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medieval

  • Soullumière

    Vila de Calm, às 22:39, noite...
    Diante dos céus tomados pelas nuvens e devastados pela escuridão do espaço, misturado com as estrelas que pouco apareciam, em meio a uma pequena vila, localizada no reino, um jovem pai colocava seu filho para dormir, na pequena casa de barro e madeira.
    — Pai... —, o pequeno garoto coça os olhos com sono, enquanto continua com a frase — [...] conte-me uma pequena história para que eu durma. O jovem pai coça a barba enquanto cobre o filho com a pequena manta de couro, dizendo — Feche seus olhos e imagine comigo. Ele cobrirá o corpo do garoto aproveitando a brisa natural com os galhos que se moviam da árvore para fazer a criança adormecer rapidamente.
    — Há um tempo atrás em uma taverna da capital, enquanto todos bebiam e comiam exuberadamente, as portas abriram-se com um homem comum, mas que carregava uma armadura pesada e uma espada e um escudo reluzente, o que chamou a atenção do dono e dos clientes.
    Taverna do pônei bêbado, capital de Arstotzka às 19:13, final da tarde, semi-noite.
    — E então ele disse para mim ''Ou você me dá três moedas de bronze ou eu uso sua mulher como quarta.'', então eu lhe golpeei tão forte com a inchada que ele desmaiou na primeira. Disse o homem gargalhando junto com seus acompanhantes e conforme o homem de armadura reluzente adentra a porta, todos olham por alguns segundos mudando o assunto e com o devido respeito sentando nas cadeiras, e conversando mais baixos, cochichos de lá e de cá diziam — Será que esse é o paladino? Aquele o último? — disse o jovem trabalhador e junto disso retrucou o velho que bebia com ele — Não..não pode ser, eu sei que nossas colheitas estão péssimas, mas isso? Não mandariam para cá ele, já não basta a quantidade de guardas e soldados perambulando pela rua.
     De tal forma o homem se aproximou do balcão, sentou-se e com um braço apoiado na mesa o outro na bainha disse ao balconista com uma voz suave, mas forte. — Conceda-me nobre taberneiro uma caneca de vinho, por favor. Ao terminar a frase todos gargalharam, menos o taberneiro, que o fez. Um homem que não tinha consciência de suas ações por causa da bebida se aproximou como podia. — Sr.nobre, poderia me conceder a honra de beber ao seu lado? — o homem sorriu olhando de canto e disse. — Claro, que tal fazermos uma aposta? Quem beber mais sem desmaiar, pode ficar com tudo que o outro tem, vamos lá, o que me diz, você parece um homem inteligente. O jovem bêbado analisa o homem retirando o saco de moedas de ouro e mostrando apenas a ele que retira rapidamente duas moedas de bronze colocando sobre a mesa e dizendo ao sentar-se — Obviamente, então quem beber mais sem desmaiar vence! — Gargalhou o jovem enquanto pensava nas moedas — Não ache que por quê bebi um pouco, não irei lhe acompanhar. Taverneiro conceda-me a garrafa mais forte do que tiver. O homem pediu então. — Pelo contrário, dê a ele o mais leve para que aguente bastante, e dê a mim o mais forte. Neste momento o homem olhou estranho, mas com essa garantia de vitória encheu seu primeiro copo enquanto todos olhavam, e parecia não ter efeito em nada, logo o homem tomou do mais forte um copo, e assim foi, dois copos de cada, três, quatro... quando chegou no quarto copo o homem olhou sorrindo para ele e disse. — Você me parece cansado, taberneiro dê a ele um copo de água, se ele conseguir tomar esse copo sem desmaiar, eu lhe darei todo o meu ouro, inclusive as armaduras e espada. O jovem bêbado cresceu os olhos quando o copo apareceu diante d'ele e quando o mesmo tomou o copo d'água...
    Vila de Calm, às 23:10, noite.
     — Ah...criança...já adormeceu?  — o pai do garoto beijou-lhe a testa e saiu do quarto apagando as velas, virando o corredor do quarto para seu quarto e escutou do filho mais velho.  — E o que acontece quando ele bebe o copo d'água?  —, o pai diz de costas  — O homem golpeia com um soco tão forte quanto o da inchada fazendo o jovem bêbado desmaiar, e diz no final pegando as duas moedas de bronze.  — É parece que você não conseguiu. — Então um outro bêbado o questiona e ele diz.  — Ele não me deu termos.  —, o pai então adentra seu quarto e deita-se para dormir.
  • 2- Sim (Roupas) - TEOMAKIA

    Queria ter tido tempo de se vestir melhor, mas nesse dia não teve. Fazia anos que ele a tinha visto sem nenhuma maquiagem ou em roupas tão simples. Dessa vez, por ter acordado tarde, vestiu um robe sobre o pijama. Escolheu o robe vinho, já que ele parecia gostar dessa cor. Apesar de serem bem lisos, amarrou os cabelos, pois não teve tempo de penteá-los. Maria tinha crescido rapidamente nos últimos meses, além de ter tomado algum corpo. Os 14 anos de idade lhe fizeram bem. E por isso mesmo preferiria estar bem vestida. Ele, por outro lado, que já era um homem feito desde que o havia conhecido, agora parecia ser mais homem ainda. Ombros largos, braços fortes... e que belas pernas! Não queria pensar naquilo, mas os pensamentos vinham a sua mente sem ser convidados. Mas de longe, a marca registrada dele era o olhar. Olhos vermelhos sangue, únicos no mundo.

    O próprio sobrado, uma casa de dois andares a poucas ruas do Palácio Imperial, fora uma cortesia dele. Desde que Aidan ficou sabendo que o padrasto de Maria tinha voltado a agredir sua mãe, ele agiu imediatamente. Assim que as transferiu para sua casa na capital, Antonino nunca mais foi visto por elas. O palpite da menina era que o Dragão do Império havia cumprido com sua antiga promessa. Ele mesmo se recusava a falar sobre isso. Talvez fosse melhor assim, já que sua mãe ainda poderia nutrir sentimentos pelo homem.

    De qualquer forma, a vida das duas mudou drasticamente para melhor. Haviam três empregados, sendo um mordomo, uma governanta e uma cozinheira, ambos muito amáveis e gentis. Até mesmo uma tutora havia sido mandada a casa três dias na semana, para ensiná-las leitura, escrita, matemática básica e todas as etiquetas possíveis. Aidan dizia que não bastaria que elas se adaptassem a viver na capital, elas deveriam estar aptas a viver na própria corte, embora ao longo de todo aquele tempo elas não tenham ido nenhuma vez até o Palácio. Eram tutoradas em conhecimentos básicos e bons modos. Aprendiam a se vestir, se portar, como comer em público e até mesmo em dança. Foram dois anos de um frutífero aprendizado. Maria adorava dançar, e sonhava que um dia dançaria com Aidan na corte.

    O Barão Aidan estava bem vestido como sempre, muito elegante e bonito. Havia deixado os cabelos crescerem um pouco, tinha a barba por fazer emoldurando um rosto quadrado e másculo. As pernas da menina deram uma leve bambeada. Seria a vergonha do ano rolar escada abaixo na presença dele. O homem estava maior. Agora ele certamente tinha mais de um metro e oitenta, sim, mas o que mais impressionava era que agora não era mais o esguio rapaz da ultima vez. Ele agora tinha porte. De frente para ele, Ana Rosa chorava. Maria percebeu isso assim que desceu as escadas. Não estava chorando na hora, mas os olhos marejados e o nariz vermelho não enganavam ninguém. Era incapaz de disfarçar isso. Aidan parecia a estar confortando, sentado de frente para sua mãe, com um ar de ternura no olhar e um meio sorriso. E então desviou o olhar para a filha. Sua expressão mudou repentinamente. Parecia estar trazendo novidades boas.

    - Pequena! - aquilo derrubou toda a expectativa que ela tinha de parecer uma mulher para ele. - Como'stai? Venho oferecer-te um convite. Caso aceite, iremos ao Palácio Imperial. Hoje haverá a apresentação dos novos pupilos dos Dragões do Império. Tenho certeza de que lhe agradará conhecê-los.
    - Estou bem, Senhor Aidan. E o senhor? Eu creio que eu vá gostar. - disse Maria, tentando em vão esconder a empolgação. - Quando será?
    - Será hoje ao cair da noite. Passarei por aqui antes do pôr do Sol para levá-las. Maria, quero que vista-se passando mais força do que fragilidade, entende o que quero dizer?
    - Não entendi. De toda forma eu não sei como faria isso. Mas, por que motivo eu deveria me vestir dessa forma? - Mais uma dele. Será que era para que fossem parecendo um casal? Aidan se vestia de maneira imponente sempre, tanto com farda militar quanto usando sobretudo.
    - Talvez encontremos alguma resistência por lá. Bem sei que tens alguma noção de como se porta a nobreza, não é? Mas não preocupe-se. Mandarei a roupa com antecedência. De toda forma, não use muita maquiagem. Ou use... não sei... podes escolher essa parte. Tenho até vontade de pedir-te para que vá vestida como uma princesa, mas não precisamos colecionar ainda mais problemas do que já teremos a princípio. - problemas? A forma como ele falava dava a entender que Maria seria testada ou sabatinada de alguma maneira. Aquilo a preocupou, mas tentou não pensar nisso.

    Depois de conversarem bem pouco, Aidan infelizmente foi embora cedo. Reforçou que mandaria as roupas e sugeriu que Maria aguardasse elas para escolher a maquiagem, caso estivesse em dúvida. Quando chegaram, percebeu que ele estava falando sério: a roupas eram quase masculinas. Uma casaca preta de mangas longas, uma camisa feminina em um tom de vermelho tão profundo quanto os olhos dele, um par de calças pretas e outro de botas militares. Na verdade, exceto por serem modeladas para um corpo como o dela, aquelas roupas realmente pareciam as dele. Será mesmo que ele não a via como uma mulher? Bem, não tinha como questionar o Barão. Perguntaria quando chegasse. Curiosamente, ele acertou as medidas dela em cheio: nada folgado, levemente justo, o traje valorizava cada curva dela. Talvez ele reparasse... Maria não queria pensar nisso, mas todas essas coincidências a deixava mais animada com a ideia de que ele prestava atenção nela.

    Maria tentou puxar a língua da mãe para saber do que se tratava. Ana Rosa certamente sabia de algo, já que estava chorando tanto. Mas ela não quis dizer, alegando que foi o que Aidan a fez prometer. Limitou-se a dizer que, mesmo ela não gostando nem um pouco, a filha provavelmente adoraria.


    Quando a charrete chegou, Aidan estava bem mais sério. Parecia preocupado com algo. Mal olhou para as duas. Até que, de rompante, olhou para Maria novamente. Toda a seriedade se desfez numa cara de travesso.
    - Eu escolhi muito bem mesmo. Como esperado de mim.
    - As roupas me serviram bem, Barão. - Maria estava subitamente tímida.
    - Ah sim, as roupas. Eu também as escolhi bem. - e após essa demonstração gratuita de safadeza, voltou a sua introversão inicial. Maria ficou especialmente desconcertada e devia estar vermelha como um tomate. Mas a satisfez saber que ele estava falando dela. A mãe apenas conteve o riso. Pelo menos aquilo tinha distraído ela. Ana Rosa não quis dizer a ela qual o motivo do choro mais cedo, mas passou o dia toda diferente, ora triste, ora dispersa. Enfim, mesmo que ninguém perguntasse, após dez longos minutos que pareciam uma eternidade naquele silêncio, Aidan finalmente disse do que se tratava.
    - Maria, eu a escolhi como minha sucessora. É uma apresentação dos pupilos, e você será a minha. - aquilo a assustou. A menina travou, de queixo caído.

    Maria teve uma explosão de vários sentimentos naquela hora. Estava feliz por ser escolhida, profundamente surpresa por jamais imaginar que poderia ser, ansiosa por estar indo para um evento tão importante, nervosa por saber que não será nada fácil convencer o Império inteiro de que pode ser uma Catedrática... e, claro, um pouco desapontada, afinal, ela queria muito dançar com Aidan. Ou mesmo ser pedida em noivado. O que? Como assim? De onde saiu isso? Agora sim, Maria estava desconcertada, envergonhada por ter pensado nisso, começou a suar frio. Claro, apenas por um segundo, até perceber que ninguém saberia sobre esse pensamento. Mas sabia que agora não conseguia mais tirar da cabeça esse novo sonho. A puberdade é realmente confusa. Finalmente se recompôs:
    - Mas... não são somente homens que podem ser Dragões? Quero dizer, homens, nobres, com ascendência e tudo mais? - tinha aprendido sobre aquilo tudo com a tutora ao longo dos últimos anos.
    - Sim sim, isso... e tudo mais. - respondeu com desdém. - Essas são as regras. Mas o princípio, a ideia central, o verdadeiro cerne da questão, é que eu escolha alguém de confiança, a melhor pessoa possível para me substituir. Mas, sim, todas essas regras são seguidas à risca ao longo de gerações.
    - E então. Vai descumprir as regras? Por que? - agora ela estava mais confusa do que nunca.
    - Eu sigo princípios, não regras. Entenda, as regras podem voltar-se contra você, podem ser injustas. Os princípios não. Siga princípios e será bem-sucedida.
    - Barão, eu nem sei o que dizer... - Maria realmente estava confusa. Era uma missão complicada. Ela não gostava nem um pouco de conflitos. Também odiava pressão. Mas não conseguia negar um pedido do Aidan. Por que ele não deu a ela tempo pra pensar?
    - Diga apenas que sim. Sempre diga sim para mim, pequena! - Aidan fez aquela cara... como negar algo para aquela expressão? Parecia um menino pedindo carinhosamente. E esse "sempre diga sim para mim" despertou sentimentos. Voltou a pensar no tal noivado. Aidan estava começando a mexer com o coração de Maria. Ela não tinha outra escolha. Aceitar significava ficar com ele.
    - Sim, sempre sim! - se viu dizendo. Não tinha volta. Que viessem as lutas. Maria lutará por Aidan sempre.

  • 3- Catedráticos - TEOMAKIA

    O Palácio Imperial era muito bonito, em estilo barroco, de cor clara. Tinha dezenas de janelas e muitas portas. Entraram pela principal. Havia muita gente entrando e saindo do Palácio, tanto militares quanto civis, porém parecia que a grande maioria era nobre, pois se vestiam muito bem. Assim que entraram, havia um salão muito comprido e largo, com uma decoração muito rica e bonita. Havia muita alusão a santos nos vitrais, muitos mosaicos em cores muito vivas, algumas armaduras ao lado das grandes janelas e um teto abobadado com uma pintura tão linda que era difícil desviar o olhar: uma miríade de anjos cantando em nuvens que circundam uma forte luz central sobre um céu azul. A frente, sobre um estrado, estavam duas cadeiras douradas ornamentadas com estofados vermelhos. Estavam vazias. Ao lado delas, de ambos os lados, haviam mais algumas. Abaixo do estrado estavam perfiladas muitas dezenas de jovens, claramente homens nobres, com idades variando entre doze e dezoito anos.

    Aidan pediu para que Maria fosse para perto deles e aguardasse. Assim que ela chegou ao local, um burburinho se iniciou entre eles, provavelmente por causa dela. Tentou conter o nervosismo de estar ali no meio de todos. A frente dela, por todo o salão, centenas de pessoas, em sua maioria homens, muitos deles militares, discutiam calorosamente. Logo, cada vez mais deles olhavam para ela, o que a deixou tremendo de nervoso. Então, três militares jovens, que estavam caminhando e cumprimentando cada um dos jovens que ali estavam, chegaram até ela.

    - O que faz aqui, garotinha? - disse o primeiro, um homem mais alto e mais largo que Aidan, com queixo partido e cabelos castanhos abaixo dos ombros. Seus olhos eram verdes claros, com um brilho profundo.

    - E-eu... eu fui indicada... - gaguejou Maria, tentando parecer mais calma.

    - E quem é o seu mestre? - o segundo indagou, um homem loiro, com olhos azuis lindos. Parecia ser o mais jovem deles, e certamente o mais bonito.

    - Não é óbvio? - o terceiro interrompeu a conversa antes que Maria pudesse responder. Era um rapaz de estatura média, mais esguio e de cabelos estranhamente mais claros, quase grisalhos. Olhos dourados. Soltou uma gargalhada alta e continuou - Ele sempre me surpreende. Essa eu quero ver.

    Os outros dois lançaram a ele olhares de reprovação. Seguiram para o próximo garoto. Parecia óbvio, esses eram os outros Catedráticos. Maria começou a se sentir frustrada. Será que Aidan estava brincando com ela? Ao procurar na multidão, não conseguiu vê-lo.

    Quanto mais tempo passava ali, mais raiva nutria pelo Barão. Maria não admitiria ser tratada como um brinquedo. Por mais que ele fosse seu mecenas¹, isso não se faz. Pouco a pouco a multidão começou a se aquietar e tomar seus lugares. Em pouco tempo, somente os militares permaneceram no salão baixo, enquanto as demais pessoas subiram as escadas para os mezaninos. Maria sentia todos os olhares postos sobre si, o que aumentava aquele sentimento negativo. Enfim, o silêncio começou a reinar ali e iniciou-se uma discussão mais pontual.

    - O que significa isto? - bradou um homem, um tanto mais velho, já grisalho e com entradas proeminentes, apontando em direção a ela. A vergonha a consumia.

    - Se está referindo-se a minha aluna, é melhor começar a utilizar os pronomes de tratamento adequados. - Aidan, com uma voz mais grossa do que o normal, finalmente apareceu no meio daquela multidão de homens e tomou a frente. Um calafrio subiu pela espinha de Maria. - Minha sucessora deve ser tratada tal como o que ela é: a futura Catedrática do Fogo!

    - Afronta a todos nós com esse disparate! - outro homem falou, e parecia furioso. Um burburinho voltou a se iniciar. - Sabe quais são as regras, Barão! Não iremos permitir.

    - E farão o quê? - Aidan, em tom de desafio, questionou. - A unica regra que conheço é que eu escolho meu sucessor e os senhores aceitam calados. Eu é que não permitirei ingerências sobre as prerrogativas que me cabem. Lembre-se de que está falando com um Catedrático, Dragão.

    Os outros três Catedráticos apenas observavam calados. O de cabelos grisalhos segurava o riso. Aidan a defendia como um leão. Não, não era uma brincadeira, ele estava falando sério. - Tudo isso é pelo fato de ter sido desprezado? - voltou a indagar o primeiro, agora em tom de ironia - Ora, vamos garoto! Já te aceitamos, mesmo não sendo um alto nobre. Não há necessidade de sentir-se inferior. - Eu nunca me imaginei inferior a nenhum dos senhores. São fracos, não possuem fibra, seriam incapazes de me suceder. A unica coisa que consigo sentir pelos senhores, quando me lembro que existem, é pena. E uma certa compaixão também, que é o que os permite continuar essa conversa desnecessária. - Quem faz muitos inimigos não sabe de vem o punhal... - um terceiro homem recitou um ditado antigo. - Cuidado, jovem Barão! - Cuidado Luciano, cada um segue suas tradições. Os senhores seguem o costume de nomear sucessores homens e nobres. Eu sigo o antigo costume de não deixar que um homem que me ameace veja o próximo nascer do Sol. Espero que não seja o caso. - a voz de Aidan estava fria. Por um momento, Maria conseguiu sentir o ar muito mais denso. Um silêncio acompanhado de um clima pesado se abateu sobre o local.

    De repente o clima mudou. Cada um dos Dragões caiu sobre um dos joelhos e abaixaram suas cabeças, inclusive Aidan e os mais exaltados. Então, Maria e os demais aprendizes se viraram e logo começaram a fazer o mesmo. Era o Imperador Tiago I, que estava de pé a frente de uma das cadeiras do centro.

    - Podem se levantar. O que está acon... - assim que colocou os olhos sobre Maria, ele pareceu entender do que se tratava. Um leve sorriso de canto de boca tomou seu rosto. - certo. Entendi. Aidan, por favor, explique.

    - Sua Majestade Imperial, obrigado por me dar a palavra. Eu escolhi meu sucessor, mas os demais não aceitam.

    - Imperador, isso é um absurdo. Visivelmente ele escolheu uma mulher, plebéia e mestiça. - atravessou na frente da conversa o primeiro homem que havia reclamado. Aidan agora estava furioso:

    - Se o problema é ser mestiça, saiba que isso em nada influi na índole ou na capacidade dela. Se o problema é ser mulher, saiba que não existe a menor possibilidade de um aprendiz meu ser inferior a um dos vossos. Quanto a ser plebeia, foi o exato motivo pelo qual a escolhi. Se questionar minhas decisões novamente, considere-se desafiado para um combate.

    - Chega! - o Imperador vociferou. - quero esclarecer algumas coisas aqui hoje. Em primeiro lugar, não admito ameaças aqui. Em segundo lugar, não falem, a menos que eu lhes tenha dado a palavra. Essas duas regras garantem que possamos conversar civilizadamente. Em terceiro lugar, não há regras para a sucessão. A escolha é feita por cada um dos Dragões, como lhes parecer melhor. - voltou os olhos para Aidan - Me diga, sua escolha é essa mesmo? A garota atende a seus critérios?

    - Sim, Majestade, Maria é como eu. Viveu trabalhando arduamente desde a infância, sem pai e sem escravos ou servos. Tem uma boa índole, é humilde e inteligente. Ela tem o que é necessário para ser melhor do que eu. E, obviamente, muito melhor do que qualquer um dos presentes aqui. - Aidan falava com convicção. Maria chegou a marejar os olhos ao se lembrar de tudo o que passou e ainda mais por ouvir aquelas palavras do homem que ela mais admirava. Não pôde evitar um leve sorriso de satisfação.

    - Muito bem. Está encerrado o caso. Aceitem, é uma ordem. Caso desafiem meu pupilo, não terei como contê-lo. - terminou o Tiago I.

    "Meu pupilo"? Maria estava perplexa. Aidan havia sido pupilo do próprio Imperador? Aquilo era chocante. Ainda mais por saber como as regras do Império funcionavam. Havia pouco tempo, ela tinha estudado sobre isso. O Império era composto por diversos territórios, entre eles as marcas, os ducados, os condados e os reinos. A princípio, os quatro reinos se unificaram e formaram o Império. Posteriormente, novos territórios foram agregados, seja por meio de conquistas militares ou de negociações com chefes de Estado. Esses novos territórios ganharam o status de marcas. As marcas eram territórios periféricos, que faziam fronteira com reinos bárbaros. Quando o Império continuou se expandindo, algumas marcas deixaram de fazer fronteira com outros reinos, e então passaram a ser condados e ducados, dependendo do prestígio que tinham junto ao Imperador.

    Os marqueses, condes, duques, reis e o Imperador passavam seus títulos a herdeiros aparentes. Entre os reis, o herdeiro aparente era, preferencialmente, o filho mais velho do sexo masculino. Caso ele não tivesse filhos homens, a sucessão passava para os irmãos, isto é, os filhos do pai dele, seguindo a mesma regra de primogenitura² e de masculinidade. Outros nobres seguiam uma regra parecida, tendo como diferença que podiam passar o título para mulheres. Para o Imperador, a regra era semelhante, mas como não era um título essencialmente hereditário, o herdeiro aparente podia ser um apadrinhado, um pupilo ou alguém próximo. Seguindo essa lógica, a menos que Dom Tiago tivesse filhos ou outros apadrinhados, Aidan podia muito bem ser o próximo Imperador. De qualquer forma, a aclamação deveria ser feita por um conselho de nobres. Isso talvez dificultasse as coisas para o Barão.

    ¹ mecenas: financiador, patrocinador. Pessoa que investe em algo ou alguém, em geral visando retorno.

  • A bela união entre literatura fantástica e quadrinhos

    Se tem um quadrinista que admiro muito é o estadunidense Todd McFarlane. Foi ele que criou o uniforme negro do Homem-Aranha, e o Venon, uma da saga mais icônica do Cabeça de Teia. Mais a sua obra mais conhecida e duradoura foi Spawn. A cria do inferno ganhou um filme em live-action, linha de brinquedos, animações e spin-offs. Dentre esses desdobramentos, está o álbum Spawn Godslayer.
    Publicada em 2006 nos EUA, acabou fazendo sucesso e se tornou uma série em quadrinhos, expandido o universo ficcional do personagem. Em 2008, foi publicada no Brasil pela Pixel Media, editada por Cassius Medauar. A trama se passa num universo alternativo, ambientada num mundo dark fantasy com elementos lovecraftianos. O roteiro ficou a cargo de Brian Holgun, e arte de Jay Anacleto, Lan Medina e Brian Halbelin.
    Se você já leu algum livro de Raphael Draccon ou Leonel Caldela, com certeza você irá gostar de Spawn Godslayer. A arte investe numa diagramação verticalizada, com muitas páginas duplas e páginas inteira. Colorização de Brian Halbelin e Andy Troy dá o tom épico e sombrio que a trama precisava. A imponente capa é de Jay Anacleto e Brian Halbelin. Uma fantasia muito bem elaborada.
    Nesse universo, diversos deuses e demônios lutam por seu lugar na existência. Um guerreiro trouxe medo as deidades. Seu nome era Godslayer, com seu navio de velas negras, aportava ante os templos e reinos e ceifava a vida das divindades com sua espada negra. Em Endra-la, na capital Indru, quando acontecia um importante casamento real, Godslayer avançou pela Baía de Indru e iniciou um massacre, forçando a atuação da deusa Llyra das Quatrocentas Graças. Qual o plano de Godslayer e suas motivações em relação ao assassinato de deuses?
    São 64 páginas coloridas, contando com extras de designer e esboços das páginas. O verso da capa conta com o mapa do novo mundo de fantasia. A obra soa como um grande prólogo, e realmente ela se tornou uma série depois disso, mas consegue resolver os seus problemas e se fecha num volume coeso. Eu recomendo a leitura 100%. O ponto alto além do desenho é a narrativa romanceada.
    Para adquirir o seu exemplar, acesse:
    Link 1 - http://www.comix.com.br/spawn-godslayer.html
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  • A Grande Rocha da Vida

    Quando a Terra Média ainda era dividida entre homens e criaturas, existiam os reinos dos humanos, o território dos gigantes, as cavernas dos elfos, o reino das fadas, o reino das nuvens dos deuses, e o misterioso reino dos pesadelos, habitado pelos demônios.
    Entre eles existia uma rocha mágica que podia curar quem a absorvesse, nem que fosse um pouquinho de seu poder de doenças e feridas, A Grande Rocha da vida. Todas essas nações podiam usar o seu poder, moderadamente, para que não houvesse conflitos ou guerras por posse dela, tanto que cada nação tinha um dia específico da semana para usar o poder da Grande Rocha, a menos que fosse emergência.
    Havia um segredo sobre a Rocha que só os deuses e os demônios tinham em conhecimento, que se alguém absorvesse todo o seu poder, obteria vida eterna e poder ilimitado, o suficiente para derrotar qualquer um, e segundo as Runas dos Tempos dos Profetas, apenas quem tivesse o sangue de demônios ou deuses podia absorver toda a Rocha, mas “lá se sabe se isso é verdade”.
    Um dia os demônios tentaram tomar a Rocha só para eles no objetivo de que Helldron, Rei dos demônios, absorvesse-a e destruísse as outras nações, dominando o mundo, mas falharam porque todos se uniram e os selaram junto ao portal proibido que dava acesso para o Reino dos Pesadelos. Muitos morreram, pois os demônios eram muito poderosos. Quando tudo estava se estabilizando os deuses fizeram um comunicado pacífico, dizendo que iriam pegar a Rocha e leva-la aos céus para que eles decidissem quem usaria ou não o seu poder, mas não aceitaram e obrigaram os deuses a se exilarem nos céus. Os deuses são pacíficos e inteligentes então para manter a ordem eles aceitaram seu exílio, pois sabiam que depois desse comunicado poderia haver desconfiança. E assim terminou o que eles chamaram de “A Guerra Centenária”, pois pode não parecer, mas a guerra contra os demônios durou 200 anos.
    Os demônios não eram muito amigáveis. Eles tinham três corações e viviam 700 anos. As fadas eram fascinantes porque eles voavam sem ao menos ter asas e mantinham um corpo jovem mesmo estando a poucos dias da morte. Vivem 300 anos e quando morrem seus corpos demoram 50 anos para se decompor. Os humanos viviam uma vida normal, sua expectativa de vida era cerca de 90 anos. Os gigantes, bem, eles não eram maus, mas alguns eram brutos demais, outros eram amigáveis, e uns eram travessos, pois pregavam peças nos humanos se fantasiando de demônios e assustando-os dizendo que “nós, os demônios voltamos para tomar a Grande Rocha e destruir todas as nações”, e por isso os gigantes eram mal interpretados por alguns humanos, pois achavam que os gigantes queriam a volta dos demônios... “será que é verdade?”. Os elfos também eram pacíficos, assim como os deuses, mas também eram misteriosos. Pesquisavam segredos do mundo, mas não diziam para os outros. Os deuses não eram como divindades, eram nomeados de deuses por serem muito sábios, tentavam evitar conflitos, procuravam jeitos de beneficiar a todos. Eles não são eternos, mas vivem 300 anos a mais que os demônios. Antes dos deuses serem exilados, alguns se relacionavam com humanos, e a junção dos dois originou uma nova espécie, que rapidamente virou uma nação também, e ficaram conhecidos como druidas. Os druidas têm duas diferenças dos humanos, uma, é que eles nascem com os olhos muito amarelados e brilhantes, e outra é que eles têm um poder de cura parecido com a da Grande Rocha da Vida, só que um druida pode curar apenas feridas, pois envenenamentos, doenças, essas coisas eles não conseguem curar. Havia um, porém no nascimento de um druida, pois alguns nasciam como humanos normais, mas eles não eram mandados para os outros reinos, pois os anciões ensinavam técnicas de cura com ervas e outras coisas que eles encontravam na floresta dos druidas. E também não podem absorver tanto da Grande Rocha. Todos aceitaram o surgimento dos druidas, as fadas se aliaram a eles, e os dois agiram por gerações como “unha e carne”.
    Muitos anos depois da Guerra Centenária, na floresta dos druidas, havia 200 anos que humanos não nasciam, e acharam que tal coisa não iria mais acontecer, até que uma menina nasceu só que ela nasceu com muitas doenças, meio fraca, e por alguma razão, a Grande Rocha não curava suas doenças. Ela sempre admirou a Rocha, mesmo não podendo ajuda-la. Ela cresceu, conheceu um humano por quem se apaixonou, eles casaram-se e um ano depois tiveram a noticia de que ela estava gravida. Numa expedição aos Montes de Gelo, seu marido morreu num acidente. Quando o bebê estava pronto para nascer, numa mesa de parto, ela não tinha forças para fazer com que o bebê saísse, e sentia muita dor. Mesmo estando ciente de que não funcionava, levaram ela até a Rocha, pois era uma emergência, e, por incrível que pareça, a mesma a deu forças para deixa-lo sair. Ela sabia que ia morrer, mas antes de morrer viu que era um menino, e o nomeou como Seikatsu, que do japonês para o português significa “vida”.
    O Avô de Seikatsu não gostava dele, pois dizia ele que Seikatsu matou a própria mãe, então o menino foi criado por todos os druidas. Ele não guardava rancor de seu avô e não se sentia muito triste quando falavam de sua mãe, pois para ele ela era uma heroína por viver tantos anos no estado em que estava, e deixou ele como prova de sua força, e como ela, ele também admirava a grande Rocha.
    Quando completou maior idade decidiu iniciar uma jornada pela Terra Média para conhecer todas as criaturas das outras nações, indo primeiro para o reino mais próximo dos humanos, pois ele queria conhecer a cultura do povo do qual seu pai fazia parte.
    Chegando lá ele se encantou com o jeito dos humanos, seu jeito de comemorar o deixava impressionado. Com o dinheiro que ele havia guardado por anos para quando chegasse sua jornada, ele pretendia comprar várias coisas do reino humano, mas descobriu que no dia seguinte teria um festival que os humanos celebravam para comemorar a vitória contra os demônios na Guerra Centenária, então guardou suas economias para o tão esperado evento. No dia do festival, todos cantavam e dançavam juntos, e o rei propôs irem todos até à Grande Rocha para admirá-la enquanto celebravam, e como ele chegou atrasado não conseguiu comprar nada, então só podia aproveitar a longa caminhada até a Rocha. Chegando lá, todos se espantaram, pois, metade da Rocha tinha sumido, como se alguém tivesse a cortado e levado embora, e seu poder estava enfraquecido, incapaz de curar qualquer um.
    Não demorou muito pra todas as nações ficarem sabendo. Os humanos convocaram uma reunião para saber o que houve, mas o atual estado da Grande Rocha começou a causar discórdia, pois os druidas e as fadas acusaram os humanos de roubar o poder da Rocha por terem sido vistos por perto, e os gigantes não estavam do lado de ninguém, só sabiam que alguém havia roubado a Grande Rocha e que estavam prontos para qualquer batalha para encontrá-la, e os elfos não reagiram de nenhum modo, o que era muito suspeito. Seikatsu não conseguiu engolir o fato de que a Grande Rocha não estava em seu estado normal, e que isso causaria guerra. Usou todas as suas economias para comprar uma espada, e um equipamento básico para sair numa jornada, e dessa vez não era para conhecer seres e lugares novos, e sim para descobrir o que aconteceu com a Grande Rocha. Ele falou com o rei sobre sua jornada, e pediu que alguns homens fossem com ele, mas o rei não pensava em nada além de se preparar o possível começo de outra “Guerra Centenária”, e os únicos que conseguiam ajudar a restaurar a ordem e resolver os conflitos sem violência eram os deuses, mas eles haviam sido exilados, e não estavam mais interessados em deixar seu exílio e intervir na Terra.
    Seikatsu andou por três dias até chegar perto do reino dos gigantes. Chegando lá, viu alguns homens com pedras nas mãos, atirando-as em um buraco bem fundo, onde tinha um gigante com uma cara ameaçadora. Ele espantou aqueles homens com sua espada, chamou ajuda de alguns gigantes, e tiraram aquele brutamonte do buraco. O gigante agradeceu, e perguntou o que trazia um bravo humano até o território dos gigantes. Seikatsu explicou a situação, e o gigante, conhecido como Smasher, jurou que o guiaria até completar seu objetivo de descobrir o que aconteceu com a Grande Rocha da Vida. Eles fizeram uma pesquisa em metade do território dos gigantes, falaram inclusive com o comandante deles, e todos negaram que não sabiam nada sobre o atual estado da Grande Rocha, então eles partiram.
    Dois dias depois, eles chegaram num bosque, onde encontraram um enorme golem de planta, que expeliu um gás roxo que os envenenou e os fez cair de sono.  Quando acordaram, deram de cara com um monte de crianças flutuando, e perceberam que estavam no Reino das fadas.  As fadas explicaram a situação, foi um mal entendido, pois o golem de planta era só um guardião, mas ele não ataca a menos que cheguem perto do Reino das fadas sem avisar com antecedência. Enquanto Smasher estava fazendo a pesquisa sobre o desaparecimento da metade da Rocha, Seikatsu estava explorando aquela linda cidade, e enquanto passava por um recanto com plantações de uvas, ele se deparou com uma linda fada, e os dois ficaram por um longo tempo se encarando, como se nunca tivessem visto algo tão especial na vida. Eles se cumprimentaram, o nome dela era Hana. Ela ouviu falar sobre o que ele estava fazendo, e perguntou se ele gostaria de passar mais um dia pelo reino das fadas. Ele aceitou, e ela mostrou a ele como era a cidade à noite. Perto de um lago, meio embaraçados, explicaram o que sentiram um pelo outro quando se viram, pareciam sincronizados, um só, e no dia seguinte, ela o acompanhou em sua jornada.
    Seikatsu não tinha noção por onde começar a procurar uma passagem para as cavernas dos elfos, mas por sorte, Hana sabia onde era, porque quando mais nova, acompanhava sua mãe em entregas de flores para os elfos, pois por algum motivo eles adoravam comer pétalas de flores. Chegando lá n hesitaram em ir direto falar com a chefia. Os elfos disseram que descobriram que o rei dos demônios conseguiu um jeito de escapar antes de ser selado, e que ele estava habitando um corpo humano, e que foi ele que absorveu a Rocha, só que seu corpo humano era fraco, então só conseguiu absorver metade da Rocha, e a outra metade está fraca, e a mesma podia se destruir a qualquer momento. Seu plano era absorver os demônios do selo do portal proibido, reconstituir seu corpo original e terminar de absorver todo o poder da Grande Rocha da Vida.
    Saindo de lá, eles partiram em direção à Grande Rocha, no objetivo de dizer a todos o que realmente estava acontecendo, e chegando lá se deparou com os druidas caídos no chão próximos à Rocha, e um homem que aparentava estar com más intenções. Eles diziam que era seu pai. Então, o “pai” de Seikatsu começou a se decompor e surgir um demônio enorme de dentro dele, sendo esse Helldron, o Rei dos demônios. Helldron explicou que não houve nenhum acidente, e que Helldron matou e tomou o corpo do pai de Seikatsu, e matou todos os outros que estavam com ele. Smasher tentou um ataque surpresa, mas foi ludibriado, pois Helldron o pegou de surpresa, e o lançou contra a Grande Rocha. Smasher não aguentou tal impacto e teve alguns de seus ossos quebrados, impossibilitando-o de lutar. Os humanos temeram o poder de Helldron, e alguns deles recuaram, mas os gigantes, as fadas e os elfos, ficaram e lutaram bravamente, mas “a que preço?” Muitos foram mortos, Helldron estava invencível. Seikatsu partiu rapidamente para cima dele, e assim, num chute com poder suficiente pra abrir uma cratera, Helldron o lançou até a Rocha, fazendo com que seu corpo a perfurasse, e por alguma razão, ela não estava curando ninguém. Por alguns instantes, todos pensaram que era o fim. Helldron gargalhava comemorando sua vitória, e quando ia se aproximando da Rocha para absorvê-la, uma incrível luz surgiu de dentro dela, sua estrutura começou a se partir em pedaços, e de dentro dela, surgira um corpo emitindo luz, era Seikatsu. Helldron se perguntou o porquê, e como ele absorveu a Rocha, e um velho druida entendeu em fim que, Seikatsu e talvez até sua mãe não tivessem poderes de cura porque haviam herdado poder dos deuses, e na teoria, os deuses tinham mais controle sobre o poder da Rocha do que os demônios. Seikatsu absorveu em um estalar de dedos, toda a energia da Rocha tirada por Helldron, e, num soco estrondeante, reduziu Helldron em poeira. Seikatsu curou a todos, reviveu alguns mortos, despediu-se de Hana e dos druidas, e, emitindo uma incrível luz verde que iluminava toda a Terra Média, transformou-se em um incrível cristal, que se parecia com a Grande Rocha da Vida. Seu corpo virou uma estatua de pedra dentro daquele cristal. Sua Historia foi contada por gerações. Festivais celebrando sua vitória sobre Helldron, e todos o chamavam como, O Menino da Vida.
  • A guerra de sangue cap.1 começo

    -…. Magnus pega sua espada caida no chao , e vai correndo na direçao do dragão vermelho,o dragão pensando que ele éra um alvo facil góspe uma ernome bola de fogo em direção de Magnus , magnus alevanta seu escudo e continuar a andar na direçao do dragão , magnus sendo atingido pela bola de fogo do dragão continua a caminha para frente pois a bola de fogo só deu uma queimadinha em seu escudo… Magnus vai e solta seu ernome escudo e pula em direçao ao dragão,ele alevanta sua espada e………….
    -Mãeeeeeee……
    Mãe-que ,que foi filho…
    Filho-Porque Magnus pulo em direção ao ernome dragão vermelho ?
    Mãe-Porque ele ia corta a cabeça do dragão,e salvaria a pricesa das mãos do dragão filho.
    Filho-Más se o dragão é um animal , então não são patas mãe ?
    ……..(relogio veio a tocar)…………
    Mãe-bom acho que esta na hora de dormi.
    Calmamente ela coloca o livro encima da mesa de seu filho, e tampa ele com um ernome coberto,e beijou sua testa…..
    filho- mãe mas como termino a historia ?
    A mãe dizendo para ele dormi, e ele insistia para que ela termina-se a historia…. Então depois de um tempo a mãe nervosa falou
    -VAI DORMI IMEDIATAMENTE RAGNA!!
    o menino desesperado coloca o coberto em sua cabeça e fala
    Ragna-boa noite!!
    Ragna olha com um olho para sua mae enquanto o outro ficava enbaixo do coberto e fala
    Ragna-mãe amanhã é meu aniversario e vô fazer 8 anos, sera que você poderia fazer aqueles biscoito que só você sabe como fazer ?
    A mãe olha e rapidamente Ragna se esconde enbaixo do coberto
    a mãe apenas deu um sorriso e falo
    Mãe-boa noite…..
    ……...10 anos depois……...
    …………..Mãe-filho por que você não sai da sala do seu pai e vem aqui enbaixo comer unpouco
    Ragna simplesmente abre a porta e sai com um livro em sua mão
    Mãe-Filho por que você não deixa o livro em cima da mesa do seu pai e vem comer….
    Ragna simplesmente deixa o livro em cima da mesa e fala
    Ragna-mãe … hoje eu irei em busca do meu pai…
    Mãe-filho eu acho melhor…
    Ragna-não eu irei sim nem adianta tentar me impedir já faz 8 anos que ele sumiu e não volto, deixando nós pobres, se lembre que nós tivemos que trabalhar como se agente fosse escravos!!
    Ragna inconscientemente conjura uma magia que fez a porta que estava atras dele ser arrancada e destruida……
    A mãe de magnus assustada tenta acalma-lo , mas quando a porta da sala de seu pai ela vê diversos livros de magias,conjuração,invocaçao,etc encima da mesa de seu pai… e fala
    Mãe-então éra isso que você estava pesquisando…..
    Ragna se acalma e vê sua mae com uma cara como se fosse chorar e pergunta se esta tudo bem …
    sua mãe irritada fala
    Mãe-filho…… a você se lembra da historia sobre seu avô não se lembra ?
    Ragna tentar lembra da historia….
    “seu avõ era um guerreiro que sabia usar algumas magias, que lutou contra um dos maiores dragões que toda a historia tinha visto,um dragão que conseguia controlar o sangue de outros animais e usa-las como arma…. O dragão cortou sua perna direita, seu braço esquerdo e seus olhos,… mas com isso o seu avô conseguio corta a barriga to dragão totalmente, e venceu…. E como premio ele cortou os braços e pernas de um recém nascido de dragão que estava no ninho daquele dragão ernome, e arranco os olhos , deixando o filhote totalmente banhado de sangue… com ajuda de sua esposa que sabia magias curativas conseguio usar o braço do filhote de dragão e sua perna , já seus olhos,demoro cerca de 2 horas arrancar os perfurados e colocar os olhos do dragão filhote que mesmo recém nascido já tinha 1,90 m de altura o tamanho de um homen sadio…….. no final ele conseguio ter 1 braço,1 perna e 2 olhos de dragão mais já que essas partes de dragão eram diferentes de um ser humano começo a ter efeitos negativos , o avô começo a ficar louco e assasino milhares de seus companheiros… e no final ele foi morto por tais amigos… deixando 1 esposa e 1 filho recém nascido para trás”……………
    Ragna-sim eu lembro mais ou menos , mas oque tem?
    Sua mãe pensou 2 vezes e falo
    Mãe-deixa filho……
    e depois de varias horas, Ragnus fico curioso por que sua mãe pergunto se ele se lembrava da historia de seu avô que éra pai do seu pai, oque teria a ver ? Isso….. anoite todos da casa foram dormi………….. 
     
     continuação ?
  • A origem das universidades e os escolásticos

         Antes do século Xl o pensamento cristão, as doutrinas e qualquer outra perspectiva era, distante, ou, feito o possível para se distanciar do pensamento dos sábios e mestres não cristãos da época. Mas o pensamento escolástico mudou esse quadro, na verdade, com eles a razão passou a ser serva da fé. 
         As pessoas nesse tempo estavam conformadas, ninguém questionava. Talvez o nome mais relevante do movimento escolástico foi Pedro Abelardo, que disse: “a primeira chave para a sabedoria é o questionamento constante e frequente [...]. Ao duvidar, indagamos, e, ao indagar, chegamos a verdade.” Esse pensamento deu início ás universidades, hoje como grandes estruturas, mas, no começo, como guildas compostas por mestres e estudantes famintos por conhecimento, os universitas, o nome medieval para qualquer grupo corporativo.
  • A VOZ DO SILÊNCIO

