacrifício e morreu. Daí lhe veio, como sempre, a doce recordação de infância nas sábias palavras de sua (já desencarnada) bisavó, que era uma poderosa parteira, rezadeira e curandeira. Muito bem conhecida em toda a região onde morava, entre outras muitas fantásticas manifestações, por realizar mais de três mil partos entre humanos e animais, inclusive o dele próprio, sem deixar desfalecer um ser vivo sequer, não importando a gravidade de risco. Praticamente todos os meninos e meninas da localidade nasceram pelas benditas mãos dela, que devido a tal prodigiosa façanha ficará conhecida por todos como Dona Darluz, apesar de ser mais uma Maria das muitas da região.

    A respeito da Ruta-de-Cheiro-Forte, sua bisa lhe dizia advertindo: "Essa planta tenho para mim como a mais sagrada de todas as plantas, pois pertence unicamente ao Sagrado Positivo, e, por isso deve ser sempre colocada na entrada da casa. Assim, nada de negativo pode entrar em seu ambiente."

    Devido a tal nostálgica recordação, ele resolveu colocar umas mudinhas da Ruta-de-Cheiro-Forte na entrada da sua casa, e plantar um Pé de Limão no lugar do arbusto que morrera no fundo-de-casa.

    Sim! Mas, por qual razão plantar o Pé de Limão no fundo da casa?

    Sua bisavó, D. Darluz, lhe falara que o Limoeiro (Citrus limon) era a contrapartida da Ruta-de-Cheiro-Forte. Dizia ela que toda planta tem sua contraparte no mundo, sendo: positivo e negativo, feminino e masculino, inercia e movimento, absorção e repulsão... se completando em ciclos espiralados. Além, é claro, que toda contrapartida deve pertencer a mesma família. No caso o Limoeiro e a Ruta-de-Cheiro-Forte pertencem à família das Rutáceas. Por isso, falara também, que o Limoeiro sempre deve ser plantado no fundo da casa, dessa forma poderia fechar um ciclo para proteção do ambiente, em que o Limoeiro atraia para ele tudo que era de negativo que a Ruta-de-Cheiro-Forte deixara passar se a carga negativa fosse maior que a capacidade da planta barrar, completando assim a proteção energética ambiental.

    Sempre em que se entregava a dar manutenção no seu canteirinho de ervas de poder, seus pensamentos, imbuídos em muito sentimentos, voltavam-se com todo carinho para a figura mística da sua bisa, a popular D. Darluz. Seu nome verdadeiro era Maria da Piedade, nascida em Portugal na antiga Vila da Arruda e hoje atual município Arruda dos Vinhos, no distrito de Lisboa (Região de Lisboa e Vale do Tejo), comunidade intermunicipal do Oeste Cim. Dona Darluz dizia ser descendente das famosas curandeiras de sua região, pejoradas pelos ignorantes como Bruxas da Arruda, que por assim, eram descendentes das feiticeiras e sacerdotisas dos antigos Povos Celtas, mas que devido às misturas culturais e étnicas, e de conquistas de outros muitos povos, com seus costumes e crenças, ainda as mulheres de sua família mística mantinham as antigas tradições, com meras e significantes influencias dessas novas culturas que foram ao longo do tempo agregadas (Não citando as muitas mazelas que sofrera sua mística linhagem durante os massacres do Tribunal do Santo Ofício, com a perseguição religiosa da inquisição portuguesa, promovida pelo clero católico dominicano). Imigrara junto a sua família para o nordeste do Brasil nos meados da primeira década do século XX (entre 1910 a 1920), aos vinte anos, devido à crise que se alastrava na Europa, como resultado da conclusão da Primeira Guerra Mundial e da gripe espanhola. Sendo assim, se fixara no Novo Mundo absorvendo também as muitas sabedorias místicas que ali existiam, tanto dos povos ameríndios como dos afrodescendentes.

    D. Darluz tinha uma presença magneticamente atraente, sendo uma linda senhora alta, bonita, nem muito magra e nem muito gorda e de olhar penetrante. Morava em uma casa que fora construída metade de pedras e outra metade de madeira a arquitetura arcaica mediterrânea, toda ela erguida com o suor de seus pais, seus irmãos e dela mesma. Em uma chácara com cerca de quarenta hectares. Lá havia um grande pomar com diversas árvores frutíferas, uma horta orgânica, campos de flores e ervas medicinais e muitos animais domésticos, como: cabras e bodes, cavalos e éguas, mulas e burros, jumentos (Equus asinus), galos e galinhas de diversas raças, perus, pombos, papagaios, pavões, patos, gansos, porcos, vacas e bois, além dos muitos animais silvestres da região. E, sobrevivia da produção de derivados de leite (queijos, doces e coalhadas de cabra e vaca) e de suas práticas místicas de reza e cura, que, na verdade, esses serviços sagrados eram lhes recompensados por doações. Pois, ela sempre dizia que a verdadeira proteção e cura não podia ser comprada, apenas recompensadas pelas atribuições dos beneficentes, o que estes julgavam de coração contribuírem de acordo com que achavam ser merecido, e, nunca cobrava nada e nem recebia doações, um centavo sequer, pelos partos que realizava, afirmando ser (esse Sagrado Ofício) a sua verdadeira missão na terra: DAR A LUZ!

    Como toda boa portuguesa milagreira em terras brasileiras tinha lá suas queixas, que eram verdadeiramente mínimas e de questões culturais. Sentia falta dos vinhedos e dos bons vinhos, das oliveiras e de suas azeitonas e azeites, dos muitos temperos e ervas naturais do mediterrâneo, das ovelhas e suas deliciosas coalhadas e queijos, do frio nas pradarias e do aconchego da lareira... suas queixas se baseavam em suas saudades de uma terra mágica e romântica... de Portugal, sua gente pacata e sua península ibérica. O Azeite, produto das oliveiras, lhe era sagrado, pois, era através dele que realizava os seus milagres adivinhatórios de cura e proteção. Em que pingava gotas de azeite no consulente, depois com o dedo retornava a pingar o azeite em um prato raso com água, lendo as gotas de óleo que davam forma as verdes letras mágicas no líquido, em seu processo místico divinatório. Também, conseguir o azeite de oliva puro era muito difícil no nordeste do Brasil, porquanto, encomendava algumas sacas de azeitonas do Uruguai com os caminhoneiros que lá iam e regressavam, e, manufaturava pessoalmente o seu azeite. Sendo que nessas consultas com esse processo, independente das doações, cobrava uma certa quantia fixa, apenas, para cobrir os custos do material importado e sua trabalhosa produção.

    Em sua casa havia um pequeno quarto dedicado ao sagrado, com uma grande mesa servindo de oratório em que se realiza os muitos milagres, curas e adivinhações. Essa mesa era repleta de objetos místicos, tigelas com água e azeite, vasos com vinhos e porções de cura, pedras semipreciosas, ossos, pequenos frutos e animais dessecados, potes de unguentos e cataplasmas, pedaços de madeiras e galhos secos, velas, óleos essenciais, cristais, pequenos jarros de barro e porcelana, potes com incensos, incensários, instrumentos, lápis e cadernetas de receitas místicas, papeis para anotações, muitas flores e frutas para oferendas, sal grosso, sal amargo, mel, livros e todo teto era coberto com ervas medicinais, arrancadas pelas suas raízes, penduradas de cabeça para baixo. Criando um ambiente de um universo místico com os seus muitos odores e fragrâncias mágicas.

    Voltando-se para o aqui e o agora, no seu pequeno jardim, com as tantas recordações da sua bisa, lágrimas rolaram de seus olhos ao relembrar de sua infância, em que vivera da idade de dois anos até os seis na companhia dessa mística senhora portuguesa na sua maravilhosa chácara (Chácara Celeste), que depois veio a falecer tranquilamente dormindo com a idade de 97 anos. Recordou-se das tantas histórias que sua bisavó lhe contara de sua terra natal, como: O Caso da Perua, em que um lavrador descobriu que sua vizinha era uma feiticeira que se transformava em um peru; as lendas de lobisomens e maldições; O Demônio do Pinhal do Álamo, em que um curioso rapaz achou um cabrito branco que, na verdade, era um demônio; A lenda de Nossa Senhora da Ajuda; A Lenda de São Tiago dos Velhos; A Lenda do Ouro e da Peste; A Lenda da Parteira e dos Mouros; A Lenda da Cobra e das Cinzas; A Lenda de D. Manuel I e da Peste; A lenda dos Fornos das Antas; A Lenda dos Quarenta Queimados... E, a lenda que ele mais gostava 'A Cova do Gigante', que é um monte do município Arruda dos Vinhos que dizem ser a sepultura de um enorme gigante ciclope Grou que assolava a região.

    Sendo que, além de todas essas maravilhosas lembranças, sempre lhe vinha à mente as muitas sabedorias mágicas que aprendera com sua bisa, em especial ao que diz sobre as ervas de poder. Sua bisavó lhe ensinou que as ervas tinham poder de curar e empoderar o Espírito, a Alma (psique ou coração) e o Corpo, sendo que não toda erva era para cura de ambos. Existia um grupo de ervas para cada seguimento dessa tríade, porém, apenas um pequeno grupo de ervas, conhecida por ela nas terras sul-americanas, serviam para cura e, dar poder aos três veículos. Dentre elas estavam o Tabaco (Nicotiana tabacum), a Acácia ou Jurema Preta (Mimosa hostilis), a Chacrona (Psychotria viridis) e o Mariri (Banisteriopsis caapi), a Diamba (Cannabis sativa), a Folha de Louro (Laurus nobilis) e por último, a que segundo ela era a mais sagrada de todas, a Ruta-de-Cheiro-Forte, muito usada em sua tradição milenar Celta, em que ela utilizava para todos os seus processos milagrosos.

    E foi por causa da influência de sua bisavó entre as parteiras, rezadeiras, mães-de-santo e curandeiras do Novo Mundo, que a 'Erva de Cheiro' como era conhecida no Brasil, trazida das terras mediterrâneas pelos portugueses no período colonial, passou a se chamar nessas terras tropicais do Novo Mundo de: Arruda, em reverência a vila natal de Maria da Piedade, a D. Darluz.
  • O Rei Afeminado

    Sou tudo o que meu pai, o grande Rei, não queria. Por ele eu governo parte desse lugar a punho de ferro como ele fez, por ele casei-me e tenho lindos filhos, mas nenhum homem, sim uma herdeira acompanhada de uma linda menininha ruiva de rosto com sardas. Minhas alegrias do dia. Mesmo sendo novo, já estou sendo preparado para tomar-lhe o lugar no trono e ser o único responsável por tudo.

    Como poderei deixá-lo partir sem dizer-lhe meus anseios? Sou seu orgulho formal, mas no fundo sabe ele que a vida "normal" não é o que me apraz. Sei que isso o desanima e o preocupa e que ele faz o necessário para o bem do reino, mas o mundo apresentou-me o amor de uma forma diferente e em meu reinado acabarei com isso, mesmo que custe a última gota de sangue de minhas veias.

  • oo

    iu
  • PARA CASA

    Estava zonzo devido ao golpe que recebi na cabeça, me sentia fraco, perdi muito sangue, estudei o terreno em busca da minha espada mas não achei. Vi sua sombra se afastando de mim e se aproximando dela, o monstro era enorme, com uma pelagem escura, garras e dentes afiados, com olhos de ouro derretido, parecia que nada via, mas via, via e sentia, pois assim que me pus de pé com muito esforço ele logo ficou alerta, senti minha cabeça latejar, tenho que fazer alguma coisa, pensei, a criatura se aproximava cada vez mais dela, eu jurei protege-la e ela estava a um passo de ser morta, comecei a correr e lancei uma pedra que peguei no chão em sua direção, a pedra o acertou no dorso, saltei para esmurra-lo, mas ele viu, já estava alerta, me segurou no alto e me arremessou contra o chão com tanta força que senti o ar abandonar meus pulmões, tateei o chão em busca de apoio e por sorte o que achei foi minha espada, estava suja demais para poder ver minha expressão nela, tinha certeza que não estava assustado, não poderia estar a vida dela dependia disso, e mais uma vez me forcei a levantar, a fera já a erguia com as mãos, avancei mais uma vez sobre ele, dessa vez gritando para não tremer, isso só serviu para alerta-lo e lançou ela em cima de mim, assim que abracei o chão vi ele vindo com tudo rolei ela para o lado e ergui a espada a tempo de atravessar seu corpo, era quente e vermelho, um vermelho vivo e cruel jorrou em cima de mim, fitei seus olhos em busca de dor, mas eles não vacilaram, parecia até estar rindo, só então percebi que sua mandíbula tinha se fechado em volta do meu ombro, ignorei a dor e torci com força a espada, ele liberou meu ombro e morreu.
    Estava a caminho de casa, muito ferido e com dor, mas ainda assim feliz, com ela nos braços indo para casa, estava muito cansado e queria deitar e dormir para sempre, mas não podia, tinha que tira-la daqui. Enquanto ia caminhando vi a paisagem ganhar cor e a aurora romper o silencio iluminando o caminho para casa, para nossa casa.
  • Penumbra Sangrenta

    - Esta é uma bela floresta durante o dia – comentava Felipe, um homem ruivo vestindo cota de malha cinzenta cobrindo um colete de couro fervido marrom escuro, havia mais seis homens vestindo cota de malha -, porem à noite, até o mais valente dos homens a temem.
    - As lendas alimentam o temor – disse Ronaldo, um homem corpulento e roliço de meia idade trajando algo parecido ao de Felipe, porem era o único que usava um manto azulado preso com um broche cinza e dourado -, desde que estejamos fora desta floresta horas antes do por do sol, não há o que temer.
    O sol brilhava em um céu de nuvens esbranquiçadas, a luz morna do verão entre as folhas esverdeadas de árvores altas, iluminavam a clareira onde estavam. Um vento leve soprava seguido de um intenso farfalhar de galhos e folhas, juntamente de vozes e o barulho de árvores despencando ao chão em meio a estalos, aqui e ali. Não passava do meio. Esses sete homens eram da guarda de Luiz VI, um rei local. Escoltavam nove lenhadores na ponta ao sul da Floresta da vela negra. Estavam eles, os sete, comendo e bebendo enquanto os lenhadores cuidavam de seus afazeres.
    - Dizem que essa parte da floresta está cheia de orcs – disse Govane, um jovem esguio da guarda, ele sorria enquanto os outros o fitavam.
    - O sol ainda queima rapaz – disse Ronaldo, deu um trago numa caneca de cerveja escura -, não é uma boa hora para histórias de crianças, deixe para a noite – riu alto.
    - É o que ouço por aí – Govane tentava manter um ar sombrio no que falava, mas estava nitidamente tentando disfarçar o riso. - Uma velha senhora quem me contou. Se for verdade ou mentiras, eu não sei.
    - Besteira – retrucou Felipe -, não é visto um único orc no sul de vela negra, há mais de cem anos.
    - Essa floresta – disse o homem roliço quase se engasgando com um pedaço de queijo -, é antiga, a maldição afasta os animais para o norte e...
    - Então o que é aquilo? – disse Govane interrompendo Ronaldo, apontando para o que parecia ser um felino gigante, mas que desapareceu antes do homem roliço ver nada mais que um borrão dissipando como fumaça enegrecida.
    - Meus santos deuses – o homem roliço enrugou a testa -, meus olhos me enganam ou aquele bicho, simplesmente, sumiu?
    - Sumiu, desapareceu... um Penumbra – disse o ruivo desembainhando a espada -, todas essas coisas. Fiquem atentos! – Gritou.
    Alguns dos lenhadores também viram o felino que havia desaparecido diante de seus olhos, mesmo os que não haviam visto coisa alguma corriam hesitantes no espanto geral. Afastavam-se olhando por entre as árvores em direção de onde fora visto animal. Os cavalos dos da guarda e os que puxavam as carroças começaram a se agitar, estavam perto dos que faziam a escolta. De repente o felino surgiu atrás de um dos lenhadores mais afastado a esquerda de onde os da guarda olhavam, o animal afundou seus caninos no pescoço do homem enquanto suas garras da pata dianteira fincavam em seus ombros. Os outros trabalhadores se afastaram aos gritos. Um deles, que estava próximo do lenhador atacado, tropeçou em uma raiz e caiu de joelhos, Felipe de onde observava, viu o felino desaparecer no nada. O lenhador que havia tropeçado quando tentou voltar a correr teve sua coxa direita rasgada violentamente por aquilo que não podia ser visto, o homem caiu no chão urrando de dor quando o felino gigantesco reapareceu por cima de suas costas cravando seus caninos em seu pescoço magricela. Sangue jorrava como fios de cabelos vermelhos caindo-lhe sobre os ombros e manchando suas roupas escurecendo-as. O rosto do lenhador, que ficava azulada, estava repleta de dor, era algo horrível de ser ver, mesmo para um soldado acostumado com os terrores das batalhas.
    Alguns lenhadores correram por entre as árvores sumindo ao alcance da visão. Outros tentavam por as carroças em movimento, mas os cavalos trotavam uns para o lado e uns para o outro. O homem ruivo percebeu o roliço tentando subir em seu cavalo as pressas, os outros da guarda estavam ali do seu lado atentos com as espadas empunhadas.
    - Ron? – gritou Felipe. - O que esta fazendo?
    - O que acha que estou fazendo? – respondeu ele enquanto lutava para se manter em cima do cavalo agitado. – Estou caindo fora desta loucura.
    Um garoto de braços torneados pelo trabalho que exercia e um velho homem corriam desajeitadamente vindo em direção das carroças. O garoto tentava manter o idoso de pé. Um dos jovens da guarda, aquele que contou a história sobre os orcs, correu ate eles dois para ajudar.
    - Govane, não! – gritou o ruivo.
    O felino surgiu em meio ao ar num salto a esquerda do jovem, que com o peso do animal abocanhando sua garganta, as patas traseiras pouco mais de um metro do chão, em um giro fazendo o jovem quase dar um meio movimento circular. Foi um ataque tão feroz que metade do pescoço fora rasgada, quase separando a cabeça do corpo. O homem ruivo percebeu o focinho do animal manchado de sangue de sua vítima. Assim como surgiu em meio ao nada o gigantesco felino desapareceu diante de seus olhos. Felipe estava atento pensando que o animal atacaria a guarda do rei a qualquer segundo, no entanto ele reapareceu pelas costas do velho homem derrubando junto com garoto que o ajudava, apenas podia ver tudo aquilo impotente. O garoto tentou fugir, mas o bicho deu-lhe uma patada tão forte que o fez quase dar um giro completo no ar e se estatelar no chão gritando de desespero e dor.
    Os lenhadores que conseguiram fugir, nem o barulho das carroças eram mais possíveis ouvir, o homem roliço ainda podia ser visto tentando subir no cavalo, mas ia desaparecendo ao longe puxando o pobre animal e praguejando. O velho já estava morto e o jovem que tentou ajuda-lo rastejava chorando e gritando, o felino havia desaparecido nas sombras. Felipe não havia percebido que outro da sua guarda se afastara cada vez mais para perto dos cavalos ainda presos nas árvores, quase em um pulo de susto quando ouviu um grito abafado a sua direita e quando olhou pôde ver um de seus homens no chão, o felino gigantesco em suas costas torcendo e apertando o pescoço do rapaz. Estavam a uns sete passos de onde estava o bicho, os outros da guarda iam dando passos cautelosos de para longe enquanto observavam seu colega saltando sangue das narinas, da boca com a língua para fora, a face totalmente roxa e dos olhos esbugalhados fios vermelhos escorriam pelo rosto.
    O animal devia ter duas vezes o tamanho de homem adulto, imaginou que o felino poderia ter quatro metros da ponta do focinho a ponta do rabo, talvez mais. Deixou o homem e desapareceu novamente no nada. Quase no mesmo instante sentiu uma brisa morna em seu rosto, presas invisíveis o atingiram num rugido que lhe rasgou os ouvidos, levou uma patada tão violenta que sua cota de malha se estilhaçou e o couro por baixo rasgando como tecido fino. Estirado no chão, atordoado com o peito latejando de dor, o ar lhe faltava os pulmões, tudo girava aos seus olhos e ouvia ao fundo gritos que atenuaram ate desaparecerem. Quando os sentidos normalizaram, o corpo ainda estava em choque e o peito ardia como queimadura, tentava se levantar, mas a dor o impedia. Ouviu estalidos nas folhas secas e quando olhou por entre as árvores o felino caminhava em sua direção.
    - Por que os matou? – Tentou gritar, mas sua voz saiu mais parecido com um sussurro esganado. – Responda Faugo! Eu sei que é um. Maldito, responda.
    A face do felino de repente começou a descamar-se e por baixo dos pelos parecia carvão em brasa, a pele que ia descamando tornava-se cinzas e fumaça escurecida. Em meio a fumaça um homem surgiu, ainda caminhando em passos leves. Tudo isso aconteceu num instante e a fumaça desapareceu num piscar de olhos.
    - Por quê? – falou ele, tinha a voz de um homem comum, trajava peitoral de couro batido marrom e negro, cabelos castanhos caia-lhe sobre os ombros, sua capa era cinza escuro, presa com um broche redondo de prata com uma letra de algum idioma desconhecido em vermelho, símbolo de sua Ordem.
    - Por que nos ataca? – Fez uma careta quando a ferida latejou mais forte.
    - Diga ao seu rei que esta parte da floresta está além dos limites de suas terras – disse o Faugo, enquanto olhava em volta até seus olhos dele encontrarem os de Felipe. - Isso foi somente um aviso e peço que diga para manter seus lenhadores longe, nele cada árvore é o lar de um espírito. Estávamos quase acalmando-os para purificação e restauração, – ele respirou fundo com certa inquietação -, vocês vieram e derrubaram árvores perturbando-os novamente. Dessa vez eu os alcancei e pude acalma-los até o limite... – por um momento pensou que o Penumbra iria chorar, tinha uma expressão melancólica. – Vidas são preciosas, mas tive de buscar o equilíbrio na morte.
    - Vai me matar? – Temia pela sua vida e sentiu um frio na espinha quando as palavras saíram pela boca, o Faugo não disse nada e o ruivo continuou – Se for me matar, posso pedir uma morte rápida?
    - Não. – respondeu. A mente do ruivo embaralhou e seu estomago nauseava-se. - Não vou mata-lo, precisa levar a mensagem. O rei caso ele persista em continuar em desmatar a casa dos antigos...
    - O rei pode ser um homem obstinado, mas não creio que seja tolo, - hesitou por um segundo -, eu levarei a mensagem.
    - Eu agradeço – disse o Faugo agachando ao lado de Felipe. – Não é de meu agrado matar inocentes que apenas fazem o seu trabalho sobe ordens. Mas os avisos foram muitos e acabaram por serem ignorados.
    Os lábios do Penumbra começaram a sussurrar algumas palavras que aos ouvidos do ruivo eram como chiados. Com as duas mãos estendidas na altura dos ombros, os dedos acariciavam o ar, suas mãos emitiam uma tênue luz branca que pulsava como o leve suspiro de uma manhã fria. Sentiu a dor aliviar a cada segundo e por fim desaparecer. Tanto que aos poucos pôde ficar de pé como se nunca houvera os ferimentos.
    - Obrigado – suspirou Felipe e sorriu debilmente.
    - Não eram cortes profundos – disse o Penumbra, que estava inexpressivo -, sua cota de malha e o couro talvez o salvaram da morte – saltou os olhos aos dele -, entregue a mensagem. Aqueles que fugiram são suas testemunhas. Cuide-se.
    A pele do rosto do Faugo começou a descamar como havia acontecido quando estava em forma de felino. Com alguns passos largos deu um salto que chegou a passar da altura de sua cabeça, em meio a fumaça surgiu um pássaro castanho gigantesco. Suas asas abertas, Felipe imaginou que tivessem uma envergadura do tamanho de duas pessoas adultas, ou mais. A ave bateu suas longas asas ate sumir ao alcance dos olhos no horizonte.


    (Por não ser um texto definitivo e completamente de teste, estou aceitando críticas, sugestões e comentários sobre qualquer dúvida. Obrigado.)
  • Precauções do COVID-19

    Se cuide do jeito certo
    Se os sintomas surgir
    Se afaste de perto 
    Depois chame um médico

    Mantenha distância do infectado
    Fique o mais possível afastado
    Mantenha-se mascarado
    Faça tudo que logo estará curado

    Se o resultado der negativo
    A proteção deverá continuar
    Se esforce para seguir protegido
    Que logo a vacina chegará
  • Proibido

    Numa vila abandonada nas bodas do deserto, numa das casas de pedra que ainda estava com paredes de pé, duas pessoas discutiam, logo após terem tido algum prazer juntos. Ele estava curioso. Ela, nervosa. 
    - O que queria me dizer? Não me chamou apenas para isso não é? Apesar de não poder chamar isso de "apenas", hehehe...
    - Cala essa boca. Eu estou grávida. - disse a princesa, com apreensão na voz. Desejava que ele pudesse ampará-la, dar-lhe a segurança que vergonhosamente tinha perdido pela urgência do fato. Por outro lado, sabia que era a mais sensata e que não teria essa ajuda. Ele era passional demais e ela sabia disso. Mas, lá no fundo... desejava ser amparada por um homem e ser uma mulher frágil, ao menos uma vez na vida. 
    - Tem certeza? Não é um engano? - eis a constatação de suas certezas. Surpreso, olhos arregalados, pernas trêmulas, boquiaberto. Subtamente sua insegurança foi sendo substituída por cólera. Ao menos nisso ele nunca a decepcionou. O amava tanto quanto o odiava. 
    - É claro que tenho certeza, seu idiota. E fale baixo, podemos ser ouvidos. - vociferou, apesar de sussurrar. Então ele finalmente compreendeu o perigo e começou a falar baixo também.
    - O problema não é sermos ouvidos, logo teremos teremos um filho. Descobrirão de uma forma ou de outra. Precisamos de um plano.
    Ela o ouviu pacientemente, enquanto se segurava para não saltar com as unhas na traquéia dele para aplacar sua fúria. Não conseguia o achar inteligente, como os demais achavam. Para ela, o príncipe era um brucutú, uma montanha de músculos coberta por uma armadura. O que tinha visto nele? Era um homem alto, de ombros largos, e esguio, apesar dos supracitados músculos. E belo, sim. Mas haviam milhares como ele pelo mundo. E o poder não a atraía, com toda certeza. Poder ela já tinha, e mais do que ele. Talvez fosse o ódio. A relação dialética e doentia. A forma como ele a olhava, aqueles olhos de falcão que a penetravam. Lembrar de tudo isso a acalmava. Na verdade, não era exatamente calma o que sentia. Continuava sentindo uma forte atração e uma vontade incontrolável de o rasgar com suas unhas, mas agora não mais para matá-lo. Aliás, a incapacidade de matar o homem talvez fosse um fator decisivo. Ele continuava falando sobre como encontrar uma família adotiva para a criança que nasceria do outro lado do mundo. Ela finalmente não aguentou:
    - Você é mesmo filho do nosso rei? Quer encontrar uma solução para um problema que sequer entendeu a dimensão! Os outros descobrirem nosso caso é uma pequena pedra no sapato. Não nota a montanha ao lado dela? Essa criança não pode nascer. Não me preocupo com o que os outros farão, mas sim o que ela fará. 
    - Me toma por um tolo. Porém, é você que não percebe. Não há o que fazer quanto a criança. Não há como impedir seu nascimento e nem perpetrar sua morte. Ela ou ele já é imortal. Ou eles, quem sabe...
    - Chega. A palavra tem poder,. Pare de falar asneiras, boca maldita! Ter mais de um só pioraria as coisas. Mas você tem razão. Não há como impedir isso. Precisariamos de um daqueles malditos mortais. 
    - Bem, eu não tenho medo de uma profecia idiota. Eu sou senhor do meu próprio destino. Serei o ultimo rei.
    - Não vou mais discutir isso com você. É tapado demais. Resolverei o nosso problema. Inventarei alguma solução, mas para isso preciso de tempo. E o seu plano serve para isso. Enfim, volte ao Olimpo, ou desconfiarão de algo. Não aparecerei por lá hoje. Talvez leve semanas para pensar nos detalhes. 
  • Rota 66 - cap01

