person_outline



search

magia

  • Bem-vindo ao Mundo Fantástico

    Minhas produções preferidas na cultura pop são àquelas voltadas para a ficção fantástica. Esse tipo de obra reúne a fantasia, a ficção científica e o terror, somado aos seus mais variados subgêneros. Particularmente, produzo nas três vertentes, mas as que mais me dão prazer é a fantasia e a ficção científica, pois, esses dois me dão maior sensação de maravilhamento, motivo maior pelo qual os lemos.
                A fantasia brasileira nunca esteve tão ema alta como está agora. Desde antes do fim da primeira década desse século, já a partir de 2012, centenas ou até milhares de títulos de fantasia foram lançados no mercado editorial brasileiro pelos patrícios. O RPG de mesa, e outros board games que todos julgavam obsoletos tiveram incríveis mudanças e o ganho de um novo público. O mercado da fantasia se revigora em todas as frentes.
                Quando conheci a Cartola Editora através do site Antologias Abertas, fiquei surpreso e feliz da casa editorial se valer do financiamento coletivo para publicar os seus livros. Método esse que havia não apenas previsto, mas também proposto em artigos sobre escrita e publicação. Assim há maior engajamento dos leitores, desoneração dos autores e o tão esperado financiamento da editora.
                Para uma jovem editora como a Cartola Editora, o financiamento coletivo para além de uma necessidade é uma forma inovadora de produzir livros. Com alta aceitação de ambas as partes, eu incluso. Voltando ao site, reparei que durante o ano de 2019, a editora se propôs a publicar uma antologia por mês. A primeira tinha como tema a fantasia. Jamais perderia uma oportunidade dessa!
                A antologia O Encontro dos Mundos Fantásticos, organizada pela editora e uma das fundadoras, Janaina Storfe, recebeu o meu conto Caon contra o quibungo. Esse conto é uma fantasia que se passa no período Pré-Colonial. Conta o tipo de história que eu gostaria de ler mais: uma tribo indígena chamada Caiang recebe a visita de uma poderosa criatura, o quibungo Notala. Ele rapta o filho de Píriti, o morubixaba e exige um poderoso artefato em troca do garoto. Com a vida de seu filho em risco, ele recorre a Inteligência através da força. Para minha felicidade, meu conto foi aprovado.
                Depois do período dos trâmites legais, financiamos a obra durante um mês. Arrecadamos o dobro da meta, com direito a lançamento e tudo mais. Quando o livro chegou, mal pude acreditar na qualidade gráfica do livro, sem contar a seleção de textos maravilhosos da Janaina Storfe e a capa fenomenal do Rodrigo Barros, mais conhecido como Rodo, um dos editores e fundadores da antologia.
                Como toda coletânea de contos, vemos diversos estilos narrativos e subgêneros de fantasia. Alguns até de realismo mágico, o que também não deixa de ser fantasia. Eu gostei muito do resultado e fico feliz de dividir espaço com tantos escritores talentosos. Nenhum conto sou destoante da antologia. Há contos para todos os gostos, e muitos, assim como o meu, são inspirados no nosso folclore e se passam no Brasil.
                Como sempre faço em resenhas de antologias longas como essa, vou analisar dois contos que eu mais gostei, e dois que eu menos gostei. Esses critérios são subjetivos e visam dar uma dimensão do que o leitor encontrará na obra. Isso reflete apenas a minha opinião e não é uma verdade universal. Bom e que o leitor possa ler o livro e ter sua própria opinião sobre o assunto.
                O primeiro conto que eu mais gostei é A maga na torre, conto da Thaís Scuissiatto. Para mim, foi em termos de roteiro, o mais inteligente. Ada, uma neófita em magia está prestes a cumprir uma última prova para se tornar uma maga de verdade. Um Conselho de três magos a leva para o topo de uma torre e dão um prazo de três dias para ela descer até a campina, usando apenas as suas habilidades e estranhos objetos dispostos numa mesa. Qual dos estranhos artefato ela vai escolher e como ela conseguirá cumprir sua missão antes do prazo se esgotar? Parabéns a essa autora, pois, para além da pirotecnia da fantasia, ela fez uma situação corriqueira algo fantástico, com muito suspense e um tirada genial.
                O segundo conto que mais gostei foi O homem, a moral e a fera, da cartolete Tábatha Gagliera. Esse é o conto que me atraí muito a minha leitura. Jamais poderia ler um texto tão rico em expressões e profundo em significados e ignorar! Com um pé no realismo mágico, vemos uma fantasia em que um certo homem faz uma viagem para dentro de si mesmo e caba se deparando com um cenário ao mesmo tempo comum e distante. Lá, duas entidades o interpelam, a primeira se apresenta como a Moral, a outra, é conhecida apenas como Fera. As duas tentam convencer o homem com diversos argumentos sobre a liberdade. Essa obra mostra que fantasia pode sim explorar e fazer debates mais profundos da nossa realidade e sobre nós mesmos. Fantasia não precisa ser desmiolada, ou non sense, ao contrário, pode filosofar e questionar também.
                Os dois contos que eu menos gostei, não significa depreciar o trabalho do colega, ao contrário, apenas tive menos conexão com Um toque de um mundo fantástico, da autora Fabiane Rodrigues da Silva. Achei a narrativa um pouco infantil e a trama não me trouxe nenhum questionamento mais profundo. Agradará um público mais infante, de fato. Alium do escritor Guilherme de Oliveira não é de todo ruim, mas parece ser um prólogo de algo maior, algo que não dá para ser desenvolvido num único conto. Um grupo de garotos chegam a um mundo fantástico, e são impedidos de voltar, ficamos sem saber quais as consequências práticas de suas vidas nesse lugar. As vezes esses finais em aberto nos dão uma sensação de quero mais, noutras uma sensação de incompletude.
                A antologia conta com 35 autores selecionados, mais um conto do Rodrigo Barros. São ao todo 43 contos, nos mais diversos subgêneros da fantasia, desde a alta fantasia até o dark fantasy, tudo disposto em ais de 200 páginas de ótima literatura. O livro possui orelhas, papel pólen 80 g/m2 e um marcador de páginas exclusivos. A obra possuí pouquíssimos erros, não são nem perceptíveis e uma segunda revisão vai tirar de letra.
  • caçadores da meia noite (capitulo 4)

    Agora estavam viajando pelas nuvens, todos lá em baixo pareciam pequenos pontos minúsculos. O taxi continuava a toda velocidade cortando o céu com seu ronco inquieto e na frente ainda estavam as duas mulheres rindo de alguma coisa, por algum motivo isso meio que incomodava Ed, mas os gêmeos pareciam não se importar, olhavam fixos para a mala no colo de Edward que agora se mexia como se alguma coisa tava socos para puder sair.
    - o que será que tem ai – Afonso parecia ser o, mas curioso
    - uma criatura talvez – falou Leonardo cutucando a mala
    Ed não fazia a menor idéia e nem fazia questão de saber estava preocupado demais em saber o que realmente acontecera quanto saíram de lá e o que significavam seus sonhos (ou visões). Mas seus pensamentos foram parados quanto sem aviso nenhum o carro mergulhou como se estivesse em queda livre fazendo um calafrio subir pela espinha de Ed e fazendo os gêmeos soltarem um grito fino e desesperado como se aquilo fosse seu fim, como se sua vida agora passasse diante de seus olhos, mas quanto menos viram o carro estava parado estacionado quase em cima da calçada, as duas mulheres se olharam e soltaram outra gargalhada fazendo as portas se abrirem e jogando os três para fora do carro , Ed e Afonso caíram em cima da causada enquanto Leonardo caiu no meio da rua . Leonardo levantou e correu ate a calçada desviando dos carros que viam em sua direção em quanto Ed pegava a mala que deslocou ate a entrada do museu e Afonso pegou a varinha que caiu bem ao seu lado, não demorou muito os dois caminharam ao encontro de Ed que olhava a mala (verificando se nada aconteceu) os dois chegaram perto dele e um dos gêmeos falou.
    - e agora – falaram ao mesmo tempo
    Ed olhou para os dois e então soltou um suspiro.
    - não sei
    - legal – falou Afonso em um dom de ironia
    Ed não pensou duas vezes ao entrar o taxi falou o nome do museu, mas não pensou como ia se virar queria saber o porquê todos seus sonhos traziam ele para cá (se aquilo realmente for um sonho) mas sabia o que tinha que fazer , sabia como ia entrar no museu e a onde ir depois só não achou apropriado fala para os gêmeos não agora , não neste momento, não era a hora certa de falar . Ficaram um bom tempo ali parados olhando a mala e o tempo parecia não passar um dos gêmeos já tinha entrado e saído varias vezes do museu mas já estava entediado .
    - quanto tempo, demos que espera aqui – Afonso caminhava de um lado para o outro
    - Ed vamos cara o que fazemos agora – perguntou Leonardo ficando em pé
    - certo vamos fazer alguma coisa, mas temos que voltar logo – pegou a mala e a varinha e colocou no bolso de trás – tenho uma coisa que quero fazer.
    Os dois olhavam Ed como se esperassem uma ordem , mas não receberam , parecia que se fosse esperar por ele ficariam o dia inteiro ali, então um dos gêmeos caminharam em direção a um mapa no centro da praça ao lado do museu e então analisou.
    - bom tem muitos lugares para visitar – colocava uma mão no cabelo deixando ele bagunçado
    -  poderíamos vir aqui – Afonso apontou o dedo para um estabelecimento não muito longe dali
    Os dois voltaram a olhar para Ed esperando alguma sugestão, mas ele estava com os pensamentos longes demais.
    - você e um péssimo líder - Afonso colocou as mãos nos bolsos
    - eu líder teste quanto – falou Ed parecia indignado
    - teste que Sauron lhe confiou essa mala e a varinha dele – estavam com os braços cruzados e olhava serio para ele
    - bom... – Ed ficou sem palavras não esperava que os gêmeos falassem naquele dom com ele
    - poderia pelo menos falar o que quer naquele museu 
    - certo eu falo – não poderia cruzar os braços por causa da mala – meus sonhos sempre me trazem para cá teve der algum significado - Ed agora esperava uma resposta.
    - bom não tem como eu reclamar faria a mesma coisa – Afonso estava calmo e parecia ser o, mas feliz entre os três
    Leonardo olhou fitando Ed por, mas algum tempo e depois falou em um dom, mas calmo e suave
    - pelo menos saímos daquele lugar.
    Ficou um silencio no ar e depois de um tempo resolveram sair para dar uma volta, que logo foi parado por causa da mala que recomeçou a se mexer como se alguma coisa quisesse sair da li de dentro, o tempo foi passando aos poucos e logo começou a escurecer as pessoas começaram a deixar o museu aos poucos e quantos viram não havia, mas ninguém, nenhum ser vivo, mas estava naquela praça a não ser os três que agora estavam na frente do museu pensando em como iam entrar ali dentro.
    - acho melhor deixar pra lá – Leonardo caminhava tentando encontrar alguma entrada
    - eu preciso entrar ai - disse Ed num dom que parecia desperato
    - tente alguma coisa com a varinha - Afonso deu um salto levantando da escada do museu
    Ed tirou a varinha olhou para ela e depois jogou seu olhar para a grande porta fechada do museu pensou em algumas palavras que talvez desse certo, mas acabasse não falando nenhuma. Olhou serio para os gêmeos e então falou
    - não sei nenhuma – seu dom de voz mudou para algo, mas triste
    Os gêmeos olharam para ele como se tivessem perdido todo o seu tempo com algo sem importância nenhuma, mas Afonso teve uma idéia e então falou.
    - o que exatamente aconteceu em seu sonho – falou o garoto com um sorriso inevitável no rosto.
    Ed olhou para os dois e começou a falar aos poucos como foi seu sonho e não demorou muito começou a contar como se estivesse lá olhando de perto como se fosse um Del espectador. E então em sua mente veio as magia como se fosse uma lembrança antiga que tinha se perdido com o tempo, mas elas não ajudariam a entrar ali dentro, Ed virou se e começou a contornar o grande museu dando a volta por ele e desviando dos arbustos, ele finalmente estava ali atrás do museu, deu três passos e começou a alisar a parede como se fosse uma mulher muito sedutora.
    - o que raios ele ta fazendo – Afonso tinha uma expressão em seu rosto diferente como se aquilo fosse nojento e estranho
    Seu irmão apenas ficou observando de longe quanto Ed começou a cutucar a parede com a varinha, mas nada aconteceu, por fim Ed caminhou um pouco para trás como se faltasse algo ficou ali parado deixando a mala no chão e acariciando a varinha como se fosse algum bichinho de estimação.
    - o que você ta fazendo – falou os gêmeos na mesma hora
    - bom ta faltando alguma coisa.
    - sei lá tenda abra kadabra.
    Ed ficou ali parado e talvez tenha que coloca a varinha em algum lugar especifico, pois de acordo com seu sonho o homem não falou nada, apenas tocou a varinha na parede, mas a onde seria este lugar. Ed tentou lembrar, mas alguma coisa mais simplesmente não via nada não conseguia lembrar onde ele tocou com a varinha a única coisa que vinha em sua cabeça era o duelo que vira lá dentro, e então com isso Ed arrastou sua varinha pela parede como se tivesse riscando um fósforo e como resposta ganhou um ruído que pareceu vir de dento to museu fazendo um monte de poeira aparecer e um barulho muito alto em companhia, os três garotos ficaram com a boca aperta impressionado com o que acabou de acontecer, uma parte da parede estava aberta como se fosse uma porta não demorou muito Afonso foi o primeiro a entrar ali dentro puxando Ed e Leonardo pela camisa. Os três pararam e ficaram observando o grande lugar luminoso que agora no meio tinha uma estatua de um homem apodando uma varinha para cima e ta ponta saia água que caia num grande chafariz.
    - nossa – falou um dos gêmeos admirados com a beleza do lugar
    - uau – falou o outro com a mesma expressão
    Ed olhou admirado também o belíssimo museu onde estava agora, mas logo se lembrou de algo importante tinha deixado a mala ali fora, e com isso virou se rápido para pega la mas a porta tinha fechado , soltou um suspiro como se algo estivesse errado e realmente estava tinha deixado a mala que o mago que ele mal conheceu para o lado de fora e talvez agora não tinha como pega la a única saída era sair e voltar e depois abrir a porta novamente mas levou outro puxão dos gêmeos , virou se para xinga lo mas agora suas palavras pareciam fugir de sua boca pois o que vi o fez lembrar de um pesadelo . Ali não tão longe estava uma garota com cabelos branco e não muito longe dela estava uma criatura que parecia cheira la para ver se estava viva ou talvez morta e não muito longe dali avistou uma mala marrom clara exatamente igual a que ele ia procurar . A criatura tinha um grande focinho pequenos olhos vermelhos dois dentes que saiam para fora ( dentes iguais um tigre de sabre ) tinha um corpo magro revestido de pelos negros , tinha também grandes garras avermelhadas e uma longa cauda , a mala estava se mexendo mas freneticamente que antes como se fosse abrir a qualquer momento .
    - faz alguma coisa – falou um dos gêmeos
    - e você esta com a varinha de Sauron – falou Afonso
    A criatura encostava seu longo focinho na garota e continuava a cheira la , Ed já estava com a varinha apontada para a criatura mas sua mão tremia fazendo ele errar sua mira  ate que a criatura parou de cheira la e voltou se cheirando o ar e logo se virou para os três deu grande rugido mostrando toda a sua fúria e começou a correr em direção a eles com sua grande bocarra aberta mostrando seus dentes afiados como se fossem laminas . Os três se separaram correndo por direções diferentes, Afonso correu em direção a um corretor, Leonardo correu em direção a garota e Ed agora tentava enfrentar a criatura apontando a varinha para ela com suas mãos tremulas e sua voz falhava ao tentar pronunciar alguma palavra. Suas pernas tremiam fazendo perde a força, mas a criatura não parava continuava a ir para cima dele tentando arranha lo ou morder, mas por pouco não acertou Ed que se esquivava desesperadamente para os lados e em quanto isso a mala continuava a se mexer agora, mas rápido como se alguém tentasse arrombar uma porta trancada, mas todo o esforço fosse em vão, e Leonardo tentava acordar a garota, mas seu esforço parecia não fazer diferença então começou arrasta La para o corretor, mas próximo onde havia vários quatros em exposição, Afonso ficava olhando todas as tentativas inúteis de Ed lançar algum feitiço na criatura incluindo que ele não sabia nenhum ou estava ocupado demais tentando não ser mordido ou arranhado pela criatura que atacava ele ferozmente. Ed mas se preocupava em esquivar do que atacar e quanto menos via varias estatuas estavam destruídas no chão, continuava a esquivar da terrível fera que ai para cima sem dó nem piedade ate que finalmente se viu encurralado por um canto onde finalmente resolveu apontar a varinha ainda com sua mão tremula e no desespero pronunciou um feitiço que nem ele mesmo sabia que poderia fazer .
    - manipyllus – um grande brilho saiu de sua varinha
    De longe ouvi um grande barulho de uma janela quebrando e quanto viu a mala que estava la fora viu voando em sua direção e batendo com força na cabeça da horrenda criatura  ela se virou ferozmente e investiu atacando a maleta que quebrou a  janela e Ed aproveitou o momento apontou a varinha para a outra maleta e então conjurou o feitiço fazendo a outra maleta bater com força na criatura deixando ela mas furiosa que antes e soltando um rosnado assustador e por fim agora ela mordia umas das malas e arranhava e Ed novamente aproveitou apontou a varinha para uma estatua pequena e então pronunciou o feitiço novamente fazendo a estatua voar e bater com força na cabeça da criatura que cambaleou no chão com a força do impacto e soltou um rosnado de dor , sua cabeça estava sangrando e a criatura agora parecia acuada não atacou mas apenas ficou entre as quatro patas como um cachorro latindo mas não saiu do lugar , Ed continuou com a varinha apontada para a criatura sua mão agora não tremia mas ao conjurar o feitiço o garoto ficou cheio de confiança .
    Os dois irmãos saíram de onde estava e ficaram ao lado de Ed
    - nossa demais – Afonso estava admirado
    - você poderia ter feito isso antes – falou Leonardo
    Ed deixou quieta a ironia de Leonardo e focou na fera ou nas malas que agora pareciam que iam explodir a qualquer momento, elas continuavam a se mexer e Ed notou que era por causa da criatura que estava solta rosnando para os três e caminhando talvez formando uma estratégia para contra atacar e quanto menos esperava a criatura teu um salto em direção a Ed que gritou a primeira palavra que veio na sua cabeça.
    - bala de goma – gritou o garoto protegendo seu rosto
    A mala que estava caída no chão se abriu soltando grandes correntes fazendo a parar no ar e arrastando para dentro da mala, a criatura rosnava e aranhava o chão, mas logo entrou na mala e que fechou tão rápido que parecia que alguém tinha chutado uma porta com força e logo depois começou a se mexer freneticamente como se tivesse levando um choque, mas repentinamente parou, a mala estava parada no chão como se nada tivesse acontecido os garotos se aproximaram dela cuidadosamente como se ela fosse abrir novamente e agarrar um dos três garotos, mas nada aconteceu as duas malas que estavam longe uma da outra ficaram quietas como se tivessem acalmado a fera ali dentro e provavelmente não abri ria tão fácil assim , os gêmeos se olharam e então falaram ao mesmo tempo .
    - era isso o que você ia fazer – falaram ao mesmo tempo curiosos com a mala
    Ed olhou para os dois e com um suspiro de alivio respondeu.
    - acho que não
    Nem ele sabia, mas o que ia fazer ali veio com a idéia de encontrar respostas para seus estranhos sonhos, mas ao invés disso encontrou uma estranha criatura prestes a devorar uma garota, eles ficaram parados ali olhando Ed esperando talvez agora uma resposta, mas satisfatória, mas não ganharam em vez disso um deles saio voando e bateu numa parede e soltou um grito te dor fazendo os olhar para trás e ali estava um homem ruivo com uma barba muito bem feita, ele apontava sua varinha para os dois garotos e não excitava ao mostra um sorriso de satisfação em seu rosto.
    - Sauron não tem vergonha em mandar três garotos para fazer seu dever – falou o homem de uma forma formal como se estivesse sentindo pena deles
    O homem não excitava ao mostrar a varinha para ele e na ponta dela havia um pequeno brilho vermelho e soltava uma fumaça, o homem caminhou de um lado para o outro e começou a falar formalmente para os dois que não pensaram em nem um momento sair do lugar.
    - aquele velho covarde fugiu da luta contra mim e ainda manta criança fazer seu trabalho, meu amo ficara muito feliz em ver vocês três – o homem continuou a caminhar e voltou a falar – bom eu posso evitar tudo isso – ele agora sorria – entregue me o relógio – ele estendeu sua mão perto de Ed .
    Ed não entendeu nada o que estava acontecendo agora à única coisa que fez foi derrotar uma horrenda criatura, e agora lhe apareceu um homem apontando uma varinha ele tentou pensar numa resposta rápida o homem saiu voando rolando pelo museu e a poucos metros estava uma mulher loira de cabelos curtos armados ela olhou para os garotos e caminhou tantos grandes passos.
    - vocês estão bem – a mulher tinha uma voz suave em seu rosto havia um olhar preocupado.
    O homem ruivo levantou soltando uma gargalhada irônica como se fosse falar ‘‘só isso’’ mas não falou levantou e com sua varinha falou.
    - impactuss – saiu um grande brilho vermelho  intenso de sua varinha
    A mulher apontou rápida e conjurou um feitiço também
       - iron shield – saiu um brilho cinza metálico da ponta de sua varinha formando um escudo transparente
    Os dois caminharam pela mesma direção apontando a varinha um para o outro e ao mesmo tempo conjuraram outro feitiço
    - Lighthing plasm – saiu uma luza agora verde da ponta das varinhas de ambos que se colidiram um contra o outro.
    Os dois ficaram um bom tempo mantendo o feitiço que lançaram numa grande colisão e Ed se lembrou de seu sonho o sonho que teve com os dois homens lutando, mas não teve muito tempo para isso se virou e foi ver como estava Afonso que continuava caído no chão gemendo de dor, quanto viram o museu inteiro ficou de outra com o poder que tinham lançando e que colidiam um com o outro e lançavam varias luzes multicoloridas por todo o lugar que lembrava muito fogos de artifício. O garoto caído no chão levantou com a ajuda to irmão e amigo que resolveram sair dali o, mas rápido possível antes que sobracem para ele, começaram a caminhar devagar com Afonso mancando ate o corredor onde estava a outra garota apagada no chão e dali Ed virou se para trás para ver como estava a batalha.
    - temos que ir – Leonard fazia força para sustentar seu irmão  
    - certo – falou ele Ed pegando a garota do chão
    Eles deram meia volta e caminharam aonde Ed tinha aberto a porta antes chegando la ele largou a garota no chão puxou  a varinha e começou a cutuca la na parede fazendo a porta se abrir e tanto cobertura para Leonard levar o seu irmão para fora e depois ajuda lo com a garota que continuava caída no chão . ele voltou e ajudou a levar a garota deixaram ele enconsdatos numa parede e Ed voltou para dentro do museu usou o feitiço e chamou as duas malas para seu encontro . A mulher e o homem ruivo continuavam seu duelo que parecia que não ia muito bem, não para a mulher loira que estava toda machucada e sangrava muito já nesta altura do duelo, sua mente dizia para deixa la para trás mas seu corpo falava ao contrario ‘‘ lute junto com ela’’ Ed puxou sua varinha e novamente usou o mesmo feitiço que fez a grande estatua do homem que segurava a varinha nem se mexer , tentou novamente mas foi o mesmo resultado , ela não se mexia nem um pouco então começou a procurar por algo mas fácil de levitar para assim dar um grande golpe como fez com a criatura , ele observou toda a sala e caminhou para um longo corretor onde entrou numa sala de astronomia aonde haviam vários planetas flutuando no ar apontou a varinha para o menor planeta que viu fez ele passar pelo imenso corredor e arremessou contra o homem de cabelos ruivos fazendo deixar cair sua varinha e fora atingido pelo feitiço verde que acertou em seu peito fazendo ele voar e bater na parede perto onde Ed estava o garoto correu ao encontro da mulher toda machucada e falou .
    - temos que sair daqui rápido antes que ele levante – a adrenalina nesta altura já tinha domado o corpo de Ed
    - ta vamos então – falou a mulher loira
    Eles correram em direção a porta que ainda estava aperta, contornaram a estatua do grande homem com a varinha apontada para o céu e continuaram a correr sem olhar para trás quanto menos viram a mulher loira foi arrevesada para fora do museu , Ed olhou para trás e o homem já estava em pé  caminhando ferozmente em sua direção com a varinha apontada para ele , o homem lançou feitiços sem para em Ed mas ele esquivou correndo em de um lado para outro quanto saiu para fora do museu virou se então e lançou outro feitiço desesperadamente .
    - iron chield.
    O feitiço voltou contra o homem fazendo o pular para um lado, ele rolou no chão e quanto pensou em lançar outro feitiço à porta já estava fechada e o relógio bateu já eram quatro horas da manha, saiu um brilho imenso de dentro do museu e a porta não voltou a abrir, mas. A mulher loira ficou no chão caída se contorcendo te dor , Ed colocou as mãos nos bolsos e puxou um velho relógio enferrujado que nem ele mesmo soube como parou em seu bolso .
    Ed olhou para Afonso e Leonard que estavam escorados na parede e voltou a guardar o relógio em seu bolso, não sabia como foi parar ali, mas sabia que aquele relógio era importante e sabia o que tinha que fazer agora. Ele chegou perto da mulher loira que estava sentada olhando para ele, apontou sua varinha para ela e então disse.
    - você não esta trabalhando para aquele cara.
    A mulher negou com a cabeça e então falou em um dom suave.
    - vim buscar minha Irma
    Ed olhou para a garota caída no chão, os dois levantaram para pega la e a mulher falou então .
    - venha comigo .
  • Caia sete, levante oito vezes!