    Três vozes socorreram A' hu Lassad.  
    A primeira voz foi a de sangue – tenebrosa, gratuita, chamou-lhe para fora da mortalha fria, de tintura preta, sóbria, e de componente da mais fina seda.  
    A segunda voz, da angústia – inebriou com insensível obscuridade as mentes mais fortes dos Parváts e Lannins. Tornou-os cegos por alguns instantes. E camuflou a presença do Espírito Livre. 
    A terceira voz, a que encerra o descanso, e que permanece oculta por mais de um século – fundiu-se, por excelência, contra as cotas de malha, os mantos secos desgastado, e as botas úmidas dos vigilantes. 
    Foi levada até a sala arqueada, de eco em eco, assolando-se aos homens, e por fim, tragara a inexistência dos vultos pueris dos irmãos jovens. 
    Os perfis se debateram, horrivelmente, e então, em instantes, as vidas os foram tomadas, e seus corpos despencaram como bonecos, espatifados contra o assoalho, seus lábios não emitiram nenhum som. 
    A voz curta e doentia que os invadira e que burlava o sepulcro, se manifestando por cima do mármore, do ferro e depois sobre o selo.... Essa era a voz da Ordem.  
    E com as duas primeiras vozes inclusas subtraíram dos manguezais de corpos o cadáver flácido de A' hu Lassad. 
    - Das veias da ignorância, tu clamas.  
    - Seu suplício é encontrado em todas línguas do mundo. 
    - Sua voz é a origem.... Tudo que é Céu e Abismo surgiu de teus lábios... 
    A abóbada tremeu. 
    Pedras linchadas entre as alturas dos arcos de pilares de tamanhos colossais, rochas britadas e pedaços com metais transitando de cobre á platina, moldados dos pontos curvilíneos extensos, em toneladas até as juntas dos edifícios, fazia-se um escudo deprimente de trinta metros de altura sob o módulo assentado na superfície da gruta. E mesmo do arco mais alto da redoma pôde-se ouvir a série de bombardeios sonoros vindo da profundeza fechada daquele recinto. E a cada batimento, as toneladas de materiais de construção soltavam areia e chumbo, os metais ardiam, o ar implodia. 
    Os corpos dos Jovens vigilantes mortos agora transpiravam, e entravam em espasmos periódicos. 
    Da sala arqueada, de dentro do mausoléu, as três vozes aquietaram-se e viraram uma só criatura. 
    O silêncio excessivo se apoderou sobre o domínio, da escuridão do velho complexo, cada sombra se reduzia ao rítmico batimento e da respiração do ser enterrado. O silêncio absoluto apoderou-se sobre as paredes, as silhuetas das estátuas antepostas na entrada da câmara, e impregnou de maneira interna os pilares e as trezentas sepulturas solitárias na cavidade externa da sub câmara, postas quase de maneira antagônica ao lugar que servia de monumento nefasto, e prisão para o Lorde Renegado.  
    Logo, o som do silêncio se completava com os ruídos dos órgãos dos sentinelas assassinados, que absorviam últimos recursos, e que em último auxílio gástrico, faziam com que a urina e as fezes escorressem miseravelmente para fora de seus corpos. E o som de seus excrementos, produzidos numa flatulência mesmo após suas mortes, pingando toxicamente sobre o piso, também, logo, se tornou do silêncio, e do silêncio apenas. 
    -... 
    Da mudez prolongada, A´ hu Lassad saíra do estado putrefato de sua urna, partindo tudo, inclusive a pedra, a madeira, e o mármore, para sobressair, bocejando, de sua cripta escura e fedida. 
    Piscou os olhos. Suas pupilas eram negras e imensas, e a parte branca dos seus olhos não existiam, e sua íris eram lindas, profundas esmeraldas.Então, ele piscou de novo, e seus olhos se transformaram em topázio, do mais lúcido azul celeste. 
    Seus cabelos eram longos e escuros, formavam uma cascata indomável de cachos entorno de seu rosto afilado. Sua pele, escura como ébano, se mesclava com a escuridão entorpecedora, e só as pérolas de seus olhos e suas vestes se tornavam excessivamente visíveis. Seu vestido, longo, com uma cinta branca sob os quadris e que ia em um corte inclinado até a altura dos joelhos, a peça era elegante e cheia de ouro. Brilhava; As mangas, os ombros, e a circunferência de seu busto eram marcados por símbolos elegantes de sua falecida Casa Imperial.  
    A'hu Lassad, vigésimo de sua linhagem, olhou fixamente para os corpos que tão rápido se decompunham através da magia. Notou como eram jovens, e percebeu as insígnias que adornavam os mantos em suas costas.  
    - Lannins... – o desprezo era carregado, e ele cuspiu, antes de se virar para observar toda a redoma de pedra que o encarcerava.  Os túmulos predispostos em fileiras, na outra seção da câmara, quase que não o atraiu a atenção, e ele não teceu nenhum comentário. Seus radiantes olhos ficaram presos sob as duas estátuas gigantes que se emparelhavam ao redor da entrada da tumba.  
    As formas eram de duas mulheres seminuas, nenhuma delas com cabeça, ambas grávidas. Apontavam para o interior do mausoléu com um poder inquisitivo, e era palpável a magia nas duas esculturas. 
    A’hu se perguntou o que ou quem elas estariam representando. As imagens dominavam alguma bênção hierática, isso era claro, mas sempre associadas à algum canto e rito divino,  suas personificações não eram tão óbvias e costumariam variar entre os mitos, na maioria  virtuosos, das fábulas entoadas pela população. Tentou recobrar de qual hino seriam aqueles personagens, e quem elas seriam.  
    Fez um muxoxo, e estalou a língua.  
    - Estive aqui embaixo por muito tempo, parece. – Cerrou o cenho, um sorriso irritado florescia da sua face. Ignorou as duas estátuas por alguns segundos, e ergueu os olhos para encarar o arco abissal daquela tumba mortífera.  
    Que lugar terrível, constatou, desgostoso. Não fizeram nenhuma cerimônia em alojá-lo naquele espaço subterrâneo, tinha certeza, e aquela arquitetura simplória infeliz de uma gruta comum, foram ali que haviam decidido largá-lo... Após tudo o que ele fizera.  
    Ergue uma sobrancelha, sondando os arredores, semicerrando os olhos sobre a fenda macabra do lugar que fora seu local de descanso por... Ele não sabia quanto tempo havia se passado.  
    Presumia que houvessem passados bons anos, já que constatara a ascensão dos Lannins ao poder. Só uma Casa Guardiã podia ser escolhida como protetora de um templo ChayOm. E ele podia ser considerado um indigno, e seu corpo certamente não estava sendo adorado, nem mesmo mantido em uma das habitações bem zeladas do Império, muito pelo contrário. Contudo, também não o haviam jogado dentro de um poço, ou o enfiado em uma cova qualquer. E também não estava em indecentes catacumbas, exposto como um desafio, uma diversão para os ladinos, ratoneiros, mercenários e invasores de tumbas ilegais.  
    A'hu Lassad imaginou si próprio nas mãos do povo medíocre, e insetos da plebe, e teve um estremecimento imperceptível. Seu sorriso gelou.  
    Ficava contente por não terem feito isso com ele, mas imaginava que o motivo estava longe de ser qualquer solidariedade. Era muito provável que vários lordes houvessem desejado esse tipo de destino vexaminoso. – Revirou os olhos, se lembrando do comportamento da oposição em sua época – Talvez, em última hora, eles tivessem, quem sabe, sido convencidos pelos Sábios, e votado todos contra esta ideia terrível.  
    Os Meistres das Torres tomavam exímio cuidados para com os corpos de todos os Arcanos. Cuidados especiais, de proteção contra tributos, contra controles mentais, impedimentos de reanimações, e expulsões de exumadores.  Coerentes, era de todo direito deles de se preocuparem com alguém procurando e desenterrando os restos mortais de um discípulo da Escola, que possuísse um título de erudição ou não, independentemente do nível de instrução que este atingiu antes de morrer. O que eles menos desejariam era um Arcano Zumbificado e controlado por um necromante, ou um dos seus sendo exumados e investigados por alguém da Paróquia.  
    Então eles haviam optado por enterrá-lo vivo. A'hu refletiu a situação, com uma vontade de rir, embora não sentisse nenhuma graça. ''E os malditos Lannins estão em poder, e sob a posse da minha segurança!''  Questionou- se por que ainda não o haviam matado. Entendia o porquê de não o terem enfiado em espaços de vergonha, e não humilhado seu corpo em lugares públicos, e nem exposto seus pedaços trucidados em locais abertos; 

    Além das preocupações dos Meistres, o corpo do Lorde Renegado não poderia ser colocado em tais situações indignas pois uma boa parte da população o havia adorado durante seu reinado, sem contar os inúmeros aliados menores que tivera com As Casas de Baixo e com os Artificies e aprendizes reais, e estes não tolerariam desrespeito contra sua imagem, antes de dividirem o reino em um caos de rebuliços populares e revoltas estrondosas.

    Mas, por outro lado, se seus opositores quisessem evitar tais consequências, bastava torturá-lo e humilhá-lo em segredo, antes de moer sua carne e lança-la para dentro de uma tumba. Ele mesmo conseguia imaginar diversas maneiras criativas.  
    Algo estava errado.  
    Revirando os olhos em direção ao seu túmulo, com a expressão complicada, retornou pelo mesmo caminho do lugar da qual tinha saído. Os pés descalços e a bainha de sua vestimenta se arrastaram na poeira, enquanto ele se movia lentamente até o encontro de sua tumba.  
    Os pedaços violentados da superfície se abriram para ele, apresentados como dentes. Fileiras de presas; incisivos e caninos, irregulares, e no interior, uma garganta que exalava um odor quente, e do fundo, uma sórdida estrutura, fissuras ocas e pequenas dumas rochosas de calcário, enfiadas por entre, pedaços de concha e pontudas hastes de minerais e piche. O abismo se aproximava como uma boca escancarada de um louco preso em uma risada histérica. A aura era pesada. Pedia para que ele entrasse de volta em sua cova e se enterrasse ali com a composição do solo.  
    Sem se impressionar, A'hu Lassad se curvou sobre a vala onde estivera seu corpo e se ajoelhou no solo devastado, a manta do vestido contra a sujeira de cimento e areia, e então, nem um pouco intimidado com o abismo que ria diante dele, se prostrou com as mãos suaves na parte superior, fria e áspera, de sua lápide. Leu as inscrições e não compreendeu o que estava ali escrito. Não fazia sentido.  
    Ergueu-se de repente, as mãos ainda repousadas na lápide. Os olhos escorreram atônitos da cratera imensa, do memorado, de seus pés nus, e acabaram pousando do outro lado do salão, onde as sombras dos trezentos sarcófagos finalmente lhe chamaram a vista.  
    Notou as pequenas luminárias, penduradas entre as urnas funerárias erguidas, cada qual que se projetava magnífica, as madeiras sutilmente lustradas, e pareciam terem sido entalhadas a partir do ouro e do mogno mais escarlate.  
    Estudando a gruta com mais cuidado, não deixou de ranger os dentes com a clara discrepância entre o tratamento dado para sua urna, enfiada em um poço e na região obscura sob cuidados desleixados, e as funerárias aparelhadas, bem iluminadas, e com tablados de marfim no fronte, as letras cuidadosamente esculpidas.  
    Era de se esperar, ele se convenceu. “Mas quem são vocês? ””  
    Indo até lá, se aproximou e tocou, hesitante, com uma das mãos, e a deslizou contra as dimensões de um dos sarcófagos. Estendido a mão, quase de imediato largou e se afastou do ataúde, com a posição em guarda. Havia sido tolo, agido por um movimento involuntário, e levado pela curiosidade, nem chegara a pensar que aqueles túmulos poderiam segredar um nível de ameaça contra a sua pessoa.  
    Talvez estivessem ali justamente para guardá-lo, sendo uma extra defesa, para impedi-lo de emergir á superfície. Como aquelas duas estúpidas obras dissimuladas, que preparavam uma emboscada na entrada da câmara, cujos dedos o advertiam á todo segundo. 
    Instintivamente se arrependeu, recuando passos para trás, mas no momento em que fazia isso realizava o óbvio. “ Não há magia".  
    Os ataúdes não se moveram, o mausoléu permaneceu neutro, e A'hu expirou, a tensão saindo de seus ombros, enquanto seus olhos perscrutavam os caixões dos mortos; a ínfima luz dourada emitida pelas velas dos tocheiros atingia o seu rosto e seus olhos claros, que relutantes, desviaram a visão em um desconforto. A pigmentação, por alguns instantes, se tornou de um verde desbotado.  
    A'hu Lassad encarou o monumento de mármore. As memórias ali escritas diziam: Forhóevgan, Coração de três Leões. – Juramentado da Coroa. – Vhând Hárct Slowegh... Parou de ler. 
    Ele não conhecia a entidade. Desceu os olhos até a lateral da lápide, e por sorte encontrou assinaladas as últimas funções do morto, e por qual prestígio ele fora condecorado. Seguindo as linhas com o dedo, ficou algum tempo procurando algo que valesse, e quase desistiu, quando finalmente notou uma frase relatando a tal incrível perícia do falecido. “ Paladino da Fé. Não manifestado. Unção pós morte”. 
     Era só isso. Nada dizia sobre morto em combate, honrarias, ou o cenário de sua morte.  
     - Por acaso, um Exonerado da Ordem? 
    Às vezes, ocorria de suspenderem por tempos ilimitados a profissão de Arcanos ativos, e quando estes morriam, ficavam anônimos, sem honrarias, até descobrirem o cadáver. Mas este não podia ser o caso. Estavam enterrados em um templo ChayOm.  
    Talvez fosse mais obscuro, A'hu elaborou em sua mente. 
    Vez ou outra, a Ordem ampliava os seus poderes além de sua jurisdição e manipulava as cortes a oferecerem imunidades para seus alunos preferidos, quando seus pecados não eram grandes demais. Entretanto, outra medida era tomada, e o ofício de qualquer um destes alunos seriam apagados dos memoriais púbicos, e do Templo.  
    “ Sobretudo se estivessem em delegações, camuflados como outros. ” – Ele finalizou as buscas, insatisfeito. Se virou para olhar as outras lousas dos desconhecidos, quando tocou um pequeno símbolo com o polegar na superfície da laje que verificara. 
     A'hu Lassad, o Renegado, ficou boquiaberto:  
    - O que... – As lamparinas embrumavam os túmulos, porém, o ar era de tal densidade que criou um complexo entorno das lápides escuras, e a luz irradiada mantinha-se presa naquela região. A imagem era clara. – O Olho de Deus... Como... Agora vejo, Paladino da fé”. Não é da nobreza. Não um dos nossos. 
    “ Não consta absolutamente nada dele em serviço das Realezas, e nem do Império. Mas aqui está ele, “ungido’, como se pertencesse à alguma Classe clerical.  Enterrado no Templo e ainda... com este maldito símbolo...” 
    A raiva o corroía por dentro. Aquela era uma traição inaceitável. Abominável! Que ideia era aquela? O que a Ordem estava fazendo? Até mesmo os Lannins teriam motivos para serem contra tal atrocidade. Lembrou-se deles, e pelo ódio que eles nutriam dos Defensores. Não era possível que tivessem virado a casaca. As poucas vezes que A'hu e os outros nobres concordaram eram quando decidiam sobre a destruição dos inimigos da Ordem.  
    E a Paróquia era a pior e a mais detestada, e todos os Arcanos entravam em consenso sobre isso. Apesar disso... O Olho.  
    A'hu se afastou da lápide com ferocidade, e repugnado. Definitivamente, algo não estava certo.  
    Voltou seu olhar para as inúmeras lajes, as tumbas de matizes rubras e circuitos dourados, guarnecidas por lousas de pedra, e espalhadas pela galeria parcialmente iluminada. Pressentiu o pior e sabia que caso olhasse cada monumento sua intuição se provaria correta. Os trezentos sarcófagos erguidos não seriam de ninguém da Ordem. Seriam todos do Olho.   
    Tentou se acalmar e pensar com clareza. Mas tanto quanto antes, se sentia perdido. Seu memorial na lápide, os corpos dos Defensores zelados em um Templo de sua sociedade, a magia estranha que sentia no ar, o sabor do silên... A'hu Lassad caiu. 
    Sentado encima de um dos tablados, as mãos entre os joelhos, e o rosto confuso. Então, se deu conta. Como não se lembrava do que havia acontecido? Por que não tinha conhecimento sobre como havia sido enfeitiçado? E.… como havia acordado? 
    De início, presumira que a Ordem o houvesse adormecido, imobilizando-o, e o mantido ileso e preso, silenciado por toda uma eternidade dentro de um caixão.  Sua segunda opção, fora especular que estivesse estado, por um tempo indeterminado, em um selamento místico da mais Alta Classe. Mas agora, tinha suas dúvidas. Nenhum desses feitiços causavam a amnésia, ao menos que lhe tivessem lançado algum Impedimento com algum feitiço de modificar a memória. Mas uma magia dessas, nestas proporções, era improvável que não perdesse a influência externa, e agora que estava acordado, seria estranho que aquele que lançou o feitiço não aparecesse, após o alvo desobedecer ao comando de paralisia. Um Arcano dotado que prega peças nas memórias de corpos desanimados, com toda certeza, sentiria com facilidade a desconexão de um dos seus feitiços. E havia outra razão para descartar aquela teoria, sua perda de memória era incompleta. Se lembrava de tudo, menos de seu encarceramento. Os detalhes de sua queda ainda estavam mornos, recentes.  
    Descartando as opções, só restava uma alternativa, e ele se arrepiou, imediatamente relançando um olhar sobre as suas mãos. Virando as palmas, manteve os olhos presos em sua carne, o temor subindo: 
     - Não.  – E não pode ser pois estou ciente de mim. Pensou. Minha mente e meu espírito não estão sobre o controle de outro.... Ou será assim que eles se sentem, quando estão sendo controlados?  
    Ressurreição: O temor de todo e qualquer instruído.  
    Muito além de simples uma reanimação de necromancia, um poder tão obscuro, tão terrível, que seus ensinamentos foram expulsos de qualquer vertente mágica na terra, os seguidores da feitiçaria ancestral foram exterminados, e qualquer menção da magia tida como tabu. Tal a corrupção e a perversão que a habilidade formulava, nem mesmo A’hu, tido como o mais profano dos profanos em sua época, tivera a coragem de buscar conhecimento nestas partes da feitiçaria.  
    A ressureição, ele sabia, fora um poder oculto dos mais elevados. Não uma mera autoridade sobre os mortos, mas uma sedução que trabalhava sobre a derivação das coisas, uma magia voltada à troca do significado das palavras, a subversão da linguagem e a quebra completa de seus conceitos. Um homem que utiliza da linguagem é um Mago, um feiticeiro. Já o homem que controla a linguagem, domina seus efeitos e os desprende de seus significados anteriores.... Este é o Xamã. 
    Mas é impossível que seja o caso.... Conhecia as lendas. Além do fato inegável de que os que praticavam esta antiga arte haviam se tornado pó e adubo, a exilada escola de videntes apagada da história, a magia era tão profunda que mesmo os fascinados pela prática omitida, os Ocultistas, fãs das pesquisas sinistras e escondidas, não conseguiam encontrar um fator que os levassem para uma conexão verdadeira com a encantação maligna.  
    E havia outro caso, pelos contos era sabido que uma magia ancestral exigia uma carga de valor proporcional entre o convocado e o usuário. Uma magia dessas, que quebra as dimensões entre o espaço e o tempo... Era para A’hu Lassad, o feiticeiro dos feiticeiros e o Imperador da Grande Masíbia estar sentindo alguma coisa, uma mínima fagulha de simpatia entre ele e seu conjurador, pelo menos.  
    Mas não sinto nada. Olhou de esguelha para o umbral colossal, com os dois artifícios ainda paralisados, inanimados. Por exemplo, consigo sentir a ilusão advinda daquelas duas partes. Uma magia forte, mas nada além.  Voltou a ignorar as duas estátuas estranhas, e a saída da tumba, e suspirou fundo, enfiando as unhas nos joelhos para aumentar a concentração. Parece um século que não uso magia. Será que passou todo esse tempo?   
    Não obteve nada. Soltou o ar, os brilhantes olhos piscaram e percorreram o escuro. Ele ficou em silêncio por alguns segundos. ''O Silêncio... 
    Um pensamento o interrompeu, de repente. E se a magia fosse tão profunda, que ele não fosse capaz de senti-la? Um mágico capaz de controlar a linguagem das coisas, e ter poder sobre a vida e a morte, com conhecimentos que até mesmo o Lorde Renegado temera quando vivo. Um ser desses teria facilidade não só para manifestar uma magia ancestral, como também conseguiria exercer um poder invisível sobre as coisas vivas, não é?  
    A' hu Lassad voltou a suar frio. Enfiou as unhas mais fundo na carne e focou na dor, se sentindo completamente vivo. Mas e livre? Não posso descartar a hipótese de estar sob o controle de outro.  
    Abaixou a cabeça, e entrelaçou os dedos, apoiando o queixo, enquanto encarava o chão. A expressão se tornou cada vez mais inquisitiva. Se perguntou mais uma vez quantos anos haviam se passado, e como seria esse novo período.  
    Talvez, a nova sociedade aceitasse mais fácil as pesquisas ocultas, talvez a Ordem tenha deixado de velar o conhecimento sobre a razão ilimitada, e o conhecimento tenha sido dissipado entre o povo. Talvez os tabus de outrora não mais existissem, e dependendo do tempo, as novas culturas ascendidas se fizessem cheias de magos e ocultistas obscuros, adeptos das antigas e proibidas artes da magia.  
    Lassad suspirou, era enorme o número de opções.  Não ficou confortável com nenhuma delas, e imaginou uma ralé de feiticeiros clamando por sua posse, ou um xamã excêntrico o convocando dos mortos. Fosse qualquer um destes casos, ele não entendia o motivo.  
    Não que tivesse uma imagem incerta de si. Não. Nunca. Sabia quem fora, ou melhor, quem era. O Mago dos magos. O Feiticeiro mais poderoso de seu tempo, e o líder mais sublime, com um governo esplêndido que se estendeu sobre vales e planícies, e destronou reis e conquistou povos. Contudo, mesmo em sua idade mais sábia ele nunca tinha adquirido o núcleo da magia, ou domado seus significados. Reteve-se em apenas utilizar de seus feitiços para os seus princípios, e para os objetivos do seu império. Fora um gênio, mas havia tido contato com pessoas mais habilidosas, e lido histórias, e escutados rumores assombrosos, que encantariam qualquer homem. Não se fazia cego para estes fatos.  
    O que faria alguém do futuro, de uma era, que se fosse o caso, capaz de conquistar o poder sobre a vida a morte, precisar da influência de seu corpo e do seu espírito? Estranho uma entidade com uma magia mais poderosa que a sua necessitar de sua ressureição. Com tantos outros feiticeiros experientes por aí, transformados em deuses nas mitologias históricas.  
    Achava tudo aquilo, se verdadeiro, um tanto absurdo. Se lembrou dos contos de seus velhos instrutores, sobre homens antigos com poderes que os faziam recitar as vozes dos antigos. Usando seus corpos como intermédio dos espíritos para que estes lhes contassem os segredos do mundo.  
    Sempre imaginou que os xamãs dos tempos esquecidos utilizassem do poder da ressureição por causa de um objetivo parecido. Pelo menos, os videntes pregariam algo parecido, enquanto eram caçados até os campos de Ávidgar. ‘’Não deixais a história morrer, as vozes do mundo são de uma herança que não nos é permitido deixar para trás. Cada homem tem uma voz que anseia para ser escutada. Somos os ouvintes perpétuos das transições da humanidade.’  
    Todavia, A' hu Lassad era de carne e osso, não era etéreo e nem levitava, e certamente, não estava afim de contar absolutamente nada para ninguém.  
    Se levantou da laje, e vagou sem pressa até a entrada da tumba. Não tentou atravessar o umbral. Ficou apenas parado, os oceanos de seus olhos perscrutaram a área e afogaram as dimensões das esculturas sinistras, que ele não pode deixar de reparar, o vigiavam com suas presenças de mármore. Encarou-as por um bom tempo, mas as duas criaturas permaneceram no mesmo gesto, os dedos voltados para o mausoléu, simples gigantescas peças de decoração. 
    O Imperador franziu a testa, e voltou a dar as costas, sentindo a correnteza de forças malignas. Sentando novamente encima de um dos túmulos, ignorou a vontade ameaçadora, o desejo por sangue mal disfarçado no ar, e voltou a se inserir em uma reflexão repentina.  
    Aquelas criaturas.... Não estavam ali por ele, estavam? Era improvável que a Ordem tivesse posicionado bichos tão inferiores para confrontá-lo. Talvez fossem para impedir certos indivíduos de tentarem roubar os cadáveres. Visto que as criaturas estavam posicionadas dentro da câmara e apontavam de modo impositivo para o interior do mausoléu, não era difícil conceber a ideia de algum oficial tentando subtrair algum corpo, pertence, ou candelabro do recinto, e essa ser a forma escolhida para evitar o problema.   
    Pensou se elas o deixariam passar, com tranquilidade caso ele quisesse, ou se considerariam uma infração. Pela aura que sentia, podia apostar que já sabia a resposta.  
    ''Supondo que eu esteja sendo controlado e sob efeito de alguma magia, será que elas considerariam isso como a apropriação do meu corpo?  Se eu realmente me tornei o invólucro de uma outra vontade, a minha saída será forçada.'' 
    E, por tanto, as estátuas considerarão como furto.  
    ''Ficarei sabendo quando atravessar.''  Mas, após o atacarem, teria de se considerar um cadáver ambulante sem vontade própria?  ''Se sou um cadáver ambulante sem voltada própria, então cadê o suposto Mestre, e por que continuo pensando?''  Nada fazia sentido. 
    Por alguns segundos considerou a alternativa da sua vinda ser a obra de algum admirador tentando reviver seu ídolo histórico, ou a ação de algum fanático por magias, um louco que pouco se preocupava com os deveres ou os porquês do exercício da feitiçaria. Mas excluiu todos os casos na mesma velocidade. As possibilidades eram multíplas, e os motivos triviais.  
    A única coisa que importava era descobrir a extensão e os efeitos daquela magia. Se era como uma invocação, e se ficaria preso a um contrato, como um demônio ou um gênio, subvertido aos desejos alheios. 
    Esfregou o rosto com as mãos, se cansando de toda aquela introspecção. Sempre fora um homem da ação, do confronto inesperado contra seus inimigos. Mas aquele era um momento curioso, e precisava de cautela. Mas odiava as hesitações da alma.Se preparou para se levantar e ir embora, temendo que sua preocupação virasse uma nojenta covardia dos fracos, e que se contaminasse com aquela pausa ensurdecedora. 
    Piscou os olhos. ''Ensurdecedora?''  Qual o motivo de ter pensado essa palavra? Tudo estava quieto. Não. Há uma inquietação no ar.  
    Relançou um olhar para as gárgulas, suspeitas. Não eram elas. Era algo superior, uma projeção nem maligna ou benigna, porém, suave e.… distante. Foi quando ouviu. Ou melhor, finalmente, notou o que escutava.  Era uma sinfonia. Era o sabor da umidade, do denso ar e seu fluxo. Era o calor das pedras, a tensão acumulada nas paredes e nos solos.  Era o som das coisas vazias, e que diminuíam, e então, que se transformavam... em nada. 
    A' hu Lassad respirou fundo, paralisado.  
    Escutava o som de um turbilhão imaterial, e de sentidos opostos. Escutava o som do nada, e o que era imperceptível.   
    O imperador não sabia, mas escutava a Voz do Silêncio. 
  • Amantes do Caos

    Seu sorriso era encantador: roxo.
    Sua beleza fantasmagórica: maltrapilha os cabelos negros presos por um coque.
    Eu me encantei e confesso, foi amor à primeira vista. E ainda confesso, eu a beijei com meus lábios de sangue.
    Imediatamente eu a cativei pra mim e, numa tarde de tempestade, o céu negro cheio de relâmpagos e trovões, nós dançamos.
    A cama era uma elegância no meu mausoléu digno dela. E fomos então no meio de velas e assombrações.
    Nós amamos e nos confundimos com fogo e frio; com reclusão e dinastia; com amor e ratos. Mas... Silêncio.
    A lua branca chegou e murmurou: "bem vindos a minha loucura e o meu inferno".
    E voamos para encontrarmos os anjos de Apocalipse.
  • Arqueologia Pop – Blood Crystals

    É com muito prazer — e outro tanto de nostalgia — que, dou início a esse projeto por tanto tempo adiado. Seu adiamento foi devido a condições pessoais. Sanei esses problemas. Resolvi batizar o projeto de Arqueologia Pop.
              A arqueologia, a grosso modo, é uma ciência que estuda a sociedade através de seus vestígios materiais. Foi ofício de muitos aventureiros e, no mundo contemporâneo, renomados cientistas. Com menos romantismo, e o mesmo tanto de trabalho, estarei através de vários textos, escavando, resgatando e trazendo a luz antigas obras esquecidas dos mangás brasileiros. Aquelas que só os fãs embebidos de nostalgia podem se lembrar.
              Estarei dando prioridade àquelas obras descontinuadas, mas tratarei também, futuramente, de títulos já concluídos, logo seja possível a leitura. E como irei proceder? Irei ler o capítulo um de cada obra, ou o seu prólogo. Não sendo possível nenhuma das últimas opções, irei ler o capítulo disponível, seja ele qual for. Estão excluídos dessa lista as obras que deixaram o seu hiato. Esses serão feitas resenhas regulares mesmo. O objetivo é mais analisar as condições de descontinuidade dos títulos, e não culpar o autor, mas não será esquecido os seus erros. Entrarei em contato com os autores sempre que possível.
              O primeiro título que eu escolhi, o conheci na revista Anime dô da Editora Escala. Todo otaku nascido antes de 2010 conheci essa revista, assim como a revista Neo Tokyo. Na seção de fanzines, eu li uma vez uma obra que me chamou bastante atenção. O mangá era Blood Crystals. Na época, o autor vendia até camisa da obra. A venda do fanzines era feito pelo Correio. Custava muito barato, menos de seis reais, fora o correio.
              Atualmente, pesquisando na internet, consegui ler o primeiro Cap. 1: Recordações numa scan. O mangá tem referências diretas da mitologia nórdica, bebe de fontes do RPG japonês como Final Fantasy. Mas, talvez a maior influência tenha sido o manhwa Ragnarök, que veio a influenciar a produção do jogo Ragnarök Online, MMORPG, jogo de representação de papel com múltiplos jogadores em massa online, ufa!
              A obra foi publicada no Brasil pela Conrad (2004-2005), no famoso formato meio-tankohon. A obra, originalmente de 10 volumes, se transformou em 20. Além da história focada na mitologia nórdica, o traço estilizado de Lee Myung-Jin contribuiu em muito para a inspiração da obra, seja esse de modo direito ou indireto. Era impossível ir numa banca e não ver o volume da Conrad.
              A história gira em torno de uma sessão de treinamento entre dois personagens. Asgard é um espadachim bonachão que tenta passar algumas lições a sua pupila Sasha, uma simpática amazona. Durante o treinamento, além de mostrar as suas habilidades e seu bom-humor, Asgard demonstra capacidades sobre humanas, sério gente, o cabra tora uma espada nos dentes?! Êta fida da... adiante, cof-cof. Depois da derrota de Sasha, decidem descansar um pouco, sabe como é, hora da resenha.
              Corta para outro plano. No centro da Terra, existe um Mundo Diagonal, uma espécie de ilha meia-torta que flutua sobre a lava. Lá existem diversas criaturas, dentre elas, seres draconianos. São diversas raças, possivelmente, inimigas dos humanos. Dois personagens conversam, demonstrando alguma intimidade e, ao mesmo tempo, hierarquia.
              Davkas está sentado num trono, e reconhece um recém-chegado mascarado como ausente por dez anos. Atrás dele, embora só apareça em um quadro com o seu rosto de perfil, há um prisioneiro. O mascarado parece estar deixando o local para algum encontro. O personagem Davkas me chamou a atenção, primeiro por possuir um refém — um trunfo, quem sabe —, segundo, por ele ser um drow, um tipo de elfo negro. Seres belos, mas muito perigosos.
              O capítulo imprime dinâmica e tensão. Carrega um bom-humor em todas as suas páginas. Sasha é desenhado em ângulos bem generosos pelo autor, se é que me entendi? Como diria Kazemon “Carino anca”. Nada demais, apenas para prender a audiência. Asgard é um personagem misterioso, e como essa introdução se propõe a nos conduzir a um perigo iminente, não temos muito tempo para descobrir os objetivos desses personagens, embora tenhamos alguns vislumbres, como a referência aos cristais do título. Engraçado que o fato de Asgard ser Guardião dos Cristais está na sinopse, e não no capítulo do mangá, o que me leva a acreditar que ele foi dividido em duas partes.
              Acho que é nisso que o capítulo peca. São poucas páginas para introduzir tantos personagens e conflitos. Mesmo assim, o autor já nos mostra com simples diálogos um pouco dos futuros conflitos e mitologia da história, como o uso dos cristais no cotidiano, até mesmo para produzir alimentos. Os antagonistas têm um bom designer, e ficamos ansiosos por descobrir os seus objetivos.
              O traço do mangá já demonstra um grande profissionalismo. Faz pouco uso de retículas. As cenas de ação têm impacto, e há linhas de movimento e impacto suficiente para promover a tensão. Enquadramento adequado, mas com poucas divisões, fica tudo muito verticalizado. A capa demonstra uma boa colorização, simples, mas instiga a leitura e está de acordo ao título do mangá, nos remetendo ao mote da trama. Apesar da capa do capítulo estar grafado Blood Crystal, o autor a denomina na sinopse como Blood Crystals, preferi tratar a obra por esse último nome.
              Eu lembro de ter entrado em contato com o autor ao menos uma vez. Ele disse que o trabalho, apesar de prazeroso, se tornou inviável por um momento. Por isso, ficou mais vantajoso descontinuar a publicação. Passou a trabalhar como ilustrador de games e livros de RPG, em geral, trabalhando para o mercado estadunidense. Foi, ou ainda é, professor e proprietário da Halftones Escola de Desenho. Não obtive novas respostas até o fechamento dessa resenha crítica.
              O mangá poderia muito bem continuar, e quem sabe, ser fechado em um álbum de 200 páginas. Não é uma obra estilo Dragon Ball, que necessite de um grande elenco e desenvolvimento de muitos capítulos para resolver os conflitos da trama. Isso é especulação minha. Bem, isso é tudo pessoal! Aguardem novas postagens.
             
    Título: Blood Crystals
    Ano de publicação: 2011
    Autor: Frank Willian
    Sinopse: Blood Crystals conta a história de Asgard um dos guardiões dos cristais de sangue que vive em um mundo repleto de gigantes e criaturas estranhas, um mundo dividido entre os seres do mundo exterior e entre o mundo das poderosas forças do núcleo do planeta que almejam conquistar por completo o mundo exterior em posse dos cristais de sangue.
    Cap. 1 – Recordações, nº de pág. 22.

    Próxima expedição: Nova Ventura.
  • As crônicas de Godfrey no Vale de Lindelt: Principium

    A muito tempo atras nas terras distantes de Draconis urbem, ascendeu um grande rei chamado de Rex Cruentus, "O espírito encarnado". Ele era singular entre os reis e governantes de sua época, ainda mais quando se aliou com os outros poderosos de seu tempo. O rei Jean, ‘O Cósmico’, Saikir dos Menes, O crânio longo e O Rei Vicktor Plys das torres do relógio. No entanto essa aliança foi feita a fim de combater o terrível mal do abismo chamado de Tenebris, O Filho do Abismo!
                                                                                                          
    Monstrum ex abysso

     Os olhos da besta monstruosa eram horríveis e trazia medo e temor para aqueles que se atreviam a olhar para a monstruosidade. A sua couraça era como ferro em brasas, seus braços vermelhos longos e esguios eram mais fortes do que 50 valentes guerreiros, sua altura era de mais ou menos 10 ou nove côvados, as costas da besta eram negras e fulgentes como as pedras de Onix e mediam cerca de 56 polegadas, o monstro que leva o abismo junto de si, ele é sobrenaturalmente forte, ágil e desprovido de qualquer alma, já que é isso que a besta procura. A monstruosidade, O Filho do abismo busca consumir as almas dos seres terrenos para aumentar seu poder e finalmente soltar os filhos do abismo, que tomaram o mundo e devoraram tudo pelo caminho. Quem terá coragem de desafiar a aberração, quem irá ir de encontro com o abismo para fecha-lo, quem, senão "O spiritus incarnatus"!
     