    A ROTA 66
    CAPITULO 1, A TAVERNA
    Outubro, 2013.
    Eram 16h42min, de uma tarde ensolarada, acelerando em uma motocicleta Harley Davidson Iron 883, cuja carroceria era preta igual à escuridão de uma noite, onde não se vê a lua, exceto os dois escapamentos que eram cromados, estava eu viajando pelo deserto do estado do Texas nos EUA, a rodovia era vazia e a estrada desaparecia no horizonte da paisagem, pelo retrovisor era a mesma sensação, o ponteiro perto dos 120KM/H, avistei um bar no meio do cenário que parecia ser um deserto, diminui a velocidade da motocicleta que tinha um ronco agressivo e tremulo dei seta para entrar no pequeno estacionamento de três vagas do tão desejado bar.
    Estacionei a preciosa motocicleta ao lado do bar, deixei o capacete que tinha a cor igual a da carroceria da Iron 883 em cima do banco, pois não tinha planos para demorar no lugar, caminhei até a porta da pequena conveniência e empurrei para que eu pudesse entrar, fechando a porta já dentro do bar notei que o lugar não tinha nada de diferente dos outros, algumas mesas com cadeiras perto das grandes janelas onde se podia ver o deserto lá fora e a estrada, um balcão de madeira velho e uma porta a esquerda do balcão, olhei para o balconista que estava entediado tentando achar um canal na pequena televisão do recinto. Aproximei-me do balcão.
    — Com licença. —falei utilizando o idioma local.
    O rapaz que não passava da casa dos vinte anos com os cabelos curtos e castanhos claros com o rosto liso e fino olhou para mim e fez um gesto respondendo a minha chamada.
    — Você tem café? —era um dos meus vícios.
    — Foi feito faz duas horas. —ele respondeu sem vontade.
    — Vou querer, por favor, sem açúcar.
    Ele se virou para arrumar o meu pedido enquanto sentava-me em um dos assentos que ficavam na frente do balcão, olhei para a televisão e estava sem imagem. Como alguém poderia viver nesse lugar? Pensei analisando o pequeno bar.
    — Mais alguma coisa? —ele colocou o copo com café no balcão.
    — Não, obrigado.
    — O que traz um turista para essa parte do país? —ele tentava puxar assunto, notando o meu sotaque.
    — Sempre quis conhecer essas estradas. Você sabe se vai chover? —aproveitei para perguntar e beber um gole do café requentado.
    — Não. O tempo fica feio, mas não vai chover. —ele respondeu com firmeza. — Alias, como planeja voltar?
    — Voltar? —estranhei a pergunta.
    — Sim, você sabe que lugar é esse? —ele fazia cara de malicioso, fechando um pouco os olhos.
    — Sei. A rodovia 66. —respondi firme.
    — Sim esta mesmo! —ele aumentou o tom da voz.
    — Esta tudo bem, rapaz? —perguntei preocupado.
    Levantei e olhei para fora do lugar pelas janelas, não acreditei no que meus olhos enxergavam, uma paisagem com muitas arvores e folhas secas pelo chão, procurei o cenário que tinha vivido antes de entrar ali, onde estava aquele deserto? Voltei a olhar para o atendente e cadê ele? Não estava mais lá.
    — Ei cara! —gritei claro que com medo do que estava acontecendo.
    O vento aumentava lá fora derrubando mais folhas das arvores e levando algumas que estavam no chapo para longe, a televisão começou com um chiado irritante, logo notei passos em direção à porta pelo lado de fora então pulei para trás do balcão em um reflexo de defesa procurando por qualquer rastro que o atendente poderia ter deixado, e só o que encontrei foi uma chave, uma chave maior do que as outras que já tinha visto com a cor de ouro queimado. Abaixei para pega-lá e escutei além do chiado da velha televisão, o rangido da porta abrindo, guardei a chave no bolso escondido da jaqueta que estava usando e fiquei aguardando ainda abaixado. Depois da loucura que vi através das janelas, pensei em tomar cuidado com meus próximos passos, não sabia o que estava acontecendo ou o que poderia estar por vir. Ouvi passos no piso de madeira se aproximando de vagar do balcão, procurei algo que servisse para me proteger do que estivesse atrás do balcão, mas não encontrei nada no chão nem nas prateleiras da bancada. Notei que minha ultima saída era a porta que ficava uns três metros da onde eu estava, comecei a rastejar devagar e parei quando ouvi mais passos, era uma segunda pessoa, calafrios era o que comecei a sentir, a visão ofuscou e o coração acelerou, uma sombra surgia na parede e crescia a cada passo que eu escutava, não era uma sombra normal, não de uma pessoa normal pelo menos.
    Sem escolha nenhuma tive que agir o mais rápido, então peguei do bolso da calça uma moeda de 50 centavos e joguei-a na parede do lado direito do balcão, por um momento vi a sombra mudando de direção, levantei e corri para a porta que estava destrancada, antes de entrar por completo virei com a cabeça para poder ver do que estava correndo... Quando vi o que era arregalei os olhos e entrei pela porta, fechei-a e tranquei por dentro com a chave que estava na fechadura. Encostado à porta em estado de choque me veio na mente àquilo que vi antes de entrar na sala, um homem, pelo menos parecia, arriscaria um metro e oitenta centímetros, magro com roupas de couro e pano pesado, reforçadas, rasgadas, em uma das mãos ele carregava uma cimitarra de mais ou menos 1 metro, o rosto da ‘criatura’ era medonho o maxilar quebrado com a boca aberta e os olhos fundos e negros, na cabeça faltava uma parte, de sua nuca até os ombros sangue seco decorava suas vestes. Voltando para o presente, as criaturas gritavam monstruosamente, dei uma checada no quarto, tinha um armário fechado na parede da direita e outro na parede da frente, o quarto era tão pequeno que quase que os dois armários se encostavam. Três passos foram o bastante para alcançar o da direita em seguida puxei as portas de madeira e me deparei com roupas, algumas de couro outras de um tecido grosso, parecendo àquelas roupas de filmes antigos de guerra onde as armas eram espadas e escudos. Então me virei para abrir o outro armário, ele estava trancado. A CHAVE! Veio-me a mente, procurei a fechadura e vi que era perfeito, peguei a chave do bolso da jaqueta e encaixei-a na fechadura girei duas vezes com a chave para o lado esquerdo, abri as portas do armário e me assustei novamente, pensei ‘O que esta acontecendo? Onde estou? Estou drogado? Será que aquele cara colocou algo no meu café?’ Não acreditava no que estava vivendo no momento, mas lembrei das duas criaturas que estavam a gritar. Sem escolhas peguei a espada que media cerca de 1metro e 20centimetros e a largura de quatro dedos adultos que estava dentro do armário, vesti a aljava que estava carregada com umas 10 flechas contando rápido e peguei o arco que era de uma madeira tão leve e com detalhes feitos por uma faca, eu arrisquei.
    A gritaria aumentava, coloquei o arco dentro da aljava e segurei a espada com as duas mãos em posição de ataque mesmo sem saber como conduzir. Quando me dei conta os gritos lá fora terminaram, agora pelo contrario um silencio absoluto tomava conta do lugar, colei com um dos ouvidos na porta pra poder escutar alguma coisa, mas estava realmente tudo em silencio, segurei a espada que não era muito pesada com a mão direita e com a mão esquerda destranquei a porta, segurei a maçaneta, a girei devagar e fui puxando a porta, deixei aberta até a metade coloquei apenas a cabeça pra fora do quarto para ver o que estava acontecendo quando uma cimitarra vem a minha direção, recuei rapidamente e voltei dois passos para trás, a criatura atravessou com a cimitarra a porta de madeira que separa o bar do pequeno quarto, não pensei duas vezes, ergui a espada com as duas mãos e desci com ela cortando fora metade do braço do morto-vivo, a espada desceu tão rapidamente e com tanta força que não consegui para-la antes que tocasse no chão, recuei mais uma vez e a criatura sem metade de um braço entrou no quarto, meu próximo golpe tinha que ser fatal, pois se eu errasse esse próximo ataque provavelmente não iria sobreviver para pensar em mais alguma coisa, sem poder tentar um corte atravessando o pescoço e decapitando a criatura por causa do espaço do quarto, estiquei os braços para frente com a espada segurada pelas duas mãos, minha mira não falhou, acertei dentro da boca da criatura e empurrando para que a espada saísse pela nuca. O morto-vivo então parou de se mexer ou fazer barulhos, apoiei meu pé esquerdo no monstro e puxei a espada de volta, o corpo caiu para trás abrindo a porta agora por inteiro. Aproximei-me devagar e espiei novamente, o bar parecia vazio, mas lembrei de que ouvi dois diferentes passos eu poderia estar delirando é claro, eu só tinha enxergado uma sombra. Contei até três e sai correndo para porta de saída com a espada na mão, sem olhar para os lados puxei a porta e sai do lugar, era incrível, uma floresta, estrada de barro e trilhas eu avistei, fui até ao lado da conveniência, a motocicleta tinha sumido, saquei o celular do bolso, ‘sem serviço’ estava escrito, mas onde eu estava? O que aconteceu? Estava escurecendo e esfriando, entrei de novo no bar agora com mais calma e certa experiência, examinei o lugar de um lado para o outro e não tinha nada, decidi então passar a noite ali mesmo, pelo menos tinha teto e era mais quente do que a floresta, coloquei a espada e a aljava com as flechas e o arco em cima do balcão, caminhei até a porta do quarto e arrastei o corpo daquela ‘coisa’, arrastei ele até o lado direito do balcão e coloquei três cadeiras em pé sob ele, o pedaço do braço arrancado eu o joguei no armário que estavam às armas. Tranquei a porta que era o único jeito de sair do local, empurrei duas mesas na frente da porta de entrada, estava frio, minha jaqueta de couro era desconfortável para dormir e não dava conta do frio incomum que fazia aquela hora, a calça jeans também não era o bastante, tive então que deixar minhas roupas e colocar aquelas que estavam no armário. Confortáveis e quentes elas eram, roupas diferentes cores escuras, tinha um colete de couro marrom ainda para vestir, mas acho que para dormir o que estava vestindo já era o suficiente, apaguei então a luz pelo interruptor que ficava na parede esquerda do lugar, deitei-me de trás do balcão e demorei a pegar no sono, pensei no que estava acontecendo, pensei em adormecer e na manhã seguinte acordar no hotel em Dallas. O frio aumentou tive que usar a minha jaqueta como cobertor cobrindo apenas meus braços e meu tórax. Adormeci.
    Sonhava com aquela estrada, a rota 66, aquele deserto, eu montando na iron 883, acelerando cada vez mais, com o vento batendo contra meu corpo, olhando para o asfalto que sumia no horizonte, o dia ensolarado, fechei os olhos por 3 segundos quando os abri de volta o céu que vinha do horizonte ficava escuro com nuvens negras, com trovões por todos os lados, o clima de agradável mudou para um frio tão absoluto que uma camada de gelo aparecia por cima da viseira do capacete, no meio do asfalto apareceu uma criança, uma menina, então tentei desviar dela jogando a moto para o deserto, não conseguindo controlar fui jogado por cima do guidão caindo no chão e rolando e me cortando a cada rodada, bati meu joelho esquerdo em uma rocha pontiaguda e imediatamente senti queimando, estava sangrando... Despertei daquele maldito pesadelo, assustado, sentei olhando em volta e vi a claridade pela parede, já era de manhã, o cheiro era insuportável, corpo em decomposição, levantei-me, procurei meu celular no bolso da calça jeans, que estava em cima da bancada, estava descarregado, claro, esses celulares com varias funções, mas sempre descarregando rápido. Coloquei-o de volta no bolso da calça, dobrei-la e guardei em um dos armários junto com o resto das minhas roupas antigas. Voltei para frente do bar, vesti o colete de couro, coloquei a aljava com o arco e as flechas nas costas, segurei a espada suja com o sangue do morto-vivo com a mão direita, estava pronto para sair, arrastei as duas mesas que bloquearam a saída durante a noite, olhei a ultima vez para a criatura no chão, lembrei-me da cena da luta que vivi na tarde passada, balancei a cabeça para focar no presente, destranquei a porta e puxei-a, passei por ela e o dia já começava com uma manhã ensolarada, imprevisível, não só com o clima, mas pelo que estava por vir.
    Continua em, Floresta negra, morte gelada - Capitulo 2
  • Salem

    Não sou a única em praça pública
    Não fui a primeira e nem serei a última
    Amarrada ao meu lado, a mulher sufoca
    O fogo a consome como todos os olhares que nos cercam
    Será que ela falou de mais?
    Será que se negou a algo?
    Será que audaciou atravessar seu limitado espaço?
    Sequer sabia o que era magia? 
    Dentro dela, enxergo meu grito
    Fora dela, minha deixa
    Compartilhamos cada gota de sangue
    Cada eco ancestral
    A dor que percorre seu corpo exala a injustiça ali pregada
    Como uma cruz, coroa de espinhos e vinagre
    "Amai o que fora condenado e condenai os quais não se permite amar"
    Queria poder apagar aquele incêndio com minhas lágrimas 
    Oferecer a sororidade que ela não teve a oportunidade de conhecer
    Gotejar ao mundo que somos dignas de liberdade 
    Afugentar as cordas que querem enroladas em nossos pescoços
    Anunciar que decidimos ficar 
    Porque nenhuma sobrevivente
    Nenhuma mulher 
    Nenhuma bruxa 
    Nenhuma de nós
    Em hipótese alguma,
    Vai para a fogueira novamente
  • Sentido

    - Escute, menina. A vida tem um sentido. Os maiores sábios do mundo sempre procuraram saber qual é, mas para eles o sentido jamais será mostrado. Ou melhor, quando lhes é mostrado, eles o descartam. Não acreditam que o sentido seja este, e logo o lançam fora como quem descarta uma bobagem qualquer. Acham que é desprezível, sequer se colocam a pensar sobre o assunto. O sentido da vida humana é claro como um dia sem nuvens. Acredite você na criação de Deus ou na evolução dos animais até o homem, o sentido continua sendo o mesmo. Seja você uma pessoa que quer o bem de seus parentes ou o bem da humanidade, o sentido continua sendo o mesmo. Seja você racional ou irracional, há apenas um sentido. Você certamente já sabe qual é, e ficará decepcionada em saber o quão simples é.
    Maria continuava ouvindo, cada vez mais ansiosa pela conclusão. Havia feito uma pergunta despretensiosa, que não esperava que aquele homem pudesse responder. Mas, para sua surpresa, lá estava ele, com suas palavras bonitas e ares de nobreza, respondendo. O olhar dele a ela, paternal e sereno, lhe trazia uma sensação boa. Talvez por não ter conhecido seu pai. Talvez pelo marido de sua mãe nunca ter lhe dado um pingo de atenção, exceto para brigar com ela. Talvez por aquele homem ser o homem mais educado e atencioso que ela já tinha visto. Só sabia que ele era alguém importante. Um desconhecido, convalescente, recém salvo por ela e sua mãe na porta de casa, mas certamente alguém importante na vida dela a partir daquele dia. Sempre sonhou em conhecer seu pai. Seu pai era um nobre, dissera sua mãe. E, por incrível que pareça, aquele homem se parecia muito com a imagem que Maria tinha de seu falecido pai. Ele continuava.
    - Não vou lhe dar a resposta de mão beijada. Ela é tão simples que você a esqueceria ainda hoje. Farei com que a desenvolva. Para começar, você me perguntou se sou nobre. Ora, isso nada tem a ver com algo que importe. Neste país, como em tantos outros, um fidalgo pode vir a se tornar um escravo, se a lei assim determinar. Um escravo também pode ascender a nobreza, em determinadas condições e com muito esforço. Mas, ambos continuam sendo homens. Um duque ou o próprio imperador, assim como os dois anteriores, são homens. Você irá se deparar com dezenas de homens em sua vida. Talvez mais do que dezenas. E irá notar que todos eles são homens, assim como todas as mulheres são mulheres. Essas pessoas podem ganhar ou adquirir qualquer coisa na vida. Podem sofrer ou sorrir, podem escolher o caminho do bem ou do mal, mas sua essência jamais mudará. Um homem sempre será um homem. E ambos são criaturas humanas. Toda a diferença que há entre um rei e um escravo é uma gota d'água em comparação ao ribeiro de diferenças entre um homem e uma mulher. Mas a diferença entre os dois não é nada comparada ao oceano de diferenças que existem entre o ser humano e qualquer animal que ande sobre a terra, nade sob a água ou voe pelos céus. Mas o sentido... ouso dizer que mesmo os animais o tem. Eles o seguem, sem questionamentos, e o tomam como óbvio. Enquanto isso, nossos eruditos, os iluminados sábios, estão cegos, a tatear no escuro. Mal sabem que o dia está claro, e basta que abram os olhos para que vejam. Quando alguém ameaça a tua vida, ou a de sua mãe, qual o teu impulso? 
    - Quando ameaçam a mim, eu fujo. Ou me defendo, se conseguir, ou se não puder fugir. Se ameaçam a minha mãe, eu me coloco na frente, quero proteger ela. 
    - Muito bem. Já sabe o que ela faria caso a situação fosse inversa, não é? Sabe que ela a defenderia com sua vida. 
    - Sim, é claro. Mas, isso é o sentido? 
    - Não, pequena, isso é apenas o primeiro sinal. Você não se pergunta como eu sei disso? Como eu já sabia suas respostas, e assim lhe fiz perguntas retóricas?
    - Mas é óbvio. Todo mundo tem medo de morrer ou de perder quem ama. 
    - Sim. Contudo, o medo, por si, não é uma causa. Ele tem um motivo para existir, e este é o sentido. Afinal de contas, uma parte da sua resposta é baseada não no medo, mas na coragem. Colocar-se na frente de um agressor para defender um ente querido não é medo. É coragem. Coragem que sobrepuja o medo. Não o nega, mas o supera. Afinal, a coragem não existe sem medo. O medo não é uma virtude. Não posso dizer, porém, que seja uma falha. Ele é necessário para a coragem. Essa sim, é uma virtude. Sabe o que é uma virtude? 
    - Er... hum... uma qualidade?
    - A beleza é uma qualidade. Força física, inteligência, destreza... são qualidades, não virtudes. Uma virtude é mais do que uma qualidade. As virtudes nos aproximam de Deus, pelo simples fato de elas advirem d'Ele. Virtudes são qualidades da alma. E não importa quantas qualidades um homem possa ter, se ele não tem ou busca ter virtudes, ele é apenas um animal. E mesmo entre os animais, ele é o mais baixo, pois mesmo eles demonstram algum traço de virtude quando confrontados pelo mal. 
    Ela pensou nisso por alguns instantes. Como seria possível diferenciar uma virtude de uma qualidade, sendo que ambas parecem ser características boas? Deus. Seria essa a resposta? Não... Deus é belo, forte, poderoso e habilidoso com toda certeza. Ele tem todas as características boas. Então seríam as características exclusivas de Deus? Também não, já que pessoas também podem ter. O sorriso de canto de boca estampado em seu sábio convidado demonstrava que ele estava se divertindo com isso. Enfim Maria perguntou.
    - O que diferencia uma virtude de uma qualidade? 
    - Uma qualiade nega um defeito. Quanto mais forte você for, menos fraca será. Quanto mais bela, menos feia. Uma virtude pode te fazer suprimir seu oposto, independentemente da intensidade desse. Você pode odiar alguém e mesmo assim ainda amá-lo a ponto de se sacrificar. O mesmo vale para a coragem, que existe independente do tamanho do medo. 
    Pensou por mais alguns instantes.
    - O sentido da vida é a busca pelas virtudes? 
    - Está mais próxima da resposta. Mas não. As virtudes são provas do sentido, não o próprio. Ao mesmo tempo, são ferramentas. Para atingir o sentido você precisa delas. Precisa fomentá-las em seu coração e em sua mente até que não se lembre mais de como era antes disso. Não há um limite para virtude alguma. E todas elas levam seu portador para o mesmo resultado em caso de confrontação. Virtudes como a justiça, a misericórdia, o amor, a sabedoria, a coragem, a honestidade... caso você tenha em si todas essas virtudes tendendo ao infinito, em caso de confronto, como procederia? 
    - Lutaria. Eu acho...
    - Está indo bem. Certamente lutaria. Não há outra opção. Lutar pelo que é justo, por quem não consegue, por quem se ama, por uma certeza, apesar do medo e pelo que é certo. Agora pense mais um pouco. A luta nem sempre é ganha. Você pode ser obrigada a confrontar uma força maior que a sua. Pode ter que dar de si mais do que possa lhe ser devolvido. Pode ter que perder algo, ou mesmo a si. Daria sua vida por essas virtudes? Daria sua vida pelo certo ou por quem ama?
    - Eu com certeza daria. Entendi. É o sacrifício. 
    Ele não falou mais nada. Um sorriso de satisfação percorreu seu rosto e ele respirou profundamente, como se tivesse finalmente relaxado. Nesse momento, Maria soube que havia encontrado o sentido da vida. O sacrifício. Realmente, não tinha como ser mais óbvio. 
  • Sinopse Princess Magic - The Adventure

    Prévia da Capa

    SINOPSE:
    -Por que eu tinha que me apaixonar por ela? -Pensa Simon,ao ver Mirella beijando Brain... 

    Mirella Miller,uma garota simpática e humilde,tem os cabelos loiros e lindos olhos azuis,ela é a melhor amiga de Simon desde pequena. Ela e sua irmã,Miranda,eram muito próximas a ele,os três vivam juntos,um ajudando o outro. Mas com o passar dos anos,Mirella teve muitos problemas e não aguentava mais viver daquele jeito,então resolveu fugir. Foi para uma floresta,bem longe de todos,mas acabou encontrando um novo amigo,seu nome era Brain Carter. Ele a ajudou,e os dois começaram a se aproximar... 
    Miranda e Simon precisavam encontrá-la e trazê-la de volta,mas ela não aceitou. Agora,eles irão ficar por lá,mas por quanto tempo? Ninguém sabe ao certo. 
    Simon e Brain,não se deram muito bem,e o triângulo amoroso se formou entre eles,e agora,Mirella está em dúvida. Quem é o seu verdadeiro amor? Simon ou Brain? 

    -Ela só te vê como um amigo,não percebe? -Provoca Brain. 

    -Eu não acredito em você! 

    -Continue negando,mas o coração dela pertence a outro...
  • Solitário Amor Lunar

    Querida Amada! Lua de mim encarnada!

    Por este breve-longo tempo em que de mim te ocultaste
    E encobriste de véu negro a tua bela face
    Estou agora radiosamente pleno
    Banhado em teu carinhoso sereno
    Contemplando o seu estado luminoso, que se faz de novo, em fino arco
    No que me condeno ser o seu solitário amado
    De ciclos em ciclos permanentes a te esperar

    Veja! Preparei para ti em um pedaço de tronco de Carvalho esse pequeno Sagrado Altar. Oculto no oco dessa frondosa Grande Árvore com seus grossos galhos ao céu se elevar

    Nele pus dois chifres que retirei de um crânio de cervos alados que desfaleceu, pelas caçadas de arco e flechas dos Minotauros nas florestas mágicas de Cale. Coloquei-os um ao lado do outro formando assim um círculo oval, representando a vida natural em seu eterno ciclo do morrer e viver

    Fui à beira do meu lago interno, e coletei uma porção de argila, confeccionando um pequeno recipiente de barro… e depois de pronto preenchi com as águas salgadas de Atlantes, e azeite das terras-península de Portus Cale… e sobre o azeite, produto das oliveiras, que emergiu se separando das águas, coloquei uma singela fina flor de calêndula africana, representando o fruto amoroso do teu feminino útero sagrado

    Com minhas mãos envolvendo a representação do teu Sagrado Útero, elevei-as acima de minha cabeça, estendendo-as, o mais longo que pude, ao mais Alto dos altos… e com o meu olhar voltado para imensidão de teus céus estrelados… dei graças a tua fertilidade receptora, e, calmamente, com todo carinho de meu apaixonado coração, pus teu recipiente no centro do círculo oval de chifres sobre o redondo pedaço de tronco de Carvalho, que fora, há tempos, cortado pelos poderosos machados dos gigantes ciclopes, para se aquecerem no rigoroso inverno dessas terras ibéricas, mas, que por algum propósito caiu ao ser transportado e, enrolando sobre os montes nas baixadas planícies se perdeu. Se achando agora aqui!

    Cantando teu amor em graça… passo a passo… com todo prazer e alegria pulsante do alto palpitar do meu apaixonado coração. Fui em pequenos e vagarosos passos na direção do meu encantado jardim, repleto de luzes dos pequenos vaga-lumes e coloridas lagartas luminescentes noturnas. Pedi licença aos pequenos duendes que fizera morada no grande arbusto do Alecrim, e retirei um verde e cheiroso galho em que confeccionei uma linda coroa. Fui a frondosa árvore de Amêndoa, e em reverência sagrada pedi licença, também, as luminosas fadas noturnas, retirando um galho repleto de pequenas flores rosas, aplicando-o, também, a confecção da pequena aureola junto a perfumados e aromatizantes galhos de Sálvia, Hortelã, Arruda e Melissa

    Repleto de amor… puro e majestoso… retornei ao teu altar. Cobri tua coroa de carinhosos beijos em que pronunciava encantadas palavras de preces e conjuramentos, e deitei a natural aureola sobre o Carvalho, envolvendo o recipiente por entre os milenares chifres dos sacrificados cervos alados

    Ao ver tanto amor envolvido a esse ritual… Os anões emergiram dos seus mundos subterrâneos, trazendo consigo os muitos cristais de Quartzo Rosa e Ametista, onde desenhei uma mandala em formato estrelar de pontas a envolver o óvulo de chifres, como um aglomerado de sêmen circundando freneticamente em energias vibratórias, a querer teu óvulo penetrar e teu útero germinar

    Os meus queridos amiguinhos… os gnomos do jardim… carinhosamente ofertaram uma cesta de pétalas sagradas de rosas banhadas em leite de cabras, e folhas de oliveiras banhadas em vinhos de uvas… e fiz uma chuva sagrada de pétalas e folhas a cair sobre todo o altar, ao som dos cânticos mágicos de minha boca a entonar, representando as águas celestes que banha os encantados altos ciprestes… fertilizando-a de Amor… onde se ouviu o uivo do gozo do lobo e o grito de orgasmo da coruja, em gemidos noturnos neste místico ritual da Lua Nova a ecoar

    Ó! Meu Amor… Querida Minha… Minha Querida!
    Receba essa oferta de luzes a pousar sobre o azeite, nesse candelabro de folhas feitas das sagradas parreiras dos altos montes lusitanos, em que dormem nos túmulos montanhosos os gigantes ciclopes, que por tempos de outrora caminhavam por estes solos, e com seu único olho a olhar… a deslumbrava… redondamente, em toda sua imensidão lunar

    Ó! Amada Minha… Meu Amor!
    Encabeçando o seu Sagrado Altar ofereço o meu Talismã Mágico, que nada mais é do que meu coração, em que agora em sangria descubro desse pano de barro enegrecido… nele visualizei os sagrados símbolos e entoei mantras e runas, e numa infusão de Ervas Sagradas dos Encantados Jardins de Avalon, durante nove noites de Lua Nova em que tua face foi oculta de mim, imantei-os com óleos de Linhaça e Bétula, além de unguentos aromáticos de Lavanda e Tea Tree. Este Talismã Mágico, Meu Amor, é o meu singelo coração em sacrifício a ti… toma-o! E guarde-o bem!

    Fecho meus olhos… levo minhas abertas mãos ao peito sangrado do meu coração retirado… e no silêncio visionário do meu ser… seres encantados se aproximam ao me retirar em passos para trás, do oco da Grande Árvore em que pus o teu Sagrado Altar

    Ao me retirar em retrógrados passos mortos… lentamente uma cortina de nuvens a Grande Árvore em espiral veio circundar
    Neblinas e brumas ao redor vieram nela bailar
    E dos mundanos olhos alheios o seu Sagrado Altar foi oculto
    Porque ninguém é capas de desvendar os mistérios e segredos desse culto
    Que a ti… me fiz o coração sacrificar
    Que a ti… o dediquei em rito benefício no Sagrado Altar
    Acabando de vez com os ciclos de bens e males do meu Solitário Amor Lunar