                Qual o limite entre autor e obra? Muitas vezes, não vemos determinismo entre “criador” e “criatura”, mas um estranha e até mesmo simpática inter-relação. Masashi Kishimoto com Naruto, representa sua fase inicial de carreira, alguém rejeitado, mas com um grande potencial que só queria se divertir com o que mais gostava. Samurai 8 – Hachimaruden mostra um autor consciente, porém debilitado pelas barreiras autoimpostas, mas que ainda assim se direciona a um sonho.
                As diferenças não param por aí. Naruto é uma fantasia urbana com doses de guerras épicas, que ao longo do tempo desbanca para a alta fantasia. Samurai 8 – Hachimaruden é uma mistura de histórias de samurai, cyberpunk e space opera numa deliciosa excêntrica mistura que só os mangakás sabem fazer. Mas porque comparar? Para que julgar o novo usando as medidas do velho? Vejamos o que esse samurai pode fazer!
                Aconselho a todos a lerem o capítulo zero. Nele teremos a dose de mistério e empatia pelo protagonista. O jovem Hachimaru é uma criança ciborgue que vive conectado a uma unidade de suporte vital, uma grande máquina que impede sua morte. O garoto tem condição debilitada devido as alergias e uso de próteses no lugar do braço e da perna esquerda. Sem contar a sua aicmofobia, medo de objetos perfurantes.
                Suas únicas companhias são um cachorro robótico chamado Hyatarou e seu pai, um inventor e seu “enfermeiro particular”. Logo no capítulo zero, nós temos vários elementos que poderão ajudar o leitor a se decidir se lerá ou não o novo mangá. Mas recomendo que o leitor não seja precipitado, e avance para o capítulo 1. É nessas 72 páginas, algumas delas coloridas, que veremos todo o potencial a série.
                Não espere aqui encontrar protagonistas cheios de energia ou poderosos logo de cara, o desenvolvimento do personagem se dá de modo lento e gradual. Com nuances, camadas de shonen intercaladas com drama e ficção científica. Para Hachimaru, se livrar de suas fraquezas é tão relevante quanto poder ter uma vida normal, mas o seu maior sonho é se tornar um samurai, aqueles que estão acima dos guerreiros.
                No capítulo um, o protagonista aprofunda sua condição degradante ao leitor. Quase pessimista. Chegamos a sentir as limitações de Hachimaru na pele, e como se refugia na tecnologia. É um dos poucos mangás com inserção de pessoas com necessidade especiais que já vi na vida. Sua relação com seu pai é conflituosa, e ele será o estopim da evolução de Hachimaru, claro que de modo inconsciente.
                Um encontro inesperado com um gato robótico chamado Daruma, que já foi humano, revelará os potenciais latentes do pequeno Hachimaru. O antagonista da obra, não direi “vilão” ainda, não tem nome, embora tenha marcado grande presença num primeiro capítulo tanto com sua personalidade e poder de luta. Sua inserção na trama foi eficaz e preparou terreno para muita coisa.
                Samurai 8 – Hachimaruden tem roteiros de Masashi Kishimoto e desenhos de Akira Ohkubo. O traço de Akira difere do traço mais realista e sóbrio de Naruto Shippuden e do traço mais arredondado de Mikio Ikemoto de Boruto – Naruto Next Generation. Seu desenho é limpo e plástico. Confesso que o designer das tecnologias pode causar estranheza, tem algo biotecnológico envolvido, é simples, mas funcional.
                O autor prometeu uns dez volumes da obra. Bem sabemos que promessa de mangaká não se deve levar em conta, principalmente os famosos e os que trabalham na Shonen Jump. Esses dez volumes podem virar mais de 50 exemplares fácil. Vocês acham que para salvar a galáxia atrás de sete chaves é vai levar quanto tempo? Espero que tempo suficiente para Masashi Kishimoto desenvolver uma história sem os vícios de seu mangá antecessor e possamos ver a evolução da bela arte de Akira Ohkubo.
  • Como eu estou escrevendo?