     
  • As crônicas do Inferno I

    As crônicas do Inferno
    Sociedade Atemporal 
    Por Srta Oliveira 
                      &
          Carry Manson
    Os primordiais
    No início havia apenas sombras e o
    vazio.
     O multiverso era cheio de potencial para a vida, mas permanecia
    deserto.
     Até que um dia uma destas forças
    evoluiu, e então ele nasceu com todo o
    esplendor de um titã. 
    Caos o primeiro ser a existir.
    Ele não era personificado, 
    não era fogo, nem água,
    era apenas uma força magnífica.
    E como para cada força há um
    oposto complementar, quando menos esperou não estava mais sozinho.
    Logo de cada ruína que gerava,
    nascia uma flor.
    Para cada vida destruída, nascia
    um novo ser.
    Era ela que estava ali. A doce e
    perfeita Harmonia.
    No início ele a detestava, 
    pois suas obras eram constantemente embelezadas.
    E ela o odiava, pois sempre tinha que
    consertar as suas falhas universais.
    Por isso certo dia fizeram um acordo:
    “Destruirei o quê quiser naquela direção, e você criará o quê desejar
    naquele espaço.”
    E naturalmente tudo seria perfeito para
    os dois, estavam livres para criar e destruir sem parar.
    No entanto Caos percebeu com o tempo, que logo não haveria mais 
    nada para transformar em pó 
    ou ruína.
    E Harmonia notou que sua criatividade
    diminuíra,  de acordo com o quê criava
    sem razão alguma.
    Eles precisavam um do outro para existir, e quando deram por si estavam
    apaixonados.
    Havia algo encantador nas flores que
    nasciam no deserto.
    E incrivelmente motivador quando toda
    a criação perecia, e tinha de se fazer 
    de novo.
    Por isso logo se tornaram um só, e deste delicioso amor nasceram 7 deuses, que
    deram origem as dimensões conhecidas.
    O Deus Solitário e a Deusa prometida.
    7 Deuses caminhavam pelo multiverso,
    cada um com seu poder, e sua dimensão. 
    Todos estavam felizes, pois de acordo com que cresciam, descobriam também o amor que os gerou. 
    Assim desta união, nasceram os 4 elementos principais. 
    Espírito foi o primeiro que
    surgiu.
    Fogo foi o segundo.
    Ar o terceiro.
    E por fim a Água.
    Sim a Terra, era algo que não existia até
    o momento, e por isso restou um Deus.
    Ao contrário dos outros, este era especial.
    Todos os opostos masculinos eram
    semelhantes ao Caos.
    E os complementares femininos a
    Harmonia.
    O quê gerava um equilíbrio perfeito.
    Mas este Deus solitário não estava feliz,
    e como Caos e Harmonia não tinham
    novos filhos, jamais teria um 
    par.
    Por isso se tornou a força do conhecimento, e seguiu tentando
    criar a parceira perfeita, com
    os remanescentes de seus
    pais.
    Certo dia Harmonia encontrou o filho
    desesperado tentando criar um par,
    e ao ver suas lágrimas negras, levou
    aquele corpo frágil e vazio para
    Caos.
    Ele logo se apaixonou pela criação do
    filho. Ela era como uma parte sua que até então desconhecia, e por isso ele
    e sua amada, derramaram seu poder
    orgástico, sob aquele material 
    estranho.
    Foi então que ela nasceu, 
    a Grande e Majestosa Deusa Terra.
    Ela era diferente dos outros.
    Não era apenas uma energia, tinha um 
    corpo, mas era tão poderosa quanto
    os outros.
    O Deus solitário se apaixonou a primeira vista, mas como tinha passado
    muito tempo no escuro, não demonstrou.
    Harmonia e Caos concordavam com tudo, porém a chegada de Cerridwen mudou isso. Ela era como Caos e por isso ele sempre a protegia.
    Ele a ensinou a caçar, guerrear, a ensinou tudo o que ele sabia e ela se tornou sua melhor guerreira. 
    Nos duelos de treinamento que havia ela sempre ganhava principalmente 
    de seu irmão mais velho Yaweh.
    “Você é mesmo um chorão Yaweh, não aceita perder.”
    “Lógico você é mulher, é uma lástima. Papai não deveria te ensinar a guerrear.”
    “Você esta é com inveja. Você é o protegido da mamãe. O que vai fazer? Vai chorar pra mamãe vai??? ‘
    Toda vez que ela fazia isso, Yaweh
     ardia de raiva por dentro, ele odiava ser desprezado por ela e odiava mais ainda a forma como ela zombava
    dele.
    “Você deveria parar com isso Cerridwen, uma dama não se comporta assim” Disse Harmonia séria, mas serena.
    “Sim mamãe, me desculpe.”
    “ Deixa a menina Harmonia, ela só esta se divertindo. E damas devem sim lutar e não ficar como sonsas em casa.” 
    Disse Caos abraçando a filha.
    O tempo foi passando Cerridwen se tornava mais bela e mais forte, guerreava em nome do pai dela e Yaweh sempre a vigiava de longe. 
    A olhava quando ela tomava banho no riacho, ficava escondido a admirando. Ele a amava, mas odiava este sentimento.
    Até que um dia o inesperado aconteceu durante uma batalha Cerridwen, foi ferida gravemente e Yahwen a salvou, com isso ela passou a ter uma gratidão por ele, mas ele viu uma ótima oportunidade para concretizar seus planos.
    A escuridão e a luz
    O dia do casamento chegou, todos estavam contentes menos a noiva, em seu quarto Cerridwen se preparava, fazia hora, enrolava. Só queria que alguém a matasse, mas infelizmente ninguém fez isso. Ate que ouviu passos atrás de dela era Karlandisht um dos seus irmãos mais velhos, e  mais apegado a ela.” Você parece tão triste!?” “Não quero me casar com ele, tenho nojo dele, a presença dele me da nos nervos. Tento gostar dele, mas não dá. Sinto que nunca irei gostar dele. Sinto que jamais irei amá-lo.”
    “Não pensei assim, um dia vai sentir o amor. Tenha calma.” O casamento parecia uma tortura. Cerridwen mal podia visitar os pais, sempre isolada em seu jardim. Se ele quisesse vê lá ele ia, se não quisesse não ia. Se ele queria beija lá, ela o beijava. Durante muito tempo ela se entristeceu, vivia chorando. Fez de tudo para amá-lo, mas não conseguiu. Até que um certo dia viu um ser no seu jardim. ”O que faz aqui?”
    “Sou Sammael, meu senhor pediu para que lhe trouxesse algo.” 
    “Seu senhor, diga a ele que não quero nada. Diga a ele para me deixar em paz.”
    “Senhora melhor aceitar. Ele é benevolente, misericordioso.” Disse-lhe de maneira automática, pois assim foi treinado.
    “Ele é o que? Nunca foi. Ele é um monstro. Um torturador que sempre quer que acatemos as ordens dele” Disse-lhe furiosa. 
    Os dias foram passando e a amizade entre os dois se fortalecia o anjo estava amando aquele ser, sua amiga de todas as horas como ele dizia. Passou a ir vê-la escondido, já que seu pai não permitia mais. 
    “ Você deve sempre estar equilibrado, sempre de olho no seu adversário.” Disse Cerridwen segurando uma espada. Por um momento só ouviam os barulhos das espadas, Cerridwen estava se divertindo depois de tanto tempo. Adorava a companhia de Sammael, amava tudo nele. Até que em um movimento ele a desarma e a segura  quando seus olhos se encontraram.
    “Você é linda!” Disse-lhe encantado “Ah...Obrigada...” ela tentou dizer, mas sua fala foi interrompida por um beijo de seu amado.
    Naquele instante tudo aconteceu.
    Os dois se amaram, e descobriram ali, que o amor deles era invencível.
    Tempos depois Cerridwen foi se 
    refugiar no reino de sua mãe a 
    procura de abrigo. 
    Estava grávida e não sabia o quê fazer.
    “Essa criança é a marca de seu pecado.”
    “Mas por que mamãe? Porque eu amei outro?” “Este outro é seu filho. Ele nunca te contou? Yahwen não deveria ter esconder assim. Olhe a tragédia que isso gerou.” “Vai ficar aqui, ate o nascimento dessa criança, depois veremos o que fazemos.”
    Naquele momento Cerridwen havia se preparado para dar a luz.
    Estava preocupada, principalmente com seu amado. Não sabia o que fazer.
    Quando a criança nasceu, ela sentiu algo, que nunca havia sentido. A menina era alva, de cabelos ruivos e olhos violetas. Era linda, naquele instante ela sabia que possuía um pequeno ser que precisava dela.
    “mamãe ela é linda!” “Sim querida, ela e igualzinha a você. Ela te puxou Cerridwen”.
    Do lado de fora escutam-se gritos, Yaweh estava furioso. 
    Rapidamente Harmonia entrega a neta a um emissário de Sammael, e Yaweh
     se encontra com Cerridwen.
    “ Aí esta você. Vagabunda. Achou mesmo que eu nunca iria descobrir? Achou mesmo que eu não saberia o que você fez?” “Yaweh calma, por favor, não faça nada com eles, por favor.”
    “Onde esta a criança?” “Não vou te contar. Não vai tocar na minha filha.”
    Ele a agrediu diversas vezes. Harmonia teve medo do filho pela primeira vez, por isso deixou que ele fizesse o que fez. Cerridwen ficou trancada em uma cela na torre norte do céu, sofrendo torturas, abusos. Totalmente sem esperanças.
    O bebê iluminado
    Ela era um bebê quando tudo aconteceu.
    Foi uma surpresa para os pais, e
    para o seu tio.
    “Você precisa protegê-la Miguel.”
    Disse-lhe Samael, e o arcanjo 
    detestou a ideia.
    “Ela é o fruto do pecado de vocês.
    Ela merece o destino que a aguarda.”
    Respondeu-lhe sem pensar duas
    vezes.
    “Ela é muito pequena e inocente.
    Como os querubins. Não pode lhe
    dá as costas assim.” Retrucou, ao
    segurar aquela criaturinha ruiva
    de olhos violetas.
    “Por quê não a escondem no jardim?
    Nosso pai nem vem por aqui mais.” 
    Perguntou o arcanjo, até que o irmão
    lhe deu a menina alada, e ele a
    segurou.
    “Ela é linda.” Disse para o mesmo, ao segurar a criaturinha, que ficou a brincar com o seu cabelo.
    “Exatamente como a mãe dela. Miguel por favor, me ajude a cuidar dela, o jardim não é seguro.” Suplicou
    quase desesperado.
    “Está bem. Está bem. Vou levá-la a minha estufa. Lá é meu canto particular, e ninguém ousaria entrar
    ali.” Disse embrulhando o rostinho
    da pequena. “É um ótimo lugar.
    Assim Yaweh não irá achá-la.” 
    Concordou.
    Infelizmente houve um traidor que descobriu sobre a pequena, e 
    contou ao criador.
    “Uma criança? Que não nasceu adulta?! Como isso é possível!?” Yaweh bradou
    furioso.
    “A culpa é minha senhor.” Samael ergueu a mão, e assumiu a responsabilidade.
    “Samael?! Como ousou ir contra a regra?!” Ele ficou surpreso com a descoberta.
    “Eu me envolvi com um anjo chamado Layla, e ela faleceu no parto.” O pobre
    pai, mentiu para salvar a amada.
    “Não existe nenhuma Layla. Acha que não sei de toda a verdade?! Não me
    subestime.” Disse com raiva o
    criador.
    “Por favor não a machuque. A culpa é
    minha! Fui eu que a procurei!” Berrou
    o pobre brigadeiro, com lágrimas
    na face.
    “Os dois são culpados. E já que gostam tanto daquele mundo sombrio, viverão
    lá para sempre!” O criador retrucou.
    Nenhum dos outros anjos na 
    reunião sabia do quê exatamente 
    se tratava.
    Ninguém tinha coragem de perguntar,
    e por esta razão permaneceram em
    silêncio.
    “A partir de hoje Samael está 
    morto, e agora você será conhecido como Lúcifer a estrela da manhã!” Disse-lhe totalmente transtornado 
    com a traição, e então quebrou
    11 dos seus 12 pares de
    asas.
    “Pois tal como a estrela de dia, você não será visto no mundo celestial.”
    Esclareceu, dando-lhe a 
    sentença.
    “E você Miguel. Meu bravo e poderoso filho. Irá com este traidor, para vigiá-lo e impedi-lo de cometer outra grande
    falha!” Deu a missão para o arcanjo
    , e assim os dois partiram.
    Muitos anjos ficaram insatisfeitos com
     a decisão do criador, estava claro que Lúcifer só tinha cometido o pecado de
    amar, e por isso o seguiram.
    Esta foi a primeira e grande revolução Luciferiana.
    E o nome que deveria ser um sinônimo de vergonha, se tornou motivo de
    orgulho para o caído.
    Outro amor proibido
    O bebê alado levou muitos anos para crescer.
    Mas ao atingir 1500 anos, se tornou uma linda adolescente, que vivia no laboratório do arcanjo.
    “Quando vou poder ir para superfície?” 
    Perguntava animada para o protetor.
    “Nunca e meio.” Respondia-lhe com
    frieza.
    “Mas eu quero muito conhecer este tal céu.” Retrucou fazendo manha.
    “É perigoso. Aqui embaixo, com seus familiares é mais seguro Luciféria.”
    Disse ao continuar a estudar os seus experimentos.
    “Não acho. Para mim, o perigo está em toda parte.” Disse sentando-se a 
    mesa.
    Com o seu vestido branco e curto, 
    bem na frente dele, deixando-o envergonhado.
    “Modos fazem uma dama.” Disse com 
    a face corada, coçando os cabelos
    louros e escuros.
    “Azazel diz que o importante é ser livre.” Rebateu como quem tem 
    razão.
    “Azazel só pode mesmo ser filho de Lúcifer.” Resmungou revirando os
    olhos, com um sorriso.
    Miguel era focado no trabalho, e 
    por mais atraente que Luciféria fosse, ele evitava vê-la com outros olhos,
    pois considerava um pecado
    mortal.
    Luciféria era livre como a mãe, e não
    conhecia termos como “moral” e “bons
    costumes.”
     Miguel tentou fazer dela uma dama,
    mas por mais educada que fosse, ela
    permanecia sendo um espírito
    rebelde.
    “Segure a taça desta forma.” O arcanjo disse, ensinando-a a ter boas maneiras, e como uma jovem deve se portar.
    “Que tal me ensinar como segura uma espada?” Perguntou entediada, imitando-o com exatidão.
    “Damas devem ser inteligentes, e não podem participar de batalhas.” Disse-lhe cortando a carne em seu prato.
    “Damas são chatas. Prefiro ser como a minha mãe.” Retrucou tomando os utensílios da mão dele.
    Miguel nem sequer imaginava, no começo. Mas quando ia para a batalha, o irmão mais velho dela Azazel, a levava para floresta, e tentava lhe ensinar a
    se defender.
    “Lucy. Não é uma dança é uma luta!” 
    Azazel ria, atacando-a com investidas bem violentas. 
    “Eu sei. Deixa de ser trouxa!” Rebatia toda desengonçada.
    Ao vê-la tão imponente, ele movimenta-se rapidamente, e a derruba. 
    Mas quando está para chegar no chão,
    a pega nos braços, e por pouco não
    a beija.
    “Respeite-a garoto. Ela é sua irmã.”
    Diz o arcanjo claramente descontente com aquele gesto carinhoso.
    “Pare de olhar para ela desse jeito querido tio. Ela é sua sobrinha.”
    Diz o anjo rebelde, parado na frente 
    do rival, com um sorriso malicioso, colocando a espada nas costas,
    e partindo.
    “Não tem jeito não é?” o anjo passa 
    a mão nos cabelos, totalmente desconcertado.
    “Eu quero muito lutar. Como a minha mãe. Ela é um exemplo para mim.” A
    jovem se explica, e o anjo cede.
    “Certo. Azazel não conseguirá usar  as suas qualidades.” Diz revirando os olhos.
    Ele não consegue se conter, por mais que tente, o seu ciúme ultrapassa o nível aceitável para um 
    familiar.
    “ A luta dele é selvagem, e você foi educada para ter graça e delicadeza.”  Diz o seu responsável, tentando colocar defeito no método do inimigo.
    “Eu sou frágil, intocável, e toda essa balela. Já vi que não vai me ensinar nada.” A bela lhe dá as costas, furiosa pois por mais que tenha sido cúmplice do seu nascimento, era tão machista
    quanto o pai.
    “Lucy.” Ele agarra seu pulso, e ela o olha com indiferença. 
    “Vou te mostrar que toda a sua graça e delicadeza podem ser mortais.” Sorri, deixando-a bastante animada.
    Miguel era um grande soldado. Esteve nas maiores batalhas, e era uma honra ser treinada por ele.
    Como ele sabia que ela queria muito lutar, a desafiou bastante, e testou
    as suas habilidades, para focarem
    em seus pontos fortes.
    Quanto mais tempo passava com ela, mais percebia seus sentimentos, por isso decidiu deixá-la sob os cuidados
    do irmão.
    “Você está certo” Assume o crime de imediato.
    “Eu sei. Só espero que não a machuque por isso, caso não sinta o mesmo.” Responde Azazel ajeitando
    a besta.
    “Ela sente. Mas isso não importa. É contra minha conduta, e não quero ser castigado por meu pai.” Diz entregando
    algumas coisas afiadas para o seu
    irmão.
    “Sempre o filho de seu pai. Não sei como é meu oponente.” 
    Azazel fala baixo, por mais que goste de Luciféria, é outro que não quer assumir.
    Mas neste caso é porquê não se acha bom o suficiente, para competir o 
    “fabuloso Miguel.”
    “Eu vou embora. Então como sei que você é um dos melhores alunos do meu irmão, quero que prossiga com o treinamento dela” Diz estranhando a reação do seu oponente, e colocando 
    o capuz azul marinho.
    “Ok. Mas isso vai magoá-la bastante.” Tenta ser altruísta, pois só deseja a felicidade de sua amada.
    “É para o bem dela.” O arcanjo se prepara para voar. “O dela ou o seu?”
    Azazel lhe pergunta, e o anjo olha
    para trás, com certo pesar.
    “É, acho que lutar com aquele maricas te fez bem. Uma mulher sabe como ensinar outra!” Diz Azazel percebendo uma melhora nas investidas da 
    ruiva.
    “Você odeia mesmo o Miguel não é?” Diz bloqueando os ataques com a
    sua espada de treinamento.
    “Não. Só acho ele extremamente covarde, e pouco confiável.” Azazel
    responde girando a lâmina, e a
    desarmando.
    “Ele só não faz o meu tipo.” Brinca e 
    lhe entrega a arma, para mais
    uma rodada.
    “Vocês passaram tempo demais juntos.” Diz atacando com ferocidade, mas a bela desvia de cada ataque.
    “Seus golpes são tão previsíveis quanto os dele!” Termina tirando a espada da sua mão, e segurando as duas.
    “Foi um bom treino. Amanhã nos vemos.” A abraça e recolhe o todo o equipamento. A bela continua parada, olhando para a mata e o rio.
    O jovem vai embora. Sentindo-se feliz, pois com a partida do seu rival, teria
    uma chance de se tornar o seu
    pretendente.
    No céu se vê a silhueta de um ser alado, e este desce até a jovem. Ao vê-lo seus
    olhos se iluminam.
    “Luci...Precisamos conversar.” Aquelas palavras a assombram, pois teme o
    pior, já que não tinha o visto o
    dia todo.
    “Azazel acha que temos passado tempo demais juntos.” Ela lhe disse. “Ele acha
    que tenho...sentimentos...Por você”
    Ele respondeu.
    “E você tem?” Ela perguntou. “Isso não importa.” Rebateu em defesa.
    “É seria errado.” Ela retrucou triste, e ele não resistiu e a beijou.
    O primeiro beijo de um amor esperado,
    é inesquecível, e aquele tinha sido o
    melhor beijo de todos.
    Mas ele não quis ir adiante, e preferiu não se comprometer.
    No lugar disso, partiu do jardim sombrio, e evitou vê-la.
    “É errado. Deus não vai me perdoar.”
    Era o quê pensava sempre que se
    pegava a pensar nela.
    Até que um dia não resistiu...
    Na tarde em que voltou ela ficou tão
    feliz, que o desejou por inteiro.
    Entre as folhas secas e a água, ele a
    fez mulher, e com ela conheceu o
    pior e mais delicioso pecado.
    “Eu te amo.” Foi a primeira vez que ele contou a ela, e ela não teve resposta,
    pois tinha realizado o seu sonho.
    Infelizmente nem tudo foram flores,
    e logo deste criminoso amor vieram 
    os derradeiros terremotos.
    O casamento e a queda
    Azazel foi quem os encontrou na floresta.
    Este ficou furioso, pois todas as suas
    esperanças, tinham virado cinzas.
    Miguel não só tinha retornado do nada,
    como agora parecia disposto a ficar
    com a sua amada.
    Sendo assim tudo o quê imaginava para eles, não passava de uma cruel ilusão
    de um apaixonado.
    “Mas no fim de tudo isso filho. Ela será sua. Apenas sua, e ninguém mais irá
    separá-los.” Era o quê se lembrava, ao vê-la adormecida e nua nos braços 
    do maldito soldado.
    O pobre ser de coração partido, não perdeu tempo, e contou tudo a Lúcifer 
    e Cerridwen.
    Ambos ficaram pasmos com a descoberta, e o pai da anjinha foi
    para cima do arcanjo.
    “Era para protegê-la! E não se 
    aproveitar de sua inocência!” Disse
    ao acertar-lhe socos contínuos na
    face.
    “Eu a amo Lúcifer! Não é o quê
    parece!” Berrou ao receber os golpes sem revidar, pois se sentia culpado.
    “Isso não pode ser verdade. Você nunca amou ninguém, a não ser a si mesmo.”
    Disse-lhe entredentes, pois não se esqueceu, que ele contou para o pai, sobre o nascimento da sua filha, e para proteger a si mesmo, fingiu não ter envolvimento algum com o
    caso.
    “Case-se com ela, assuma um compromisso, indo contra o seu pai então.” Disse Cerridwen utilizando 
    uma estratégia que sabia que iria funcionar.
    “Se é o quê é preciso. Tudo bem.” O
    arcanjo respondeu limpando o sangue
    do canto do lábio.
    Mesmo sob as piores condições, Luciféria ficou feliz com a
    união.
    Logo a notícia de um noivado tinha saído do jardim sombrio, e chegado aos
    ouvidos do impiedoso Yaweh.
    “Você foi enviado para conter Lúcifer e
    a filha!” Yaweh urrou em cima do seu
    jovem filho.
    “Eu a amo pai.” Disse com uma voz
    baixa, temendo a represália.
    “Amor? Foi o amor que a trouxe a vida,
    e me fez perder meu trunfo!” Gritou
    ainda mais alto.
    “Esta menina, é uma qualquer como a
    mãe dela. Nunca será ideal para você!
    Só irá machucá-lo!” Falou despertando
     a dúvida no arcanjo.
    “Não importa. É com ela que quero, e
    vou ficar.” Respondeu recuperado
    das incertezas.
    O céu não era o único infeliz com a notícia. No Inferno os pais de Luciféria
    temiam por sua infelicidade.
    “Lúcifer. Eu não pensei que ele aceitaria 
    , me perdoe.” Dizia Cerridwen entre
    lágrimas.
    “Não se preocupe Cerridwen. Eu sei que
    esse casamento não chegará nem no
    Eu aceito.” Respondeu-lhe o amado
    abraçando-a.
    “Papai e mamãe estão chorando por sua causa.” Disse Azazel para a mocinha.
    “Eles não entendem o quê é esse amor...Miguel não vai me machucar, 
    ele me ama.” Disse Luciféria, ainda saltitante pelo futuro.
    “Deixa de ser tonta. Se ele te amasse
    , não esperaria um ultimato para 
    se casar.” Retrucou Azazel.
    “E importa ter esperado tal condição?
    Eu a amo Azazel, e você não é capaz de entender tal sentimento.” Respondeu 
    o arcanjo, abraçando a noiva.
     Azazel não era o único fulo da vida,
    com o relacionamento de Luciféria e Miguel.
    A prima dela Eke, também não tinha 
    muito o quê comemorar.
    Era apaixonada por Miguel desde 
    muito jovem, e saber que ele seria para sempre de Lucy, lhe deixava furiosa.
    Todos estavam contra eles. 
    Mas ainda sim o casal permanecia 
    feliz, e seguiam adiante com o seu
    compromisso.
    A perdição de um caído por nascença.
    Mesmo contra a união, Lúcifer e Cerridwen foram ao templo.
    Lá encontraram Azazel, que após descobrir que era filho de Yaweh
    , tinha partido de casa.
    Foi um belo reencontro, ele parecia ter aceito que Luciféria seria do seu rival,
    e pediu para vê-la.
    “Ela é minha irmã, e já foi minha
    melhor amiga. Preciso mostrar que
    a apoio.” Pediu para Cerridwen,
    e esta lhe concedeu a entrada.
    Luciféria estava mais linda e radiante
    do quê nunca. Azazel ficou encantado
    com aquela visão, mas tentou apagar
    as segundas intenções.
    “O quê faz aqui? Veio dizer mais uma vez, que meu noivo não me ama?!” 
    Perguntou com raiva, colocando o
    véu vermelho.
    “Não. Vim te mostrar que não é com
    Ele, que deve ficar.” Respondeu o
    anjo, e ela gargalhou.
    “Como?” Perguntou com sarcasmo.
    “Vai se arrepender disso. Olhe nos
    meus olhos.” Disse encostando-a
    na parede.
    Ela o olhou, sem realmente vê-lo.
    “Olhe de verdade. Fixe em mim.”
    Disse-lhe com certa força, e 
    ela o fez.
    Ele se aproximou, e a imprensou ali.
    “Se você acha que é contigo que vou ficar, está muito enganado.” Ela se
    defendeu, e ele a beijou.
    No começo aquele toque de lábios
    , a deixou sem reação.
    “O quê está fazendo? Eu sou sua irmã.” Respondeu de olhos fechados, como
    se esperasse por mais.
    “E vai se casar com o nosso tio.” Ele
    rebateu sorridente, e a beijou uma
    segunda vez.
    Deste segundo beijo, veio a retribuição,
    e de tal gesto as coisas foram esquentando.
    O tempo foi passando, e nada da noiva chegar.
    Miguel ficou estarrecido, e Eke se dispôs a consolá-lo.
    A noite...Luciféria o procurou, queria muito lhe explicar porquê não podiam
    ficar juntos.
    “Cometi o adultério.” Disse-lhe sem
    pestanejar. “Azazel apareceu, eu não
    consegui resistir.” Continuou a tagarelar.
    “Miguel...” Ela tentou tocar em seu ombro, mas este se foi sem dizer uma palavra sequer, deixando-a sozinha
    na floresta.
    No dia seguinte...Procurou por Azazel,
    este podia entendê-la neste momento
    tão sombrio, e foi quando descobriu.
    Assim como Yekun, Azazel tinha sido contratado para levá-la a perdição,
    e destruir o coração do arcanjo.
    Amor? Não. Era apenas uma vingança pela constante rejeição, e isso a deixou desolada.
    Outra vez foi atrás de Miguel. Este agora não saia do laboratório.
    “Miguel...” Ao ouvir aquela voz, a imagem dela e Azazel se formou
    na sua mente.
    “Saia daqui.” Disse seco, e voltou
    ao trabalho.
    Ela insistiu, e ele então fechou a 
    porta.
    Por quê Luciféria não foi embora?!
    Por quê continuou ali?!
    No escuro ele a tomou para si,
    Não como sua amada, mas
    sim um objeto.
    Arrancou-lhe o vestido branco,
    e a penetrou como um animal.
    Sua mão cobria a dela.
    Ela chorava sem parar, estava
    sangrando, mas ele continuava
    , saindo e invadindo seu
    corpo.
    Dele nenhuma lágrima caia, as 
    chamas laranjas brilhavam em
    seus olhos.
    Ele não parecia mais um arcanjo,
    mas sim um monstro.
    Uma das bestas que vivera no universo
    , muito antes da existência dos 7 deuses.
    Ela não suportou e desmaiou, mas nem
    por isso ele parou.
    Até que percebeu que ela estava imóvel,
    e caiu no choro, desejando nunca tê-la conhecido.
    Seus olhos violetas se abriram, e ela se arrastou para a saída.
    Com todas as forças que lhe restava,
    correu pela lama, pois não conseguia voar.
    Caiu assim que alcançou um metro de distancia.
    E ele correu para ajudá-la.
    Ela estava tão destruída, 
    Que não tinha vida em seus olhos.
    “Me leva pra casa.” Disse com os
    lábios sujos de sangue escuro.
    Ele acatou seu desejo.
    A destruição de um anjo
    Ao entrar na sala azul, sua mãe estava
    sentada no sofá, inconsolável. 
    “Mamãe se acalme estou bem” Disse
    sentando ao seu lado.
    “Eu preferia que estivesse morta!” A
    linda deusa ruiva berrou.
    “O quê?!” A pobre dama ficou sem
    entender.
    “Eu vi! Eu vi você com meu Leviatã!”
    Cerridwen disse claramente perturbada.
    “Eu não...” Luciféria tentou se defender.
    “Estavam na cama. Aos beijos, sem
    qualquer pudor!” A acusou mais uma
    vez.
    “Eu não estava aqui.” Luciféria continuou a lutar para se provar
    inocente.
    “Não se faça de sonsa. Todo mundo sabe a piranha que é. Traiu seu noivo,
    e dormiu com o próprio irmão!”
    Continuou a atacá-la.
    “Pelo menos nenhum deles era meu filho!” Gritou a dama com desgosto.
    “Eu não sabia que Lúcifer era meu filho quando me apaixonei. Mas você jovem meretriz, tinha noção disso.” Rebateu.
    “Disso e de que Samael é seu pai.” Continuou a tentar lhe ferir.
    “É uma qualquer como Hécate! Dorme
    com todo mundo! E se faz de inocente!”
    Permaneceu a insultá-la.
    “É um erro. Um erro grotesco. Tire-a daqui imediatamente!” Ordenou a
    Miguel, que se sentindo culpado
    tentou intervir.
    “Cerridwen devia ouvi-la. Ela não é culpada. Estava comigo!” Disse escondendo parte dos 
    fatos.
    “Como se eu pudesse acreditar, no 
    anjo que foi traído, e continua com a vagabunda!” Respondeu com total
    frieza.
    “Vem Luciféria. Ela não vai te ouvir.
    Esta entorpecida pelo ódio.” 
    A esta altura a jovem não tinha mais voz, e ao ir embora com o seu agressor
    torceu para aquela ser a única vez.
    “O paraíso” é mesmo o Paraíso?
    “É minha culpa. Fui eu quem armou para você.” Disse Miguel entre lágrimas 
    na carruagem, e a jovem o encarou
    incrédula.
    “O quê mais você fez?” Perguntou com
    total falta de emoção.
    “Eu tinha que te segurar lá. Para Eke ir
    e seduzir o seu pai na sua forma.” Soltou a língua.
    “Então o abuso não fazia parte do plano.” Pressupõe ainda 
    mórbida.
    “Meu pai jamais trairia minha mãe comigo. Nos respeitamos demais para
    Isso.” Resmunga olhando para o céu
    azul marinho.
    “Por isso criamos uma confusão em Aldarin, e o substituímos por um sósia.”
    Continua a confessar, entre lágrimas.
    Se sente pior agora.
    “Se sente culpado por acabar com a minha vida? É tarde.” Diz em tom
    de ironia.
    “Não foi apenas uma traição Miguel.
    Eu realmente sinto algo por Azazel.”
    Diz sem pensar duas vezes.
    “Você deixou de me amar?” Pergunta
    assustado com aquela resposta.
    “Depois do quê fez comigo, não consigo
    te perdoar. Então acho que nunca te
    amei.”
    As últimas três palavras ecoam na cabeça do arcanjo.
    E logo toda a compaixão que tinha tido até ali, se transforma em ódio.
    “Não me ama? Tudo bem. Se achou ruim o quê eu fiz...Imagina o quê
    vai achar quando eles fizerem.”
    Disse jogando-a numa cela suja, cheia de jovens bestas, sedentas por 
    sexo.
    “Nunca te amei.” É a única frase que fica na sua cabeça, ao deixá-la para
    trás.
    Com o olhar sem qualquer sinal de vida, ela encarou o seu destino.
    Nada poderia ser pior que destruir o coração da sua mãe.
    A cada passo deles em sua direção, 
    o calafrio subia a espinha, mas
    estava pronta.
    “Eu vou ser o primeiro, afinal ela está aqui por minha causa!” Disse Azazel, 
    se aproximando da moça.
    “Por favor confie em mim. Tudo o quê farei é para te proteger.” Sussurrou em seu ouvido, e então tirou as suas roupas.
    Ele a olhou preocupado, pedindo permissão para ir adiante, mas para 
    ela nada tinha significado.
    Ele a possuiu na frente de todos, 
     e declarou que seria o seu torturador,
    desta forma nenhum outro anjo veio
    a se aproximar dela.
    “Deve está feliz.” Foram as primeiras palavras após dias de silêncio.
    “Não estou. O quê houve para vim acabar aqui?”  Perguntou assim
    ficaram a sós.
    “Fui expulsa de casa. Porquê minha mãe acha que dormi com meu pai.” Resume com sorriso de tristeza.
    “O quê?!” Azazel fica surpreso. “E no momento em que estava supostamente sendo uma puta, eu estava na verdade sofrendo abusos de Miguel.” Continua
    como se aquilo fosse normal.
    “Miguel fez o quê?!” O anjo ferreiro fica irado com aquela alegação. 
    “Me estuprou.” Responde com um sorriso ainda sem graça.
    “Eu vou matá-lo.” Conclui, e ela gargalha. 
    “Ele é Miguel. Se matá-lo, teu pai 
    acaba contigo. Não seja tolo, eu não valho nada mesmo.” Diz sem se importar com a justiça, ou a falta 
    dela.
    “Ele tem que pagar Lucy!” Diz incrédulo.
    “Ele não tem que pagar nada. Você que causou tudo isso, com a sua vingança infantil!” Rebate, tirando-lhe o manto de herói.
    “Você ainda o defende?” Diz Azazel
    totalmente exasperado. “Devia mesmo ter casado com ele. Pois nasceu para ser submissa.” É o último insulto antes de partir.
    A última batalha antes do Fim. Parte I
    Luciféria e Azazel viviam juntos, 
    desde crianças.
    Eram os melhores amigos, e os
    que guiavam os irmãozinhos
    na traquinagem.
    Foi na adolescência, quando Lucy
    descobriu o amor por Miguel, que
    eles se separaram.
    Pois Azazel detestava o arcanjo,
    por saber que era seu rival.
    Então quando ele cuidou dela na cela,
    esta reviveu os momentos de infância, quando ele cuidava de seus machucados.
    E se perguntou “Quando foi que a nossa amizade se destruiu?” 
    Eles tinham nascido um para o outro,
    tal como Harmonia para o Caos, e por
    isso nem a traição os separou.
    Logo tinham se tornado amigos outra vez, e desta amizade veio o sentimento,
    que sempre esteve ali, mas foi ocultado
    por uma paixão juvenil.
    Ele sempre a amou e tinha consciência
    disso, ela sempre o amou, mas não se
    deixava ver, para não perdê-lo.
    E Miguel soube.
    Furioso por saber que Azazel tomava conta da cela dela, decidiu libertá-la
    e levá-la consigo, para garantir 
    sua infelicidade.
    Mas ela preferiu ficar acorrentada e numa cela, sendo feliz. 
    Do quê partir com o arcanjo, e ser
    destratada para o resto da 
    vida.
    “Você ficou louca? Se ele te amasse.
    Teria te libertado, e levado para longe daqui!” Disse-lhe na porta da cela.
    “Me levaria para onde? Se graças a você e seu pai não tenho um lar!”
    Ela berrou.
    “Ele destruiu sua vida. Se não tivesse dormido com você, hoje tudo seria
    diferente.” Diz com certo pesar.
    “Você também me destruiu, e nem por isso deixei de sentir algo por ti.” São as palavras, que jamais deveriam ser 
    ditas, mas foram.
    O eco da porcelana quebrada, se fez no lugar, e ela viu Azazel partindo para longe.
    Seus passos tentaram alcançá-lo, e o
    arcanjo a seguiu.
    Ao vê-la junto do seu maior inimigo,
    pegou uma prisioneira em seus braços,
    e a beijou do mesmo jeito que beijava
    a anjo, que transtornada com aquilo
    , aceitou a carcerária liberdade.
    Luciféria optou por trair o seu povo, 
    pois queria morrer, e esta era a única forma.
    Azazel era sua última gota de felicidade,
    e tinha sido arrancada dela.
    Miguel detestou mais ainda o ferreiro, e odiou não ser a razão da morte de
    sua única amada.
    Ela fez um acordo com Deus para ser destruída, e mostrando a famosa 
    misericórdia, ele limpou seu
    nome.
    Disse-lhe que Luciféria não existiria mais, e agora seria Nahemah.
    Ela aceitou.
    Todos no céu, achavam que Miguel a tinha perdoado, e a detestavam por
    isso.
    Mas ele na frente dos outros, lhe defendia.
    Quando estavam a sós, ele a humilhava de todas as formas.
    Foi então que aconteceu...Lúcifer soube
    que a filha estava querendo cometer
    suicídio, e preparou as tropas para
    ir resgatá-la.
    Ele e o filho adotivo Azazel discutiram.
    “Acha mesmo que Deus lhe dará algo? Eu era o maior dos anjos, e nem a
    mim, ele poupou! Cresce garoto!” 
    Disse-lhe o caído.
    A dama estava pronta para morrer,
    mas quando o pelotão de Miguel veio até ela, para exterminá-la, esta se
    defendeu, e os matou.
    Miguel ficou furioso com a afronta.
    Achou que a morte dela, era um plano para atrair seus protegidos, e matar
    cada anjo no céu.
    Por isso ele a atacou, e os dois lutaram
    com espadas de luz.
    Ele era um esgrimista nato, e ela uma desastrada, por isso perdeu.
    No entanto quando veio o golpe de misericórdia, uma espada a 
    protegeu.
    Era Azazel, com uma armadura de metal, pronto para acertar as
    contas.
    Miguel sorriu. Estava louco por uma oportunidade de destruir o irmão.
    E o tilintar das espadas se encontrando,
    ecoou por entre as nuvens. Porém não
    foi o suficiente para abafar os gritos
    de dor de Nahemah.
    Ao ouvi-la Azazel e Miguel imediatamente pararam.
    O arcanjo queria vê-la sofrer, e o
    anjo a pegou nos braços.
    Ele a salvou. 
    Ao chegar no Inferno, ele a levou a sagrada fonte de cura, que ficava
    perto do penhasco das almas.
    Ela agradeceu, mas eles discutiram,
    e este foi embora com o rosto vermelho por causa de um tapa.
    Um fiel servo de Cerridwen a viu, e sem saber da verdade, fez o quê achou melhor para a sua senhora.
    A jogou no mundo dos humanos, e esta caiu.
    Aquele mundo, não lhe era tão estranho, já havia o visto antes, em suas viagens dimensionais.
    “Este aqui. Pode ser meu novo lar...
    Mas a verdade é que não quero
    existir.” Disse ao se jogar dentro do
    mar, afundando o punhal de Miguel
    contra o coração, e enfim
    morrendo.
    A tristeza de Cerridwen era grande,
    por saber que a filha tinha feito o quê
    fez, mas foi ainda maior quando 
    o seu irmão lhe contou a 
    verdade.
    Eke tinha ido longe demais, por seu amor doentio.
    Yaweh tinha ultrapassado os limites, 
    por falta de maturidade.
    Miguel já nem devia ser chamado de celestial, diante das atrocidades que cometera.
    Mas Cerridwen só conseguia culpar a si mesma, pela desgraça da filha.
    Onde estaria o pequeno fruto de amor, agora que tinha se tornado parte do
    multiverso?
    O espírito dela estava com Harmonia,
    adormecido, pois a titã não queria 
    acordá-la.
    “Ela não lhe pertence!” Cerridwen dizia
    para a mãe, com raiva e imponência.
    “Do momento em que retornou para mim, sim, ela é minha.” Respondeu-lhe
    a velha e sabia Harmonia.
    “Ela é minha filha! Você não tem direito algum sobre ela!” Continuou a brigar.
    “Ela é essência da minha essência, como você.” Disse ainda segurando o espírito da pequena.
    “Volte, e sirva a Yaweh de acordo para
    o quê foi feita. Sacrifique-se, e sua filha será libertada.” Cerridwen engoliu seco aquelas palavras, mas aceitou a
    condição.
    Como castigo, Yaweh que a criou 
    com a energia dos deuses, lhe tirou todos os poderes.
    “Você não tem serventia para mim.
    Mas terá para a minha criação.” Disse
    ao destruir seu corpo de deusa, e roubar-lhe a chama encantada.
    Assim fez Adão, e para ele deu sua esposa.
    Agora sem poder algum, totalmente regenerada, sem memória, e a
    batizou de Heva-Lilith.
    No início Heva e Adão eram felizes,
    de acordo com a vontade do criador.
    Mas dentro daquela deusa agora
    humana, ainda havia rastros
    de sua vida anterior.
    Por isso na hora das relações sexuais,
    Lilith não se sentia confortável, em
    ficar abaixo de Adão.
    Afinal de contas, de alguma forma
    isso lhe trazia a sensação, de que era
    errado, e que chegava a ser abusivo.
    Mal sabia a bela ruiva, que isto já havia acontecido antes, e pior sem o seu
    consentimento.
    Chorosa ela se sentia confusa, e por isso procurou um canto apenas seu.
    Foi lá que ela o conheceu, ou melhor o
    reencontrou. O seu amante, 
    amado.
    Logo de cara, ficou claro que eles se conheciam de algum lugar.
    O fogo e o desejo os consumiam, e por
    isso se entregaram um ao outro.
    Lilith não sabia quem era, mas Lúcifer
    sabia, e queria resgatá-la, para irem
    salvar também a pequena.
    Ele tentou não parecer um lunático,
    por isso pouco a pouco foi fazendo-a se recordar.
    Mas apenas no momento em que disse o seu nome, é que a bela se recordou
    de todo passado.
    Na sua forma humana, ela era ainda mais rebelde.
    Por isso espantou os 3 anjos com facilidade, e seguiu com seu amado Samael, em busca do espírito de
    Luciféria.
    Com o tempo, embora Harmonia discordasse, Cerridwen tinha feito a sua
    parte, e por isso esta permitiu que a
    bela Luciféria renascesse.
    Infelizmente outra Deusa veio, e desposou Adão.
    Os humanos a conhecem como Eva, ou Heca, ou Aisha.
    Nós a conhecemos como Eke.
    Eke não perdeu a memória quando entrou no plano humano.
    Ela se sujeitou a Adão apenas porquê queria causar ciúmes em Miguel, que
    continuava devastado com a perda
    de Nahemah.
    Notando que este nem sequer a olhava, esta fez uma manobra ousada, e pegou
    o sêmen de Lúcifer, e o colocou no
    próprio útero.
    Se Lilith desconfiasse de outra traição,
    ela ficaria infeliz, e se destruiria.
    Eke só desejava ver o circo pegando fogo, e que a família perfeita de
    Nahemah se desfizesse.
    Tudo o quê era bom e importante para Nahemah, tinha que ser destruído.
    Assim como seu coração foi, por Miguel por causa dela.
    Para a infelicidade de Eke, Lilith a reconheceu, e soube na hora que o filho que carregava na barriga, era um artificio.
    Eke furiosa, teve o pequeno Caim, e o
    jogou para morrer no rio.
    Ele não tinha nenhuma utilidade para o seu plano perverso, por isso podia ser
    descartado.
    Lilith salvou o bebê, e o criou como seu, junto do pequeno Asmodeus.
    Como tinha acabado de tê-lo, havia leite para os dois.
    Lúcifer e ela aguardavam pela volta da filha, acreditavam até que viria outra vez do útero de Lilith.
    Mas a pequena Nahemah, nasceu da descendência Luciferiana de Caim.
    Em homenagem ao seu nome celestial,
    eles a batizaram de Namah. 
    Ao ouvir que sua amada tinha renascido, Miguel e Azazel vieram 
    para a Terra.
    Ambos estavam preparados para lutar pelo coração da jovem outra vez.
    A novidade logo chegou aos céus escuros, e todos os seres da Sirius B, desceram também.
    Dando início ao evento conhecido como a queda dos anjos. 
    Os anjos ficaram encantados com 
    as humanas, e por estas se apaixonaram.
    Diz a lenda que Azazel desceu para ter relações com várias mulheres.
    Mas é uma mentira, ele só queria uma,
    a sua doce e indomável Luciféria.
    Miguel não é citado como um caído, pois este veio para supervisionar a
    baderna.
    Assim dizem. 
    Ele só queria vê-la outra vez.
    Desta vez Azazel foi o primeiro amor de Namah.
    “Você é um anjo?” Perguntou no primeiro encontro.
    “Sim, mas cometi um grande pecado.”
    Respondeu-lhe misterioso e com
    charme.
    “Qual” Perguntou-lhe curiosa.
    “Ter te amado acima de Deus.” 
    Respondeu, deixando-a 
    corada.
    O amor é o motivo de toda perdição.
    Foi por amor que caiu uma nação.
    O amor é perigoso, é saboroso
    Não é algo que te dá paz, mas te
    faz se sentir vivo e seguro.
    Todos os anjos da Sirius B, seguiam
    este lema, por isso não se preocuparam,
    e se envolveram com as filhas dos
    homens.
    Destes amores hediondos, nasceram
    os nephilins. 
    Miguel, Gabriel, e Rafael ficaram assustados com a quantidade de novos humanos, e denunciaram para Yaweh.
    Este com ódio da felicidade dos 
    anjos, então decidiu lavar a 
    terra.
    Para proteger Namah, Miguel a colocou na arca, e roubou a mente de Noé.
    “Você não tem culpa dos pecados de Azazel minha querida.” Disse-lhe ao
    empurrá-la para o barco.
    Namah não entendeu nada. Não tinha lembranças de Miguel, mas sentiu um belo calafrio percorrendo a 
    espinha.
    A última batalha antes do fim. Parte II
    A Terra agora era um campo de batalha, após a última investida de Yaweh. Todos os anjos estavam furiosos pela perda de seus filhos e amadas, e
    por isso declararam guerra ao
    céu.
    Azazel não sabia do paradeiro de Namah, por isso acreditou que esta teria falecido com sua filha dentro
    da barriga, e entrou na guerra.
    Yaweh foi atacado com lanças e luz,
    seus anjos lutaram contra os anjos
    de Lúcifer.
    Sangue inocente tinha sido derramado,
    os filhos não tinham culpa do pecado
    dos pais!
    Caos estava agindo como nunca, pois achava que o filho estava fora de
    controle.
    Sem mais o quê fazer ele o trouxe.
    O irmão gêmeo de Samael. 
    Bael o senhor dos raios.
    O implacável, o destruidor, o mentiroso, o ilusório.
    Era a sua última saída para acabar com a guerra, que estava favorecendo o
    seu inimigo.
    Por isso lhe deu a chama de Zebub.
    Um poder que nem ele podia conter, pois esta pequena chama, era uma importante parte de Caos.
    Era a sua última alternativa, e Bael abraçou aquele poder com todo
    o seu coração.
    Bael desceu então a Terra, e enviou as 7 pragas do Egito, para desmoralizar os
    templos dos anjos.
    Tamanho poder era maior até mesmo que o de Lilith e Lúcifer juntos!
    Por isso as tropas dos caídos foram recuando.
    Yaweh comemorou com gosto, estava feliz com a gloriosa vitória.
    Porém quando resolveu tirar a chama de Zebub, Bael se revoltou, e o subjugou.
    Bael não precisava mais de Yaweh, era mais forte que ele, por isso decidiu que seria o novo Deus.
    Mas como quase ninguém sabia da sua existência, ele precisou de um bom peão.
    “Ficarei por trás de você. Te comandarei. Mas o novo Deus sou
    Eu.” Disse para um famoso arcanjo.
    “Eu jamais...” Miguel se recusou de imediato, nunca quis o trono do
    pai.
    “Vi como olha para a humana. Sei do seu passado vergonhoso com ela. Se não o fizer, eu vou destruí-la para
    sempre!” Disse Bael para lhe
    convencer.
    “Eu tenho o poder primordial Mikael.
    Um estalar de dedos, e sua humana, deixa de existir.” Ameaçou-lhe, e o
    Arcanjo aceitou, fingir que seria
    o novo Deus.
    “Meu filho...Seus irmãos te odiarão.”
    Chorou o Deus criador, ao ver o jovem sentando-se ali no trono, e fingindo ter tomado o poder para proteger a sua eterna amada.
    Luciféria agora se chamava Isis, em homenagem a deusa.
    E pouco ou nada se lembrava, caminhava ao lado de Toth, sem saber que eram amantes divinos em outra vida.
    Ele fazia por ela, o mesmo que Lúcifer fez por Lilith. Tentava lhe devolver sua memória, e reascender sua chama 
    genômica.
    Ela pouco entendia, mas era fascinada pelos ensinamentos de Toth-Azazel.
    Até que certo dia despertou, e lembrou-se de tudo, incluindo dos filhos que tivera com Noé, que na verdade eram de Azazel.
    “Eles nasceram, cresceram, e se reproduziram meu amado, antes de voltar para os braços de Harmonia.”
    Disse-lhe com um sorriso, e isto
    trouxe paz ao demônio.
    “O importante é que vocês 3 estavam bem.” Disse-lhe caminhando ao lado
    dela.
    “Infelizmente esta é a nossa última notícia boa. Deus agora é implacável com seu guerreiro Bael, não temos
    chance de vencer.” Disse com
    pesar.
    “Sempre há chance para a justiça, por mais escuro ou claro que pareça.” Lhe respondeu olhando para o céu.
    “Nahemah.” Disse-lhe o sopro no ouvido, e então Miguel apareceu para ela, acima das montanhas, usando a coroa de um Deus.
    “É Isis na verdade.” Respondeu com
    indiferença. “Pra mim sempre será Nahemah ou Luciféria.” Disse sorrindo sem  jeito.
    “O quê queres anjo ?” Disse com certo desprezo.  “Meu pai é culpado por muitas tragédias, mas não é ele quem está causando estas.” Disse sem
    pensar duas vezes.
    “São semelhantes.” Retrucou com total indiferença.
    “Não são. Ele ama os humanos, não mataria crianças pequenas, apenas porquê um servo pediu.” Respondeu-lhe tentando defender o todo poderoso.
    “Ele matou milhares de nephilins.” Rebate sem acreditar na salvação.
    “Não eram puros.”  Miguel continua
    apreensivo. “Eram bebês!” Ela grita.
    “O sangue estava manchado. Não
    eram humanos, nem demônios eram
    aberrações!” Outra  justificativa 
    barata. “Já chega! Não importa quem está no poder agora! É tão injusto quanto seu pai!” Urra horrorizada com a forma como ele trata os demônios
    mirins. “Nahemah...” Ele tenta falar.
    “É Isis. Como a Deusa.” O corrige friamente.
    “Isis. Não se trata do meu pai mais.
    Bael quer mais poder, ele quer está acima do bem e do mal.” Conta-lhe
    com certo medo.
    “Precisamos unir forças.” Implora segurando-lhe as mãos delicadas. “Nunca me uniria você.” Responde
    deixando-o para trás. 
    “Mas a informação foi útil. Obrigado
    querido tio.”  Diz ao se retirar, e o deixa exasperado. Detestava ser chamado de tio por ela, porquê isso lhe trazia culpa,
    e demonstrava que ela não o queria
    mais.
    “Grande deusa Nuit.” A chamou. “Sabes que é minha filha. Não deve se ajoelhar para mim” Disse-lhe a deusa.
    “Prefiro desta forma ó grande Nuit, deusa soturna.” Responde com sarcasmo.
    “O quê deseja?” Lilith revira os olhos.
    “Um anjo veio até mim, e me contou que o tal Bael agora reina no céu.” Disse evitando o contato.
    “E o quê isso tem a ver conosco?!”
    Lilith exclamou sem entender.
    “Bael está sedento por poder, e segundo o anjo, ele quer o Inferno
    também.” Respondeu-lhe com 
    um pouco de indiferença.
    “Isso não é possível. Bael e seu pai tem caminhado juntos, são grandes amigos, e odeiam Yaweh, até fundaram a ordem de BAAL com seus filhos.” Lilith parece desacreditar da informação.
    “Qual foi o anjo?” Lilith pergunta desconfiada.
    “Miguel. Meu anjo da guarda.” Isis gargalha, e Lilith permanece 
    séria.
    “Miguel não mentiria para você. O passado tem um peso grande entre vocês. Vou averiguar isso” A deusa
    desapareceu do templo, e a jovem
    fez um sinal de reverência.
    “Então Miguel continua a te procurar...” Toth brinca realizando um feitiço. 
    “É...Mas é estranho. Não é como você,
    é como se nunca o tivesse o conhecido, e o odiasse mais que tudo.” Responde
    sentando-se a mesa.
    “Ainda tem sentimentos por ele. Sempre vai ter. Resta saber se o quê sente por mim é maior” Diz com total serenidade. Azazel era maduro, apesar de ser seus surtos de juventude, ainda era mais
    confiável que Miguel.
    “É claro que é. Já disse nem conheço aquele anjo.” Isis responde de imediato, e Toth ri. “Será mesmo?” É o quê pensa
    ao analisar o seu invento, uma esfera
    negra móvel, com anéis envolta.
    Lilith entra na sala em forma de coruja, e caminha até os dois jovens. 
    “Atrapalho?” Disse com um sorriso, e eles disseram que não.
    “Miguel estava certo. Notei nas conversas de Bael, insinuações de que anseia roubar o Inferno.” Lilith dá as notícias.
    “E o quê podemos fazer para impedir?”
    Azazel prontamente se mostrou para a batalha. 
    “Devemos reunir o conselho secreto.”
    Lilith fala porém nenhum dos 2 anjos entende o código.
    “O conselho secreto, é uma reunião entre deuses celestiais e infernais, com os titãs primordiais, para impedir uma catástrofe universal.” Explica-lhes e
    ambos esperam por mais informações.
    “Lúcifer e eu, não podemos presidir o conselho, pois somos oficialmente os aliados de  Bael. Mas você e Azazel
    podem, pois ambos renunciaram
    a coroa.” Lilith lhes dá uma luz, e os dois rapidamente recusam a proposta, porém a 00:00 do mundo humano, eles atravessam o portal, e vão para o Conselho Secreto.
    “Todos que estão aqui, se encontram sob o regimento do Conselho. Portanto as brigas de Luz e Trevas devem ser esquecidas, por um único objetivo,
    a nossa preservação.” Diz Harmonia sentando-se entre as árvores que parecem um trono.
    Para surpresa do jovem casal infernal,
    Miguel é quem fica no lugar do pai, e este evita encará-los, pois não deseja brigar, nem trocar farpas.
    “Existe um terrível rumor de que Deus foi destronado.” Inicia Harmonia.
    “Não é rumor, vovó Harmonia. Estou aqui para provar que é verdade.” Miguel então retira uma esfera do bolso, e dela saem imagens holográficas , na qual Bael lhe diz algo, e este se vê
    obrigado a fazer o quê ele quer.
    “Meu filho. Suas provas o incriminam.”
    Harmonia diz assistindo as imagens. “Não! Ele me obrigou!”  Miguel se defende, e Isis ri.
    “O quê ele lhe disse? Que Apep ia te pegar?!” Isis diz em tom infantilizado.
    “Não. Que ele te mataria se eu não o  fizesse.” Miguel fica cabisbaixo, pois sabe que não receberá gratidão.
    “Você não é meu marido. Se eu tiver de morrer por esta causa, eu vou. Não preciso de sua proteção.” Retruca com total ingratidão, e Miguel sorri com
    raiva.
    “Já chega vocês dois. Briga de casal não tem espaço nesta reunião. O problema aqui é maior que um romance que não
    deu certo.” A velha Harmonia, caracterizada com anos humanos diz.
    “Prossiga Miguel.” A anciã passa a palavra para o arcanjo, que olha com mágoa para a amada.
    “Bael não quer ser o Deus do Céu. Ele quer a Terra. O Inferno. Tudo!” Chega ao ponto principal.
    “Isso é muito grave! Bael está com a chama de Caos! Ele tem poder para ter esse tudo!” Harmonia entre em 
    pânico.
    “Sim, por isso sugiro uma união de forças opostas.” Miguel põe as cartas na mesa, e Azazel e Isis trocam 
    olhares.
    “Se for pela preservação de nosso povo.
    Nós aceitamos. Nos unir. A eles.” Isis responde de má vontade.
    “Eu irei conversar com a alta hierarquia infernal, e descobrirei quem serão os
    nossos aliados.” Azazel com sua mente estrategista, logo percebe que haverão
    traidores, por isso se dispõe a tirar isso
    a limpo.
    “Vou usar meu poder de Deus para conseguir mais aliados.” Miguel diz para os outros.
    “Eu vou ficar calada e observar.” Isis brinca, e Miguel sorri mas é o único.
    “Vou convocar meus melhores dragões, e irei até o reino da minha mãe, para conseguir bestas celestiais.” Revira os olhos, e assume um posto.
    “Ótimo. Estamos todos entendidos.
    Mas para evitar problemas diplomáticos, preparem suas armas
    silenciosamente.” Harmonia termina a reunião e os tronos somem.
    Findado o encontro, Miguel e Isis discutem, e Azazel se retira alegando
    que eles tem muito o quê conversar.
    Ao amanhecer Isis convoca sua mãe para uma reunião, e pede-lhe para entrar nos mundos de Tiamat.
    Azazel inicia um evento entre os demônios da mais alta patente do
    Inferno, e os analisa friamente.
    Miguel tenta evitar Bael, e o engana com visões falsas do futuro, onde ele é o Deus vencedor, e todos caem em ruínas.
    Naquela noite houve uma reunião...
    Bael estava com um enorme sorriso, e
    Lilith o observava com cautela, enquanto Lúcifer aparentava está
    despreocupado.
    “É claro que o Inferno é imbatível. Fez um excelente trabalho aqui irmão.” Disse Bael extremamente maravilhado
    com as terras sombrias.
    “Há regras que servem para sobreviver,
    e não são abusivas como as de Yaweh. É
    um sistema realmente perfeito.” Disse
    elogiando a gestão do reino.
    “Nossos filhos, e irmãos de guerra fazem sua parte direito. Por isso Bael que estas terras são tão perfeitas.”
    Lilith disse com um sorriso, mas Bael a ignorou, pois para ele as mulheres não podiam ter voz.
    “Estou vendo.” Disse-lhe com indiferença, e notando o incômodo da
    esposa, Lúcifer a encarou, e os dois
    inventaram uma desculpa para
    ficarem a sós.
    “Não se sente nada confortável com Bael não é?” Perguntou-lhe ao abraça-la por trás, sentindo o calor do seu 
    corpo quente e nu, sob o veludo
    vermelho.
    “Fora o fato de ser tão idiota quanto o seu pai. As crianças me contaram que ele quer o inferno.” Responde-lhe com
    um sorriso de prazer, e depois a sua
    expressão muda.
    “E como Luciféria saberia, se só conseguiu recuperar as memórias?” 
    Lúcifer logo percebe a fonte da informação, e a acaricia.
    “Como sabe que...?” Lilith nem termina, e seu amado lhe dá um beijo no pescoço.
    “Ela é a sua favorita, e também é a minha. Sempre será a primeira que nós
    vamos ouvir.” Respondeu, e a demônia
    girou, e o jogou nas almofadas, o
    fazendo sorrir.
    “Eu amo todos os meus filhos Lúcifer.” Lhe disse arrancando-lhe suspiros intensos.
    “Mas a Luciféria é a sua especial.” Lhe respondeu tentando respirar, pois a
    Rainha do Inferno, sabia bem 
    o quê fazia.
    “Calado.” Ordena pressionando-se contra o corpo dele, e deixando-o
    mais alegre.
    “Quem disse esta sandice do meu
     irmão para a Luciféria ?” Pergunta-lhe agarrando-a, e jogando-a nas almofadas.
    “O anjo da guarda dela.” Lilith também brincou, e ele a puxou, sentando-a entre as suas pernas.
    “Miguel é um traidor. Por causa dele, ela quase morreu quando era um bebê, e se matou na adolescência.” Diz sério,
    abraçando-a, e beijando-lhe o pescoço.
    Não é a toa que eram conhecidos 
    como o casal da luxúria, até para conversar sobre os assuntos sérios, 
    eles ficavam na “cama”.
    “Eu sei. Mas é inegável que a ama.
    Ele mudou bastante depois que a viu morrer.” Lilith tenta convencer ao marido. 
    “Miguel não ama ninguém. Só ao meu pai. Deve ter sofrido abusos na infância para ser tão apegado ao tirano.” Lúcifer se mostra descontente, e ignora o
    aviso.
    Infelizmente para o imperador, o aviso do celestial era real, e num dia qualquer
    houve o desastre.
    49 dos 72 demônios mais poderosos, 
    se voltaram contra Lúcifer e seus aliados.
    “Regras. Quem precisa delas?” 
    Diziam em coro, ao amarrar e amordaçar os demônios
    machos.
    Como acreditavam que as fêmeas 
    não representavam perigo algum, 
    as deixaram livres.
    Lilith correu para fora do inferno, levando suas 2 outras irmãs, e
    alguns sobreviventes.
    “Me diz que fez algo Luciféria!”
    Lilith berra em desespero, e a moça abre um portal para Tiamat.
    “Eu chamei eles para nos ajudar.”
    Luciféria chama os seus amigos gigantescos, 
    e as bestas caminham lentamente 
    para fora.
    “Se nem eles tiverem forças para derrotar Bael estamos perdidos.” 
    Lilith diz, e saca a espada para lutar contra os 49 traidores da causa.
    Luciféria monta em seu dragão azul acinzentado Graham, e parte  para a batalha, pronta para resgatar os
    irmãos e os menores.
    Após algumas horas...A princesa demônio, volta na sua forma humana,
    está exausta depois de prestar os
    primeiros socorros.
    “Nahemah.” Diz o arcanjo Miguel com
    tristeza, e se aproxima dela.
    Más notícias estavam a caminho, e ela sabia, por isso desceu do seu animal, 
    e correu até ele.
    Este tentou segurar sua mão, lhe dá
    apoio. No entanto quando ela viu o seu
    amado jogado numa maca, correu 
    para os seus braços.
    “Azazel!” Berrou ao ver as profundas 
    marcas no corpo do seu anjo demoníaco.
    “O quê você fez?!” Ela salta no pescoço
    do anjo, tentando enforcá-lo como
    se fosse mortal.
    “Se acalma.” O arcanjo disse com frieza, tentando não sentir a palma quente 
    dela em seu corpo.
    “Você o deixou a beira da morte!” Urra com lágrimas descendo pela face.
    “Eu não fiz nada. Esse idiota quis enfrentar Bael, e se não chego a tempo não estaria aqui.” Responde com 
    total compostura.
    “Luciféria...” Sussurrou o demônio ferido, e a bela se soltou dos braços do ser angelical, para se ajoelhar ao 
    lado dele.
    “Achou que apenas esse babaca faria de tudo para te proteger?” Riu e tossiu logo em seguida.
    “Isso foi idiota Azazel. Eu não quero que ninguém me proteja!” Diz chorando e
    beijando a mão do primeiro 
    sátiro.
    “Mas eu sempre vou. Não importa 
    se está comigo ou com ele. Você sempre
    será minha protegida.” Diz com uma
    voz rouca.
    “Faça ela feliz...Tem 500 anos antes 
    de voltar.” São suas últimas palavras
    antes de partir. 
    Ao ouvir aquilo a moça fica em pânico, e o anjo sem palavras. 
    Lilith observa tudo, e acata a vontade do filho. Colocando as mãos nas
    costas do casal.
    “Nahemah você está bem?” O anjo diz mais preocupado com o estado dela,
    do quê com a oportunidade.
    “Não.” É a única coisa que sai da sua boca, antes de voltar para o campo
    de batalha.
    Agora era como não ter nada a perder,
    por isso montou em Graham, e foi
    para o centro da luta.
    “Bael!” Gritou com fúria, erguendo a sua espada, enquanto o dragão seguia até ele. 
    Ao ver que ela estava prestes a cometer suicídio, o arcanjo entrou em pânico,
    e voou tirando-a dali.
    “Você enlouqueceu?!” O arcanjo 
    berra, ao chegar no deserto.
    “Responde!” Diz chacoalhando-a
    , mas ela está sem reação.
    “Ele vai voltar daqui há 500 anos. Não é para sempre!” Grita-lhe, tentando lhe
    fazer agir, mas esta fica a 
    chorar.
    “Por favor. Eu não quero te perder de novo. Não me importo se não ficarmos
    juntos, só não quero, não ter a chance
    de pelo menos tentar.” Diz entre 
    lágrimas, segurando as 
    suas mãos.
    Ao ver o desespero do arcanjo, 
    Lúcifer percebe que há sentimento
    da parte dele pela pequena.
    “Lilith não cansa de está certa?” Ele 
    ri seguindo na forma de um gigantesco dragão ocidental, tentando se libertar
    da prisão em que Bael lhe colocou.
    A última batalha antes do fim. Parte III
    As tropas de Lilith e Nahemah 
    seguem adiante.
    Sangue cai na areia, e o som do encontro dos metais ecoa.
    A princesa demônio está montada
    no seu dragão, acompanhada por
    Cérberos, e sua hidra de 
    estimação.
    A imperatriz infernal, está na 
    forma de uma gigantesca besta draconiana.
    De tortuoso corpo ocidental, com espinhos saindo de sua
    face.
    Ela é bela, porém por ser uma 
    deusa, pode tomar qualquer forma
    , incluindo a dos maiores pesadelos
    do inimigo.
    “Vamos para o norte.” Diz Lilith  
    com toda a grandeza de Tiamat, indo em direção ao abismo, junto das demônias guerreiras.
    “Está bem.” Nahemah aceita a ordem,
    e da a direção para as feras.
    Elas encontram uma gigantesca esfera,
    que parece um globo de vidro.
    Lilith vê Lúcifer preso no fundo, e logo
    ataca a barreira, cuspindo bolas 
    de energia.
    Ela precisa tirá-lo dali.
    Ele é o seu amado, sua vida, sua paixão.
    Percebendo que sua consorte quer libertá-lo.
    Lúcifer também tenta destruir aquele
    bloqueio.
    No entanto sozinhos não são páreos para tal força.
    Notando que seus pais precisavam de
    ajuda. Nahemah ordena que os dragões
    , ataquem a barreira em sincronia com
    a sua mãe.
    Ao ver todas as feras, as guerreiras 
    Infernais, usam os seus dons. Unindo
    as forças, elas criam uma rachadura
    , e eles usam todo o vigor para 
    quebrá-la.
    Ao destruir aquele muro mágico, os demônios correm para as suas amadas, e ficam felizes, pela regra de Lilith existir.
    Já que sem ela, as moças nem 
    sequer saberiam como usar suas habilidades.
    “Vocês foram brilhantes.” Diz 
    Lúcifer enrolando seu pescoço ao da 
    sua amada, enquanto ficam acima 
    da bela Nahemah.
    Todos os demônios fiéis a Lúcifer 