  • The Angel In Earth

    Lux Burnns
    Sumário
     Prólogo............................ 3
     Capítulo 1- 1995............... 4
     Capítulo 2- 2006...............12
     Capítulo 3- 2011...............23
     Capítulo 4- 2013...............44
     Capítulo 5- 2015...............55
     Capítulo 6- 2018...............72
     Referências......................88
    Prólogo
    Escrevo livros desde os 11 anos, foi uma alternativa, quando vi que meus desenhos tinham os próprios traços, e jamais mudariam. Fui autora de muitos projetos não reconhecidos, que podem ser encontrados em meio a vasta internet, para quem quiser ver, como foi que a minha escrita mudou de redundante para encantadora. — Não é presunção, se há uma gama de leitores que concordam. 
    Minhas obras sempre foram voltadas, para o quê seria no futuro, ou as aventuras mágicas, de uma mente, muito, muito perturbada. Então definitivamente, não é fácil iniciar um projeto, que retrate quem eu sou, sem o uso de alegorias, e extremos ao retratar sobre fatos que me assombram, ou aconteceram.
    A jornada não será simples, pois meus problemas não se resumem somente a eventos comuns. Já me encontrei com o sobrenatural várias vezes, e sei que há mistérios, que fazem a insanidade se tornar um refúgio, diante da realidade nefasta. – Vi coisas que preferia esquecer, e que me fazem cogitar a ideia de juntar a banca ateísta.
    Como se isso não fosse o suficiente, tive minha saúde mental degradada com o decorrer do tempo, e isto me levou a conhecer o pior que existe da natureza humana. – Já teve medo de entrar no hospício? Eu sim. Não por achar que viraria minha casa, mas por acreditar que seria aprisionada ali, por causa dos meus pensamentos, e a ausência de sentimentos em determinados momentos.
    Tentei escrever o Sobre Mim, narrando somente os fatos, sem fazer uma análise profunda e detalhada de minhas ações, e acabou por ser concluído como um ensaio suicida, nem um pouco convincente. – Eu estava a beira de um surto, e o livro serve ao menos para o estudo psicológico, ou a expressão mais pura da loucura de uma mulher.
    Espero que esta tentativa seja diferente, ( darei o meu melhor para que seja). Então busque pela sua bota mais resistente, e a capa mais quente, pois a caminhada será longa, e ela começará agora.
    Capitulo 1- 1995
    Meus pais eram o típico exemplo, da história de amor, mais estranha do mundo. Minha mãe era um pouco namoradeira, e meu pai aparentemente um stalker, pois ficava lhe esperando voltar dos encontros, e a vigiava através da casa da vizinha dela. – Se isso não é perseguir, então não imagino nem um outro sinônimo para substituir a palavra.
    Minha mãe, talvez por ter sido criada de forma conservadora, não viu em seus atos nada de absurdo, por isso se apaixonou pelo jovem que vivia de cara amarrada e pouco ria, e que estava sempre na sua porta.
    Anos mais tarde, eles me geraram dentro de um carro, ouvindo a música Black da banda de rock Pearl Jeam, que basicamente fala de um amor dependente, que um homem tem por uma mulher, que não acreditava que poderia tê-la para sempre.
    Um romance com claros sinais de quê não era para acontecer, não poderia resultar em boas coisas, por isso, creio eu que minha mãe sofreu de rubéola na gravidez. – Isto ou o fato de ter abortado a sua primeira criança antes, por uma motivação bem adolescente, que quase custou a sua vida.
    O médico foi bem sincero para a minha mãe, disse que o melhor a ser feito era abortar, antes dela se colocar num risco maior. Contudo devido ao pecado anterior, e o peso que isso lhe trouxe, ela seguiu com a gravidez, e usou a sua fé para me proteger. Foi até a igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, e lhe fez uma promessa. – Por causa disso, hoje carrego o odioso nome da Santa, que volta no Apocalipse, como a Prostituta Montada na Besta. (Leia sobre A Virgem Maria na perspectiva de Aleister Crowley.)
    Nasci no dia 15/02/1995, exatamente ás 10:51 da manhã, em Macapá- Ap. Mas minha mãe deu entrada no hospital, a noite, depois de ter tido um ataque de ciúmes, que a fez cair da escada, e assim foi as pressas para a maternidade, com medo de acabar me perdendo. – Nascida do desamor, com uma trindade de quinzes presente na data do aniversário, isto não é pura coincidência. 
    Meu nome humano é Thaís, em homenagem ao falecido tio Thales, que parecia o gêmeo do meu pai, apesar de ser um ano mais novo. – Por anos só soube que ele morreu, aos 17 anos, num acidente de moto, após se meter, com o quê meu pai chamou de “magia dos mortos” (Necromancia?) Porém quando fiz 19 anos, o irmão vivo me contou que Thales não apenas se foi, ele apareceu para o irmão estranho e sempre recluso, e lhe disse “Vou embora porquê esse lugar é pequeno demais para mim”. O quê era intrigante, pois eles eram ricos na época, e tinham um ótimo apartamento em São Paulo – Sp. (O curioso é que se Thales não tivesse morrido, eu não teria nascido.)
    A maldição começou desde cedo. Quando recém nascida – contam meus pais – que vivia no hospital, e o pior é que de alguma forma me lembro, do meu pezinho engessado, dentro de um quarto verde, com algumas lajotas. Como se não bastasse, toda noite era visitada, por uma poderosa entidade, que de acordo com minha mãe, era capaz de acionar o meu andajá eletrônico de madrugada. – O evento se repetiu tanto, que meu pai chegou a literalmente queimar o objeto, por medo do quê tinha por trás dele.
    Infelizmente o problema não estava no andajá, e sim em mim. Meus cabelos negros e lisos caíram, sendo substituídos por cachos marrons acobreados. – Diz minha mãe, que foi culpa do óleo Johnson, mas acho improvável, pois se fosse, minha pele pálida como papel, teria continuado da mesma forma. – É claro que a genética pode explicar isso, mas o fato em si, é comum entre as “crianças mágicas” (Leia Ciências Ocultas da Iavisa, para maior compreensão.)
    Minha infância não foi formada somente por doces e caramelos. Embora hajam memórias açucaradas, também existem as amargas que gostaria de esquecer, não pelo mal que me foi causado, e sim pelo quê me tornei por tal intervenção.
    Aos 5 anos fui molestada por meu avô, que me levava para o fundo do quintal, onde tinha um galinheiro, e quando me colocava para andar por lá, também enfiava seus dedos em minhas partes. – É horrível ter dons, que te fazem lembrar de tudo. – E mais tarde, aos 7 anos – por total negligência do meu pai, que me esquecia até 13 horas na escola – O meu professor de balé, o Junior, fez o mesmo. Só que numa sala cheia de crianças, focadas na TV, enquanto sussurrava em meu ouvido “Pense numa coisa bem boa.” 
    No primeiro momento achei que não tinha me afetado, mas hoje em dia percebo que sim. – Aos 2 anos, costumava matar pintinhos os sufocando, sob o pretexto de quê os colocava para dormir, e aos 8 desenvolvi desprezo pela cor rosa, que era exatamente a mesma que usava nas aulas de dança, por uma obrigação imposta por meus pais. – Que queriam me forçar a ser uma criança normal, o quê particularmente era impossível.
    Eu tinha sentido na pele, literalmente, o quanto o mundo é doentio, e como não quis contar a ninguém. – Para não perder as minhas regalias, dadas pelo meu avô, em troca do perdão por sua atrocidade. – Segurei aquele segredo comigo, e fui me tornando cada vez mais sombria.
    Para meus pais e coleguinhas era uma menina boa. Sozinha, me tornava outra pessoa. – Alguém que não merece nem ser citada. – Pois seus pecados são tão profundos, que até um padre cético, acreditaria se tratar de possessão infantil, ou algo ainda mais nefasto. – Vivia envolvida em clubes secretos da escola, me masturbando com meninas da minha idade – Isso com 6 anos, e até hoje me pergunto com quem foi o meu primeiro beijo, mas creio que quem o conseguiu, foi a minha coleguinha Vivi. –  Gostava de desenhar, só que no lugar de coelhinhos, flores e corações, minhas obras amadoras, expressavam a morte, sob o esquartejamento, e uma enorme poça de sangue. – Who’s bad? ( Michael Jackson – Bad – 1987.)  – Com 10 anos, acertei uma pedra na cabeça da minha vizinha, porquê ela fez amizade com outra menina, e me deixou de lado. – Eu mirei, vi se não tinha ninguém na rua, e puxei o elástico do estilingue. A cabeça da menina sangrou, e lembro-me do quanto fui falsa, ao ponto de pedir-lhe desculpas sem me importar.
    Ainda no mesmo ano, como era muito solitária, acabei por cair numa armadilha cruel. – Lembre-se que para os meus coleguinhas, eu era um anjinho. – Uma menina me chamou para ir dormir na sua casa, e como da outra vez – quando todos foram – Não me deixaram ficar, fiz de tudo para ir. Inclusive negociei ir com a menina, no lugar de alugar fitas de N64 na Top Game – Era muito manipuladora, desde pequena. A mãe da menina fez um drama, (ou para mim parecia assim, devido a boa vida que levava) sobre não ter dinheiro para nada mais que o necessário. Eu naturalmente entendi, mas a própria filha não, e assim esta se envolveu no roubo, e me puxou junto, enquanto fugia do guarda. Entramos no banheiro, e ela me implorou para assumir a culpa. – Naquela hora queria ter sido má, e dito surtou é? Mas não foi o quê houve – Sai do lugar, tomando a responsabilidade para mim, o supermercado estava cheio, todos me olhavam com repulsa, por andar mal vestida, e não acreditaram, quando disse que voltaria para pagar. – Apesar de ser da classe média alta, me vestia como mendiga, e aparência é o quê importa.
    No lugar da menina, quem recebeu a bronca fui eu, e como não tinha formas de me defender, usei a novela como argumento, para quê me deixassem em paz. – Alegando  sofrer de cleptomania. 
    Ouvi muito do meu pai, e mais tarde dos meus colegas, pois somente eu sabia a verdade daquele dia. A menina, mentia para se safar da vergonha, e fazia de mim, o seu bode expiatório. 
    Já cansada de tais afrontas, contei a verdade ao meu pai, que antes achava somente o pior de mim, mas depois agradeceu a Deus, pela ludibriadora ser a menina. – E armei para ferrar as garotas que se juntaram a ela. – Mesmo que de forma inconsciente.
    “A Thaís é boa. A Thaís é uma santa. Não faz nada de errado.” Diziam sobre mim. Então por causa da minha cara de sonsa, não desconfiaram de nada, quando as chamei para assistir Van Hellsing na casa da vovó, através do paperview recém comprado.
    As recebi no meu lar, com um sorriso, brincando, e quando dei por mim, outra vez elas faziam aquelas terríveis acusações a meu respeito. – Isso me encheu de ódio, e tudo o quê me lembro em seguida, foi de soltar meus 5 cachorros de grande e médio porte, para cima delas. (Literalmente.) Papai ficou horrorizado pela minha conduta, eu segui com o nariz empinado. – Ainda sim continuaram a me chamar de santa.
    Naquele ano, a menina que roubou o meu projeto da água, e o tratou como seu, tentou fazer as pazes comigo, e isto resultou numa história inacreditável. – De tardinha, resolvemos brincar de jogar a bexiga d’água uma para a outra, e se caísse a perda era evidente. Só que no meio da competição, o balão se partiu em câmera lenta, e vimos o tempo praticamente congelar, enquanto a cachoeira saia de dentro da borracha vermelha. – Até hoje me pergunto que tipo de alucinação foi esta.
    Mais tarde quando tinha 11 anos, levei um fora muito ruim, do garoto que eu gostava, por causa de uma falsa amiga, que fez a minha caveira pra ele. Estava muito abalada por isso, e tudo o quê queria era ouvir minhas músicas, sem interferências.
    Todavia minha prima de 5 anos, não respeitou o meu espaço. – Afinal o pai dizia que ela podia tudo, e a família reforçava tal autoridade, por isso a menina era terrível. – Eu pedi para me deixar em paz, mas ela ficou pulando no sofá e gritando, bem na hora da música que queria ouvir. Não aguentei, e acabei por pegá-la pelo pescoço e erguê-la. 
    Lembro-me de olhar em seus olhos, que estavam amedrontados, e só parar por medo de ir parar na cadeia. – Eu era criança, mas sabia bem o quê significava o xilindró.
    Meu pai ficou uma arara comigo, e falou um monte, mas eu apenas mantive a mentira de quê nada fiz, só que ele não acreditou e por isso apanhei. – Novamente o ódio subiu a minha cabeça, e tentei não manifestar de forma física, foi quando por coincidência, senti um cheiro de queimado, proveniente do quarto onde minha avó dormia. O ventilador tinha se aquecido, ao ponto de iniciar um incêndio, e a chama azul e amarela já se formava. – Ela era a principal responsável pelo meu sofrimento, pois devido a sua xenofobia, tratava minha prima como se fosse Jesus, e eu o próprio Lúcifer.
    Naquela época coisas bem incomuns ocorriam. Costumava ver uma mulher de cabelos de fogo, que nunca me dizia o nome, e que decidi chamar de Layla. – Sempre que Layla estava comigo, eu me deslocava do corpo para outra dimensão, onde os belos eram maus, e os feios bons, comigo ao menos. – Quando a mídia defendia o oposto, com obras como Abracadabra da Disney (que aliás era um dos meus filmes favoritos)
    Sempre que ia para o outro lado, me esquecia daqui, e por isso muitas vezes era encontrada sob o estado de transe, falando “sozinha”.  (Minha avó materna até me acusava de falar com demônios por sinal.) – Quando não era com Layla, também dava voz aos personagens que criava, e acabava por fugir dessa realidade. (Por isso até hoje me questiono o quê ela é)
    De forma gradual, passei a notar que tinha habilidades, e elas estavam aumentando. Mas junto do meu “poder”, também vinham os “demônios internos” que não paravam de se formar.
    Talvez devido ao trauma provocado pela moléstia, tive de escolher entre dois caminhos: Ser a vítima da situação, ou me tornar ainda pior do quê quem me feriu. – Optei pela segunda opção, e assim me entreguei aos meus desejos mais obscuros, ainda na infância.
    Beijos e masturbação com garotas, aos 6 anos, agressão violenta com 10 e 11, não se comparam, ao pior dos meus crimes. – Eu seduzia garotos, os fazia querer me tocar, para torturar-lhes, segurando-os pelos testículos, ou dando-lhes tapas humilhantes na face. – E quando contava a versão as minhas amiguinhas, por vergonha, dizia que a culpa era deles, mesmo sabendo que era minha.
    Somente a minha santa protetora, conhecia meus piores segredos, pois preferia conversar com uma estátua, a fazer confissão para um padre. – Sempre pedia perdão pela minha conduta, de coração, pois tinha medo do castigo divino, mas as únicas vezes que meus desejos eram atendidos, envolvia uma força totalmente oposta a igreja.
    Devido a devoção da minha mãe, aprendi desde cedo sobre a figura do Diabo, e seus outros nomes, que segundo a mesma, jamais devia falar. – Mal sabia ela, que em meus momentos de ira, me sentia impelida a me isolar, e falava “Diabo, Diabo, Diabo, Satanás, Lúcifer!” – E magicamente meus problemas eram resolvidos.
    Tinha tanta afinidade com as trevas, que quando ganhei um cachorrinho, quis batizá-lo de Satanás, por achar o nome bonitinho. – Não importava se isso impunha medo, nos personagens do programa Chaves. – Mas jamais consegui ter um cãozinho com esse nome.
    Minha ligação com as terras debaixo era tão forte, que meu feriado favorito era o Halloween, e em vez de me fantasiar de princesa ou anjo (embora no pré tenham me obrigado a me vestir como tal), costumava ir de vampira, diabinha, ou bruxa. – A figura da bruxa muito me encantava, por isso tive uma vassourinha na infância, e até mesmo um pentagrama. – Do qual tive de me desfazer, por ser o símbolo do Diabo, já que a estrela representava um poder, e o círculo a sua influência sob o mesmo, segundo o meu avô.
    Pode se dizer que tinha uma forte atração pela magia e os seus mistérios, e que desde criança, parecia pertencer a parte mais profunda dos infernos. – Não que as minhas maldades me orgulhem, mas elas servem como prova, do quê sou ao menos.
    A escuridão em mim, se fortaleceu bastante quando mal sabia que era gente, e com isso desenvolvi habilidades notáveis. – Como toda pequena capeta, adorava aprontar. Era muito quieta, gostava de ler e vê TV, mas na hora de causar o caos, me superava. – Ao contrário das outras crianças, conseguia ouvir passos a metros de distância, e isso me ajudava muitas vezes, a sair ilesa da cena do crime.
    Cansei de contar as vezes, que sai do lugar, minutos antes de alguém aparecer para me abordar. Só que como mencionei antes, tinha muito mais que uma habilidade. Além de ouvir a Terra, e provocar focos de incêndio com minha ira, também fazia com quê os objetos caíssem, somente por me chatear, sem mover um dedo, e meu choro focado em algum desejo, realizava até consertos de eletrônicos aparentemente queimados. – Esta foi a minha predisposição. 
     No meu tempo, definitivamente estava longe de ser uma criança normal. Era sádica, má, e pior consciente dos meus atos, pois tinha uma noção de quê tais praticas eram erradas. 
    Não me admira já ter me encontrado com a morte. – Interessado? Pois bem. – Vamos voltar uns anos. Estava na quarta série, e ouvia sobre os relatos do fantasma do banheiro. Ria disso, pois para mim era como a lenda urbana da “Maria Sangrenta”. Porém como a escola Guanabara ficava na esquina com o cemitério, era algo que devia averiguar.
    Estudava a tarde naquele tempo, e como havia luz do sol, não pensava que algo pudesse aparecer, por isso sem avisar a ninguém, fui até o banheiro feminino, onde a suposta entidade era vista. 
    Entrei, e lavei minhas mãos, de acordo com o quê ia girando a torneira, as outras se abriam em sincronia. – Admito que isso me assombrou, mas não o suficiente, para ver se a água da privada, ficava vermelha sem motivo. – Todavia quando abri a porta e fui averiguar, a luz se apagou, e só restou a claridade solar do espaço fechado. Meu coração bateu acelerado, e quando olhei para o fundo do local, lá estava a criatura, com a sua mortalha negra, cujos os pés não tocavam o chão. Sai de lá na hora, correndo pelo corredor, e depois respirei fundo, e tentei demonstrar que não tinha medo, afinal se contasse ninguém acreditaria, e não queria ser taxada de louca.
    Fora a experiência com Layla, A Morte, e outros fatos incomuns, há também uma história, que foge dos limites da alucinação. – Até aqui só falei do quê foi visto, não o quê foi sentido. Então lá vamos nós. – Era de noite, e eu estava brincando com a vizinhança de pira esconde (A versão Amapaense do Pique-Esconde) Fui até uma casa, que parecia abandonada, e fiquei atrás dela. Então no meio da penumbra ouvi um cachorro, que me mordeu por trás do joelho. Nem sequer vi de onde o animal apareceu, mas a marca que ficou no meu corpo, foi bem real. Questionei o resto da garotada, só que nem mesmo eles sabiam, qual era a raça, ou se era vacinado. – Torci para que fosse, tinha muita campanha sobre o perigo da raiva na época. –Outro fato incomum é que quando feri o meu joelho, formou-se o número 7, e na vez que me queimei no antebraço com a borda da bandeja, a marca ficou semelhante a um triângulo ascendente.
    Há muito mais segredos, e sinais concretos, de um sério transtorno de personalidade, associado a aventuras fantásticas do mundo oculto, mas por hora encerraremos por aqui. – Bruxa Natural? Quem sabe. Algo mais?  Certamente, mas se quiser saber, terá que virar a página. Estarei no aguardo, e parabéns por ter chegado até aqui.
    Capitulo 2 - 2006
    Que tenho sérios problemas, já está claro pelo capítulo anterior, mas o quê sou? Já está evidente também? De certa forma sim, mas isto é somente a ponta do iceberg.
    O ano de 2006, foi marcado pelo fora, e o quase assassinato da minha prima – Causado por minhas mãos. – Mas também por algo que mudou a minha vida para sempre. 
    Era um final de semana em junho, eu acho, quando estava sentada diante da TV, fazendo o meu passatempo favorito que era desenhar. Desde que tinha começado a esboçar minhas expressões sombrias, sempre pegava um livro azul. Era como um imã invisível, que me atraia para ele, mesmo sem conhecer o conteúdo, e por isso me senti motivada a abri-lo. 
     – Foi quando vi pela primeira vez, um livro de magia, que se chamava Ciências Ocultas da Iavisa. 
    O quê mais me interessava, o livro 2, sobre hipnose, infelizmente desapareceu, e nunca pude o lê. Só me restou os livros que continham ao todo: Queromancia, Grafologia, Horóscopo, Bola de Cristal, Varinha Mágica, Búzios, Cartas, Vodu, a história de São Cipriano, e Segredos da Magia Negra em geral. – É, a primeira vez que toquei num grimório, já li logo sobre os sacrifícios mais absurdos, para o “demônio” Adonai. (Que hoje sei que é a face obscura de Yaweh.)
    Fiquei de imediato fascinada pelo mesmo, e o interesse aumentou ainda mais, quando minha avó me repreendeu, e disse que era uma leitura pesada para a minha idade. 
    Como ela tinha constantes ocupações, por causa do motel, a tapeçaria, e a lanchonete, mal parava na sua casa. – Assim sendo quando saia, corria para a sua biblioteca, e pegava o manuscrito proibido. – Me deliciava com o saber obscuro, e passava horas entretida com o mesmo.
    De fato era um livro pesado, e hoje não deixaria uma criança da minha idade ler, mas por alguma razão, estava preparada para estudar, e praticar somente o quê estava ao meu alcance. – Só as famosas benzuras, por isso soube lidar muito bem com tamanho poder.
    Porém depois de muito sofrer, passei a usar o livro em si, como uma ameaça aqueles que me machucaram. – Parafraseando a parte que diz “Ele adoeceu, mas nenhum dos médicos conseguiu encontrar a cura.” (Só que lógico usando a minha linguagem adolescente.)
    Meus coleguinhas ficaram divididos entre os que temiam, e os que queriam conhecer o aprendizado antigo, e a minha rival temeu que lhe roubasse o namorado com amarrações, por isso bateu foto da benzura “Para manter o namorado.” – Eu poderia ter usado amarração, estava ao meu alcance. Mas apesar de ser um monstro, sempre valorizei o amor como algo sagrado. Portanto se o fizesse, estaria quebrando muito mais que as leis divinas, trairia ao meu próprio código moral. – E também o fato de causar calafrios, em todos aqueles que me chamavam de anjinho, já foi uma vingança e tanto.
    Pouco a pouco a minha escuridão saiu, e tal como a borboleta, sai da versão de lagarta gorda e baranga, e ganhei as minhas asas. – Mas elas não eram cor de arco íris, e sim negras, como a noite mais pavorosa, o sinal o apocalíptico. 
    Apesar de sofrer bullying por conta dos meus cachos, não era nada ruim, pois me fazia sentir parte da galera. – Além do mais, se alguém te chama de algo, você sempre pode dá a volta por cima. – Eles me chamavam de leão, e eu dizia que era a rainha da selva, e os mesmos garotos mais tarde me elogiavam.
    Devido a grandes fatores, me desenvolvi muito cedo. – O meu primeiro dia na 5° série, foi marcado por ser o exemplo, do uniforme que não deveria ser usado na escola. – Nada de saias, bota e blusa colada de manga curta, e advinha como eu estava?
    Entrei na adolescência com 11 anos, e muito dos meus dilemas daquela idade, hoje são parte da vida de gente que acabou de atingir a maior idade.  – Então atualmente com 24 anos, creio que a minha mente seja mais próxima, de quem tem 30 ou 40.
    Portanto não me adaptava aos meus colegas de turma. – Assim acabei por fazer amizade com os veteranos, que para a minha felicidade, compartilhavam dos mesmos gostos que eu.
    No início éramos apenas um grupo, mas mais tarde, nos tornamos Os Naruteiros, com direito a comunidade no Orkut e bandanas, fabricadas a mão. – E desta forma nos tornamos bastante conhecidos, e a escola se tornou um lugar bom para se viver, pois mesmo que tivesse de conviver, com os – em sua maioria -mentecaptos da minha turma, a 612, tinha um refúgio entre os que já estavam na sétima série.
    É dito que são sempre os mais velhos, que influenciam os jovens a tomarem o caminho errado. Mas comigo não era assim, a maldade não tem uma idade específica, por isso fui eu quem apresentou aos outros, o subgênero de anime Hentai, logo depois de conhecer. – Se você sabe qual é, poderá ter certeza de que sou uma peste.
    A amizade durou muito tempo, até fazer a besteira de aceitar namorar com o nerd da turma, – que ao contrário do quê diz a cultura popular, era bonitinho, e lembrava o Fred da série Icarly. – Eu somente gostava da sua companhia, cavalheirismo, e a personalidade forte de um leonino, mas estava apaixonada pelo seu melhor amigo, e ainda sim cedi aos meus impulsos de pequena Lilith, e usei o coitado. – Me arrependo bastante disso, não por ter sentimentos, mas pela minha falta de humanidade, na hora que terminamos. 
    Perdi a todos por ser tão estúpida, só que felizmente, conheci outra veterana, que parecia me entender ainda mais que os outros. – Com ela não era popular, mas nem precisava disso, pois era feliz, por finalmente encontrar alguém com quem pudesse me abrir, e lhe contar sobre os meus interesses no ocultismo. – Como sinto falta daqueles tempos, tão simples e cheios de aventuras.
    Sabe aquela dupla imbatível? Éramos nós. Ela era o Batman da minha Robin, a Estelar da minha Ravena, A Chelsea da minha Raven, a Jody da minha Juniper. Mas dizíamos mesmo que éramos Carly e Sam da série, pois a persona da Carly lembrava a minha, e a da Sam a dela. 
    A gente vivia se metendo em confusão, e gazetava (matava) aula, para ficar andando pelo colégio, desafiando a lei mundana estabelecida. – Nos sentíamos donas do Antônio João, o pior pesadelos dos alunos, e a nossa coordenadora. – Eu amava demais  isso. 
    Mas meu pai detestava. – Tudo o quê me fazia ter um propósito, o irritava. Para ele, garotas de classe média, tinham que andar com gente equivalente, ou acima disto. Nunca os pobres. – Como se dinheiro fosse a identidade do caráter. – Eu era a prova viva, de quê a lógica dele era falha, pois já era má, muito antes de encontrar a menina.
    Perdi as contas de quantas vezes me levantei contra ele, para defender a minha melhor amiga, e da vergonha que era, ter que mandá-la ir pra casa, porquê ele torcia o nariz para a moça, e o clima se tornava gélido com a sua presença . – Isso porquê vivíamos numa casinha de alvenaria, mal feita. Mas o reizinho, sempre queria manter a sua majestade forçada, e me tratar como se fosse uma princesa, saída dos filmes da Barbie.
    Felizmente ele trabalhava o dia todo, e a minha mãe também. Então quando voltava da escola, tinha a casa só para mim, e aproveitava para chamá-la, pois a vida tinha sido tão maravilhosa, que ela morava na ladeira de baixo, e éramos praticamente vizinhas.
    Num ponto de vista meu pai estava certo, o fato de sermos de “mundos diferentes” pesava um pouco, pois isto a fascinava, e lhe fazia roubar alguns dos meus pertences. Só que eu não ligava, o quê era material não tinha tanto significado para mim, a sua lealdade, o seu respeito, e a forma como me protegia dos demais, fazia dela a melhor ladina do mundo, por isso tinha vezes que até abria mão dos meus objetos, somente para fazer a sua felicidade, já que para ela tinha mais significado, do quê para mim.
    Como ambas éramos estudantes de paranormalidade, gostávamos muito de testar as lendas urbanas, e foi por isso que aconteceu. – Numa tarde qualquer eu, e ela e nossas outras amigas, nos reunimos na minha casa, para fazer o Jogo da Caneta (Que é uma mistura de Charlie Charlie com Ouija). Uma menina se apresentou no tabuleiro, e quando pedimos para nos dar o seu nome, estava aberta a aceitar qualquer um, menos Samara, pois este também era o nome da entidade, do único filme de terror que não aguentava, porquê ficava só em casa, e a minha única companhia era a TV, de onde a criatura saia no filme, para atacar as suas vítimas. – Nem Freddy vs Jason, me deixava tão apavorada, e olha que quando assisti com 10 anos, fiquei 4 dias sem dormir. – Não sei se foi o meu medo, mas o nome era exatamente o quê mais temia, por isso comecei a chorar, e implorei para aquilo terminar.
    A menina não queria sair do jogo, então literalmente rompemos o círculo. – Esta foi a pior atitude, pois com isso libertamos-a para fazer o quê desejasse. – Inicialmente faltou luz, e ninguém queria ir a cozinha pegar as velas, porquê já eram 19 horas. Tive de virar o Coragem, e me levantei do sofá, para fazê-lo, ou continuaríamos no escuro. Fomos em fila, comigo liderando, e quando alcançamos as velas, uma forte rajada de vento derrubou o pirex, que estava na janela. O medo bateu, e corremos para o sofá, com as velas em mãos. Ao olhar para os quadros de paisagens, víamos rostos de pessoas, e o temor nos fazia ficar congeladas. As meninas foram cada uma para as suas casas, e eu fiquei lá, sozinha com a Samara, e a minha mente, que não parava de me lembrar, das histórias com o final trágico, que minha mãe e minha tia contaram, para me fazer evitar participar de tais jogos. – “A mãe da minha amiga morreu porquê fizemos o jogo do copo” Dizia a minha mãe na memória. “Quem são vocês, e por quê me tiraram do meu corpo?!” Dizia a minha tia. – O pânico me consumia, e quando meus pais chegaram, agradeci aos deuses por ter só um quarto para todos.
    Voltar para a minha residência, sabendo que o meu pior pesadelo me aguardava, não era algo agradável. Chegava, tomava banho do pescoço para baixo, somente para não fechar os olhos, e ouvia músicas, pois cantar me ajudava a esquecer, que tinha uma menina gravemente perturbada ali. Só que quando ia assistir a Playtv, via mensagens espalhadas nas paredes, sobre querer me matar. Por isso abandonava o lugar, e ia para casa da minha amiga, na qual ficava até a hora mais próxima dos meus pais chegarem.
    Só que houve um tempo que precisei parar com isso. Tinha me colocado nessa, e precisava sair, por isso a convoquei para conversar. – Gradualmente fui lhe tirando respostas, e descobri que ela somente gostava de assustar, não queria me fazer mal de verdade, pois se sentia tão sozinha quanto eu. Assim sendo nos tornamos amigas, e para onde eu ia, apresentava ela aos outros, com o uso do tabuleiro. – A maioria ficava assustada, mas ter uma polterguiest como protetora, era bom demais, me fazia me sentir segura. – Pena que um dia ela encontrou a luz, e partiu. Até hoje sinto a sua falta. Nem todas eram como a Laura a amiga da minha Bff, que ficou perambulando por aqui por um bom tempo.