    Então aqui vou deixar um pouco do que sei escrever e quero que avaliem de 0 a 10, fiquem a vontade para dar opniões sobre o texto abaixo. Eu vou apresentar dois tipos diferentes do que eu escrevi o 1° tipo é uma história com descrição e o 2° tipo é uma sem descrição.
    Mark Krieger um garoto jovem de 17 anos com cabelos castanhos escuros e olhos castanhos claros que era um espadachim e tinha uma espada comum e morava em uma vila chamada Carmine, estava em casa ajudando sua mãe Mafalda Krag uma mulher dona de casa com cabelos castanhos e olhos castanhos com uma idade de 44 anos, quando de repente seu amigo Noah Shideki um jovem da mesma idade de Mark, Loiro e de olhos azuis e que tinha um costume de usar uma faixa na cabeça e que é um lutador de artes marciais, chega e entra dentro da casa de Mark, em seguida olha para Mark com uma cara de preocupação e começa a conversa.
    Noah: Mark preciso da sua ajuda no dojo agora. – Falava Noah preocupado
    Mark olha para Noah com atenção.
    Mark: O que aconteceu? – Falava Mark com duvida
    Noah: Alguns goblins invadiram o dojo e estão saqueando tudo que estão vendo pela frente. – Falava Noah preocupado
    Mark: Ue, mas seu avô não consegue dar conta deles, o veio é forte o suficiente para dar uma surra em um exercito de goblins e de olhos fechados ainda.
    Noah: Eu sei que o velho é forte, mas ele me deixou tomando conta do dojo e me disse: Noah tome conta do dojo enquanto eu saio pra comprar chá, se os goblins saquearem o dojo ou invadirem ele, hoje você ira dormir com hematoma em formato de bastão no meio das costas.
    Mark repara na situação de Noah e começa a rir e zuar seu amigo.
    Mark:  Hahahahahaha! Mal posso esperar para ver o Noah dormir com hematoma em formato de bastão nas costas HAHAHAHAHA! – Mark ria e zuava com a cara de Noah
    Noah: É mais tem um porem que o meu avô me disse: Se acontecer algo e seu amigo Mark recusar a ajudar, eu vou fazer questão de deixar um hematoma em formato de bastão no meio das costas dele também. – Dizia Noah olhando seriamente para Mark
    Mark fica sério e começa a refletir o que Noah disse.
    Mark: “Que droga, tomar uma surra do velho não deve ser nada bom, imagina só dormir com as costas pelando de fogo por causa da paulada que o veio vai dar nas costas, o pior ainda vai ser quando eu for tomar banho, ah mas que velho maldito”. Então vamos lá Noah não quero tomar uma surra do velho. – Falava Mark com medo de tomar uma surra do avô de Noah
    Noah: Eu também não quero tomar uma paulada nas costas, então vamos rápido antes que os goblins fujam. – Falava Noah também com medo de tomar uma surra de seu avô
    Em seguida os meninos saem daquela casa, enquanto os meninos saiam de casa a mãe de Mark olha para ele e diz.
    Mafalda: Mark não volte muito tarde para casa, e juízo nessas cabeças. – Falava mãe de Mark sorrindo
    E Mark enquanto saia de casa olha para sua mãe e dizia em voz alta.
    Mark: OK MÃE, TCHAU – Falava Mark saindo de casa
    Noah e Mark vão correndo até o dojo do clã Shideki um lugar onde os membros do clã Shideki treinam artes marciais, chegando lá encontram 5 goblins, sendo 4 deles armados com uma adaga e o outro armado com um arco e flecha, eles estavam roubando as coisas do lugar, Noah assim que se depara com aquela cena fala em voz alta com os goblins.
    Um goblin são criaturas geralmente verdes que se assemelham a duendes.
    Noah: EI SEUS IDIOTAS PAREM O QUE ESTÃO FAZENDO AGORA!!! – Dizia Noah um pouco furioso
    Os goblins olham para o Noah e começam a rir da cara dele e o goblin que estava com arco e flecha começa a falar com Noah.
    Goblin arqueiro: Acha mesmo que vamos parar o que estamos fazendo só por que um pirralho disse? –Falava o Goblin arqueiro tirando sarro da cara de Noah com seus companheiros goblins. “Garoto insolente acha mesmo que vamos parar de roubar esse dojo só por que ele quer, vou ensinar uma lição a esse moleque” – Pensava o Goblin arqueiro.
    O goblin arqueiro aponta o dedo para o Noah e Mark e ordena os outros 4 goblins.
    Goblin Arqueiro: Vamos rapazes ensinem uma lição a esse garoto. – Falava o goblin enquanto apontava o dedo para Noah e Mark
    Goblin com adaga: Sim chefe, vamos ensinar a esse garoto a não se meter com a gente. – Falava um dos goblins que estavam armados com uma adaga.
    Os 4 goblins vão em direção ao Mark e Noah, Noah na hora começa a sussurrar com Mark sobre um plano
    Noah: Mark presta atenção, você fica com os dois goblins que estão vindo pela esquerda que eu pego os outros dois que estão vindo pela direita. – Sussurrava Noah.
    Mark concorda com a ideia de Noah fazendo um sinal positivo com o polegar, e em seguida Mark avança pela esquerda e Noah pela direita, em seguida Mark desembainha sua espada e vai em direção dos dois goblins e executa uma técnica em um deles.
    Mark: GOLPE CONCENTRADOOOO!!! – Dizia Mark ao concentrar realizar um golpe especial.
    Mark consegue acertar o goblin bem no meio do peito com seu golpe concentrado, em seguida o outro goblin vem em sua direção  e grita em voz alta.
    Goblin com adaga: MORRA SEU PIRRALHO MALDITO!!! – Gritava o goblin com Mark
    Mark enxerga o movimento do goblin e consegue desviar rapidamente, e em seguida Mark realiza um golpe normal no primeiro goblin que ele atacou, e logo depois o goblin desmaia por não resistir aos golpes que sofreu, em seguida o goblin arqueiro mira em Mark e o acerta com uma flecha na perna direita na região da coxa, e Mark sente uma dor bem forte na sua coxa direita devido a flechada e grita.
    Mark: CARALHO VELHO, ISSO DÓI PRA PORRA MANOOO!!! –Gritava Mark sentindo muita dor
    No momento em que Mark se distrai devido a dor que sente na sua coxa direita o goblin vai para cima dele e tenta realizar um ataque, só que Noah chega a tempo e consegue realizar uma técnica especial.
    Noah: SOCO CONCENTRADO!!! – Dizia Noah ao efetuar sua técnica de combate para acertar o goblin
    O goblin fica atordoado devido ao golpe forte que ele levou na cabeça e quase desmaia, em seguida o goblin arqueiro com medo da uma ordem aos outros goblins
    Goblin arqueiro: Vamos embora rapazes esses pirralhos são demais para nós.
    Em seguida todos os goblins se levantam e vão embora deixando as coisas que eles iam roubar. Enquanto os goblins fugiam Mark gritava de dor e pedia para Noah ir ajuda-lo
    Mark: EI NOAH SERÁ QUE VOCÊ PODERIA MEU AJUDAR, CARA EU TÔ COM UMA FELCHA ENFIADA NA MINHA COXA DIREITA ME AJUDA PORRA!!! – Gritava Mark sentindo muita dor
    Noah: Calma Mark vou olhar se aqui no dojo tem o kit de primeiros socorros que meu avô guarda – Procurava Noah um kit de primeiro socorros
    Mark: VAMOS LOGO CARA EU NÃO TENHO O DIA TODO – Gritava Mark enquanto Noah procurava o kit de primeiros socorros
    Noah: Achei, esse aqui deve servir – Falava Noah quando achou o kit de primeiros socorros
    Em seguida Noah vem em direção de Mark e começa a fazer os curativos
    Mark: Vai doer muito? – Perguntava Mark com um pouco de preocupação
    Noah: Acho que vai, mas você já passou pelo pior então não vai doer tanto assim – Dizia Noah enquanto preparava os curativos para fazer em Mark.
    Mark: Nossa cara olha como esse dojo ta uma bagunça, o velho vai bater na gente será? “Imagina só a força que aquele velho tem, uma paulada de bastão nas costas deve doer até na alma” – Perguntava Mark e em seguida pensava, enquanto Noah fazia os curativos.
    Noah: É só a gente arrumar isso aqui rapidinho que o velho nem vai saber o que aconteceu – Dizia Noah sorrindo e finalizava a frase com um sinal positivo com o polegar
    Mark e Noah começaram a arrumar a bagunça que estava do dojo enquanto conversavam
    Mark: Noah cadê o pessoal que treinava aqui no dojo? – Perguntava Mark
    Noah: Eu não sei para onde eles foram exatamente, pois alguns foram até a capital da região e outros foram pra Nagasun fazer o teste para se tornar samurai e alguns para se tornar monge ou melhorar as artes marciais.
    Nagasun é uma região que fica ao extremo norte, uma cidade com uma cultura e visual oriental, onde também é realizado o teste para se tornar samurai,ninja e monge. Há também outros tipos de testes que guerreiros vão atrás para se tornar, mas a maioria que vai para a capital de Nagasun procura sempre se tornar as 3 classes citadas.
    ==========================================================================================================
    Agora irei colocar um sem descrição
    Mark Krieger um garoto jovem de 17 anos com cabelos castanhos escuros e olhos castanhos claros que era um espadachim e tinha uma espada comum e morava em uma vila chamada Carmine, estava em casa ajudando sua mãe Mafalda Krag uma mulher dona de casa com cabelos castanhos e olhos castanhos com uma idade de 44 anos, quando de repente seu amigo Noah Shideki um jovem da mesma idade de Mark, Loiro e de olhos azuis e que tinha um costume de usar uma faixa na cabeça e que é um lutador de artes marciais, chega e entra dentro da casa de Mark, em seguida olha para Mark com uma cara de preocupação e começa a conversa.
    Noah: Mark preciso da sua ajuda no dojo agora. – Falava Noah preocupado
    Mark olha para Noah com atenção.
    Mark: O que aconteceu? – Falava Mark com duvida
    Noah: Alguns goblins invadiram o dojo e estão saqueando tudo que estão vendo pela frente. – Falava Noah preocupado
    Mark: Ue, mas seu avô não consegue dar conta deles, o veio é forte o suficiente para dar uma surra em um exercito de goblins e de olhos fechados ainda.
    Noah: Eu sei que o velho é forte, mas ele me deixou tomando conta do dojo e me disse: Noah tome conta do dojo enquanto eu saio pra comprar chá, se os goblins saquearem o dojo ou invadirem ele, hoje você ira dormir com hematoma em formato de bastão no meio das costas.
    Mark repara na situação de Noah e começa a rir e zuar seu amigo.
    Mark:  Hahahahahaha! Mal posso esperar para ver o Noah dormir com hematoma em formato de bastão nas costas HAHAHAHAHA! – Mark ria e zuava com a cara de Noah
    Noah: É mais tem um porem que o meu avô me disse: Se acontecer algo e seu amigo Mark recusar a ajudar, eu vou fazer questão de deixar um hematoma em formato de bastão no meio das costas dele também. – Dizia Noah olhando seriamente para Mark
    Mark fica sério e começa a refletir o que Noah disse.
    Mark: “Que droga, tomar uma surra do velho não deve ser nada bom, imagina só dormir com as costas pelando de fogo por causa da paulada que o veio vai dar nas costas, o pior ainda vai ser quando eu for tomar banho, ah mas que velho maldito”. Então vamos lá Noah não quero tomar uma surra do velho. – Falava Mark com medo de tomar uma surra do avô de Noah
    Noah: Eu também não quero tomar uma paulada nas costas, então vamos rápido antes que os goblins fujam. – Falava Noah também com medo de tomar uma surra de seu avô
    Em seguida os meninos saem daquela casa, enquanto os meninos saiam de casa a mãe de Mark olha para ele e diz.
    Mafalda: Mark não volte muito tarde para casa, e juízo nessas cabeças. – Falava mãe de Mark sorrindo
    E Mark enquanto saia de casa olha para sua mãe e dizia em voz alta.
    Mark: OK MÃE, TCHAU – Falava Mark saindo de casa
    Noah e Mark vão correndo até o dojo do clã Shideki um lugar onde os membros do clã Shideki treinam artes marciais, chegando lá encontram 5 goblins, sendo 4 deles armados com uma adaga e o outro armado com um arco e flecha, eles estavam roubando as coisas do lugar, Noah assim que se depara com aquela cena fala em voz alta com os goblins.
    Noah: EI SEUS IDIOTAS PAREM O QUE ESTÃO FAZENDO AGORA!!! – Dizia Noah um pouco furioso
    Os goblins olham para o Noah e começam a rir da cara dele e o goblin que estava com arco e flecha começa a falar com Noah.
    Goblin arqueiro: Acha mesmo que vamos parar o que estamos fazendo só por que um pirralho disse? –Falava o Goblin arqueiro tirando sarro da cara de Noah com seus companheiros goblins. “Garoto insolente acha mesmo que vamos parar de roubar esse dojo só por que ele quer, vou ensinar uma lição a esse moleque” – Pensava o Goblin arqueiro.
    O goblin arqueiro aponta o dedo para o Noah e Mark e ordena os outros 4 goblins.
    Goblin Arqueiro: Vamos rapazes ensinem uma lição a esse garoto. – Falava o goblin enquanto apontava o dedo para Noah e Mark
    Goblin com adaga: Sim chefe, vamos ensinar a esse garoto a não se meter com a gente. – Falava um dos goblins que estavam armados com uma adaga.
    Os 4 goblins vão em direção ao Mark e Noah, Noah na hora começa a sussurrar com Mark sobre um plano
    Noah: Mark presta atenção, você fica com os dois goblins que estão vindo pela esquerda que eu pego os outros dois que estão vindo pela direita. – Sussurrava Noah.
    Mark concorda com a ideia de Noah fazendo um sinal positivo com o polegar, e em seguida Mark avança pela esquerda e Noah pela direita, em seguida Mark desembainha sua espada e vai em direção dos dois goblins e executa uma técnica em um deles.
    Mark: GOLPE CONCENTRADOOOO!!! – Dizia Mark ao concentrar realizar um golpe especial.
    Mark consegue acertar o goblin bem no meio do peito com seu golpe concentrado, em seguida o outro goblin vem em sua direção  e grita em voz alta.
    Goblin com adaga: MORRA SEU PIRRALHO MALDITO!!! – Gritava o goblin com Mark
    Mark enxerga o movimento do goblin e consegue desviar rapidamente, e em seguida Mark realiza um golpe normal no primeiro goblin que ele atacou, e logo depois o goblin desmaia por não resistir aos golpes que sofreu, em seguida o goblin arqueiro mira em Mark e o acerta com uma flecha na perna direita na região da coxa, e Mark sente uma dor bem forte na sua coxa direita devido a flechada e grita.
    Mark: CARALHO VELHO, ISSO DÓI PRA PORRA MANOOO!!! –Gritava Mark sentindo muita dor
    No momento em que Mark se distrai devido a dor que sente na sua coxa direita o goblin vai para cima dele e tenta realizar um ataque, só que Noah chega a tempo e consegue realizar uma técnica especial.
    Noah: SOCO CONCENTRADO!!! – Dizia Noah ao efetuar sua técnica de combate para acertar o goblin
    O goblin fica atordoado devido ao golpe forte que ele levou na cabeça e quase desmaia, em seguida o goblin arqueiro com medo da uma ordem aos outros goblins
    Goblin arqueiro: Vamos embora rapazes esses pirralhos são demais para nós.
    Em seguida todos os goblins se levantam e vão embora deixando as coisas que eles iam roubar. Enquanto os goblins fugiam Mark gritava de dor e pedia para Noah ir ajuda-lo
    Mark: EI NOAH SERÁ QUE VOCÊ PODERIA MEU AJUDAR, CARA EU TÔ COM UMA FELCHA ENFIADA NA MINHA COXA DIREITA ME AJUDA PORRA!!! – Gritava Mark sentindo muita dor
    Noah: Calma Mark vou olhar se aqui no dojo tem o kit de primeiros socorros que meu avô guarda – Procurava Noah um kit de primeiro socorros
    Mark: VAMOS LOGO CARA EU NÃO TENHO O DIA TODO – Gritava Mark enquanto Noah procurava o kit de primeiros socorros
    Noah: Achei, esse aqui deve servir – Falava Noah quando achou o kit de primeiros socorros
    Em seguida Noah vem em direção de Mark e começa a fazer os curativos
    Mark: Vai doer muito? – Perguntava Mark com um pouco de preocupação
    Noah: Acho que vai, mas você já passou pelo pior então não vai doer tanto assim – Dizia Noah enquanto preparava os curativos para fazer em Mark.
    Mark: Nossa cara olha como esse dojo ta uma bagunça, o velho vai bater na gente será? “Imagina só a força que aquele velho tem, uma paulada de bastão nas costas deve doer até na alma” – Perguntava Mark e em seguida pensava, enquanto Noah fazia os curativos.
    Noah: É só a gente arrumar isso aqui rapidinho que o velho nem vai saber o que aconteceu – Dizia Noah sorrindo e finalizava a frase com um sinal positivo com o polegar
    Mark e Noah começaram a arrumar a bagunça que estava do dojo enquanto conversavam
    Mark: Noah cadê o pessoal que treinava aqui no dojo? – Perguntava Mark
    Noah: Eu não sei para onde eles foram exatamente, pois alguns foram até a capital da região e outros foram pra Nagasun fazer o teste para se tornar samurai e alguns para se tornar monge ou melhorar as artes marciais.
    ===========================================================================================================
    Bem isso é tudo, se alguém puder me ajudar como escrever isto melhor ou avaliar para mim eu ficaria muito grato
  • Contos da Lua

    Forjando um escudo part/1
    A porta da velha estalagem se abre. O vento frio invade local, anunciando a chegada de mais  um duro inverno na região. Uma misteriosa figura encapuzada caminha para dentro e se acomoda numa mesa mais afastada. Olhares convergem para ela.
    O recém-chegado vestia um manto que sem dúvida já teve dias melhores. Suas botas enlameadas e gastas mostravam que não era da região. Alguns dos homens que bebiam ali ficaram em alerta. Não era novidade que desertores, ladrões e até alguns mouros apareciam de vez em quando naquelas terras. Caso a pessoa misteriosa fosse um dos três tipos, receberia o tratamento especial que a vila reservava para esses convidados indesejados.
    Ao sentar-se a figura coloca uma espada sobre a mesa. No pomo, junto ao cabo desgastado, um espaço vazio onde outrora deveria pousar uma joia. O tempo passa e todos voltam suas atenções para o que estavam fazendo antes. Apenas um homem continuava tenso.
    Guido, o dono da estalagem, era um homem obeso que aparentava ter 60 anos. Ele havia chegado ao vilarejo há 20 e poucos anos a convite de um primo seu que dizia não haver lugar melhor para se viver. Era verdade. O senhor daquelas terras era um homem justo e honrado que cuidava bem de seus servos. Seu nome era Theo e mesmo a família sendo… bom, diferentes, na opinião de Guido eles sempre trataram todos de forma justa, não importando sua origem. Claro que também tinham problemas, como em qualquer outro lugar, e a especialidade de Guido era farejá-los. O misterioso forasteiro sentado no fundo de sua estalagem fedia a um dos bem grandes. Mesmo a contragosto, Guido caminha até sua mesa.
    — O que vai querer, estranho?
    — Comida, vinho e, se tiver algo parecido aqui, um quarto.
    — E como pretende pagar por tudo isso? Vou logo avisando que aqui não é lugar para mendigos, então trate logo de sair… 
    Em um movimento de sua mão, o homem faz três moedas de ouro rolarem sobre a mesa, parando diante de Guido que saliva de cobiça.
    — Comida e vinho!
    — Sim, claro, cavaleiro. Imediatamente.
    — Há também um cavalo lá fora. Mande alguém cuidar dele e levar minhas coisas para o  quarto.
    — Agora mesmo, meu senhor. Marco! Marco! Onde está esse maldito moleque? Guido se afasta indo para o interior da estalagem enquanto gritava ordens.
    Minutos depois um prato de cozido fumegante é colocado diante do estranho que retira o capuz, revelando um homem maduro de rosto endurecido e com cabelos negros. Seus olhos castanhos revelavam uma tristeza profunda. Enquanto o homem comia, um rapaz muito forte de cabelo castanho se aproxima e sem cerimônia puxa uma cadeira, sentando-se à mesa e encarando com desdém. O jovem à sua frente era como tantos outros que vira morrer nos últimos anos, na guerra. Era orgulhoso, forte e crente que era um presente de Nosso Senhor para o mundo. Simplesmente mais um fanfarrão que ainda não conhecera nem o calor do corpo de uma mulher.
    — De onde você vem, amigo?
    — De longe. 
    — Sei. É sempre bom termos amigos, então estava pensando se um cavaleiro tão afortunado não estaria disposto a pagar uma bebida para seus amigos.
    — Eu não tenho amigos. E se tivesse eles não seriam da sua laia, garoto.
    — Como ousa me ofender? Sabe quem eu sou? Eu sou Luigi De Luca e exijo que se desculpe neste momento, senão o farei se arrepender. 
    O silêncio do homem era insuportável. A raiva de Luigi crescia a cada segundo, levando-o a tocar na espada que trazia junto de si. O homem parecia indiferente à ameaça diante dele e continua comendo calmamente. A atitude faz com que todos no lugar rissem. Luigi se enfurece ainda mais e derruba a comida que estava sobre a mesa. O estranho pega a espada que estava sobre a mesa e olha para o garoto, fazendo-o sentir calafrios.
    — Ragazzo, eu já conheci gente do seu tipo antes e se não for embora agora, juro em nome de Deus que o enviarei para junto deles. 
    Luigi estava  encurralado. Conforme o homem se levantava, parecia tornar-se um gigante diante de seus olhos, o assustando de tal forma que seu desejo era fugir. Mas isso já não era possível. Toda a gente em volta ouvira suas palavras e se ele recuasse agora o nome de sua família seria manchado. Ele não podia permitir que isso acontecesse. Era preferível a morte a tal desonra. Justo quando Luigi decide se lançar contra aquela muralha em forma de homem, uma voz o faz parar.
    — De Luca, como se atreve a criar balbúrdia nas terras de Lord Theo?
    Parado junto à porta, um jovem rapaz de olhos cinzentos presenciava o desenrolar dos acontecimentos. Enquanto ele andava ao encontro de Luigi, as pessoas em volta se curvavam  em respeito. Um sorriso era visível no rosto de Luigi, que recobra a coragem.
    — A que devemos a honra de receber a ilustre visita de Dante di Savoie, o herdeiro do Conquistador? Ah, é verdade, você nasceu uns minutos depois do verdadeiro herdeiro.
    Dante para diante de Luigi 
    — Os meus motivos para estar aqui não lhe dizem respeito, Luigi. Entretanto, quero saber com que direito ameaça a vida desse viajante.
    — Eu não lhe devo respostas ou qualquer outra coisa, fedelho. E se não fosse por seu pai obrigar a minha família a jurar lealdade, eu teria o imenso prazer de separar sua tola cabeça do resto do corpo inútil aqui e agora. 
    — Verdade? Pois eu gostaria de lhe ver tentar. 
    A mão de Dante repousa sobre a espada em sua cintura. Contudo, a mesma determinação de suas palavras não era vista em seu olhar. O Sorriso de Luigi cresce e um brilho perigoso surge em seus olhos.
    — Ha, ha, ha! Muito engraçado. Não sabia que Lord Theo tinha um novo bobo em sua corte.
    Eu jamais lhe daria a honra de me enfrentar. Talvez seu irmão. Esse sim é um homem digno do nome que carrega. Então você e esse forasteiro podem ficar felizes, pois tenho coisas mais importantes para fazer do que perder meu tempo com vocês.
    Rapidamente Luigi caminha para a saída, seguido pelos outros membros da família. Dante deixa um suspiro de alívio escapar ao perceber que tudo tinha acabado bem e se vira para partir.
    — Obrigado. A voz do homem faz com que Dante se assuste. Por um momento havia esquecido dele.
    — Não precisa agradecer, senhor. Luigi é um vassalo de nossa casa. É nossa obrigação evitar que ele faça mal a qualquer pessoa.
    — Bem, deixe-me agradecer assim mesmo. Permita que lhe pague uma bebida. Eu insisto. 
    O homem sinaliza para que ele se sente e pede para Guido trazer mais vinho e outra caneca. Após alguns goles, o homem olha para Dante, como se o avaliasse.
    — Perdoe a minha falta de educação, jovem mestre, mas qual era o significado das palavras do brigão?  Dante entorna o vinho, coloca a caneca vazia na mesa e parece encolher.
    — É aquilo mesmo que ele disse. Como o senhor é novo por aqui, não sabe, mas meu pai é o Lord Supremo destas terras e todos juraram lealdade a ele. O Senhor abençoou meu pai com dois filhos. Somos gêmeos. Meu irmão já venceu até mesmo adultos em combates e disputas e sem dúvida ele será um guerreiro maior até que nosso pai. Mas, diferente dele, eu não tenho tanta aptidão para a espada e nunca venci nem ao menos um treino contra outros da nossa idade. Eu simplesmente não fui feito do mesmo material que ele.
    — Isso é ótimo. Dante levanta a cabeça, surpreso com aquelas palavras. Ele se depara com o olhar sério daquele homem que parecia satisfeito de alguma forma.
    — Por favor, não brinque com isso, senhor. Quem gostaria de viver dessa forma? Ser uma erva daninha quando deveria ser um grandioso pinheiro?
     — Homem, não se deprecie tanto. Deixe-me lhe contar uma coisa: apenas quem conseguir enxergar o seu real valor terá a capacidade de valorizar quem você é. O pinheiro é uma árvore frondosa e imponente, de fato. Mas veja a resiliência das ervas rasteiras que crescem até mesmo nos lugares mais inóspitos. Elas podem ser vistas como ervas daninhas ou um arbusto qualquer, mas nas mãos corretas podem tornar-se valiosos elixires que salvam vidas. Elas são completamente diferentes do grande pinheiro, mas em sua forma tão discreta guardam sabedoria e valor.
    A conversa segue noite adentro, passando pelos mais diversos assuntos, até que ambos percebem que eram os únicos no local, além de Guido, que dormia apoiado no balcão.
    — Está quase amanhecendo e devo partir. Obrigado pela conversa.
    — Não agradeça, jovem mestre. O senhor respondeu a todas as minhas dúvidas e confirmou que fiz a escolha certa.  
    — Fico feliz por ter sido útil e espero que possamos nos ver novamente.
    — Sim, eu também espero. Os dois homens se despedem e Dante retorna ao castelo.
    Dias depois, enquanto estava na biblioteca da família, uma batida na porta rompe a sua concentração.
    — Entre. Uma serva para a porta e curva-se antes de prosseguir.
    — Mestre Dante, vosso pai,  Lord Theo, o aguarda no salão.
    — Obrigado, Ana. 
    Dante recoloca o livro no lugar e vai ao encontro de seu pai, resignado. Ele já havia perdido as contas de quantos mestres Theo havia trazido, na esperança de torná-lo um guerreiro. Ele entendia a preocupação do pai. Ano após ano, hordas dos mais diversos povos atacavam aquela região, ameaçando a vida das pessoas que ali viviam e confiavam neles. Era de se esperar que os filhos de Theo fossem ao menos bons guerreiros e não apenas eruditos. Uma vez seu irmão Enrico brincou, dizendo que bastava deixar que Dante palestrasse sobre os pensamentos de Aristóteles e todos os bárbaros fugiriam assustados ou cairiam no sono e a vitória seria certa. Enquanto caminhava, Dante passa por uma janela e vê seu irmão praticando com o arco. “Por que somos tão diferentes? Se ao menos…” Dante interrompe o pensamento e recorda as palavras do viajante na estalagem. Chegando à porta do salão, Dante aguarda ser anunciado. Ao entrar, encontra Theo acompanhado de um homem elegante, trajando uma adornada túnica, que olhava pela janela.
    — Mandou me chamar, Lord Theo? Ele fala após fazer uma reverência.
    — Sim. Aproxime-se, Dante. Quero apresentar um velho amigo que voltou há pouco tempo  e, atendendo ao meu pedido, veio aqui para lhe ensinar as artes da guerra. Acredito que ele será de muita ajuda nos seus treinamentos e estudos de estratégia.
    — Muito prazer, cavaleiro. Eu sou Dante di Savoie e será uma honra aprender o que o senhor tem a me ensinar. O homem se vira e o rosto de Dante ilumina-se de surpresa.
    — Muito prazer, mestre Dante. Eu me chamo Giovanni Ricci e tenho certeza que também aprenderei muito com o senhor. O novo mestre que seu pai havia chamado era o viajante da estalagem.
  • Contos de Argalia

    Em minha historia contarei sobre Argalia,um reino majestoso, diversificado , cheio de controvérsias , magia , sabedoria e também muito disputado.Repleto de origens,conspirações e acontecimentos vastos. Marcado especialmente por uma disputa central de dois irmãos que buscam administrar o poder e governar tal terra de riquezas e mistérios e também de personagens admiráveis e fantásticos que buscam desenrolar seus destinos em meio a tantaos acontecimentos,conspirações e façanhas.
    De um lado a sobrevivente herdeira de Argalia Hemileia que almeja conseguir por direito sua parte no trono,do outro Arigann seu irmão um rei tirano que após o falecimento de seus pais,ordenou um massacre a todos os seus irmãos para governar sozinho.Desconhecendo entretanto,por pouco tempo, que sua irmã ainda criança havia sobrevivido,e se tornado uma grande maga guerreira.
    Aqui irei contar a historia acompanhada dos personagens,suas origens,poderes e ambições através de detalhada e épica narração.
    Hemileia A Maga Guerreira - Imagem adaptada por Ramile Veras via Rinmaru games-acension
  • Crônicas de Garesis - Bem vindos a aventura.