    e Lilith, se curvam em respeito a eles.
    E os dois se abraçam, pousando em
    cima de Graham.
    Logo Mammon, Caim, Asmodeus, e Solomon, se juntam a família, e
    eles ficam em Graham.
    “Este foi o primeiro passo. Onde está o meu guerreiro equivalente? Onde está Azazel?”Diz Lúcifer notando que o 
    ferreiro não está ali.
    Nahemah não tem palavras, apenas sinaliza em silêncio, negando com lágrimas descendo pela face.
    Lúcifer se enfurece. Embora fosse o 
    Filho de Cerridwen e Yaweh, ele o tinha criado e educado. Foi o primeiro filho
    que conheceu, antes de Lucy.
    Lilith também não estava feliz com a perda, queria assassinar Bael a sangue quente. Mesmo sabendo que não tinha chance, contra aquele que tinha parte
    do poder do seu pai.
    “Vamos destruir Bael.” Lúcifer disse com voz feroz, e Lilith concordou.
    “Nahemah.” Ouviu-se a voz do arcanjo, e a jovem virou-se para trás. Apesar da narrativa, Miguel era o único que lhe chamava por este nome.
    “Eu devo ir. Ele tentou salvar Azazel.”
    Diz caminhando pela fera, e Lúcifer fica de queixo caído. Jamais pensou que o
    arcanjo, pudesse fazer algo que não 
    lhe fosse conveniente.
    “Talvez se o seu pai e o meu se unirem,
    eles podem ter uma chance.” Diz Miguel
    , e a jovem apenas balança a cabeça.
    “Eu irei ajudá-los. Mas não posso entrar diretamente. Bael me destruíria.” Diz
    Harmonia, voando como um 
    fantasma.
    “Então o quê pretende fazer?” Pergunta a garota, sentindo o vento em seus
    cabelos.
    “Te dá a minha chama sagrada.” Diz a grande titã primordial, e o anjo fica
    com os olhos arregalados.
    “Nem pensar! Isso vai matá-la!” o 
    anjo grita, e a dama o encara com indiferença.
    “Não vai. Ela já é quase uma deusa, tal como a mãe. Só precisa deste poder.”
    Diz a velha Harmonia, sorrindo 
    para o jovem.
    “Ela é humana com a descendência de Caim. Ela tem o sangue de Lúcifer, que é filho de Cerridwen, portanto o poder do
    gene, se encontra adormecido nela.”
    Esclarece mas o arcanjo não se
    mostra convencido.
    “Além do mais, se ela não concordar com os meus termos, nunca mais verá o seu amado Azazel. Pois reencarnar ou não, depende apenas de mim.” A sábia anciã ameaça a moça, e seus olhos se
    arregalam.
    “É bem simples. Um favor por outro.
    Vire uma deusa, e escolha o próximo destino do seu parceiro, ou deixe-me escolher, e o mando para o portal.”
    A velha ri com maldade, e a dama congela. O portal era o pior lugar para onde Azazel poderia ser enviado, pois
    lá, tinham diversas criaturas nocivas, até mesmo para os deuses.
    “Aceito.” Nahemah concorda, e o arcanjo fica sem reação.
    “Como sempre fazem tudo pelos seus demônios. É melhor assim Miguel, esta menina tal como a mãe, jamais deve se unir a um celestial.” Harmonia julga
    a atitude da neta.
    “Então aceita o amor dos meus 
    pais?” Nahemah a provoca com sarcasmo.
    “É preferível que anjos e demônios são
    misturem mais.” Harmonia responde.
    O amor de Cerridwen e Lúcifer muito 
     a desagrada.
    Porém nada mais faz para impedi-los, apenas preserva seu querido 
    Yaweh. 
    “Eu não sou meu pai.” Miguel decide
    falar, em vez de apenas acatar a
    vontade da avó.
    Esta o reprimi imediatamente, mas
    ele não reage.
    Isto era preocupante, pois significava que a cópia perfeita de Yaweh, estava 
    a apresentar o defeito da falta de 
    disciplina.
    “Ela não vale a sua queda.” Diz a titã,
    e a jovem desvia o olhar. Já fazia um tempo que o evitava, e  não era 
    agora que iria parar.
    “Vamos ao que importa. Por favor. Como fará de mim uma deusa?” 
    a dama pergunta, desviando o assunto desagradável. 
    “Desta forma.” A criatura enfia um raio no coração da dama. 
    Fazendo seu corpo estourar por dentro, com tanta força que o sangue voa.
    Ela berra desesperada, e Miguel fica pasmo com a atitude da anciã.
    Suas mãos apertam os braços dele, 
    mas ele não a deixa cair no ar.
    “Eu não vou suportar!” Grita ao 
    sentir seu corpo se transformar 
    em energia.
    “Miguel!” É o seu último grito antes de
    explodir, nos braços do príncipe do
    mundo celestial.
    Mas assim como explode se refaz, tal como um Deus, agora é imbatível
    equivalendo-se a  Bael.
    “Agora eu vou matar Bael!” Ruge flutuando no ar, com asas de
    energia.
    “Não. Você vai libertar Yaweh, para que ele e o seu pai o derrotem. Tem apenas a minha chama, e o poder de Caos é
    muito mais destrutivo.” A velha a
    desanima.
    “Está bem. O quê faço?” Questiona, 
    e Harmonia lhe responde “Use sua criatividade. É uma deusa criadora agora”.
    A jovem então imagina o multiverso com milhões de cordas, e que pode manipulá-las.
    Sendo assim todas estas cordas, destinos, devem lhe obedecer, e por 
    isso não demora para achar 
    Yaweh.
    Ao entrar na prisão do avô, este fica surpreso com quem veio resgatá-lo, e não consegue deixar de se sentir mal, por tanto tê-la atormentado.
    “Não vim por você. Nós não somos 
    uma família. Apenas devia um favor a Miguel, ele tentou salvar meu amado.” Diz antes que venha o agradecimento
    do Deus caído, e Miguel dá razão a 
    nova deusa.
    “Preciso conversar com Cerridwen.” É
    a primeira coisa que diz. 
    “Terá tempo para isso. Vamos.” Diz 
    a bela, levando o criador para a liberdade.
    “Você não conseguiu não é?” Deus
    pergunta para o filho, e este ri
    baixinho.
    “Ainda não.” Diz olhando para 
    a criatura voadora, que o observa
    sem entender nada, e segue em
    frente.
    Yaweh e Cerridwen fazem um acordo 
    de ajuda mútua. Ao ouvir que o velho estava de volta, muitos anjos correm
    para servi-lo.
    Como diz o velho ditado. “Um rei nunca perde a sua  majestade.” Haviam os que estranhamente lhe eram gratos, os que gostavam do seu sadismo, e aqueles
    que o amavam acima de tudo.
    O exército de Bael reduziu rapidamente com a chegada de Yaweh, e ao ouvir que a filha o tinha libertado, Lúcifer
    ficou furioso.
    “Você enlouqueceu?! Só porquê o arcanjo mudou pelo que o fez sentir,
    não significa que Yaweh merece uma segunda chance!” Berrou para a
    jovem, que ficou em silêncio.
    “Ele torturou a sua mãe, quase te matou, e ainda destruiu nossa família por séculos. Como pode nos trair desta forma?!” O imperador do Inferno, disse batendo contra a mesa de pedra.
    “Papai eu não tive escolha.” É a sua primeira defesa, antes de pensar em
    outra resposta.
    “O quê? A velha Harmonia te ofereceu a oportunidade, de ser uma semelhante a sua mãe por completo, e você não a
    agarrou? Difícil de acreditar Luciféria Lilith II!” Responde-lhe com sarcasmo.
    “A vovó ameaçou jogar Azazel no portal, se ela não fizesse.” Diz Miguel invadindo o recinto com indiferença, e a bela por mais raiva que sinta deste, lhe agradece em silêncio, arrancando-lhe
    um sorriso.
    “Harmonia fez o quê?! Esta mulher já está passando dos limites!” Lúcifer fica exasperado, e os jovens se encolhem.
    “Oras Lúcifer sua filha é muito fácil de enganar. Jamais atiraria o moleque no portal, ele é o quê mantém ela longe
    do meu neto.” Diz o espectro de 
    uma idosa.
    Ao ouvir aquelas palavras, Luci se sente intrigada, e se retira daquele local. Indo
    para o meio da cidadela, onde observa
    as estrelas, e outra vez manipula as
    cordas do destino.
    “Miguel vai se apaixonar por esta criatura insignificante! Isto não pode acontecer! Ele deve protegê-la,
    e amar a criatura mais perfeita que
    criei para ele, a doce imitação de
    minha amada filha Hécate! ”
    É a mensagem que lhe vem a mente, 
    e então esta induz mais um dos cruéis ataques de Yaweh a Cerridwen, e este a engravida de um bebê, que no futuro se chamaria Azazel, mas nem a primeira sabia a razão disso.
    “ A chegada deste filho, criará um empecilho para o anjo apaixonado. Por ser mais jovem, e ser educado pela  Cerridwen, crescerá um rebelde, e fará
    um par perfeito para esta coisa de
    cabelos vermelhos.” 
    E assim vê-se o início da infância de Nahemah, onde ela e o irmão estavam sempre juntos nas maiores enrascadas, e Miguel apenas os supervisionava.
    Pois para Harmonia, o fato de seu 
    neto conviver com a sua perdição desde cedo, lhe faria vê-la com indiferença.  O quê ela não esperava, era que a moça é que iria despertar o amor pelo arcanjo,
    e não desistiria até conquistá-lo.
    “Nahemah” Ouve a voz do seu primeiro
    amor, vindo por trás dela, e uma lágrima cai.
    “Vá embora.” Diz de imediato, e seus pés que não tocavam o chão, afundam na areia fofa. Todavia o alado não só não parte, como fica a esperar uma resposta.
    “Não é hora, nem o momento.” Diz se preparando para ir, mas o arcanjo pega seu pulso, e nota que sua face está rubra.
    “O quê houve desta vez?” Pergunta-lhe secando suas lágrimas. 
    “Não importa. Apenas fique longe de mim.” Retruca e se afasta tomada pelas sombras da dúvida. Todo o sofrimento não só estava previsto, como foi escrito,
    para favorecer o príncipe sombrio, e
    agora ela se perguntava se o quê sentia
    era real, ou outra obra egoísta de sua
    avó manipuladora.
    “Nah...” Mas antes que prossiga, a bela o silencia com o indicador, o deixando
    confuso.
    “Sei que me chama assim, porquê significa Agradável, e poucas coisas são 
    na sua vida. Mas acho que Eke merece
    este nome mais que eu.” É tudo o quê
    diz antes de partir.
    Miguel fica sem entender nada do quê se passa. Nunca se interessou por Eke, na verdade a achava insuportável, por ser tão submissa, e sem vontade 
    própria.
    Se aquilo era ciúme. Era um ciúme infundado, por isso queria resolver logo
    , já que indicava que a bela ainda tinha sentimentos por ele. Pobre iludido.
    “Nah...Luciféria. Eu não sinto nada por Eke!” Disse o arcanjo, quando a viu atravessando a porta. Por ouvir isso, a jovem não se contém, e esmurra a
    mesa de pedra.
    “Diga para ele querida vovó.” A nova deusa encara a primordial, e esta foge do seu olhar, contudo usando o seu poder, a garota vira-lhe o rosto, forçando-a a olha-la.
    “Diga.” Soa como uma ordem, e os dois anjos mais bravos do céu e do inferno, ficam apreensivos por tamanha
    ousadia.
    “Você e Luciféria não estão juntos por minha causa.” Confessa a anciã, e aquilo não surpreende a ninguém, todos sabiam da sua onipotência gigantesca, e por isso a deusa menor, lhe joga um
    olhar para continuar.
    “Quando soube que Cerridwen tinha se apaixonado por seu próprio filho, temi o quê estava por vim, e quando vi que você se apaixonou pela filha dela, tive de tomar providências.” Prossegue deixando a todos de queixo
    caído.
    “Você não sabia do romance do meu pai com a minha mãe!” Grita-lhe com impetuosidade, e notando o seu grau de estresse, o anjo afasta-se do irmão, para lhe dá algum apoio.
    “Não? Ah deve ter visitado a linha do tempo errada, quando soube que um anjo o levaria a perdição, e mais tarde vi que era ruiva.” A velha ri da ingenuidade da pequena.
    “Eu sabia que ela iria machucá-lo.
    Você nasceu de um casal do perfeito matrimônio, e ela de uma abominação.” Responde olhando 
    para o rapaz, que se mostra também furioso agora.
    “Por isso antes que ela viesse, lhe dei o par ideal, para que vocês não ficassem juntos. Meu filho, Eke é o seu par, não
    Luciféria” Segura as mãos de Miguel
    , e este se solta com repulsa.
    “E o quê nós queríamos? Os sentimentos de cada um? Isso não
    valia de nada?!” Miguel é o segundo a gritar com a sogra do imperador, e este observa este momento, saboreando 
    a revolta contra ela.
    “Azazel realmente me ama? Eu o amo? Ou isto foi só parte do seu plano estúpido?!” A dama diz tremendo-se por completo, tomada pelas 
    lágrimas.
    “Já chega.” Diz Lúcifer silenciando a todos na sala. “Não importa se esta senhora lhe empurrou Azazel. Ele pode ter nascido para atrapalhá-los, mas não
    é obrigado a amar ninguém. Até porquê
    se tem algo que os primordiais não
    conhecem é o amor.” Prossegue tentando acalmar a filha.
    “Você! É tudo sua culpa! Se tivesse aceitado seu posto de soldado, e não se apossasse da coroa de Yaweh, nenhuma
    destas aberrações estariam aqui!” A
    primordial o acusa, e o demônio ri
    de tamanha hipocrisia.
    “É? Então para você o certo, seria deixar Cerridwen nas mãos de Yaweh, ou como Lilith nas mãos de Adão? Sendo humilhada por ambos, sem saber do próprio potencial?!” Urra como um
    leão, e a velha o ignora.
    “Se este é o correto, por quê não?” 
    A velha retruca, e o rei demoníaco ri de novo, claramente ensandecido. No entanto a mão delicada em seu ombro o silencia, é Lilith que se mostra bem
    calma, perante as sandices da
    mãe.
    “Não adianta discutir. Ao menos Yaweh parece entender, então em vez de perder tempo com essa senil, por quê não nos preparamos para deter Bael?”
    Diz com tanta classe e imponência, que todos se curvam perante a ela, menos
    a sua genitora. Sem dizer mais uma palavra, Lúcifer segue sua rainha, e a primordial se vai, deixando apenas o
    casal mal resolvido para trás.
    “Eu tenho que ir.” Luciféria se prepara para partir, porém o arcanjo não a deixa sair.
    “Não me importo com a vontade de Harmonia. Eu amo, e sempre vou amar você, somente você.” Diz em seu ouvido, e aquilo mexe com a sua cabeça, porém antes que aconteça algo, ela se lembra de Azazel, e se esforça para seguir
    para longe.
    “Meu marido acabou de morrer. Seria desrespeitoso.” Diz com a voz fraca, lutando para se soltar, e um sorriso bem saliente, se forma no rosto do arcanjo. “Mais desrespeitoso que ter relações com ele no dia do nosso casamento? Eu acho que não.” Rebate, beijando-a de surpresa, ela tenta resistir, só que não consegue. Seu coração ainda pulsava por ele, mesmo que agora fosse uma pequena parte, e por isso aqueles
    segundos se prolongaram.
    “Chega.” Tem força para empurrá-lo, e este passa a mão nos cabelos sedosos. “Só foi capaz de dizer isso agora?” Brinca fazendo referência ao tempo que passaram, sentindo seus lábios se tocarem.
    “Isso não vai acontecer novamente.” Sai um pouco envergonhada, ajeitando os seus cabelos ruivos, e para o seu azar a prima vê tudo.
    “Beijando a esposa do seu irmão? Nossa Miguel, você já foi mais certinho.” Diz a moça de cabelos negros, exibindo os seus seios enormes para o anjo.
    “Ela teria sido minha esposa, se você não contasse a Azazel onde ela estava no dia do casamento. O quê quer Eke?” 
    O soldado volta para o seu estado natural de desprezo e indiferença.
    “Eu quero você meu doce de abóbora.” Diz ela com voz infantilizada subindo de quatro na mesa de rocha, e o ser alado a ignora. Uma coisa era sensualizar, outra era o baixo nível de Eke.
    “Até mais, e se cobrir um pouco mais não vai te matar.” Diz se retirando do local, e a jovem sopra o cabelo no
    rosto.
    “Ela dorme com o seu irmão no dia do casamento, e fica com você no dia que ele morre, e eu que sou a meretriz?!” A morena provoca, e isto irrita bastante
    o ser celestial.
    “Não ouse sujar o nome dela. As coisas que Nahemah faz, são porquê ela ainda não se decidiu sobre nós 2. Mas assim como eu a beijei, tenho certeza que o idiota do Azazel a seduziu! Ela não
    é como você!” Discursa defendendo a sua amada, e sai do lugar, deixando vilã jovem enraivecida, pois sempre Luciféria, se livra da culpa, e não só é dona de um coração, como de 2 seres bem poderosos. O quê significa que tem chance de reinar no céu, ou no inferno, enquanto ela está fadada aos nobres, que considera os restos da hierarquia satânica.
    “Nahemah é? O quê diria se ela virasse uma prostituta na boca dos homens?” Diz Eke passando a língua entre os dentes, e então toma a forma de Isis, e resolve dormir com os 10 primeiros que encontra no oriente. 
    Fazendo-os espalhar a fama de que Isis da Suméria, era uma vagabunda, que não prestava, e aceitava qualquer coisa por umas moedas de ouro. 
    No entanto quando isto chega aos ouvidos de Miguel, este gargalha, pois agora que Luciféria tinha o dom da manipulação da realidade, podia não só vigiar a inimiga, como também provar suas artimanhas.
    “Vai deixar isto barato?” Diz Miguel ao mergulhar nas linhas do destino, e Luciféria cai no escárnio. 
    “É claro que vou. Meu nome de batismo é Luciféria. Se ela quer sujar Nahemah que vá em frente, mas aguente as consequências mais tarde.” Responde entre risos com o olhar diabólico.
    “Pra mim você sempre vai ser a Nahemah verdadeira.” Diz-lhe meio sem jeito, e a jovem se afasta dele. Tinha lhe dito que o fato não se repetiria, e se dependesse dela, não iria mesmo. 
    Só estavam juntos neste momento, porquê Luciféria e ele ficaram de vigiar as entradas do refúgio.Já que ninguém do inferno quis fazer par com a deusa
    angelical, por ter libertado Yaweh.
    “Foco na missão soldado.” Diz com a voz falha, e este ri da péssima 
    atuação.
    Após alguns anos...Luciféria e o 
    arcanjo, desenvolveram certa amizade, 
    o quê deixava os deuses apreensivos.
    “Seu filho não cansa de avançar em
    uma jovem viúva, não é Yaweh?” 
    Lilith culpa o arcanjo, cruzando os
    braços.
    “Sua filha é que não para de tentar encantar o pobre menino!” Yaweh
    rebate, observando os dois 
    rindo.
    Depois daquele estranho momento 
    na sala, o anjo lhe prometeu que esqueceria o romance, mas não iria
    deixá-la se sentir solitária. Algo que
    veio a calhar, pois depois de “trair
    o Inferno.” Amizade estava fora
    de cogitação.
    “Princesa Luciféria.” Disse-lhe uma 
    das criaturas infernais, e esta lhe deu atenção. “Eu sempre a admirei, mas não acredito que libertou Yaweh, não depois de tudo o quê ele fez.” Falou
    sem pensar duas vezes.
    “Foi por causa do arcanjo?” Pergunta sendo intrometida, e a bela levanta as mãos, pedindo uma pausa. “Não fiz isso por Miguel. Fiz por Azazel, ele é o meu par, e apenas por ele me sacrificaria”
    Respondeu-lhe com um sorriso. Sem saber que aquelas palavras, entravam como uma lança no peito do alado, 
    que apenas se distanciou, evitando por 
    hora aquele pequeno conflito.
    “Não espero que entendam. Mas que no mínimo compreendam, Harmonia faria pior, se eu não o libertasse.” Diz e a tal criatura se transforma na jovem e sedutora Éke Hécate II.
    “Não me importo com os seus atos. Faça o quê quiser, mas alguém que se importa, acabou de ser ferido, e eu estou pronta para consolá-lo” Diz 
    Indo atrás do anjo. 
    De certa forma aquilo lhe preocupa, contudo não considera uma má notícia,
    e por isso em vez de impedir Éke, de ir atrás do seu grande amor, apenas volta a caminhar e supervisionar as tropas
    dos demônios.
    As fofocas voam como moscas, e chegam aos ouvidos de Luciféria, que fica furiosa. “Eu não acredito que de fato chegou a este ponto.” Pensa
    ao ouvir o falatório dos
    guerreiros.
    Como de costume vai para um 
    canto deserto, longe de tudo e de 
    todos. 
    Só que desta vez, arranja companhia, sem sequer desconfiar que está 
    sendo seguida.
    Um ser que segue aos outros, a agarra por trás, e coloca uma lâmina na sua garganta.
    “Quieta princesa, sem nobreza 
    alguma. Primeiro veio o boato de que dormiu com o seu irmão, depois com o próprio pai, e agora beijou seu antigo noivo, no enterro do atual marido” 
    Disse-lhe o ser embrulhado em roupas típicas do calor.
    “É óbvio que gosta muito de coisas carnais, e eu estou louco para lhe dar uma.” Prosseguiu retirando o seu membro, e a jovem gritou sem pensar duas vezes, estava tão assustada com atual situação que se esquecia dos
    poderes.
    “Afaste-se dela.” Disse uma voz no 
    meio da areia, e o arcanjo pousou atrás do demônio abusado.
    “Ela gosta destas coisas.” Mas a criatura repugnante prosseguiu, e 
    ainda passou a mão na pele da 
    garota.
    “Todos sabem o quê você fez com ela, e ainda sim ela caiu nos seus braços.” O provocou. O arcanjo não se conteve, e
    o partiu no meio, derramando sangue
    sobre a princesa que estava em 
    silêncio.
    Após salvar a sua vida, e depois do tempo que passaram juntos, ele achou que poderia acalmá-la, mas quando colocou a mão em seu ombro, ela
    saltou para longe.
    “Eu não vou te machucar.” Disse ao guardar a espada, tentando se aproximar.
    “Fique longe.” Foi o quê conseguiu sussurrar, só que ele não cedeu, e lhe puxou pelo pulso para o seu peito.
    “Você, você não é o herói. É por sua causa, que não, não pude me defender” 
    Disse com os olhos grandes de medo,
    mantendo-se firme para não surtar.
    “Nem eu me perdoo por aquilo Nahemah.” Respondeu-lhe ainda mantendo-a no calor dos seus
    braços.
    Ao vê tal cena Éke surtou, e saiu berrando aos 4 ventos que Miguel tinha matado um demônio inocente, porquê a prima tinha tentado dormir com este, e o pobre agricultor a rejeitou.
    Percebendo o alvoroço, Lilith logo notou que havia algo errado, e abandonou a aula que estava dando, para ir atrás 
    da filha.
    “Luciféria está tudo bem?” Lilith 
    pegou no rosto da jovem, e esta continuava num estado de 
    catatonia.
    Como só encontrou ela e Miguel, logo
    quis acusá-lo de abuso, só que ao ver que a menina não largava a mão dele, e estava coberta de sangue roxo, soube
    que desta vez ele não era o 
    culpado.
    “O quê aconteceu?” Perguntou limpando a face da rebenta, sabendo que algo muito ruim havia acontecido.
    “É minha culpa. Eu a desrespeitei, e agora muitos outros pensam que podem fazer o mesmo, por sermos amigos.” Responde sentindo-se o 
    maior causador dos problemas, e 
    ele era mesmo.
    “Amigos? Você a beijou no mesmo 
    dia que o marido dela morreu!” Gritou Eke, e Lilith lançou um olhar de incredulidade para o rapaz.
    “Como eu disse, eu sou o culpado.” 
    Sorriu sem vontade alguma, apenas pela vergonha de encarar a rainha demônio.
    “Cuide dela. Não a deixe sozinha
    .Eu vou resolver essa situação.” Disse para os dois, e partiu até o marido.
    Eke detestou o fato, de Lilith dá a benção para Miguel resguardar a filha, e por isso foi até a sua avó, e lhe contou tudo, sobre o quanto Luciféria estava atrapalhando o destino, e que não
    abria mão do anjo.
    Para dar-lhe uma lição, e satisfazer o desejo da sua neta favorita, Harmonia então jogou a alma de Azazel no portal,
    e jurou que se Luciféria continuasse a interferir, iria destruí-la também.
    Luciféria após se recuperar do choque, sentiu-se ultrajada com tal afronta. Não foi ela que beijou Miguel, nem era ela que o procurava, porquê tinha que
    pagar e levar Azazel junto?
    Graças a Eke parte das tropas celestiais e infernais que tinham aprendido a conviver, agora lutavam entre si.
    De um lado os demônios acusavam Miguel de assassinato, e do outro os anjos diziam que foi para proteger a garota.
    E isso trazia velhas memórias, do porquê tinham batalhado uns contra 
    os outros anos antes do conflito.
    Tudo estava tomado pelas desavenças,
    como se o inimigo tivesse se infiltrado 
    dentro das colônias, para 
    separá-los.
    “Papai não é justo!” Grita a primeira filha do imperador infernal. “Eu sei minha pequena, mas ainda sim voltou
    a se relacionar com Miguel? Mesmo
    sabendo como terminou?” Diz um
    pouco surpreso com a notícia.
    “Foi apenas um beijo, e nem fui eu que o dei.” Retruca envergonhada, mexendo uma das pernas. “Mas você retribuiu. Senão Éke não contaria a ninguém.” 
    O pai rebate.
    “Filha eu amo você, e quero a sua felicidade. Sua avó é louca, só que sobre você e Miguel, eu concordo com ela, não é para acontecer de novo.” O rei
    lhe dá um sermão, e ouvir aquela frase
    sobre ser melhor evitar, lhe deixa um
    pouco triste.
    “Eu não o beijei. Nem o quero de volta.
    Miguel é só um amigo agora.” Tenta responder. “E será que ele sabe disso?”
    Diz Lilith interrompendo a conversa,
    e pede para o amado se retirar.
    “Luciféria desde que nasceu, sempre fiz o possível e o impossível para que não se magoasse.” Diz Lilith, acariciando a bochecha da filha, como se fosse uma criança.
    “Eu não me importo com Miguel! 
    Aquilo foi um erro! Eu só queria que Azazel estivesse bem, e não naquele portal, cheio de criaturas bizarras, de 
    onde só meu pai voltou!” Berra antes que venha outra lição, sobre a impossibilidade de se relacionar com um celestial. 
    Todavia a rainha que é bastante perceptiva, nota uma certa irritação quando lhe é negada a oportunidade de ter algo com o arcanjo. “Ela ainda não o esqueceu também.” Pensa com os seus sábios olhos de coruja. “Luciféria Lilith II.” Chama-lhe a atenção antes de 
    sair.
    “Você não pode mentir para nós. Nem para si mesma.” Diz encarando-a com calma, porém com seriedade, e a moça passa pela porta da frente. 
    “Você? Não morres cedo.” Diz ao ver
    o arcanjo encostado na porta, mas este não ri da piada, ao contrário dos outros, acha mesmo que Luciféria, só o vê como
    um bom amigo, e apesar de relevar isto
    , não gosta nem um pouco da ideia.
    “Não me afastarei de ti. Sabe-se lá, quantos mais poderão vim.” Responde com frieza, e a bela só o olha sem muito interesse. É quando um belo pardo vem
    ao seu encontro, e a cumprimenta.
    “Olá irmãzinha. Vou ser seu novo guarda. Papai não quer que ande com
    esse cara.” Asmodeus olha com raiva para o arcanjo, pois Azazel era mais
    que seu irmão, era seu melhor
    amigo.
    “Eu tomo minhas próprias decisões.
    Lúcifer não pode me impedir de ficar perto dela.” O arcanjo dá um passo
    a frente, com o peito estufado.
    “Ah posso sim. Ela é minha filha, e 
    eu não a quero com um psicopata como você.” Responde o rei, e os mais novos
    silenciam-se, assustados com esta
    intervenção direta.
    “Eu a salvei, de um dos seus babilônicos.” O arcanjo rebate com um sorriso de vitória. “É, depois de ter feito pior, e ter lhe levado a tirar a própria 
    vida!” O pai diz sem paciência, e notando o conflito, a jovem fica no
    meio dos dois. 
    “Por favor parem. Papai está certo, é melhor ir com Asmodeus, pelo menos desta forma, ninguém pensa coisa
    errada.” Diz indo embora com o irmão, e o arcanjo fica incrédulo, enquanto
    Lúcifer sorri com satisfação.
    A última batalha antes do fim. Parte IV
    Em meio há tantas desavenças, Lilith 
    se posicionou para defender a filha.
    “Eke foi a responsável por tal conflito.
    O demônio Arctus, não é inocente, e todas que o conhecem sabem 
    disso.” Anunciou para a multidão que
    lhe observava atentamente.
    “O único erro de Miguel, foi tê-lo matado tão rápido.” Disse 
    gargalhando.
    “Sabemos que nós somos diferentes.
    Porém são estas diferenças que nos farão vitoriosos na próxima batalha.
    Por isso guardemos as raivas que temos uns dos outro para o inimigo!” Exclamou com ferocidade e todos lhe aplaudiram, contentes por tê-la como
    líder.
    No entanto havia alguém não muito contente em meio a multidão.
    Embora discursasse como a deusa guerreira, a bela não despertava muita confiança em Lúcifer, por isso ele 
    saiu.
    Ao vê-lo partir Luciféria ficou desconfiada, e deixou Asmodeus no canto com uma linda alada, que estava interessada nele. Indo atrás do seu 
    pai de imediato.
    Notando que estava se colocando 
    em risco, o arcanjo foi atrás dos dois, para garantir que ninguém fosse atrás da garota outra vez, sumindo do meio da multidão, sem ser notado até por
    Eke.
    Quando chegou no fundo do deserto, onde não havia mais ninguém, Lúcifer virou furioso pegando-a pelo pescoço, 
    e atirando um raio em Miguel, achando que estavam tentando matá-lo.
    Contudo ao ver que era sua filha e 
    o irmão, baixou a guarda, e os soltou . 
    “Me perdoe Luci. Você não, você mereceu.” Disse para o arcanjo que
    apenas revirou os olhos.
    “O quê está acontecendo?” A dama lhe perguntou, e o pai ficou de cabeça baixa , não sabia como lhe contar, estava se sentindo envergonhado demais para
    falar.
    “Vamos papai diga!” Disse-lhe temerosa sobre o quê estava vindo a acontecer. “É sua mãe. Desde que o Inferno foi invadido, ela não é a mesma.” Responde com 
    tristeza.
    “Estes ataques mexem com a nossa cabeça mesmo. Não deve ser nada.” A jovem tenta acalmá-lo, e este fica um pouco chateado. “Ela tem sido infiel a mim!” Grita para a pequena, e os
    seus olhos crescem.
    “Como assim?” Miguel pergunta desconfiado, entrando na conversa sem ser chamado, mas Lúcifer está tão triste que resolve desabafar. “Oras ela tem se deitado com nossos servos, todas as noites, pelas minhas costas!” Berra
    em tom de fúria, e os dois se entreolham.
    “Não me importo com isso em si. A infidelidade aqui, a traição, é porquê 
    ela não me contou nada, eu tive que descobrir!” Diz com lágrimas douradas descendo pela face, e a filha o 
    abraça.
     “Eu que a fiz minha melhor amiga, 
    e agora ela vem e me apunhala  pelas costas!” Ele retribui o abraço, e a moça olha para Miguel, que fica apenas a
    analisar os fatos.
    “Apesar de achar que traição é comum na sua família, não acho que Lilith está fazendo tal coisa.” Responde o anjo, 
    e a princesa o fulmina com o 
    olhar.
    “Elas não cometem traição, sem haver sentimentos, e não creio que Lilith ame a todos os servos.” Conclui olhando nos
    olhos da dama, que fica desconcertada 
    com tais palavras, mas não desvia
    dele.
    “Há algo errado, e precisamos averiguar sem chamar a atenção.” É
    o quê fala para os infernais. “Então a minha Lilith, não é...?” Lúcifer pergunta voltando a razão, e Miguel ergue uma sobrancelha, indicando um talvez.
    “Deixem comigo. Eu tenho acesso 
    as cordas do destino, posso descobrir o quê está acontecendo.” Luciféria se 
    dispõe a ajudar, e os irmãos 
    concordam.
    A bela se afasta de seus familiares, 
    e vai para um canto silencioso, onde fecha os olhos, e se concentra nas
    linhas do destino de sua 
    mãe.
    Está tudo escuro, uma gosma de 
    plasma pinga no piso. Tudo o quê se houve, é o gotejar da água, que parece ecoar como se fosse dentro de uma 
    caverna.
    Lilith está colada a uma teia de 
    aranha, enrolada como se fosse um casulo, e sempre que as linhas brilham, esta agoniza, e cospe sangue. Há uma
    aranha gigante ali, pronta para lhe
    devorar, mas está a aguardar o
    momento certo.
    “Lúcifer por favor não acredite nela.” É o quê sussurra, como se estivesse num terrível pesadelo, e Luciféria volta a si,
    num suspiro profundo, caindo na 
    areia.
    “Nahemah! Tudo bem?” O arcanjo corre para ajudá-la a se levantar, e a moça o olha com indiferença. “Já disse que é Isis.” O corrige. “Já disse que é Nahemah.” Ele rebate.
    “O quê viu?” Lúcifer aguarda ansiosamente pela resposta. “Mamãe está em apuros.” A menina responde 
    se levantando, e quase desmaia pois
    o lugar, lhe sugou muita energia.
    “Cuidado.” O arcanjo a pega nos braços antes que caia, e esta fica vermelha de vergonha. “Estou bem, não preciso de...” Seus olhos se fecham outra vez, e ela vai para uma outra dimensão, onde se encontra em meio ao deserto, sentindo
    o vento árido em seu rosto.
    “Onde estou?” Pergunta erguendo o
    pulso contra a testa, para se defender
    do ataque do Sahara.
    “E importa?” Responde-lhe uma voz familiar, e ela reconhece como seu pai,
    mas basta ver os olhos negros para
    saber que não se trata dele.
    “Socorro!” Berra desesperada, e acorda no mundo das aranhas. “Luci está tudo bem?” O arcanjo lhe pergunta, e ela
    se solta, afastando-se de todos.
    O sol está raiando, o calor se faz presente, mas a princesa do inferno
    sente muito frio. Com as mãos na cabeça, ela cai no chão arenoso.
    E então uma mulher de cabelos negros,
    e olhos verdes como neon, vem ao seu
    encontro para socorrê-la. 
    “Você está bem?” Perguntou-lhe a moça. “Sim” Respondeu, mas quando sua palma entrou em contato com
    ela, a moça soube quem 
    era.
    “Você é a filha de minha irmã Lilith!
    Como está grande!” Cumprimentou-lhe
    , e a dama ficou confusa, e sem dizer
    nada, a mulher lhe roubou um
    beijo.
    Em vez da saliva comum, saiu um espírito verde da sua boca, que veio a entrar na garganta da jovem, como
    se fosse uma fumaça viva e
    brilhante.
    Após a menina engolir até a última
    molécula da energia, as estranhas veias
    secam, e a mulher vira pó. Ao sentir isso
    na pele, a dama não suporta a força
    em sua carne, e desmaia.
    “O quê é você?” Pergunta-lhe dentro
    da própria mente. “Eu sou você agora, e juntas formamos uma. Mas no futuro só uma restará, com poderes duplicados.”
    Responde-lhe a forma estranha.
    “Não, eu não quero lutar pelo  
    domínio do meu corpo.” Retruca. “Devia ter pensado nisso, antes de se matar.” É o quê rebate, em meio a gargalhadas
    de escárnio.
    “Aaaaah!” Ela grita em desespero, 
    e ao voltar a consciência, procura algo 
    para se cortar. “Não vai funcionar.” Lhe
    diz com confiança, e ela se força a
    vomitar.
    “Não.” Nega com alegria. Ao vê-la 
    se contorcendo, o arcanjo corre para lhe ajudar. “Saia daqui!” Ruge como um leão, e tal como o felino, salta
    para trás.
    “Nahemah? ” Ele pergunta assombrado com a voz demoníaca saiu da garota. A pobre, corre por entre o deserto, em completo desespero.
    “Socorro!” Grita aterrorizada, no 
    meio do nada, e ninguém vem para resgatá-la, pois estava longe, até 
     do quê até os deuses podiam
    alcançar.
    Ao adquirir tamanho poder, ficou
     tão veloz, que ao correr, pulou por
    mais de 5 das 9 dimensões 
    divinas.
    “Pequena criança, você precisa 
    de  ajuda não é?” Disse-lhe um ser, passando a mão em sua cabeça,
    enquanto ela ficava de 
    joelhos.
    “Papai?” Levanta o olhar, e se
    depara com o senhor supremo. “Não,
    é o titio Bael.” Respondeu-lhe com um sorriso, e esta se afastou indo para 
    trás.
    “Fique longe de mim!” Grita como 
    um humano, após ver o demônio. “Seu
    pai, e eu compartilhamos a mesma forma. Não há o quê temer.” Ele
     tenta lhe ajudar, mas ela 
    recusa.
    “Aceite. Tudo ficará bem.” Diz ao
    erguer a mão, e esta se levanta sem
    lhe dá outra oportunidade. “O quê
    queres de mim?” Inquire de
    imediato.
    “Tirar toda esta dor e sofrimento 
    minha pequena.” Responde, e ela ri
    “Em troca de quê?” Questiona de
    imediato, sendo sarcástica.
    “Você receberá fama, glória, e 
    fortuna.” Responde criando a maior
    ilusão de poder. “É tudo o quê sempre quis não é? Isis.” Alega colocando
    um colar de ouro em seu 
    pescoço.
    “Isis, o nome de uma deusa. Mas olhe para você, já foi uma princesa, adorada, respeitada, e amada, e no planeta em que vive agora, não passa de uma
    serva.” O diabo toca na sua
    ferida.
    “Eu sei o quê tem no seu coração. 
    Apesar de aparentemente ser feliz por
    servir os deuses, na verdade gostaria de voltar a ser um deles.” Passa a mão
    em seu ombro, rondando-a como
    uma serpente.
    “Isis. Você pode ter tudo isso 
    outra  vez, basta me entregar a chama da velha. Este poder, só te trará dor, e
    sofrimento, mas em mim será a
    razão do futuro.” Persiste em
    seduzi-la.
    “Um futuro onde todos curvam-se 
    para você? A onde minha posição irá se encaixar?” Pergunta-lhe com ironia. “
    Na imaginação deles, e todas as vezes
    que ouvirem o teu nome e te adorarem
    , você ficará mais forte.” Responde.
    “Sendo real e irreal?” O olha com dúvidas. “Exatamente. Querida aos meus aliados, tudo será permitido. Não
    Importam as regras, pois sou a favor da total liberdade.” Sorri, imaginando todas as atrocidades que irão
    permear o mundo.
    “E os outros?” Pergunta-lhe com 
    total ceticismo. “Eles não merecem esta honra.” É claro e objetivo. “Tem que me prometer, que não os machucará.” 
    Lhe impõe.
    “Suas mortes serão rápidas e silenciosas.” Promete-lhe, e a pega
    nos braços. “O quê está fazendo?” Ela
    pergunta. “Da mesma forma que o
    recebeu, deve transmitir.” Lhe
    esclarece.
    “Certo. Mas se a sua boca encostar
    na minha, eu enlouquecerei de tanto nojo.” Responde. “Eu sou tão belo quanto Lúcifer.” Retruca, sentindo-se
    insultado.
    “Será como beijar o meu pai. Tu Enlouqueceste?!” Grita, e ele tenta abocanhar o ser primordial. Ela lhe
    transmite, evitando o contato bucal, 
    até olhar para a mão deste, e notar 
    que os dedos estão cruzados.
    Sabendo que será enganada, em 
    vez de lhe transmitir o espírito, usa o
    magnetismo, e puxa a essência dele
    para si. Suas veias pulsam sem
    parar, seu corpo parece
    não suportar.
    A regra para receber a chama de Harmonia era clara, ela tinha que ser dada ao próximo, mas a de Caos só
    podia ser tomada, por aqueles que conseguissem dominá-la.
    “O quê está fazendo?!” O demônio
    grita com ela, mas esta continua a se
    manter com os pés firmes, e tenta em
    segundos dominar o Caos, com o
    poder de Harmonia.
    Notando que está sendo roubado, o
    diabo acovardado corre, e a moça cai de joelhos no piso. Ao ver que as suas
    células, estão se desfazendo sem 
    voltar ao normal, ela se
    assusta.
    “Socorro!” Berra ao voltar para 
    frente de Miguel, que a pega em seus braços, com estranheza. Para os seres
    carnais, só haviam se passado alguns segundos, como se ela tivesse se
    telestransportado.
    “Temos que salvar Lilith agora!” Grita
    em desespero, e seus cabelos começam a enegrecer, enquanto a pele empalidece.
    “Luciféria o quê fez?” Lhe pergunta 
    seu pai, e ao ver que o olho da menina está colorido com um violeta quase branco, descobre.
    “Você se encontrou com Bael!” Urra
    claramente furioso com o fato. “Ele, me procurou, mas, eu, disse, não.” Ela tenta responder. “Não, há, tempo.” Segura a mão de seu pai, e do seu tio, e os leva
    para o mundo obscuro.
    Ao chegar lá, se deparam com a 
    pobre rainha aprisionada num casulo, 
    e sem perder tempo, correm para lhe
    tirar dali. Contudo ao dar o próximo
    passo, Luciféria não suporta, e
    desmaia.
    “Vá resgatá-la, eu cuido da Lucy.” 
    Responde o arcanjo, quando o rei dos demônios, vira-se para ver se a filha está bem. O alado pega a jovem no
    colo, e tira seu cabelo do rosto, 
    para ver se está bem.
    “O quê houve Lucy?” Pergunta-lhe o 
    Jovem homem. “Preciso, salvar, todos.”
    Responde, e o agarra pela roupa, lhe beijando de surpresa. Mas não se
    trata de um beijo sentimental, 
    pois o faz de maneira 
    agressiva.
    “O quê foi isso?” O anjo lhe pergunta,
    sem entender porquê a dama o atacou, e antes que diga algo mais, ela o beija
    outra vez. “Retribua” Tenta lhe pedir,
    e este o faz, ainda desconfiado.
    “Nota-se que não está com Azazel 
    não é Luciféria Lilith II?” Diz-lhe sua mãe, saindo de trás de Lúcifer, que
    também não fica feliz com a cena
    , que está vendo.
    “Eu precisava descarregar a energia,
    e a melhor forma foi esta.” Responde e
    o anjo fica espantado. “Eu fui usado?
    Sem piedade?” Diz com o olhar 
    cheio de dor.
    “Não é hora para chorar. Eu estou 
    com a chama do Caos, e a de minha avó Harmonia, acho que não passo de hoje
    .” Mostra os braços, e olha para as
    veias radioativas no seu 
    corpo.
    “Como isso é possível?!” Lilith a questiona, sem entender o quê está havendo. “Bael tentou me seduzir com promessas falsas, e eu arranquei esse poder dele, fingindo ceder a chama.”
    Responde lembrando daquela
    estranha dimensão.
    “Como você tem a chama de Harmonia?” Inquire ainda abalada 
    Pelas revelações do dia. “Há quanto tempo roubaram a sua forma?” Ela
    Fica incrédula.
    “Desde que Belzebu invadiu o 
    Inferno.” Responde de má vontade.
    “E quem descobriu a verdade?” Ela
    pergunta, curiosa para saber a
    quem agradecer.
    “Fui eu.” Miguel dá um passo
    a frente. “Ah ninguém importante.”
    Passa pelo arcanjo, e abraça a
    sua filha.
    “Mamãe adoraria ver a reunião
    entre o filho renegado e a mãe que
    o despreza. Mas não há tempo.” É
    o quê diz, destruindo o clima de
    tensão.
    “O quê quer fazer  agora que tem 
    tais poderes ?” Pergunta desconfiada, e a dama desmaia em seus braços. “Lucy”
    Miguel é o primeiro a reagir com
    preocupação. 
    “Onde estou?” Se pergunta deitada no quê parece ser uma tela vazia, e então se levanta, observando ao redor. 
    Uma silhueta familiar vem ao seu encontro, parece ser o seu pai na forma demoníaca. O quê lhe trás apreensão, 
    pois acredita que é Bael.
    “Papai?” Pergunta desconfiada, 
    então ouve risos piedosos, mas a voz não pertence ao imperador, ou ao inimigo, o quê lhe intriga.
    “Não, mas ficará igualmente feliz ao
    saber” Responde, e o olhar dela brilha.
    Seus passos se tornam velozes, e ela
    se atira nos braços da criatura.
    “Azazel!” Dá um grito jubiloso, e 
    ele a carrega sem problema algum, 
    sentindo-se feliz pela recepção
    tão calorosa.
    “Como isso é possível?! Eu vi a 
    anciã jogar seu períspirito no portal!” Ela pega no rosto do amado. “Sim, 
    e ela o fez.” Esclarece, ainda a
    abraçando.
    “Então?” Questiona mostrando-se confusa. “Lúcifer e eu, já estávamos prontos, para tal eventualidade. Nós
    Já havíamos atravessado a barreira”
    Enfim revela. “Por quê?” Inquire em tom imperativo. 
    “Fora o fato de que era divertido, 
    nós acreditávamos, que nas outras dimensões, haviam materiais para 
    deter Yaweh, de uma vez por 
    todas.” Responde.
    “E para deter Bael?” Pergunta de imediato, e o charmoso demônio só abaixa a cabeça. “Yaweh era só mais 
    um Deus, mas Bael tem o poder do
    nosso avô.” Mostra-se um pouco decepcionado.
    “Então estamos fadados a nos 
    Render a ele?” Volta a interrogá-lo. “Não, se nós separarmos a chama
    de Zebub dele” Lhe dá uma 
    saída.
    “Que bom. Porquê eu consegui.” Ela o surpreende, e o faz sorrir. “Isso explica a aparência nova e soturna. Mas como?” Não consegue deixar de sentir 
    curiosidade.
    “Longa história. Só que em resumo: Ele me fez receber um poder, que acreditou que eu lhe entregaria, para voltar a ser
    reconhecida.” Conta-lhe com
    tristeza.
    “Tocou na sua maior ferida, e você quase lhe entregou, mas no fim se virou contra ele, e conseguiu roubar o poder do seu avô de volta.” Conclui, e ela
    se envergonha por quase 
    cair.
    “Exatamente, e estou amando cada segundo que desfruto com você, mas eu preciso voltar pro outro lado, antes que os poderes extremos do universo, me 
    despedacem, e gerem mais uma dimensão.” Responde se 
    afastando.
    “O quê vai fazer?” Lhe pergunta com
    certa preocupação, pois tal poder iria de fato matá-la para sempre. “Eu não sei,
    só sei que preciso consertar o mundo
    antes que seja tarde demais” Lhe
    diz, e ele a pega pelo 
    pulso.
    “Luciféria, tome cuidado.” Pede-lhe 
    com medo, e esta sorri sem vontade, se
    distanciando dele, até acordar num
    suspiro profundo.
    “Nahemah.” É a primeira palavra 
    que ouve, e já se irrita. “Já disse que é Isis.” Diz acordando num tapete, e olha para os seus pais, que estavam lhe
    esperando aflitos.
    “Precisamos fazer alguma coisa logo.”
    É o quê diz ao acordar, e então a mãe se ajoelha ao seu lado, empurrando o arcanjo para longe.
    “A sua avó deve saber o quê é melhor”
    Responde-lhe, e então a menina grita em desespero, sentindo o raio de Caos saindo do seu corpo. “Idiota. Achou
    mesmo que tinha domado o Caos
    por completo” Ouve-se na
    escuridão.
    E todos se preparam para lutar, mas
    o demônio gargalha, e rouba a menina diante dos seus olhos, tornando-a sua refém ao prendê-la contra o
    peito.
    “Se machucar a minha garotinha, 
    vai se arrepender do dia que saiu da prisão!” É o quê Lúcifer brada, com a saliva de ódio, escorrendo pelos
    lábios.
    “Ora irmãozinho, por quê eu destruiria alguém tão preciosa?” Pergunta-lhe ao tocar no rosto assustado da dama, que não consegue reagir, porquê ele está
    sufocando seu poder, tornando-o
    nulo.
    “Achou que meu propósito era 
    oferecer um pacto?” Pergunta para a jovem, e esta é libertada somente para falar. “Na, não era?” Responde ainda em pânico. “Não, eu queria que me
    sugasse a energia, para ter o total
    controle de você.” Revela.
    “Por, por quê?” Sussurra com a voz fraca, mostrando-se debilitada. “Oras por quê Harmonia fez o quê eu queria, te deu o poder da filha morta, para
    libertar Yaweh.” Continua  a
    falar.
    “O único poder que poderia atravessar o tempo, e tirar toda a minha capacidade.” Sorri, pegando no cabelo da jovem, que era estava ondulado, progredindo para o liso.
    “Mas... você, você disse que a vovó só me entregou a essência, não, não a  chama.”  O contesta, e este 
    gargalha.
    “E você é tão tola que acreditou.” A insulta, ainda atento ao possível ataque 
    que Lilith, Lúcifer, e Miguel planejavam com o olhar. “A mulher que vi...?” Se
    pergunta.
    “Era a Deusa que se foi. Ilusionismo necromântico, seu pai e eu fazíamos na infância, antes de Yaweh me prender, e o torná-lo o favorito.” Se interpõe, e
    a dama olha para o pai.
    “Isso é entre nós dois Bael. Sempre foi
    , achei que o tempo o faria amadurecer, 
    mas vejo que apenas apodreceu.” O 
    ofende, e este ri com escárnio.
    “Que seja. Mas vamos ver como a
     sua amada filha vai se sair no meu lugar!” Responde, e aperta a cabeça
    da menina, gerando uma corrente
    elétrica, que afeta os seus 
    nervos.
    A dama grita desesperada, e quando
    está livre para usar os seus poderes, ele volta a anulá-los. “Solte-a agora!” Grita
    o imperador dos demônios, e o arcanjo
    assisti aquilo, pronto para reagir.
    Só que Lilith pela primeira vez, em 
    um gesto de compaixão, segura no seu
    ombro, impedindo-o de se arriscar. Ele
    é o único dentre os três, que poderia
    servir de agente duplo.
    Já tinha provado que faria qualquer
    coisa por sua filha, e por isso embora ele tenha tentado proteger Azazel, o
    grande traidor, certamente iria 
    lhe chamar de volta.
    Só que se atacasse neste momento,
    iria colocar tudo a perder, e Luciféria não teria nenhum amigo, para lhe
    ajudar a escapar.
    A menina urra e seus olhos sangram
    com tanta intensidade, que o sangue se
    parece com tinta negra. Ela vai para o
    seu próprio inferno, no qual volta
    a reviver o dia que traiu
    Miguel.
    A cada segundo o impacto dele 
    contra o seu corpo, se repete, se iniciando apenas na hora que
    lhe causa dor.
    E desta vez é pior, pois ela sente algo
    dentro do seu corpo, mas vê o arcanjo ao longe, apenas observando tudo
    sem mover um dedo para 
    ajudar.
    Ao olhar para cima, descobre que 
    quem está montado sob as suas costas
    é o próprio Bael, e que seus olhos estão brancos como a luz solar. “Faça o quê
    lhe ordeno” Diz como se comandasse
    alguém.
    Num outro quarto escuro, há uma cortina caída sob a cama, e uma moça
    ruiva como Luciféria, sobe nos lençóis.
    Ela tira as roupas do pai, e se deleita
    em seus braços, fazendo-o lhe
    penetrar.
    “O quê?” Luciféria se  pergunta,
    vendo tal cena, não era sua mãe ali, não chegava nem perto disso. Era uma menininha de 1700 anos, só que ao
    vê-la, sua mãe lhe chamava de
    “Luciféria”.
    “Não! Não sou eu!” Ela esbraveja, horrorizada, tentando escapar do seu torturador, e este sorri deixando-a ali
    estirada, enquanto chama o arcanjo
    , para tomar o seu lugar.
    “Está feito. O coração de Cerridwen
    não será o mesmo, e logo Luciféria será
    destruída meu pai.” Diz o anjo com tanta felicidade, que assusta.
    “Você não falou que a destruíria!”
    Miguel se impõe entre Bael e Yaweh, e o executor se retira, deixando o pai e
    o filho discutirem.
    “Pai por quê fez isso comigo?” 
    A ruiva sussurra, e Yaweh e Miguel correm ao seu encontro, e ambos lhe
    fazem esquecer o ocorrido, dando-lhe
    novas memórias, aquelas que ela
    se lembrava antes.
    “Luciféria nunca mais pisará no meu
    castelo.” Diz uma voz familiar, e agora
    a jovem vê a floresta negra, na qual 
    ocorre um encontro.
    É a sua irmã mais nova, Lilá que está
    conspirando com Bael. E isto faz com a jovem grite, porquê a menina além de
    ter o seu sangue, era a sua melhor
    amiga, e tinha lhe traído.
    “Por quê ela fez isso?! Logo eu que sempre a protegi das represálias de nossa mamãe, e os castigos de
    papai!” Isso lhe atordoa.
    “Por quê!?” Ruge e os fatos se 
    repetem outra vez. Voltando sempre para a traição e o estupro, até que
    ela não suporta. “Por favor!” 
    Ela implora.
    “Por favor Bael faz isso parar!”
     As lágrimas vermelhas escorrem pelo seu rosto, e o deus sorri. “Como desejar.” Diz ele.
    Então todo o pesadelo se desfaz, 
    e se transforma num paraíso perfeito,
    no qual ela e Azazel estão felizes, e
    há um novo deus, o seu pai que
    trás felicidade a todos.
    Os gritos cessam, e ela fica em silêncio.
    Lúcifer observa aquilo com cautela. “O quê fez a Ela?” Pergunta entre dentes.
    “Apenas a mandei para um mundo
    maravilhoso.” Responde, e seus
    olhos ficam sombrios.
    “Luciféria, ataque-os!” Ordena, e os
    olhos da jovem brilham como neon, até carregar duas esferas de energia violeta nas palmas. “Nahemah..Não...” Miguel
    implora, lutando para não reagir, e
    a bela voa na sua direção.
    “Você não vai destruir os meus 
    pais!” Grita enquanto o ataca, mostrando que claramente não está naquela dimensão.
    O soldado, segura seus punhos, mas
     a dama lhe acerta o chute. “Vocês são
    Monstros! Devem ser exterminados!”
    Continua a atacá-lo violentamente,
    com voz de trovão.
    Lilith e Lúcifer se entreolham, e 
    ambos unem forças para atacar Bael. Eles voam na direção do senhor dos
    raios, e aterrissam transformados
    em dragões , só que o ser ri, e
    também muda de
    forma.
    Na forma de um ser com patas de elefante, e o corpo gigantesco, com vários tentáculos do rosto, e asas de morcego. Ao vê-lo, os dragões 
    arrancam-lhe a cabeça.
    Porém este gargalha, e o crânio 
    se refaz. A criatura solta um rugido forte, e os atordoa ao ponto dos 
    seres voltarem a forma 
    humana.
    “Behemoth.” Diz Lúcifer, e o Demônio 
    ri daquilo. “Com todo o poder de Caos e o universo, e você ainda lembra deste nome ridículo.” A criatura caminha,
    cercando-o.
    “Foi como nosso pai o chamou, quando atingiu a sua verdadeira forma irmão.” O eterno rei responde. “De fato, mas
    não altera a questão.” Retruca, e
    o ataca.
    Porém Lilith cria um escudo, e o impede de ser atingido. “Deixará sua mulher, te salvar mesmo?” O provoca, e este ri. “De forma alguma.” Olha para a
    bela, e esta entende o 
    recado.
    “Iremos resolver este problema 
    juntos!” Grita e os dois atacam em
    sincronia, atirando-lhe um raio, no
    meio de um dos 5 corações, que
    rapidamente se regenera.
    “Nahemah.” O arcanjo segura o punho
    da princesa, e bloqueia suas pernas. Ela podia ter grande energia, mas ele foi
    o seu mestre, e sabia como
    pará-la.
    “Vocês são monstros!” Esbraveja, sentindo-se vulnerável. “Acorda...Lucy.”
    O anjo segura-lhe o rosto, enquanto
    prende seus finos pulsos, com 
    a outra mão.
    “Como sabe o meu nome criatura?” 
    Pergunta-lhe claramente assombrada
    com a descoberta. “Porquê não sou um
    demônio.” A imagem do ser horrendo
    desvanece, e ela volta para o tempo
    atual.
    “Para onde me trouxe demônio?!”
    Ela grita, se afastando dele. “Lucy.” O
    ser a agarra. “Este é o mundo real. Não
    o outro.” Ele tenta fazê-la perceber que
    era tudo ilusão. “Do quê está falando?
    Num momento estou em casa, e no
    outro aqui não faz sentido.” É o
    quê lhe fala com desagrado.
    “Aquele lugar não é a sua casa.” Ele lhe responde. “É claro que é. É o lugar que o meu avô cedeu ao meu pai, depois de o perdoar por seus pecados.” Ela mostra
    está distante da realidade.
    “O quê? Não! Yaweh nunca perdoo
    Lúcifer! E por isso você sofreu, e eu tive
    parte no seu sofrimento.” O pobre se
    esforça para fazê-la lembrar, mas
    está evidente que não irá
    conseguir.
    “Yaweh perdoo meu pai sim! E ele e
    a minha mãe foram felizes! Assim como
    sou com o meu único amado Azazel.” A
    última frase, é como uma flecha 
    que o dilacera.
    “Você nunca se apaixonou por 
    mim, digo por Miguel?” Ele pergunta preocupado com o quê iria ouvir. 
    “Está louco? Miguel é meu tio, e 
    O marido da minha querida prima, a 
    quem eu nunca trairia.” Responde, 
    certamente o vendo como um
    ser das sombras.
    “Então no seu mundo perfeito, 
    nós nunca tivemos nada.” Aquelas
    palavras trazem dor ao arcanjo, e
    este se torna sombrio.
    “Com você nada mesmo demônio.”
    Ela responde sem pensar duas vezes,
    e ele abre as asas, levando-a para fora com o brilho no olhar, que lhe era bem conhecido. Era raiva, raiva provocada
    pela rejeição, pela dor, e o medo.
    “Tio o quê planeja?!” Ela grita, ao
    sentir os braços dele entorno dela, e vê que estava com Miguel, e não uma criatura grotesca.
     “Eu não sou um demônio. Demônios não tem asas de penas.” Responde, 
    e seus olhos se encontram.
    “Certo, tem anjos maus no reino do terrível Ismael, isso faz de você um demônio.” Ela o corrige, e este 
    sorri com furor. 
    “Não é o caso.” Levanta voo, em rumo
    a lua, que estava cheia.
    “Então o quê quer?! Yaweh não 
    gostará desta brincadeira.” Ela fica assustada ao ver o quanto estão
    distantes do chão.
    “Não me importo.” Retruca, e a
    moça fica incrédula. “Só quero que
    se lembre de mim outra vez.” É o quê diz, e a larga entre as nuvens. “Louco!
    O quê está fazendo?!” Berra, ao ser
    jogada há 50 mil pés do solo.
    “Eu não sou o marido de Eke!” Ele a
    pega nos braços. “O quê? É claro que é! Harmonia os uniu! Eu vi o casamento!” 
    Ela responde, se debatendo em seus
    braços, e este a solta outra vez.
    “Socorro!” Ela urra temendo a distância entre a areia e o seu corpo. “Eu fui o Seu noivo!” Ele conta. “Não foi nada! Só tive Azazel na minha vida!” Ela grita, e de
    novo, ele a deixa cair.
    “Você foi minha, e eu te amei, como você me amou!” Ele revela, e isso faz com ela sinta uma pontada no peito.
    “Eu não...Por favor para!” Ela lhe
    implora, antes que ele volte
    a arremessá-la.
    “Não sei que poção te deram. Mas 
    você está confundindo toda a história. Eke é a sua paixão, e a única que você ama!” Ela o pega pela gola da camisa, que fica embaixo da armadura, ele
    em desespero, olha-lhe com
    medo.
    Seus antebraços se enrijecem, e as
    mãos a puxam para o peito, enquanto
    os lábios dele, mergulham nos seus
    em um beijo roubado.
    “Como pode achar que eu amo Eke?
    Se você foi, e sempre será a mulher da minha existência.” Ele sussurra, e ela lhe dá um tapa. “Bem que Eke me
    falou que era cafajeste!” diz
    ao limpar os lábios.
    “Lucy não...” Ele diz com aqueles 
    olhos azuis de gato assustado, mas ela nem se esforça para lembrar, pois tem certeza de quê está certa. “Eu não 
    sou nada do quê pensa.” Se
    defende.
    “Eu te defendi pra Ela. Disse minha prima Ele só tem olhos para Você, e é assim que me retribui? Fazendo com que seja uma das suas conquistas?!” A dama rebate, demonstrando sua
    raiva.
    “Eu e você somos amigos?” Ele lhe pergunta. “Sim, éramos. Azazel não irá gostar disso, nem Eke, e eu não posso seguir sabendo de suas intenções 
    insidiosas.” Ela responde, e isso 
    de certa forma o entristece. 
    No mundo real eles eram um par, e 
    se amavam intensamente. No perfeito 
    nunca deram sequer um beijo. Porquê
    se juntaram a outros pares, e ele
    não passa de um canalha.
    “É assim que é perfeito para ti Lucy?”
    Ele questiona. “Não ter nenhum tipo de envolvimento, com o pior marido que há? Sim.” Ela fala sem sequer 
    analisar.
    “Tudo bem. Me perdoe pelo beijo, 
    vamos fingir que não aconteceu.” Ele
    cede ao mundo em que ela quer viver,
    mesmo que isso o machuque, e que
    não seja o seu desejo.
    “Não posso. Eke é como uma irmã
    que nunca tive, seria errado.” Ela lhe
    diz. “Faça o quê achar melhor.” Ele
    responde com voz fraca e sem
    ânimo.
    “O melhor, é você voltar pra sua 
    mulher, e nunca mais se aproximar 
    de mim.” Ela responde, e ele só
    balança a cabeça.
    “Como quiser.” Ele pousa na areia,
    e a deixa ir. “Não me levará de volta pra casa?” Lhe inquire. “Você vai achar o seu caminho, tenho certeza.” Diz
    deixando-a para trás.
    “Nem sei onde estou. Este lugar tão sombrio, cheio de lama e lodo, me dá calafrios.” Caminha ao lado dele, e este ri sem vontade, de fato ela permanece presa ao controle de Bael. “Se sou
    tão ruim...” Inicia descendo 
    a montanha.
    “Por quê está seguindo comigo?” Ele
    ergue a sobrancelha, curioso pelo que há de vir. “Eu não conheço este lugar,
    e Yaweh te nomeou, um dos seus
    generais.” Diz de imediato.
    “Ah tá.” Respira fundo, Bael foi bem esperto, deu a ela elementos reais, só para garantir que jamais acordaria. “O beijo foi ruim?” Ele pergunta. “Não
    quero falar.” Responde com
    indiferença.
    No fundo se sente envergonhada, no
    mundo perfeito, jamais tinha beijado a outro anjo, pois seu corpo e espírito,
    eram somente do marido.
    “Se não responder, serei obrigado a
    fazê-lo outra vez.” Ele brinca, e a bela congela. “Por quê é importante? Eke 
    me disse que já beijou várias.” 
    Tenta desviar o assunto.
    “Várias me beijaram, mas eu só 
    beijei uma.” Ele a corrige, e ela o ignora. “A sua mulher.” Responde seca. “É, se 
    é no quê quer acreditar.” O soldado 
    do céu, revira os olhos, com o 
    seu sorriso maldoso.
    “O quê quer comigo?! Por quê veio
    me perturbar tão de repente?!” Ela o inquire, movendo os braços, e ele a
    joga contra o ar, prendendo-a
    aos seus braços.
    Para ela, foi jogada contra a árvore
    , e esta desapareceu. Sua mente fica a falhar, e cenas sombrias dominam a sua cabeça. “Eu quero que lembre de mim.”
    Ouve ao longe, vendo a sua verdadeira
    vida, se passando como um filme
    antigo.
    Uma dor extrema, lhe faz fraquejar,
    e gritar aos ventos. Ao ver que surtiu 
    efeito, ele tenta elevar o choque, e
    a abraça forte.
    Novamente os lábios dele, vão de encontro aos seus, e ela o empurra em pânico. “Miguel você perdeu o parafuso foi?! O outro beijo foi só para diminuir a carga de Harmonia, não confunda as coisas !” Grita, e ao ver que voltou 
    ao normal, ele volta a beijá-la
     de alegria.
    “Você voltou!” Ele a cumprimenta, e
    esta o estranha. Do quê estava falando
    ? E onde estavam? Eram perguntas que não se calavam. “É uma longa história.
    E o beijo foi necessário.” Ele responde
    , e sai com um sorrisinho de
    vitória.
    “Volta aqui, pervertido.” Ela o segue, 
    e ele vira. “Quer repetir a dose?” Ergue a sobrancelha, sentindo-se atraente e
    irresistível. “Não.” Diz friamente,
    e ele continua rindo.
    “Está agindo como um idiota.” Ela o
    julga, mas a felicidade dele é tanta, que
    isso não o atinge. “Um idiota feliz, por
    saber que minha amada, voltou a
    se lembrar de mim” Lhe
    diz.
    “Está amando outra pessoa? Porquê
    eu não lembro de ti!” Ela fica defensiva,
    e ele outra vez a agarra. “Eu sei que se
    lembra. Não adianta esconder.” Diz
    olhando-a no fundo dos 
    olhos.
    “Um beijo pra não morrer, e fica assim.”
    Ela o desdenha. “Três beijos na verdade. 
    Para te fazer lembrar de mim.” Retruca.
    “Três?!” Ela se horroriza. “Ou mais.”
    Passa na frente dela, com o
    olhar confiante.
    “Você deve beijar mal mesmo. Por isso
    demorou tanto para eu voltar” Brinca, e ele olha sério para ela. “Quer testar ?”
    Questiona, e ela nega repetidas
    vezes.
    “Então não diga mentiras.” Segue
    bem animado, levando-a para longe do conflito. Infelizmente sua felicidade não dura, a grande luz os cega, ele se põe
    na sua frente, e segura-lhe atrás
    dele.
    “Nahemah Lilith.” Diz a voz de Bael, 
    e esta retorna para o seu controle, deixando o arcanjo, para seguir
    com o novo Deus.
    “Lucy não!” O arcanjo diz ao vê-la
    indo para os braços do demônio, que
    a acolhe, e diz algo no seu ouvido,
    que o guerreiro não é capaz
    de entender.
    A dama então voa na direção dele,
    e passa direto, indo até os humanos
    que assassina um a um, drenando
    o sangue deles, com uma única
    mordida.
    Quando não, os abre ao meio com
    um sorriso macabro, tendo piedade dos bebês, mas não dos adolescentes, aos
    quais acerta golpes, que são fortes
    para arrancar-lhes o 
    coração.
    Devido a alguma frase que o sol 
    negro lhe disse, ela assassina mais de
    mil pessoas, em questão de minutos, e
    pouco á pouco, vai pintando o mundo
    de sangue inocente e culpado, até
    restar só os que seguem a
    Bael. 
    Fim?
  • Bem-vindo ao Mundo Fantástico