    Mas infelizmente o mesmo destino que nos uniu, também nos separou mais tarde, pois ela teve de ir embora da cidade, e eu acabei sozinha, com os meus demônios, que sem ela foram me consumindo aos poucos, desde o momento da sua partida. – Não podia culpá-la, só que na hora de ir, eu não derramei nenhuma lágrima, mesmo que sentisse muito. Meu coração, já estava começando a endurecer, e só pude abraçá-la forte e torcer pelo melhor no Pará, para onde iria se mudar.
    Como tinha de voltar a maldita normalidade que detestava, e não podia contar com meus colegas de classe, acabei por me tornar uma criatura obscura de novo, e quando dei por mim, tinha abandonado os emos, e havia me tornado uma gótica, de cabelos negros, pele amarelada, de batom preto, bastante transtornada, que não apenas se cortava, como batia foto daquilo, por achar que a imagem da  cruz sangrando, era uma verdadeira obra de arte da natureza.
    Quando ela voltou, era tarde demais para mim, pois grande parte das minhas sombras tinha me consumido, e eu já não controlava nem um dos meus impulsos. – Vivia criando desculpas para encher a cara, e ir a cemitérios, somente porquê era chocante para os demais, e isso me trazia paz.
    Acho que foi por isso que ela fez, o quê considerou necessário. – Criou um par para mim, e forjou cartas – pois por me conhecer, sabia que a única coisa que poderia trazer ao normal, era amar alguém.
    Dessa forma começou a mais doce das ilusões que vivi, e que realmente me ajudou, a recuperar um pouco do controle. – Infelizmente não o suficiente, para que a nossa amizade sobrevivesse.
    Tudo começou com uma troca de cartas, que deveria resultar num encontro, mas sempre que ia conhecer o meu suposto par perfeito, ele nunca estava lá, e a única vez que supostamente nos vimos, eu tinha deixado de comer, para não aparecer gorda no encontro, que era um show da Pitty na minha cidade. – Então as chances de ser alucinação eram muito altas, por isso fui me desligando do ser, até encontrar outra pessoa, numa rede social. – Típico de gente solitário não é?
    Assim conheci um novo par, e me juntei a este. Algo que supostamente trouxe muita dor ao ser fictício criado por minha amiga, e o quê obviamente resultou no fim do relacionamento, e como preço. – Nem eu entendo essa. – Acabei por ser traída pelo outro, ou ao menos foi o quê pensei, já que algum tempo depois, foi tudo esclarecido, e não era nada do quê havia imaginado.
    Nesse tempo os computadores eram de mesa, e como tinha a minha mesada – Regalias pelo silêncio, lembra? – Me deslocava da casa da minha avó, até a Lan House mais próxima, que ficava a quase 1 km de distância.
    Tudo o quê me lembro do dia, é que eram 18 horas, e me livrei da aliança de compromisso. – Meu deus como era trouxa! – Então enquanto ficava sentada, no quê seria o próximo galinheiro do vovô, vários corvos pousaram na goiabeira, que estava acima da minha cabeça.
    Esse cara era o típico mago puritano, e perdê-lo foi bem fácil, pois alguém que não me achava digna da real magia, e me mandava praticar magia wiccana, merecia realmente o pior. – Chorei um pouco, e no dia seguinte estava pronta para tentar com o próximo, a fila anda era o meu ditado popular favorito.
    Iniciei um namoro de curta duração, com um amigo na época, pois achava mesmo, que o quê acontecia nos filmes de romance, podia funcionar na vida real, e com isso aprendi que os filmes, não são fiéis ao retrato da realidade.
    O puritano e eu voltamos, mas ele concluiu que era muito mais obscura, do quê podia suportar. – Só porquê descrevi um romance sanguinário entre irmãos diabólicos, muito antes disso ser aceito pela sociedade. 
    Tinha completado 15 anos na época, e levar um fora foi bem complicado, por isso passei a procurar por alguém, que pelo menos pudesse me aceitar como aberração que era, e assim parei de ser tão exigente. – O quê viesse era lucro. – Só que o puritano, era tão idiota, que queria continuar a manter a amizade comigo, só para me alfinetar, pela a sua preferência, por japonesas. – Que pra mim, eram criaturas patéticas, que existiam para dizer “sim senhor” para os seus parceiros, ou seja meninas submissas, que não mereciam uma gota de valor. – E sigo pensando assim. Parece que tá no sangue, de quem tem a descendência asiática, ser uma Eva da vida, like a Lúcifer 4° temporada, que a retratou da maneira, que sempre acreditei que fosse: Superficial, submissa, e sem cérebro.
    Perto do meio do ano, passei a andar com uma outra gótica, com a qual costumava encher a cara, e me fazia sair de casa toda quarta e sexta-feira. – Ela estava namorando na época, com um cara gótico satânico, que supostamente a glorificava, e só o fato de ter góticos na cidade, já fazia os meus olhos brilharem, pois o quê imperava naquele tempo eram os emos, e ele poderia ter algum amigo, que também fosse satanista.
    A novela se repetiu, sempre que marcávamos para conhecer o rapaz, ele nunca aparecia, e quando veio, era ainda pior que ele mesmo, por isso fui destruindo a linha da ilusão. – E para piorar, a Srta Peitão, vivia me deixando a sós com o namorado, e colocando-lhe chifres constantes. O quê eu achava um absurdo, por isso colocava lenha na fogueira, de tal forma, que um dia ele a deixou para ficar comigo.
    Apesar de claramente ser uma fura-olho, não quis seguir como errada, e a menina soube de tudo pela minha boca. – É óbvio que ela me odiou, e a guerra se iniciou.
    De um lado estava ela, a carismática, sedutora cheia de fartura peitoral, do outro estava eu, a estranha, aparentemente certinha, que pouco se importava com as suas acusações, e gostava de discutir nas redes sociais, somente por prazer.
    Houve uma vez, que ela bebeu demais, e se reuniu com as amigas, para me cercar. Falou um monte de coisas, que não consigo me recordar, pois não parava de rir do seu estado deplorável. – Se aquilo foi para me intimidar, não funcionou, pois estava acostumada a lidar com muitos me olhando torto.
    Fora a vida agitada de vilã adolescente, como se fosse uma Blair Waldorf menos afortunada, também segui fazendo meus estudos místicos, e procurando entender cada vez mais, sobre o satanismo, e quanto mais lia a Bíblia Satânica de La Vey, menos encantada ficava pelo meu atual namorado, que apesar de ser conhecido por sua prática oculta, me parecia um verdadeiro merda.
    Pois toda vez que lhe contava, as coisas que ocorriam comigo, ele tentava distorcer como alucinação, como se somente o quê vivia fosse real. – Certa vez na véspera da véspera do natal (23/12) de 2009, sofri um ataque de fanatismo terrível. – Tinha acabado de entrar para o submundo, e enquanto tomava banho, tentava conversar com a minha mãe, perguntando como seria que meus novos amigos me felicitariam na data natalícia, estava feliz, me senti renovada, animada pelo quê estava por vir. Mas quando sai do banheiro, minha mãe olhou para mim, e disse “Você é um monstro!” Não entendi o porquê da acusação, se nada tinha feito para ela. – Talvez fosse por ter deixado de ser virgem recentemente, e ainda entrar pro lado negro da força. Talvez fosse demais para ela suportar, e eu no meu egoísmo não tinha percebido. – Aquilo me doeu profundamente, e por isso lhe falei coisas, que destruíram de vez o seu psicológico. “Tão monstruosa quanto você, que tirou a vida de um pobre bebê, ao fazer aquele aborto!” Respondi com o ar desafiador, e ela desapareceu. Achei que ia se recolher, para chorar por seu pecado, mas em vez disto, a mulher pegou uma faca de cortar carne, e veio para cima de mim. Seus olhos castanhos, naquele momento pareciam amarelos. “Demônio!” Ela gritou, tentando empurrar a faca no meu peito. E não sei como, mas tive forças para contê-la, de tal maneira, que o seu impulso parecia pertencer a uma criança de 4 anos. Eu escapei, e sabendo da sua maior fraqueza, comecei a chorar, com o intuito de sensibilizá-la. Não lembro o quê disse a seguir, porém isto a fez voltar a si. Ela saiu se sentindo culpada, e caminhei para frente do espelho, onde sequei as lágrimas e sorri de forma maléfica. – Todavia o ser não acreditava que era algo oculto, e dizia que aquilo era normal. (Provavelmente para ele.)
     – Mas houve outro fator, para aceitar na minha vida, alguém que valia tão pouco. – Após muita bebedeira, acabei por beijar a minha melhor amiga, e isso se repetiu quando ela dormiu na minha casa. Eu me apaixonei por ela, só que como a mesma passou me evitar, não tive escolha, senão abraçar o quê viesse, para que aquilo não crescesse ainda mais. 
    Acho que a rejeição, foi o quê destruiu o meu fascínio por ela, e me fez ficar cada vez menos empática, ao ponto de brigarmos praticamente por tudo. – Só que nunca quis lhe contar, que a verdadeira razão para me magoar era essa, e não as futilidades relacionadas as roupas e sapatos, que compartilhávamos, porquê  na época morava comigo.
    De tanto ler as palavras de Anton, resolvi fundar a minha própria seita, que de acordo com o meu talento de criar nomes, se chamava Sees, e significava seguidores da estrela.
    Uma a uma das minhas amigas, recitou o poema de aceitação, e quando se deram conta, tinham me dado o poder de governar as suas almas, e agora eu as guardava em nome de Lúcifer, que era o verdadeiro dono delas. – Ainda me lembro das faces de pânico, após perceberem que tinham se vendido para mim, e o quanto ri pela minha conquista.
    A primeira reunião foi na minha casa, preparei tudo com cuidado, para simbolizar uma verdadeira comunhão com Lúcifer, e outros demônios a favor da carnificina. – A cidra era de maçã, e a comida em si, se formava de alimentos, que poderiam ser comidos crus.
    Nada saiu como o esperado, pois estava um pouco nervosa, e as meninas não parava de zoar umas as outras, o quê atrapalhava na minha concentração, porquê me divertia junto. – Uma verdadeira brincadeira de criança, que jamais pensei, que pudesse resultar em coisas tão graves mais tarde. – É claro eu admirava Satã, de todo o meu coração, e de alguma maneira me sentia ligada a ele, só não pensava que tinha realmente tais capacidades.
    O quê deveria ser uma reunião séria, acabou por atender dos requisitos do livro da Lei de Aleister Crowley – Que foi algo que vim ler, anos mais tarde  e dizia que os favoritos de Hadit e Nuit, eram os que tinham o riso frouxo, e que viviam para valer.
    Mas no fim das contas foi um sucesso, pois consegui citar todas as 9 regras, e esclareci que os espíritos das trevas, eram livres para castigar aos que traíssem ao círculo. Além disto, também fizemos o pacto da estrela, que figurativamente veio a nos transformar numa constelação de 4 estrelas, pois logo após nos unirmos, fatos interligados começaram a ocorrer. – Se uma sentia dor de cabeça, as outras também sentiam. Se uma caísse, as outras caíam. Um verdadeiro efeito dominó mágicko.
    A segunda reunião foi no cemitério do Santa Rita, para onde eu, e uma das meninas, costumávamos ir para beber, sem que nossos pais soubessem. – Calma, nenhum animal foi sacrificado, assim como as tumbas permaneceram intactas. Nós somente conversávamos, bebíamos, e devorávamos as frutas suculentas, adubadas com os restos mortais, dos quê já tinham partido.
    Lembro-me de como foi. Entrei no jogo dos espíritos, e sem querer recebi uma mulher, bastante irada, que queria me obrigar a desistir do meu namorado. Seu nome era Isabel e parecia disposta a me ferir. – Como a boa aquariana que sou, logicamente me opus, somente porquê era a vontade dela. Tive 5 dias para desfazer os laços com o cara, ou morreria, e como estava ligada as outras 3, a ameaça também valia para elas.
    A pressão foi grande, mas não tomei uma decisão, até atravessarmos a rua, e quase sermos atropeladas. 
    Terminar com o “satanista” foi algo fácil, apenas porquê me trouxe mais paz do quê continuar, com um verme inteligente, que me tirou tanto do sério com as suas mentiras, que em 4 meses de namoro, eu literalmente tentei matá-lo usando magia. – Era 31 de outubro para 1 de novembro, quando fui ver se ele iria para as festividades, mas ele alegou está indisposto.  Fui compreensiva, e decidi ir com a minha mãe, mas sem uma galera para me divertir, sai cedo, após nos encontrarmos com o meu pai, que estava saindo com uma garota de aparentemente 19 anos. – Santa crise de meia idade Drácula! – Caso não tenha entendido, meu pai se parece demais com o Bella Lugosi, e por isso sempre o chamei de Conde Drácula.
    Por volta das 1:45 da manhã, uma das meninas do Coven, me contou que o viu no evento, e tal atitude desleal, me deixou tão furiosa, que decidi usar a força do meu ódio para atingi-lo. – Só não sabia que era tão grande.
    Derramei meu sangue num papel, e com o mesmo fiz um pentagrama invertido, no qual uni meu pseudônimo Siath com o nome de Lúcifer, e lhe roguei várias desgraças, por praticamente uma hora, das 6 até as 7 da manhã, e fui dormir. – Quando deu 16 horas, ele me ligou, dizendo que mal conseguia andar, e tinham lhe atestado possível pneumonia.
    Eu ri, e lhe contei a verdade, que tinha feito algo para o machucar. O tal tenebroso homem mais temido da pequena cidade, implorou para mim, como um garotinho para desfazer o quê quer que fosse. – E claro que desfiz, só queria lhe punir pela mentira, não matá-lo oras.
    Então quando acabou, para mim foi alívio, e isso me trouxe uma sensação de liberdade muito grande. Por isso decidi mudar o meu pseudônimo para Carry Manson, e Carry jamais seria como Thaís.  – Assim em dezembro de 2010, decidi que procuraria por um par, que tivesse coisas em comum comigo, independente da religião ou aparência.
    Foi então que conheci o amor da minha vida, mas isto fica para o próximo capítulo, em quê abordarei não só minha vida pessoal, como também o destino do Sees.
    Capitulo 3- 2011
    Narcisista, egocêntrica, manipuladora, e o demônio com rosto de anjo. – Isto certamente me definia, pois até aqui, já deve ter percebido, o quanto  era desumana em muitos aspectos da minha vida. Mas a maioria das pessoas não conseguia enxergar, não importava o quê fizesse, para mostrar a minha verdadeira natureza. Sempre me achavam uma linda menininha inofensiva. –Só que o meu amado não, ele me amava com todos os meus defeitos, e não me obrigava a ser uma bonequinha de porcelana, que nunca podia levantar a voz.
    Nightmare, era um dos amigos da minha melhor amiga, e eu o conhecia pela rede social do orkut, desde que tinha terminado com o nerd. – Sempre marcávamos de nos ver, mas eu nunca ia, pois nem foto de perfil ele tinha, e eu prezava bastante pela minha segurança.
    Num sábado entrei no MSN, outra rede social quente da época, e decidi lhe mandar mensagem, perguntando se a gente tinha brigado por alguma razão, que não conseguia me lembrar. – Memória seletiva é complicada. Mas ele deixou claro, que tudo estava bem, e por isso insinuei que me arrumasse um encontro. Só o quê amigo dele estava passando por problemas, e por esta razão se ofereceu para ir em seu lugar.
    Eu aceitei, só que para ter certeza de quê era o cara certo, pedi para trocarmos telefones, e nos falarmos antes de nos vermos. – Até aquele momento não estava nas nuvens, para conhecê-lo, afinal o cara vivia mandando exclamações, sempre que falava comigo, e isso me fazia pensar que era mais dos homens felizes, que dificilmente aceitaria a plenitude das minhas trevas, e minha vida de pecados intensos. Só que quando ouvi a sua voz profunda e mórbida, a situação mudou.
    Não era o palhaço como o Coringa, nem o bom samaritano como o Super Homem, seu timbre sombrio, lembrava bastante o Batman, que era o meu personagem favorito desde menina.
    Conversamos por horas a fio, sobre os mais diversos assuntos, de ocultismo a cultura pop, e quando não tínhamos mais o quê falar, brinquei exatamente como fazia com a minha amiga, pois como não sabíamos xavecar, para criar afinidade com os garotos, usávamos até questões fúteis, para que o silêncio não imperasse. – Como por exemplo “Qual é o seu biscoito favorito?”
    Conversar com o rapaz foi tão maravilhoso, que cheguei a sonhar um dia antes do encontro, que ele tinha entrado na minha vida para me fazer feliz. – No sonho entrava no quarto com o meu coven, e dizia-lhes que estava namorando o Nightmare! – Alongando o nome com as notas da música do Avegend Sevenfold. – E a gente comemorava como uma grande conquista. Isto antes de saber se tinha física também, pois só a química não era o suficiente. – Já tinha tido outros sonhos que previam o futuro, mas na maioria das vezes, eram coisas boas, que depois se tornavam ruins, e o presságio não mostrava, por isso seguia em 60%, não 99.
    O encontro foi num dia semana, numa segunda senão me engano, dia 13 de dezembro. Fui com mais duas amigas, a melhor e a ladra de pretendentes, que decidiram me acompanhar pela minha segurança, antes de me deixar a sós com ele.
    Nós caminhamos pelo lugar bonito, na praça beira rio, e nos sentamos abaixo da Fortaleza de São José. Ele usava um boné, e estava ouvindo Papa Roach, uma das bandas que gostava bastante na época. Aos nos ajeitarmos, ele me ofereceu um lado do fone, e quando a música tocava, falou sobre o clipe da mesma, onde o rosto da moça se despedaçava, e quando seus dedos tocaram a minha face, fiquei corada como nunca antes. – Era como se fosse o meu primeiro amor, e ninguém tivesse sequer me abraçado antes.
    Naquele dia meu pai apareceu, e como estava no escuro com um estranho, ele o detestou. – Como tudo mais que me fazia bem. 
    Nós trocamos mensagens, e após conhecê-lo ele queria ir devagar, e eu praticamente queria casar, como se fosse do signo de peixes no primeiro encontro, segundo o Vitor Dicastro. Contudo do momento que recuou, a frieza aquariana se tornou presente, e parei de lhe responder as mensagens, para ir dormir.
    Nosso segundo encontro foi na mesma semana, na quarta-feira daquele mês. Neste cometemos o erro n° 1 da paquera. “Em hipótese alguma fale dos exs.” Mas nós o fizemos, e ele esclareceu que se fosse adiante, não seria um relacionamento de um segundo. – Já tinha desabafado várias vezes com ele antes, e posso admitir que tinha problemas, para manter um relacionamento sério. Só que tudo deu certo, e fomos para um banco na frente do CCA, no qual ele me roubou um beijo, e depois veio o segundo, e assim por diante. – A física era excelente, ô pegada boa!
    O relacionamento foi se tornando cada vez mais sério, passávamos quase 24 horas trocando mensagens, pois havia a escola, e outras coisas.  – Como o Sees, que começava a se desfazer, por causa que a mais patricinha tinha começado a ver espíritos, e a minha amiga, havia iniciado um relacionamento com um cara, que não era a favor das nossas práticas, apesar do ótimo gosto musical.
    Só restou eu e aquela que tinha abandonado a igreja, por isso tentamos de todas as formas manter o quê sobrou do grupo, e fizemos algumas reuniões, entrevistas, e até chamamos alguns rapazes que conhecíamos, mas poucos estavam disponíveis para praticar. – E assim o Sees enfim desmoronou, porém antes de entrar para as lembranças, trouxe uma experiência única.
    Era sábado a tarde, quando eu e a antiga beata fomos para o cemitério do Santa Rita. Nós chegamos lá, cumprimentamos o guarda, e ficamos por ali mesmo, quando de repente um homem moreno, de chapéu branco e camisa vermelha surgiu. 
    –Estão aqui a trabalho ou a passeio?
    _A passeio. (Respondi)
    _É, viemos visitar uma tia nossa.
    _(Risos) Cuidado com as visagens!
    _Eu só temo aos vivos! (A minha amiga disse)
    _A morte é uma escapatória para os covardes.
    Disse com um sorriso. O homem colocou a mão na aba, como uma reverência, e sumiu em meio a mata alta. – Ele era o quê eu chamava de guia, seres que aparecem ao acaso, para te auxiliar, dando-lhe as respostas que perguntou ao universo, e nunca mais são vistos.
    Assim que desapareceu de nossa visão, nos deitamos nas lápides, e nos focamos nas sombras. A menina teve uma visão, e eu também. Na minha vi a silhueta de uma mulher, cujos os cabelos eram enrolados como os meus, mas parecia uma camponesa, que havia sido enforcada no topo de um pinheiro, por cipós cheios de espinhos. – O quê me fez concluir que aquela era a minha vida passada, e estava comprovando, que havia mesmo sido uma bruxa.
    Seu corpo despencou, provavelmente já faziam dias desde a sua morte, e o cipó tinha apodrecido. Um ser meio homem, meio touro, veio até a bruxa, e a recolheu. – O calafrio me percorreu a espinha, pois estava claro que ia para o inferno, e não sabia se isso era bom ou ruim. – Meus olhos se encheram de espanto, pela forma como ele a pegou. Não a punha em seu ombro , como um pedaço de carne de açougue, nem a puxava pelos cabelos. Apenas a segurou no seu colo, como se fossem recém casados, e desapareceu com a mesma na densa névoa. Então 7 ou 8 rostos se formaram, sendo 5 de mulheres, e o restante de homens, ambos vestidos como nobres do período renascentista. 
    No caminho de volta para casa da menina, me senti um pouco mais cansada do quê deveria, e desmaiei na rede dela. – Onde tive um sonho, do qual não consigo me recordar.
    A noite conversei com o meu amado, e lhe contei sobre a visão que tive entre as tumbas. Enquanto nos falávamos, notei que meu quarto começou a escurecer, por isso desliguei, e vi que todas as sombras que estavam ali, tinham chifres, e apontavam para mim. – Senti um enorme calafrio, e decidi dormir fora dali, pois tive a impressão de que eles sairiam das paredes.
    O relacionamento com Nightmare, se tornava cada vez mais sério, por isso o escolhi para ser iniciado no Sees, mas ao contrário do quê fiz com as meninas, lhe avisei que tomar-lhe-ia a alma caso entrasse, e ele aceitou as condições. – No outro sábado, de madrugada enquanto a minha mãe dormia, abri-lhe os caminhos do mundo oculto de vez.
    Acendi as velas negras, lhe cortei o dedo, uni o seu sangue ao meu, então fizemos a magia sexual, evocando os 4 príncipes infernais, e no fim o  declarei como o meu rei. – Afinal ele tinha me ensinado a jogar xadrez, e nos víamos como o rei e a rainha do jogo.
    O sees em si virou pó, mas as suas consequências, puderam ser sentidas, mesmo após acabar. Uma vez no domingo, a minha melhor amiga apareceu em meu lar, e me contou algo que me assombrou por muito tempo. – Por alguma razão a pobre ficou possuída de tal forma, que tentou machucar o seu amado, e os pais dele chamaram um padre para exorcizá-la. Mas a criatura era tão poderosa, que rezava os versículos com o homem santo. 
    Eu tinha dito que haveriam consequências, que os espíritos das trevas iriam punir, quem traísse o círculo. Mas me referia a seres inferiores, jamais uma criatura de tal porte. – Assim sendo quando a moça saiu, fui até a frente do espelho, que sabia que era um portal, e me vi. Minha pele era azul, e de alguma maneira me refletia como um monstro horrendo. Chorei bastante por isso, pois era um sinal de quê as trevas estavam outra vez, tomando posse de mim.
    Todavia a situação ficou ainda mais estranha. Certa vez enquanto estava no banheiro da escola, uma menina entrou ali, e me disse “Você realmente veio para revolucionar esse lugar.”, e confessou que era satanista, por isso me senti mais a vontade na sua presença.
    Desenvolvemos uma boa convivência de imediato, mas infelizmente, haviam segredos que ela escondia de mim, e que pareciam bem ruins. – Era hora do intervalo, nós conversávamos sobre os filhos dos demônios, e vendo que a maioria tinha as mesmas habilidades que eu, lhe questionei. “Será que não sou uma também?” e ela disse com veemência “Não! Você não!” e isto me deixou bastante intrigada, ao ponto de conversar com o Conde Drácula, que parecia entender os mistérios, mas não queria me dizer diretamente.
    Estávamos no carro, voltando para casa, após um longo dia, e lhe falei “As pessoas não me acham digna da magia sabe?” Fui bem sincera, e eis que o céu escureceu, e ele disse “Quem ousou dizer isto?!” – Foi o quê chamo de impressão, (termo retirado da HQ Hellblazer) que é quando uma entidade aparece rapidamente num corpo.
    Os fatos incomuns não paravam de se acumular, por isso me entreguei a leitura do espiritismo, que me parecia uma religião bem evoluída, em relação as outras. – Ser satanista é conhecer o inimigo e tê-lo na palma da mão baby –  e decidi fazer uma projeção astral em rumo ao Inferno, para encontrar respostas, para as minhas grandes questões daquele tempo.
    Após passar muito tempo sem dormir, e projetar dentro de casa, decidi tentar o grande feito. – Cheguei exausta da escola, e me joguei na cama, somente de calça jeans e sutiã vermelho, me focando em chegar ao reino infernal.
    Acordei do outro lado, dentro da minha escola, vestida exatamente como dormi. Já era de se esperar, que o meu inferno pessoal, fosse justo aquele maldito lugar. A menina que me abordou no banheiro estava lá. “Ele quer falar com você, mas não vá com ele” Disse-me com raiva, e sem entender, caminhei até a recepção.
    Ao chegar lá, encontrei um lindo homem de rosto grego, meio cinza, com chifres vermelhos, e asas de morcego, que trajava apenas uma calça negra, solta, como a dos samurais. Ele me estendeu a sua mão, e eu a segurei. Então este levantou voo, comigo no seu colo, e tudo ali começou a se destruir, por conta dos inúmeros tornados. – A menina que me levou até o demônio, se trancou num carro antigo, e foi consumida pela catástrofe, enquanto me fitava dominada pelo ódio.
    Acordei daquela viajem, e fiquei curiosa sobre quem era o meu salvador, por isso me joguei na internet, e comecei a pesquisar em diversas fontes. Mas todas indicavam que era o próprio Satã, e isso fez meus olhos brilharem, ao ponto de crer que era uma dos seus soldados. – Só que levantou a duvida, o quê eu era, para ter alcançado tamanha glória?
    Segui meus dias, entrando nas comunidades ocultistas, tentando entender a mensagem que recebi no astral, mas as respostas de muitos, eram genéricas demais  como “você leu demais e sonhou com isso”. – Só que não era um sonho, e sim uma projeção em terras infernais, mas a falta de compreensão era tanta, que preferiam crer em coisas tão simplórias. Eu sabia do fundo do meu coração que era algo mais, sentia isso em mim, por isso quando um sacerdote de 40 anos apareceu, e me disse que Satã havia me escolhido, decidi conversar com ele, e outra moça, que parecia compreender sobre as insanidades, que aconteciam na minha vida, por também ser uma bruxa satânica.
    Só que quanto mais ia ao astral, mais ataques recebia, e todos vinham da menina da minha escola, que no campo de batalha, tentava me aplicar algo, com uma seringa cheia de um liquido viscoso. Mas eu sempre a vencia, usando todas as minhas habilidades ligadas aos elementos, que por alguma razão, lá me permitiam até controlar o tempo, como a deusa Ororo de Xmen.
    Como sempre considerei as palavras, que não me agradavam, refleti bastante sobre meu encontro com Satã, e até aceitei que podia mesmo ser um sonho. – Só que o conceito mudou, tão rápido quanto surgiu, pois encontrei a minha atacante, que me chamou no corredor, e me revelou que andava tendo pesadelos comigo. Neles eu saia de um pentagrama, e ao meu redor estavam várias pessoas, que supostamente havia matado, e ia para cima dela. Por isso a mesma pediu para nos afastarmos. – Foi ela que declarou guerra, quando misteriosamente o cemitério que adorava frequentar, virou notícia por conta de um culto brutal, no qual um bode foi assassinado, e disseram ser obra de “satanistas.” – Por causa de tal fato, os guardas começaram a pegar no pé, de quaisquer pessoas suspeitas. E uma menina de batom escuro vestida todo de preto, era certamente um bom alvo para isso.
    Queria saber separar a vida pessoal da mágicka, mas creio que o quê fez sagrada, foi o fato de ser totalmente oposto. – Minha reserva de energia oculta, conhecida como Satã, estava crescendo cada vez mais, e toda vez que me sentia desafiada, usava meu poder para provar o meu valor.
    Num dia qualquer disse a um amigo que seria atropelado, e mais tarde, o mesmo veio falar comigo. Estava mais pálido que o normal, e me pediu para jamais brincar daquela forma outra vez, pois na tarde daquele dia, um caminhão quase o atropelou. – Naquela época, pensei ter a ver com minha capacidade oculta, mas hoje vejo que foi apenas a lei da atração agindo. – Você atrai aquilo que teme.
    O menino que era um santo, ia a acampamentos da igreja e tudo mais, começou a voltar-se para as práticas da magia. – E de alguma forma me sentia responsável pelo feito, pois vivia lhe contando sobre as minhas aventuras. 
    Graças a ele, descobri mais uma pista a respeito de quem era, pois este encontrou uma bruxa mais velha, e lhe contou sobre mim, para que pudéssemos descobrir o quê tudo o quê vinha acontecendo significava. – Era como se fosse uma universitária de ocultismo, pois a mulher lhe disse, que tudo o quê precisaria em breve era fazer uma escolha. Enquanto ele, teria que estudar bastante para se desenvolver.
    Isto me parecia muito verdadeiro, pois em 11/11/11 aconteceu uma coisa, que literalmente testou os limites da minha razão. – No dia anterior a abertura do portal, a minha amiga foi na minha casa, e nós debatemos sobre o quê o 11/11/11 significava. No meio da conversa ela soltou “Algo grande irá acontecer, mas passará despercebido por todos.” E seguimos falando a respeito, focando principalmente no símbolo do Anticristo, pelo qual nós éramos apaixonadas, e que apesar da narrativa do filme a profecia – Que me fez ter um sonho com o menino da trama-Achava que era uma mulher. Naquele tempo para mim, um portal era algo que só podia ser aberto pela elite, que já tinha atingido o limite máximo dos seus poderes sobre-humanos. – Por isso não consegui entender o quê veio adiante. Dormi tranquilamente, nos braços do meu amado, e despertei numa passarela de vidro, que ficava acima das águas, localizada entre enormes montanhas marrons, das quais podia-se ver a cachoeira cristalina. Estava coberta por uma túnica negra, e caminhei até o fim da ponte, onde encontrei um monólito, no qual se encontrava uma tábua de pedra, semelhante aos 10 mandamentos, mas com símbolos alienígenas, que brilhavam na cor verde, e de alguma forma reconhecia, e alinhava. Feito isto um asteroide passava entre as nuvens, e em seguida apareciam vários nomes de lápides de presidentes, e o ano 1999. – Por quê é assustador? Minha mãe falou que um colega lhe contou, que no dia em questão, um astro passou próximo a Terra, e o mesmo era também responsável pelo dilúvio lá no passado. ( A coisa mais estranha, é que um objeto celeste realmente passou naquele mês, mas eu não tinha conhecimento disto.)