    Bem vindos a terra de Garesis, um lugar cheio de oportunidades e aventuras por entre seus cinco continentes; Arcádia(a região central e maior) Nortix(O norte gelado, terra dos anões em suas montanhas), Oesteros(uma terra selvagem no oeste), Lestus(lar do elfos e florestas densas) e Southern(uma terra árida e sem leis).
     Nestas terras vamos conhecer a história de Incanus, um jovem que precisa provar seu valor, mesmo com tudo contra ele, mas antes de falar do nosso herói é preciso entender seu mundo:
        Há muito tempo os soberanos dos cinco continentes resolveram viver em harmonia afim de findar as inúmeras guerras que assolaram Garesis, Edmund 2° rei de Arcádia convocou uma assembléia que ficara marcada como o dia de todas as flâmulas, ao lado do rei estava Magnus, seu conselheiro e mago, entre os convidados estavam:
    Skangor, o anão rei do norte; Gortia, a rainha orc do oeste; Elora, a senhora dos elfos do leste e Lefan, o rei dos ladrões do sul. Junto com seus embaixadores eles se reuniram, trocaram suas flâmulas entre si e decidiram os termos do acordo.
    Os cinco soberanos seriam livres quanto as leis de cada continente, haveria comércio livre entre as terras assim como navegação mercante, os recursos naturais poderiam ser obtidos de outros reinos pelo devido valor.
    Todos os termos eram favoráveis a ambos, mas nem tudo era paz, ainda haviam aqueles que lucravam com a guerra, por isso neste dia as guildas foram criadas e todo ano na mesma data uma competição era realizada em um 
    dos reinos a fim de obter novos membros para as guildas e manter a amistosidade entre os soberanos, além das cinco guildas uma mais foi criada, pelo assim proclamado rei dos magos Magnus, a guilda do olho místico, que tinha entre outras o dever de manter a paz, sendo assim muito comum seus membros serem aceitos em todos os reinos.
     
    Neste meio nasceu Incanus sem saber de sua mãe, sem ter notícias do pai, criado por sua avó paterna Agnes, a curandeira de uma pequena cidade sem importância ao sul de Arcádia conhecida com Cidade dos Passos Perdidos, nome este devido ao fato de que as pessoas que ali passavam nunca ficavam muito tempo.
            Incanus era um garoto com quinze anos, cabelos castanho escuro, pele clara, olhos amendoados, seu nariz simétrico era marcado por sardas, um tanto magrelo, costumava usar sua túnica amarela de algodão, calças marrom que iam até os tornozelos, botas de couro, e um cinto de um couro desbotado de onde pendurava a bainha de sua pequena adaga.
          O lar deste jovem ficava fora dos limites da cidade, numa estrada próxima, se tratava de um chalé humilde cercado por um muro de pedras bem posicionadas com um pequeno portão, o terreno também contava com uma pequena plantação, suficiente para sua alimentação, uma criação de ovelhas e um curral para um único cavalo, Volucer.
         Vocês podem achar a vida de Incanus muito simplória a princípio, mas garanto que nosso herói tinha potencial e motivação para mudar seu mundo.
  • Crônicas do Parque: A verdade está onde nunca a procuramos

    Era uma daquelas manhãs escaldantes com temperaturas que variavam de trinta e cinco a trinta e oito graus célsius, com sensação de quarenta a quarenta cinco no centro-norte de Israel. Como de costume me encontrava todos os Yom Sheni (segunda-feira) no parque de Kfar Saba, fazendo manutenção nas piscinas ecológicas.

    Pegava meu bastão de rede, uma caixa plástica preta dessas de armazenar verduras em supermercados, e um balde vazio de comida de peixes ornamentais. Entrava na piscina e submergia até os joelhos no primeiro terraço em que ficava as Nymphoides, espécies do gênero das plantas aquáticas que crescem enraizados no fundo, com as folhas a flutuar à superfície da água, de cores brancas, amarelas e variadas tonalidades de flores rosa, da família Nymphaeaceae.

    Prendia meu smartphone pela sua capa ao cordão que ficava no meu pescoço, em que segurava ao peito um Magen David (Estrela de Davi) com um rosto de leão no centro, e colocava uma música suave para iniciar o meu trabalho de cuidar dos nenúfares.

    Em especial, aquela era a piscina ecológica que eu mais gostava dentre todas outras que dava manutenção no centro-norte. Pois, além de ser a maior dessa região, estava em um parque bonito e tranquilo arrodeado de belas esculturas. Essa piscina era especial, pois era a única de todas que tinha uma original carpa cinza gigante, espécie de peixe de água doce originário da China, e também havia um canteiro com Lótus Branco (Nelumbo Nucifera), um género de plantas aquáticas pertencente à família Nelumbonaceae da ordem Proteales, e também era lotada de peixes Koi (Nishikigoi), tendo o Higoi (carpa vermelha), o Asagui (carpa azul e vermelha) e o Bekko (branca e preta), que são carpas ornamentais coloridas ou estampadas que surgiram por mutação genética espontânea das carpas comuns (carpas cinza) na região de Niigata no Japão, tendo também outras inúmeras variedades de peixes-ornamentais como: peixes-dourados, peixes barrigudinho (Guppy) de diversas cores, aruanãs, entre muitos outros.

    Nesse dia em especial, me senti constantemente sendo observado por um senhor de chapéu azul e cabelos grisalhos que aparentava ter a idade de oitenta anos. Estava bem-vestido e mantinha sempre um sorriso no rosto. Ele se encontrava sentado em um banco largo que ficava próximo à piscina. E lentamente eu me aproximava dele ao curso do meu ofício de retirar as folhas amareladas dos nenúfares. E ao me aproximar daquela figura atraente, eu o cumprimentei com um Boker Tov (Bom Dia), e ele me respondeu com um Boker Or (Manhã de Luz). Assim trocamos sorrisos, e me voltei novamente para o meu ofício matinal.

    Quando o balde em que colocava as folhas amareladas e flores mortas dos nenúfares se encontrou cheio, me retirei da piscina para esvaziá-lo, o despejando na caixa plástica preta que estava perto do banco em que o senhor de chapéu azul se encontrava sentado. E, ao me retirar para regressar a piscina, ele elevou a sua doce voz anciã, perguntando-me:

    — Atah Rotze coz cafeh (Você aceita um copo de café)?

    Então, de imediato lhe respondi:

    — Ken, efshar (sim, aceito).

    Então, ele retirou de uma sacola de pano um bojão de gás pequeno e enroscou uma pequena boca de fogo nele, acoplando. Colocou o aparato ao solo, e retirou da sacola uma garrafa pet de coca-cola com água, uma pequena chaleira e dois copos de aço inoxidável. E, enquanto ele despejava a água no recipiente e acendia o fogo com um isqueiro para ferventar, fez um sinal com as mãos para eu me sentar ao seu lado.

    Enquanto a água estava para ferver, nos apresentamos e ele me fazia inúmeras perguntas sobre mim e meu ofício. Perguntas comuns que eu já estava calejado em responder. E, depois que ele preparou o café, comecei também a interrogá-lo. Para minha surpresa, descobri que ele não era judeu, mas árabe. Sendo que falava um bom hebraico sem sotaque e se vestia elegantemente, como um velho Ashkenazi. Além dele ter olhos de uma cor azul-claros como o céu que estava sobre nossas cabeças. (…Nós, e nossos pré-julgamentos…).

    Ele me falou que viveu muitos anos em Espanha, sendo um mestre sacerdote de Sufi gari (Tasawwuf), uma arte mística e contemplativa do Islão, assim como é a Kabbalah para os judeus. Ele viu o Magen David em meu peito, e disse que era bonito esse símbolo com um rosto do leão no centro. Também, me falou que esse símbolo em que os judeus se apropriaram o colocando em sua bandeira, é de muita importância para o Tasawwuf (Sufismo). E me revelou segredos importantes sobre o significado desse símbolo.

    Conversamos sobre muitas coisas, e eu o interrogava mais e mais, pois vi que esse senhor era muito sábio e ciente de tudo que falava. Ele me revelou coisas sobre a conduta do corpo, como postura e fala. Falou-me sobre pensamentos, músicas e danças místicas, e, sobre alimentação e jejuns para se ter uma vida espiritual equilibrada com o corpo físico. Nesse assunto, perguntei a ele porque não se deve comer carne de porco. Até porque eu já tinha perguntado a muitos rabinos e religiosos judeus o porquê de não comer a carne desse animal, e muitos não sabiam me responder ao certo. E, os que respondiam, falavam que estava escrito nos Livros da Lei, a Torah, mas não sabiam perfeitamente o porquê.

    Diante da minha pergunta, ele sorriu e me disse algo em que fiquei atônito. Contava ele que os porcos eram seres humanos amaldiçoados, por levar uma vida sexual pervertida na sua última encarnação. Ele me disse que por isso dentre todos os animais o porco era o mais inteligente, e, que seus órgãos internos como fígado, rins e coração são muito parecidos com os nossos, pois na verdade era um ser humano que encarnou nessa condição com a total consciência de sua vida-passada, mas que devido fato de estar em um corpo animal atrofiado não podia se comunicar para se revelar como tal. Nasceu nessa condição devido à decadência espiritual de sua vida anterior como ser humano, ao se entregar aos prazeres sexuais nojentos e tenebrosos, por isso esse animal pode levar até trinta minutos tendo orgasmos. E, assim, veio nessa condição para viver em sua podridão, ao comer seu alimento e dormir misturado as suas fezes, mesmo tendo a inteligência de defecar em um mesmo lugar, são condicionados pelos seus criadores (seres-humanos) a viver junto ao seu excremento. Também, ele me falou que o porco não tem a capacidade de olhar para cima, não podendo ver o céu, e sua pele não pode ser exposta à luz solar por muito tempo, pois não consegue transpirar, e pela falta de umidade decorrente do suor pode sofrer fortes queimaduras. Nasceu para olhar para baixo e se esconder da luz, sendo forçado por essa natureza a viver na lama. Ele também me disse, que o porco é o animal mais amaldiçoado do que a serpente, pois os porcos são invulneráveis às suas picadas venenosas. E concluiu:

    — É por isso que não se deve consumir a carne desse animal, por na verdade ser um ser-humano totalmente consciente em forma atrofiada. — e, acrescentou me revelando algo — Você sabia que não há diferença de gosto entre carne humana da carne suína… ambas possuem a mesma textura e sabor.

    Uau! Diante desses fatos que me foram apresentados por esse velho sacerdote Sufi, fiquei estupefato. E, entendi o porquê de George Orwell escolher os porcos para serem os protagonistas da revolução em seu romance satírico (Animal Farm — A Revolução dos Bichos). Provavelmente, ele sabia desse conhecimento do Tasawwuf. E isso me fez pensar, o quanto os antigos sabem do quê não sabemos. Essas são respostas que não podemos encontrar no oráculo Google. Respostas de um velho de oitenta e poucos anos sentando em um banco de parque (se bem que agora poder ser encontrada no Google).

    O velho me vendo atônito, colocou seus aparatos de café na sua sacola, levantou-se, despediu-se e saiu sem mais nada a dizer.

    E lá no banco do parque de Kfar Saba fiquei com a mão no queixo, vendo os peixes e as nymphaeas. Tão Ignorado em minha ignorante aquariofilia.

  • Cuidado!

    O compasso diz que vou morrer. Que idiotice! Vou embora! Surge uma garotinha que me estende a mão. Tem outra na porta. "Não vou brincar com você, demônio". Os olhos vítreos me queimam e prendem. Com um gesto da mãozinha, o compasso voa e crava na minha garganta, se abrindo em um ângulo de 180 graus.