    Minhas produções preferidas na cultura pop são àquelas voltadas para a ficção fantástica. Esse tipo de obra reúne a fantasia, a ficção científica e o terror, somado aos seus mais variados subgêneros. Particularmente, produzo nas três vertentes, mas as que mais me dão prazer é a fantasia e a ficção científica, pois, esses dois me dão maior sensação de maravilhamento, motivo maior pelo qual os lemos.
                A fantasia brasileira nunca esteve tão ema alta como está agora. Desde antes do fim da primeira década desse século, já a partir de 2012, centenas ou até milhares de títulos de fantasia foram lançados no mercado editorial brasileiro pelos patrícios. O RPG de mesa, e outros board games que todos julgavam obsoletos tiveram incríveis mudanças e o ganho de um novo público. O mercado da fantasia se revigora em todas as frentes.
                Quando conheci a Cartola Editora através do site Antologias Abertas, fiquei surpreso e feliz da casa editorial se valer do financiamento coletivo para publicar os seus livros. Método esse que havia não apenas previsto, mas também proposto em artigos sobre escrita e publicação. Assim há maior engajamento dos leitores, desoneração dos autores e o tão esperado financiamento da editora.
                Para uma jovem editora como a Cartola Editora, o financiamento coletivo para além de uma necessidade é uma forma inovadora de produzir livros. Com alta aceitação de ambas as partes, eu incluso. Voltando ao site, reparei que durante o ano de 2019, a editora se propôs a publicar uma antologia por mês. A primeira tinha como tema a fantasia. Jamais perderia uma oportunidade dessa!
                A antologia O Encontro dos Mundos Fantásticos, organizada pela editora e uma das fundadoras, Janaina Storfe, recebeu o meu conto Caon contra o quibungo. Esse conto é uma fantasia que se passa no período Pré-Colonial. Conta o tipo de história que eu gostaria de ler mais: uma tribo indígena chamada Caiang recebe a visita de uma poderosa criatura, o quibungo Notala. Ele rapta o filho de Píriti, o morubixaba e exige um poderoso artefato em troca do garoto. Com a vida de seu filho em risco, ele recorre a Inteligência através da força. Para minha felicidade, meu conto foi aprovado.
                Depois do período dos trâmites legais, financiamos a obra durante um mês. Arrecadamos o dobro da meta, com direito a lançamento e tudo mais. Quando o livro chegou, mal pude acreditar na qualidade gráfica do livro, sem contar a seleção de textos maravilhosos da Janaina Storfe e a capa fenomenal do Rodrigo Barros, mais conhecido como Rodo, um dos editores e fundadores da antologia.
                Como toda coletânea de contos, vemos diversos estilos narrativos e subgêneros de fantasia. Alguns até de realismo mágico, o que também não deixa de ser fantasia. Eu gostei muito do resultado e fico feliz de dividir espaço com tantos escritores talentosos. Nenhum conto sou destoante da antologia. Há contos para todos os gostos, e muitos, assim como o meu, são inspirados no nosso folclore e se passam no Brasil.
                Como sempre faço em resenhas de antologias longas como essa, vou analisar dois contos que eu mais gostei, e dois que eu menos gostei. Esses critérios são subjetivos e visam dar uma dimensão do que o leitor encontrará na obra. Isso reflete apenas a minha opinião e não é uma verdade universal. Bom e que o leitor possa ler o livro e ter sua própria opinião sobre o assunto.
                O primeiro conto que eu mais gostei é A maga na torre, conto da Thaís Scuissiatto. Para mim, foi em termos de roteiro, o mais inteligente. Ada, uma neófita em magia está prestes a cumprir uma última prova para se tornar uma maga de verdade. Um Conselho de três magos a leva para o topo de uma torre e dão um prazo de três dias para ela descer até a campina, usando apenas as suas habilidades e estranhos objetos dispostos numa mesa. Qual dos estranhos artefato ela vai escolher e como ela conseguirá cumprir sua missão antes do prazo se esgotar? Parabéns a essa autora, pois, para além da pirotecnia da fantasia, ela fez uma situação corriqueira algo fantástico, com muito suspense e um tirada genial.
                O segundo conto que mais gostei foi O homem, a moral e a fera, da cartolete Tábatha Gagliera. Esse é o conto que me atraí muito a minha leitura. Jamais poderia ler um texto tão rico em expressões e profundo em significados e ignorar! Com um pé no realismo mágico, vemos uma fantasia em que um certo homem faz uma viagem para dentro de si mesmo e caba se deparando com um cenário ao mesmo tempo comum e distante. Lá, duas entidades o interpelam, a primeira se apresenta como a Moral, a outra, é conhecida apenas como Fera. As duas tentam convencer o homem com diversos argumentos sobre a liberdade. Essa obra mostra que fantasia pode sim explorar e fazer debates mais profundos da nossa realidade e sobre nós mesmos. Fantasia não precisa ser desmiolada, ou non sense, ao contrário, pode filosofar e questionar também.
                Os dois contos que eu menos gostei, não significa depreciar o trabalho do colega, ao contrário, apenas tive menos conexão com Um toque de um mundo fantástico, da autora Fabiane Rodrigues da Silva. Achei a narrativa um pouco infantil e a trama não me trouxe nenhum questionamento mais profundo. Agradará um público mais infante, de fato. Alium do escritor Guilherme de Oliveira não é de todo ruim, mas parece ser um prólogo de algo maior, algo que não dá para ser desenvolvido num único conto. Um grupo de garotos chegam a um mundo fantástico, e são impedidos de voltar, ficamos sem saber quais as consequências práticas de suas vidas nesse lugar. As vezes esses finais em aberto nos dão uma sensação de quero mais, noutras uma sensação de incompletude.
                A antologia conta com 35 autores selecionados, mais um conto do Rodrigo Barros. São ao todo 43 contos, nos mais diversos subgêneros da fantasia, desde a alta fantasia até o dark fantasy, tudo disposto em ais de 200 páginas de ótima literatura. O livro possui orelhas, papel pólen 80 g/m2 e um marcador de páginas exclusivos. A obra possuí pouquíssimos erros, não são nem perceptíveis e uma segunda revisão vai tirar de letra.
  • Caia sete, levante oito vezes!

                Qual o limite entre autor e obra? Muitas vezes, não vemos determinismo entre “criador” e “criatura”, mas um estranha e até mesmo simpática inter-relação. Masashi Kishimoto com Naruto, representa sua fase inicial de carreira, alguém rejeitado, mas com um grande potencial que só queria se divertir com o que mais gostava. Samurai 8 – Hachimaruden mostra um autor consciente, porém debilitado pelas barreiras autoimpostas, mas que ainda assim se direciona a um sonho.
                As diferenças não param por aí. Naruto é uma fantasia urbana com doses de guerras épicas, que ao longo do tempo desbanca para a alta fantasia. Samurai 8 – Hachimaruden é uma mistura de histórias de samurai, cyberpunk e space opera numa deliciosa excêntrica mistura que só os mangakás sabem fazer. Mas porque comparar? Para que julgar o novo usando as medidas do velho? Vejamos o que esse samurai pode fazer!
                Aconselho a todos a lerem o capítulo zero. Nele teremos a dose de mistério e empatia pelo protagonista. O jovem Hachimaru é uma criança ciborgue que vive conectado a uma unidade de suporte vital, uma grande máquina que impede sua morte. O garoto tem condição debilitada devido as alergias e uso de próteses no lugar do braço e da perna esquerda. Sem contar a sua aicmofobia, medo de objetos perfurantes.
                Suas únicas companhias são um cachorro robótico chamado Hyatarou e seu pai, um inventor e seu “enfermeiro particular”. Logo no capítulo zero, nós temos vários elementos que poderão ajudar o leitor a se decidir se lerá ou não o novo mangá. Mas recomendo que o leitor não seja precipitado, e avance para o capítulo 1. É nessas 72 páginas, algumas delas coloridas, que veremos todo o potencial a série.
                Não espere aqui encontrar protagonistas cheios de energia ou poderosos logo de cara, o desenvolvimento do personagem se dá de modo lento e gradual. Com nuances, camadas de shonen intercaladas com drama e ficção científica. Para Hachimaru, se livrar de suas fraquezas é tão relevante quanto poder ter uma vida normal, mas o seu maior sonho é se tornar um samurai, aqueles que estão acima dos guerreiros.
                No capítulo um, o protagonista aprofunda sua condição degradante ao leitor. Quase pessimista. Chegamos a sentir as limitações de Hachimaru na pele, e como se refugia na tecnologia. É um dos poucos mangás com inserção de pessoas com necessidade especiais que já vi na vida. Sua relação com seu pai é conflituosa, e ele será o estopim da evolução de Hachimaru, claro que de modo inconsciente.
                Um encontro inesperado com um gato robótico chamado Daruma, que já foi humano, revelará os potenciais latentes do pequeno Hachimaru. O antagonista da obra, não direi “vilão” ainda, não tem nome, embora tenha marcado grande presença num primeiro capítulo tanto com sua personalidade e poder de luta. Sua inserção na trama foi eficaz e preparou terreno para muita coisa.
                Samurai 8 – Hachimaruden tem roteiros de Masashi Kishimoto e desenhos de Akira Ohkubo. O traço de Akira difere do traço mais realista e sóbrio de Naruto Shippuden e do traço mais arredondado de Mikio Ikemoto de Boruto – Naruto Next Generation. Seu desenho é limpo e plástico. Confesso que o designer das tecnologias pode causar estranheza, tem algo biotecnológico envolvido, é simples, mas funcional.
                O autor prometeu uns dez volumes da obra. Bem sabemos que promessa de mangaká não se deve levar em conta, principalmente os famosos e os que trabalham na Shonen Jump. Esses dez volumes podem virar mais de 50 exemplares fácil. Vocês acham que para salvar a galáxia atrás de sete chaves é vai levar quanto tempo? Espero que tempo suficiente para Masashi Kishimoto desenvolver uma história sem os vícios de seu mangá antecessor e possamos ver a evolução da bela arte de Akira Ohkubo.
  • Como eu estou escrevendo?