    Saber destas coisas, foi me tornando uma criatura cada vez mais mesquinha, pois tamanho poder, influência e beleza, só me fazia ter cada vez mais ambição na vida, e enquanto eu lutava para alcançar o topo, meu par apenas se confortava com uma existência vazia de pouco luxo. – O quê irritou muito o meu pai, pois a gente morava junto na época, e o rapaz não tinha ânimo para ir procurar um rumo na vida.
    Eu tentava ser compreensiva, porquê sabia como se sentia perante os demais, mas no fundo me sentia tão incrédula, quanto o próprio Drácula. – Por isso, quando a mãe lhe conseguiu um emprego em outra cidade, preferi que fosse, pois concordava com o meu pai. – Precisava de alguém que caminhasse comigo, não que ficasse nas minhas costas, me atrapalhando a chegar na parte mais íngreme da montanha. – Não entenda errado, ele suportava todos os meus dramas, tínhamos muito em comum, só que a sua falta de prazer em ascender na vida, pesava demais para mim. Eu fiz de tudo para quê dessemos certo, abri mão até mesmo da minha vida de luxo, para ir viver com ele, e isto resultou numa das minhas experiências mais assombrosas. – Viver na casa de Nightmare, era um enorme desafio, principalmente porquê a sogra, me odiava tanto quanto o meu pai ao filho dela, e como ele não queria que pensassem ainda pior a seu respeito, não me deixou faltar na escola naquele dia, mesmo lhe dizendo que não queria ir mesmo.
     Ao chegar lá, não teve aula, e a patricinha ladra de projetos, nos chamou para beber com os colegas. – Cachaceira como eu e a ex-beata éramos, aceitamos na hora, tomar uma Vodca com suco de laranja. Eles foram na frente, e nós duas tomamos o caminho do sol quente, para chegar ao “Poeirão”, porquê ela teve um mal pressentimento. – É incrível como o simbolismo surge no dia-a-dia, pois literalmente estávamos seguindo por um caminho diferente, por não sermos como eles. – Ela não era como eles Blutengel- Lúcifer.
    Chegamos no local, e iniciamos a bebedeira. O povo tinha um péssimo gosto musical, e eu não conseguia tolerar isso. “Coloca a Lady Gaga” dizia, mas eles continuavam a ouvir funk carioca. Minha amiga não era tão elitista, por isso foi rebolar até o chão, e eu virei meia garrafa num gole.Tinha comido antes, mas do mesmo jeito o álcool me subiu a cabeça, e entrei num daqueles transes, só que consciente desta vez. – Era como se estivesse no meio das nuvens, e haviam vários anjos entorno de mim. Isso me deixava apavorada, ao ponto de ameaçá-los de morte, caso se aproximassem. 
    Do nada o céu escureceu, e a chuva começou, todos incluindo a patricinha saíram correndo, e a ex-beata ficou para me ajudar, enquanto eu vomitava sem parar, ao ponto de espumar pela boca. – É nesta hora que se vê quem são os seus amigos de verdade.
    Ela me levou até um bar, onde pediu que ligassem para o Samur, e nos confundiram como irmãs. Dentro do veículo agradeci a paramédica por me ajudar, e pedi pra ex-beata ligar para o meu amado. No banco de espera, desmaiei, e ficava oscilando entre este mundo e o outro, até que me estabeleci aqui. – Lembro-me que fiquei furiosa porquê ele não apareceu, mas mais tarde, soube pela sua mãe, que tinha pego uma bicicleta para chegar lá, quando percebeu que não tinha um tostão no bolso, para pagar a passagem, e eram 40 minutos do seu bairro até o hospital, e eu fiquei menos tempo que isso, após diagnosticarem a minha melhora súbita, do quase coma alcoólico. 
    Certa vez logo após ele ir para Ferreira Gomes, eu fiquei até de madrugada na internet, conversando com um gótico metido a ocultista, que só reforçou uma ideia presente em minha mente. – Eu merecia mais do quê aquilo, e por um pensamento tão egocêntrico, dado a minha natureza, acabei por me envolver com este cara, por apenas uma noite. Mas depois que acabou, deixei claro que não se repetiria, e de imediato quis terminar meu relacionamento. – Mesmo que fossem somente palavras, não tinha cara para continuar, como se nada tivesse acontecido, eu não era a Srta Seios Fartos.
    Meu companheiro me ligava sempre do outro lado. Só que eu lhe dava patadas, dizia que não o amava mais, e tentava fazê-lo me esquecer a qualquer custo, pois o quê fiz, não perdão. – No entanto era persistente, e esconder o meu pecado contra ele, estava se tornando cada vez mais difícil, já que quando nos conhecemos, o mesmo me disse que via o futuro, e agora fazia juiz a isto.
    O amante de uma noite, não me deixava em paz, entrava nos grupos em quê me encontrava, e fazia dramas, por tê-lo bloqueado do MSN, mas eu não deixava os rastros da traição, portanto não sabia como meu marido, poderia ter previsto tudo com exatidão. – Numa noite qualquer, estávamos deitados no quarto da minha mãe, e em meio a penumbra ele disse “Você vai me deixar por alguém da internet.” E eu fiquei apavorada, dizendo que era impossível. – E era mesmo, o amante era um canalha, e nem em sonho planejava ter um relacionamento sério com ele. – Contudo meu par usava o argumento, de quê havíamos nos conhecido na internet, e isto ia se repetir. – Mas duvidei porquê na época tínhamos um relacionamento a distância, e já não aprovava tal coisa.
    Naquela noite ele surtou, saiu batendo portas, e então pegou o seu canivete Soul, que ficava junto da minha faca Deathpeople. Com um sorriso diabólico, disse que as vozes o mandavam me matar, e eu fiquei abraçada ao meu notebook, sem saber o quê fazer, sentindo a lâmina na minha garganta. Foi então que tive um estalo, e decidi manipulá-lo da mesma forma, como fiz com a minha mãe lá em 2009. – Apaguei as luzes, porquê sabia que o escuro o acalmava, e lhe abracei forte entre lágrimas “Se as vozes dizem para fazer isso, elas não são boas, então por favor para de ouvi-las!” Disse abraçando-lhe enquanto ficávamos deitados na cama.
    Contei a bruxa satânica, com ainda mais detalhes, do quê agora sou capaz de dizer, e esta concluiu que era uma possessão, e que soube lidar bem com o demônio. – Além disto na mesma conversa, lhe contei sobre o meu passado, e eis que ela disse algo enigmático. “Agora entendo tudo. Sua mãe foi apenas o ovo, você sempre pertenceu a Satã.” E depois sumiu sem deixar algum rastro.
    Contei a verdade para o meu companheiro, e ele me perdoou imediatamente. – Provavelmente porquê a gota d’água, foi ter conversado com a detestável ex, uma semana antes da traição, e não ter me contado. O quê pode se dizer como o verdadeiro pivô, pois a minha insegurança, era tanta, que só pensava o pior.
    Nós tentamos seguir adiante, só que acabei me encantando por uma moça de São Paulo, e ela por mim, e assim acabei casada com um, e namorando-a a distância. – Mas todos as partes envolvidas sabiam, e até mesmo se davam bem. – Viva a fidelidade satânica!
    É claro que não deu certo, e o trio se desfez. Depois disso voltei a caça, gostei de um rapaz, de outro, e nunca me decidia se continuava ou não com o meu rei. – Que entre uns e outros, era agora o meu amante, e com ele me sentia a vontade para trair aos outros.
    Quando finalmente estávamos nos ajeitando, numa amizade colorida, o pior veio. – Conheci um rapaz, que me disse que juntaria cada caco do meu coração, e lhe disse friamente para que entrasse na fila. Ele parecia ter 15 anos, e eu realmente detestava gente mais nova. Só que era outro persistente, que ficava por perto, tentando me conquistar, mas eu não dava a mínima, para cavalheirismo forçado. – Lembre-se que deixei até o nerd, que era um amor de pessoa, porquê a química não batia.
    Porém numa madrugada isso mudou. De garoto insuportável metido a príncipe, eis que surgiu a sua outra face, a demoníaca, que não era um lambe botas, e isto me despertou o interesse. – Vivia assistindo documentários sobre maníacos, psicopatas, e assassinos no Discovery Chanel, e o History. Então quando alguém supostamente perturbado apareceu, quis estudá-lo. 
    Infelizmente a versão de plástico, continua a me encher o saco, e eu só estava focada na sua real essência. – Está bem, o meu gosto para homens era péssimo, mas é preciso que entenda, que a minha natureza não é benevolente, por isso me juntar a alguém, que fosse normal estava fora de cogitação, porquê me entediava.
    O menino e meu ex-marido, começaram a competir, mas a minha atenção no novo, acabou por resultar na vitória deste, e assim meu antigo par teve de partir. – Não foi uma despedida dolorosa, pois até transamos antes, e ele mesmo abriu caminho para o outro, ao me ajudar a restabelecer a conexão da internet, quando a CPU, aparentemente parecia ter queimado, e não podia falar com o rapaz.
    O amor da minha vida se foi, e aquele que desgraçaria de vez a minha mente, foi o quê ficou. – Como em o Alienista, a verdade mais dura ficou clara, conviva demais com os loucos, crie uma ligação com o mesmos, e será o próximo a ir para o hospício.
    O rosto malévolo do garoto, as coisas que supostamente dizia ser capaz de fazer, mas que me parecia romântico demais para tais atos, me deixava fascinada admito. – Eu estava me tornando obcecada pelo ser que criou, e queria provar-lhe que a suposta mortal inútil, tinha mais valor do quê imaginava.
    Logo que iniciei o relacionamento, tirei o arcano 15 no tarô, e em vez de ver a clara mensagem negativa, preferi abraçar aquilo como “destino”.   – Nem eu sei o quê aconteceu ao certo para ficar assim, só lembro que foi pouco depois, dele ter dito que teve um apagão, e se encontrou diante de um pentagrama, derramando gotas de sangue no mesmo.
    Conviver com o mesmo não era fácil, e por isso eu costumava reclamar bastante, exaltando o relacionamento que um dia tive. – Isto o tirava do sério, da mesma forma, como possuir inúmeros contatos de garotos, com os quais flertava, quando me fazia raiva. 
    Finalmente tinha entrado num relacionamento abusivo, e ao menos desta vez, não era quem pisava nos outros. – A sensação era terrível, e isso me atrapalhou bastante, na hora de aceitar a descoberta sobre quem era.
    Um dos rapazes com o qual me envolvi, mas me joguei para escanteio, falou para o meu amigo, que eu era herdeira do inferno, e este me repassou o fato, como se fosse algo dele. – O quê não gostei inicialmente, e o fato de ter beijado ele e mais dois num fim de semana, tinha abalado a nossa amizade. Pois assim como odiava traição, não queria que ninguém mais sofresse com isso, e quando aconteceu, ele namorava a minha colega de turma da 211, para quem tive de contar tudo, e esclarecer que foi um erro. – Eu sei é hipócrita da minha parte, mas quando se é jovem, dificilmente se dá conta das besteiras que faz.
    “Herdeira do Inferno.” Uma frase tão curta, que me trouxe tanta dor e sofrimento. – Após a descoberta, vários caras se aproximaram de mim, alegando que eram o meu marido demoníaco da outra vida, e isso me deixou bem frustrada, pois sentia como se quisessem me usar, para subir na escala infernal, e mesmo que parecesse grande coisa, para mim aquilo era pouco. – São palavras. Não é porquê alguém disse que automaticamente, iria abraçar tal destino sem mais nem menos. 
    Precisa questionar o fato, analisá-lo, antes de tomar como verdade. Por essa razão, sai novamente em busca de provas, que me fizessem de fato, a futura rainha do inferno.
    Na época conversava com um De Molay, que antes tinha me dado o fora, e depois que nos tornamos amigos, veio com a besteira de se apaixonar. Mas apesar de tudo, ele me protegia do outro, e parecia ter bastante conhecimento oculto, logo era uma boa alternativa, pergunta-lhe a respeito de tal novidade. – Ele não só não discordou, como esclareceu que eu era filha de Lilith, e em muito lembrava a minha mãe.
    É claro que duvidei. – Lilith a poderosa, dotada de seios fartos, e cabelos perfeitos? Impossível! Só que gradualmente, fui encontrando provas, que me ligassem a ela. No retrato de John Collier de 1887, a bela era retratada com seios pequenos como maçãs nem excessivamente magra, muito menos gorda, com madeixas douradas e crespas. – Semelhante as minhas, cujas as quais, a minha mãe terrestre, dizia que era “cabelo de surfista”. Além disso o nome Lilith, terminava com o mesmo Th, presente no meu, e por mais idiota que hoje pareça, não acreditava que era uma coincidência. – O resto dos traços como criatura lasciva e cruel, já devem ter ficado claro.
    Saber que tinha a essência de Lilith, a rainha do Inferno, era algo maravilhoso para mim. – Tudo começava a fazer sentido, as visões, as situações escabrosas, a minha persona obscura, e por isso quando soube da segunda parte , foi um choque para mim. 
    Através de uma bruxa wiccana, soube que o Deus que deu origem ao mito do Diabo, e a Deusa virgem desavergonhada, a qual odiava, me amavam e me protegiam. – E não era uma benção comum do grupo, apesar do quê possa parecer. Ela literalmente tirou nas cartas para saber. – Terrivelmente, não soube apenas me auxiliar, ao descobrir quem era, de imediato ficou furiosa comigo, e disse que Ela quem era a filha de Lúcifer e iria reinar. Algo que era complicado, pois não tinha tido uma vida tão ligada ao Inferno, para quê outra viesse tomar o lugar, que parecia me pertencer. – Estranhamente depois da afronta, por causa do seu namorado cafajeste, que alegava que eu era poderosa, regente do bem e do mal, e que podia transitar entre o céu e o inferno por ser filha de Lúcifer e Maria Padilha. – A mesma bruxa disse sob o estado de “mensageira”, que o meu futuro seria extraordinário. Só que o sucesso mundano, já não me parecia o suficiente, por isso lhe perguntei se era normal ou mágico, e o tal ser respondeu que era mágico. – Ainda estou no aguardo sobre isso.
    Como tudo estava ficando cada vez pior, recorri ao mago de 40 anos, que inicialmente me disse que fora escolhida por Satã. Este me revelou que no ano do fim do mundo, descobria algo importante, e que era uma das peças chave, para os planos de Satã na Terra. – O quê seria conclusivo, mas logo após a descoberta, tive um sonho do qual jamais esquecerei. Estava correndo na chuva, tentando fugir de um homem encapuzado, e quando pulava do penhasco para o outro lado, uma voz de trovão dizia “Cuidado com aquele que diz querer ajudar o teu pai, pois o mesmo, apenas está procurando meios de destrui-lo!” Naturalmente pensei em Arikiel, porém quando o magista de 40 anos, fez uma proposta indecente, sabendo que o via como um pai, e que eu tinha 16 anos, ficou claro de quem se tratava o comunicado. – Filho de Satã é? Engraçado pois meu pai jamais aprovaria a sua conduta para comigo.
    Por fim, naquele mesmo ano uma menina me enviou mensagem, e achei bastante incomum, porquê nem a conhecia, e a outra moça que era a sua amiga, pouco sabia ao meu respeito. – Mas ainda sim esta deixou claro que éramos irmãs, por termos a essência de Lilith, e sua prima que também era uma bruxa, me disse que eu era pura. Algo que odiei de imediato, e acho que por isso ela completou com “Pura...Pura maldade.”
    Eu era a princesa infernal não é? Ia herdar o trono do Inferno, e governar os outros. Então me diga como quê diabos, foi me mostrado que tinha sangue de anjo?! –  Como já deve ter percebido até aqui, não sou de aceitar as coisas, antes de muito questionar. “Anjo, anjo, anjo” Era o quê ficava na minha cabeça. Como é que podia ser filha de Lúcifer e Lilith, e ter uma essência tão terrível?! Isso me devastava, e para piorar, o meu namorado, reforçava que meu poder era ainda menor, por possuir as malditas asas de penas. – Eu nunca comemorava pelas descobertas. Primeiro Filha de Lúcifer? Isso era uma piada entre os satanistas da cidade! Além do mais, até naquele tempo havia tanta gente se denominando como tal, que me doía o peito, pensar com quantos teria que competir para sentar-me ao lado do meu “pai”. Segundo anjo?! Pura?! Que porcaria era essa?! Depois de tudo o quê tinha aprontado na vida, não havia razão, para crer que era uma celestial. – Só que era, e uma pequena seita de fanáticos, que para minha infelicidade desapareceu do Google, me mostrou a extensão do problema. – Logo após eu ter tido uma visão, de um anjo de asas negras, copulando com uma linda mulher ruiva, num lugar que parecia o Éden. – Eles esclareceram que Satanás tinha uma filha, e que esta foi expulsa do paraíso, junto com o pai. Contudo não era a única a falar a respeito, tinha uma outra, que era mais específica, dizia que a filha levava todos a perdição, e os que se casassem com ela, teriam que servir ao seu pai. Não sei se sumiram também, mas juro em nome do Cosmos, pareciam falar de mim, só estavam errados numa coisa, eu não uma senhora, nem nunca seria, pois tenho problemas para envelhecer fisicamente. – Tenho 24 anos, mas pareço ter 16, por conta dos problemas hormonais.
    As imagens do passado pareciam se tornar claras, vez ou outra entrava em transe na escola, e via a minha outra vida. – Tinha estudado numa instituição mágicka, em uma outra dimensão, cuja a tecnologia era mais avançada do quê este mundo. Mas não era só isso, lá era a pior das piores, por isso todos me chamavam de mini Lilith. Era tão ruim, que havia até mesmo roubado o noivo da minha irmã, o anjo Alakiel, que do momento que fui para a guerra, quando os celestiais nos acharam, acabou por me abandonar em um carro. – Calma, eu sei que Alakiel é pura imaginação, só que a semelhança entre Alakiel e Arakiel o anjo caído, responsável pelos sinais na Terra, é bastante clara. O quê comprova que a minha visão era turva, mas ainda sim era uma visão. – Ás vezes o transe era tão profundo, que literalmente acordava na sala errada, e nem sabia como havia chegado lá.
    Arakiel era o nome do ser que influenciava, o falso príncipe, ou talvez fosse o próprio, isso não ficou claro,  mas parecia realmente haver uma força sobrenatural por trás de tudo. – Sempre que eu discutia com o rapaz, minhas tentativas de suicídio, traziam a tona a existência do ser, que de alguma maneira, batalhava com o outro, para ficar em seu lugar, e se juntar a mim. Ele batia o pé, dizendo que era um demônio, e eu dizia que era um anjo disfarçado de demônio, que viera para me confundir. – É, vergonhosamente entrei no jogo do sociopata, mas não o suficiente para crer que eram dois seres distintos, pois na minha concepção na época, o bom, gentil e amoroso, era a máscara, que escondia quem ele realmente era, ou seja o Arakiel, que nunca queria me dá o nome, e se chamava de Lord Dark.
    O outro lado existia apenas para me confrontar, por causa da minha conduta, de mulher sirigaita, que estava pronta para deixá-lo se fosse preciso. Só que as discussões filosóficas, sobre o céu e o inferno, anjos e demônios, me fazia querer estar sempre com a versão do rapaz que me machucava, mas que também atraia a minha atenção, e muitas vezes me ajudava a sair das crises existenciais, que ele mesmo me colocava. – Eu sabia que era tóxico, para nós dois, pois também o feria de propósito, só que definia como um relacionamento em que, os dois se xingavam, porém se outros fizessem o mesmo, que nos aguardassem, pois um cuidava do outro.
    Sempre que me metia em confusão, Lord estava lá, e costumava humilhar quem ousasse me ferir. – Isso para mim era importante, porquê embora o meu ex-marido tivesse sempre me aceitado como era, nunca fora capaz de levantar a voz a ninguém por mim, e isto me fazia ter a impressão, de quê era eu contra todos, e não nós.
    Era uma droga viciante, alucinante, que estava me destruindo sem perceber. Pois assim que me conquistou, fiquei na palma da sua mão. Não via os sinais, como: mensagens enviadas por 24 horas, ás vezes que tentou se matar, e me enviou o vídeo, a forma como me envenenava sobre os outros, dizendo que não tinha amigos de verdade, e só podia contar com ele. – Neste ponto tive de concordar, só restou uma ou duas pessoas, das quase vinte, com quem mantinha contato naquele tempo, porquê quando afundei de vez, a maioria torceu para que morresse mesmo.
    Em outubro daquele ano tive um sonho com o meu ex, ele estava vestido de laranja, não me parecia mais consciente de seus demônios, e entrava na minha casa. Eu parecia drogada, não conseguia comer, e pegava com as mãos o macarrão do prato de plástico azul. Só que meu corpo pesava bastante em seguida, e ele me carregava para a cama. – Aquele sonho sombrio, me preocupou bastante, por isso falei para o Lord, que agora tinha “tomado” o corpo de vez, e este me falou que ele parecia o cara do seu sonho, e que tinha de me livrar de todas as coisas que ele me deu, pois isto nos mantinha ligados, e não acabaria bem. 
    Aterrorizada, coloquei a camisa do System of a Down para a doação, e quebrei a estatueta favorita dele, que tinha me dado para provar o seu amor. Uma porcelana marrom em forma de lobo, que ele adorava, por ser fã de tudo ligado ao animal. – Ainda me lembro daquela tarde, me recusava a fazê-lo, mas o garoto ficava sussurrando em meus ouvidos “Quebre, quebre, quebre!” e o fiz entre lágrimas, sentindo como se quebrasse algo em mim.
    Depois do sonho e todo o resto, Nightmare que agora atendia pela alcunha de Soul Ripper, tentou manter contato comigo, mas por medo, eu o evitei, achando que os seus demônios o tinham consumido de vez. Assim sendo o bloquei nas redes sociais, e por isso ele veio na porta da minha casa, só que o tratei com frieza, e ele partiu cabisbaixo. – Eu entendo que queira me dá um soco, pois se eu pudesse faria como Yuno Gasai, e tomaria o meu lugar no passado, para impedir esse erro.
    Gradualmente fui perdendo amigos, e quando somente restou eu e o garoto da web, ele me pediu em casamento, e aceitei. Sabia que tinha um marido vindo do Inferno, e achava que podia ser ele, pois nunca havia sido tão trouxa para alguém antes. – Entretanto tudo mostrava o contrário, e até mesmo a minha irmã, recebeu a mensagem de Lilith, de quê ele não era o meu par, que Lúcifer o tinha escolhido por um propósito, e tomar Arakiel com tal era um erro. – A aquela altura, tinha mergulhado na mais profunda insanidade, e não ouvia nem sequer os deuses, estava convencida de quê era meu, e nada nem ninguém, poderia mudar isso. – Será? 
    Num dia qualquer briguei com o rapaz, e fiz a coisa que ele mais detestava, para atrair o seu outro lado. Bebi até perder a consciência, mesmo sabendo o quão arriscado aquilo podia ser, já que a barreira entre o físico e o espiritual, ficava cada vez mais fina , de acordo com a quantidade de álcool ingerida. – Lembre-se do trágico episódio de 2011.
    Acabei por desmaiar, enquanto conversávamos no celular, pois não me aguentava em pé. Despertei no meio de uma praça, onde as freiras de branco passaveam. Parecia o paraíso, mas as faces daquelas mulheres não me inspiravam confiança, por isso apressei os passos. Foi então que vi uma freira de preto, esfaqueada a sangue frio no piso cheio de quadradrinhos, e decidi correr. As senhoras já estavam entorno de mim, com sorrisos dotados de mania, por isso fiz um grande esforço para despertar, chamando pelo anjo que se disfarçava de demônio. Ele estava desmaiado também, por isso o despertei ligando inúmeras vezes. “Durma, não vou deixar nada te machucar, sabe que basta me chamar se algo acontecer.” Disse-me enquanto eu estava em estado de pânico, só que o efeito da bebida era muito forte, por isso cai no sono de novo. O sonho me pareceu bem normal desta vez. Estava na antiga casa da minha avó materna, enquanto esta ajeitava a cama, bastante sorridente, mas de alguma forma eu sabia que não era ela, por isso disse “Você não é a minha avó! Revele-se!” Então ela parou de dobrar os lençóis, e me olhou com um sorriso assustador, enquanto a sua pele morena, começava a empalidecer, e as unhas ficavam pretas. “Tem certeza de que quer saber?” Perguntou, e eu me preparei para lutar, só que uma força maior, me puxou de volta para o corpo contra a minha vontade. – Nunca soube o nome da criatura, e até hoje isso muito me intriga.
    Em novembro de 2012, me caracterizei como Alerquina, por notar que tínhamos um rosto bem semelhante, e me preparei para ir ao evento de Cosplay, mas quando cheguei na porta, senti uma tontura e desmaiei. – Meu espírito foi levado para o cemitério do Santa Rita, e lá fiquei rodeada por espíritos zombeteiros que diziam “Morte, Dinheiro, Mentira!” repetidamente, e gargalhavam como loucos.
    Tudo estava preparado, para quê eu e Arakiel nos encontrássemos, nossas mães tinham conversado, e a dele havia aceitado a união, pois o rapaz tinha dito que preferia a morte, a ficar sem mim. Dia 28 de dezembro ele chegaria na cidade, só que infelizmente – ou felizmente –  Descobri que tinha me traído em novembro, e a raiva por ele, era maior do quê qualquer coisa que sentisse, por isso fiz o quê ele sempre detestou, sai com a minha amiga ex- beata, e bebi com estranhos. O problema é que o garoto em estado de bebida, tentou me estuprar na praça, e se não fosse pela minha amiga, e o amigo dele, a noite não teria acabado bem, pois morder forte a sua língua, somente o excitava ainda mais.  – Contei tudo ao anjo, disfarçado de demônio, e ele ameaçou o cara de morte, caso voltasse a se aproximar de mim. Só que “pagar em dólar”, não tinha sido o suficiente, eu ainda o odiava por ter me enganado, e por isso decidi terminar em 25 de dezembro daquele ano, após ter tido um estranho presságio, de quê estavam tentando me matar. – Gente de outra escola foi até a minha, e ficou a me olhar estranho, como se tivessem desejos insidiosos. Depois enquanto dormia o teto se abriu um pouco, em meio a chuvarada, e se não saio a tempo do quarto, teria morrido eletrocutada.
    Acabou. Fui dormir, só que naquela noite tive um sonho, de quê ele estava muito magro em meio a escuridão, e escalava meu corpo chorosamente, dizendo “Eu te amo, porquê está fazendo isso comigo?!” Então quando acordei recebi a notícia, meu avô tinha falecido, e o menino nem sequer respondia as mensagens, no início fiquei preocupada, depois soube que estava bem, e entrei num profundo estado de depressão. – Não comia, não dormia, e só sabia falar dele, achava até mesmo que tinha sido separado de mim, por um kimbandista, com o qual puxou briga, porquê o mesmo havia dito que eu era filha de um cachorro de rua, mas nunca de Satã.
    Tentei namorar o DeMolay, mas este me deixou por causa da ex, e acabei fazendo amizade com um garoto detestável, que fez minha amiga sofrer, e que estava arrependido. Vamos chamá-lo de o Geminiano. – O geminiano era de Rio de Janeiro, e costumava implicar comigo por qualquer coisa, mas como era o único que me entendia, sobre querer voltar para a pessoa que havia deixado, só me restava falar com ele.
    Os pesadelos eram bastante frequentes na época, sonhava que estava grávida, e Arakiel – que apesar de parecer ter pouca idade, era um ano mais velho que eu – tinha alguma relação com isso.
    Vivia vendo zumbis, guerras, e o fim do mundo eminente. – Provavelmente pelo bombardeio de mensagens midiáticas a respeito. 
    Meus amigos só sabiam me apoiar com “likes”, em coisas que me faziam me sentir um lixo, e eu sentia raiva disso. – O canalha estava certo? Eu estava sozinha mesmo?
    No ano de 2013, fiz 18 anos, mas foi o pior dos meus aniversários, pois de quem eu queria os parabéns nunca veio. Como se isso não bastasse, um meteorito caiu na Rússia, logo após a renúncia do Papa, e temia que isso de alguma forma fosse associado a mim, afinal era supostamente A filha de Lúcifer, e os religiosos sempre buscam por um bode expiatório. – Lembro-me que não pude comemorar no dia, mas o fiz no sábado, e quando bebi, meus olhos brilharam de forma inumana, ao ponto de ficarem verdes, e isso foi capturado pela câmera.
    Em março daquele ano, resolvi sair de dia, com a ex-beata, queria me destruir sabe? Beber até não aguentar mais. Nós fomos até o Formigueiro, uma praça que ficava atrás da igreja de São José, onde os roqueiros costumavam se reunir.
    Lá encontramos um homem, que usava uma camisa preta, e o símbolo da estrela de Davi, e este não parava de cumprimentar a todos. Até aí tudo bem, só que um dos meninos, me falou que se tratava de um pedófilo, e quando este veio até mim, minha energia cresceu mais que o normal, pois detesto o tipo. – Ele disse “Você tem um espírito forte, tenho certeza que é de leão.” Disse-me, e sorri de forma maldosa, negando, enquanto apertávamos as mãos. Os olhos dele se engradeceram, e o medo ficou presente, ele literalmente saiu andando de depressa, sem falar com o resto do povo.
    Decidimos sair andando pela cidade, e nos estabelecemos na praça da bandeira, onde fiquei no escuro. Então uns 30 minutos após sair do Formigueiro, um grupo de frades a caráter, tão grande que nem deu para contar, surgiu andando pelo centro, e a menina que estava conosco até brincou, dizendo que pareciam ser um grupo de Jedis. – Se era “caçavam pela filha de Darth Vader”.
    Coincidência ou não, até hoje não sei explicar, mas o medo foi tão grande, que me manifestei nas redes sociais, dizendo que se sumisse, que me procurassem no Vaticano. – Fanatismo, loucura, pode chamar do quê desejar, só  que é no mínimo estranho.
    Mais coisas aconteceram naquele ano terrível, e quando Soul/Nightmare reapareceu, eu definitivamente não estava pronta para voltar. Já tinha dado errado uma vez, e no momento só queria me destruir, por isso não podia arrastá-lo para o fundo comigo, só que isto tudo fica para o próximo capítulo.
                             