  • Diário de um feiticeiro

         Oi, meu  nome é Ryan Lewis e tenho 15 anos. Hoje é o dia 26 de outubro de 1985, falta apenas 5 dia para meu aniversário. Hoje 26 de outubro acordei com o pé esquerdo, escovei os dentes e lavei a cara com a força do ódio e fui pra escola.
         Quando cheguei na escola veio meu amigo Henry para nós falar sobre a nossa série favorita de terror. A gente passou  os quatros períodos da aula conversando sobre teorias malucas do que aconteceria com a alma da personagem Lilian. Enquanto nós passamos os quatros períodos da aula conversando eu fiquei olhando para Sabrina Spellman que é uma garota bonita, inteligente e misteriosa. Não vou negar que sinto um sentimento por ela mas ela nem sabe q eu existo hahaha. Eu dou risada mas na verdade é um tanto triste. E essa foi a minha manhã.
         Depois dessa manhã chata mas legal ao mesmo tempo no colégio Dorcas, fui para minha casa e almoçei com minha tia Ilda e meu tio Ben. Você deve estar se perguntando dos meus pais, vou deixar bem claro que eles não estão mortos, eles somente desapareceram quando eu nasci. Deixa eu explicar melhor isso, quando eu nasci eles me entregaram para os meus tios e foram embora e disseram q voltariam um dia. Faz 15 anos e eles não voltaram, mas eu me acostumei com minha tia Ilda e meu tio Ben. 
         Depois do almoço, fui as duas horas da tarde para a floresta Salvatore para fazer o que eu mais gosto que é observar a natureza e tirar fotos mas algo estranho aconteceu lá. Eu vi a Sabrina realizando algo que parecia um ritual, me aproximei perto dela sem ela ver, fiquei olhando tudo aquilo acontecer. Aquele ritual era para trazer de volta o seu gato morto que tinha sido atropelado, foi naquele momento que descobri que bruxas existiam e que andavam entre nós.
         Mas eu não fiquei assustado pois eu senti que era igual a ela, era como se algo fluísse dentro de mim, então sem medo me aproximei dela e ela tentou fugir com o gato já vivo correndo atrás dela, então eu gritei :
          - Espera, eu acho q sou que nem você, sinto algo fluindo em mim.
         Então ela parou e se virou para trás e o gato também, então ela me perguntou a minha idade e eu respondi 15 anos. Ela me perguntou quantos dias ou meses faltava para o meu aniversário, então respondi 5 dias. Ela me perguntou se estava tendo sonhos com algo relacionado a magia, ela parecia saber de tudo, ela até descreveu um sonho bem direitinho, era um sonho onde eu pegava um livro e realizava um ritual de invocação. Ela me explicou que eu me tornaria um bruxo ou melhor dizendo um feiticeiro. Fiquei um pouco espantado mas nem tanto pois sabia que eu não era normal que nem outros, as vezes sentia uma energia percorrendo meu corpo. Parece q eu realmente iria descobrir meus poderes no dia 31 de outubro que é o dia do meu aniversário de 16 anos segundo Sabrina. Ela explicou q descobriu seus poderes dia 28 de julho que foi seu aniversário de 16 anos mas Sabrina ao contrário de mim já sabia disso e foi orientada desde pequena.
         Sabrina se aproximou perto de mim e disse que não era para eu ter medo pois ela me ajudaria a cada passo que eu desse, isso me fez me sentir melhor, ela falou que eu adquiria conhecimento em uma escola para feiticeiros e feiticeiras indo todos os sábados. Ela me explicou que a escola ficava debaixo da ponte sul da nossa cidade. Eu fiquei falando pra ela: 
         -Como assim? Debaixo da ponte? 
         Mas aí ela me explicou melhor e disse que debaixo da ponte havia um pentagrama que se você for um feiticeiro de verdade e recitar as palavras cremonali doudali soulanali a parede quebraria e abriria um portal para a escola. Eu fiquei feliz pois sábado é o dia que irei virar feiticeiro e já poderei ir na escola de magia no mesmo dia.
         Então depois dessa tarde maluca descobrindo coisas incríveis, eu fui para casa e meu amigo Henry esta me esperando na frente da minha casa, ele parecia querer contar algo. Então me aproximei dele e ele me contou que na outra floresta da cidade que é uma floresta mais obscura da que eu estava, tinha uma criatura peluda, com dentes enormes e garras muito afiadas coberto de sangue de um cervo que essa criatura matou.
         Então eu disse:
       -  O que você estava fazendo lá, e que horas você viu isso?
         Ele me disse que viu as 22:45 de hoje, a esse horário eu ainda estava com a Sabrina na outra floresta que é muito linda, diferente dessa que Henry estava. Mas ele não me disse o que estava fazendo lá, então eu falei:
        - Mas você não me disse o que estava fazendo lá.
         Henry disse que estava atrás de uma nova espécie de passarinho mas não fazia sentido ele estar naquele horário, então perguntei:
        - Mas por que você estava nessa?
         Henry falou que o pássaro possuía hábitos noturnos, mas estava tão difícil de acreditar nele, parecia que estava me escondendo alguma coisa. Mas então por que ele me contaria dessa criatura? Minha mente estava tão confusa com tudo isso.
         Então falei para ele:
       - Henry você esta mentindo, você pode confiar em mim e contar a verdade.
         Então Henry me olhou e contou tudo dizendo:
        - Meu vô contava que uma criatura morava naquela floresta a muito tempo e ele já tentou caçar essa criatura mas não obteve sucesso. Então eu resolvi ver se era verdade as história dele e era.
         Depois de ouvir Henry falar isso, eu fiquei meio que assustado, eu estava pensando em contar para Henry sobre mim já que ele contou a verdade para mim, mas eu não queria colocar ele em perigo, talvez isso da criatura já fosse coisa demais para ele. Então falei para ele:
         - Henry eu acho que essa criatura não é nada mais ou nada menos que um lobisomem, que tal a gente continuar a comentar amanhã pois agora já são 23:00 horas da noite e sinto que nós dois levaremos broncas hahaha.
         Henry concordou comigo, ele me deu tchau e foi para casa e eu entrei na minha casa, quando entrei já estava minha tia Ilda e meu tio Ben sentado em um cadeira e eles estavam furiosos por eu ter chegado as 23:00 da noite, o horário máximo que eu poderia chegar em casa era as 20:00.
         Eu expliquei que estava com uma colega minha na floresta, só que isso não pegou muito bem. Eles acharam que eu estava transando ou algo assim, mas aí eu meio que falei a "verdade", falei que Sabrina estava me ensinando algumas coisas. Você pode achar que não mas eles acreditaram pois eles tinham grande confiança em  mim.
         Então depois da conversa com eles, eu tomei um suco de laranja muito gostoso com duas torradas de presunto e queijo, depois disso fui escovar meus dentes com a pasta de dente que eu amo e fui dormir. Posso ter começado o dia meio mal humorado mas acabei ele com tanta felicidade. 
         Depois de dormir acordei animado, querendo ir para escola e tentar me aproximar mais de Sabrina. Cheguei na escola encontrei Henry e fomos para sala de aula antes do sinal bater e já colocamos a data no nossos caderno que é dia 27/10 (terça-feira). Depois que colocamos a data resolvermos comentar mais sobre o lobisomem, ele me disse:
        - Era enorme, antes que você me pergunte se ele me viu já digo que não pois eu estava muito bem escondido, estava escondido atrás de duas árvores gigantes e elas tinham um cheiro muito forte, então seria difícil dele me farejar.
         Então eu lhe perguntei:
        - Essa de você estar escondido atrás de árvores com cheiro forte foi planejado?
         Henry riu, mexeu a cabeça fazendo sinal de negativo e respondeu:
        - Com certeza não, eu dei sorte de esta no lugar certo na hora certa.
         Então bateu o sinal para aula começar e Sabrina entrou na sala e fez um  gesto me dando oi, então eu fiz o mesmo com um sorriso. Depois que bate para o segundo período nós temos a merenda, notei q as duas amigas de Sabrina tinham faltado a aula, uma estava doente e a outra viajando para Nova York pois seu pai morava lá e ele estava muito doente, o coitado estava com câncer. Então já que Sabrina estava sozinha na merenda falei pra Henry que ia sentar com ela e pedi para ele deixar nós sós, Henry não gostou muito mas ele aceitou numa boa. Quando sentei com ela falei:
        - Eae Sabrina tudo bom? Posso sentar?
         Ela respondeu:
        - Estou bem, você já esta sentado, desculpa não quis ser grossa, me conte, esta animado? Esta bem com tudo isso?
         Então com um sorriso eu falei:
        - Não foi grossa não, só um pouquinho hahaha, sim estou super animado com tudo isso e por incrível que pareça estou bem com toda essa novidade, vai ser uma aventura para mim e será melhor ainda se você estiver nela.
         Sabrina ficou um pouco vermelha, me deu um sorriso e disse: 
        - Será um prazer estar nela.
         Então o nosso tempo na cantina acabou e voltamos para a sala, quando voltei lembrei que a gente nem comeu nada e meu estômago começou a roncar. Henry notou que eu estava com fome então me deu um pão com doce que havia pegado na merenda. Quando fui comer escondido (pois é proibido comer na sala de aula) lembrei que Sabrina não comeu nada, então parti o pão e dei o maior pedaço para ela sem a chatinha da professora Laiane ver. Sabrina me agradeceu e depois que acabou o segundo período fomos para o recreio, Henry foi conosco mas todo o recreio eu e Sabrina não falamos uma palavra sobre o assunto de feiticeiro, ficamos apenas falando sobre os professores, séries, filmes etc. Foi bom saber que a Sabrina também gostava de filme de terror. 
         Depois do recreio tivemos aula de história que me deu até sono mas depois veio a aula de ciências. E na aula de ciência foi dado um trabalho onde teríamos que tirar fotos de animais em umas das floresta da cidade, poderíamos escolher a floresta Salvatore ou a floresta Negra que era onde Henry teria avistado o lobisomem. O trabalho foi divido em duplas que foram sorteadas. A professora Nancy sorteou o papel com meu nome e falou:
        - Ryan ficará com...
         Aí ela sorteou outro papel com outro nome de uma pessoa e disse:
        - Sabrina 
         Aí olhei para Sabrina e sorri para ela e ela retribuiu com outro sorriso. Ela me deu um bilhete no final da aula que dizia:
        - Ryan me encontre as 14:00 horas na floresta Salvatore para nós realizar o trabalho, e para conseguirmos um familiar pra você, quando chegar eu lhe explico o que é familiar.
         Peguei o bilhete e coloquei no bolso e fui para casa conversando com Henry, ele me disse que havia ficado sem dupla, então eu lhe disse:
        - Henry nem pense em entrar na floresta Negra pra tirar foto daquela criatura, acredito que o mundo não esta pronto pra descobrir que lobisomens existem.
         Henry me olhou, concordou com um gesto positivo com a cabeça. Então Henry entrou ma casa dele que é do lado da minha e eu entrei na minha. Comi a galinha deliciosa que minha tinha Ilda tinha preparado de almoço, junto com um arroz branco e o meu suco favorito que é o de laranja. Depois de ter comido fui dormir um pouco até as 13:30 para depois ir na Sabrina, quando dormi eu tive um sonho, onde eu falava com um corvo e ele me respondia, o nome dele era Estorcas
         Então me acordei as 13:30 e fui para a floresta Salvatore encontrar a Sabrina, eu cheguei bem no horário combinado, nenhum minuto antes e nem depois mas ela não tinha chegado ainda, então resolvi sentar no banco para esperar ela. Não demorou 5 minutos pra ela chegar, quando chegou entramos pra dentro da floresta, eu estava com a câmera e ela com uma mochila que eu não sabia o que havia dentro.
         Olhei pra ela e disse:
        - Então, você tinha ficado de me explicar o que era um familiar. Então me diga o que é.
         Sabrina me olhou e falou:
        - Familiar é um animal que conversa com você e só você entende ele, ele entende as outras pessoas mas as outras pessoas não o entendem. Então você pode escolher que tipo de animal você quer e pode dar um nome pra ele.
         Eu na hora falei que queria um corvo e que seu nome seria Estorcas, Sabrina me olhou e disse:
        - Um corvo, sério? O meu familiar é aquele gato que você viu eu ressuscitando usando necromancia, antes que me pergunte o que é necromancia, já digo que é uma magia que lida com mortos e é bem complicada.
         Então eu olhei pra ela e falei:
        - Eu quero um corvo pois eu tive um sonho que eu estava falando com um corvo chamado Estorcas.
         Ela me olhou e disse:
        - Ei, você foi escolhido por ele, ele veio a você através do sonho. Eu acho que tenho tudo em minha mochila para evocalo.
         Então ela tirou um giz branco da mochila e fez um pentagrama no chão com a letra "E" no meio da estrela, no pentagrama tinha outros desenhos que simbolizavam evocação e outros meio referente a familiares. Ela me deu um livro de capa dura com um pentagrama na capa e embaixo dizia: "Livro Básico de Evocações."
         Ela me falou para abrir na página 27, onde falava de evocação de familiares, aí eu li as palavras:
        - Evocate familiare prontact pra me serviare.
         Depois que eu falei essas palavras, começou a sair uma fumaça preta do livro que foi para o pentagrama e no meio daquela fumaça saiu um corvo e ele me disse:
        - Eu não sou seu escravo mas o ajudarei em sua jornada e não ache que serei presso a você, eu serei livre pra voar para onde eu quiser. Eu serei seu amigo, seu conselheiro e até parceiro para inúmeras coisas mas jamais seu escravo.
         Eu falei pra ele:
        - Sim, serás meu amigo mas não escravo. Poderá voar pra onde quiser a hora que quiser. Será um prazer trabalhar com você.
         Depois disso, Sabrina e eu fomos procurar algum animal legal para tirar uma foto enquanto Estorcas sobrevoava a área para garantir se estava tudo bem. Depois de procurar e procurar um animal para tirar foto, finalmente achamos uma borboleta azul muito bonita. Então quando nos aproximamos o bastante dela para tirar uma foto ela vôo para longe. Aí eu olhei pra Sabrina e perguntei:
        - Tem como a gente evocar um animal só para a gente tirar uma foto e depois fazer ele ir de volta do lugar que saiu?
         Sabrina respondeu:
        - Sim mas tive uma ideia melhor, antes de eu contar me fale se você sabe desenhar bem.
         Eu respondi que sim aí ela contou que tem um feitiço que a gente faz um desenho meio que criar vida por uns dez segundos aí depois ele some. Então desenhei uma linda borboleta azul, idêntica aquela que a gente tinham visto. Ela pegou o meu caderno e outro livro de feitiços que dizia: Feitiços Básicos Volume 01.
         Ela abriu o livro na página 77 que tinha o feitiço chamado Ilusione desenhare, então ela ela recitou as palavras que dizia:
         - Criare el ilusuine del deserro poro trempo cutiro.
         Depois que ela disse essas palavras estranha o meu desenho da borboleta sumiu da folha e estava na minha frente a borboleta que eu tinha desenhado. Então rapidamente peguei a câmera e tirei uma foto perfeita, depois que tirei a foto eu fui tocar na borboleta mas aí o tempo acabou e ela voltou para a folha de papel do meu caderno.
         
         Sabrina olhou pra mim e me deu uma risadinha, nós dois estávamos parados lá sem mais nada pra fazer, então convidei ela pra dar uma caminhada pela floresta. Enquanto nós caminhava notei que Estorcas estava nos acompanhando pelo ar. Sabrina e eu estávamos conversando sobre feitiços e poções super legais enquanto nós caminhava. Mas aí eu pedi pra ela parar e fechar os olhos porque eu tinha uma surpresa. Ela fechou os olhou e falou:
        - To curiosa!
         Eu me aproximei dela e a beijei, enquanto nós nos beijava, as flores  começaram a voar em nosso redor, foi literalmente mágico o nosso beijo. Quando eu tinha finalizado o beijo ela me falou:
        - Foi uma das melhores surpresas que eu poderia receber.
         Quando eu fui pedir ela em namoro ela me interrompeu e falou:
        - Quer namorar comigo?
         Na hora eu disse sim, abracei ela como se não fosse soltar mais, depois do abraço, eu a beijei de novo e as flores em nosso redor fizeram um formato de coração. Falei pra ela:
        - Já são 16:00 horas, achou que vou pra casa, se tu for também posso lhe acompanhar até um pedaço?
         Ela disse que sim, então fomos conversando até sua casa sobre o quão incrível seria daqui pra frente. Quando chegamos na porta da casa dela eu a beijei e dei tchau. Eu estava super feliz, cheguei em casa cantando, minha tinha Ilda perguntou:
        - Qual o motivo de tanta felicidade Ryan?
         Aí eu lhe disse:
        - Ela me ama tia, a Sabrina me ama, tia eu gosto tanto dela.
         Tia Ilda ficou feliz por mim, o tio Ben estava trabalhando, ele trabalha de manhã das 06:00 horas até 11:00 horas da manhã. Depois que ele almoça ele volta a trabalha das 13:00 até 18:00. De manhã quando eu acordo para escola ele já esta no trabalho, depois quando chego da escola ele já ta quase saindo, a gente fica mais juntos pela noite. Tinha Ilda eu vejo quase sempre pois ela não trabalha. Não via a hora de contar pro tio Ben da Sabrina. Não faltava muito pra ele chegar pois já era 17: 37. 
         Fui para meu quarto para assistir The Horror que é uma série de terror que eu e o Henry assistimos, fiquei impressionado com o que fizeram. Fizeram um pacto com satã para a alma de Lilian voltar para o corpo, depois disso fiquei pensando se com a magia poderia fazer coisas assim. Acabei de assistir a série as 18:30, depois disso fui cumprimentar meu tio que havia chegado a meia hora atrás, depois que cumprimentei ele, eu disse:
        - Tio você nem acredita, tem uma garota da escola chamada Sabrina Spellman, a gente ta namorando.
         Ele me olhou com uma cara muito séria e falou:
        - Você falou Spellman?
         Minha tia que estava com uma xícara de chá, acabou derrubando no chão de espanto, então eu falei:
        - Tia esta tudo bem?
         Minha tia estava muito apavorada, eles sabiam de alguma coisa e estavam me escondendo. Então eu falei:
        - O que vocês sabem sobre o sobrenome Spellman?
         Meu tio me disse com uma voz rígida que a família Spellman são bruxos e perguntou se eu sabia algo sobre magia. Então eu lhe respondi:
        - Sim, eu sei e sou um feiticeiro. 
         Ao mesmo tempo minha tia e meu tio falaram:
        - Meu Deus, como você sabe disso?
         Expliquei que descobri através de Sabrina e eles ficaram furiosos e mandaram eu me afastar dela e até disseram que eu não iria a escola de magia. Eles sabiam de tudo isso e me esconderam a vida inteira, eu fiquei com tanto ódio que subi a escada e me tranquei em meu quarto. Quando estava no meu quarto eu abri a janela e em questão de segundos o Estorcas entrou e viu que eu estava furioso e me disse:
        - O que aconteceu? Por que está furioso?
         Então eu lhe respondi:
        - Estorcas o meu tio e minha tia sabiam de tudo e me esconderam a vida inteira, aposto que eles também sabem de meus pais.
         Estorcas falou pra mim que eu deveria perguntar sobre meus pais e sobre tudo que eu tinha direito de saber. Então baixei a escada quase chorando e fui falar com eles que estavam na sala, quando eu cheguei disse:
        - Eu mereço saber a verdade sobre meus pais.
         Eles me contaram que os meu pais queriam que eu tivesse uma vida normal, pois seria muito perigoso para mim, ou talvez para outras pessoas pois eu sou um feiticeiro híbrido. Então pedi para eles me explicarem melhor essa história de feiticeiro híbrido, então minha tia disse:
        - Vou começar a contar para você como surgiu os feiticeiros, existem dois tipos que são os do "bem" e os do "mal". Os do "bem" surgiram com uma cruza de um anjo com uma humana, em vez de estarmos chamando eles de feiticeiro do "bem", usamos o termo feiticeiros angelicais. Os feiticeiros do "mal" surgiram de uma cruza de um demônio com uma humana e para eles usamos o termo feiticeiros demoníacos. Aí o primeiro feiticeiro angelical criou as poções, os feitiços, livros e etc. O primeiro feiticeiro demoníaco criou rituais, livros mais obscuros, necromancia e etc. 
         Então eu perguntei:
        - O feiticeiro angelical pegou uma mulher que teve filho aí os filhos tiveram outros filhos até chegarem na gente?
         Então meu tio Ben respondeu:
        - Isso mesmo, mas eu e sua tia não somos que nem você, a sua mãe é irmã da sua tia por parte de mãe, já de pai não. Sua mãe Natasha era uma feiticeira demoníaca mas não era do mal, ela se casou com Edward que era um feiticeiro angelical e eles geraram você que é uma nova espécie.
        - Mas por que eles foram embora tio?
         Tio Ben falou que era para o meu bem que eles foram embora, se a sociedade dos feiticeiros angelicais e demoníacos vissem eles juntos, talvez matariam eles pois é proibido a união dos feiticeiros demoníacos com os feiticeiros angelicais. Então eu lhe perguntei:
        - Eles estão vivos? E estão seguros?
         Tio Ben respondeu:
        - Sim, estão seguros pois são muito espertos e eles combinavam seus poderes e faziam coisas incríveis, acredito que eles estão em algum lugar muito longe, onde os feiticeiros não podem alcançar eles. Acredito que um dia talvez eles voltem.
         Perguntei pra eles se eu poderia ir na escola de magia e eles disseram que é muito perigoso mas depois de muita conversa eles deixaram com uma condição. Que era que eu não poderia falar que era um feiticeiro híbrido, só falaria que era um feiticeiro angelical. Concordei com essas condições e falei:
        - Tem uma escola para os feiticeiros demoníacos?
         Tio Ben respondeu:
        - Sim mas esta escola você não vai participar pois ela não é muito recomendável por causa de seus métodos de ensino. 
         Concordei com o que ele disse e perguntei para minha tinha Ilda:
        - Tia você falou que os feiticeiros demoníacos criaram os rituais e a necromancia certo? Os feiticeiros angelicais podem realizar rituais e fazer coisa com a necromancia?
         Tia Ilda respondeu:
        - Sim, eles podem mas tem coisas que só a magia demoníaca faz e coisas que só a angelical faz. 
         Fiquei curioso com o ritual que Sabrina fez e a necromancia que ela usou para trazer seu gato de volta. Então perguntei:
        - Tia, feiticeiros angelicais podem usar a necromancia para trazer um familiar de volta a vida e pode realizar ritual de invocação de familiar?
         Ela me respondeu que isso são coisa "simples" para feiticeiros seja ele angelical ou demoníaco. Que são meio que nível básico mas já trazer pessoas a vida é bem mais complicado e evocar demônios também já é mais difícil também. A evocação de demônios são mais os feiticeiros demoníaco que conseguem fazer, foi o que disse tia Ilda.
         Chamei Estorcas para eu apresentar ele a minha tia e meu tio. Quando tia Ilda viu ele ficou feliz por ser um corvo pois a de sua irmã que é minha mãe também tinha um corvo de familiar. Finalmente depois de toda a conversa e a apresentação de Estorcas fomos jantar, comemos de janta o que tinha sobrado no almoço pois já eram 21:27 horas. Depois que comi fui escovar os dentes e peguei no sótão uma gaiola para o Estorcas mas ele não quis por causa que ele se sente preso. Aí eu falei pra ele:
        - É só para você dormir, nem vou fechar ela.
         Estorcas então aceitou a gaiola só para dormir, ele falou para mim que amanhã teria que comprar alguma ração de pássaro pois ele precisava comer. Então eu lhe disse:
         - Ok, mas agora boa noite pois tenho que dormir.
         E esse foi meu dia super maluco, cheio de descobertas e segredos revelados. Quando estava dormindo tive um sonho, nesse sonho eu tinha 7 anos e estava no balanço e tinha um homem me balançando e lembro dele dizer:
        - Ryan um dia voltaremos, desculpa por tudo.
         