    Então aqui vou deixar um pouco do que sei escrever e quero que avaliem de 0 a 10, fiquem a vontade para dar opniões sobre o texto abaixo. Eu vou apresentar dois tipos diferentes do que eu escrevi o 1° tipo é uma história com descrição e o 2° tipo é uma sem descrição.
    Mark Krieger um garoto jovem de 17 anos com cabelos castanhos escuros e olhos castanhos claros que era um espadachim e tinha uma espada comum e morava em uma vila chamada Carmine, estava em casa ajudando sua mãe Mafalda Krag uma mulher dona de casa com cabelos castanhos e olhos castanhos com uma idade de 44 anos, quando de repente seu amigo Noah Shideki um jovem da mesma idade de Mark, Loiro e de olhos azuis e que tinha um costume de usar uma faixa na cabeça e que é um lutador de artes marciais, chega e entra dentro da casa de Mark, em seguida olha para Mark com uma cara de preocupação e começa a conversa.
    Noah: Mark preciso da sua ajuda no dojo agora. – Falava Noah preocupado
    Mark olha para Noah com atenção.
    Mark: O que aconteceu? – Falava Mark com duvida
    Noah: Alguns goblins invadiram o dojo e estão saqueando tudo que estão vendo pela frente. – Falava Noah preocupado
    Mark: Ue, mas seu avô não consegue dar conta deles, o veio é forte o suficiente para dar uma surra em um exercito de goblins e de olhos fechados ainda.
    Noah: Eu sei que o velho é forte, mas ele me deixou tomando conta do dojo e me disse: Noah tome conta do dojo enquanto eu saio pra comprar chá, se os goblins saquearem o dojo ou invadirem ele, hoje você ira dormir com hematoma em formato de bastão no meio das costas.
    Mark repara na situação de Noah e começa a rir e zuar seu amigo.
    Mark:  Hahahahahaha! Mal posso esperar para ver o Noah dormir com hematoma em formato de bastão nas costas HAHAHAHAHA! – Mark ria e zuava com a cara de Noah
    Noah: É mais tem um porem que o meu avô me disse: Se acontecer algo e seu amigo Mark recusar a ajudar, eu vou fazer questão de deixar um hematoma em formato de bastão no meio das costas dele também. – Dizia Noah olhando seriamente para Mark
    Mark fica sério e começa a refletir o que Noah disse.
    Mark: “Que droga, tomar uma surra do velho não deve ser nada bom, imagina só dormir com as costas pelando de fogo por causa da paulada que o veio vai dar nas costas, o pior ainda vai ser quando eu for tomar banho, ah mas que velho maldito”. Então vamos lá Noah não quero tomar uma surra do velho. – Falava Mark com medo de tomar uma surra do avô de Noah
    Noah: Eu também não quero tomar uma paulada nas costas, então vamos rápido antes que os goblins fujam. – Falava Noah também com medo de tomar uma surra de seu avô
    Em seguida os meninos saem daquela casa, enquanto os meninos saiam de casa a mãe de Mark olha para ele e diz.
    Mafalda: Mark não volte muito tarde para casa, e juízo nessas cabeças. – Falava mãe de Mark sorrindo
    E Mark enquanto saia de casa olha para sua mãe e dizia em voz alta.
    Mark: OK MÃE, TCHAU – Falava Mark saindo de casa
    Noah e Mark vão correndo até o dojo do clã Shideki um lugar onde os membros do clã Shideki treinam artes marciais, chegando lá encontram 5 goblins, sendo 4 deles armados com uma adaga e o outro armado com um arco e flecha, eles estavam roubando as coisas do lugar, Noah assim que se depara com aquela cena fala em voz alta com os goblins.
    Um goblin são criaturas geralmente verdes que se assemelham a duendes.
    Noah: EI SEUS IDIOTAS PAREM O QUE ESTÃO FAZENDO AGORA!!! – Dizia Noah um pouco furioso
    Os goblins olham para o Noah e começam a rir da cara dele e o goblin que estava com arco e flecha começa a falar com Noah.
    Goblin arqueiro: Acha mesmo que vamos parar o que estamos fazendo só por que um pirralho disse? –Falava o Goblin arqueiro tirando sarro da cara de Noah com seus companheiros goblins. “Garoto insolente acha mesmo que vamos parar de roubar esse dojo só por que ele quer, vou ensinar uma lição a esse moleque” – Pensava o Goblin arqueiro.
    O goblin arqueiro aponta o dedo para o Noah e Mark e ordena os outros 4 goblins.
    Goblin Arqueiro: Vamos rapazes ensinem uma lição a esse garoto. – Falava o goblin enquanto apontava o dedo para Noah e Mark
    Goblin com adaga: Sim chefe, vamos ensinar a esse garoto a não se meter com a gente. – Falava um dos goblins que estavam armados com uma adaga.
    Os 4 goblins vão em direção ao Mark e Noah, Noah na hora começa a sussurrar com Mark sobre um plano
    Noah: Mark presta atenção, você fica com os dois goblins que estão vindo pela esquerda que eu pego os outros dois que estão vindo pela direita. – Sussurrava Noah.
    Mark concorda com a ideia de Noah fazendo um sinal positivo com o polegar, e em seguida Mark avança pela esquerda e Noah pela direita, em seguida Mark desembainha sua espada e vai em direção dos dois goblins e executa uma técnica em um deles.
    Mark: GOLPE CONCENTRADOOOO!!! – Dizia Mark ao concentrar realizar um golpe especial.
    Mark consegue acertar o goblin bem no meio do peito com seu golpe concentrado, em seguida o outro goblin vem em sua direção  e grita em voz alta.
    Goblin com adaga: MORRA SEU PIRRALHO MALDITO!!! – Gritava o goblin com Mark
    Mark enxerga o movimento do goblin e consegue desviar rapidamente, e em seguida Mark realiza um golpe normal no primeiro goblin que ele atacou, e logo depois o goblin desmaia por não resistir aos golpes que sofreu, em seguida o goblin arqueiro mira em Mark e o acerta com uma flecha na perna direita na região da coxa, e Mark sente uma dor bem forte na sua coxa direita devido a flechada e grita.
    Mark: CARALHO VELHO, ISSO DÓI PRA PORRA MANOOO!!! –Gritava Mark sentindo muita dor
    No momento em que Mark se distrai devido a dor que sente na sua coxa direita o goblin vai para cima dele e tenta realizar um ataque, só que Noah chega a tempo e consegue realizar uma técnica especial.
    Noah: SOCO CONCENTRADO!!! – Dizia Noah ao efetuar sua técnica de combate para acertar o goblin
    O goblin fica atordoado devido ao golpe forte que ele levou na cabeça e quase desmaia, em seguida o goblin arqueiro com medo da uma ordem aos outros goblins
    Goblin arqueiro: Vamos embora rapazes esses pirralhos são demais para nós.
    Em seguida todos os goblins se levantam e vão embora deixando as coisas que eles iam roubar. Enquanto os goblins fugiam Mark gritava de dor e pedia para Noah ir ajuda-lo
    Mark: EI NOAH SERÁ QUE VOCÊ PODERIA MEU AJUDAR, CARA EU TÔ COM UMA FELCHA ENFIADA NA MINHA COXA DIREITA ME AJUDA PORRA!!! – Gritava Mark sentindo muita dor
    Noah: Calma Mark vou olhar se aqui no dojo tem o kit de primeiros socorros que meu avô guarda – Procurava Noah um kit de primeiro socorros
    Mark: VAMOS LOGO CARA EU NÃO TENHO O DIA TODO – Gritava Mark enquanto Noah procurava o kit de primeiros socorros
    Noah: Achei, esse aqui deve servir – Falava Noah quando achou o kit de primeiros socorros
    Em seguida Noah vem em direção de Mark e começa a fazer os curativos
    Mark: Vai doer muito? – Perguntava Mark com um pouco de preocupação
    Noah: Acho que vai, mas você já passou pelo pior então não vai doer tanto assim – Dizia Noah enquanto preparava os curativos para fazer em Mark.
    Mark: Nossa cara olha como esse dojo ta uma bagunça, o velho vai bater na gente será? “Imagina só a força que aquele velho tem, uma paulada de bastão nas costas deve doer até na alma” – Perguntava Mark e em seguida pensava, enquanto Noah fazia os curativos.
    Noah: É só a gente arrumar isso aqui rapidinho que o velho nem vai saber o que aconteceu – Dizia Noah sorrindo e finalizava a frase com um sinal positivo com o polegar
    Mark e Noah começaram a arrumar a bagunça que estava do dojo enquanto conversavam
    Mark: Noah cadê o pessoal que treinava aqui no dojo? – Perguntava Mark
    Noah: Eu não sei para onde eles foram exatamente, pois alguns foram até a capital da região e outros foram pra Nagasun fazer o teste para se tornar samurai e alguns para se tornar monge ou melhorar as artes marciais.
    Nagasun é uma região que fica ao extremo norte, uma cidade com uma cultura e visual oriental, onde também é realizado o teste para se tornar samurai,ninja e monge. Há também outros tipos de testes que guerreiros vão atrás para se tornar, mas a maioria que vai para a capital de Nagasun procura sempre se tornar as 3 classes citadas.
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    Agora irei colocar um sem descrição
    Mark Krieger um garoto jovem de 17 anos com cabelos castanhos escuros e olhos castanhos claros que era um espadachim e tinha uma espada comum e morava em uma vila chamada Carmine, estava em casa ajudando sua mãe Mafalda Krag uma mulher dona de casa com cabelos castanhos e olhos castanhos com uma idade de 44 anos, quando de repente seu amigo Noah Shideki um jovem da mesma idade de Mark, Loiro e de olhos azuis e que tinha um costume de usar uma faixa na cabeça e que é um lutador de artes marciais, chega e entra dentro da casa de Mark, em seguida olha para Mark com uma cara de preocupação e começa a conversa.
    Noah: Mark preciso da sua ajuda no dojo agora. – Falava Noah preocupado
    Mark olha para Noah com atenção.
    Mark: O que aconteceu? – Falava Mark com duvida
    Noah: Alguns goblins invadiram o dojo e estão saqueando tudo que estão vendo pela frente. – Falava Noah preocupado
    Mark: Ue, mas seu avô não consegue dar conta deles, o veio é forte o suficiente para dar uma surra em um exercito de goblins e de olhos fechados ainda.
    Noah: Eu sei que o velho é forte, mas ele me deixou tomando conta do dojo e me disse: Noah tome conta do dojo enquanto eu saio pra comprar chá, se os goblins saquearem o dojo ou invadirem ele, hoje você ira dormir com hematoma em formato de bastão no meio das costas.
    Mark repara na situação de Noah e começa a rir e zuar seu amigo.
    Mark:  Hahahahahaha! Mal posso esperar para ver o Noah dormir com hematoma em formato de bastão nas costas HAHAHAHAHA! – Mark ria e zuava com a cara de Noah
    Noah: É mais tem um porem que o meu avô me disse: Se acontecer algo e seu amigo Mark recusar a ajudar, eu vou fazer questão de deixar um hematoma em formato de bastão no meio das costas dele também. – Dizia Noah olhando seriamente para Mark
    Mark fica sério e começa a refletir o que Noah disse.
    Mark: “Que droga, tomar uma surra do velho não deve ser nada bom, imagina só dormir com as costas pelando de fogo por causa da paulada que o veio vai dar nas costas, o pior ainda vai ser quando eu for tomar banho, ah mas que velho maldito”. Então vamos lá Noah não quero tomar uma surra do velho. – Falava Mark com medo de tomar uma surra do avô de Noah
    Noah: Eu também não quero tomar uma paulada nas costas, então vamos rápido antes que os goblins fujam. – Falava Noah também com medo de tomar uma surra de seu avô
    Em seguida os meninos saem daquela casa, enquanto os meninos saiam de casa a mãe de Mark olha para ele e diz.
    Mafalda: Mark não volte muito tarde para casa, e juízo nessas cabeças. – Falava mãe de Mark sorrindo
    E Mark enquanto saia de casa olha para sua mãe e dizia em voz alta.
    Mark: OK MÃE, TCHAU – Falava Mark saindo de casa
    Noah e Mark vão correndo até o dojo do clã Shideki um lugar onde os membros do clã Shideki treinam artes marciais, chegando lá encontram 5 goblins, sendo 4 deles armados com uma adaga e o outro armado com um arco e flecha, eles estavam roubando as coisas do lugar, Noah assim que se depara com aquela cena fala em voz alta com os goblins.
    Noah: EI SEUS IDIOTAS PAREM O QUE ESTÃO FAZENDO AGORA!!! – Dizia Noah um pouco furioso
    Os goblins olham para o Noah e começam a rir da cara dele e o goblin que estava com arco e flecha começa a falar com Noah.
    Goblin arqueiro: Acha mesmo que vamos parar o que estamos fazendo só por que um pirralho disse? –Falava o Goblin arqueiro tirando sarro da cara de Noah com seus companheiros goblins. “Garoto insolente acha mesmo que vamos parar de roubar esse dojo só por que ele quer, vou ensinar uma lição a esse moleque” – Pensava o Goblin arqueiro.
    O goblin arqueiro aponta o dedo para o Noah e Mark e ordena os outros 4 goblins.
    Goblin Arqueiro: Vamos rapazes ensinem uma lição a esse garoto. – Falava o goblin enquanto apontava o dedo para Noah e Mark
    Goblin com adaga: Sim chefe, vamos ensinar a esse garoto a não se meter com a gente. – Falava um dos goblins que estavam armados com uma adaga.
    Os 4 goblins vão em direção ao Mark e Noah, Noah na hora começa a sussurrar com Mark sobre um plano
    Noah: Mark presta atenção, você fica com os dois goblins que estão vindo pela esquerda que eu pego os outros dois que estão vindo pela direita. – Sussurrava Noah.
    Mark concorda com a ideia de Noah fazendo um sinal positivo com o polegar, e em seguida Mark avança pela esquerda e Noah pela direita, em seguida Mark desembainha sua espada e vai em direção dos dois goblins e executa uma técnica em um deles.
    Mark: GOLPE CONCENTRADOOOO!!! – Dizia Mark ao concentrar realizar um golpe especial.
    Mark consegue acertar o goblin bem no meio do peito com seu golpe concentrado, em seguida o outro goblin vem em sua direção  e grita em voz alta.
    Goblin com adaga: MORRA SEU PIRRALHO MALDITO!!! – Gritava o goblin com Mark
    Mark enxerga o movimento do goblin e consegue desviar rapidamente, e em seguida Mark realiza um golpe normal no primeiro goblin que ele atacou, e logo depois o goblin desmaia por não resistir aos golpes que sofreu, em seguida o goblin arqueiro mira em Mark e o acerta com uma flecha na perna direita na região da coxa, e Mark sente uma dor bem forte na sua coxa direita devido a flechada e grita.
    Mark: CARALHO VELHO, ISSO DÓI PRA PORRA MANOOO!!! –Gritava Mark sentindo muita dor
    No momento em que Mark se distrai devido a dor que sente na sua coxa direita o goblin vai para cima dele e tenta realizar um ataque, só que Noah chega a tempo e consegue realizar uma técnica especial.
    Noah: SOCO CONCENTRADO!!! – Dizia Noah ao efetuar sua técnica de combate para acertar o goblin
    O goblin fica atordoado devido ao golpe forte que ele levou na cabeça e quase desmaia, em seguida o goblin arqueiro com medo da uma ordem aos outros goblins
    Goblin arqueiro: Vamos embora rapazes esses pirralhos são demais para nós.
    Em seguida todos os goblins se levantam e vão embora deixando as coisas que eles iam roubar. Enquanto os goblins fugiam Mark gritava de dor e pedia para Noah ir ajuda-lo
    Mark: EI NOAH SERÁ QUE VOCÊ PODERIA MEU AJUDAR, CARA EU TÔ COM UMA FELCHA ENFIADA NA MINHA COXA DIREITA ME AJUDA PORRA!!! – Gritava Mark sentindo muita dor
    Noah: Calma Mark vou olhar se aqui no dojo tem o kit de primeiros socorros que meu avô guarda – Procurava Noah um kit de primeiro socorros
    Mark: VAMOS LOGO CARA EU NÃO TENHO O DIA TODO – Gritava Mark enquanto Noah procurava o kit de primeiros socorros
    Noah: Achei, esse aqui deve servir – Falava Noah quando achou o kit de primeiros socorros
    Em seguida Noah vem em direção de Mark e começa a fazer os curativos
    Mark: Vai doer muito? – Perguntava Mark com um pouco de preocupação
    Noah: Acho que vai, mas você já passou pelo pior então não vai doer tanto assim – Dizia Noah enquanto preparava os curativos para fazer em Mark.
    Mark: Nossa cara olha como esse dojo ta uma bagunça, o velho vai bater na gente será? “Imagina só a força que aquele velho tem, uma paulada de bastão nas costas deve doer até na alma” – Perguntava Mark e em seguida pensava, enquanto Noah fazia os curativos.
    Noah: É só a gente arrumar isso aqui rapidinho que o velho nem vai saber o que aconteceu – Dizia Noah sorrindo e finalizava a frase com um sinal positivo com o polegar
    Mark e Noah começaram a arrumar a bagunça que estava do dojo enquanto conversavam
    Mark: Noah cadê o pessoal que treinava aqui no dojo? – Perguntava Mark
    Noah: Eu não sei para onde eles foram exatamente, pois alguns foram até a capital da região e outros foram pra Nagasun fazer o teste para se tornar samurai e alguns para se tornar monge ou melhorar as artes marciais.
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    Bem isso é tudo, se alguém puder me ajudar como escrever isto melhor ou avaliar para mim eu ficaria muito grato
  • Crônicas de Clisiéia - Capítulo 1

    Tinha acabado de entrar na estalagem onde havia combinado de se encontrarem horas antes, estava coberta de lama e não queria encontrá-lo daquele jeito decadente, espiou toda a extensão da pequena estalagem até ter certeza de que ele não estava por ali ainda, não havia muitas pessoas naquele horário, dois casais no canto ao lado esquerdo que lhes dera um olhar de soslaio ignorando-a imediatamente ao ver seu estado deplorável, um brutamontes próximo à sua direita que nem se deu ao trabalho de levantar os olhos para observá-la e ninguém no canto direito, então, ele não deveria estar mesmo por ali, afinal ela tinha chego duas horas antes do combinado; expirou aliviada e se dirigiu para o balcão da estalagem onde trocou poucas palavras com a senhora sorridente que, ignorando toda a sujeira e fedor que vinha dela, lhe entregou gentilmente uma chave, a chave do quarto onde se lavaria e limparia suas coisas e talvez com sorte estaria apresentável para reencontrar a pessoa.
    Subiu as escadas calmamente ajeitando a bolsa pesada em suas costas doloridas enquanto a dona da estalagem não pôde deixar de notar o bracelete reluzente em ambos pulsos e todas as cinco adagas que carregava no cinto preso à cintura, três em cada um dos cintos presos em ambas as coxas e mais duas em cada bota de couro e metal que ressoava a cada pisada pesada que ela dava para subir as escadas, a dona se espantou ao ver que até mesmo em ambas braçadeiras a mulher, que agora terminava de subir as escadas desaparecendo acima, carregava mais três adagas, todas elas com cabos vermelhos e pedras mágicas no botão dos punhos.
    Enquanto andava pelos corredores de madeira maciça da estalagem, ela atraiu os olhos dos empregados que limpavam o estabelecimento, afinal de contas não eram nem dez da manhã, mas é o estabelecimento deveria estar apresentável para o almoço e também para o resto do dia. Ignorando os olhos arregalados dos empregados que tapavam suas bocas ou narizes conforme ela passava olhando atentamente a numeração de cada porta, olhou para a numeração da chave que recebera e não era nenhum deles, mas estava chegando perto, 90 e acabara de olhar para o número 40, devia ser o quinto quarto à sua direita, pois a numeração das portas pulava de 10 em 10. Ouviu o burburinho que se iniciou no corredor atrás de si quando ela finalmente colocou a chave na fechadura da porta para abri-la, os empregados começaram a cochichar sobre o que tinha acontecido para ela estar naquele estado ou porque ela carregava tantas adagas.
    De certa forma ela parecia uma celebridade, mesmo assim, não se importou quando finalmente fechou a porta atrás de si e observou seu quarto pequeno, uma cama de casal forrada com uma colcha de cetim, uma mesa de madeira maciça assim como o chão do quarto, uma poltrona surrada, mas que ainda parecia confortável o bastante para se deixar cair e relaxar, um espelho de frente para porta do banheiro e a pequena sacada com duas cadeiras de madeira reclinadas e disposta uma de frente para outra, a paisagem lá fora lhe lembrava sua cidade natal, os campos floridos e lá ao longe as Serras das Árvores Azuis, porém de outro ângulo.
    Se dirigiu para o banheiro à sua esquerda e deixou sua bolsa cair no chão agora de pedra, ao mesmo tempo que começou a se despir, lavaria suas roupas ali mesmo na banheira e depois as colocaria na sacada, se a bolsa de couro mágico realmente fosse boa o bastante, teria cumprido seu papel de proteger suas roupas finas e caras mantendo-as limpas, secas e cheirosas.
    Abriu a bolsa e lá estava a sacola plástica intacta, protegendo suas roupas, ela tirou todos os outros itens que estavam na sacola, outra bolsa pequena e dois cantis de água, uma pochete e por fim seu caderno de anotações, jogou a bolsa dentro da banheira, abriu a torneira e deixou a banheira se encher enquanto ela se despia.
    Levou algum tempo até ela tirar toda a lama fétida de suas roupas e da bolsa, mas quanto percebeu que já estava tudo perfeitamente limpo e cheirando ao shampoo que ela trouxera dentro da pochete, decidiu se lavar. Nada de água quente para relaxar, não podia relaxar ainda, apesar de ter passado a noite em claro tentando não ser engolida pelo pântano, tinha de lavar seu cabelo o mais rápido possível para dar tempo de secar apropriadamente e não queria se atrasar para o encontro, tinha esperado muito tempo por aquele dia e não era um importuno incidente que destruiria seu momento.
    O tempo vou até ela conseguir secar o cabelo sem se queimar, pois ainda tinha dificuldades de controlar o fogo que podia fazer emanar do bracelete, pegou o relógio de bolso de dentro da mesma pochete e notou que em mais quinze minutos deveria descer e aguardar até que encontrasse aquele elfo de cabelos prateados, soltou um suspiro só de se lembrar, mas ainda tinha que se vestir e... Mas que droga!! Onde tinha parado seu perfume? De todas as coisas importantes e supérfluas que trouxe, foi esquecer justo aquele perfume? Revirou o restante de coisas que tinha trazido, a bolsa mágica que estava dentro da outra bolsa, ela olhou, vasculhou com as mãos, não ia querer retirar tudo o que tinha ali dentro para no fim perceber que tinha de fato esquecido de trazer seu perfume, não, aquela bolsa tinha tanta coisa acumulada que mesmo se ela quisesse tirar tudo o que tinha ali dentro não caberia no quarto, a bolsa mágica que ganhara de sua amiga, quando ainda eram amigas.
    Não, não faria isso, não retiraria tudo o que tinha lá dentro, já estava mais do que perfumada com o cheiro do seu shampoo preferido e do creme para o corpo que tinha deixado sua pele branca devido ao exagero dela, dane-se o perfume, vestiu o vestido que havia comprado em na cidade portuária quando atracou por lá, há cinco dias, ela se encantou pelos detalhes das pequenas flores bordadas em toda sua extensão, um vestido coral simples com decote ombro a ombro e manga curta que cobria até o joelho, tinha sido difícil decidir qual sapado comprar para combinar com o vestido, mas ela levou em consideração as orientações da vendedora e comprou uma sandália de mesma cor de salto baixo, pois sabia que seus pés e pernas não suportariam tanto tempo em cima dele.
    E ali estava ela, terminando de ajustar o cabelo solto, era tão grande, liso e negro que por alguns minutos ela pensou que seria melhor trançá-los como sempre fazia e amarrá-los para diminuir o volume, mas sabia que não deveria fazer isso, afinal de contas aquele elfo adorava o cabelo dela solto, então ela o deixaria solto, tão estranho, mas sim, ela o deixaria solto. Colocou uma tiara dourava para impedir que o cabeço lhe atrapalhasse cada vez que inclinasse a cabeça para baixo.
    Não tinha certeza se deveria usar um pouco de maquiagem, sua pele morena estava perfeita, mas alguns retoques poderiam melhorá-la ainda mais, porém, quase nunca usará isso em sua vida e sempre que tentava, o resultado era um palhaço de circo, mas só de lembrar já a fez desistir.
    Estava quase pronta, só faltava seu chapéu, para se proteger do sol escaldante, se tinha algo que ela jamais sentira falta durante o tempo que esteve fora, foi do calor insuportável de sua terra natal.
    Pegou sua bolsa mágica que de certa forma combinava com seu visual, só por ser pequena o suficiente para parecer um livro de capa de couro, passou a alça pelo pescoço apoiando no ombro o que a fez uma marca vertical sobre seu tronco, não que ela se importasse, mas isso deixaria mais evidente o tamanho pequeno que seus seios tinham, deu uma última espiada no espelho e contente com o resultado acenou um ok para si mesma deixando o quarto logo em seguida.

  • Crônicas de Clisiéia - Capítulo 2

    Já tinha voado por alguns dias consecutivos desde que recebera aquela carta, mesmo antes de abri-la e sentir o cheiro ele soube que era daquela mulher, o envelope vermelho com um lacre dourado era a marca dela para ele. Esperara por esta carta pelos dois anos anteriores, os dois anos mais longos de toda sua, ainda curta, vida élfica, mesmo os seiscentos e oito anos anteriores não chegaram perto da demora que fora esses dois últimos anos.
    Voou no dorso de seu wyvern, mas não deixou de trazer o dela, iria precisar ele imaginou, tinha certeza aliás e  também queria impressioná-la de alguma maneira, certamente a deixaria feliz de ver que seu animal de estimação tinha crescido tanto, além disso, ele se certificou de ensinar alguns truques para o espertalhão mal humorado, apenas para deixá-la ainda mais impressionada ou aterrorizada.
    Chegara no local de encontro dez dias antes, inacreditavelmente ele queria um pouco mais de tempo para se preparar e estar descansado para avalanche de emoções que acabaria com a qualidade de vida dele por pelo menos duas semanas. Sorriu ao se lembrar da última vez que tinham ficado tanto tempo sem se verem, jamais entendeu a voracidade e resistência daquela mulher em permanecer tanto tempo se agarrando a ele, dia e noite, destruindo cada músculo de seu corpo e certamente ela faria de novo, não é que ele não gostasse, só queria estar preparado.
    Tinha de tirar o chapéu para quem quer que tivesse tido a ideia de construir aquela estalagem ali, do tamanho do quarteirão da avenida principal, três andares, todos os quartos com flores na sacada, o que tornava a vista do estabelecimento agradável do lado de fora. Estalagem Rosa dos Ventos era seu nome, ele nunca tinha sequer visitado o local, apesar de sempre passar por ali a negócios. Ele nem sequer sabia que a cidade Paraíso fora construída em cima de um dos maiores cruzamentos de túneis subterrâneos construídos há muito, muito tempo atrás pelos anões, e há tanto quanto esquecido, mas ela fora bem específica a ponto de desenhar no mapa exatamente onde queria se encontrar com ele. E talvez aquilo por si só já fosse parte do plano que ela iniciou há quase cinco anos.
    Ao avaliar os limites da cidade sentiu o cheiro do perfume dela por todos os lados, eufórico ele caminhou pelas ruas tentando rastreá-la, se o perfume dela estava ali tão vívido, então ela já deveria estar por ali, em algum lugar, a vontade de gritar ao mesmo tempo que sentia a falta do ar, o frio na barriga ao mesmo tempo que suas pernas e braços fraquejaram, todos esses sentimentos confusos e inebriantes se foram, quando ele finalmente percebeu que o cheiro era o mesmo das flores que caiam das árvores.
    Sorriu de sua esperança patética e pela forma como ela conseguira enganá-lo, vencido, levou os wyverns para o estábulo e olhando para o chão sem pensativo e contendo e suspirando vez ou outra para si mesmo aceitando a triste realidade de ter de esperar mais 9 dias até a chegada dela, alugou um quarto onde deixou suas coisas antes de sair e comprar tudo o que precisaria, tudo o que ela precisaria dali pra frente.
    Primeiro comprou um estabelecimento no centro da cidade, se ela precisaria se esconder por mais um tempo, que melhor lugar seria se não debaixo dos narizes das autoridades? Mas, se certificou de comprar em um prédio antigo onde imaginava que se ela precisasse de uma rota de fuga segura, encontraria os túneis do subsolo.
    Depois disso chamou a madame Liliane, sua velha amiga anã que o ajudara duas vezes antes, primeiro quando decorou sua mansão e segundo quando decorou sua torre na academia de magias.
    ― Astral, essa mulher de quem você falou, o que ela é? ― Liliane questionou caminhando ao lado do elfo com as mãos cheias de sacolas.
    ― Uma amiga…
    ― Amiga? Só isso? ― A anã rechonchuda e de longas tranças vermelhas que caiam pelos ombros e chegavam até sua cintura arqueou uma das sobrancelhas enquanto fitava o rosto pálido do elfo e percebeu uma leve alteração em sua cor, ela sorriu satisfeita sabia do que se tratava. ― Fico feliz por ajudar você mais uma vez, mas precisarei de mais informações, só dizer que ela é uma humana e que gosta de coisas humanas não é o suficiente.
    ― O que você quer que eu diga? Que ela se delicia em fatiar soldados drakes?
    ― Eu soube dessa história, a garota que sem magias derrotou mais da metade do exército de Drakes, os seres vivos amaldiçoados sem poderes mágicos que ainda assim, tocaram o terror em Turezo Lozaw, ainda não entendi como ela foi capaz daquilo.
    Astral continuou o caminho pelas ruas de pedra observando as decorações que os cidadãos instalavam na cidade, em nove dias aconteceria a comemoração nacional, o dia, há quinhentos e dezessete anos, em que a barreira mágica que circunda toda a extensão do território de Clisiéia, protegendo seu o país de ataques de outras nações, dos seres amaldiçoados, e de qualquer outro ser vivo que ousasse atacar o território.
    Ele levantou sua mão livre de sacolas para tocar uma das partículas brilhantes que flutuava no ar.
    ― A barreira mágica está ruindo ― A anã falou chamando a atenção dele ― Ouvi boatos de que do outro lado da fronteira com sul, entre Clisiéia e Honshu, os arquimagos do abismo estão performando um ritual…
    ― É bem provável que não dure mais muito tempo mesmo. ― Ele falou abrindo o portão que dava acesso ao prédio do apartamento e deu preferência para Liliane.
    ―  Sabe, essa mulher que você não quer me dizer o nome, tem muita sorte. Você é gentil demais ― Ela fitou-o novamente e o viu desviar o olhar.
    ― Não sou gentil e você melhor do que todos sabe muito bem disso.
    ― E não sei? ― Ela entrou e subiu as escadas que levava para dentro do prédio e ele seguiu atrás.
    Ela admirou o tamanho do apartamento que Astral comprara, logo que entrou pela porta dupla se deparou com o salão uma mesa redonda de mármore com capacidade para quinze pessoas, numa das paredes uma estante que cobria do chão até o teto, ainda vazia, mas Liliane sabia todas as caixas espalhadas pela sala continham os livros que a preencheriam rapidamente. Na parede oposta à da estante, nada, e a parede oposta à de entrada era feita de vidro, Liliane imaginou que as cortinas que ele havia pedido para ela trazer seriam para essa parede.
    Ela emitiu um assovio fino quando finalmente colocou as sacolas em cima da mesa e disse:
    ― Essa é a maior mesa que eu já vi num apartamento tão pequeno.
    ― O apartamento não servirá pra muita coisa além de reuniões.
    ― Imaginei. Mas ela vai precisar de um local para descansar não é mesmo? E onde ela vai cozinhar?
    ― Não é esse o local que ela vai ficar, não enquanto estiver na cidade.
    ― Entendi, então se essa não é uma casa e sim um local de reuniões, porque me chamou? ― Ela ambas as mãos na cintura e deixou claro para ele que ele deveria mesmo dar uma boa razão.
    Ele sorriu ao encará-la e notou por uma fração de segundos que ela tinha menos da metade de seu tamanho, mas ainda assim, emanava uma autoridade e poder muito maior do que o dele.
    ― Você sabe porque eu te chamei aqui, preciso dos seus encantamentos para a proteção do local, só você sabe como usar os hieróglifos antigos.
    ― Sim é verdade, mas porque eu deveria usar isso nesse apartamento, o que vocês vão fazer aqui que ninguém pode descobrir?
    Ele virou-se de costas para anã e disse após um expirar profundo.
    ― É melhor você não saber.
    ― Como sempre, eu me lembro da última vez que usei isso e o resultado não foi coisa boa. ― Ela falou caminhando até parar de frente para ele para encará-lo ― Você sabe o que esses hieróglifos fazem com quem tem magias, não é mesmo? ― Ela o viu concordar – Então, tem mesmo certeza de que é isso o que quer?
    Se encararam por alguns minutos em silêncio, ela permaneceu séria ao mesmo tempo que sua feição quase implorava para que o amigo desistisse do pedido, não por ela não ser capaz de cumprir, mas porque todos que entrassem naquele local, desde sua porta de entrada até a saída pelos esgotos, tornar-se-iam incapazes de usar magias e não apenas isso, mas quem quer que tentasse ousar atacar, estando dentro ou fora, seria instantaneamente destruído, ela se lembrava muito bem quando ele, há alguns anos, lhe pediu que aprendesse à usar os hieróglifos do idioma antigo sem uma razão aparente, mas depois que o aprendeu, a primeira coisa que ele lhe pediu foi para usá-los no subsolo inóspito abaixo da academia de magias, para conter as monstruosidades que lá viviam e mesmo antes de ela terminar de escrever os hieróglifos no local sons horríveis de criaturas que ela jamais viu, o som da morte, até hoje ela não entendia porque ele mesmo não havia aprendido à usar os hieróglifos, porque tinha de ser ela, mas não estava a fim de descobrir o motivo, então ela encarou-o, fazendo até mesmo sua face doer, já que lutava para demonstrar uma severidade que não era dela, ele finalmente respondeu com um meio sorriso.
    ― Certeza.
    Ela respirou fundo e falou com toda a rispidez que conseguia usar contra ele:
    ― Saia! E não deixe qualquer ser vivo chegar perto, precisarei de dois dias completos, começando por agora mesmo! ― Ela expirou levando uma das mãos à cabeça e continuou ― Existe alguma especificidade? Alguém deverá ser imune?
    ― Ela.
    ― E você?
    ― Sou uma ameaça, não posso correr o risco de feri-la.
    ― Mas ao que tudo indica vocês dois não serão os únicos.
    ― Não de fato.
    Ele passou pela anã que fez uma careta ao observá-lo ir embora dizendo para ela não se preocupar.
    Passou pela mente da anã, que ele devia confiar demais na mulher para deixar apenas ela imune aos hieróglifos antigos, mas sabia que ele tinha suas próprias razões para fazer isso.
    Ele tinha muito mais do que isso para fazer antes que Ela o encontrasse, mandar fazer uma armadura, espadas e outros equipamento, imaginava que Ela estaria muito bem armada e protegida, mas o que enfrentariam dali pra frente requisitava algo mais apropriado e só existia um ferreiro em quem confiava o suficiente para produzir uma nova armadura para Ela, uma armadura que teria as mesmas propriedades que as escamas de um akakora, impenetrável tanto contra ataques físicos ou mágicos além de ser o único item capaz de anular magias em área.
    Chegou na armoraria onde encontrou o anão, troncudo de barba grisalha e já sem qualquer fio de cabelo, foi uma surpresa e tanto para o anão vê-lo ali parado à sua frente que não reagiu por pelo menos alguns segundos, até que Astral sorriu e falou:
    ― Ainda no ramo?
    ― Para de palhaçada! ― O anão jogou o avental por cima da mesa de trabalho e correu até o amigo lhe dando um abraço leve pela cintura.
    Astral retribuiu dizendo:
    ― Sua irmã parece muito mais jovem do que você, seu velho caduco.
    ― Caduco nada! ― Ele rosnou empurrando de leve elfo para trás ― E ela precisa mesmo parecer mais jovem do que eu, afinal ela é mulher.
    ― Até onde eu sei, ela é quase sessenta anos mais velha do que você.
    ― Justo! ― O anão falou oferecendo um banco para que o elfo se sentasse. ― Mas isso, é porque ela usa maquiagem e eu não. ― Ele também se sentou de frente para amigo e continuou gesticulando enquanto falava. ― Sabe faz só cinco anos desde que você veio até aqui buscar sua armadura, já era pra tê-la devolvido tenho dificuldades de esconder a verdade para o rei…
    ― Não acho que aqui seja um bom lugar para falarmos sobre isso. ― Astral sorriu ao dizer tais palavras ao mesmo tempo que fitou os transeuntes passando pelas ruas lançando olhos curiosos para dentro do celeiro do anão.
    ― Eles não podem nos ouvir, sabe que Liliane fez um encantamento nesta propriedade…
    ― E quanto a seus funcionários ― Indicou os trabalhadores do lado de dentro foi só neste momento que ele percebeu que não se tratava de outros anões, ou mesmo, elfos, humanos ou orcs, eram bonecos de madeira e metal encantados para que fizessem todo o trabalho pesado. ― Já percebi que não preciso me preocupar com eles.
    ― Cortesia de dela também…
    ― Como e por que ela conseguiu fazer isso? ― Ele perguntou enquanto se levantou para ver de perto os trabalhadores.
    ― Ela disse que foi algo que aprendeu com você, há muito tempo atrás, não me deu detalhes, mas depois que feri meus braços num infeliz incidente, não poderia continuar o ofício, sem aprendizes o trabalho de minha família seria esquecido pela eternidade…
    ― O que aconteceu com seus filhos?
    ― Longa história, imagino que você não tenha tempo para isso…
    ― Stephen! ― Astral o interrompeu, sua preocupação com o velho amigo era genuína e mesmo que ainda não tivesse dito ao anão do que precisaria, e talvez isso pudesse atrasar ainda mais a produção do item, ele não podia ignorar.
    Stephen coçou a barba tentando conter sua preocupação, mas ao olhar para os olhos pretos e brilhantes do elfo à sua frente não tinha como resistir, conhecia-o há mais de duzentos anos, havia treinado na academia de magias com ele, assim como sua irmã e seus pais e seus avós, o elfo conhecia muito bem a família Inzul e não seria Stephen o primeiro a conseguir esconder algo dele.
    ― Coisas ruins Astral, depois da guerra contra Nath o rei ordenou que toda a minha família fosse caçada, meus dois filhos e meu sobrinho foram acusados de traição contra a coroa apenas por trabalharem para o serviço secreto, como eu estava na propriedade do exército na época, fui o primeiro a ser capturado, não é que ele fosse me condenar por algo, veja bem, eu estive à serviço do rei por mais de cento e setenta anos, não é como se ele duvidasse de minha lealdade, mas ele sabia que meus filhos tentariam me salvar. Eu tive sorte por Liliane ser astuta, ela se escondeu muito bem quando soube da minha prisão, forjou a própria morte…
    Astral pegou uma das mãos do anão para analisá-las, as cicatrizes indicavam cortes profundos nos pulsos e nas costas das mãos, cortando os nervos e os tendões, Astral deixou escapar um suspiro, sabia quais eram as mais antigas e quais eram as mais recentes, alguém se certificara de cortar várias vezes em locais diferentes para garantir que jamais se recuperassem.
    ― Quem te machucou Stephen? ― Ele não pôde impedir sua voz fria e severa.
    ― Não foram os homens do rei se é o que quer saber ― O anão respondeu prontamente puxando a mão de volta.
    ― Então quem foi? ― Astral insistiu ao ver o anão dar as costas e se afastar um tanto amedrontado, talvez seu descontrole estivesse afetando o ambiente, mas ele tinha que saber quem fizera aquilo com seu amigo. ― Stephen!
    O anão sobressaltou-se, tinha medo de Astral, por tudo o que já ouvira falar, mas só tinha conhecido a gentileza do amigo, nunca o vira em ação e jamais gostaria de ver, então ele se virou devagar, respirando fundo e disse:
    ― Foi o próprio rei…
    O anão viu Astral levar uma das mãos até a boca ao mesmo tempo que arregalou os olhos, era a primeira vez que via assim, talvez ele não estivesse enxergando direito com seus olhos velhos, mas jurava que viu o amigo estremecer e os olhos negros se tornaram, por um breve momento, incandescente como o fogo de sua fornalha, e uma opressão no ambiente quase o fez perder o fôlego, um frio na barriga as pernas fraquejando, ele sentiu pele esfriar e o suor frio correr por sua espinha, então tossiu e toda a opressão que sentiu no ar desapareceu quando o amigo perguntou:
    ― Como conseguiu sair?
    Stephen não queria aborrecer o amigo com mais problemas e certamente não queria que o descontrole do elfo, o qual, certa vez, sua irmã lhe contara, destruísse seu celeiro, mas viu nos olhos do elfo que ele deveria dizer e não deveria demorar muito mais, voltou à se sentar e enquanto apertava as mãos, com o pouco de força que lhe restara, disse:
    ― Depois de capturar meus filhos e meu sobrinho, ele decidiu que eu poderia ficar livre, mas a Rainha disse que minhas mãos poderiam ser usadas contra ele, e ai ele mesmo pegou seu facão e  cortou os tendões, ele havia me dispensado, mas a Rainha me capturou e mandou que sua guarda particular se certificasse de que eu jamais conseguiria movimentar os dedos, especialmente os polegares, sabe, fica difícil levantar um martelo para fundir ou moldar o metal.
    O silêncio tomou conta da conversa, só era possível ouvir o tilintar do metal que os trabalhadores de Stephen emitiam enquanto trabalhavam, Astral olhou novamente para os trabalhadores, se todos os trabalhadores tivessem as mesmas habilidades de Stephen, então o tiro da rainha teria saído pela culatra o que colocava os dois irmãos em um perigo maior.
    ― Para quem estão produzindo? ― Astral questionou.
    ― Eu não tenho permissão para dizer o nome, porém você o conhece muito bem e aprovaria. ― Ele viu o amigo assentir com a cabeça e continuou sorrindo amigavelmente para o elfo à sua frente tentando fazer o peso do ar mudar ― Eu contei o que você queria saber, agora quero que diga, por que veio até aqui?
    O silêncio de novo, Stephen sabia que o elfo estava lutando para controlar seus poderes, sua irmã lhe dissera que ficava mais difícil para o elfo controlar, principalmente quando suas emoções tomavam conta de suas ações, de certa forma, o anão ficou feliz ao saber que tinha uma certa importância para o amigo elfo, caso contrário aquele peso não estaria ali, mas ele estava ficando cada mais apreensivo, não queria seu celeiro destruído pelo descontrole do elfo, então sorriu, até ver a calmaria tomar conta das feições do elfo.
    ― Seus trabalhadores podem produzir com a mesma qualidade que você produzia? ― Astral questionou sussurrando ao inclinar-se para perto do anão.
    ― Melhor eu diria! ― Stephen se levantou indicando para que Astral o acompanhasse até a outra ala do celeiro.
    As mais diversas armaduras e armas estavam dispostas em pedestais, prateleiras, estantes e mesas, apenas aguardando os encantamentos finais para serem embaladas e levadas ao destino, os dois caminharam por elas e Astral testou algumas das espadas, assim como o peso de algumas das armaduras e até as atacou com um pouco de sua magia de fogo no intuito de entender qual a quantidade de poder mágico elas podiam suportar ou rebater. Todas boas o suficiente, mas nenhuma delas se equiparava a sua própria armadura e ele disse isso ao anão.
    ― Isso é porque a sua armadura foi feita de escamas de dragão nórdeno.
    ― E essas não? ― Astral olhou novamente para as armaduras.
    ― Não, estas aí são feitas de mitril, sabe é um bom material, o melhor eu diria, mas não é tão poderoso quanto escamas de dragão.
    Astral colocou as ombreiras que analisava de volta no pedestal se virou para o anão que não conseguiu fechar os dedos completamente para pegar uma das armaduras e ela quase caiu em cima dos pés, mas ele saltou antes que isso acontecesse, um pensamento passou pela mente de Astral, faria o rei e a rainha pagarem pelos danos que havia causado ao seu velho amigo.
    ― Eu sei no que está pensando. ― O anão falou enquanto se agachava para pegar a armadura. ― Mas eu não me importaria com esses pequenos detalhes, ao me ferir eles desencadearam uma série de acontecimentos que podem se virar contra eles mesmos. Eu usaria essa fraqueza muito bem.
    Astral concordou com o amigo, sabia muito bem ao que ele se referia e certamente faria um ótimo uso.
    ― Agora diga, o que eu posso fazer por você?
    Astral começou contando sobre o tipo de material queria que fosse usado na armadura e mesmo o anão insistindo em saber o motivo ele decidiu não revelar para não colocar o anão em situação pior. Stephen arregalou os olhos quando Astral disse que tinha as escamas de akakora.
    ― Onde foi que você conseguiu isso afinal? Aqueles colossais que mais parecessem uma galinha misturada com… com… ― O anão se irritou, não tinha como descrever exatamente aquela coisa ― Com dragão ou hidra ou qualquer que seja o demônio que os criaram…eles estão extintos…
    ― Pois é ― Astral riu da situação ridícula que o anão se colocara ao tentar descrever a criatura infernal ― Eu também achei, mas descobri que eles, só migraram, uma de minhas ex-alunas capturou um há alguns dias atrás e quase morreu por isso, eu segui os rastros dela e encontrei muitos akakoras.
    ― Muitos? Quantos? A destruição que um único pode causar já é mais do que assustadora, muitos? Se forem dez eu acredito que destruíram metade do país.
    ― Cem! Escute, ― Astral se atacou apoiando e em um dos joelhos e colocou ambas as mãos sobre os ombros do anão o que o deixou ainda mais impressionado, afinal não é todos os dias que um elfo trata um anão como igual ― Essa informação por si só é perigosa demais, eu vou entender se você se recusar à produzir a armadura.
    Stephen retirou ambas as mãos de Astral de cima de seus ombros é disse baixinho:
    ― Astral, mesmo que você não fosse quem você é, eu jamais deixaria de te ajudar, sua causa é uma pela qual vale a pena lutar. ― Ele viu o elfo franzir a testa e antes que o amigo protestasse, ele colocou ambas as as mãos nos ombros do elfo e disse: ― Quem quer que tenha te salvo de sua solidão eterna merece meu agradecimento.
    O ponto fraco, desprevenido ele estava, pois, de todas as pessoas que havia conhecido em sua pequena vida élfica, jamais imaginou que Stephen soubesse ou mesmo se importasse com ele. Menos provável era ter certeza de que o anão sabia o que havia acontecido em seu terrível passado e o que pretendia fazer no futuro.
    ― Sabe agora que estou te vendo bem de perto entendo porque minha irmã adora você.
    Astral se levantou rapidamente com o rosto vermelho, até mesmo Stephen era capaz de um golpe tão baixo assim?
    ― Me traga os materiais e eu farei o que precisa. – Ouviu o anão dizer.
    ―  Sua irmã precisa participar do processo ou algumas propriedades do material se perderão.
    ― Não se preocupe com o processo, o que você pediu será feito, só preciso de alguns dias.
    ― Quantos exatamente?
    ― Eu preciso do material, nunca trabalhei com escamas de análoga não sei como são, não posso dizer quanto tempo demoraria sem analisar antes.
    ― Está bem, vou buscá-lo ― Astral se virou, mas antes que o anão pudesse dizer qualquer coisa ele iniciou a conjuração do portal.
    Uma explosão mágica fez o local se iluminar todo e estremecer ao mesmo tempo que deixou Astral no chão sentindo ambos os braços queimar.
    ― Eu disse que minha irmã tinha…
    ― É, mas eu não sabia que até magias não podiam ser usadas. ― Grunhiu ao tentar se levantar, sentia a ardência nas mãos. ― Droga!
    ― Me desculpe Astral.
    O anão ajudou o elfo a se levantar, segurando uma gargalhada dentro de si, era a primeira vez que via Astral com em uma situação tão constrangedora e ruim, até lágrimas escorreram dos olhos do elfo.
    ― Eu vou ficar bem. ― Ele respondeu ao se pôr de pé, caminhou para saída do celeiro massageando as mãos. ― Eu volto mais tarde com os materiais.
    ― Então eu esperarei.
    Astral retornou para seu quarto na estalagem, sentiu a fome e o cansaço baterem forte, mas não queria deixar o amigo esperando muito mais tempo que o necessário, ele retornou até o celeiro de Stephen e entregou os materiais, após uma olhada minuciosa nos itens o anão pediu cinco dias.
    Faltava mais um dia e algumas horas até ela chegar e ele não conseguia descansar, no quarto da estalagem fitava o horizonte, a serra das arvores azuis vista daquele ângulo lhe dava a sensação de que estava no lugar errado, por quase três séculos ele as observou de cima da torre principal da academia de magias, mas ali daquele local era tudo diferente, os picos esbranquiçados pelo gelo não estavam lá, só haviam as árvores que agora estavam de fato azuis.
    Não é que suas folhas eram azuis ou mesmo o tronco, mas as flores, e nesta época do ano toda extensão da serra floria com o mesmo tipo de flor, jacarandá mimoso era como chamavam aquela árvore e era ela que também estava cravada em todos os estandartes e bandeiras e tudo o que fosse relacionado ao rei, a guarda do rei e aos organizações governamentais.
    Os soldados que chegavam aos montes para patrulhar a cidade, carregavam o desenho desta árvore em seus uniformes.
    Astral tinha ficado bastante tempo observando a vizinhança e percebeu o quanto a guarda da cidade tinha aumentado nos últimos dez dias, a festa nacional começaria no dia seguinte, e ele se irritou, estava dormindo pouco devido a ansiedade e a partir do momento que a festança iniciasse ele não conseguiria mais dormir, mesmo que estivesse exausto, além de lidar com sua ansiedade o barulho também não o deixaria em paz, portanto, desistiu, era melhor admitir que não conseguiria dormir do que passar o resto da noite ali tentando dormir.
    Deixou o quarto no meio da madrugada e caminhou pelas ruas da cidade, agora desertas. O céu estrelado e nenhuma ventania ou brisa, estava tudo parado e monótono, estranhamente silencioso. Ele percebeu que nem mesmo os guardas da cidade estavam de ronda. Certamente haviam se retirado e havia um bom motivo para isso. Não houve qualquer crime desde que o rei instituiu a pena de morte há cinco anos. Muitos criminosos pegos em flagrante foram condenados e executados publicamente, a situação do país tinha decaído depois da batalha contra os soldados Drakes, mas ainda existia ordem e a pena de morte deixara isso claro como um dia ensolarado.
    A única movimentação que ele via ali naquele momento eram as partículas brilhantes que flutuavam no ar, mesmo assim, ele sentiu uma presença no ar, caminhou pela calçada de pedra e chegou na praça central onde havia comprado o apartamento para as reuniões que aconteceriam nos próximos dias e lá estava, um vulto negro sentado nas escadas. Ele sentiu seu coração disparar e o ar falhar, o local era protegido contra magias, mas nada impedia de ser atacado, se o atacante estivesse disposto a lidar com as perdas.
    Ele endireitou o corpo e caminhou calmamente até o portão de entrada, com a mão na lombar onde escondia seu punhal.
    A sombra levantou-se e uma voz que ele reconhecia de muito tempo atrás falou:
    ― Ora! Se é assim que trata seus entes queridos nem quero saber que fim teriam seus inimigos.
    ― Alana?
    Ela retirou o capuz revelando uma elfa de cabelos prateados como os dele e olhos violeta, a semelhança era visível, como se ela fosse uma versão feminina dele, ele sorriu e abriu o portão deixando sua guarda baixar, subiu as escadas em um trote rápido e abraçou a mulher fazendo-a sorrir.
    ― O que está fazendo aqui?
    ― Vim entregar uma mensagem. ― Ela falou revelando um envelope com o selo da harpia. ―  Os soldados do rei sabem que Ela virá, eles pretendem intercepta-la.
    ― Como eles descobriram? Ela devia tê-los despistado.
    ― Dever, devia, mas se ela não está fazendo isso de propósito, então não está fazendo mais do que ela é de fato! ― Astral franziu a testa não gostava que falassem mal Dela na sua frente ou para ele. ― Ela atracou em Koe há três dias, usou a conta bancária, entende o que isso significa, não é?
    ― Certamente tem seus motivos…
    ― Ah sim, claro, disparar com megafones onde estava, é bem típico dela chamar atenção desse jeito!
    Astral se afastou da irmã e forçou uma respiração profunda, precisava manter a calma, Alana sempre fora daquele jeito, não importava com quem ou a situação, mas só de ouvir ela reclamar Dela fez seu sangue ferver e ele não queria começar uma discussão.
    ― Depois não muito contente com a atenção recebida ela comprou passagens de trem para Valência, Ketter e Grauna, três regiões distintas para os mesmo dia, não é que ela conseguisse ir e voltar para esses locais à tempo, talvez percebeu o erro e tentou despistar, que ingênua! ― Alana cruzou os braços enquanto observava o irmão de costas, ela sabia que ele estava irritado e talvez ela não devesse provocar, mas seu sangue por si próprio estava fervendo só por ter de relatar os acontecimentos, mais uma vez. ― Cesar fez questão de seguir esses rastros, talvez tentando acobertá-la, outro idiota! ― Ela se aproximou do irmão, a diferença de tamanho entre os dois era considerável, talvez duas cabeças menor do que ele, mas isso não a impedira de dizer o que pensava ― Porém! Hana ― Ela esboçou um riso fraco e sem vida, embora arregalara os olhos ― A rainha, conhece ela?
    Ele balançou a cabeça em consentimento fazendo seus longos cabelos se mexerem, aqueles cabelos prateados tão perfeitos que chegou à distrair Alana por um único segundo, o qual a fez se lembrar que quando criança adorava fazer trança neles, acreditava que o irmão gostava porque ela sempre fazia isso, toda vez que ele a visitava ela deixava uma trança no lado direito, mas depois daquele dia que ela tinha dado graças aos senhores élficos pelo que sua mãe fizera com aquela mulher, de repente sempre que ele a visitava, a trança já estava lá! Quanta ousadia de Dela em roubar seu presente especial pra seu irmão querido, a raiva subiu novamente.
    ― A rainha desconfiou! E na minha opinião ela estava certa em desconfiar! Aí ela mandou FELIPE investigar, quanta palhaçada! ― Alana ergueu as sobrancelhas, as pupilas dilatadas se contraíram de repente e ela continuou com a voz rouca ― Ele voltou todo detonado!
    ― O que aconteceu? ― Ele questionou voltando-se para encará-la sentiu um aperto no coração ao ver lágrimas escorrerem pelo rosto da irmã.
    ― Felipe havia descoberto onde Ela estava… ― Ela se encolheu, levou as mãos até o rosto tentando esconder sua fraqueza.
    Então, o de sempre, ele não sabia o que fazer e ficou ali parado olhando preocupado para a irmã, ela não chorava, era isso o que sua mãe sempre lhe dizia quando ele as visitava, nem quando ela quebrou os ossos.
    Ela se controlou, ela não podia ceder aos lamentos, não ainda, limpou as lagrimas e respirou fundo afastando a tristeza, só mais um pouco.
    ―  Ele não quis contar para a rainha, sabia que não podia, então Rana o aprisionou ― A voz falhou mais uma vez, ele a viu reunir o pouco de força que tinha e então cuspir as últimas palavras ― Ela o espancou até conseguir a verdade… ― Ela olhou para o irmão e deixou as lágrimas caírem.
     ―  Venha! ― Astral a puxou pelo braço e a levou para dentro do apartamento. A irmã choraria até ficar cansada e ele ouviria tudo o que ela teria para dizer, mesmo que não conseguisse parar de chorar também, mesmo que ficasse mais difícil controlar a explosão mágica dentro de si.
    Uma coisa ele tinha decido antes mesmo de ouvir o que de fato havia acontecido, faria Rana pagar pelo que fizera à sua irmã e à Stephen, era uma promessa á si mesmo!
    Alana acordou com a luz do sol invadindo a sala pela fresta da janela, batendo em seus olhos, tinha dormido no sofá usando Astral de encosto, ela sentiu o coração dele batendo calmamente e ouviu a respiração pesada espalhando seus cabelos. Levantou o corpo e se sentou, doía, seus olhos doíam, e seu maxilar, e também as costas. Dormir daquele jeito desajeitado não era pra ela.
    ― Você está bem? ― Ouviu a voz do irmão, embora quando se virou para encara-lo ele ainda estivesse de olhos fechados.
    ― O suficiente para continuar. ― Ela se pôs de pé alongando o corpo.
    A movimentação na cidade estava começando, Astral fez uma careta quando uma corneta soou na rua à frente do apartamento, mas, já era hora de se levantar de qualquer forma.
    ― A festa nacional ― Alana começou ― Que belo momento ela encontrou para voltar.
    Ele permaneceu quieto enquanto arrumava suas roupas, tinha deixado o casaco em cima da mesa redonda para não amassar. Sentiu a agressão na voz de Alana, mesmo tendo passado o resto da madrugada chorando enquanto relatava o que teve de fazer com Felipe até ele revelar a verdade na frente da rainha, ainda estava cheia de ódio, e isso envenenava Astral, difícil já era controlar a explosão mágica em situações cotidianas, pior quando se deparava com a impotência momentânea e mais ainda quando o provocavam, e Alana estava se mostrando mais do que capaz de leva-lo ao limite.
    ― Você não consegue falar com ela? ― Ela questionou atrás do irmão.
    ― Impossível, ela não tem mais o pergaminho…
    ― Através da mente Astral! ― Ela colocou uma das mãos no ombro dele e falou baixinho ao se aproximar. ― Se não conseguir falar com ela, vá até ela. Use o portal, mas não a deixe chegar perto daqui ou tudo o que aconteceu, todas as mortes e sacrifícios, tudo será em vão.
    Ele permaneceu calado, não queria discutir com ela, não depois de saber o que a rainha a fizera passar.
    ― Se ela for pega ― Ouviu Alana, com a voz altiva e séria ― Eu farei questão de estar lá para executá-la.
    Astral sentiu a raiva de sua irmã se juntar com a dele e o sangue ferveu, sua visão embaçou, e ele se apoiou na porta de saída, olhou para irmã de soslaio, ainda se agarrando para acalmar a explosão mágica dentro de si, aquele sorriso desafiador, ela podia estar a favor dele, arriscando sua vida todos os dias e mais ainda encontrando-se com ele ali naquele instante, mas certamente faria o mesmo por Ela.
    ― Ela não vai chegar aqui. ― Disse ao abrir a porta para sair. ― E se ela chegar ― Sua boca se curvou em um sorriso quanto ele terminou ― Eu mesmo me encarregarei de entrega-la a você!
    ― É bom mesmo!
    Ouviu-a dizer enquanto pisava duro se afastando mais e mais do prédio.
    Ela sorriu satisfeita, se Astral cumpriria o que acabara de dizer era uma aposta que ela não queria fazer, mas ficou feliz ao saber que o irmão dava razão à ela.  Teria a cabeça da Rana em suas mãos, em breve!
  • Crônicas de Clisiéia - Capítulo 3