    Capitulo 4- 2013
    Não dá para duvidar da persistência de Soul. Mesmo depois que terminamos, e tê-lo afastado, a pedido de Arikiel, sob circunstâncias estranhas, ele ainda continuava ali, sendo um amigo para todas as horas, porém apesar de não ter me esquecido, preferia que o fizesse. – Meu coração não lhe pertencia mais, então para quê iria continuar torturando-o? Ele não merecia esse destino cruel, portanto quando reapareceu, e por acidente, acabamos por dormir juntos, por volta de maio daquele ano – O quê faz de mim um monstro, pois era o mês do seu aniversário – Eu lhe disse em definitivo “Isso não quer dizer que te amo, e nem que vamos voltar!” , ele pareceu entender, e também falou que não era o quê queria. – Contudo mais tarde soube, que tinha ido embora cabisbaixo.
    Me perdoe querido leitor, mas não poderia continuar segurando o rapaz ao meu lado, por puro egoísmo. – Tudo o quê tinha passado com o Arakiel, havia feito a minha concepção mudar. – Sem contar que na época estava me envolvendo com o Geminiano, e não queria iniciar outro relacionamento com o pé esquerdo.
    Estava cada vez mais perdida, e apesar de ter o Geminiano ao meu lado, me sentia cada vez mais sozinha, por isso vivia entrando em sites de Creepypastas. – Já havia tentado inúmeras formas de me matar, como : Morrer afogada aos 6 anos, mas não deu certo, a professora me salvou. Morte por acidente automobilístico, só que os carros paravam antes. Morte por ingestão de caixas de remédio, todavia somente dormia, e voltava nova em folha. Morte por envenenamento, que me fazia vomitar sem parar, porém bastava um copo de leite, e tudo voltava ao normal. Morte por corte da artéria, no entanto parecia nunca rasgar a carne o suficiente, pois no dia seguinte, já estava como se estivesse se cicatrizando. – Então como os métodos tradicionais, estavam sempre falhando, procurei por entidades místicas, para me destruírem de uma vez. – Claramente não funcionou, senão não estaria aqui agora.
    Caminhava pelo mundo, como se fosse uma zumbi, sem vida, sem motivação, sem acreditar em nada. – Se Lúcifer era meu pai, então por quê as coisas estavam dando tão errado? – Fui perdendo a minha fé nele, e abracei a linha de fanatismos sobre o fim do mundo, pois saber que o lugar onde estava seria destruído, me trazia paz. – Poderia ser “imortal”, só que se o planeta inteiro fosse destruído, não creio que iria sobreviver.
    Por isso quando a mensageira Maria, foi tomada pela presença de Lúcifer, que me mandou tomar cuidado, pois coisas terríveis iriam acontecer, eu questionei bastante, porquê seria literalmente o meu maior desejo.
    Os dias seguiram, e enquanto estava imersa em escuridão, passava grande parte do meu tempo, digitando um dos meus romances sombrios, chamado Psychosocial The Game of Larry Coltown, que nunca teve um final. Mas deixou claro que a minha relação com Arakiel, era como uma lavagem cerebral, na qual literalmente perdia a noção de mundo, e sobre quem realmente era. – Na trama, Corelle era raptada por um Doutor sanguinário, denominado Michael Kovat, que fazia dela uma máquina destruidora, para servir a cruel Ordem de Cristo, que existia somente para matar os demônios, e todos os seus filhos. – Em alguns pontos eu e Corelle éramos semelhantes, noutros ela tinha as próprias características. Contudo era inegável que ela me representava, e por isso é perceptível que muitos dos seus desafios, são parte da minha dissociação da realidade, que era extrema naquele tempo. 
     Todavia não chegava ao ponto, daqueles com quem tentava estabelcer laços. Maria tinha um grupo no Facebook, com um monte de jovens perturbados, que conseguiam superar até a mim. – Foi ali que aprendi a separar a fantasia da realidade de vez. Pois ver um homem dizendo que era um arcanjo, e uma mulher dizendo que era o próprio Asmodeus, era demais para mim. – Asmoday parecia ser uma garota inteligente, que sabia bastante do oculto, só que em algum momento da vida perdeu a sanidade, e ficou presa entre a Terra e o outro lado. Ela era bonita, mas se disfarçava de feia, tinha 27 anos, e aparentava 16, foi a única bruxa satânica, que conheci, que fazia aniversário no dia 15/02 também. Ela vivia implicando comigo, me chamando de princesa mimada, porquê supostamente não tinha sofrido o suficiente, e mesmo que acontecesse, continuaria sendo uma “santa”. Apesar do conflito, eu a admirava, queria fazer-lhe recuperar a consciência, pois tinha muito a oferecer a este mundo, de tal forma, que nem me importava se fosse ela a verdadeira princesa infernal, em vez de mim, mas seu caso era complicado. Asmoday  tinha uma personalidade semelhante a da Maze de Lúcifer, e como alegava ter estado em uma clínica psquiátrica, preferi aceitar o seu mundo como ele era.
    Em 13 de julho daquele ano, Arakiel voltou a aparecer. Ele tinha essa mania de ir e voltar, sempre que começava a esquecê-lo, e enquanto ajudava a ex-beata, cuidando dela após beber demais, por quê lhe devia uma, o meu celular foi roubado. – Eu não podia deixá-la sozinha, não depois de ter me salvo de um estupro, e da minha consequência, por fechar o círculo do Sees. – Não podia deixar a minha amiga, não depois de tudo o quê tinha feito por mim, portanto quando ela ficou mais porre que o normal, no dia do rock, tive lhe de socorrer. 
    Só que no meio disso, Arakiel ficou mandando mensagens, e como nunca resisti a uma boa discussão, fiquei tirando e colocando o meu celular da bota, até que um bandidinho veio e tomou-o da minha mão, lembro de ter segurado em seu braço, rindo sem parar, não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo, e ele me chamou de patricinha. O nervosismo tomou conta de mim, e ele saiu andando, mas tentei correr atrás, porém o sedentarismo venceu. – O meu ódio foi gigantesco naquele momento, e quando fomos falar as autoridades, a mulher só sabia torcer o nariz, como se eu tivesse me drogado por causa da vestimenta, foi preciso que uma galera me segurasse, para não ir para cima dela. Estava tão enfurecida, que sentia meus pés saírem da sola da bota, e tentava me controlar, para não levantar voo ali mesmo, e acabar de fato como prisioneira do Vaticano.
    Dois rapazes literalmente competiam pela minha atenção, e isso me deixaria feliz, só que aquele projeto de ser, tinha levado muito mais que o meu aparelho, ele havia levado a minha honra, e como uma criatura guerreira, não podia deixá-lo ficar impune. – Foi então que lhe enviei a mensagem ameaçadora Você não sabe com quem se meteu, criatura inferior, e pagará caro por isso!
    Arakiel apenas se preocupava com a minha vida, e por isso o mandei para o raio que o parta. Ao chegar em casa, fiquei sozinha, fingi está bem, porquê não queria que minha mãe, deixasse de se divertir com as amigas por minha causa, mas quando ela saiu, toda a fúria deixou de ser contida. – Não me lembro ao certo, mas chutei portas, gritei sem parar, e isso resultou na visita da minha vizinha, que alegava que eu estava possuída. – Possuída de ódio, isso sim!
    Mais tarde naquele ano no dia 14 de agosto, tive um sonho estranho, nele saia de uma espécie de jogos mortais, e ao pular o muro, ia parar na rua da frente da minha casa, onde um homem de casaco preto, me dava uma facada no estômago, mas não sentia dor, nem saia sangue. Nesta data em questão, iria começar a trabalhar no jornal do amigo do meu pai, e pedi para ficar em casa, mas minha mãe, apesar de dizer poucos nãos, me barrou desta vez. Fui para o diário do povo, lá parecia um lugar perfeito para trabalhar, pois se me formasse como jornalista, poderia enfim provar que os deuses eram aliens, e que já haviam estado na Terra. – Lembra das coisas boas do Soul? Esta era uma delas, pois graças a sua fixação por Et’s, acabei assistindo muitos documentários do History, que abriram a minha consciência, para fora da filosofia de Anton Lavey, de quê Satã era uma alegoria a psique humana. – Tudo tinha sido maravilhoso, só que como naquele ano, estava pagando todos os meus carmas,  é claro que o dia não terminaria assim.
    Ao chegar em casa, vi um monte de gente amontoada, no fim da rua, por causa de um incêndio, e brinquei com a minha mãe. “Desta vez a culpa não foi minha, nem estava aqui para causar isso.” E tudo pareceu normal, só que quando aparecemos na entrada do portão, notei que a janela estava aberta. “Mãe você saiu e não fechou a janela!” Disse-lhe, e ela saiu catatônica. “Eu não... Thaís nós fomos roubadas!” Falou assim que atravessou para dentro do quintal. “Mas o quê mais eles poderiam me roubar?... Meu notebook!” Berrei entrando logo atrás, e quando um dos vizinhos passou ao meu lado, com um sorriso de vitória, quase fui para cima dele. – Por conta da surra que tinha dado na sua irmã, eles colocaram fezes no cadeado de casa, então como não poderia esperar o pior?! 
    A casa estava intacta, o quarto da minha mãe também, somente o meu fora invadido, e revirado de cabeça para baixo. Levaram meu note, minha câmera digital, e o playstation 2, que valia pouco na época, e parecia ser apenas uma desculpa, pois no mesmo dia, o meu Facebook foi cancelado, e a minha página de conspirações, que só tinha 167 pessoas, desapareceu como se nunca tivesse existido. – Depois que postei que as pessoas no futuro, viveriam em casebres, a mercê de gente ruim, que lavaria as suas mentes, para que ficassem na miséria, enquanto viviam como reis, caçando pessoas geneticamente modificadas, que acusavam de serem demônios, sem saber que os verdadeiros eram poucos, e que tudo aconteceria, após um grupo de fanáticos pela Era de Aquário, fizessem um ataque terrorista, pior que o da H1N1. – Fomos a delegacia, todavia de novo fui destratada, e desta vez os homens na sala, pareciam zumbis. A perícia foi até o local, e concluiu que o assalto ocorreu na hora do incêndio, e apesar do quê parecia, o mesmo era de causas naturais, ninguém tinha o provocado.
    Fui desplugada da Matrix, e tive diversos sonhos mais tarde, que me fizeram ficar preocupada. Naquele tempo haviam muitas manifestações contra a presidente Dilma, e o país mergulhava em violência, e isto me fazia pensar que os cavaleiros do Apocalipse tinham sido libertados, e ela era o próprio Guerra. – Pois seu partido era representado pelo vermelho, e desde que assumira o poder, o nível de conflitos se elevou. 
    Talvez por causa da teoria de quê Guerra era a Dilma, Fome estava na África, Morte era o Bashar Al Assad, e a Peste em breve se manifestaria, tive esse devaneio onírico. No qual falava com ela, e a defendia dos demais, somente para chegar até os seus guardas, e lhe dizer “Eu sei quem você realmente Guerra, fale comigo!” Esta me dizia que não teria com o quê me preocupar, pois quando o mundo acabasse, teria um lugar para mim na Arca – Como no filme 2012 – e em seguida aparecia no jornal nacional, várias manchetes sobre o fim do mundo, incluindo uma de mesmo título, que retratava a queda da estátua da liberdade, que era derrubada por uma enchente de água suja.
    Só me restava a TV para saber dos acontecimentos do mundo, e quando saiu a notícia de Edward Snowden, vazando documentos, que alegavam que os E.U.A, estavam vigiando o Brasil, me deu um enorme calafrio na espinha, pois de alguma maneira, tudo o quê tinha acontecido agora fazia sentido. – Estavam tentando me proteger, não sei quem, mas do quê tinha certeza.
    Pouco a pouco, as coisas foram voltando ao normal. Ganhei um note e um celular novo. Me mudei por tempo para Porto velho, até a poeira baixar, e lá tive vários sonhos, que se hoje tivesse o meu caderno lhes contaria, mas eu me livrei dele tempos depois. – Tudo o quê me lembro agora, é que tinha relação com me apaixonar por um lobisimen, um ser careca chamado Samael, que queria ser o meu par. – Hoje sei que este é um dos nomes de Lúcifer, e não faz sentido algum, a não ser o de quê acessei o consciente coletivo. – e com a lua que se dividia em 4 partes.
    Em outubro daquele ano, o homem que me molestou quando criança foi preso com exatas 11 acusações ás 19:15, e foi jogado no  IAPEM, que era como uma amostra grátis, do Inferno para gente como ele.  – Também em outubro, o círio fluvial resultou em tragédia, e muitos morreram quando o barco afundou. – Até hoje me pergunto se tenho algo a ver com isso, pois o sincronismo foi harmônico, como se um demônio passasse por ali, e punisse o meu professor, mas matasse os religiosos também.
    Em novembro, o bairro Perpetuo Socorro sofreu um terrível incêndio, que chegou a ser noticiado no jornal nacional, e que os grandes conspiradores, encontraram a evidência de um círculo no meio do fogo. O mesmo lugar era considerado um antro de bandidos, que se escondiam ali.  – “Criatura inferior, não sabe com quem se meteu e pagará caro por isso!” Lembra? 
    Ainda neste tempo, também houve um súbito tremor em Santana, como se algo se movesse abaixo das águas. – Só não lembro a data. – e lá vivia o menino de quem eu gostava, mas tinha desistido de mim, apesar de ambos sermos satanistas, que ao concentrarmos nossas energias, conseguimos interferir no rádio, por não gostarmos da música.
    Já não aguentava mais carregar esse fardo de ser filha de Lúcifer, por isso decidi fazer algo mundano para variar. – Entrei em aulas de canto, só que no primeiro dia, nos obrigaram a cantar um hino da igreja, o fiz meio relutante, e ainda sim a situação foi desagradável.
    Ao voltar para casa, minha mãe parou numa panificadora, e quando eu voltei de lá, me falou que viu a sombra de uma mulher sendo esfaqueada na cozinha, e entrou em pânico, ao ver que ninguém fazia nada.
    Um dia depois, no domingo a noite, nós fomos até a frente da igreja do Novo Horizonte, comprar umas guloseimas, e quando passamos ao lado de um carro, o farol se ascendeu. Minha mãe ficou com medo, e eu tentando acalmá-la lhe disse “Deve ter alguém lá.” Só que ela insistiu em passar do lado, e quando olhamos para dentro do veículo, não havia ninguém.
    Em 27/12/2013 , tive um sonho do qual jamais vou esquecer. – No plano onírico o filho de Belzebu vinha para me matar, mas acabava por não fazê-lo, e deixava claro que eu era o último impedimento, para quê o Senhor das Moscas, alcançasse o trono de Lúcifer. – No dia em questão formou-se uma tromba d’água na cidade, e não creio que tenha sido coincidência.
    Não me lembro da virada de 2013 para 2014, mas o ano seguinte não seria completamente normal, pois acabara de fazer 19 anos, e pretendia entrar para a Faculdade FAMA, onde estudaria ciências biológicas, no turno noturno, (o dos meus sonhos). – Nos resultados da prova fiquei em 11° lugar, e mesmo que não fosse uma federal o resultou me trouxe felicidade. – Até porquê eu detestava o padrão do Enem, que tinha me classificado, para a lista de espera em Artes no ano anterior.
    No primeiro dia de aula faltou luz, e comemorei sem parar, pois odiava instituições de ensino, fui para lá apenas por um propósito e nada mais. – Naquele dia me tornei conhecida, por causa das mechas cor de rosa, e o cabelo alisado, que me fazia parecer a Draculaura, por isso me chamavam sempre de Monster High. – Bullying? Eu adorava aquele apelido.
    Na hora de explicar as minhas motivações, para entrar na escola de ensino superior, deixei bem claro que estava ali, apenas para estudar sobre os extraterrestes. – A razão ficou clara agora? – Então percebi que havia um garoto, semelhante ao Finn de Strange Things, interessado em mim, e logo o evitei, apesar de achá-lo bonitinho.
    Neste ano, a minha conexão com as entidades superiores, era bastante forte. – Certa vez desenhei o circumponto numa sexta, e quando foi na semana seguinte, na segunda, surgiu um agroglifo semelhante em Curitiba. – Em tal tempo mantinha contato por e-mail com um doutor, que fazia parte da maior ordem ocultista conhecida, que havia aberto vagas, e dentre os 300 que se inscreveram, eu tinha ficado entre os poucos aceitos.
    Lhe expliquei sobre as minhas motivações para querer entrar, e que era filha de Lúcifer, e depois de mais ou menos um mês, o meu mentor, foi coroado como Imperador da filial brasileira. – Tão grande foi a minha surpresa quando aconteceu, pois este havia me escolhido como uma dos seus filhos, e me prometeu proteção. – Porém depois de um tempo, fiquei temerosa, vivia tendo pesadelos com ele, de quê poderia acabar sendo morto, e quando vi, o ser realmente desapareceu misteriosamente. – Se era a ordem mesmo não sei, mas antes dele sumir, me deixou alguns livros de Crowley, enviados somente ao meu endereço. – Além disso parecia ter uma força oculta atrás de mim, pois nas fotos podia-se ver seres de chifres, ou mãos inumanas sob a minha cabeça.
    Deveria ter ido a universidade, somente para estudar, estava enrolada com o Geminiano, e certamente o aparecimento de alguém do meu tipo, abalaria a minha força para me manter fiel. –Principalmente quando meu par , era mais um mulherengo, que não merecia nem o meu “oi”.– Só que advinha? O menino era outro persistente. – Não sei o quê há em mim, que encanta esse povo.
    Conversamos bastante, ele era o nerd universitário, e o quê realmente havia me encantado a seu respeito, é que tinha me mostrado um vídeo dissecando um rato, e que tinha levado uma edição da Mundo Estranho. – Parecia o esquisito dos meus sonhos, e tal coisa me deixou confusa, surtada, obcecada. – Até ali o amor mais saudável que tinha tido era com o Soul, que em 2013 tinha assumido um relacionamento com uma garota, que nunca tinha ouvido falar, e que minha mãe ,falava que era a favorita da minha ex-sogra, que me detestava por ser uma bruxa de Satã. – Só recentemente vi o filme O rei da água, que retrata a mesma situação. 
    O nerd universitário, era amoroso, atencioso, arrogante, mas ajudava a todos, incluindo a mim, que queria proteger dos outros. – Como não me apaixonar por alguém assim? Eu o fiz. Só que depois de umas mordidas no pescoço, soube que tinha namorada, e não podia ir adiante com isso. O meu transtorno bateu, e tentei me matar, porquê as cartas falavam que um grande amor ia aparecer, e o Astral Online, onde fazia minhas consultas, era sempre certeiro, por isso jurava que ele era o Rei, só que estava mais para Valete. O coitado se sentiu culpado, não entendeu a minha reação, disse que gostava muito de mim, e com tal atitude semelhante a Atração Fatal. – Outro filme que assisti recentemente, por conta da suspeita de ser Bordeline. – O fiz se afastar de mim.
    Contudo era isso, ele se afastava, mas não queria que outros gostassem de mim, e como se não fosse o suficiente, a namorada dele era amiga, de uma das poucas amigas de verdade que tinha. – Eu havia falado com ela, a menina era um amor, sagaz, e não podia trair a sua confiança assim, destruindo um relacionamento de 5 anos. Por isso mesmo gostando demais dele, fui me afastando, evitando-o, até que ele passou a fingir que não estava ali, e isto me devastou.
    Vez ou outra nos falávamos, e o abraçava forte, sem poder fazer algo mais, mas não era o suficiente. No meu tempo livre, resolvi sair com outros garotos, até conheci um cara legal, que apesar de ser de igreja, me compreendia, e tinha uma mente interessante, além de ser atraente. No entanto o quê para mim era um fica, para ele era um relacionamento, e quando beijei outro garoto, o clima ficou bastante tenso. – O garoto santo, me fez perceber, que estava me tornando uma vadia sem coração, mesmo que não me dissesse com estas palavras.
    Marquei um encontro com o segundo, mas o garoto não apareceu, e no seu lugar encontrei o Soul, que perguntou se poderia ganhar um abraço, e eu deixei. – Ao menos na rua, não corríamos o risco de acabar pelados. – Todas as meninas falavam que ele não tinha me esquecido, mesmo que estivesse namorando, e eu sempre ignorava tal coisa, exatamente porquê já tinha seguido em frente.
    Por causa deste dia Soul reapareceu, e me senti muito bem ao conversar com ele pelo WhatsApp, enquanto brincava sobre o quê ele tinha feito de errado, para ter resultado no fim do relacionamento. Porém ele saiu, e foi discutir com a menina que estava a sua porta. – Aceitei aquilo numa boa, não era mais uma prioridade na sua vida. O quê era muito bom, pois podíamos enfim sermos amigos, sem cores no meio. 
    Marcamos de nos ver, um pouco depois do meio do ano, para ele instalar uns jogos no meu computador. – Não sei se foi armação da minha mãe, só que ela sugeriu ir para o quarto, onde era mais frio. – Ele se encolheu todo, como uma criança, com medo de apanhar, e por algum motivo, eu literalmente me joguei em seus braços e o beijei. – A física continuava a mesma, e quando ele foi embora, me dispus a reconquistá-lo, pois somente ele tinha me feito feliz de verdade.
    Nesta brincadeira acabamos voltando a nos ver com frequência. Isso não agradou nada o nerd universitário, que numa noite de grupo de estudos, literalmente colocou fogo no meu cabelo para quê parasse de abraçar o Soul. – Lembro-me de seus olhos assustados por tal atitude, e ter perguntado se eu estava bem. – No mesmo dia Soul e eu amarmos para que o Nerd universitário, visse o quanto ele me fazia feliz, e por consequência, acabei sentada no sofá, entre os dois. Soul estava confiante, até conversava com o rapaz, e o outro estava inseguro, não queria ir embora, antes do meu ex, que ficaria em meu lar para dormir. – Foi uma sensação maravilhosa, ver o seu sofrimento, desprezá-lo como fez comigo, mesmo que agora estivesse solteiro.
    Lentamente fui deixando de ir a faculdade, após a ex beata, que se chamava Rose, ter me dito que o Nerd havia insinuado, que eu não tinha estrutura mental, para manter um relacionamento sério. Só que quando apareci, ele me abraçou forte demais, e disse que ainda havia chance de passar no bimestre, se estudasse um pouco mais. Todavia lhe falei que sabia, mas não queria mais ficar lá. – Se pensou que era um blefe, acabou por se enganar feio, pois realmente larguei a faculdade depois. – Realmente eu não tinha condição mental para nada, e ficar vendo-o todos os dias, com a amiga que o envenenou contra mim, provavelmente falando que o amarrei, só piorou o meu estado.
    Soul voltou a viver comigo, deixando de morar em Ferreira Gomes, e apesar de termos feito um acordo, – e ter lhe dito que gostava dos dois – Ele nunca encenava para ninguém a nosso respeito, por isso mesmo juntos, não tinha como esfregar na cara do Nerd, que estava melhor sem ele. – O quê era uma mentira, porém não queria que tanta gente, que torcia pela minha desgraça soubesse oras.
    Soul saia, dizia que ia voltar no domingo, e aparecia na segunda. Tinha mania de ignorar as minhas postagens, e só vivia no computador. Havia coisa errada, porém eu achava que era porquê ele lia as minhas conversas, que falavam a respeito do quanto ainda pensava no Nerd. – Ele não era mais o mesmo homem de antes, tinha se tornado um cafajeste, e me deixado a par disso, logo quando assumimos um compromisso de status na rede social.
    O Geminiano que do nada tinha se apaixonado por mim, não me deixava em paz, e Soul com medo de haver um terceiro na jogada, me dizia para me afastar dele. – E como a boa aquariana que era, fazia exatamente o oposto.
    No livro anterior o culpei por ter me traído, como se fosse uma santa imaculada, mas aqui fica totalmente claro, que as suas motivações eram fortes, afinal se ele não fizesse nada. – Seria o cara perfeito. Brincadeira! Mas dificilmente o respeitaria tanto quanto agora, pois a sua falha, me fez perceber que era somente humano, e não um deus da alto estima, que suporta tudo sem jamais se vingar.
    O início era um relacionamento de amizade colorida, para todos tínhamos voltado, mas entre nós era apenas uma parceria estratégica, que nos servia como alicerce, para não acabarmos sozinhos. 
    Mais uma virada da qual não me recordo bem, e o ano seguinte prometia mais fatos esquisitos, que talvez não fosse capaz de suportar. – 4 luas de sangue foram anunciadas, e o frio na barriga, de quê o momento tinha chegado me tocou. Só que isto fica para o próximo capítulo. 
    Capitulo 5- 2015
    O ano de 2015 foi marcado pela presença de Óvnis. – Algo que me trouxe alegria, pois lá em 2013, tive a minha primeira experiência de 3° grau com eles. – Eram 7 horas da manhã, ainda tinha um notebook, e estava no Facebook, quando de repente, tudo se desligou, a luz começou a piscar, e senti uma atmosfera extraterrestre, causada por uma forte pressão no ar, e um som semelhante ao de uma nave espacial midiática. Eu não fiquei assustada, porém quando uma esfera amarela flutuou a minha frente, fiquei fascinada pela mesma. – Isto ocorreu uma semana antes da invasão da minha casa. – Até hoje me pergunto se foi uma alucinação, pois não costumava dormir a noite, e sabia os efeitos que isso podia provocar.
    Os meus 20 anos, foram simbolizados pela festa, com direito a globo e tudo. Embora houvessem poucos para comemorar, foi algo realmente único. Bebemos até as 4 da manhã, dançamos, confessamos pecados. Esta é de longe uma das melhores festas da minha vida. Contudo quanto a segunda veio, o número 27092015 surgiu na tela do meu celular, e me senti como o Neo em Matrix. – Achava que meus poderes enfim atingiriam o nível máximo, e que a guerra entre anjos e demônios sairia do oculto, fazendo com quê todos despertassem. – Por isso decidi pesquisar sobre os fatos do dia 15/02 daquele ano, e o horror me preencheu, quando vi que o exército de fanáticos, que literalmente pareciam jovens de mentes lavadas, postou um video se revelando no dia do meu aniversário. – Eles se chamavam de Gladiadores do Altar, e eram bem semelhantes as visões que tive ao escrever o romance Psychosocial, na parte da Guerra, mas na minha obra, eram conhecidos como Executores. – Um nome apropriado para aqueles que se dispunham a caçar bruxas e demônios. Coisa que os Gladiadores já andavam fazendo de forma ilegal.
    O tão aguardado setembro vermelho chegou. Eu estava extremamente animada, achando que finalmente o mundo, teria o véu removido. Por isso não parava de falar na lua de sangue, afinal de contas tinha previsto-a em 2013, muito antes de anunciar as 4 luas que viriam. – Quando se sonha demais, a decepção pela queda é muito grande. Nada aconteceu, o mais estranho daquele dia, foi apenas ter ouvido jovens que riam como maníacos, passando na frente da minha casa de madrugada.
    No fim, lá em novembro, aconteceu uma coisa bizarra, enquanto conversava com uma amiga, sobre as creepyspastas para o Halloween, começamos a ouvir interferências na ligação, como se algo tentasse falar conosco. – Graças aos deuses ela gravou, e hoje tenho como provar o quê aconteceu. – Poderia ser somente a presença da ejeção de massa solar, no entanto foi muito esquisito, devido ao contexto em quê nos encontrávamos. – Além do mais quando me reuni com ela e a minha outra amiga, batemos uma foto, na qual o número 7 surgiu na minha testa, o 8 na dela, e o 6 na última, e quando fomos ler o livro de Salomão, os versículos bateram perfeitamente conosco.
    O ano de 2016, foi simbolizado pela traição. Poucos dias antes do meu aniversário, descobri que Soul andava falando com uma moça chamada Thaís, e as brincadeiras de que a amante se chamava assim, se tornaram algo real diante das evidências do flerte. – Saber disso literalmente partiu o meu último fio de sanidade, a menina tinha 18 era popular, ingênua, e claramente gostava dele, portanto não foi fácil encarar tal episódio.
    Sabe o quê mais detesto? Não ser única, não ter algo próprio, e comparada a outras pessoas. – Ele cometeu os 3 atos em um ano. – Aquilo me doeu bastante, porquê tinha excluído o Nerd que após meses longe, tinha mandado solicitação para mim, e ainda havia bloqueado o Geminiano, deixando claro que não tinha mais volta mesmo. Então quando vi que ele cedeu, enquanto me esforcei muito para não ser infiel uma segunda vez, não consegui perdoar. – A minha sanidade foi para o espaço, e quebrei o seu pc a base de pancadas intensas com o controle, o expus para as pessoas, e ainda o fiz se humilhar em público pedindo o meu perdão.
    Eu sou egoísta, cruel, e de péssima índole, mas se meus limites são ultrapassados, me torno a própria Lilith na hora da vingança. – Todo dia era uma briga diferente, acertava-lhe tapas na cara, lhe mordia  até ficar roxo, o mandava embora, e não conseguia deixá-lo ir até a porta.
    Na vã tentativa de me distrair, chamei algumas amigas para irem me visitar, mas todas as fotos se perderam. – Meus 21 anos foram comemorados com muitas teorias da conspiração, e docinhos. – E os compartilhei com uma das meninas, que fazia aniversário no dia 14, data para qual foi transferido o dia dos namorados, por causa dos ritos do dia 15 de fevereiro. Não lembro se algo aconteceu neste dia.
    Pode-se dizer que neste ano toda a minha fúria foi liberada, e quando Arakiel reapareceu, pedindo ajuda, é claro que me dispus a fazê-lo, somente para atingir o Soul, porquê sabia que o outro o deixava inseguro. – Por uma conversa, ou sabe-se lá mais o quê, pois ninguém confessou ainda, eu o fiz chorar, implorando o meu perdão.
    Em maio, a vida mundana se separou de vez da vida mística. Creio até mesmo que fui parar em Sete Além. – Era de manhã, apesar do desgaste emocional fui para a faculdade, pois estudar e tentar manter uma vida fora de casa, me ajudava a tentar controlar os meus impulsos agressivos. Cheguei no bloco D, tudo estava desertíco. Pensei que fosse pelo horário, pois tinha ultrapassado o limite de tolerância 8:15. Subi as escadas até o andar da minha sala, e quando cheguei lá, a mesma estava vazia. Fiquei emputecida, e até gravei um vídeo para provar que tinha ido, e ninguém havia me avisado, que não teria aula. Desci e fui pegar um ônibus para chegar ao centro, onde entraria em outro para chegar em casa. Ao sair, fui atravessar a rua, e um carro branco antigo quase me atropelou, e quando cheguei ao meu destino, vi o mesmo modelo que agora era preto. Estranhei aquilo, só que ao chegar em casa, adormeci, e tive um sonho esquisito, em que tinha entrado noutro mundo, através de um corredor vermelho, e que quando voltava, as pessoas diziam que tinha havido aula sim, eu que não estava lá. Então pegava o Goiabal, o ônibus conhecido por sempre se encontrar vazio, – o quê o tornava alvo de suspeitas, como “entrou morreu”– e nele ouvia a música Deja Vu da Pitty.  Quando acordei fui no grupo da minha panelinha, e soltei os cachorros para todos, afinal aquilo era um sonho, eu tinha ido para aula, e não havia ninguém lá, mas os meus colegas, – que já me achavam estranha, pelos fortes impulsos nervosos, que faziam a minha caneta girar violentamente, em meio ao tabuleiro manual dos espíritos – Ficaram sem reação, e disseram que “Houve sim aula, e eu não apareci na sala.” – Teria sido este um surto? Ou havia voltado a ter as minhas habilidades de me transportar entre os mundos? Admito não ter dormido bem na noite anterior, então isso pode ter provocado a alucinação, mas onde exatamente eu estava? 
    Em abril estava pronta para deixá-lo, veio a notícia de quê estava grávida, e sabia bem quando a criança havia sido feita. – Ela fora gerada 3 dias antes do evento, no qual faltou luz na hora que cheguei, e me recordo de minha mãe ter me perguntado se não queria voltar para casa, mas fiz uma escolha, que mudaria a minha vida para sempre, quando disse “não”, pois lá bebi um copo de vodca, que deve ter cortado o efeito da pílula do dia seguinte, que tomei quase beirando as 72h, ( ou o óvulo já havia se instalado em meu útero, devido a posição do coito). Independente de ser um menino ou menina, queria abortar, e Soul compreendia o porquê. Se lá em 2015, que nem imaginava as coisas que fazia, já tinha abortado um, pra quê manteria o próximo, naquelas circunstâncias?
    Palavras ácidas saiam da minha boca, eu implorava a Lilith que me atendesse, como da outra vez, porquê não queria trazer uma criança ao mundo para sofrer. – Contudo depois que comecei a falar, com a minha barriga, Soul percebeu que poderia ser uma boa mãe, e entrou para o Time bebê.
    Arakiel não ficou feliz com a gravidez, e me disse para matar, o quê me fazia infeliz. – Logo após lhe falar que não queria ter a criança, num momento de desespero, e depressão pré-parto. – Eu finalmente passei a ter desprezo por ele, assumir que Lord era apenas uma máscara, e que tinha me torturado de propósito era aceitável, porém ceifar a vida do meu bebê?! Isso era imperdoável, e dessa forma acabei por cortar o contato de vez.
    Como em 2015 ninguém despertou na última lua de sangue, perdi a minha fé na magia, e ao saber da realidade terrível em 2016, toda a minha esperança se foi. – O vazio cresceu em mim. Nada do quê o Soul fizesse era o suficiente, para perdoá-lo, pois verdade seja dita, nunca perdoei ninguém que me magoasse. – Normalmente os cortava da minha vida, e cada um seguia o seu caminho, só que agora tinha um laço com ele, que jamais poderia ser rompido.
    Aquilo me assustava de tal forma, que falava muita coisa ruim sobre a maternidade, e parecia sofrer de bipolaridade, ou mania mesmo. – E saber que carregava uma menina, somente piorou tudo, porquê isso era o meu pior pesadelo, temia que o caso com a minha prima se repetisse, e todos voltassem a sua atenção para ela. – Para piorar minha mãe me deixava ainda mais paranoica, dizendo que o melhor para a criança, era colocá-la para a adoção, pois uma mulher que nunca poderia ter filhos, iria amá-la muito mais. – Minha mãe tinha trauma da maternidade ruim, pois a minha avó, havia lhe criado a base de humilhações, tão desumanas, que quando criança, a mesma lhe fez comer o próprio dejeto, para que nunca mais aprontasse. Além de lhe bater sempre que bebia, ou se envolvia com o pai de santo da gira de esquerda. – Novamente eu era vista como um monstro, e me sentia muito mal. Não queria me desfazer da menina, porquê sabia que ela herdaria a minha maldição, e uma pessoa comum não iria aceitá-la, e lhe trataria como uma aberração. Eu a amava, só não suportava a ideia de sair dos holofotes, dos poucos que me viam. – Soul e mãe  viviam discutindo, mas o fato de se opor a algo, depois da minha gravidez, me fazia sentir ainda mais raiva dele.
    Em 23 de junho de 2016, algo estranho aconteceu, tive um sonho de quê era uma das cabeças da besta do Apocalipse, e enquanto estava estressada, e focada numa prova, um tornado passou destruindo a cidade, em pontos que se relacionavam a mim, e os que haviam me feito mal como: Buritizal onde vivem os Marianos, o trabalho da minha mãe, uma boate onde tinham gays de faxada, o Paulo Conrado onde perdi no volêi, e a cidade de uma suposta satanista, descrente dos meus poderes. – Tal fato foi citado junto de uma profecia, que se referia a 7° exintição em massa, sendo que 7, é o número que mais aparece marcado no meu corpo. Ainda no mesmo mês, sangrei após sentir muita dor na gestação, e por isso segui a tradição da família, de colocar o nome da santa no sobrenome. – Como se não bastasse, também vivia sendo atormentada por entidades, que chegaram a tentar me empurrar de barriga no chão, e toda lua cheia eu sentia dores gigantescas, que me faziam berrar.
    Em outubro tive 3 presságios ruins. O primeiro foi em 24/11/2016. Nele uma força me puxava para o palco, mas eu não queria ir, em seguida me via chorando e dizendo “2017 é um ano sombrio, tudo o quê pensei que aconteceria em 2013, está acontecendo em 2017.” e “Pois é, pra quê diabos quis prever o futuro? Foi a pior coisa que poderia desejar.” Então despertei as 1 horas da manhã, e notei em meu braço a marca de um brasão de time de futebol, que até postei na minha antiga página. O foi em 29/11/2016 e acabou marcado pela presença de vozes que diziam “Você é a escolhida, isso não quer dizer que é a mais forte, mas pode se tornar.” E a presença de Lúcifer, que estava envolvendo o mundo numa cúpula de trevas, quando naves espaciais tentavam invadir a Terra. O terceiro se deu em 30 /11/2016, neste o grande símbolo era uma enorme onda, que vinha na direção do Cristo Redentor, onde eu estava pousada, e dizia “Isso não é um bom presságio! Não pode ser!” – O golpe no estômago foi intenso, quando soube que ocorreu o acidente da Chapecoense, exatamente no dia 29/11/2016, por volta das 1 h da manhã, que coincidia perfeitamente com a marca e a hora do primeiro presságio
    Em dezembro daquele ano, tive um sonho, no qual vi um reino mágico, onde vivia junto de Lúcifer, que era loiro como um elfo do Hobbit, e havia me mandado para a Terra num dragão. Eu vivi entre 4 bruxas, e estas resolveram trancar o meu espírito imortal numa boneca russa, por exatamente 500 anos, quando voltaria para cumprir o meu destino junto da minha filha. – Olha o Aprendiz de Feiticeiro aí gente! – Na época achei algo místico, por isso fiz um cálculo numérico, em que subtraia do ano do meu nascimento, o número presente no devaneio. O resultado me direcionou para a Itália, e isso me fez me dar conta, que tudo sobre a minha natureza luciferiana vinha de lá. – Em 2013 por exemplo, recebi o sopro de quê meu nome real era Luciféria, e quando fui pesquisar, somente tinha um conto descrito como “Histórias de não se crer”, e menções nas letras da banda italiana de vampiric metal Theatres des Vampires, que me descreviam como bruxa com o poder do inferno, detentora do livro de Macabria, que em meu sonho aos 17 anos, tinha conhecido como o livro do Diabo, e este me concedia o poder de controlar os mortos, logo depois de ver uma peça do xadrez, que hoje não lembro qual é, mas a única certeza que tenho é que não era o “peão”. Além do mais, meus dois sobrenomes são italianos, mas meus avós tinham me contado, sobre os parentes que tinha na Itália. – Então após o presságio onírico, pensei “Por quê não pesquisar sobre a magia ligada ao meu sangue?” O espanto preencheu os meus olhos, quando vi que lá era o único país, que cultuava Lúcifer como um Deus, que tinha uma filha, que foi enviada a Terra, para ensinar a magia aos humanos. – Tal coisa era surpreendente, pois no livro O Último Portal de 2012, me descrevi como uma bruxa babilônica, que havia aberto um dos “9 portais da destruição”, que libertariam Lúcifer, e os outros demônios, e numa dessas aventuras, era responsável pelo culto gerado pela Ordem da Lua, que era o símbolo de Diana a mãe da menina, que em muito lembrava Lilith, pois era a virgem deflorada. – O nome da filha era Arádia, denominação semelhante a Áquila que minha mãe queria me dá, mas como meu pai era um bunda mole, não permitiu. – Ela nasceu em 13 de Agosto, eu em 15 de Fevereiro, ambas tínhamos conhecidos números diabólicos no nascimento. – Ela parecia ter Sol em Leão Lua em Aquário, já eu sou Sol em Aquário Lua em Leão. – Era conhecida como o Equilíbrio entre luz e trevas, era boa e má ao mesmo, tal como eu mesma, que apesar dos pesares tinha um código ético. – Ela tinha estado na Terra há muito tempo, assim como sentia que eu também. – Ela era visitada por uma mulher, que era a própria Diana, e lhe ensinava sobre a magia, semelhante a mim com Layla. – Ela escapou várias vezes da morte, eu também. – Ela foi perseguida por religiosos, eu também. – Ela tinha afinidade com o Arcanjo Miguel, eu também. (Michael Kovat era inspirado nisso) – Ela estava na Terra, como mensageira de seu pai. Eu também. – Ela defendia a natureza, e dizia que a natureza era a grande professora da magia. Eu havia entrado em ciências biológicas, acreditando no mesmo conceito, e pelo fascínio pela diversidade natural. –Ela era a primeira filha, eu também. – Ela era Arádia de Toscano. Eu sou Thaís Mariano. – Isto por si comprovou que éramos a mesma pessoa, em tempos e localidades totalmente diferentes. 
    O parto de Rá, foi totalmente normal, mas dias antes de acontecer, sonhei que dava luz a um menino, que queria roubar o seu lugar, e era bastante cruel. – O dia se iniciou como qualquer outro, mas o tampão se distendeu,  e tive certeza de quê naquele dia deixaria de ser uma gata buchuda. Ás 8 da manhã, fui para o Hospital São Camilo, onde foi feito o detestável exame de toque, e ainda não tinha dilatado nada. Voltei para casa, as dores foram se intensificando quanto mais andava, e por isso pedir para irmos ao Poeirão (pois era próximo a maternidade) , no qual fiquei andando, seguindo o conselho do médico, para ter um parto rápido.
    Soul de canalha maldito, voltou a ser o meu príncipe do cavalo negro, e me ajudou bastante nestas horas, me dando apoio ao caminhar. Quando deu 13 horas, resolvi ir almoçar, mas as contrações aumentaram, e tive de correr para o S.C. – Pedi para o meu marido entrar, porquê esse era o nosso momento.
    Ficamos na espera, e as 14 horas tinha dilatado 4 cm apenas, por isso decidi continuar caminhando, até fazer os 10. – Queria muito uma Cesária, mas apesar da menina ter 3,77 kg, eles me colocaram para o parto natural.
    Sofri para caramba naquele dia, e não pude receber anestesia. – Eu tentava não gritar, não chorar escandalosamente, mas era impossível, quando demorava tanto para dilatar. 
    Soul me dava apoio, chamava as enfermeiras, e tudo mais, e até tentava me acalmar, só que aquilo era horrível demais. – Era como as cólicas que me faziam parar no hospital, quando tinha 16 anos.
    As 16 horas, após uma caminhada na sala, a placenta se rompeu, e quando isso aconteceu, urrei “A minha bolsa estourou!” Exames foram feitos, e já estava com 8 cm agora, só precisava de um banho quente, para me abrir de vez. Soul me ajudou, me molhando nas costas, e quando sai de lá, senti mais uma dor, que quase acabou comigo. – De alguma forma sabia a hora exata, pois pedi para chamar a enfermeira, que trouxe o médico, e após mais um exame de toque, ficou claro que estava pronta para dar a luz.
    Deitada naquela cama, via nos pés o meu marido e a atenciosa enfermeira, que fazia uma torcida estilo – Vai torta vai Dos Padrinhos mágicos. – Eu pressionava demais a minha garganta, e ela me mandava direcionar a minha força no útero, pois já podia ver a cabeça do bebê, e o meu marido confirmava. 
    As 18:10 de 9 de Janeiro de 2017, Rá nasceu, e até a minha bunda foi costurada, pois me rasguei todinha, mas nem senti na hora. Aquele rostinho roxo, igual a um zumbi do Dead Space 2, me conquistou tanto, que beijei a sua cabeça toda suja de restos de parto, e mandei tomarem cuidado com a minha princesa. Soul me agradeceu por aquele momento único, me abraçou, me beijou, e até cortou o cordão umbilical dela, assim que esta passou a respirar pelo nariz.
    Passei 3 dias no hospital, e os 2 últimos foram ruins, pois ela chorava de fome, e eu achava que não estava dando leite o suficiente, por ter seios pequenos. – As peitudas reforçavam meus temores, enquanto o meu marido tentava me acalmar, me dizendo para não ouvir as palavras delas, pois grande parte de quem estava ali, não estava recebendo a atenção que eu tinha, com praticamente a família inteira vindo visitar.
    Quando saímos de lá, e fomos para casa, a Rá ainda não mamava direito, e vivia sugando o bico do meu peito até sangrar, de tal forma que chegou num momento, em que me neguei a amamentá-la. Minha mãe falou logo que ia matar a criança de fome, e comprou um pote de leite, que servia apenas para crianças de 6 meses, o quê resultou numa diarreia na minha pequena, tão brava, que me senti culpada, ao ponto de ir ao banco de leite, para ela ser alimentada.
    Não era como eu pensava, outras mulheres providas de leite, não iriam lhe dá o peito, pelo contrário, somente nos ensinavam a amamentar, e ainda ficavam com o leite que era ordenhado. Tive de ir 2 dias para pegar o jeito, porquê aquela sem dente, só ficava cheia quando tinha uma enfermeira para me ajudar, a achar a pega certa. – A minha falta de instinto materno era um horror.
    Na última ida, de tarde a pequena criatura cabeluda, fez um berreiro antes do teste do pezinho, e tive de lutar contra o meu temor, lhe servindo o meu peito. – Fui louvada como uma heroína pela minha mãe, e desde então a bebê passou a se alimentar da devida forma. 
    Infelizmente depois que a tive, fomos as duas atormentadas por uma entidade, e o namorado fanático da minha mãe, sugeriu que ela precisava ser batizada. – É claro que me opus, mas depois da extensa pesquisa que fiz, sobre a razão do batismo, concordei, e ela foi abençoada na mesma igreja, onde a minha mãe fez a promessa, que supostamente me trouxe a este mundo. – Na hora que disseram “Você nega as armadilhas e as forças de Satanás...” Soul e eu dissemos não, mas como tinha muitas crianças, nem perceberam. Rá odiou receber a água benta, ela não costumava chorar muito, só que quando o padre lhe benzeu o fez.
    Quase um mês depois de dá a luz, eu ainda sentia dores intensas, por isso o médico me passou exames para ser assistida corretamente. O resultado foi, que sofria tais dores, por conter restos de parto no útero, que estavam apodrecendo, e poderiam me matar. – Fui imediatamente para o hospital da mulher, onde fiquei 3 dias na cadeira, antes de ser atendida. – Algo que só aconteceu, porquê a minha madrinha mexeu o pauzinhos, e me encaixou logo na próxima turma para a cirurgia.
    Fazer a operação foi a coisa mais bizarra do mundo. Entrei na sala do hospital, conversei com o médico, e desmaiei de tal maneira, que assim que o efeito do sonífero passou, fui uma das primeiras a acordar, e tive a sensação de que era uma zumbi, recém acordada do necrotério. – Rá não parava de chorar, nem mesmo com a mamadeira cheia de NAN, e quando cheguei, ela se ajeitou no meu colo, agarrou o meu peito, e adormeceu comigo. – Quase não saio de lá, antes do meu aniversário de 22 anos, pois desta vez fiquei internada por mais dias. 
    Ter um bebê em casa não é fácil, principalmente quando pensamentos sádicos se passam pela sua cabeça, por quase ter matado a sua prima antes. – Com medo de machucar o meu bebê, como via a maioria das mulheres mal-amadas fazer, decidi ir buscar um tratamento psiquiátrico adequado. Só que o quê achei que seria uma enxurrada de preconceitos, acabou por me deixar muito feliz, porquê apesar dos insultos do Nerd, minha inteligência era acima da média, e isto foi testado pelos especialistas, que notaram também alguns traços de manipulação. – Eu lhes contei tudo de ruim que fiz, e conseguia me lembrar, além das visões de céu e inferno, mas não deu nada demais, somente que sofria de depressão profunda. – Todavia quando meu marido e minha mãe ficaram a sós, lhes contaram que precisava de um tratamento psicoterápico urgente, ou desenvolveria um mal patológico, devido aos prováveis apagões.
    Fui para a terapia por meses, conversar com a Anelise, uma psicóloga excelente, que notou que grande parte dos meus relacionamentos eram destrutivos, e que isso precisava ser corrigido, tinha que ficar com quem me amasse, e o Soul por mais bizarro que possa parecer, realmente era o cara, que deveria me ajudar. – Houve uma vez que tentei usá-la para o analisar, e saber se tinha me traído,  mas ela era tão excepcional, que descobriu tudo, e desarmou a minha bomba. 
    Naquele ano recebi um ataque, após ter tido um sonho esquisito com o arcanjo Gabriel me caçando, e me chamando de filha de Satanás. – Exatamente como em 2013, quando o vi como meu inimigo pela primeira vez. Acordei acorrentada, num lugar semelhante ao cenário do Jogos Mortais I. Me soltei imediatamente, e corri para o portal que estava aberto, em direção ao Parque do Forte. Procurei por uma moto, e subi na mesma, dirigi tentando escapar de um homem moreno. Ele me perseguiu pelo centro, numa viajem frenética sob duas rodas, que resultou num acidente, em quê fui atirada contra a quina de uma escada de ferro, que fez a minha cabeça se partir ao meio. Eu morri, pela primeira vez em sonho, só que meu corpo virou energia, e a mesma se massificou, fazendo-me voltar. As roupas estavam rasgadas, mas a pele intacta, então sai caminhando meio abatida, pelas escadas do Teatro das Bacabeiras, e lhe disse “Você até tentar. Mas nunca conseguirá me destruir Gabriel!” – Despertei do segundo ataque, e a música Man in the box não saia da minha cabeça, por isso voltei a ouvir Alice in Chains. Tudo parecia comum, quando do nada comecei a vomitar a noite, depois senti uma dor infernal na costela inteira, e sem saber como parar, pedi pra minha mãe me levar ao pronto socorro, e quando sai do carro vi a data, que era 27/03/2017 então disse “Hoje é dia 27 algo importante vai acontecer”. – A UPA estava fechada, e tive de ir no posto, no qual coloquei tudo para fora, e recebi 3 injeções, para aliviar a dor. – Achava que era consequência do anticoncepcional, por isso não liguei, só que era ruim demais. Após receber o remédio, dormi, e quando deu 3 horas da manhã do outro dia, a dor voltou com tudo. Até liguei para ambulância, só que eles não vieram, e fiquei por conta. Soul então sugeriu colocar a toalha morna no meu tórax. Entretanto para realmente cessar o meu sofrimento, precisei colocar o ferro no nível ardente, de tal maneira que minha barriga ficou vermelha, quando coloquei o bendito tecido. – Então algum tempo depois, saiu a notícia de quê o menino do Acre, tinha misteriosamente desaparecido. A coincidência foi tanta, que Soul não me permitia ficar a par do caso, porquê tinha receio do rapaz ser minha alma gêmea. – Calma, ele não era, o máximo que poderia ser era outro Índigo, por isso havia uma conexão.
    Naquele ano precisei fechar de vez a história da traição, pois as palavras da minha mãe, ressoavam na minha mente “A gente transmite para os filhos, o quê sentimos por nossos parceiros.” – E eu ainda me sentia muito magoada por causa do Soul.
    Fui atrás de cada uma das envolvidas, saber até onde a história ido, pois sem um desfecho final, não conseguia seguir em frente. – A amante com quem traiu a japonesa do Paraguai, era gentil, só que não tinha ouvido falar de mim. A japonesa virgem e ignorante, e a minha xará era tranquila. – A questão é que não conseguia perdoar, depois de tudo o quê vivemos, quase ninguém sabia ao meu respeito, somente se lembravam da maldita virgem, e isso me doía bastante, pois significava que falava a respeito dela, e quem dera que fosse mal, mas eram coisas como “Preciso mudar por ela.” e outros romantismos insuportáveis da TV. A xará também não sabia de nada, somente que ele ia parar de fazer certas brincadeiras, porquê estava começando a gostar de uma garota, e que nunca tinha o visto gostar tanto de alguém assim, o amigo dizia que fui a garota com quem ele passou um tempo. O melhor amigo era o único que dizia que nunca o tinha visto tão feliz, quanto como quando Soul estava ao meu lado. Por ironia da vida, o melhor amigo que me detestava no passado, por conta da minha conduta like a Yuno Gasai de Mirai Nikki. Mas foi o primeiro a me estender a mão, quando surtei entre os outros, e hoje me sinto ainda mais culpada pelo acidente do círio fluvial, porquê a mãe dele se foi ali.
    Além do mais, Soul sempre falava comigo, e tinha guardado a minha música “Suicida” em vez dos vídeos eróticos, e enquanto ele falava palavras vazias sobre a outra, por mim realmente mudou. – Para ser sincera, até atualmente ainda sigo com dúvidas sobre o quê aconteceu, só que verdade seja dita ele suportou muita coisa, antes de aprontar para mim. Lógico que o ideal era não ter havido nada, mas isso só seria possível, se partíssemos do principio de  quê sou perfeita, o quê sabemos que não sou.
    As crises alternavam bastante, está com ele não me fazia bem, por isso decidi que o melhor era nos separarmos, e ele ir morar com a Rá, junto da sua mãe em Goiânia- GO. – A notícia chegou como uma explosão nos ouvidos do Drácula, que falou um monte de coisas para mim, mas as piores foram “Não importa o quê você quer da vida, mas estamos falando da Minha Neta!” “Você é mente fraca mesmo!” “Depressão é frescura!”  Não consegui me aguentar, ele mandou o Soul calar a boca, e eu ordenei que saísse da minha casa. – “Essa casa só é tua por quê eu te dei!” ele disse. “Não me importo, deu por quê quis agora vai criar a tua filha favorita e me deixa em paz!” Gritei estridente, e no mesmo dia, decidi que ia para Goiânia também, e não ficaria mais nem um minuto naquela cidadezinha, na qual poderia dar de cara com ele.
    Soul foi na frente, e assim percebeu logo o tipo de cobra, que era o namorado da minha mãe, pois o cara queria praticamente tomar a guarda de Rá, para ele e a minha mãe. – A nova guerra se iniciou, por quê ela me colocava depois do moleque, que se chamava Ren, e tinha o mesmo jeito do Arakiel, só que a diferença, é que não fingia ter dupla personalidade.
    Quando Soul estava em Goiânia, decidi deixá-lo, após ter chegado ao ponto de tomar minha caixa de comprimidos de cloridrato de sertralina. – Senti apenas a minha mão formigar, e quando cheguei ao hospital, completamente normal, os médicos brincaram a respeito da minha resistência. “A gente devia chamá-la para beber conosco. Tomou uma caixa inteira, e ainda nem desmaiou!” A consulta foi feita, nos deslocamos do interior para a cidade a toa, pois outra vez não conseguia morrer.
    A minha despedida foi muito boa, reencontrei uma velha amiga, e o meu amigo que quase morreu para um caminhão. – Eu realmente senti alegria por poder me despedir deles, pois eram pessoas maravilhosas, que não colocariam “medos” na minha cabeça.  
    Deveria ter chegado solteira a Goiânia, mas a verdade é que com todos os meus transtornos, não conseguia ficar longe do Soul. Não importava quem aparacesse agora, por isso quando cheguei em Goiás, prometi a mim mesma, que faria de novo o quê estivesse ao meu alcance, para sermos felizes.
    A presença de Ren, fortaleceu muito a minha união com o Soul, pois juntos tínhamos o propósito de proteger a nossa filha daquele moleque insolente, que não só não queria nada da vida, como também era um verdadeiro fifi, cheio de leva e traz, algo que me dava nos nervos, pois estava ajeitando a minha situação com a sogra, e ele criava atritos, sempre que eu brigava com o Soul, dizendo que a mulher o mandava me deixar, que eu não o amava, que era melhor ir atrás de outra. – O quê provavelmente foi dito, para ele encontrar a virgenzinha odiosa, que na visão da mãe de Soul, supostamente o salvou de cometer suicídio por minha causa. É? Mas ela fez ele arranjar emprego? Terminar os estudos? Virar um homem em vez de um cafajeste? Não fez.
    Goiânia era o lugar perfeito para recomeçar, mas a teoria de quê o problema não era o ambiente, e sim eu, se fortalecia bastante. – Queria mesmo esquecer, fazer fotos maravilhosas, e esfregar na cara da menina, o homão da porra que ela perdeu, mas bater fotos românticas, me dava calafrios, porquê tudo me lembrava, a foto dos dois que tinha estado no perfil, coisa que ele nunca fizera por mim, e que o Dr. Arthur meu psiquiatra, entendeu como uma paixão que foi muito mais forte do quê por mim, algo que me fez surtar ali mesmo, pois não queria ser mulherzinha de amorzinho, preferia ser a vadia destruidora de corações, do quê mais uma trouxa que cedeu ao amor. – Algo que me levou a procurar pela “puritana inquisidora” para lhe dizer umas verdades. Infelizmente não tinha forças para aguentar a briga, por isso ler a mensagem de que ela se dava bem com a minha sogra, e que esta “sempre seria a sua mocinha” Não foi algo fácil de tolerar.
    As crises voltaram com intensidade, e por isso comecei a usar meus poderes contra mim. – Nesta altura tinha me dado conta, de quê tudo o quê escrevia se tornava real, por isso passei a descrever a minha morte, em um dos meus projetos, e então no dia seguinte um homem armado, passou na rua de casa, e por pouco não morri. – Tudo se realiza menos a minha morte, como se jamais fosse descansar em paz. Dádiva? Ou Maldição? 
    Certa vez, após discutir com a virgiranha, fugi de casa, queria me matar, mas acabei no Capes, pedindo ajuda, porquê a vontade de me destruir, e destruir os outros não passava. – A puritana era como uma pessoa tóxica, mentirosa, e sem escrúpulos, que me fazia parecer um anjo de tão má que era.
    Lá contei as psicólogas, sobre ser filha de Lúcifer, e encarar isso como um problema, que precisava ser resolvido, pois como alguém como eu, poderia acreditar em tal coisa? Mas elas me aconselharam a não abandonar a minha crença, e que cada um seguia, a filosofia que lhe cabia melhor. – E vendo o quanto tentava ser racional , mesmo quando minha consciência estava prestes a se dissolver, disseram que deveria continuar a escrever o livro da minha história de vida, pois  quando lhes contava sobre os fatos, não sabiam se era alucinação, ou se algo sobrenatural havia mesmo acontecido, já que parecia-lhes inteligente demais, para aceitar algo, que não pudesse ser legítimo. – Impressionado? Brincadeira!
    Como se não bastassem os problemas mundanos, ainda haviam inimigos do passado, que voltavam como amigos. – Certo dia fiz uma projeção forçada, e me deparei com uma enorme cobra negra, de cabeça triangular, que se rastejava por cima do guarda-roupa, até chegar a borda do colchão, onde se ajeitava para saltar de boca aberta para cima de mim. Acordei trêmula, mesmo que a esta altura, já não conseguisse ser assustada por qualquer coisa.– Minha protetora era um polterguist lembra? – No mesmo dia, a mensageira Maria enviou mensagem, e bem devido ao fato de quê ela trabalhava com o Kimbandista, que me fez muito mal, apenas porquê fui fria com ele, havia cortado laços com a mesma. Todavia quando o comunicado de quê meu antigo mentor – O mesmo do qual a voz de trovão me afastou – andava matando todos os antigos membros da seita, e que Asmoday e Solomon haviam partido por sua intervenção, tive de ouvir, e aceitar uma trégua por sobrevivência. 
    O centro-oeste é considerado por alguns conspiradores, como o berço da sétima raça, e em Goiânia, há uma estátua representando 3 das 7. – E isto foi uma enorme surpresa para mim, pois me mudei para GO, por puro intuito, de ficar o mais longe que pudesse do Drácula. A quem jamais perdoarei. – Ao acaso acabei por ficar numa das cidades, onde há o maior número de avistamento de Óvnis.