         Aquele homem aparentava ser meu pai e esse sonho não parecia um sonho, estava mais para uma lembrança perdida. Quando acordei fiquei pensando nesse sonho enquanto escovava meus dentes. Fui olhar que horas eram, eram 7:34, faltava 16 minutos para bater o sinal da escola. Então em seis minutos coloquei minha roupa, arrumei meu cabelo encaracolado, peguei a mochila e saí correndo para a escola. Eu demoro mais ou menos vinte minutos pra chegar na escola mas hoje consegui chegar em dez por causa que eu corri muito rápido. Cheguei bem na hora que tinha batido, entrei na sala e me sentei atrás da Sabrina e do lado do Henry, perguntei de que animal Henry tirou a foto, então ele me mostrou uma linda foto de uma coruja rara.
         A nossa aula de ciências seria no segundo período. Enquanto isso nós tinha aula de português com o professor Guilherme, ele tinha cara de personagem de novela mexicana. As aulas do Guilherme eram bem legais pois ele era super engraçado contando piadas mas apesar das piadas que ele nos contava, ele nos ensinava muito bem o conteúdo e suas provas eram difíceis um pouco mas não eram nenhum bicho de sete cabeças. Depois da aula bem produtiva do professor Guilherme, tivemos a aula que eu estava tanto esperando que era a de ciências para eu entregar a foto da borboleta que eu e Sabrina havíamos tirado. Nossa foto ganhou nota 100 e a do Henry 90 pois a foto dele estava um pouco borrada mas estava boa. A professora nos deu outro trabalho que era pesquisar sobre o animal que a gente tinha tirado  a foto. 
         Então a merendeira nos chamou para comermos, me sentei com Sabrina e sua amiga que tinha voltado de Nova York, a outra ainda estava doente. Perguntei para a amiga de Sabrina que se chama Nathalia se seu pai estava bem e ela me respondeu:
        - Sim, graças a Sabrina que fez uma poção de cura que funcionou.
         Depois que ela disse isso, olhei para Sabrina e falei:
        - Você contou para ela sobre tudo?
         Então Sabrina respondeu:
        - Ela é que nem a gente, uma feiticeira angelical.
        Então  eu lhe disse:
        - Há, tá! Você contou sobre nós estarmos namorando?
         Sabrina fez um sinal positivo com a cabeça enquanto mastigava uma maçã. Nathalia de brinquedo nos pergunta:
        - Eae, quando vai ser o casamento?
         Eu e Sabrina damos uma risadinha e falamos que nós não sabia, mas que pretendemos nos casar um dia. Perguntei a Sabrina se exite casamento bruxo ou algo assim, ela me respondeu:
        - Mais ou menos, a gente pode assinar um livro pra mostrar que estamos compromissados ou algo assim.
         Depois da merenda voltamos para aula de ciência, quando chegou seu fim chegou o recreio e depois do recreio tivemos aula de educação física, eu e Henry notemos que uma garota que havia entrado na escola um mês e meio atrás se movia muito rápido, ela só faltava correr em quatro patas para deixar na cara que era uma lobisomem. Seu nome era Jéssica Freitas, falei para Henry se aproxima dela pra ver se ele descobria algo. Ele se aproximou dela e disse:
        - Oi tudo bem? Você gostaria de comer um lanche um dia comigo?
        Eu falei para Henry se aproximar dela, não para marcar um encontro com ela. Eu não acreditei quando ela disse que gostaria de comer um lanche com o Henry. Então Henry falou para ela:
        - Pode ser hoje de tarde as duas horas na lanchonete do Jimmy?
         Jéssica fez sim com a cabeça, então deixei os dois as sós e fui falar com a Sabrina e sua amiga, contei toda a história para as duas do lobisomem e convidei Sabrina para nós irmos no mesmo lugar que Henry só para investigar melhor ela. Sabrina aceitou com uma condição, a condição era que eu comprasse  lanches para a gente, por sorte eu tinha 35 reais guardados em casa para nós comprarmos os lanches. 
         Depois da aula de física tivemos aula de geografia, falamos sobre mapas, relembremos alguns conceitos, depois disso fomos para casa eu e Henry, Sabrina foi com sua amiga que mora na frente de sua casa. 
         Depois que cheguei em casa comi o delicioso estrogonofe que minha tia tinha feito e fui para meu quarto, quando cheguei no meu quarto joguei a ração pássaro que havia comprado em cima da cama e falei:
        - Toma aí sua ração Estorcas, hoje eu e Sabrina sairemos para uma lanchonete para investigar a Jéssica que estará com o Henry.
         Então Estorcas me perguntou porque eu investigaria a Jéssica, então eu lhe expliquei a história do lobisomem. Já eram 13:20, então fui me arrumar para o "encontro", coloquei minha melhor calça e um camiseta preta, por cima da camiseta coloquei um sobretudo preto pois estava fazendo muito frio naquela tarde. Depois de ter me arrumado coloquei a ração num pote para Estorcas e lhe deixei um pote com água também.
         Quando cheguei na lanchonete do Jimmy, Henry já estava com Jéssica conversando, mas Sabrina não havia chegado ainda, escolhi uma mesa longe deles e me sentei para esperar Sabrina. Alguns minutos depois, chegou Sabrina com seu cabelo loiro solto, e com um lindo casaco cumprido e vermelho. Ela sentou na mesa que eu estava e me disse:
        - Ta parecendo um detetive com esse sobretudo mas um detive muito gato.
         Eu sorri e disse:
        - Você esta linda com esse casaco vermelho, acho que vermelho combina com você.
         O garçom chegou na gente então pedi dois xis salada de 12 reais e um refrigerante de dois litros de 5 reais. Enquanto preparam os xis, eu e Sabrina conversamos sobre os livros de magia que ela iria conseguir para mim. Enquanto conversamos deu pra ver Henry sorrindo e conversando com Jéssica sobre a escola, edução física, professores favoritos e dentre outras coisas. Depois que eles comeram, saíram andando pela praça conversando enquanto eu e Sabrina estava terminando de comer o lanche e tomar o refri. Sabrina acabou não comendo todo o lanche e nem eu também pois tinha comido bastante no almoço então a gente deu para um mendigo junto com um pouco de refri que tinha sobrado.
         Eu e Sabrina estávamos seguindo Henry e Jéssica, depois deles andarem um pouco, eles sentaram num banco e se beijaram, olhei para a Sabrina e disse:
        - Já no primeiro encontro hahaha
         Nos dois demos risada e ela falou:
        - Era o que eu queria fazer com você a primeira vez que a gente começou a conversar.
         Olhei para ela e a beijei e falei:
        - Bora sentar num banco também.
         Ela falou bora, então sentamos num banco, peguei um ferro que estava no chão e escrevi no banco: S+R. Depois disso olhei para trás de nós, e vi uma barraquinha que vendia coisas de pelúcia, então falei para Sabrina:
        - Espere aí, já volto
         Cheguei na barraca e comprei um ursinho com os 6 reais que havia me sobrado. O ursinho assegurava um coração que dizia te amo, levei o ursinho pra ela e falei:
        - Toma uma lembrancinha desse dia que era pra ser uma investigação mas virou um encontro incrível, eu te amo Sabrina Spellman.
         Ela me olhou sorrindo e falou:
        - Eu também te amo Ryan Lewis
         Então a beijei, quando fomos olhar para o Henry, vimos que ele já tinha ido embora com Jéssica. Então eu levei Sabrina para casa dela, dei um beijo de despedida e fui para minha casa. Quando fui para casa, Henry estava na frente da minha casa com mordidas no pescoço. Olhei pra ele e falei:
        - O que aconteceu, foi a Jéssica?
         Ele me respondeu:
        - Não foi ela, foi um homem que saiu da floresta Negra mas eu não estava nela estava só cruzando enquanto voltava para casa, esse homem esta encapuzado e seus olhos eram vermelhos.
         Olhei para ele com uma expressão séria e falei:
        - Já não bastava lobisomens, agora vampiros e provavelmente você vai virar um vampiro se não acharmos uma cura ou algo assim.
         Henry me perguntou como iriamos achar uma cura, então lhe respondi:
        - Henry eu sou um feiticeiro híbrido, posso ter acesso as magias do mal e as do bem.
         Henry não tinha entendido nenhuma palavra do que eu tinha dito, então acabei contando e explicando tudo para ele e ele entendeu.
         Falei para Henry:
        - Vai para casa, amanhã a gente fala com a Sabrina e ela poderá ajudar a gente.
         Então Henry foi para casa e eu para minha, quando cheguei na minha casa, minha tia perguntou:
        - Como foi o encontro?
         Então eu olhei com uma cara de dúvida e disse:
        - Como sabe que foi um encontro?
         Tia Ilda me olhou rindo e falou:
        - Eu não nasci ontem, você estava muito arrumado, perfumado e você esta com uma marca de batom na boca.
         Então eu ri e lhe perguntei:
        - Que horas são tia?
        -São 18:20 - respondeu tinha Ilda
       
         Então depois dela falar o horário, olhei para ela e perguntei:
        - E o tio Ben, onde ele está?
        - No mercado, fazendo umas compras - disse Tia Ilda
         Olhei para ela com cara de preocupado e falei:
        - Ele foi direto do emprego de carro?
         Tia Ilda disse que sim, eu estava muito preocupado depois de tudo isso que descobri sobre vampiros, lobisomens, feiticeiros e etc. 
         Subi para meu quarto, coloquei mais ração para o Estorcas e lhe disse:
        - Tio Ben não voltou ainda, você não acha isso estranho Estorcas?
        - Acho isso um pouco estranho, que tal você fazer um feitiço de localização para ver se esta tudo bem. - disse Estorcas um pouco preocupado.
        Então perguntei se ele sabia esse feitiço, ele me disse que é o básico que um familiar deve saber para ajudar seus mestres. Então Estorcas disse:
        - Para fazer este feitiço é preciso daquele mapa da cidade que esta guardado em cima de seu roupeiro, precisaremos de um cabelo do tio Ben e uma faca.
         
        Reuni todos os itens, coloquei o mapa em cima da minha cama, o cabelo branco do tio Ben que peguei do travesseiro dele deixei em cima do mapa junto com a faca. Então perguntei para o Estorcas o que preciso fazer agora e ele respondeu:
        - Agora você corta sua mão , passa o cabelo no sangue e faça cair um pingo no mapa e esse pingo irá mostra onde esta o Tio Ben, mas não esqueça de recitar as palavras encontrare pasato sumito Ben Lewis depois que derramar a gota de sangue no mapa.
         Então peguei a faca fiz um corte na minha mão e passei o cabelo de tio Ben no sangue, logo em seguida fiz cair um pingo de sangue no cabelo e recitei as palavras encontrare pasato sumito Ben Lewis. A gota de sangue andou até a floresta Negra no mapa, olhei para Estorcas e falei;
        - Não é possível, o que ele estaria fazendo aí essa hora? Tia Ilda disse que ele estava no mercado fazendo compras.
         Já eram 18: 45 e ele não havia chegado ainda, peguei meu casaco escuro e saí correndo junto ao Estorcas que me acompanhava voando pelos céus mas antes é claro que avisei tia Ilda que tinha ido na casa do Henry para ela não ficar preocupada. No caminho para floresta Negra eu vi que Henry estava na casa de Jéssica mas mesmo assim não parei de ir até a floresta. 
         Quando cheguei já era tarde, tio Ben estava morto e pendurado numa árvore, nessa árvore estava escrito: fique longe das escolas de magia ou mais gente irá morrer. Comecei a chorar de joelhos no chão enquanto Estorcas falava que sentia muito.
        Voltei para casa, quando cheguei nela eram 19:20. Abracei tia Ilda e comecei a chorar de novo, disse a ela:
        - Eu sinto muito, não deveria me envolver com magia. Se eu ir para alguma escola de magia eles iram matar mais gente que eu amo tia.
         Tia notou que era o tio Ben que havia morrido ou melhor falando, seu marido que ela amava e estava a casada a mais de 20 anos. Ela me olhou e falou:
        - Meu filho, você vai para escola de magia e vai apreender o feitiço mais forte para matar esse desgraçado.
         - Mas e você tia? E se ele fazer mal a você?
         - Eu não quero saber, prometa pra mim que vai matar ele Ryan, por favor prometa pra mim.
        - Eu prometo tia - respondi eu com uma expressão que eu não sei explicar, fazendo a maior promessa que já fiz na minha vida.
         Então fomos jantar, para não deixar tia Ilda sozinha, eu peguei meu colchão e coloquei do lado de sua cama.
  • Diário de um Feiticeiro: Parte 01