    Ela desceu as escadas devagar, sempre teve medo de sapatos de saltos, mesmos os mais baixos, tinha torcido o pé uma vez e ficou três longas semanas se recuperando, e isso porque estava treinando, sua mãe lhe disseram para caminhar na calçada de sua casa, seu cachorro andando aos seu lado, cortou a passagem dela ao ver um camundongo no jardim da casa do outro lado da rua e isso a fez parar bruscamente o que lhe causou a torção.
    Depois, na festa organizada pelo rei, após Alessa insistir o dia inteiro ela decidiu colocar o salto alto, dizia ela que combinava melhor com o vestido, então depois da valsa no salão e mais algumas danças animadas, ela se sentira tão vontade que ao caminhar sob as pedras do jardim real acabou tropeçando, o salto quebrou e lá estava ela de novo com o mesmo pé, queimando de dor. Teve sorte de Astral aparecer por lá, não iria conseguir voltar pra casa sozinha e com a barulheira que vinha do salão era improvável que ela conseguisse ajuda antes do amanhecer.
    Depois daquilo ela jurou junca mais usar salto alto, mas mesmo com os baixos, tinha medo de se machucar de novo, entretanto aquela era uma ocasião especial o bastante para se arriscar, queria que o elfo soubesse que faria qualquer coisa por ele, mesmo usar um salto baixo...talvez no futuro ela se arriscasse mais, mas por enquanto, aquilo seria o equilíbrio que ela estava disposta a fazer funcionar.
    Logo, demorou mais do que previra para chegar até o térreo, foi quando sentiu os olhos de todos os clientes que ali estavam, alguns já almoçando e outros aguardando a refeição chegar, mas todos olhando para ela.
    Sentiu a pele do rosto queimar e tentou ignorar os olhos curiosos, mas não pode deixar de estufar o peito com satisfação, não era sempre que ela chamava a atenção para si.
    Caminhou na direção da porta, ali era o local combinado, mas queria esperar do lado de fora, queria ver o elfo se aproximar e talvez não reconhecê-la, afinal tinha mudado, a cor do cabelo, seu corpo, ela sentira, ficara maior, músculos, ela gostava deles o suficiente para tê-los maior do que qualquer dama, porém teve a decência de não  cultiva-los demais, tinha apreço por sua aparência feminina. Apenas um pouco de definição muscular, mas o bastante para deixar claro que não era uma simples dama.
    Ela sentou-se no banco do lado de fora da estalagem, de costas para a vitrine, olhou a movimentação na rua, bem mais movimentado do que duas horas antes e o céu nublado fez a temperatura agradável o bastante para não suar ou sentir frio, a estação preferida dela, provavelmente choveria antes de acabar o dia.
    Ela esperou, recapitulando como reagiria, o que diria, tinha escrito no seu caderno há algumas semanas, faria a proposta, mas antes teria de sonda-lo, tinha que ter certeza de que ele não negaria.
    Passou o dedo indicador nas costas de sua mão esquerda, a cicatriz vertical que cobria toda ela, uma lembrança de Olien de quando ela ainda achava que ele era um inimigo e...
    Um frio na barriga ao mesmo tempo que o coração acelerou, ela reconhecia aquele modo de andar que passou tranquilamente por ela e apenas acompanhando-o com os olhos, o resto do corpo imóvel, viu-o virar ao seu lado e parar para abrir a porta da estalagem.
    Era ele! Astral estava ali e ela não conseguia se mexer ou falar. Por um segundo ela adorou sentir seu corpo todo estremecer e não responder seus comandos, mas aí ela levantou e encontrou os olhos negros dele fitando-a.
    Astral estava a caminho da estalagem quando se lembrou que tinha prometido para Liliane uma torta no café da manhã, na rua principal tinha uma padaria que ela dissera tinha as melhores tortas e bolos da cidade, porém o preço era salgado, ela aceitaria a torta e o café da manhã como forma de pagamento ao favor que ela lhe fizera com relação aos hieróglifos.
    Ele decidiu comprar a torta de morango e quando chegou na residência da anã, se deparou com uma situação incomum, o portão estava aberto assim como a porta, a casa feita de tijolos maciços de provavelmente três cômodos estava em silêncio, ele passou pelo jardim e a chamou, nenhum retorno, caminhou na direção da porta imaginando se ela havia saído às pressas, já que não parecia ter alguém lá dentro.
    Ele bateu na porta, e entrou, ninguém na sala, apenas a mesa cheia de guloseimas, doces, pães, frutas, uma chaleira que emanava calor e um vapor, se ela tinha saído, não fazia nem cinco minutos.
    ― Você está atrasado!
    Ele se virou aliviado pela anã estar ali, depois da noite conturbada, imaginava se a guarda da rainha já estava ali esperando para emboscar quem quer que ajudasse aquela mulher.
    ― A torta que você disse que gosta tinha acabado de ser colocada no forno, não tive escolha a não ser esperar!
    ― Ah! Perfeito! ― Ela deu um pulo de alegria e arrancou a sacola da mão dele levando-a pra cima da mesa.
    Astral sorriu com a voracidade da anã em desembrulhar tudo rápido o bastante para que ele não entendesse os movimentos, rápido demais, o bastante para sentir o bafo e aroma da torta assim que a desembrulho, ela fechou os olhos e disse:
    ―  Esse é o sabor de um sonho realizado ― Ela abriu os olhos e olhou para o amigo, sua felicidade se esvaiu ao ver que além dele estar com os olhos fundos a expressão estava carregada de preocupação. ― O que aconteceu você? Está com uma cara horrível!
    ― Só algumas coisas…
    ― Astral ― Ela indicou a cadeira para que ele se sentasse, passou por sua mente que aquela cadeira era pequena demais, mas ele não se importou ― Não minta, você não dormiu isso é perceptível e até entendo, mas a preocupação.
    ―  Se eu te disser que quanto menos você souber será melhor, você acreditaria?
    ― Mas é claro, ― Ela falou enquanto cortava a torta e servia um pedaço ao amigo, embora preocupada com o amigo a felicidade de poder saborear aquela torta ainda estava ali. ― Porém, ainda assim, você terá de me contar!
    Astral suspirou e começou a contar, tudo o que sua irmã tinha lhe dito na madrugada, embora ele estivesse exausto e preocupado percebeu que de fato aquela torta era deliciosa e isso lhe animou um pouco, fez esquecer da preocupação embora falasse sobre ela, tão esquisito.
    ―  O que você vai fazer então? Ela chega hoje não é mesmo?
    ―  Sim, não tem como me antecipar, não consigo rastreá-la, só o que posso fazer é tirar ela daqui assim que a encontrar.
    ― Bom, eu sei que você não me pediu isso ― A anã se levantou e foi até um armário próximo que estava trancado, ela retirou a chave dourada do bolso e retirou de lá de dentro uma caixa de madeira, maior do que suas duas mãos juntas e a colocou em cima da mesa ― Pode usar o que tiver ai dentro, e se você não quiser usar, acho que ela vai querer!
    ― O que é isso? ―  Ele indagou passando a mão por cima da tampa da caixa que tinha apenas a insígnia do clã dos anões.
    ― Um mapa, dos subterrâneos, você comprou aquele apartamento porque sabia que estava em cima dos corredores subterrâneos abandonados pela nossa raça há muitos séculos, mas não sabe o que tem lá embaixo e nem como sair de lá se entrar, então, esse é o mapa, talvez as coisas lá embaixo não estejam exatamente como descritas no mapa, mas isso deve ser o suficiente para te guiar.
    Ele abriu a caixa e ali havia um pergaminho enrolado com uma fita vermelha ao redor para mantê-lo fechado, ele fechou a caixa e agradeceu a anã.
    ― Tome cuidado lá em baixo, nosso clã abandou aqueles corredores por um bom motivo.
    Ele balançou a cabeça em concordância enquanto colocava mais um pedaço da torta na boca.
    Depois do café , embora só tenham tomado chá, a anã insistiu para que o amigo descansasse um pouco, ela prometeu acorda-lo dali à cinco horas, ela disse que daria tempo suficiente para ele chegar até o local de encontro, ele protestou dizendo que suas coisas estavam na estalagem, como ele poderia se arrumar antes dela chegar? Mas ela o tranquilizou dizendo que as traria.
    Se deitou no sofá, desajeitado, apesar de ser quase do seu tamanho, mais macio do que sua própria cama ou a cama da estalagem, sabia que teria problemas depois, mas ele adormeceu rápido demais para continuar se preocupando.
    Só escuridão e quando acordou sentiu a dor no pescoço, mas é claro que ficaria dolorido, dormindo no sofá, isso era o mínimo que podia esperar, ele viu suas coisas em cima de uma das cadeiras da mesa, o ambiente estava impecavelmente limpo e arrumado, ele se levantou e viu o bilhete em cima de sua mala, Liliane tinha ido entregar uma encomenda para uma de suas clientes e voltaria só à noite. Ele olhou no relógio de parede que havia próximo a mesa e ainda eram onze da manhã, ainda, mas se ele se demorasse demais se atrasaria, ele sentiu o coração palpitar e uma vontade quase incontrolável de sair correndo, mas ele não poderia sair daquele jeito, tinha de se arrumar.
    Foi um banho rápido, até porque ele teve de se manter curvado para não bater a cabeça no chuveiro, a maior dificuldade foi na hora de lavar o cabelo, mas ele deu um jeito de conseguir deixá-lo limpo e perfumado, por fim ele se vestiu, quando olhou no relógio da parede tinham se passado apenas dez minutos.
    ― Isso não é possível ― Ele comentou consigo mesmo.
    ― Uau! ― A anã comentou ao vê-lo guardando suas coisas na bolsa mágica. ― Está mesmo encantador!
    Ele agradeceu enquanto se olhava no espelho preso na parede ao lado do armário, pequeno para o seu tamanho, mas duas vezes maior que a anã, ele mesmo se impressionou com seu estilo novo, usava uma camisa de seda de cor violeta com um colete preto decorado com linhas também violeta, uma calça preta de tecido liso e sapatos de couro preto com uma fivela na lateral que é o que fazia a decoração elegante demais.
    ― Olha trouxe isso para você. ― A anã comentou entregando uma lanterna quadrada, com uma alça triangular. ― Ela emite luz mágica, pode ser útil nos túneis.
    Ele pegou o item e o observo enquanto elevava-o até a altura de seus olhos, ele tinha uma daquelas em sua residência em Valência e sabe que elas podem emitir uma iluminação direcionada e não é necessário carregá-las pois elas acompanham seu possuidor, muito prático principalmente se tiver que usar as duas mãos para fazer outras coisas como lutar ou escavar.
    Agradeceu a anã e terminou de arrumar as coisas, colocou a bolsa nas costas e partiu, sabia que chegaria cedo, mas não via problema em esperar, ele poderia usar esse tempo para pensar no que dizer ao encontrá-la. Apesar de ter passado os últimos dias acordado, não conseguiu decidir, talvez aquele fosse o momento ideal para decidir.
    Ele caminhou pelas ruas pensativo, não se incomodou com a barulheira que os cidadãos faziam nas comemorações, muitas apresentações populares, malabarismos, teatros e dança, as ruas estavam cheias de pessoas fantasiadas, alegres e se divertindo, as barracas vendiam de tudo, desde frutas, especiarias e pratos típicos daquela região, pamonha, caldo de cana e pastel, isso chamou a atenção de Astral, ele tinha apenas comido aquela torna pela manhã e sempre que via pastel não conseguia resistir, comprou alguns, talvez aquela mulher fosse querer alguns também. Ao passar pela barraca de doces não conseguiu resistir as paçocas, acabou comprando dois potes e guardou em sua bolsa, tinha sorte de sua bolsa ainda ter espaço para tanta coisa, caso contrário teria de comprar outra.
    Quando saiu da rua principal os festivos diminuíram o que era esperado, apesar da cidade inteira estar em comemoração, as principais apresentações se concentravam perto da praça principal, o mesmo local onde havia comprado aquele apartamento, duvidou que os guardas pudessem abrir fogo no meio da festança, mas não podia arriscar, ele decidiu assim que avistou a estalagem, assim que encontrasse aquela mulher ele abriria um portal e a levaria com ele em segurança para outro local, um bem distante dali.
    Ao se aproximar cada vez mais da estalagem sentiu seu coração acelerar, a respiração falhar e uma vontade de correr, mas tinha de se manter calmo, ainda era cedo, faltavam uns quinze minutos ainda, talvez um pouco menos, mas não era o horário certo, ele parou do outro lado da rua esperando que as carroças parassem de transitar para ele atravessar, de repente as carroças pareceram se movimentar em câmera lenta, foi quando viu uma mulher sair de dentro da estalagem e se sentar no banco, ele sabia que era ela, mesmo com aquele chapéu tampando seu rosto, mesmo com aquele cabelo preto, mesmo percebendo ela não era mais raquítica, músculos ele viu, o suficiente para deixar claro que ela não era uma dama qualquer, muito menos indefesa, e os braceletes, ele sentiu a explosão mágica dentro de si, virou-se de costas bruscamente precisava conter o que estava dentro de si ou a cidade inteira iria pelos ares, se forçou a se acalmar e á se lembrar que apesar do selo do que o rei não mais segurar suas habilidades ele ainda tinha o selo que ele mesmo havia criado há alguns séculos, para impedir que toda aquela energia mágica destruidora não lhe escapasse, se ainda tivesse os braceletes, os braceletes que ele dera à ela, talvez ele não precisasse se preocupar em se controlar, os braceletes absorveriam toda aquela magia sem problema algum, mas ali estava ele, lutando internamente para se acalmar e ela estava do outro lado da rua, ele pegaria os braceletes de volta, ela provavelmente não se importaria, ela quis devolver antes de partir, mas ele recusou, devia tê-lo aceito, assim não precisaria ter se escondido com medo de causar destruições por onde quer que passasse.
    Ele conseguiu se recompor e voltou à olha aquela mulher de longe, as carroças já tinham se distanciado o bastante para ele atravessar a rua sem ser atropelado, então ele forçou seu corpo a se mover, e enquanto atravessava a rua pensou no que dizer, rápido, mas quando chegou do outro lado ele só andou e passou por ela, estava com medo, o frio na barriga e a vontade de sair correndo dali, mas ele passou a mão na maçaneta da estalagem e olhou para ela sentada no banco ao lado e assim ele travou, quando a viu se levantar e olhá-lo diretamente nos olhos.
  • Crônicas de Garesis - Bem vindos a aventura.

    Bem vindos a terra de Garesis, um lugar cheio de oportunidades e aventuras por entre seus cinco continentes; Arcádia(a região central e maior) Nortix(O norte gelado, terra dos anões em suas montanhas), Oesteros(uma terra selvagem no oeste), Lestus(lar do elfos e florestas densas) e Southern(uma terra árida e sem leis).
     Nestas terras vamos conhecer a história de Incanus, um jovem que precisa provar seu valor, mesmo com tudo contra ele, mas antes de falar do nosso herói é preciso entender seu mundo:
        Há muito tempo os soberanos dos cinco continentes resolveram viver em harmonia afim de findar as inúmeras guerras que assolaram Garesis, Edmund 2° rei de Arcádia convocou uma assembléia que ficara marcada como o dia de todas as flâmulas, ao lado do rei estava Magnus, seu conselheiro e mago, entre os convidados estavam:
    Skangor, o anão rei do norte; Gortia, a rainha orc do oeste; Elora, a senhora dos elfos do leste e Lefan, o rei dos ladrões do sul. Junto com seus embaixadores eles se reuniram, trocaram suas flâmulas entre si e decidiram os termos do acordo.
    Os cinco soberanos seriam livres quanto as leis de cada continente, haveria comércio livre entre as terras assim como navegação mercante, os recursos naturais poderiam ser obtidos de outros reinos pelo devido valor.
    Todos os termos eram favoráveis a ambos, mas nem tudo era paz, ainda haviam aqueles que lucravam com a guerra, por isso neste dia as guildas foram criadas e todo ano na mesma data uma competição era realizada em um 
    dos reinos a fim de obter novos membros para as guildas e manter a amistosidade entre os soberanos, além das cinco guildas uma mais foi criada, pelo assim proclamado rei dos magos Magnus, a guilda do olho místico, que tinha entre outras o dever de manter a paz, sendo assim muito comum seus membros serem aceitos em todos os reinos.
     
    Neste meio nasceu Incanus sem saber de sua mãe, sem ter notícias do pai, criado por sua avó paterna Agnes, a curandeira de uma pequena cidade sem importância ao sul de Arcádia conhecida com Cidade dos Passos Perdidos, nome este devido ao fato de que as pessoas que ali passavam nunca ficavam muito tempo.
            Incanus era um garoto com quinze anos, cabelos castanho escuro, pele clara, olhos amendoados, seu nariz simétrico era marcado por sardas, um tanto magrelo, costumava usar sua túnica amarela de algodão, calças marrom que iam até os tornozelos, botas de couro, e um cinto de um couro desbotado de onde pendurava a bainha de sua pequena adaga.
          O lar deste jovem ficava fora dos limites da cidade, numa estrada próxima, se tratava de um chalé humilde cercado por um muro de pedras bem posicionadas com um pequeno portão, o terreno também contava com uma pequena plantação, suficiente para sua alimentação, uma criação de ovelhas e um curral para um único cavalo, Volucer.
         Vocês podem achar a vida de Incanus muito simplória a princípio, mas garanto que nosso herói tinha potencial e motivação para mudar seu mundo.
  • Dança dos Pássaros

    Na vila de Bukhara, um pequeno lugar entre o deserto de Razes e do Rio Uri, ouve-se gritos e um alto som de espadas, são apenas 10 horas da manhã, mas Aisha, vestida com o traje de couro e pingando suor, não larga a espada por nem sequer um minuto; é a única guerreira em sua vila.  Você deve estar se perguntando por que uma garota de dezenove anos tornou-se uma guerreira impecável, num lugar onde deveria estar tecendo ou cozinhando como as garotas de sua idade. Não era julgada pois Bukhara sempre foi uma vila igualitária, formada pelos refugiados da Guerra dos Corvos, há 10 anos atrás, acolheu pessoas de todos os tipos, como Aisha.
    Em uma ferraria não muito longe dali, encontramos Zayn, o jovem de pele parda e grossos braços, bate no que parece ser um punhal com o martelo; o suor escorre por suas costas e seu estômago ronca, larga o trabalho e sai pela porta, cinco minutos depois está na frente da casa do mestre de armas, ao longe, vê a longa trança de Aisha balançando,  enquanto ela luta bravamente com um boneco de madeira :
    - Ei, passarinho! - grita Zayn para Aisha, que acabou de derrubar o boneco no chão. - Vamos! Minha mãe deve estar nos esperando para o almoço! - Aisha corre em sua direção com o rosto brilhando de suor, com a voz ofegante diz ainda de longe :
    - Ei, meu belo camelo! - dando uma risada cansada - Já derrubei esse boneco três vezes hoje, espero que sua mãe tenha caprichado, eu comeria um camelo inteiro - diz sarcástica, olhando para Zayn que faz cara de bravo, mas não aguenta e dá uma gargalhada;  juntos vão andando pelas ruas da vila, sempre rindo um do outro.
    - Não! Você não pode fazer isso! - grita Aisha em desespero; empunha a espada e, segundos depois, sente o sangue quente em suas mãos, olha para o homem mascarado à sua frente, ele não está ferido. Ao seu lado, a mãe jaz morta no chão. Olha novamente para o homem, desta vez encara seus olhos negros. Acorda assustada.
     
    É manhã de sábado e Aisha caminha pela feira no centro da vila, ela tenta afastar da mente o sonho que tivera na noite anterior, o que é quase impossível. O cheiro de tâmaras e damascos enchem o ar e Aisha se sente melhor; para na barraca do tio de Zayn, analisa os punhais e as facas, ouve ao fundo um burburinho e seu ouvido eriça ao ao ouvir " o príncipe, é, eles precisam de um herói". Infiltrando-se em meio às vendedoras de tecido que tanto conversam, Aisha pergunta:
    - Bom dia senhoras - diz com um sorriso um pouco forçado. - Não pude deixar de ouvir, se importariam de me contar mais sobre o que se passa ao príncipe? :
    - Ora! Realmente não sabe o que aconteceu? - exclama a mais velha do grupo. - O príncipe Kamal foi sequestrado ontem pelos Corvos de Sangue! - ao ouvir isso, Aisha sente um arrepio. :
    - E eles, do palácio, buscam um herói que possa salva-lo. - comenta outra jovem. - Eles já perderam o rei Khalid e seu herdeiro na guerra, Kamal é o único que restou.
    Ao ouvir estas palavras, Aisha deixa a cesta de frutas que carregava cair ao sair correndo, as palavras daquela mulher tinindo em sua cabeça e com o coração quase saindo pela boca, Aisha corre em direção ao único que pode ajuda-la.
    Zayn voltava a trabalhar no punhal com o martelo quando ouviu Aisha chegar gritando:
    - Zayn! Zayn! Você nem imagina o que aconteceu! - Depois de se acalmar, Aisha conta em detalhes tudo o que ouviu na feira, e ofegante de empolgação disse:
    - Ora, Zayn! Esta é minha chance! Sou o herói que procuram! Temos que ir logo!
    - Como assim Aisha? ! Ficou maluca? ! Não podemos ir!
    - É claro que podemos! - Agora Aisha chega mais perto de Zayn como quem busca acolhimento, ela olha para ele tomada de emoção e com voz doce diz :
    - Você me conhece, Zayn, conhece minha história e sabe que essa é minha única chance. Você como ninguém precisa me apoiar, por favor Zayn...
    - Tudo bem, Aisha, me desculpe, sabe que apoio você. Isso pode ser loucura, mas estou com você. - Diz Zayn com um sorrido tímido. Aisha se aproximar de seu melhor amigo, ele põe a mão em sua cintura; Zayn sente o perfume do cabelo de Aisha, ele a puxa para si e envolvidos na emoção se abraçam :
    - Zayn? - Diz Aisha ainda abraçando o amigo. - Prometo cuidar de você, se você prometer o mesmo a mim.
    - Eu prometo.
    Assim, Aisha sai sorridente e antes de sair pela porta, olha mais uma vez para o amigo, em seu coração ela sabe que o ama, de uma forma que ela não imagina ainda.
    Durante o jantar todos estavam quietos, Aisha tentava manter que calma mas por dentro a ansiedade a tomava. Saíram logo da mesa e desceram ao curral para preparar os cavalos e as bagagens. Partiriam naquela noite.
    Em seu quarto, Aisha terminava de ajuntar suas coisas, se deita na cama, sua mente está um turbilhão mas o ar gélido a faz adormecer. Esta noite, Aisha não tem pesadelos como o homem de olhos negros; em seu sonho ela cavalga livre pelo deserto em um negro corcel, o sol reflete a cor mel de seus cabelos e o vento bate em seu rosto, este é um sonho feliz, como Aisha nunca teve. :
    - Psiu!  Aisha! - Sussurra Zayn. São três horas da manhã e ele parece sonolento. - Está na hora de partirmos.
    Minutos depois, ambos montam em seus cavalos e cautelosamente fogem no meio da noite; Zayn deixou um bilhete para os pais, mas provavelmente iriam atrás deles quando descobrissem, por isso tinham que ser afastar o mais rápido possível. Um vento frio sopra sobre eles, e com esperança nos olhos, os dois amigos deixam a vila silenciosa.
    Já são seis horas da tarde, o sol começa a se pôr e os dois amigos ainda cavalgam; a esta altura os pais de Zayn e os moradores da vila já os buscam desesperadamente, mas eles já se afastaram o suficiente.
    Decidem parar, com as costas doloridas e famintos, desabam dos cavalos; Zayn faz uma fogueira com alguns gravetos que trouxe da vila, repartem um pão seco e um pouco de queijo de cabra, deitada na areia quente do deserto, Aisha adormece e mais uma vez, sonha.
    Zayn ficará de vigia esta noite, estende sua capa negra na areia e se senta ao lado de Aisha, ele repara que ela dorme com um ar calmo, coisa que ele não via há muito tempo, por conta de seus constantes pesadelos.
    O vento árido do deserto sopra forte, que noite cai sufocante sobre eles. Zayn está alerta para qualquer perigo, ao seu lado, meio encoberta pela capa, repousa a espada brilhante, forjada pela próprias mãos de Zayn; no cabo, a verde esmeralda reluz, "como os olhos de Aisha" - pensa ele.
    A espada vinha sendo trabalhada havia meses, a esmeralda custara a Zayn dois meses de seu salário e um anel de prata que ganhara de algum parente; Zayn planejava dar a espada à Aisha em seu aniversário, daqui três dias, ele acaricia a esmeralda, pensando no sorriso de Aisha ao receber o presente.
    Pela manhã, o sol começa a nascer, Aisha se levanta e ao seu lado vê Zayn preparando ovos mexidos na fogueira, o cheiro desperta sua fome, Zayn sorri para ela :
    - Bom dia, passarinho! - Diz enquanto serve um pouco de ovos para ela, felizmente se lembraram de levar todo o necessário para se alimentarem durante vários dias. :
    - Bom dia, camelo. - Ela tenta sorrir mas ainda está sonolenta.
    Depois de comerem, Aisha pega em sua sacola um papel, é um mapa, conseguiu antes de fugir, curar de um mercador, e junto com ele, adquiriu informações valiosas.
    Passaram cerca de meia hora revendo todo o plano, seguiriam pelo deserto por dois dias até chegarem ao fim dele, numa casa enorme cor de noite, onde mora um mago muito poderoso; Aisha conseguira essa informação com os mercadores viajantes, e acreditava que o mago fosse capaz de ajuda-la.
    Seguiram viagem por mais dois dias, comida e água eram racionadas e eles revesavam o sono e a vigia. Exaustos e com dores nas costas, já não aguentavam mais, até que, ao ver de longe um borrão negro, galoparam o mais rápido que podiam, chegaram ao portão enferrujado pelo tempo, e com os corações exaltados, bateram com uma grossa argola de ouro.
    A porta se abre, ouve-se passos e uma sombra se aproxima, Aisha prende a respiração, atemorizada, espera que alguma criatura horrenda apareça, a sombra se aproxima cada vez mais, até virar alguém.
    Aisha repara no sorriso amarelo à sua frente,  um senhor com bochechas rosadas e olhos grandes, um pouco baixo demais, está parado à sua frente; Aisha finalmente se dá conta e diz :
    - Boa tarde, senhor! Eu sou...
    - O passarinho! - interrompe ele, com ele com entusiasmo nos olhos.
    -Sim! Quer dizer, não! ! - diz ela meio embaraçada. - meu nome é. ..
    - Aisha, da vila de Bukhara! - interrompe ele mais uma vez, e apontando para o corredor atrás de si diz : - e então? Vamos entrar? Temos muito para conversar!
    Aisha está espantada, exita por um momento, mas o senhor, com voz doce diz:
    - Ora, minha filha, não tenha medo, minha servas cuidarão dos cavalos aí fora e eu cuidarei de vocês aqui dentro. Venham, eu posso ajudá- los.
    Assim, um pouco mais tranquila, Aisha entrega os cavalos às servas que vem depressa, segura firme a mão de Zayn e segue o bondoso homem pelo corredor escuro. Atrás deles,  a porta se fecha.
    Acomodados dentro da casa, o senhor manda que seus servos preparem os banhos para Aisha e Zayn, oferece-lhes  as melhorem roupas que tem e os convidados a passarem a noite em sua casa.
    Aisha é despida de suas velhas roupas guerra, o corpo, cansado, relaxa enquanto ela mergulha na banheira quente; a mente começa a viajar.
    O sol começa a se pôr enquanto Aisha desce a escadaria que leva à sala de jantar, o vestido longo balança com ventos que entra pelas janelas; lá em baixo, já sentado à mesa de jantar, Zayn a observa encantado, nunca a vira assim, aliás, Aisha nunca se vestira assim, sente-se como uma rainha.
    Durante o jantar, o mago se apresenta como Hamid, o "Grande Mago", o que faz Zayn rir por dentro. Aisha aproveita o jantar, Zayn e ela jamais comeram uma refeição tão gostosa. Ambos gostam do lugar, do mago e até fizeram amizade com uma das servas do mestre Hamid, Lila.
    O jantar é retirado e todos já satisfeitos, conversam sobre o motivo de Aisha estar ali, o mestre levanta :
    - Me acompanhem, há algo que quero lhes mostrar.
    Todos seguem juntos ao lugar mais baixo da casa, escuro e cheio de ratos, é guardado por uma chave pendurada no pescoço do mago; ele abre a porta e todos entram, Zayn e Aisha se impressionam com a quantidade de objetos espalhados pelo lugar, segundo o mestre, são todos mágicos, o que mais lhes chama a atenção está ao fundo, uma cápsula de vidro, e dentro dela, uma pena branca brilha.
    Os dois amigos seguem o mestre em direção à pena, com mãos delicadas, Hamid toma a pena e a entrega à Aisha, seu olhar bondoso transforma-se num olhar frio e sério:
    - Isto pertence à você, Aisha.
    - A mim?  - pergunta ela espantada. - Mas eu nunca vi isso antes, como pode ser meu?
    Sem responder, mestre Hamid caminha até uma estante, volta com um velho pergaminho, entrega á Aisha que lê as letras douradas em voz alta :
    "Pelo pássaro que se ergue
    E por aquela nascida do amor
    Amor que ainda não se sente
    Jorrará como uma nascente
    Levantará sua escolhida
    Que salvará toda sua gente
    Ressurgirá quando a dor lhe tomar
    E com mão firme
    Fará com que aquele feito de sangue
    Seja espalhado pelo vento ".
    Tomada pelo desentendimento e com olhar confuso, Aisha busca respostas :
    - Eu, eu não entendo o que isso quer dizer! - em sua face há angústia quando ela fala, Zayn toca seu ombro como que dizendo "vai ficar tudo bem ".
    - Aisha, você é a escolhida, é por isso que está aqui. Você é o pássaro que ressurge na dor, e você derrotará os Corvos de Sangue, derrotará aquele que é chamado de Corvo Sangrento. - Aisha sente o coração acelerar, sente o seu chamado para ser uma heroína, mas no fundo de seu peito reina o medo. :
    - Mestre, e como farei isso?
    Neste momento, o mestre Hamid pega a pena branca, e um velho papel corroído pelo tempo. - Esta pena a levará ao seu destino, - diz enquanto a aproxima para a luz, que brilha ainda mais forte. - Ela traçará o caminho até onde está aquela cujo é feita do amor ainda não sentido.
    - E o que seria "aquela"?
    - Ora! A espada que usará para matar o Corvo! - diz o mestre com brilho nos olhos.- A espada foi forjada pelas mãos de seu amor verdadeiro, Aisha. Ao encontra- la, encontrará também o seu verdadeiro amor. 
    Neste momento o nervosismo toma conta de Aisha, não sabe o que é o amor, nunca amara ninguém, não daquela maneira.
    O mestre entrega a pena para Aisha e a explica como deve ser o procedimento:
    - Escreva seu nome neste papel usando a pena, e então, em pensamento, faça seu desejo, e a magia da pena o realizará.
    Aisha tenta controlar a mão trêmula, desdobra o papel mas antes que escreva qualquer coisa, vê uma coisa escrita. "Eva", neste momento, Aisha pergunta ao mestre, bem conturbada:
    - Mestre, por que o nome da minha mãe está escrito aqui?
    - Minha filha, há algo que preciso lhe contar, há dez anos atrás, quando se iniciou a Guerra dos Corvos, sua mãe me procurara, ela dissera que o Corvos Sangrento estava indo até sua aldeia, e ela queria salvar o seu povo, porém, a magia da pena permitia que apenas uma pessoa fosse salva.
    Com lágrimas nos olhos, Aisha diz em meio a um sussurro :
    - Ela desejou me salvar. É por isso que sou a a escolhida, sou a única que restou da dor.
    Neste momento, Aisha toma coragem, escreve seu nome no papel, por um instante fecha os olhos e faz seu pedido, que a espada feita pelo amor verdadeiro seja encontrada. :
    - Agora, vamos subir, isto pode demorar um pouco pois pode vir de qualquer lugar do mundo. - comenta o mago. - Zayn e Aisha seguem pela porta e começam a subir, ao chegaram na sala principal, algo inesperado acontece.
    Zayn caminha ao lado de Aisha , a experiência que tivera ao lado de sua amiga ainda o perturba, e um milhão de ideias passam por sua mente.
    Chegam na sala principal da casa, mas algo os detém, no alto da escada, uma forte luz verde começa a aparecer se aproximar, com êxito, o mestre Hamid diz :
    - Vejam! É ela!  É a espada! Pensei que demoraria mais tempo. - neste momento o coração de Aisha bate mais forte, a espada chegando cada vez mais perto, a garota estende as mãos trêmulas, a espada repousa sobre elas; "é linda", pensa Aisha, analisando a esmeralda cravada no cabo. :
    - Não pode ser! Diz Zayn atrás dela, Aisha vira e se depara com os olhos arregalados e o rosto surpreso do amigo :
    - O que foi Zayn? - pergunta ela. Zayn pisca algumas vezes para ter certeza de que é tudo real, finalmente encontra palavras e diz, um pouco exaltado :
    - A espada, Aisha! Eu a fiz! Trabalhei meses nela para dar a você amanhã, em seu aniversário!
    O cérebro de Aisha tenta assimilar a informação,  ela abre a boca para falar algo, mas desiste. Seus olhos se encontram com os de Zayn, ambos confusos, e enquanto se encaram, nos dois corações, uma crescente chama de amor começa a nascer.
    O mestre Hamid os deixa a sós para que possam conversar,  porém, nenhuma palavra é dita entre os dois, não há o que se possa dizer, apenas sentir. Foram dormir sem dizerem nada, apenas sentindo tudo.
    Pela manhã, Aisha acorda com Zayn à sua porta, vinha lhe dar os parabéns, e apesar do abraço, nada evita o constrangimento; descem juntos para tomar café, mas Aisha não tem apetite, essa noite os olhos negros do homem mascarado vieram visitar seu sonho.
    Os dois amigos se despedem do mestre Hamid, agradecem pelo acolhimento e por toda a comida que ele providenciou para a viagem. Partem os dois em silêncio, guiados por uma linha dourada desenhada pela pena mágica, que apenas eles podem ver, é para Aisha, resta apenas mais um desejo.
    Seguem viagem trocando poucas palavras, mas à noite, quando param para descansar, Aisha já não aguenta mais o silêncio. :
    - Inesperado, não é? - comenta ela, tímida. - Quer dizer, eu nunca imaginei. A gente. Sabe?
    - É, nem eu. - diz Zayn, ascendendo a fogueira. Depois disso não voltam a se falar por um tempo; Aisha senta-se na areia morna, fecha os olhos por um instante, e começa a chorar.
    Ao ouvir os soluços de Aisha, Zayn rapidamente vai em sua direção e a abraça,  seu choro é de profundo desespero, em meio às lágrimas, encostada no peito de Zayn, Aisha confessa.:
    - Estou com medo, Zayn. Pensei que fosse uma heroína, mas não sou, estou com medo.- Zayn acaricia o cabelo de Aisha, e diz com calmaria na voz.:
    - Prometemos cuidar um do outro, lembra? - diz ele tocando com o indicador na ponta do nariz vermelho de Aisha. - E outra, passarinho, você ainda tem a pena mágica. Amanhã, quando chegar o momento da batalha, use seu último desejo para pedir coragem.
    - Você tem razão, Zayn, você sempre tem razão. - diz Aisha, que apesar de ter parado o choro, continua aninhada aos braços de seu amigo, e para ela, nada mais importa, só estar ali, com ele. Esta noite, esquecem-se da vigia, dormem ambos, refugiados um ao outro.
    Aisha acorda com um grito de dor, sem entender, vê Zayn contorcendo-se ao seu lado, só percebe que não é um pesadelo quando por pouco não é atingida pelas presas de uma Cobra de Fogo, esta criatura, descendente de dragões, tem poder para matar qualquer um.
    Em desespero, Aisha pega a espada que ganhara de Zayn, e tomando os gritos do amigos como impulso, corta a serpente ao meio com um só golpe. De dentro dela, escorre lava quente.
    Aisha corre na direção de Zayn, que agoniza, de seu pescoço escorrem sangue, e Aisha, já sem esperanças, o abraça. :
    - Não, por favor Zayn, fique comigo! - grita ela em total desespero. Mas não há nada que se possa fazer. Zayn, com as poucas forças que tinha, leva sua mão ao rosto de Aisha, e a acaricia uma última vez, até fechar os olhos.
    Chorando, Aisha sente como se o coração fosse arrancado do peito, ela olha para o céu e tudo que vê são as estrelas, e a linha desenhada pela pena mágica.
    " A pena ", lembra ela, " é isso ". E corre até onde estão os cavalos com as bagagens, desesperadamente procura a pena em sua bolsa. A encontra, juntamente com o papel que mestre Hamid lhe dera. Sem pensar duas vezes, Aisha escreve seu nome, fecha os olhos e tudo que existe em sua mente é o desejo de ver Zayn vivo ao seu lado novamente. Abre olhos, nada acontece.
    Aisha ainda chora, desolada, seu coração perde novamente a esperança, dessa vez sentia uma faca transpassar-lhe a alma.
    "Maldita pena e toda essa magia ", pensa ela com raiva.:
    - O que foi, passarinho? Alguém morreu? - Aisha abre os olhos e vê Zayn sorrindo, de maneira ainda doída. Ela o abraça como se fosse o mundo, suas lágrimas agora são de alegria.:
    - Você usou a magia da pena, não foi? - pergunta ele, Aisha se afasta e diz que sim com a cabeça, o ajuda a ficar de pé e ele continua dizendo :
    - Tem ideia que usou seu último desejo? - sua expressão é séria agora. - Como terá coragem,  Aisha?
    Ela caminha até ele e o toma pela mão, um desejo ardente a consome, e com voz confiante afirma :
    - Contanto que você esteja comigo Zayn, eu jamais precisarei de magia alguma. É você quem me dá a coragem que preciso, Zayn, sempre.
    Ele a puxa para mais perto, estão colados, sem dizer nada, sentem apenas a batida do coração um do outro. Tomados pelo momento e pelo sentimento descoberto dentro de si, beijam-se, ardentemente, e nesse instante, almas se encontram.
    De manhã, o sol brilhava forte quando avistaram de longe, no fim do deserto, e maravilhoso por uma bandeira negra, o castelo que fora dominado pelos Corvos de Sangue. Seguiam cautelosos, pararam por um instante para rever o plano.:
    - Primeiro, não podemos ser pegos. - diz Zayn, que esbarra de costas em algo, quando se vira, depara-se com um cavaleiro, totalmente vestido de negro, e no seu peito, um broche com o símbolo dos Corvos de Sangue. Não há tempo de reagir, os dois são capturados e levados ao calabouço escuro do estranho castelo negro.
    Passaram-se horas, famintos e assustados, Aisha e Zayn não percebem a presença do cavaleiro que se aproxima da cela, a porta se abre, e a voz pesada os chama:
    - Meu senhor os chama, é bom que venham depressa. Os dois apenas levantam-se e apressadamente seguem o homem.
    Chegam à uma grande sala, no fundo, num trono vermelho como sangue, está sentado em toda a sua glória, a figura do homem-corvo, o manto preso às suas costas, é escrustado de penas pretas, e em seu rosto, uma máscara com face de corvo. Aisha sequer consegue encará-lo.:
    - Bem vinda, passarinho! Há tempo que te espero. - diz ele com ironia, sua voz é carregada de crueldade. Aisha e Zayn mantém o silêncio, as palavras enterradas nas gargantas. Após um longo momento silencioso, Aisha olha para Zayn, e lembra da promessa de protegê-lo.:
    - Sabe quem sou, não é? - fala ela dirigindo-se ao homem no trono. Ele se levanta e caminha até ela, que ainda está de cabeça baixa, o homem se aproxima e para a sua frente, Aisha decide encará-lo, mas ao fazer isso, Aisha descobre uma raiva dentro de si ao ver os olhos daquela criatura. Ela grita.:
    - Foi você, não foi?! Matou minha família! Toda a minha aldeia! Você destruiu a minha vida! - a raiva faz com  que lágrimas brotem nos olhos de Aisha, e mais uma vez seu mundo desaba. O homem, agora descoberto como o Corvo Sangrento, ri diante da desgraça de sua inimiga.:
    - O que você esperava? Que eu levasse flores? Eu já conhecia a profecia antes mesmo de você nascer. Era você quem eu queria. Como não encontrei, restou a mim destruir tudo que seria importante para você.
    Aisha se lembra da magia usada pela mãe para protegê-la, lembra-se de ter visto o Corvo na noite na morte de sua mãe, lembra de ter o encarado nos olhos, mas ele não a vira, a magia a protegera.
    Pensa ela então na mãe, e que é por causa dela que está ali, e que é seu dever fazer justiça em nome dela, em nome de todos que morreram por causa da maldade daquele coração duro que batia à sua frente. Aisha busca com os olhos uma solução, e avista no fundo da sala, a verde esmeralda da espada brilhando forte.
    Aisha nem pensara na loucura que estaria prestes a cometer, corre em direção ao Corvo, e por sua altura, Aisha escorrega e passa por debaixo das pernas dele. Por pouco alcança sua espada. Zayn está sem reação, mas Aisha joga para ele um punhal. Neste instante se inicia uma grande batalha.
    Certamente o Corvo já esperava pela luta com Aisha, desembainha a espada e corre em direção à ela. Espadas se cruzam, começa emfim a dança dos pássaros.
    Zayn luta tão bem quanto a amiga, que lhe ensinara diversos golpes, ele e um dos Corvos Sangrentos, mas não é com ele que se preocupa, ao lado, o som das espadas é ainda mais alto.
    - Você não pode me derrotar,  Aisha! - grita o Corvo quando cai em cima dela, ela segura Aisha pela mão da espada e ela é impedida de atacar. - Eu sou imortal, sua idiota!  Achou que poderia me derrotar tão fácil? Eu fui feito pela magia de sangue, o que corre em minha veia são as vidas que tomei para chegar até aqui!
    Aisha lembra-se da mãe, e a dor de sua perda a consome, com fúria, liberta a mão esquerda, com força, arranca a máscara de corvo da cabeça do homem, o rosto que ela vê a surpreende.:
    - Príncipe Kamal?! - Aisha reconhece o rosto que está sempre estampado em cartazes da vida, os olhos negros do príncipe agora brilham de desespero e seu segredo é revelado; ele vacila.
    Aisha consegue escapar das mãos do príncipe e se lança sobre ele, a fúria da justiça a consome. Se vê em seu pesadelo novamente, só que desta vez, a espada de Aisha lhe transpassa o coração, e ele sangra.
    O príncipe ri com sangue escorrendo pela boca, sua voz é fraca, mas ele insiste em dizer.:
    - Acha que não tentaram me matar antes? Eu sou o Corvo Sangrento! Eu matei a minha família, o meu povo para ser quem eu sou hoje! Eu não posso morrer!
    Aisha sussurra em seu ouvido enquanto aprofunda a espada no coração do príncipe :
    - Ninguém vive para sempre.
    Neste momento, um líquido negro escorre no lugar de sangue, Aisha retira a espada, e no momento que o corpo do Corvo atinge o chão, explode tornando-se milhares de penas pretas. O vento sopra. As penas voam. "Espalhadas pelo deserto".
    - Pode beijar a noiva!
    Aisha e Zayn se beijam e saem de mãos dadas, incrível como quatro anos passaram-se depressa, e enquanto passa pela multidão que viera assistir o casamento da salvadora, as memórias refrescam na sua mente, e ela se lembra de tudo que passou para estar ali.
    Enquanto caminha ao lado de Zayn, ouve, mesmo com o barulho da multidão, a voz da mulher que fala para sua filha:
    - É assim, filha, eles viveram felizes para sempre. É assim que acaba.
    Aisha se aproxima da criança e com brilho nos olhos diz:
      -Este, pequena, não é o final. Este é só o começo. 
    Tira a espada de detrás do vestido e a ergue, o povo aclama seu nome. O brilho da esmeralda verde é forte, e com ele, vem junto uma nova história.
  • Elleanor - conto/ficção

    elleanor02
    natal
    A traição será Vingada!