    O relacionamento abusivo em quê minha mãe vivia, estava se tornando vergonhoso e insuportável, e a situação somente piorou, depois que invoquei demônios no seu quarto, para quê caçassem o Ren, porquê eu já tinha colocado até uma faca no pescoço do infeliz, e minha protetora, continuava a ser humilhada por ele. – O problema é que por causa dele, ela me fazia mal, dizendo que tudo o quê acontecia de ruim na sua vida, era obra do demônio, e vivia colocando hino de igreja para a minha filha. Algo que me irritava muito, pois detesto fanatismos, e sei que a música tem o poder de alterar a consciência, e literalmente lavar uma mente despreparada. – Todo dia ela esfregava Deus na minha cara, e apesar de não ter muito a reclamar dele, porquê me deu um sinal sobre o Apocalipse em 2013, estava voltando a odiá-lo.
    Meus demônios se vingaram de ambos, e por causa disso, a minha mãe surtou de vez, ao ponto de ouvir vozes, fazer papelões, alegando que tinha levado chifre, e eu não a aguentava mais, porquê era óbvio que estava alucinando, e pior ainda que o meu título de Louca da família, agora era totalmente seu. – Eu já tinha surtado, me tornado violenta, mas neste ponto em quê literalmente saia realidade, e não tinha controle jamais.