         Oi, meu  nome é Ryan Lewis e tenho 15 anos. Hoje é o dia 26 de outubro de 1985, falta apenas 5 dia para meu aniversário. Hoje 26 de outubro acordei com o pé esquerdo, escovei os dentes e lavei a cara com a força do ódio e fui pra escola.
         Quando cheguei na escola veio meu amigo Henry para nós falar sobre a nossa série favorita de terror. A gente passou  os quatros períodos da aula conversando sobre teorias malucas do que aconteceria com a alma da personagem Lilian. Enquanto nós passamos os quatros períodos da aula conversando eu fiquei olhando para Sabrina Spellman que é uma garota bonita, inteligente e misteriosa. Não vou negar que sinto um sentimento por ela mas ela nem sabe q eu existo hahaha. Eu dou risada mas na verdade é um tanto triste. E essa foi a minha manhã.
         Depois dessa manhã chata mas legal ao mesmo tempo no colégio Dorcas, fui para minha casa e almoçei com minha tia Ilda e meu tio Ben. Você deve estar se perguntando dos meus pais, vou deixar bem claro que eles não estão mortos, eles somente desapareceram quando eu nasci. Deixa eu explicar melhor isso, quando eu nasci eles me entregaram para os meus tios e foram embora e disseram q voltariam um dia. Faz 15 anos e eles não voltaram, mas eu me acostumei com minha tia Ilda e meu tio Ben. 
         Depois do almoço, fui as duas horas da tarde para a floresta Salvatore para fazer o que eu mais gosto que é observar a natureza e tirar fotos mas algo estranho aconteceu lá. Eu vi a Sabrina realizando algo que parecia um ritual, me aproximei perto dela sem ela ver, fiquei olhando tudo aquilo acontecer. Aquele ritual era para trazer de volta o seu gato morto que tinha sido atropelado, foi naquele momento que descobri que bruxas existiam e que andavam entre nós.
         Mas eu não fiquei assustado pois eu senti que era igual a ela, era como se algo fluísse dentro de mim, então sem medo me aproximei dela e ela tentou fugir com o gato já vivo correndo atrás dela, então eu gritei :
          - Espera, eu acho que eu sou que nem você, sinto algo fluindo em mim.
         Então ela parou e se virou para trás e o gato também, então ela me perguntou a minha idade e eu respondi 15 anos. Ela me perguntou quantos dias ou meses faltava para o meu aniversário, então respondi 5 dias. Ela me perguntou se estava tendo sonhos com algo relacionado a magia, ela parecia saber de tudo, ela até descreveu um sonho bem direitinho, era um sonho onde eu pegava um livro e realizava um ritual de invocação. Ela me explicou que eu me tornaria um bruxo ou melhor dizendo um feiticeiro. Fiquei um pouco espantado mas nem tanto pois sabia que eu não era normal que nem outros, as vezes sentia uma energia percorrendo meu corpo. Parece q eu realmente iria descobrir meus poderes no dia 31 de outubro que é o dia do meu aniversário de 16 anos segundo Sabrina. Ela explicou q descobriu seus poderes dia 28 de julho que foi seu aniversário de 16 anos mas Sabrina ao contrário de mim já sabia disso e foi orientada desde pequena.
         Sabrina se aproximou perto de mim e disse que não era para eu ter medo pois ela me ajudaria a cada passo que eu desse, isso me fez me sentir melhor, ela falou que eu adquiria conhecimento em uma escola para feiticeiros e feiticeiras indo todos os sábados. Ela me explicou que a escola ficava debaixo da ponte sul da nossa cidade. Eu fiquei falando pra ela: 
         -Como assim? Debaixo da ponte? 
         Mas aí ela me explicou melhor e disse que debaixo da ponte havia um pentagrama que se você for um feiticeiro de verdade e recitar as palavras cremonali doudali soulanali a parede quebraria e abriria um portal para a escola. Eu fiquei feliz pois sábado é o dia que irei virar feiticeiro e já poderei ir na escola de magia no mesmo dia.
         Então depois dessa tarde maluca descobrindo coisas incríveis, eu fui para casa e meu amigo Henry esta me esperando na frente da minha casa, ele parecia querer contar algo. Então me aproximei dele e ele me contou que na outra floresta da cidade que é uma floresta mais obscura da que eu estava, tinha uma criatura peluda, com dentes enormes e garras muito afiadas coberto de sangue de um cervo que essa criatura matou.
         Então eu disse:
       -  O que você estava fazendo lá, e que horas você viu isso?
         Ele me disse que viu as 22:45 de hoje, a esse horário eu ainda estava com a Sabrina na outra floresta que é muito linda, diferente dessa que Henry estava. Mas ele não me disse o que estava fazendo lá, então eu falei:
        - Mas você não me disse o que estava fazendo lá.
         Henry disse que estava atrás de uma nova espécie de passarinho mas não fazia sentido ele estar naquele horário, então perguntei:
        - Mas por que você estava nessa?
         Henry falou que o pássaro possuía hábitos noturnos, mas estava tão difícil de acreditar nele, parecia que estava me escondendo alguma coisa. Mas então por que ele me contaria dessa criatura? Minha mente estava tão confusa com tudo isso.
         Então falei para ele:
       - Henry você esta mentindo, você pode confiar em mim e contar a verdade.
         Então Henry me olhou e contou tudo dizendo:
        - Meu vô contava que uma criatura morava naquela floresta a muito tempo e ele já tentou caçar essa criatura mas não obteve sucesso. Então eu resolvi ver se era verdade as história dele e era.
         Depois de ouvir Henry falar isso, eu fiquei meio que assustado, eu estava pensando em contar para Henry sobre mim já que ele contou a verdade para mim, mas eu não queria colocar ele em perigo, talvez isso da criatura já fosse coisa demais para ele. Então falei para ele:
         - Henry eu acho que essa criatura não é nada mais ou nada menos que um lobisomem, que tal a gente continuar a comentar amanhã pois agora já são 23:00 horas da noite e sinto que nós dois levaremos broncas hahaha.
         Henry concordou comigo, ele me deu tchau e foi para casa e eu entrei na minha casa, quando entrei já estava minha tia Ilda e meu tio Ben sentado em um cadeira e eles estavam furiosos por eu ter chegado as 23:00 da noite, o horário máximo que eu poderia chegar em casa era as 20:00.
         Eu expliquei que estava com uma colega minha na floresta, só que isso não pegou muito bem. Eles acharam que eu estava transando ou algo assim, mas aí eu meio que falei a "verdade", falei que Sabrina estava me ensinando algumas coisas. Você pode achar que não mas eles acreditaram pois eles tinham grande confiança em  mim.
         Então depois da conversa com eles, eu tomei um suco de laranja muito gostoso com duas torradas de presunto e queijo, depois disso fui escovar meus dentes com a pasta de dente que eu amo e fui dormir. Posso ter começado o dia meio mal humorado mas acabei ele com tanta felicidade. 
         Depois de dormir acordei animado, querendo ir para escola e tentar me aproximar mais de Sabrina. Cheguei na escola encontrei Henry e fomos para sala de aula antes do sinal bater e já colocamos a data no nossos caderno que é dia 27/10 (terça-feira). Depois que colocamos a data resolvermos comentar mais sobre o lobisomem, ele me disse:
        - Era enorme, antes que você me pergunte se ele me viu já digo que não pois eu estava muito bem escondido, estava escondido atrás de duas árvores gigantes e elas tinham um cheiro muito forte, então seria difícil dele me farejar.
         Então eu lhe perguntei:
        - Essa de você estar escondido atrás de árvores com cheiro forte foi planejado?
         Henry riu, mexeu a cabeça fazendo sinal de negativo e respondeu:
        - Com certeza não, eu dei sorte de esta no lugar certo na hora certa.
         Então bateu o sinal para aula começar e Sabrina entrou na sala e fez um  gesto me dando oi, então eu fiz o mesmo com um sorriso. Depois que bate para o segundo período nós temos a merenda, notei q as duas amigas de Sabrina tinham faltado a aula, uma estava doente e a outra viajando para Nova York pois seu pai morava lá e ele estava muito doente, o coitado estava com câncer. Então já que Sabrina estava sozinha na merenda falei pra Henry que ia sentar com ela e pedi para ele deixar nós sós, Henry não gostou muito mas ele aceitou numa boa. Quando sentei com ela falei:
        - Eae Sabrina tudo bom? Posso sentar?
         Ela respondeu:
        - Estou bem, você já esta sentado, desculpa não quis ser grossa, me conte, esta animado? Esta bem com tudo isso?
         Então com um sorriso eu falei:
        - Não foi grossa não, só um pouquinho hahaha, sim estou super animado com tudo isso e por incrível que pareça estou bem com toda essa novidade, vai ser uma aventura para mim e será melhor ainda se você estiver nela.
         Sabrina ficou um pouco vermelha, me deu um sorriso e disse: 
        - Será um prazer estar nela.
         Então o nosso tempo na cantina acabou e voltamos para a sala, quando voltei lembrei que a gente nem comeu nada e meu estômago começou a roncar. Henry notou que eu estava com fome então me deu um pão com doce que havia pegado na merenda. Quando fui comer escondido (pois é proibido comer na sala de aula) lembrei que Sabrina não comeu nada, então parti o pão e dei o maior pedaço para ela sem a chatinha da professora Laiane ver. Sabrina me agradeceu e depois que acabou o segundo período fomos para o recreio, Henry foi conosco mas todo o recreio eu e Sabrina não falamos uma palavra sobre o assunto de feiticeiro, ficamos apenas falando sobre os professores, séries, filmes etc. Foi bom saber que a Sabrina também gostava de filme de terror. 
         Depois do recreio tivemos aula de história que me deu até sono mas depois veio a aula de ciências. E na aula de ciência foi dado um trabalho onde teríamos que tirar fotos de animais em umas das floresta da cidade, poderíamos escolher a floresta Salvatore ou a floresta Negra que era onde Henry teria avistado o lobisomem. O trabalho foi divido em duplas que foram sorteadas. A professora Nancy sorteou o papel com meu nome e falou:
        - Ryan ficará com...
         Aí ela sorteou outro papel com outro nome de uma pessoa e disse:
        - Sabrina 
         Aí olhei para Sabrina e sorri para ela e ela retribuiu com outro sorriso. Ela me deu um bilhete no final da aula que dizia:
        - Ryan me encontre as 14:00 horas na floresta Salvatore para nós realizar o trabalho, e para conseguirmos um familiar pra você, quando chegar eu lhe explico o que é familiar.
         Peguei o bilhete e coloquei no bolso e fui para casa conversando com Henry, ele me disse que havia ficado sem dupla, então eu lhe disse:
        - Henry nem pense em entrar na floresta Negra pra tirar foto daquela criatura, acredito que o mundo não esta pronto pra descobrir que lobisomens existem.
         Henry me olhou, concordou com um gesto positivo com a cabeça. Então Henry entrou ma casa dele que é do lado da minha e eu entrei na minha. Comi a galinha deliciosa que minha tinha Ilda tinha preparado de almoço, junto com um arroz branco e o meu suco favorito que é o de laranja. Depois de ter comido fui dormir um pouco até as 13:30 para depois ir na Sabrina, quando dormi eu tive um sonho, onde eu falava com um corvo e ele me respondia, o nome dele era Estorcas
         Então me acordei as 13:30 e fui para a floresta Salvatore encontrar a Sabrina, eu cheguei bem no horário combinado, nenhum minuto antes e nem depois mas ela não tinha chegado ainda, então resolvi sentar no banco para esperar ela. Não demorou 5 minutos pra ela chegar, quando chegou entramos pra dentro da floresta, eu estava com a câmera e ela com uma mochila que eu não sabia o que havia dentro.
         Olhei pra ela e disse:
        - Então, você tinha ficado de me explicar o que era um familiar. Então me diga o que é.
         Sabrina me olhou e falou:
        - Familiar é um animal que conversa com você e só você entende ele, ele entende as outras pessoas mas as outras pessoas não o entendem. Então você pode escolher que tipo de animal você quer e pode dar um nome pra ele.
         Eu na hora falei que queria um corvo e que seu nome seria Estorcas, Sabrina me olhou e disse:
        - Um corvo, sério? O meu familiar é aquele gato que você viu eu ressuscitando usando necromancia, antes que me pergunte o que é necromancia, já digo que é uma magia que lida com mortos e é bem complicada.
         Então eu olhei pra ela e falei:
        - Eu quero um corvo pois eu tive um sonho que eu estava falando com um corvo chamado Estorcas.
         Ela me olhou e disse:
        - Ei, você foi escolhido por ele, ele veio a você através do sonho. Eu acho que tenho tudo em minha mochila para evocalo.
         Então ela tirou um giz branco da mochila e fez um pentagrama no chão com a letra "E" no meio da estrela, no pentagrama tinha outros desenhos que simbolizavam evocação e outros meio referente a familiares. Ela me deu um livro de capa dura com um pentagrama na capa e embaixo dizia: "Livro Básico de Evocações."
         Ela me falou para abrir na página 27, onde falava de evocação de familiares, aí eu li as palavras:
        - Evocate familiare prontact pra me serviare.
         Depois que eu falei essas palavras, começou a sair uma fumaça preta do livro que foi para o pentagrama e no meio daquela fumaça saiu um corvo e ele me disse:
        - Eu não sou seu escravo mas o ajudarei em sua jornada e não ache que serei presso a você, eu serei livre pra voar para onde eu quiser. Eu serei seu amigo, seu conselheiro e até parceiro para inúmeras coisas mas jamais seu escravo.
         Eu falei pra ele:
        - Sim, serás meu amigo mas não escravo. Poderá voar pra onde quiser a hora que quiser. Será um prazer trabalhar com você.
         Depois disso, Sabrina e eu fomos procurar algum animal legal para tirar uma foto enquanto Estorcas sobrevoava a área para garantir se estava tudo bem. Depois de procurar e procurar um animal para tirar foto, finalmente achamos uma borboleta azul muito bonita. Então quando nos aproximamos o bastante dela para tirar uma foto ela vôo para longe. Aí eu olhei pra Sabrina e perguntei:
        - Tem como a gente evocar um animal só para a gente tirar uma foto e depois fazer ele ir de volta do lugar que saiu?
         Sabrina respondeu:
        - Sim mas tive uma ideia melhor, antes de eu contar me fale se você sabe desenhar bem.
         Eu respondi que sim aí ela contou que tem um feitiço que a gente faz um desenho meio que criar vida por uns dez segundos aí depois ele some. Então desenhei uma linda borboleta azul, idêntica aquela que a gente tinham visto. Ela pegou o meu caderno e outro livro de feitiços que dizia: Feitiços Básicos Volume 01.
         Ela abriu o livro na página 77 que tinha o feitiço chamado Ilusione desenhare, então ela ela recitou as palavras que dizia:
         - Criare el ilusuine del deserro poro trempo cutiro.
         Depois que ela disse essas palavras estranha o meu desenho da borboleta sumiu da folha e estava na minha frente a borboleta que eu tinha desenhado. Então rapidamente peguei a câmera e tirei uma foto perfeita, depois que tirei a foto eu fui tocar na borboleta mas aí o tempo acabou e ela voltou para a folha de papel do meu caderno.
         
         Sabrina olhou pra mim e me deu uma risadinha, nós dois estávamos parados lá sem mais nada pra fazer, então convidei ela pra dar uma caminhada pela floresta. Enquanto nós caminhava notei que Estorcas estava nos acompanhando pelo ar. Sabrina e eu estávamos conversando sobre feitiços e poções super legais enquanto nós caminhava. Mas aí eu pedi pra ela parar e fechar os olhos porque eu tinha uma surpresa. Ela fechou os olhou e falou:
        - To curiosa!
         Eu me aproximei dela e a beijei, enquanto nós nos beijava, as flores  começaram a voar em nosso redor, foi literalmente mágico o nosso beijo. Quando eu tinha finalizado o beijo ela me falou:
        - Foi uma das melhores surpresas que eu poderia receber.
         Quando eu fui pedir ela em namoro ela me interrompeu e falou:
        - Quer namorar comigo?
         Na hora eu disse sim, abracei ela como se não fosse soltar mais, depois do abraço, eu a beijei de novo e as flores em nosso redor fizeram um formato de coração. Falei pra ela:
        - Já são 16:00 horas, achou que vou pra casa, se tu for também posso lhe acompanhar até um pedaço?
         Ela disse que sim, então fomos conversando até sua casa sobre o quão incrível seria daqui pra frente. Quando chegamos na porta da casa dela eu a beijei e dei tchau. Eu estava super feliz, cheguei em casa cantando, minha tinha Ilda perguntou:
        - Qual o motivo de tanta felicidade Ryan?
         Aí eu lhe disse:
        - Ela me ama tia, a Sabrina me ama, tia eu gosto tanto dela.
         Tia Ilda ficou feliz por mim, o tio Ben estava trabalhando, ele trabalha de manhã das 06:00 horas até 11:00 horas da manhã. Depois que ele almoça ele volta a trabalha das 13:00 até 18:00. De manhã quando eu acordo para escola ele já esta no trabalho, depois quando chego da escola ele já ta quase saindo, a gente fica mais juntos pela noite. Tinha Ilda eu vejo quase sempre pois ela não trabalha. Não via a hora de contar pro tio Ben da Sabrina. Não faltava muito pra ele chegar pois já era 17: 37. 
         Fui para meu quarto para assistir The Horror que é uma série de terror que eu e o Henry assistimos, fiquei impressionado com o que fizeram. Fizeram um pacto com satã para a alma de Lilian voltar para o corpo, depois disso fiquei pensando se com a magia poderia fazer coisas assim. Acabei de assistir a série as 18:30, depois disso fui cumprimentar meu tio que havia chegado a meia hora atrás, depois que cumprimentei ele, eu disse:
        - Tio você nem acredita, tem uma garota da escola chamada Sabrina Spellman, a gente ta namorando.
         Ele me olhou com uma cara muito séria e falou:
        - Você falou Spellman?
         Minha tia que estava com uma xícara de chá, acabou derrubando no chão de espanto, então eu falei:
        - Tia esta tudo bem?
         Minha tia estava muito apavorada, eles sabiam de alguma coisa e estavam me escondendo. Então eu falei:
        - O que vocês sabem sobre o sobrenome Spellman?
         Meu tio me disse com uma voz rígida que a família Spellman são bruxos e perguntou se eu sabia algo sobre magia. Então eu lhe respondi:
        - Sim, eu sei e sou um feiticeiro. 
         Ao mesmo tempo minha tia e meu tio falaram:
        - Meu Deus, como você sabe disso?
         Expliquei que descobri através de Sabrina e eles ficaram furiosos e mandaram eu me afastar dela e até disseram que eu não iria a escola de magia. Eles sabiam de tudo isso e me esconderam a vida inteira, eu fiquei com tanto ódio que subi a escada e me tranquei em meu quarto. Quando estava no meu quarto eu abri a janela e em questão de segundos o Estorcas entrou e viu que eu estava furioso e me disse:
        - O que aconteceu? Por que está furioso?
         Então eu lhe respondi:
        - Estorcas o meu tio e minha tia sabiam de tudo e me esconderam a vida inteira, aposto que eles também sabem de meus pais.
         Estorcas falou pra mim que eu deveria perguntar sobre meus pais e sobre tudo que eu tinha direito de saber. Então baixei a escada quase chorando e fui falar com eles que estavam na sala, quando eu cheguei disse:
        - Eu mereço saber a verdade sobre meus pais.
         Eles me contaram que os meu pais queriam que eu tivesse uma vida normal, pois seria muito perigoso para mim, ou talvez para outras pessoas pois eu sou um feiticeiro híbrido. Então pedi para eles me explicarem melhor essa história de feiticeiro híbrido, então minha tia disse:
        - Vou começar a contar para você como surgiu os feiticeiros, existem dois tipos que são os do "bem" e os do "mal". Os do "bem" surgiram com uma cruza de um anjo com uma humana, em vez de estarmos chamando eles de feiticeiro do "bem", usamos o termo feiticeiros angelicais. Os feiticeiros do "mal" surgiram de uma cruza de um demônio com uma humana e para eles usamos o termo feiticeiros demoníacos. Aí o primeiro feiticeiro angelical criou as poções, os feitiços, livros e etc. O primeiro feiticeiro demoníaco criou rituais, livros mais obscuros, necromancia e etc. 
         Então eu perguntei:
        - O feiticeiro angelical pegou uma mulher que teve filho aí os filhos tiveram outros filhos até chegarem na gente?
         Então meu tio Ben respondeu:
        - Isso mesmo, mas eu e sua tia não somos que nem você, a sua mãe é irmã da sua tia por parte de mãe, já de pai não. Sua mãe Natasha era uma feiticeira demoníaca mas não era do mal, ela se casou com Edward que era um feiticeiro angelical e eles geraram você que é uma nova espécie.
        - Mas por que eles foram embora tio?
         Tio Ben falou que era para o meu bem que eles foram embora, se a sociedade dos feiticeiros angelicais e demoníacos vissem eles juntos, talvez matariam eles pois é proibido a união dos feiticeiros demoníacos com os feiticeiros angelicais. Então eu lhe perguntei:
        - Eles estão vivos? E estão seguros?
         Tio Ben respondeu:
        - Sim, estão seguros pois são muito espertos e eles combinavam seus poderes e faziam coisas incríveis, acredito que eles estão em algum lugar muito longe, onde os feiticeiros não podem alcançar eles. Acredito que um dia talvez eles voltem.
         Perguntei pra eles se eu poderia ir na escola de magia e eles disseram que é muito perigoso mas depois de muita conversa eles deixaram com uma condição. Que era que eu não poderia falar que era um feiticeiro híbrido, só falaria que era um feiticeiro angelical. Concordei com essas condições e falei:
        - Tem uma escola para os feiticeiros demoníacos?
         Tio Ben respondeu:
        - Sim mas esta escola você não vai participar pois ela não é muito recomendável por causa de seus métodos de ensino. 
         Concordei com o que ele disse e perguntei para minha tinha Ilda:
        - Tia você falou que os feiticeiros demoníacos criaram os rituais e a necromancia certo? Os feiticeiros angelicais podem realizar rituais e fazer coisa com a necromancia?
         Tia Ilda respondeu:
        - Sim, eles podem mas tem coisas que só a magia demoníaca faz e coisas que só a angelical faz. 
         Fiquei curioso com o ritual que Sabrina fez e a necromancia que ela usou para trazer seu gato de volta. Então perguntei:
        - Tia, feiticeiros angelicais podem usar a necromancia para trazer um familiar de volta a vida e pode realizar ritual de invocação de familiar?
         Ela me respondeu que isso são coisa "simples" para feiticeiros seja ele angelical ou demoníaco. Que são meio que nível básico mas já trazer pessoas a vida é bem mais complicado e evocar demônios também já é mais difícil também. A evocação de demônios são mais os feiticeiros demoníaco que conseguem fazer, foi o que disse tia Ilda.
         Chamei Estorcas para eu apresentar ele a minha tia e meu tio. Quando tia Ilda viu ele ficou feliz por ser um corvo pois a de sua irmã que é minha mãe também tinha um corvo de familiar. Finalmente depois de toda a conversa e a apresentação de Estorcas fomos jantar, comemos de janta o que tinha sobrado no almoço pois já eram 21:27 horas. Depois que comi fui escovar os dentes e peguei no sótão uma gaiola para o Estorcas mas ele não quis por causa que ele se sente preso. Aí eu falei pra ele:
        - É só para você dormir, nem vou fechar ela.
         Estorcas então aceitou a gaiola só para dormir, ele falou para mim que amanhã teria que comprar alguma ração de pássaro pois ele precisava comer. Então eu lhe disse:
         - Ok, mas agora boa noite pois tenho que dormir.
         E esse foi meu dia super maluco, cheio de descobertas e segredos revelados. Quando estava dormindo tive um sonho, nesse sonho eu tinha 7 anos e estava no balanço e tinha um homem me balançando e lembro dele dizer:
        - Ryan um dia voltaremos, desculpa por tudo.
         