    ano:2019
    gênero: Fantasia / ebook
    autor: Marcos dos Santos
  • Entre a Espada e o Espinho (Trecho do livro que estou escrevendo)

    A brasa ainda batia em sua face. A imagem da grande fogueira Bravrhera’na visitava seus sonhos. Naquela fria noite, deitou tão exausto da longa caçada que acabou esquecendo-se de apagar a pequena fogueira que fizera. O agudo som dos galhos estalando fez com que acordasse. Virou-se assustado percebendo o enorme cervo ali parado observando-o com temor. O homem tentou se levantar, mas a ferida em sua coxa o impedia dando grandes pontadas em seus nervos. Puxou seu arco, que estava preso ao elevado roble que encobria aquela grande área, mas o cervo, contudo, já estava a metros de distância.
    Bufou decepcionado.
    Fincou sua adaga no roble e com grande dificuldade levantou-se. A chuva havia cessado e a cintilante luz escarlate do sol começava a esquentar seu corpo. Pegou sua espada presa a bainha e a prendeu em seu sinto. Seu estomago reclamava, fazia alguns dias que não comia algo. O vento soprava forte pela manhã, bagunçando ainda mais seus negros cabelos ondulados que acompanhavam sua espessa barba, a qual estava manchada pelo sangue que escorrera durante a noite devido ao corte em seu supercílio. Deu alguns passos desajeitados, o pedaço de tecido que amarrou sobre a ferida de sua coxa para estancar o sangue estava suspenso e o sangue voltava a escorrer. A imagem da fogueira passou novamente em sua mente, dessa vez acompanhada por uma voz pacífica e suave. Assustado, amarrou o tecido fortemente, franzindo o cenho e rangendo os dentes de dor.
  • Exército de um homem só

    Enquanto janto, sinto medo de ter meu lar invadido, e ser arrancado à força dos confortos de minha casa. Enquanto caminho pela praça, leio perfeitamente a insegurança daqueles que andam, temendo pensar algo herético perto de mais de um passarinho entre as árvores. Quem diria, nosso representante carismático arranca como pode nosso suado ouro com abusivos impostos, e mesmo assim, deve os reinos vizinhos, e parece não investir nas necessidades básicas de nossa nação. Agora estou polindo o escudo do cavaleiro a quem sirvo. De certo modo fui arrastado das saias de minha mãe e puxado pelos cabelos até um campo sangrento de batalha, servindo como escudeiro de um esnobe nobre filho de um Lorde. Ah, sou só um plebeu quase homem-feito, e pouco valor me dão por isso. Pouco valor, por tanto, dou ao Rei e ao seu detestável conselho, por ter a audácia de repelir todos os aliados. Pouco valor dou aos governantes que tiveram a proeza de destruir uma nação internamente pelos abusos de autoridade e pela ignorância ao nosso estado, e também destruí-la externamente, fazendo inimigos e desmanchando alianças por serem levianos e interesseiros.

    Não consigo conter meu riso debochado, mas não é apropriado rir agora enquanto levanto minha mão junto com os outros, demostrando respeito e humildade àquele que nos governa. Um serzinho carismático, nosso rei, acho que já disse isso. Carismático por que mesmo assim ele encanta a maioria do povo, abafando os podres que eu conheço muito bem. Carismático por que a imprensa local o titula assim, e faz questão de repetir mil vezes necessárias forem as conquistas e ideias do governo atual. Como a maioria é analfabeta, cantores contratados cantam em nome do rei, canções fáceis, dóceis e viciantes sobre o que querem que sabemos sobre política. Mas eu não ergui a mão em respeito ao nosso eloquente representante. E sei que arrastei a terça parte dos cidadãos comigo com minha cauda. Ah, quem diria que um escudeiro promovido a copeiro devido a sua inutilidade em um campo de batalha seria um bastardo que foi criado pelo dono da imprensa e foi sequestrado quando tinha onze anos para trabalho escravo em um moinho de um nobre que sequer sabia minha identidade seria uma ameaça aos que estão no pódio do poder.

    Eu sei ler suas cartas, entender suas discussões de guerra. Sou um homem de guerra, um articulista e gestor. Mas pouco valor me dão por ser plebeu. O mesmo que já ergueu diversas vezes o braço é aquele que arriscando ser traído por um vira-manto criou uma sociedade secreta, mantendo contato com exilados em outras nações, e fazendo acordos com líderes simpatizantes com os mesmos. Eu sou a luz no meio-dia escurecido pela Inquisição. Ceamos com o rei, que nos sacia a sede com veneno, e, como todo fiel ao estado faria, fingimos beber de seu líquido. Não damos atenção a imprensa, mas às escuras circulamos pelas sombras nossas próprias notícias, escritas sob pressão de morte, em frias grutas, com pouco mais de vinte pessoas de confiança. Em seu cálice também há veneno, ó meu amado rei, e depois de fingirmos beber de seu líquido, aguardamos ansiosamente que beba o nosso.
    Paz.
  • Forjando um escudo parte 4

    Capítulo 4
    Guido corria de um lado para outro atendendo mesas e apesar do trabalho não podia deixar de se sentir feliz no último ano ele finalmente havia realizado o antigo sonho de se casar a sortuda se chamava Sônia uma mulher de seios fartos e ancas largas que com certeza lhe daria muitos filhos ela tinha uma risada que para todos parecia um porco morrendo, mas que na opinião de Guido era como o canto de um rouxinol.
    Todo o lugar fervia o inverno havia acabado e agora era hora de recomeçar hoje todo o povo da região agradecia a Eostre por suas bênçãos, pois finalmente as trevas tinham acabado e mesmo com a morte de algumas famílias que viviam mais afastadas a esperança renascia.
    — Sonia! Onde está o guisado de coelho?
    — Cale a boca! Seu gordo ranzinza senão irei até aí e partirei sua cabeça ao meio.
    Ao som de gargalhadas as comemorações continuam, quando surge a porta dois homens fazendo que todos olhem surpresos para eles.
    — Mestre Giovanni, jovem mestre Dante, sejam bem vindos todos pensavam que haviam sido devorados por um urso.
    — Ha,ha,ha! Não meu amigo tentaram não é ragazzo? Mas não foi dessa vez.
    Dante olha para Giovanni como se uma dolorosa recordação voltasse para assombrá-lo, o que só faz as gargalhadas da taverna aumentarem ainda mais.
    Após acomodar os recém-chegados Guido vai para a cozinha da onde se escuta sua discussão com a esposa de discussão enquanto algo era quebrado para a alegria dos clientes.
    — Mestre vou andar um pouco para aproveitar os festejos.
    — Está bem, nos encontramos na praça em uma hora e não se atrase, temos que continuar com seu treinamento.
    Ao escutar aquelas palavras Dante não consegue evitar de fazer uma careta, sem dar chance para Giovanni dizer nada o jovem dispara porta a fora garantindo o máximo de distância entre ele e seu mestre. Nas ruas da vila era possível sentir a vida pulsando todo o lugar estava iluminado para onde se olhasse, pessoas bebiam, dançavam e cantavam, crianças corriam brincando entre as barracas de jogos.
    Toda aquela euforia das pessoas fez com que o cansaço dos longos meses de treinamento sumiram dando lugar a felicidade de estar de volta ao lar, porém na mesma velocidade que esse sentimento chegou também partiu, pelo canto do olho Dante enxerga um grupo de rapazes que guiava outros três para longe da vista de todos. Ao reconhecer o líder do grupo um gosto amargo surgiu em sua boca e quando este sorriu de forma maliciosa todo o corpo de Dante foi tomado pela raiva.
    — De Luca.
    Luigi era filho único de Guilherme De Luca um poderoso senhor que governava milhares de súditos, poderoso e temido por muitos vasto era seu território;
    O "senhor da guerra" assim ele era conhecido as conquistas do clã da lua crescente eram cantadas por diversos povos o futuro de Luigi De Luca seria glorioso. Até que Theon di Savoie e seu clã chegaram, se Guilherme era um senhor da guerra por outro lado Theon era o próprio "Deus da guerra", com o balançar de sua espada dezenas de guerreiros tombaram diante dele e como fogo na floresta o cla da lua cheia ameaçava destruir tudo o que Guilherme construiu, sem alternativa ele e todo seu povo tiveram que se render e jurar obediência à Theo o conquistador, assim os De luca e todo seu clã se tornaram vassalos dos di Savoie. Isso era o que atormentava Luigi, ele jamais poderia aceitar ser servo de ninguém e pretendia mudar esse futuro com as próprias mãos. Sua única certeza que para isso ele precisava de força, chegará o dia que Theo terá que entregar o título de lord supremo para seu filho Enrico a quem Luigi tinha certeza que poderia vencer em combate, tomando para si o título de Lorde supremo e para garantir sua vitória ele reunirá todos os de seu povo sobre seu comando para destruir qualquer tentativa dos di Savoie de vingança.
    "vingança?" Sem Theo e depois que destruir Enrico o único que sobrara e o insignificante do Dante e esse manterei sob meus pés para que pague por toda a humilhação que minha família sofreu.
    — Cale a boca e continue andando verme insolente! A voz de seu subordinado tras Luigi de volta a realidade.
    — Calma Frederico. Aqui já está bom, darei uma última chance a vocês três juram lealdade a mim e prometo esquecer o passado.
    — Não farei isso De Luca e eu sou membro do clã da lua cheia, minha lealdade pertence a casa di Savoie. Os outros dois nada disseram, no entanto em suas faces era possível ver a mesma determinação do rapaz que falou.
    Ao ouvir aquelas palavras a face de Luigi se contorce em puro ódio.
    — Pois bem, se negam minha bondade então aceitem minha fúria ensine os o que é dor.
    O cerco se fecha em torno dos três jovens no momento que estão para serem atacados uma pedra voa atingindo um dos atacantes que vai ao chão se contorcendo de dor .
    — Quem ousa?
    De trás de uma árvore próxima Dante que observava tudo se revela calmamente.
    — Ora, ora o'que temos aqui De Luca? Está se divertindo oprimindo os fracos como o covarde que e?
    — Que surpresa e o bufão da casa di Savoie, então nem as feras quiseram essa sua carne podre não é verdade?
    — De Luca se parar agora prometo deixá-lo ir se recusar minha oferta usarei a autoridade de filho do lord supremo e terei que punir você e todos os envolvidos.
    — He, he, he! realmente um grande bufão, pois eu quero ver você tentar Dante di savoie peguem ele! O grupo de Luigi abandona os três rapazes e começam a perseguir Dante que foge o mais rápido possível.
    Frederico estava confuso, ele já havia perdido a noção de tempo que estavam naquela empreitada.
    Luigi havia ordenado que capturassem Dante o que deveria ser uma missão fácil pelo fato de quão fraco era o filho mais novo do Lord Theo, entretanto eles não conseguiam realizar a tarefa. Já sentindo o cansaço, Frederico escuta uma voz em sua cabeça avisando que deviam parar enquanto era tempo, porém ao olhar para a fase de Luigi viu que nada nem ninguém faria seu líder desistir da caçada e que seria tolice tentar então ele se calou e continuou correndo. E claro que se Frederico soubesse o desfecho da perseguição teria feito todo o possível e impossível para impedir Luigi.
    "Bom e agora? O que eu faço?" Dante se envolveu naquela confusão sem ao menos perceber. Quando viu Luigi e os outros decidiu segui-los ao perceber o que estava prestes a acontecer pegou uma pedra e arremessou acertando em cheio um dos capangas de Luigi e depois de alguma provocação teve que fugir. A parte boa é que conseguiu salvar três inocentes a ruim e que agora todo o ódio de Luigi estava direcionado a ele.
    Os Membros dos clãs tinham muitas " habilidades únicas" que os tornavam pessoas acima da média e isso permitia que realizassem coisas que para muitos seria descrito como magia, contudo para infelicidade de Dante ele se encontrava muito abaixo do esperado dos demais e mesmo um truque de salão seria difícil para ele. Mesmo usando tudo o que tinha ele não conseguiria vencer tantos inimigos e mesmo fugindo não era rápido o bastante era apenas uma questão de tempo para que os seus perseguidores o alcancem selando seu destino.
    " Maldição eu tinha que bancar o herói? E agora cá estou acuado como um cervo caçados por lobos."
    De repente uma ideia surge na mente do herdeiro de Theo que mais do que rápido faz um desvio indo em direção a parte mais antiga da vila que era um amontoado de casas que se espremiam formando vários becos e vielas.
    Para que tivesse uma chance Dante teria que confiar em sua astúcia, inteligência
    e na sorte.
    Luigi não conseguia deixar de sorrir Dante em seu desespero acabou correndo para a parte da vila que agora estava vazia. antes ele teria que se controlar e dar apenas uma surra no moleque di Savoie e aguardar o castigo, mas agora sem testemunhas ele poderá dar um ponto final a história de um dos odiosos inimigos de sua família.
    As ruas em volta deles vão se estreitando até que todos são obrigados a correr em fila com os mais rápidos tomando a dianteira, assim que o primeiro perseguidor se aproxima de Dante este faz algo inesperado com a espada ainda embainhada ele se vira acertando o azarado rapaz que cai inconsciente, sem perca de tempo Dante retoma a fuga derrubando tudo no caminho para obstruir Luigi e os demais que ainda se recuperavam do susto.
    A perseguição continua e mais uma vez Dante parar a apenas tempo o bastante para nocautear mais um dos perseguidores ele volta a correr feliz por ver que seu plano estava funcionando.
    A resposta para o problema que Dante enfrentava veio de uma memória, durante seu treinamento nas montanhas, durante uma caçada ele se viu cercado por uma matilha de lobos famintos no último instante uma flecha acerta uma das feras ao buscar a origem ele vê Giovanni entre diversa rochas sinalizando. Sem perder tempo Dante corre até o encontro do seu mestre e ao alcançar ele percebeu algo incrível.
    O lugar onde estavam formava um muro que possuía apenas uma entrada onde Giovani com uma lança atacava qualquer lobo que se aproximasse.
    — O que está esperando ragazzo? Venha me ajudar! Juntos, Giovanni e ele mataram mais de vinte lobos até que o bando desistiu e partiu os deixando em paz.
    O predador tinha mudado, porém a solução era a mesma Dante tinha que criar uma situação onde a vantagem numérica e a força dos inimigos fossem restringidas e as vielas apertadas até agora tinham dado conta do recado, o número de inimigos abatidos somavam três e finalmente ele podia ter esperança.
    Uma das verdades universais e que se tem algo que pode dar errado dará e outra e que o orgulho e um pecado mortal, Dante estava correndo a quase uma hora quando percebe que Luigi havia sumido e apenas dois rapazes continuavam a persegui-lo, quando virou a esquina um brilho surgiu no canto de seu olho e por sorte conseguiu desviar do golpe da espada de Luigi que visava seu pescoço.
    Em desespero Dante muda a direção de sua fuga e na confusão ele acaba na madeira da vila um grande descampado onde grossas toras de madeira aguardavam para virar celeiros, tetos e móveis, antes que pudesse fazer qualquer coisa ele percebe que estava cercado.
    — Bom parece que sua sorte acabou não é mesmo seu pequeno rato imundo.
    Uma flecha surge aos pés de Luigi que recua.
    — Sim, a sorte de alguém definitivamente acabou.
    Dante olha para as sombras e vê Giovanni surgindo das sombras empunhando um arco, atrás dele um dos jovens de mais cedo sorri aliviado e sussurra um obrigado.
    — E agora surge o fiel cão de guarda de Theo para resgatar a cria do seu mestre. Você é e sempre será um fraco covarde que não consegue lutar as próprias batalhas Dante.
    Mais uma flecha surge aos pés de Luigi.
    — Ragazzo eu não sou um cão e não tenho mestre, sugiro tomar cuidado com suas palavras antes que eu coloco uma flecha entre seus olhos. Entretanto concordo em parte com você já é hora de Dante Lutar as próprias batalhas. Aqui e agora vocês vão lutar e colocaram um ponto final nessa tolice.
    Os quatro jovens se olham de forma confusa tentando entender as palavras de Giovanni. O mais confuso era Dante que a segundos atrás respirava aliviado com a chegada de seu mestre acreditando que ele impedirá o massacre que estava prestes a ocorrer, entretanto Giovanni nada faria como estava incentivando o confronto.
    — Acha que eu sou algum tolo e uma armadilha assim que começamos vai nos atacar pelas costas. Luigi confiante nos números ao seu favor esbravejava desafiando o guerreiro diante dele. Giovanni por outro lado estava se contendo para não cair na gargalhada ao ver o jovem pavão da família De Luca que estufava o peito tentando parecer um adulto.
    ,
    — Sim, eu acho que é um tolo jovem De Luca principalmente por achar que eu me desonraria atacando um grupo de crianças, eu já disse, vocês que lutaram. Eu estou aqui apenas para garantir que seja de forma justa.
    — Bom e como faremos isso "nobre guerreiro?" A pergunta de Luigi faz com que Giovanni caminhe até um monte de galhos de onde ele retira quatro do mesmo tamanho os entregando aos rapazes.
    — Um de cada vez vocês irão lutar contra Dante até que alguém se renda ou não possa mais lutar. Para tornar as coisas mais interessantes, se ganharem dele eu darei uma bolsa cheia de moedas de prata.
    — E se nos recusarmos a lutar?
    — Aí vocês terão que passar por mim para ir embora e como ameaçaram meu aluno posso garantir que farei com que todos se arrependam do dia em que nasceram. Com a possibilidade de conquistar riqueza somado às palavras de Giovanni o grupo de Luigi se organiza para a luta contra Dante.
    O primeiro a lutar foi Augusto, todos do clã da lua crescente treinavam arduamente desde cedo para a guerra seus corpos e mentes eram talhados de forma a criar os melhores guerreiros e mesmo Giovanni ao olhar aquele jovem não podia negar que ficaria satisfeito em ter esses guerreiros a seu lado em batalha.
    — Isso será rápido Dante não me culpe por sua má sorte, mas veja pelo lado bom, antes eu do que o Luigi. Dante nada responde ao primeiro adversário ele se posiciona segurando o galho com as duas mãos era uma posição básica da esgrima que mostrava a falta de habilidade do guerreiro.
    Sem aviso, Augusto ataca tentando encerrar com apenas um golpe, Dante facilmente desvia e contra ataca as pernas do rapaz que cai sentido fortes dores.
    — Olha só parece que você deu sorte, vamos ver por quanto tempo ela vai durar? Apesar de suas palavras Augusto já não tinha a mesma confiança de antes ele avança de forma cautelosa até estar próximo o bastante para que Dante não pudesse desviar de seus ataques. Ele ataca e para sua surpresa e total espanto dos presentes Dante não apenas estava defendendo como parecia estar fazendo isso com muita tranquilidade.
    — Sua guarda está baixa. Aqui deixe eu lhe ajudar. Novamente Dante golpeia as pernas de Augusto que cai de joelhos antes que este pudesse fazer qualquer coisa, um golpe certeiro no seu pescoço faz com que perca os sentidos decidindo o resultado da primeira luta.
    "Como diabos eu vou sair dessa enrascada?" O coração de Dante batia acelerado, sua mente estava confusa. Seu mestre decidiu que ele deveria lutar contra aqueles três até que alguém se rendesse ou acabasse inconsciente. E por isso uma montanha chamada Augusto o encarava, o rapaz começa a falar, contudo o medo que sentia impede Dante de entender qualquer palavra. Seu primeiro impulso foi gritar a todos os pulmões que se rendia, mais do que rápido ele morde o canto da boca contendo esse ímpeto.
    "Não, eu não vou envergonhar minha família e meu clã dessa forma." Decidido o jovem herói da casa di Savoie se posiciona sua respiração normaliza e sua mente começa a trabalhar seu mestre disse que ele deveria confiar em sua inteligência e isso era exatamente o que faria. em suas memórias ele busca as vezes que viu Augusto lutando com espada nesse processo Dante percebe que o rapaz sempre dava o primeiro passo mais largo e que quase sempre atacava da direita de cima para baixo como se tentasse partir a pessoa ao meio. Dante poderia defender mas com sua força era claro o resultado se decidisse bater de frente, então quando foi atacado ele desvia o melhor possível e ataca as pernas de Augusto que cai mostrando uma face surpresa e confusa.
    Augusto se levanta e se aproxima cauteloso, Dante novamente começa a lembrar das lutas do rapaz e seus hábitos quando é atacado um plano já havia se formado em sua mente, mais do que rápido ele começa a desviar dos ataques tendo certeza de não entrar em uma disputa de força. Quando uma brecha surge na defesa de Augusto , Dante o atinge novamente nas pernas e depois no pescoço fazendo a montanha diante dele tombar inconsciente.
    "Eu posso fazer isso!"
    Frederico e Luigi não podiam acreditar em seus olhos Dante sorria vitorioso enquanto no chão Augusto permanecia imoveu.
    — Maldição eu sabia que isso ia acabar mal, eu preciso sair.. Frederico fica mudo ao sentir uma pesada mão sobre seu ombro ao olhar para o lado ele se depara com um Giovanni que sorria calmamente, se fosse alguém dos clãs não seria surpresa conseguir se aproximar sem ser notado, mas aquela pessoa era apenas um guerreiro humano.
    — Como você fez isso?
    — Ora ragazzo não se preocupe com isso está bem? Então quem será o próximo?
    — Caro mestre Giovanni, na verdade eu reconheço meus erros e peço perdão a você e ao Dante, eu não tenho desejo de lutar. Por favor, eu só quero ir embora.
    — E claro que você pode partir.
    — Verdade? Então vou indo. Antes que Frederico dê o primeiro passo, Giovanni volta a falar.
    — Jamais tentaria forçar alguém a lutar, porém está certo de sua escolha de não lutar.
    Frederico até hoje não sabe se foi algo na voz ou na forma que Giovanni o olhava, contudo uma coisa era clara ṕara ele não importava quando sofresse nas mãos de Dante ainda seria pouco comparado ao que aquele homem sorridente faria.
    —Vamos terminar logo com isso. conformado finalmente Frederico avança em direção a Dante.
    Apesar de Frederico ser mais cauteloso que seu predecessor e manter a guarda sempre alta, possuía um tique nervoso que sempre denunciava quando atacaria.
    Quando recebeu o primeiro ataque de Dante, o rapaz anuncia a sua rendição a reação de Giovanni Foi começar a rir enquanto caminha até os duelistas.
    — Ragazzo assim não é possível. Você deve tentar com mais afinco será que não considera meu aluno digno? Se esse for o caso me sentirei ofendido e terei que tomar o lugar dele e isso que deseja? Frederico gesticula nervosamente em negativa e retoma a luta com vontade renovada dando trabalho a Dante, porém acaba perdendo.
    Após sua derrota Frederico se junta a Augusto que havia acordado.
    — Muito bem, está na hora do evento principal, está pronto Luigi?
    — Não me compare a esses dois estúpidos vou acabar com esse infeliz e depois darei um jeito em você.
    — E mesmo? Uma ideia parece surgir na mente de Giovanni que sorri maliciosamente.
    Se você está tão confiante porque não fazemos uma aposta?
    — O'Que você tem em mente?
    — Caso ganhe além do dinheiro, tanto eu como Dante vamos jurar lealdade a você diante de todos na praça.
    Aceito.
    — Não quer ao menos saber o que eu quero caso perca?
    — Isso não vai acontecer, mas farei o seguinte, se eu perder lhe darei a espada da minha família e jurarei lealdade a Dante o que me diz?
    Por mim tudo bem, não vá se arrepender depois.
    Não irei! Luigi caminha com confiança em direção a Dante, o jovem transborda confiança em si.
    — Vou admitir que seu crescimento Dante, entretanto não se iluda, você precisa de pelo menos mil anos antes de cruzar espadas como igual contra mim e vou provar isso agora.
    —Você que se ilude Luigi eu não almejo ser como você longe disso em guarda!
    Dante ataca surpreendendo Luigi usando suas habilidades ele se move rapidamente em volta do antigo desafeto impedindo que esse usasse sua já conhecida força.
    — Maldito covarde pare de correr e me encare de homem para homem.
    Homem? Você não pode dizer que é um homem e na verdade um covarde que usa sua força para obrigar os outros a lhe obedecerem.
    — Ha, ha, ha! Seu pai também usou a força e obrigou a todos lhe obedecerem, então ele também é um covarde. Ao ouvir aquelas palavras Dante para o que possibilita que Luigi finalmente o atacasse com toda sua força, ambos começam uma troca de golpes furiosos.
    — Você está certo, Luigi meu pai usou a força para unir os clãs e não a justificativa para o sangue que ele derramou e as vidas que tirou e por isso ele pede perdão por seus atos todos os dias e diz que se pudesse teria feito diferente, mas isso estava além do seu poder.
    Os golpes de Dante se tornam mais fortes a cada palavra, fazendo com que Luigi ficasse na defensiva.
    — Entretanto isso está no passado podemos perdoar e aprender com a história de nosso povo
    e fazer as escolhas certas para garantir um futuro de paz e prosperidade ou podemos continuar nesse círculo de ódio até que ele consuma tudo e a todos.
    A fúria toma conta de Luigi que ataca acertando as costelas de Dante que encolhe de dor. Uma chuva de golpes segue cobrindo todo o corpo dele, cada um carregado com os sentimentos de Luigi.
    — Palavras vazias! Você é o filho do Lord Supremo. Não há ninguém que possa dizer não para você. Qualquer coisa que deseje, terá e nada no mundo é impossível para você. Quanto o restante de nós devemos servir sem nunca questionar quem nos conquistou aceitando pacificamente nossas correntes? Não! Eu nunca permitirei que meus filhos, meu netos e todo meu povo vivam assim seremos livres nem que apenas na morte.
    Em um último ataque, Luigi quebra a espada improvisada de Dante e sorri triunfante.
    — Acabou renda-se e jure lealdade a mim.
    — Nunca!
    — Então pague o preço por sua teimosia. Quando Luigi ataca novamente Dante arremessa oque sobrou de sua espada contra ele que rapidamente desvia, porém Luigi percebeu tarde demais que era um truque. Dante mergulha enlaçando as pernas de Luigi o derrubando este e sem perca de tempo monta em cima do rapaz e começa a soca-lo com força e sem piedade.
    E..eu me rendo por favor pare...por favor. Ao ouvir as palavras de Luigi Dante cessa seus ataques ao levantar ele olha para o adversário derrotado no chão nos olhos de Luigi lágrimas começaram a brotar, ele então se levanta e cambaleando vai até onde estava sua espada e volta até Dante se colocando de joelhos.
    — Eu Luigi De Luca juro minha Lealdade...
    — Pode parar, eu não quero sua lealdade De Luca eu nunca quis.
    Luigi não podia acreditar no que ouvia, será que Dante usaria aquela oportunidade para humilhá-lo ainda mais?
    — Eu procuro companheiros, amigos com quem eu possa compartilhar meus sonhos e desafios, pessoas que possam carregar comigo as esperanças de todos os que tombaram para que pudéssemos estar aqui. E você não é uma dessas pessoas, pegue seus companheiros e parta para que não envergonhe mais ainda sua família e clã.
    Junto com seus companheiros Luigi parte sem olhar para trás, deixando Giovanni e Dante sozinhos.
    — Eu consegui! Você viu, mestre? Eu consegui!
    — Sim, é verdade, conseguiu. Devo dizer que quando o vi sendo atacado sem conseguir se defender achei que era o fim, mas parece que aquele velho ditado é verdade "a sorte favorece os tolos corajosos."
    — Mestre, o senhor não pode ao menos ficar feliz?
    — Feliz? você desafiou um grupo de pessoas muito mais forte, teve que fugir, lutou de forma vergonhosa contra o líder do grupo e venceu quase que por milagre e me pergunta estupidamente se eu poderia ficar feliz? Dio mio! E claro que eu estou feliz ragazzo, você me deixou muito orgulho.
    Ao ver o sorriso de Giovanni Dante sente as lágrimas de felicidade tomarem seus olhos.
    —Venha Dante, vamos cuidar de suas feridas e beber para comemorar sua primeira vitória. juntos mestre e discípulo caminham de volta a taverna de Guido rindo sem perceber que alguém os observava das sombras.
  • Forjando um escudo parte 5

    Capítulo 5
     
    O tempo passou e com ele as estações e nos domínios do clã da lua cheia não era diferente após sua vitória sobre o filho Guilherme De Luca uma transformação acontece com Dante uma nova, mentalidades se apossou no rapaz que agora exalava uma confiança diferente de tudo que se tinha visto, Mesmo nos treinamentos com seu irmão que sempre acabavam em sua derrota Dante sorria e agradecia a oportunidade e aprender um pouco mais. E todos admiravam aquele novo Dante, bem quase todos, Luigi De Luca odiava dante agora mais do que nunca, seu pai o havia castigado pela vergonha que ele trouxera sobre o clã da lua crescente, com isso seus subordinado o abandonaram e agora sua única companhia era uma garrafa de vinho para quem resmungava sobre seu azar e se por acaso Dante chegasse o lugar onde estava ele rapidamente saia sem chamar atenção e assim mais um ano passou.
    Um dia enquanto dante e Giovanni discutiam a respeito de Cipião africano e de como ele e Giovanni se pareciam quando
    são interrompidos por batidas na porta. Ao abri-la tudo o que Dante encontra e um envelope com o brasão do clã que rapidamente passa para seu mestre que rompe o lacre e começa a ler, então algo aconteceu a face de Giovanni se transforma em uma carranca de puro ódio seu olhar parecia com alguém que seria capaz de matar o diabo em pessoa.
    Sem dizer nada, Giovanni caminha até o quarto fechando a porta atrás de si minutos depois ele retorna trajando uma armadura de couro com uma cota de metal protegendo o peito.
     
    — Vá para casa Dante Lord Theo o está aguardando.
    — O que está acontecendo o que tinha na mensagem, mestre?
    — Nada que lhe diga respeito Ragazzo,
     
    Dante não podia acreditar no que estava ouvindo depois de tudo o que passaram juntos Seu mestre e amigo Giovanni o estava o despachando de volta para casa como se ele fosse apenas um estorvo.
     
    — Mestre não sei o que está acontecendo…
    Antes que pudesse terminar sua frase Dante sente o frio toque do metal em sua garganta na outra extremidade o olhar de Giovanni o desafiava a concluir o que ia dizer.
    — Eu já disse para você ir para casa a brincadeira acabou o lugar onde vou não permite que leve alguém tão despreparado.
     
    Giovanni sai pela porta deixando Dante em choque para trás ao sair Dante encontra seu mestre colocando a cela em seu cavalo.
     
    — Por favor Mestre, sei que posso lhe ajudar se o senhor permitir. Giovanni suspira e finalmente encara Dante e em seus olhos é possível ver as lágrimas prestes a cair.
    — Dante agora quero que me escute com atenção, você deve treinar todos os dias, não deixe de ler a respeito de tudo o que conversamos. Eu… Eu sei que se tornara um grande guerreiro e sinto orgulho de tê-lo como aluno e amigo, um dia entenderá que isso e para seu bem perdi tudo o que ja amei não posso arriscar perder você também me perdoe. As lágrimas correm pelas faces de mestre e aluno.
     
    — Adeus Dante di Savoie seja feliz.
     
    Montado em seu cavalo Giovanni se vira para o norte e parte.
     
    A viagem de Giovanni leva 3 dias ate que finalmente ele alcança uma pequena vila nos limites do território dos Clãs enquanto caminhava pela vila ele finalmente entende a mensagem que recebera de Theo o lugar estava vazio como nos relatos e se não fosse pela presença de animais vagando calmamente pelo lugar qualquer um acreditaria que era uma vila abandonada. O tempo passou e apesar de Giovanni não encontrou nenhuma pista que pudesse responder o que teria acontecido com os moradores da vila quando estava prestes a desistir algo no chão chama sua atenção o objeto tinha o tamanho de uma moeda de cobre porém mais fino e transparente com uma coloração verde. Ele começa a tremer e fecha a mão apertando o objeto ate que um machucado surgisse em sua mão de onde pequenas gotas de sangue começaram a pingar.
     
    — Finalmente eu lhe encontrei demônio. Com a noite chegando Giovanni decide montar acampamento no bosque próximo quando a lua já estava alta no céu uma figura encapuzada se aproxima da clareira com cuidado parando em uma arvore próxima ela observa o local onde Giovanni dormia, mas antes que pudesse fazer qualquer movimento a misteriosa figura sente o toque frio do metal em sua garganta.
     
    — Quem você é e o que faz aqui se mentir vou abrir sua garganta de uma ponta a outra.
    — Mestre sou eu Dante. Ao ouvir a voz do rapaz Giovanni o larga e caminha de volta para a fogueira.
    — O que pensa que está fazendo ragazzo?
    — Me perdoe mestres mas eu não poderia deixá-lo enfrentar seja lá o que for sozinho. Giovanni já chuta a fogueira enquanto grita de raiva.
     
    — Maldição Dante eu disse que é perigoso você não entende?!
    — Não. A menos que o senhor me explique eu não partirei e se tentar ir sem mim vou segui-lo. Giovanni olha para Dante que calmamente se senta diante dele e aguarda sua explicação.
    — Mio Dio esta bem já que parece não ter outra forma vou te contar. Giovanni olha para a fogueira como se buscasse forças.
    — Depois de ser deserdado eu não tinha para aonde ir e como sabe acabei me tornando um mercenário e assim vivi durante muitos anos onde houvesse alguém disposto a pagar eu lá estaria não importando os motivos da contenda. Um dia eu estava trabalhando para um mercador grego como escolta quando fomos atacados a luta foi dura o inimigo nos superava em números e estavam bem preparados no final com exceção do mercador e 5 de nos todos morreram. Eu estava ferido e minhas chances eram poucas de sobreviver, não sei dizer se por sorte ou obra do destino o ataque aconteceu perto de uma aldeia e para lá me levaram. Após pagar pelo meu enterro meus companheiros partiram e nunca mais tive notícias deles. Durante um mês fiquei entre a vida e a morte até que comecei a melhorar quando eu abri meus olhos a primeira pessoa que vi fora uma jovem Ela tinha cabelos dourados e pele clara e seu sorriso que fez meu coração bater mais forte para mim. Na hora pensei ter morrido e que ela fosse um anjo seu nome era Kassia e durante todo tempo que estive acamado ela ficou ao meu lado cuidando de mim. Com o tempo me recuperei e com sua ajuda fui aceito pelos aldeões e um dia nos casamos e de nossa união nasceu minha Ágata minha pequena princesa. A vida era boa e finalmente tinha encontrado meu lugar, eu tinha trocado a espada pelo arado e era feliz com minha nova família e amigos. Entretanto, nada e para sempre um dia eu e outros homens tivemos que fazer a viagem para entregar os impostos ao senhor daquelas terras e quando voltamos, encontramos nossa amada vila vazia como esta, eu estava desesperado e junto com os outros partimos em busca de nossas famílias contudo sem sucesso. Em uma taverna ouvimos um boato de criaturas que viviam nas montanhas e que às vezes vinham até as vilas para raptar as pessoas e para la nós partimos. A face de Giovanni se endurece e a dor que aquelas memórias traziam era visível.
    Era noite já fazia uma semana que procuramos a maioria dos que tinham ido comigo, haviam desistido conformados com suas perdas partiram para recomeçar em algum lugar distante, mas eu não desistiria nunca iria aos confins do mundo para encontrar minha família. Enquanto discutimos o que faríamos a seguir um vento forte soprou apagando nossa fogueira deixando tudo escuro, foi aí que percebemos o barulho primeiro baixo depois foi aumentando o som lembrava cobras. Todos ficaram assustados, algo estava à nossa volta se divertindo com nosso medo. Então aconteceu um companheiro que estava mais afastado havia sido agarrado e arrastado para as trevas ele gritava desesperado, porém, não conseguimos fazer nada ate que seus gritos cessaram. Depois apenas silêncio e do meio das árvores algo veio rolando até meus pés. Mesmo naquela escuridão eu consegui reconhecer que era a cabeça do pobre infeliz que estava gritando a pouco. A cena fez todos se desesperarem e mesmo eu dizendo para ficarem juntos eles correram por suas vidas e um a um foram mortos pela misteriosa criatura. Eu me joguei ao chão tentando acender uma tocha que me ajudasse a enxergar minhas mãos não paravam de tremer e meu coração parecia que saltaria do peito. Quando consegui me levantei e com a tocha em uma mão e a espada em outra ataquei as trevas, contudo, sem sucesso nesse momento, risadas começaram a ecoar pela floresta.
     
    — Vejam o Corajoso guerreiro. Hahaha diga-me senhor o que busca
    — Procuro minha família que vocês raptaram demônios!
    — Hahaha sua família está morta seu tolo e logo você se unirá a ele.
    — De repente senti algo cortando meu braço o que o deixou dormente, ataquei com fúria, mas foi tudo em vão a cada erro meu mais os demônios se divertiam.
    — Aqui bravo guerreiro, hahaha não mais para a esquerda opa! Que pena você errou estou aqui hahaha!
     
    —E assim eles jogaram com minha vida a cada ferida que recebia eu sentia me mais dificil se tornava pensar e meu corpo ficava cada vez mais pesado meus braços fraquejaram e minha espada foi ao chão desarmado e sozinho sabendo não conseguiria vencer eu fugi. Corri floresta adentro pelo que pareceu uma eternidade e cada vez que pensava em parar as risadas surgiam como para me incentivar a continuar em dado momento alcancei um rio e senti que os demonios haviam me cercado novamente.
     
    — Esse é o fim bravo guerreiro por respeito a sua força e coragem se desistir agora lhe darei uma morte indolor.
    —Eu sabia que o demônio estava certo ferido exausto eu mal conseguia me manter de pé, então cai de joelho aceitando meu destino enquanto fechava meus olhos, nesse momento a memória de minha esposa e filhas surgiu em minha mente e decidi partir como sempre vivi,
    O demônio estava se aproximando para dar o golpe e quando finalmente senti seu toque o ataquei com uma pequena faca de entalhar que sempre carrego comigo ele gritou de dor os outros começaram a sibilar em ameaça. Fui atacado novamente perdendo assim meu olho. Cambaleei para trás me agarrando ao monstro, mas não fui forte o suficiente e ele se libertou jogando-me no rio onde acabei sendo arrastado pela correnteza com apenas a morte como recompensa pela minha estupidez e apenas por um capricho dos deuses escapei com vida. Quando me recuperei comecei minha busca por vingança e por 20 anos vivi sem alcançar meu objetivo até agora.
     
    — Mestre, como tem certeza que os de hoje são os mesmos que mataram sua família? E verdade hoje sei que existem muitas outras criaturas além de seu povo e qualquer um poderia ser responsável, mas encontrei isso o que lhe parece? Giovanni estica o pequeno objeto esverdeado que havia encontrado para Dante este por sua vez o observa o objeto transparente em sua mão.
    — Parece uma escama.
    — Exatamente uma coisa que não lhe contei, as pessoas que me recolheram quase morto naquele rio disseram que eu tinha algo em minha mão que me recusava a soltar. Giovanni tira um cordão que carregava no pescoço onde Dante via uma escama idêntica a que estava em sua mão.
    — Contei a mesma história para lord Theo e mostrei isso a ele que me disse que apenas uma criatura possuí tal peculiaridade.
    — E qual é?
    — Elas são chamadas de lâmias e sua transformação lhe faz lembrar serpentes, elas se alimentam do sangue das pessoas assim como vocês. Contudo, essas criaturas são como gafanhotos que devoram tudo em seu caminho até que não sobre nada. Outro detalhe é que são extremamente raros mais que qualquer outro povo então provavelmente o mesmo ninho que me atacou esta aqui agora matando as pessoas. Seu pai pretende reunir os clãs para caçar e exterminar esses demônios, mas não pretendo esperar vou achá-los e matá-los com minhas proprias mãos.
    — Vamos mestre, não posso permitir que vá sozinho.
    — Mas Dante já falei…
    — Não, Giovanni, por que deveria ficar em segurança enquanto outras pessoas estão sofrendo por acaso minha vida vale mais do que as delas? Giovanni olha para Dante e naquele momento ele tem a visão de um homem de olhos cinzento que trajava uma armadura brilhante que sob a bandeira do clã da lua cheia liderava os guerreiros na luta contra o mal.
    — Esta bem você pode vir comigo desde que prometa fazer exatamente o que eu mandar ragazzo esta entendendo.
    — Sim, agora só precisamos avisar meu pai e os outros lordes o problema é que na pressa de lhe seguir não trouxe nenhum pombo comigo para poder enviar uma mensagem.
    — Meu tolo aprendiz isso não será um problema não é verdade amigo? Por que para de se esconder e se junta a nós?

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