    Sempre ouvia gritos e mais gritos, e aquilo me envergonhava. Por isso quando ela quis mudar de casa, aceitei de imediato, porquê queria mesmo aqueles shows acabassem. – Era ridículo demais, vê-la chorando aos 4 ventos, por um cara que tinha dito, que preferia que a mãe tivesse lhe abortado. Ela tinha apanhado. Tinha sido humilhada, e ficava “lambendo as botas do cara” A onde estava seu amor próprio?! O quê tinha ocorrido com a mulher que me criou? A gerente, a promotora de vendas, a diretora do DAF, a que trabalhava na SEMA? Agora tinha sido reduzida a uma mulher qualquer, incapaz de se livrar de um relacionamento bosta, e por isso foi perdendo o meu respeito. – Eu a amava, mas apesar do episódio com Arakiel, jamais tinha baixado a minha cabeça, permitindo que um homem me pisasse daquela forma.

    Capitulo 6- 2018
    Em 2018 fiz 23 anos, e como presente, ganhei mais uma seita que afundou, por conta do descaso dos participantes. – Seu nome era Ludac e significava Luz do Amanhacer Cósmico. A ideia a príncipio era minha e de Maria, com quem fui desenvolvendo alguns laços, tentando me opor a minha natureza vingativa e cruel.
    O propósito era reunir todos os filhos cósmicos, que se encontravam perdidos, e precisavam encontrar a iluminação, antes que fizessem parte do exército do anticristo brasileiro. – O meu antigo mentor, que criou um enorme grupo de fanáticos e covardes, que temem os demônios, e abraçaram o satanismo, somente para fugir de suas vidas miseráveis. – Acho que exagerei.
    É claro que falhou, pois o homem tem o aporte de verdadeiros demônios, que precisam do fanatismo para sobreviver. – Por quê são ainda mais inferiores do quê a gente, e precisam da adoração cega, para sentirem-se deuses.
    O grupo era composto por mim, Maria, Lua Negra, Felipe, e a Pleiadiana. Maria usava Felipe, para me atingir, pois pouco antes do seu aparecimento, havia lhe dito que logo me encontraria, com um velho amigo dos meus pesadelos, que era um arcanjo. – Não, não era Gabriel, mas sim o outro de quem já falei.
    Ela sabia que a presença do arcanjo me afetava, por conta de um sombrio passado da outra vida, em que tinha sido torturada pelo mesmo. Por isso sugeria que era um arcanjo, só não o quê iria surgir. – Por ter ciência de quê odeio não ter razão. Mas pelo contexto das conversas, lhe entregava pistas do meu passado. Já que o sujeito supostamente escrevia poemas, sobre uma pequena Lilith, sendo esta a minha fama no inferno, e que a mensageira sabia. – Eles jogavam com a minha sanidade, e me faziam sofrer.
    Porém com a ajuda de Lua Negra – um rapaz que notei ser nobre de imediato, por ser o único com o qual podia debater, sem descer o nível a humilhações. – Acabei por conhecer uma moça, que chamarei de vampira, apenas por ser o seu nick no WhatsApp.
    De imediato reconheci a minha irmã doutro tempo, que lá se fazia de boa, mas era extremamente ruim, como sou nesta vida, só que sem escrúpulos mesmo. – No meu lugar entre matar ou não minha prima, ela teria ido adiante, mesmo que isso lhe fizesse parar no Inferno como criminosa.
    Quis manter distância dela, pois Maria dizia que a mesma me machucaria. – Não acreditei, por conta das suas armações, mas ainda sim, devo admitir que não estava errada. Ficar perto da garota, me deixava doente, ao ponto que a crueldade, que lutei para manter sempre presa, começava a sair, e eu sentia prazer nisso.
    vampira no ínicio parecia mesmo ser uma boa pessoa, e para ser sincera, seria bom se assim continuasse. Porém depois que ela se tornou namorada de Felipe, que apesar de mal falar comigo, vivia perguntando a meu respeito, ela se tornou uma outra mulher. – Todo tempo ela mencionava o quanto o namorado era “lindo”, e esta parecia ser a sua única qualidade, pois de resto nada tinha. 
    Como eu já havia namorado alguns garotos fora da esfera virtual, beleza não me parecia muita coisa. –Sou casada com um cara semelhante ao Pen Badgley, então não tenho do quê reclamar. – Só que ainda sou uma ex patinho feio, e ver tanta superficialidade, me dava nos nervos. –Posso não está com o tal “deus grego” mas o quê importa para mim, é que meu marido me ama, me aceita, e me ajuda a ser uma pessoa melhor.
    Agora jogavam com nós duas. Onde já se viu um cara ignorar uma mensagem de morreria por você, para atender o choro de outra? Foi exatamente o quê aconteceu, quando tive o presságio terrível, de quê o menino Felipe, iria se tornar a casca de Belzebu, se tatuasse o sol negro em seu corpo. – Afinal tinha umas contas para acertar com o deus, desde 2013, e não queria que fosse ali.
    Ao tocarmos no nome da criatura, comecei a receber manifestações fortes da sua presença. Em casa as brigas entre a minha mãe e o Ren só pioravam,  apesar deste está longe. Chegou num ponto que tivemos de mudar de casa, porquê a minha progenitora jurava que tinham câmeras, e caixas de som por todo canto. – Ela tinha surtado, e eu não conseguia fazê-la voltar a realidade.
    Na casa verde, as coisas deveriam melhorar, mas só pioravam. Minha mãe não conseguia nem mesmo ficar sozinha no quarto, que ficava de frente para o meu. – A presença de Belzebu tinha crescido na minha vida, e o ouvia como uma terceira voz, ou extra consciência.
    Não era como o caso da minha mãe, que ouvia vozes xingando-a através de aparelhos mecânicos. tinha a impressão de quê estivesse dentro de mim, como uma terceira personalidade se manifestando.
    Bael dizia coisas como ser a sua 4° esposa, que o mito de Samael como o próprio escuro, era uma farsa. Ele era o diabo, e as 4 esposas eram dele. – É claro que eu duvidava. Mas a filha plediana, que me odiava por ser alvo de interesse de Michael, o amava, e vampira achava que estava incluída na jogada, por conta do seu par.
    Certa vez num domingo ouvi Bael dizer “Felipe não mantém contato contigo porquê não quer ser mal interpretado.” E então mais tarde, vampira me enviou um print do seu par, no qual o mesmo dizia “Eu não posso manter contato com ela, ela é casada, e isso não é certo”. – Meus olhos se engrandeceram com isso, pois eu não tinha acesso a tal informação, e ainda sim, havia acertado em cheio.
    Bael era real? Ou somente uma forte alucinação, de uma bruxa que era filha de Lúcifer? Isto era o quê me preocupava dia após dia, mas quando ele disse que em breve apareceria, e nunca chegou, tive certeza que estava enlouquecendo. – Se fosse verdade teríamos nos visto não é? Porém nunca aconteceu.
    Já teve a impressão de quê o Inferno, está dentro da sua própria cabeça? Era assim que me sentia ao embarcar na fé da vampira, de quê os nossos piores medos iriam se manifestar. – Os medos dela eu não sei, mas os meus se concretizaram.
    Naquele ano foi lançado o filme Luciferina. Que me parecia bastante familiar. O filme contava sobre a história de uma freira, que após perder a mãe, embarcava numa aventura, para saber porquê a mesma havia se matado. Spoiler: Natalia (a freira) tinha um poder sobrenatural, que a deixava cega por segundos, e assim a mesma enxergava a luz ou escuridão nas pessoas. – Após as inúmeras tentativas de suicídio, as consequências vieram. Comecei a perder a visão, e por isso em 2016 resolvi me consultar. Só que no dia em questão, logo após sair do consultório ás 7 da manhã, a rua estava deserta, e um homem meio bêbado me abordou. Eu estava com muito medo, por conta das notícias que havia lido sobre estupros. – Como pareço uma garotinha adolescente, sempre sou um alvo perfeito para eles. – Ele estava começando a se aproximar, quando olhou através de mim, e ficou frustrado. Olhei para a mesma direção, e tinha um homem parado ao lado do lixo. Ele era musculoso, com dreads amarrados num rabo de cavalo, vestido de camisa verde e calça preta, como se fosse um guerreiro africano. O moreno ficou parado ali, como se esperasse o bêbado se retirar, e como resultado o mesmo seguiu o seu rumo. Quando me virei outra vez, o sujeito havia sumido, como se tivesse aparecido somente para me ajudar. Por isso decidi caminhar para onde houvesse movimento, e quando encontrei uma mulher da vida, me agarrei a ela, pois apesar de sua profissão sentia nela tanta segurança, quanto quando o moço de verde apareceu. – Essa capacidade de ver quem é bom ou ruim, condiz muito comigo. 
    A freira supostamente era virgem, mas tinham cenas quentes, em quê ela se masturbava, exatamente como eu fazia, antes de me entregar a um homem. Além do mais, apesar de não ser intocada, nunca ultrapassei o limite de 4 homens, e até hoje não sou casada por cerimônia. ‐Sempre algo dá errado, quando estou prestes a virar a mulher do Soul, então não sou pertecente a um homem.
    O namorado da sua irmã, é um idiota, e isto fica claro depois que eles fazem o ritual na ilha de Índios, onde a mesma tem diversas visões infernais. – Macapá- Ap é uma ilha de índios também, embora possua uma civilização, e você sabe das visões que tive lá.
    O par dela é o Abel, um rapaz magro de cabelos enrolados, que é conhecido entre os amigos por ser o esquisito como ela, já que tem apagões. Ambos são virgens, e é o destino deles se unir. – Soul em muitos aspectos se compara ao mesmo, principalmente pela falta de memória, já que tem inclusive tendência a Alzheimer. Os virgens na magia, são aqueles que não são casados, e que nunca praticaram a magia sexual. – Ele foi o único com quem pratiquei este ato em específico.
    Abel tinha problemas para lembrar, porquê era a verdadeira casca do diabo, que queria gerar uma criança mágicka com a freira, usando a sua alma gêmea para seduzi-la. – Medo. É só o quê tenho a dizer.
    É descoberto que a mãe de Natalia, foi escolhida por uma seita satânica, para dar a luz a filha de Lúcifer, mas a mulher mesmo sabendo do destino sombrio, pede ajuda as freiras para proteger a criança. – Alegoria ao aborto que minha mãe se recusou a fazer, e o pedido que fez a santa?
    No fim a única forma de exorcizar o demônio, era literalmente copulando com o mesmo, e o quê deveria ser um abuso, acaba por se tornar erótico, e desta forma Natália salva alma de Abel, mas ele morre, e o filme termina com ela grávida de outra criança mágicka, indo a igreja para protegê-la. – Nem preciso dizer nada.
    A príncipio quis passar a bola para vampira, afinal ela é a virgem de hímen, mas o próprio contexto do filme retrata, que é a virgem sob a ótica do ocultismo, e não a cristã. Sendo assim embora decretem a virgindade santificada, é santificada de acordo com o olhar de Crowley, não de Constantino. – Luciferina é o nome satânico da freira, e ela diz que o significado é “A portadora da luz”.  Sendo o meu Luciféria, “A luz que parte”. – Fim dos Spoilers.
    vampira se identificou de imediato, porém ela olhou apenas para o meio das suas pernas, e só isto não era o suficiente para preencher os requisitos. – Um filme assim, tão estranhamente ligado as minhas particularidades, me deixou preocupada, principalmente porquê foi lançado no dia 15 de março. – Seria um sinal de quê a extra consciência falava sério? Nem eu sabia.
    O ano seguiu-se de maneira comum, mas o entusiasmo de vmpira pela suposta aparição do seu grande amor, me fazia ficar em alerta para o Senhor das Moscas. – Houve uma vez que me senti vigiada, pois enquanto fazia amor com o meu marido, ouvi o barulho de um carro, que só saiu da porta, depois que paramos.
    Se tinha segurado as pontas até ali, certamente agora perderia o fio da meada. – Lembranças de sonhos com o anticristo se tornavam frequentes, sempre que tentava ver alguma fraqueza do demônio. – Aos 14 anos tive o sonho com o menino da profecia. Aos 21 havia sonhado que nos encontraríamos diante de um anjo, ele agora estava mais velho, mas mesmo assim se tornava o meu par. – E é lógico que tinha ignorado tais coisas, pois onde já se viu? Eu sou a mulher do Soul, mesmo sem cerimônia. É a ele que meu coração pertence.
    Tentei seguir ignorando sequer a possibilidade, mas a situação somente se tornou mais evidente. – Não importava o quê fizesse, a sua chegada era cada vez mais fácil de provar.
    Num dia qualquer uma barata avançou na minha direção, mas quando ergui a palma em defesa, ela abaixou as asas. – Isso seria totalmente natural, se não fosse pela presença das moscas, que seguiam a minha mãe, não importava o quanto mantivesse a sua assepsia intacta.
    Fingi que não era nada, usei veneno para afastar os insetos, nada melhor do quê boa e velha ciência não é? – Não quando se trata do paranormal. – Certa vez o ralo entupiu, e a água começou a transbordar acima do piso alto. Para resolver o problema, Soul abriu o buraco, com a ajuda de um ferro, e várias baratas ficaram a flutuar entre as ondas.
    Ignorei mais uma vez, embora estivesse em alerta agora, e algo ainda maior aconteceu. A mente da minha mãe se degradou de vez. A sua insanidade era tanta, que todos os dias alegava ver Óvnis, mas depois de ler um estudo, que relacionava a aparição dos mesmos, como resultado de um intenso abuso emocional, eu acabei deixando de acreditar nela. – Todavia houve um fato que mudou a minha perspectiva. 
    Eram 7 horas da manhã, minha mãe estava se entretendo com a Rá, quando de repente me chamou. Sai do quarto com preguiça para as suas teorias malucas, e achei que ela tinha gritado, apenas porquê estava passando uma matéria sobre aliens na TV. Mas quando cheguei a tela estava congelada, e era como se alguma vida inteligente, interagisse através dos sons do aparelho. – Eu gravei a última parte, só que não foi o suficiente, por isso torci para que retornassem em breve.
    Levou algum tempo para o fato se repetir, mas quando ocorreu gravei. – Eram 3 horas da manhã, quando Rá se encaminhou até a tela da TV, de onde saiam vozes distorcidas como a intro da Iron Man do Black Sabbath. – Depois de tudo o quê passei, não era qualquer coisa que me assustava, por isso assim que notei tal presença, fui logo filmar.
    No final daquele ano, vários pássaros pousaram na árvore ao lado da minha casa, e começaram a grasnar sem parar. – Realmente não há nada certo? É tudo normal, ou ao menos é para mim, devido a cada desafio que já enfrentei.
    As perturbações não pararam, nem mesmo quando minha mãe se mudou. A luz da cozinha onde mais conversava com a extra consciência – por quê a água funcionava como um portal entre os mundos – entrou em curto, e os demônios começaram a fazer uma rave em casa. – Sendo que me recusei a ir para uma, por causa de um mal pressentimento, que tive assim que os novos vizinhos chegaram, e não fui a única, Soul falou para evitar contar as minhas experiências em voz alta, pois também estava se convencendo, de quê eu era o alvo de Belzebu. Meus maus pressentimentos, não eram por acaso, pois alguns dias depois, acordei de madrugada, e quando foi de manhã, soube que o comércio que ficava a frente da nossa casa, foi roubado após ser arrombado. “Eu sacrifiquei uma família para salvar a sua.” A voz disse. Então fiquei sem reação, era como se tivesse sendo protegida pelo mal, e embora me garantisse a sobrevivência, não me sentia bem com isso.
    Somente eu e vampira sabíamos que Bael agora era o meu protetor, mas ainda sim Maria apareceu amedrontada, porquê do nada sofreu a paralisia do sono, e viu o próprio diante dela, totalmente dominado pelo ódio. – Seria pelo quanto ela me artomentou antes?
    Tinha a impressão de quê não era qualquer uma para Bael. Portanto não iria me deixar em paz tão facilmente, e tive de me precaver. – Se o garoto Felipe, iria ser a sua nova casca, não podia falar com o mesmo, por isso o bloquiei, e pensei que seria o suficiente. Mas um vigarista que queria saber sobre o quê eu escrevia apareceu. – Ele era estranho, dizia ter sido amigo de um maçom, e quê conhecia sobre Goétia e os Druídas, em seguida me enviou um pdf de Cipriano, mesmo que eu tenha deixado claro, que Cipriano para mim é um covarde, fanático, e farsante. O homem se aproximou de minha mãe, e no fim depois levar o seu dinheiro, soubemos que o mesmo estava sob ameaça de morte, e era totalmente insano, ao ponto de repetir as palavras do meu avô “Eu vou para o Inferno para comandar.” Algo que me fiz rir, pois Lúcifer é o meu pai, e nunca deixou uma pessoa que tenha me feito mal, passar impune. – E quando não é ele, é o Belzebu, então me pareceu cômico.
    A entrada do ano de 2019 foi diferente, em 21 de janeiro houve uma lua de sangue, que caiu no eixo Aquário (sol) e Leão (lua) como no meu mapa, e perto do meu aniversário de 24 anos. – Sendo que vez ou outra algo grandioso (e catastrófico) ocorre neste dia. – Minha filha teve de ser levada ao hospital, porquê a dias não evacuava, mesmo com as frutas que lhe dávamos para facilitar.
    Sai as pressas, e deixei uma mensagem para a vampira, não me lembro qual, mas me recordo da resposta que tive. – A menina estava convencida, de que era a escolhida do Anticristo, que teriam um filho, e entraria para a história. – Não preciso falar da minha reação não é? Alegria por ela ser alvo dele, mas raiva por quê quem sempre quis entrar para a história era eu, e pelo amor dos deuses do abismo, se chegou até aqui, é porquê acredita no meu destino também. É inegável que tenho um significado único dentro desta sociedade.
    15 de fevereiro estava se aproximando outra vez, e como vampira parecia disposta a roubar o meu lugar, tive o prazer de reunir 10 fatos associados a data, e por quê isto me tornava a perfeita filha de Babalom.
    Em 10° lugar – A atriz que fazia a Huntress, a minha primeira personagem favorita da série Arrow, dividia o aniversário comigo.
    Em 9° lugar – O Eniac o pai dos computadores modernos, foi revelado neste dia, e trouxe uma Nova era computacional.
    Em 8° lugar – A intérprete de Gabrielle em Xena, que deu a luz a Hope, com um ser das trevas, também era minha xará de data de nascimento.
    Em 7° lugar – Outra referência a DC comics, O César Romero, o primeiro Coringa da TV fazia aniversário neste dia.
    Em 6° lugar – O primeiro esboço do genoma humano, foi publicado pela revista Nature.
    Em 5° lugar – A primeira nebulosa a ser vista, e batizada de “olho de gato” foi descoberta neste dia em 1786, e ficava localizada na Constelação de Draco. – Fato interessante em 2013, encontrei uma das minhas irmãs, e como os demônios a amavam ao ponto de me ignorar,  larguei o satanismo, para me dedicar a magia draconiana, por ter uma enorme afinidade com dragões, desde os 9 anos. – Quando sonhava que sobrevoava uma cidade em ruínas, montada num dragão ocidental, branco azulado, que se chamava Graham. – Por quê acreditava que somente eles me aceitariam.
    Em 4° lugar – Galileu Galilei nasceu neste dia, e ele foi responsável por inúmeras descobertas, além de ter sido tratado como herege, por defender a teoria heliocêntrica.
    Em 3° lugar – Matt Groening o criador dos Simpsons e Futurama, é do dia 15. – O gênio incompreendido, hoje é visto como um dos grandes profetas da atualidade, pois a sua série mais conhecida, previu diversos acontecimentos.
    Em 2° lugar – O meteorito que caiu na Rússia, logo após a renúncia do papa. – Aos meus 18 anos.
    Em 1° lugar– A Lupercália, evento dedicado ao deus Lupercus, que é tido como uma faces do Deus Lúcifer na Itália, e a fundação de Roma por Rômulo e Remo. O evento funciona como o Dia dos Namorados pagão, mas deixou de ser divulgado há muito tempo, por quê a igreja tentando sufocar a tradição, criou o dia de São Valetim, que é comemorado no dia 14, para quê o 15 passe em branco. – É nestas horas que o desprezo pela igreja cresce.
    Algumas coisas são bobas, outras tem enorme significado para mim, e ao analisar tais fatos, tenho a forte impressão de quê a data foi propositalmente escolhida. – Afinal de contas 15 é o arcano do Diabo original.
    Tudo isso deveria me animar, mas quanto mais o dia se aproximava, menos feliz eu ficava. Mais um ano estava ficando mais velha, e Lúcifer não tinha aparecido, quase ninguém sabia quem era, então como este tão falado destino poderia me pertencer? A tristeza invadia o peito, talvez a resposta fosse esta, todo o meu sofrimento, e vida paranormal por nada mais, que ter entrado no caminho mais denso, ou ainda não estava pronta, para ser reconhecida. Será que agora é a hora? Em breve saberemos.
    Duas séries seriam lançadas em 15/02, e elas eram do meu gênero favorito super heróis, e apesar de parecer um presente, não sentia ânimo para assistir. Só que um comunicado, mudou a minha perspectiva, Lua Negra disse “Assista-as. Se é exatamente do jeito que gosta, pode ser que tenha uma mensagem para ti lá.” Então me preparei para fazê-lo, mas no dia mesmo, fui tirada de casa, para ir no Escape Room, onde tive de resolver um crime satânico junto de Soul, mas nós falhamos e rimos sem parar na hora de “morrer”. – Foi um dos melhores dias da minha vida. Eu sei sou estranha, mas você já deveria saber.
    A série lançada pela Netflix se chamava The Umbrella Academy, e pertencia a editora Dark Horse, a premissa era simples: Mulheres deram a luz a 7 bebês, mas antes do dia começar elas não estavam grávidas. As crianças cresceram, mas apenas 6 delas desenvolveram dons, e se tornaram super-heróis. O foco da trama? Era o Apocalipse, e eles precisavam impedir.
    Spoiler: A série tratava a número 7, como uma inútil violinista, que tinha de viver tomando remédios, para não comprometer a sua saúde mental. Seus 6 irmãos eram deuses, por onde iam tinham reconhecimento, e ela sempre era jogada no canto, sendo lembrada apenas por escrever um livro, sobre como era a vida deles, por trás das câmeras. – 7 é o número que estava na minha testa, no meu joelho, eu era a 7, a mensagem era esta, eu era a única criança, que jamais atingiria aos palcos, como Asmodeus, Mammon, Belzebu, Caim, Azazel, e alguma irmã qualquer. Pois todas nascem com um forte apelo sexual, e poucas herdam o cérebro como eu – Continuo sendo ácida.
    Assisti até o fim somente por causa do número 5, o homem preso no corpo de um menino, e Klaus o rapaz que tinha poder de falar com os mortos, mas temia as suas habilidades de tal forma, que preferia se drogar para não ver os fantasmas. – A destruição mundial era obra de um grupo seleto, que queria proteger um rapaz, que apesar de nascer no dia dos heróis, não tinha poder algum, mas era um sociopata de mão cheia, bastante interessado na número 7. – Claro para ser a vítima dele pensei.
    Mas no fim, foi mostrado que 7 era a mais poderosa dos irmãos, e o pai não a deixou desenvolver seus dons, porquê temia que a mesma matasse os outros. O tratamento desumano que ela recebeu do homem, a deixou transtornada, ao ponto de desenvolver uma extra consciência maléfica, dominada pelo ódio, que lhe disse as mesmas coisas, que costumava dizer em momentos de raiva, sobre jamais ir para o palco. – É isso. Nesta peça de teatro, eu sou aquela que nunca sai de trás das cortinas. – Coincidência? Quem sabe.
    Fim dos spoilers. 
    A outra série se chama Doom Patrol, e é da DC comics. A premissa é bem diferente, não se trata de heróis, mas fracassados, que foram escondidos do mundo, porquê o Cliff não achava que os aceitariam. Sua estética é abstrata e dadaísta, o quê a torna revolucionária em relação as outras obras da DC. 
    Mas não assisti de imediato, apenas esses dias, depois de fatos estranhos que aconteceram comigo. – Novidade não é? – Sei que ao ler a minha história, irá comparar com uma série conhecida, por isso embora o livro “Sobre mim” seja uma vergonha nacional, deixarei disponível, apenas para quê tenha certeza de quê é um relato legítimo. – Aquele final me deixou assustada, pois parecia condizer com o meu destino, porém não com o Senhor das trevas, e sim Das Moscas. Por isso num sábado tive de fazer um ritual para Tiamat, para saber o significado disto. – Me senti nua diante do mundo, como se algo estivesse contando 70% da minha história, através da famosa personagem. Não foi uma sensação agradável, só me vi assim quando fizeram Luciferina.  – Tiamat me enviou um presságio onírico, no qual eu tinha um marido monstruoso, que tentava me afastar do Soul. – Pelos deuses! De novo essa história? – Mais tarde ainda no mesmo sonho, aparecia um crítico de arte, vestido de terno, para o qual queria vender um cd chamado 1574, que havia sido feito em 1574. Eu tinha vários cds originais em mãos, e somente um falso. Mas o quê me chamava a atenção era o 1574, ao qual o crítico não me permitia vender, pois na visão deste era algo valioso, que me faria falta no futuro. Acordei e enviei o sonho para uma amiga bruxa, e quando foi de tarde Notredame apareceu queimada nas notícias, era o dia 15, do mês 4, e talvez o 7 no sonho, tivesse alguma ligação comigo. (Afinal o 7 estava sempre presente.) No dia 17 tive um outro presságio, nele estava numa festa de luxo, onde recebia uma proposta indecente, que recusava, e uma mulher invejosa, me chamava de gorda. Até aí tudo bem, mas quando sai do local, o alarme soou alto, então avisaram que os animais tinham fugido do zoológico. As portas de aço se fecharam, senti como se estivesse na série Zoo. Eu me bati contra as mesmas, e então alguém soltou cachorros raivosos na minha direção, mas um vigilante me salvou, e acordei dentro da sua cabine, enquanto ele dizia em desespero “Escreva! Escreva! E eles vão parar!” então me deu uma caneta, e uma caixa para apoiar o papel, onde iniciei a escrita com “A”. – Conclui após muito analisar, que os animais no zoológico, eram demônios saindo do inferno, mas não sei quem era o meu salvador. Ao apresentar o sonho para um novo amigo, – Que estuda magia desde os 10 anos, e para o qual somente revelei a meu respeito, porquê as cartas disseram “Comunica-te com aquele que fala com a divindade.” – Ele chegou ao mesmo resultado, muito antes de lhe mostrar a minha conclusão.
    Certo dia estava online, comentando que não tenho medo dos demônios, afinal já tive o desprazer de conhecer os piores, e estou claramente sendo cogitada para algo. Foi então que uma mulher veio e disse: “Você é como eu, é uma escolhida.” Achei aquilo incomum, por isso resolvi conversar com a mesma. Foi uma total perda de tempo, embora seja médium, é ainda mais louca do quê transpareci nestas páginas. Falou-me coisas como “Sou a filha de Lúcifer e Lilith, meu irmão é Mammon,  sou Asherah a deusa perdida, e Bael é o meu marido.” Tentei lhe explicar a impossibilidade de assim ser, mas ao mesmo tempo me questionei também, estaria eu inerte na loucura como ela? Preciso voltar a terapia! Ela me chamava de a irmã mais nova, filha de Maria Padilha, não um demônio como a própria. Mas esta me parecia a sua realidade, não a minha. Em algum ponto da vida, ela teria acabado por libertar muitos demônios, e os mesmos agora dominavam o seu corpo. Era como se andasse com uma legião, pois a sua fala era desconexa, fanática, e imprecisa. – Isso é um roteiro de filme de terror Nammu? É como se eu fosse o rapaz de Dagon tentando viver a vida de 0 e 1, e o deus antigo me atraísse para a sua cidade. A mulher diz que é rica, mas pelo grau da sua insanidade, fica difícil saber se é de fato ou é mais uma alucinação. 
    Como se não fosse o suficiente, uma bruxa me alertou para tomar cuidado, com qualquer feiticeira que oferecesse dinheiro em troca de dinheiro. Então quando fiz uma evocação a Marbas, o demônio leonino, que tem me dado uma força quando piso no Inferno, e é responsável pela revelação de segredos ocultos. Descobri que meu nickname “Carry” era semelhante a “Carreau”, a potestade que “endurece o coração dos homens”, e fui atrás de uma bruxa que parecia humilde. 
    Ao contrário da outra “princesa”, ou – como chamarei a partir daqui – Legião. Esta não era perturbada, e quando lhe mandei a mensagem, explicando que era filha de Lúcifer e Lilith, mas não me opunha a religiões, e sim aos líderes ambiciosos. Ela me falou logo “Você está assustada por causa de visitantes em sua casa.” e eu enviei sobre “Carreau” ela falou para chamar-lhe no Whatsapp, pois era a escolhida para isso.
    Conversamos, e ela disse que Luciféria não é real, é tudo manipulação de Carreau, que toda a minha vida foi uma mentira, mas sou uma bruxa poderosa por conseguir libertá-lo. No início propôs viajar a minha cidade, mas não tinha dinheiro para tal, por isso ofertou entregar a conta, para lhe enviar o dinheiro da passagem. Depois conversamos mais, e ela falou coisas esquisitas, como a forma de um anjo de asas rosas, é a minha verdadeira, e que para me livrar de Carreau, teria de invocar a Mikael, e agiu dizendo “é eu sei que sabe bem quem é”. Então ela abriu um portal, e supostamente tirou Carreau, mas seu celular caiu mais tarde, e ela precisava de 30 reais na conta, para fazer um banimento completo, não era grande coisa, mas eu realmente só tinha 10 reais. Ela parou de responder, ficou bem, e minha filha voltou a surtar, tinha lhe pedido para libertar o ser, pois convivi 9 anos com ele, saberia lidar. Então quando disse que ele voltou, ela me bloquiou sem mais nem menos. – O quê mais tem acontecido é fazerem isso. Falar, criar amizade, e sumirem.
    Por sorte havia seguido os meus instintos, e preparado um ritual, para me livrar de Carreau. – Eram 3 horas da manhã, não havia sinal da lua minguante no céu, e eu estava com um portal aberto, sob o uso do mesmo símbolo que o trouxe, enquanto ouvia a música Sitra Ahra da banda Therion, porquê queria mesmo me conectar com o outro lado. Comecei a meditar chamando Lilith, então quando a senti ali, chamei o demônio para fora de mim, e o peguei pelo pescoço, enquanto usava a minha linguagem Lovlicos. – Com a qual fiz um símbolo a esquerda, e no dia seguinte apareceu a direita. – Meditei para transferi-lo para o portal de Apsu, e chegou num momento, que nem sequer consegui ouvir a melodia, era somente eu e ele. Senti uma verdadeira onda de energia brigar em mim, tentava levantar a cabeça, mas ele não deixava, e quando consegui, e senti meu corpo mais leve, fechei o portal. Achei que 7 minutos tinham se passado, mas na verdade foram 47. Por 40 minutos estive do Outro lado, e não sabia se tinha o vencido, até que olhei para o céu, e a lua tinha deixado de ser encoberta pelas nuvens. – A noite voltou a brilhar – Titans Go.
    Esses tempos enfim assisti Doom Patrol. No início pensei que a mensagem para mim, se relacionava a Crazy Jane, pois a mesma tem 64 personalidades, e o meu último relatório psiquiatrico, resultou em transtorno de personalidade com instabilidade emocional, podendo ser boderline ou impulsiva. Spoiler: Jane não é a personalidade matriz, assim como a minha atual persona, mais justa e sensível, também não é a minha original.
    Mas de acordo com que a série segue, há uma mensagem sobre o Anticristo, que é um garoto depressivo, por ter que destruir o mundo, e é socorrido pela Rita Farr, uma mulher cuja a habilidade, lhe transforma num monstro, apesar de não envelhecer. – Esta mensagem não ficou clara, mas o fato do menino ser chamado de “o livro nunca lido” me deu um frio no estômago. Fim dos Spoilers.
    Recentemente tentei entrar numa audição de talentos do Projeto Passarela, e consegui passar, mesmo sem o treinamento exemplar de teatro. – O número final da minha inscrição chamou-me a atenção, pois terminava em 777, um número significafivo para Crowley.
    Lá também soube que tinha de falar inglês se quisesse o sucesso mundial, algo que me deixou intrigada, pois desde o ínicio do ano tenho estudado a lingua, porquê a extra consciência me prometeu, que o meu tão sonhado sucesso víria, após aprender exatamente essa expressão. – Eu sei que é a lingua universal, mas quando ouvi a voz, ainda nem sabia da iniciativa. Além do mais fui até lá, apenas para realizar sonhos mundanos, de enfim ter algo que será visto por todos, e entrará para a história seja como heroína ou vilã.
    Há algum tempo passei a desenvolver um livro de magia para iniciantes, e estou muito feliz com a obra. Vai servir para os filhos dos cosmos, que realmente tiveram experiências paranormais, e quê precisam de um manual, para não libertarem seres perigosos neste mundo. – Entendeu a referência?
    Lá estou me focando apenas no aprendizado dos demais, e de forma bem superficial, retratei um pouco das minhas experiências como filha de Lúcifer e Lilith.  – Apenas porquê o contexto era adequado.
    Mas estes dias vi uma sequência de números inesquecível. Fui deixar Soul no laboratório, e quando olhei para o ônibus a minha frente, tinha o número “20290”. 02 – Fevereiro 90 – Década que nasci. Tudo bem é uma linda coincidência, por isso segui meu rumo. Um ônibus passou ao meu lado, com o número “011” na placa, e devido a um rapaz que chamarei de Art, soube recentemente que 11/11, é o portal dos “Humanos angelicais”.  – Obrigado força oculta, por me lembrar das minhas asas de penas. Tudo bem, mas em seguida vi uma placa com o fim 33. – 33, o grau mais elevado da maçonaria, o numero sagrado. – Legal ué. A próxima placa era 5888, e este é um mistério, contudo no livro descrevo que é preciso haver a repetição de presságios, para se iniciar uma investigação sobre os sinais. Então próximo de casa, apareceu um carro de placa 93, próximo a um lava rápido de carros, com o número 1515 pintado na parede. – 93,93,93, 15, o meu número. – Coincidência? Espero que sim.
    Esses dias estava terminando o relato de 2017, e tentei não mencionar a ex de Soul, mas só de lembrar das coisas que ela dizia, era impossível não sentir a minha real natureza sair, por isso tentei me controlar. Mas toda a raiva que contive, foi para o ambiente. Enquanto a minha mãe cozinhava, o fogo se alastrou na boca do fogão, e por pouco não iniciou um incêndio. Então quando cheguei para almoçar, ela falou para mim, que tenho de mandar o meu Pai lá parar de perturbá-la, pois o espírito imundo que lhe castiga, é o meu protetor. – Quase deixei o prato cair de minhas mãos, e fiquei catatônica. Não é de Lúcifer que ela estava falando, mas sim de Bael.
    O quê isto significa? Nem eu sei, e para ser sincera, prefiro continuar sem entender, pois as possibilidades, são todas negativas. – Eu entrei em alguma realidade alternativa de Terror? Aqui ainda é Sete Além? Não sei. 

    Mas sei de uma coisa, se a mente humana é poderosa, imagine a mente de um anjo? Por isso vou continuar seguindo a minha vida, como se nada estivesse acontecendo. – Tudo o quê vi é real ou Eli estava certa? O quê é a realidade? Apenas o quê pode ser tocado? Ou o quê é sentido através de outras percepções? O concreto é verdadeiro? Ou é apenas um aglomerado de energia densa, que limita o olhar sobre o mundo? Você me verá nos palcos, e ficará surpreso por conta da minha história? Ou morrerei como oculta? Em breve saberemos, e teremos todas as respostas. Se a minha realidade caótica, é apenas um filme, a única coisa que posso afirmar, é que está perto do próximo ato, e nas últimas cenas, terei certeza do quê tudo isto se trata. Se viver para contar história, terei o prazer de lhes escrever um segundo livro, se não, obrigado por terem lido até aqui, e por me guardarem em seus inconscientes, mantendo a minha lembrança viva. Até a próxima, Lux Burnns.
  • Thoth capitulo 1

    Em algum lugar de Bornholm um jovem pastor de ovelhas é encontrado vadiando por um lago, impressionado com algumas servas se banhando naquele lago, o jovem pastor se perde de suas ovelhas para ''expressar sua adolescência''.
    De repente um grito vem das garotas que saem correndo do lago, o garoto se impressiona, porém apenas acha apenas que foi descoberto e percebe sua idiotice ao se perder de seu rebanho, as consequências começam a pesar pela sua cabeça.
    _. Por todos os deuses meu pai vai me matar, tenho que começar a procurar agora. - Exclama o garoto preocupado
    O garoto sagaz acostumado a andar por aquelas colinas vai achando as ovelhas, acha uma depois outra e depois outra, aos poucos vai encontrando todas as ovelhas. Conta todas as ovelhas e da falta de uma, sua preferida entra todas as do pasto Siggy a ovelhas negra.
    O garoto passa o dia a procurando e quando a noite se aproxima ele vê de relance a ovelha de pelugem negra adentrando a uma caverna, o garoto corre em direção a ela cegamente somente com seu cajado meio curto e fino, ele no meio do caminho vê um lobo indo em direção a ovelha o garoto chama a atenção do lobo em uma atitude desesperada, talvez pelo gosto que ele tinha por Siggy ou pela consequência que perder a ovelha negra rara e cara de seu pai, ele ataca o lobo com seu cajado, o lobo cai desacordado, o garoto por um momento comemora até perceber que lobo não estava sozinho.
    Três outros lobos se aproximam do garoto e ignoram a ovelha que ignora os lobos e entra na caverna.
    _Heeeeeey Siggy não entre aí. - Grita o garoto para a ovelha como se ela pudesse entende-lo perfeitamente.
    Os riscos para o garoto aumentam, não é, mas uma surra que está em jogo, o perigo para sua vida ativa a adrenalina e o garoto se dá conta que ele é um adolescente contra 3 lobos raivosos e percebe suas diminutas chances de vitória, o garoto em mais uma atitude impulsiva corre em direção a caverna, desviando de alguma forma dos lobos que correm atrás dele.
    De repente em meio ao céu limpo um relâmpago cai entra o garoto e os lobos, o jovem já na porta da caverna se assusta com a situação e cai dentro da caverna, sai rolando até encontrar um chão, tudo é escuro, apenas uma luz azul e fluorescente ilumina a caverna a frente.
    O garoto segue a luz por duas horas inteiras, sem chegar a canto algum, começa a sentir sede já que só beberia depois de trazer as ovelhas de volta e fome já que só comeria se trouxesse todas as ovelhas vivas e bem, o garoto desmaia.
    Acorda um dia depois em frente a um lago, Siggy dorme ao seu lado. Ao olhar para a frente o garoto se impressiona com o que vê, em meio ao lago uma espada negra presa a uma pedra emite uma luz azul tão brilhante que quase cega o garoto.
    O jovem pastor meio entontecido pela luz segue para a espada, como se fosse atraído para aquilo anda pelas águas sem afundar, como se uma ponte invisível estivesse entre ele e a espada.
    Em meio a rocha uma espada de lâmina negra, em meio ao seu punhal uma caveira prata com safiras em seus olhos, safiras estas que brilham a luz que ilumina toda a caverna, o garoto controlado pelo poder da espada coloca a mão em seu cabo. Uma voz grossa como um urro vem da espada, de seu punhal sai uma fumaça negra que se transforma na figura de algo parecido com uma Harpia de asas negras.
    A forma põe sua mão sobre a mão do fazendeiro e pergunta.
    _Jovem qual é seu nome?
    _Froki o pastor- Responde o garoto acuado e amedrontado.
    _O pastor é seu sobrenome? Responde de forma irônica a estranha forma
    _. Eu não tenho sobrenome, meu senhor, sou apenas um servo.
    _posso sentir sua ganância, é muito que um servo, ou pelo menos almeja ser.- Indaga o pássaro estranho
    _. Eu não posso ter ganância, meu senhor, ela não me serve de nada, se meu pai é um servo eu serei um servo meu filho será um servo, assim funcionam as coisas. Responde o garoto como se tivesse uma resposta pronta.
    _Não me trate feito estupido eu sei como a servidão funciona, nada que me digas vai acabar com o cheiro de ganância que vem de você, posso sentir a mensagem que quer passar ao mundo, e eu Thoth o deus mensageiro posso ajudar a passa-la.
    _Você não me parece Ratatosk, aquele passa as mensagens dos deuses.- Responde o garoto um pouco mais tranquilo.
    Ao ouvir isso um silêncio momentâneo se espalha pela caverna, a forma meio-ave meio homem se mostra confusa.
    _. Não tenho a mínima ideia do que está falando meu garoto, pertenço a outro lugar, permaneceria dormindo se não tivesse sentido o cheiro da sua mensagem, tão pura e simples, alguém que almeja ser mais do que pode, isso é tão antigo meu garoto, o sentimento de querer ser mais forte, mais ágil, ter mais poder do que lhe é possível, isso antecede a vida e se estica até a morte. Discursa o nobre pássaro.
    _O que quer dizer com isso, você vem de que lugar? eu não te entendo, o que quer de mim?- Froki confuso  muito com a  sua situação, e curioso como é indaga sobre a vida de Thoth e acaba por insultar o antigo deus.
    _Ora desconfias de mim, te dei motivos para tal? ; sou de um reino a sudeste daqui muito a sudeste, um reino de antes verdes colinas, agora de amarelas dunas, cheguei até aqui através de um enterro pomposo pelo mar, onde os nobres de minha corte inconsequentemente me mataram e me jogaram ao oceano, ou pelo menos minha forma humana, agora sem poder se comunicar com os deuses suas colheitas antes fartas agora se encontram mortas, consequência do ato impulsivo daqueles que queriam ser mais, por isso sua mensagem me cativou.- Tentando se mostrar poderoso Thoth se abre para o garoto, conta sua história espera mais respeito da criatura franzina em sua frente.
    _Ora Thoth, achas que sou como aqueles que te traíram? Então porque queres passar minha mensagem? isso não faz o mínimo sentido- Responde o garoto confuso, se impondo um pouco mais agora que sabe que esse deus a sua frente, já é um deus morto.
    _. Ora meu jovem, tens um pouco de personalidade em suas palavras, interessante..., não tenho raiva daqueles que me traíram o desejo deles me cativava, até por que os traidores tiveram o que mereciam.
    _. Me desculpa pela minha imprudência, mas qual é o sentido desse falatório, a situação está muito estranha, você me atraiu até aqui? E se fez isso por quê? - Curioso o garoto indaga a forma estranha na sua frente.
    _Orá você veio aqui sozinho, foi inconsequente e isso te atraiu até a mim, estou tão confuso quanto você, essa situação para mim é tão estranha quanto é para você, a última coisa que eu me lembro é de ter dormido nessa caverna depois de muito tempo no mar, agora estou aqui conversando com um franzino pastor de ovelhas de uma época distante da minha. - Mas uma vez Thoth se abre para o garoto, como se confiasse nele.
    _olha eu te garanto que não é não, mas serio você se abre assim para cada pessoa que profana seu tumulo? Você é bem estranho, não basta ser um corvo feio em uma caverna brilhante, ainda diz ser um antigo deus mensageiro de um lugar morto, a situação para mim não podia ser mais estranha.
    _Está bem esse não um concurso para saber quem está estranhando mais a situação eu só estou dizendo que estamos em pé de igualdade aqui, mesmo com a minha forma estranha sendo tão diferente da sua agora, eu já fui como você de carne e osso, agora sou apenas um espírito preso a está espada, um reflexo do que eu costumava ser antes, mesmo fraco, ainda tenho muito poder comigo e se quiseres posso te ceder esse poder para alcançar seus objetivos em vida.
    _. Está me propondo um pacto?
    _Sim eu estou, um pacto de cavalheiros que tal, a proposta é: você ora a mim todas as noites e se possível repassa minha antiga religião para aqueles mais chegados, para me dar poder, e com esse poder você chega até onde quer chegar, não precisa abrir mão de sua reza para seus deuses, eu só preciso de fiéis para me manter vivo e poderoso, um fiel só me basta porém quanto mais, mais poder eu vou ter, e vou usar esse poder para te manter no topo você e seus possíveis descendentes, você só tem a ganhar meu jovem, e então o que achas de minha proposta?
    Ao ouvir a proposta de Thoth, Froki se põe a pensar, pela primeira vez em sua vida Froki vê a chance de ser mais do que ele já é, ser mais do que um ninguém, ser mais um pastor de ovelhas qualquer. Froki tinha muitos irmãos e irmãs, dentre eles todos se destacavam em alguma coisa dando orgulho ao seu pai, alguns guerreiros fortes, outras costureiras prendadas ou cozinheiras exemplares, ele tinha até uma irmã que usava o arco e flecha como ninguém, enfim, todos menos Froki tinham um talento algo pelo que se destacavam, por isso, diferente de Froki seus irmãos não almejavam ser mais do que já eram, e talvez por isso quase todos os outros o tratassem com o desprezo de só quem não entende o que outro sente pode tratar. Thoth naquele momento dava a Froki uma chance de se destacar acima de todos seus irmãos, acima até de seu pai, acima até de quem sabe o próprio rei daquele condado, talvez por isso Froki tenha dado uma resposta tão rápida sem pensar nas consequências ou em sua religião.
    _sim, eu aceito- Responde rapidamente o garoto. _ O que eu tenho que fazer para selar esse contrato, eu faço o que quiser Thoth.
    _. Ora meu garoto apenas puxe a espada da pedra, e terá o meu poder.
    O garoto sem pensar duas vezes puxa espada da pedra e...

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