         Aquele homem aparentava ser meu pai e esse sonho não parecia um sonho, estava mais para uma lembrança perdida. Quando acordei fiquei pensando nesse sonho enquanto escovava meus dentes. Fui olhar que horas eram, eram 7:34, faltava 16 minutos para bater o sinal da escola. Então em seis minutos coloquei minha roupa, arrumei meu cabelo encaracolado, peguei a mochila e saí correndo para a escola. Eu demoro mais ou menos vinte minutos pra chegar na escola mas hoje consegui chegar em dez por causa que eu corri muito rápido. Cheguei bem na hora que tinha batido, entrei na sala e me sentei atrás da Sabrina e do lado do Henry, perguntei de que animal Henry tirou a foto, então ele me mostrou uma linda foto de uma coruja rara.
         A nossa aula de ciências seria no segundo período. Enquanto isso nós tinha aula de português com o professor Guilherme, ele tinha cara de personagem de novela mexicana. As aulas do Guilherme eram bem legais pois ele era super engraçado contando piadas mas apesar das piadas que ele nos contava, ele nos ensinava muito bem o conteúdo e suas provas eram difíceis um pouco mas não eram nenhum bicho de sete cabeças. Depois da aula bem produtiva do professor Guilherme, tivemos a aula que eu estava tanto esperando que era a de ciências para eu entregar a foto da borboleta que eu e Sabrina havíamos tirado. Nossa foto ganhou nota 100 e a do Henry 90 pois a foto dele estava um pouco borrada mas estava boa. A professora nos deu outro trabalho que era pesquisar sobre o animal que a gente tinha tirado  a foto. 
         Então a merendeira nos chamou para comermos, me sentei com Sabrina e sua amiga que tinha voltado de Nova York, a outra ainda estava doente. Perguntei para a amiga de Sabrina que se chama Nathalia se seu pai estava bem e ela me respondeu:
        - Sim, graças a Sabrina que fez uma poção de cura que funcionou.
         Depois que ela disse isso, olhei para Sabrina e falei:
        - Você contou para ela sobre tudo?
         Então Sabrina respondeu:
        - Ela é que nem a gente, uma feiticeira angelical.
        Então  eu lhe disse:
        - Há, tá! Você contou sobre nós estarmos namorando?
         Sabrina fez um sinal positivo com a cabeça enquanto mastigava uma maçã. Nathalia de brinquedo nos pergunta:
        - Eae, quando vai ser o casamento?
         Eu e Sabrina damos uma risadinha e falamos que nós não sabia, mas que pretendemos nos casar um dia. Perguntei a Sabrina se exite casamento bruxo ou algo assim, ela me respondeu:
        - Mais ou menos, a gente pode assinar um livro pra mostrar que estamos compromissados ou algo assim.
         Depois da merenda voltamos para aula de ciência, quando chegou seu fim chegou o recreio e depois do recreio tivemos aula de educação física, eu e Henry notemos que uma garota que havia entrado na escola um mês e meio atrás se movia muito rápido, ela só faltava correr em quatro patas para deixar na cara que era uma lobisomem. Seu nome era Jéssica Freitas, falei para Henry se aproxima dela pra ver se ele descobria algo. Ele se aproximou dela e disse:
        - Oi tudo bem? Você gostaria de comer um lanche um dia comigo?
        Eu falei para Henry se aproximar dela, não para marcar um encontro com ela. Eu não acreditei quando ela disse que gostaria de comer um lanche com o Henry. Então Henry falou para ela:
        - Pode ser hoje de tarde as duas horas na lanchonete do Jimmy?
         Jéssica fez sim com a cabeça, então deixei os dois as sós e fui falar com a Sabrina e sua amiga, contei toda a história para as duas do lobisomem e convidei Sabrina para nós irmos no mesmo lugar que Henry só para investigar melhor ela. Sabrina aceitou com uma condição, a condição era que eu comprasse  lanches para a gente, por sorte eu tinha 35 reais guardados em casa para nós comprarmos os lanches. 
         Depois da aula de física tivemos aula de geografia, falamos sobre mapas, relembremos alguns conceitos, depois disso fomos para casa eu e Henry, Sabrina foi com sua amiga que mora na frente de sua casa. 
         Depois que cheguei em casa comi o delicioso estrogonofe que minha tia tinha feito e fui para meu quarto, quando cheguei no meu quarto joguei a ração pássaro que havia comprado em cima da cama e falei:
        - Toma aí sua ração Estorcas, hoje eu e Sabrina sairemos para uma lanchonete para investigar a Jéssica que estará com o Henry.
         Então Estorcas me perguntou porque eu investigaria a Jéssica, então eu lhe expliquei a história do lobisomem. Já eram 13:20, então fui me arrumar para o "encontro", coloquei minha melhor calça e um camiseta preta, por cima da camiseta coloquei um sobretudo preto pois estava fazendo muito frio naquela tarde. Depois de ter me arrumado coloquei a ração num pote para Estorcas e lhe deixei um pote com água também.
         Quando cheguei na lanchonete do Jimmy, Henry já estava com Jéssica conversando, mas Sabrina não havia chegado ainda, escolhi uma mesa longe deles e me sentei para esperar Sabrina. Alguns minutos depois, chegou Sabrina com seu cabelo loiro solto, e com um lindo casaco cumprido e vermelho. Ela sentou na mesa que eu estava e me disse:
        - Ta parecendo um detetive com esse sobretudo mas um detive muito gato.
         Eu sorri e disse:
        - Você esta linda com esse casaco vermelho, acho que vermelho combina com você.
         O garçom chegou na gente então pedi dois xis salada de 12 reais e um refrigerante de dois litros de 5 reais. Enquanto preparam os xis, eu e Sabrina conversamos sobre os livros de magia que ela iria conseguir para mim. Enquanto conversamos deu pra ver Henry sorrindo e conversando com Jéssica sobre a escola, edução física, professores favoritos e dentre outras coisas. Depois que eles comeram, saíram andando pela praça conversando enquanto eu e Sabrina estava terminando de comer o lanche e tomar o refri. Sabrina acabou não comendo todo o lanche e nem eu também pois tinha comido bastante no almoço então a gente deu para um mendigo junto com um pouco de refri que tinha sobrado.
         Eu e Sabrina estávamos seguindo Henry e Jéssica, depois deles andarem um pouco, eles sentaram num banco e se beijaram, olhei para a Sabrina e disse:
        - Já no primeiro encontro hahaha
         Nos dois demos risada e ela falou:
        - Era o que eu queria fazer com você a primeira vez que a gente começou a conversar.
         Olhei para ela e a beijei e falei:
        - Bora sentar num banco também.
         Ela falou bora, então sentamos num banco, peguei um ferro que estava no chão e escrevi no banco: S+R. Depois disso olhei para trás de nós, e vi uma barraquinha que vendia coisas de pelúcia, então falei para Sabrina:
        - Espere aí, já volto
         Cheguei na barraca e comprei um ursinho com os 6 reais que havia me sobrado. O ursinho assegurava um coração que dizia te amo, levei o ursinho pra ela e falei:
        - Toma uma lembrancinha desse dia que era pra ser uma investigação mas virou um encontro incrível, eu te amo Sabrina Spellman.
         Ela me olhou sorrindo e falou:
        - Eu também te amo Ryan Lewis
         Então a beijei, quando fomos olhar para o Henry, vimos que ele já tinha ido embora com Jéssica. Então eu levei Sabrina para casa dela, dei um beijo de despedida e fui para minha casa. Quando fui para casa, Henry estava na frente da minha casa com mordidas no pescoço. Olhei pra ele e falei:
        - O que aconteceu, foi a Jéssica?
         Ele me respondeu:
        - Não foi ela, foi um homem que saiu da floresta Negra mas eu não estava nela estava só cruzando enquanto voltava para casa, esse homem esta encapuzado e seus olhos eram vermelhos.
         Olhei para ele com uma expressão séria e falei:
        - Já não bastava lobisomens, agora vampiros e provavelmente você vai virar um vampiro se não acharmos uma cura ou algo assim.
         Henry me perguntou como iriamos achar uma cura, então lhe respondi:
        - Henry eu sou um feiticeiro híbrido, posso ter acesso as magias do mal e as do bem.
         Henry não tinha entendido nenhuma palavra do que eu tinha dito, então acabei contando e explicando tudo para ele e ele entendeu.
         Falei para Henry:
        - Vai para casa, amanhã a gente fala com a Sabrina e ela poderá ajudar a gente.
         Então Henry foi para casa e eu para minha, quando cheguei na minha casa, minha tia perguntou:
        - Como foi o encontro?
         Então eu olhei com uma cara de dúvida e disse:
        - Como sabe que foi um encontro?
         Tia Ilda me olhou rindo e falou:
        - Eu não nasci ontem, você estava muito arrumado, perfumado e você esta com uma marca de batom na boca.
         Então eu ri e lhe perguntei:
        - Que horas são tia?
        -São 18:20 - respondeu tinha Ilda
       
         Então depois dela falar o horário, olhei para ela e perguntei:
        - E o tio Ben, onde ele está?
        - No mercado, fazendo umas compras - disse Tia Ilda
         Olhei para ela com cara de preocupado e falei:
        - Ele foi direto do emprego de carro?
         Tia Ilda disse que sim, eu estava muito preocupado depois de tudo isso que descobri sobre vampiros, lobisomens, feiticeiros e etc. 
         Subi para meu quarto, coloquei mais ração para o Estorcas e lhe disse:
        - Tio Ben não voltou ainda, você não acha isso estranho Estorcas?
        - Acho isso um pouco estranho, que tal você fazer um feitiço de localização para ver se esta tudo bem. - disse Estorcas um pouco preocupado.
        Então perguntei se ele sabia esse feitiço, ele me disse que é o básico que um familiar deve saber para ajudar seus mestres. Então Estorcas disse:
        - Para fazer este feitiço é preciso daquele mapa da cidade que esta guardado em cima de seu roupeiro, precisaremos de um cabelo do tio Ben e uma faca.
         
        Reuni todos os itens, coloquei o mapa em cima da minha cama, o cabelo branco do tio Ben que peguei do travesseiro dele deixei em cima do mapa junto com a faca. Então perguntei para o Estorcas o que preciso fazer agora e ele respondeu:
        - Agora você corta sua mão , passa o cabelo no sangue e faça cair um pingo no mapa e esse pingo irá mostra onde esta o Tio Ben, mas não esqueça de recitar as palavras encontrare pasato sumito Ben Lewis depois que derramar a gota de sangue no mapa.
         Então peguei a faca fiz um corte na minha mão e passei o cabelo de tio Ben no sangue, logo em seguida fiz cair um pingo de sangue no cabelo e recitei as palavras encontrare pasato sumito Ben Lewis. A gota de sangue andou até a floresta Negra no mapa, olhei para Estorcas e falei;
        - Não é possível, o que ele estaria fazendo aí essa hora? Tia Ilda disse que ele estava no mercado fazendo compras.
         Já eram 18: 45 e ele não havia chegado ainda, peguei meu casaco escuro e saí correndo junto ao Estorcas que me acompanhava voando pelos céus mas antes é claro que avisei tia Ilda que tinha ido na casa do Henry para ela não ficar preocupada. No caminho para floresta Negra eu vi que Henry estava na casa de Jéssica mas mesmo assim não parei de ir até a floresta. 
         Quando cheguei já era tarde, tio Ben estava morto e pendurado numa árvore, nessa árvore estava escrito: fique longe das escolas de magia ou mais gente irá morrer. Comecei a chorar de joelhos no chão enquanto Estorcas falava que sentia muito.
        Voltei para casa, quando cheguei nela eram 19:20. Abracei tia Ilda e comecei a chorar de novo, disse a ela:
        - Eu sinto muito, não deveria me envolver com magia. Se eu ir para alguma escola de magia eles iram matar mais gente que eu amo tia.
         Tia notou que era o tio Ben que havia morrido ou melhor falando, seu marido que ela amava e estava a casada a mais de 20 anos. Ela me olhou e falou:
        - Meu filho, você vai para escola de magia e vai apreender o feitiço mais forte para matar esse desgraçado.
         - Mas e você tia? E se ele fazer mal a você?
         - Eu não quero saber, prometa pra mim que vai matar ele Ryan, por favor prometa pra mim.
        - Eu prometo tia - respondi eu com uma expressão que eu não sei explicar, fazendo a maior promessa que já fiz na minha vida.
         Então fomos jantar, para não deixar tia Ilda sozinha, eu peguei meu colchão e coloquei do lado de sua cama. 
  • Don Valente, O Garoto de Alvorada #5

    O Mistério do Deserto!
    Ellen e Couco estão conversando. Ellen está decidida a convencer Couco a se juntar a eles. Ellen olha para Couco com determinação.
    — Olha, eu sei que você tem suas reservas, mas sua habilidade de mudar de forma pode nos ajudar na nossa jornada.
    — Eu não sei, Ellen. Não quero me meter em mais confusões.
    — Mas pense! Se você se transformar em algo pequeno, pode nos ajudar a passar despercebidos. Você é mais útil do que imagina!
    Couco hesita e então respira fundo.
    — Ok, mas só porque você parece realmente precisar de mim.
    — Ótimo! Mas antes de continuarmos, qual é o seu verdadeiro nome?
    — Na verdade, meu nome é Andrey. Sou um mutante.
    O grupo se reúne para discutir a próxima etapa da jornada.
    — Rapazes, precisamos ir para o Marrocos. O próximo artefato está escondido lá.
    — Então vamos logo! Estou pronto! — diz Andrey.
    Hellen olha para sua bolsa com um olhar preocupado.
    — Meninos... eu esqueci meu estojo de cápsulas na aldeia da Romênia.
    O grupo troca olhares preocupados.
    — Bem, mas temos o veículo voador ainda — disse Don.
    — Na verdade, ele quebrou por excesso de peso — disse Hellen.
    — Sem as peças necessárias? Impossível?
    — E agora? — perguntou Andrey.
    — Vamos alugar um barco até Rabat. Lá, vejo se consigo arrumar as peças.
    Ellen aluga um barco velho, o único disponível em uma pequena vila à beira-mar.
    Ellen olha para o barco.
    — Este vai servir. Vamos atravessar o Mediterrâneo!
    O grupo embarca no barco e começa a viagem. Enquanto navegam, o barco começa a parar.*
    — Ei, por que estamos parando? — perguntou Don, preocupado.
    — Parece que estamos sem gasolina! — respondeu Ellen.
    Todos olham uns para os outros com preocupação.
    — E agora? — perguntou Andrey.
    — Então teremos que atravessar o deserto a pé...
    — O quê? Atravessar o deserto a pé? Você ficou maluca? — interrompeu Andrey.
    — Se você me interromper de novo, eu te jogo do barco amarrado na âncora — disse Ellen, brava. — Bem, continuando. Eu tenho um GPS; vamos até uma cidade próxima e pedimos ajuda, ok?
    O grupo caminha pelo deserto sob um sol escaldante.
    — Estou cansado. Faltam quantos quilômetros ainda? — perguntou Andrey.
    — Estamos próximos! Faltam 15 km — respondeu Ellen.
    — 15 km? Aiiii! — disse Andrey.
    — Ei, Andrey, você não consegue se transformar em um carro? — perguntou Don.
    — Mesmo que eu conseguisse, precisaríamos de combustível.
    — Ânimo, meninos! Só precisamos chegar ao outro lado.
    Enquanto isso, duas pessoas os observam de longe. Ellen, Don e Andrey continuam a caminhada pelo deserto.
    — Ei, Ellen. Como esse GPS funciona no meio do nada? — perguntou Andrey.
    — Eu mesma construí esse GPS. Não tem GPS melhor no mundo.
    As duas pessoas misteriosas aparecem de repente.
    — Bem, bem... O que temos aqui? Um grupo perdido no deserto?
    — Quem é você? — perguntou Don.
    — Bem, eu sou Yassine e esse é meu parceiro Nacho. Queremos tudo o que vocês têm.
    Don se coloca à frente do grupo, pronto para lutar.
    — Primeiro você vai ter que passar por mim e pelo Andrey.
    Don olha para trás e vê Andrey escondido atrás de Ellen.
    — Primeiro você vai ter que passar por mim.
    — Quer lutar? Vamos lá então, garoto!
    Don e Yassine começam a lutar ferozmente no deserto. Don grita enquanto luta.
    — Não vou deixar vocês nos roubarem! — disse Don.
    Yassine usa uma magia poderosa e parece ter vantagem na luta.
    — Você achou que poderia me vencer? Prepare-se para perder! — disse Yasmin, rindo triunfante.
    Don cai no chão, mas lentamente se levanta com esforço. Justo quando Yassine está prestes a atacar novamente, ele entra em pânico subitamente e começa a correr.*
    — Não! Isso não pode estar acontecendo agora! Hora de irmos, Nacho!
    Don recupera o fôlego enquanto observa Yasmin fugir.*
    — Onde ele foi? Não entendi nada! — disse Don.
    — Talvez tenhamos tido sorte... ou algo mais estranho aconteceu — respondeu Andrey, perplexo.
    — Sorte ou não, é melhor continuarmos antes que aqueles dois voltem.
    Nome: Andrey
    Nascimento: 22 de abril 2000
    Onde nasceu: Barcelona, Espanha
    Altura: 1,50
    Cor dos olhos: castanho
    Cor da pele: Azul
    Curiosidades
    Andrey é um mutante com habilidades transmorficas, pode se transformar em qualquer ser vivo que tenha consciência.
  • Ela só queria brincar..de ser feliz..

    Era tarde,o sol estava atravessando a porta de vidro,batia na parede formando um arco iris...ela via e tentava sentir as cores.
    Estava frio,a malha já não esquentava mais..ela estava ficando gelada,mas mesmo assim não conseguia deixar de ver e tentar senti las: vermelho,amarelo,violeta..sentir as cores...mas tudo o q ela estava sentindo era uma saudade enorme da sua infância.Daquele dia em q estava sentada na cadeira do hall de entrada esperando sua amiga para brincar.Via na parede o mesmo arco iris,que tempo depois viria,em outra parede mas sentindo outra emoção: a vontade de voltar.
    Aquele dia estava quente,crianças corriam e gritavam querendo chamar a atenção uma das outras.Ela estava feliz: as férias estavam começando,época de fim do ano,fim de tarde,pessoas alegres;para ela naquele momento,tudo estava perfeito.As cores do fim de outono estavam brilhando naquele arco iris a acalmando,enquanto ela esperava..para brincar de ser feliz.Tirou os sapatos,a meia..atravessou o murinho q separava o asfalto quente do chão de areia,sentiu o calor na sola de seus pés..a cada passo dado.Balançava,seus cabelos voavam com o vento daquela balança q rangia,um rangido gostoso,despreocupado enquanto seus cabelos voavam e ela sentia o cheiro gostoso do aroma q vinha do campo: havia acabado de chover.No céu havia um arco iris..vermelho,amarelo,violeta..as cores se perdiam entre as nuvens de uma tarde que findava: ela gostaria de estar ali,naquele momento para sempre.Tentou fechar os olhos..guardar tudo aquilo q sentia.
    Abriu os olhos..tudo o que ela sentia agora era frio.Olhou o horizonte deu um suspiro e como se despedindo do arco iris da parede pensou:
    Vamos brincar de ser feliz.. para vir se a gente vive mais um pouco
  • Enredo de Occulta

    Eu estava naquele lugar novamente, em uma sala sem portas e nem janelas, somente um espelho que refletia um pouco de mim, mas muito pouco, andei ate ele como sempre e me olho, olho para os meus pés e uma coisa escura estava subindo neles, tento tirar meus pés de la, mas eles estavam presos,começo a puxar mais forte e a entrar em panico ela não queria soltar, a sombra estava subindo mais, minha cintura já estava totalmente tapada, não via nada abaixo dela, cada vez que eu tentava fazer força para eu sair, mais meu corpo ficava preso e mais ela subia, meus braços já estavam tapados, a sombra para no meu pescoço mais foi só na parte da frente do meu corpo, atras ela continuava,meu cabelo que já era preto foi tapado pela escuridão, quando eu olhava para o espelho só tinha como ver meu rosto, olho para o espelho novamente e em vez do meu reflexo, estava a silhueta de uma mulher, a silhueta literalmente brilhava, ela estende a mão para mim, tento segurá-la dela mas a sombra estava mantendo meus braços presos,a mão dela vai saindo do espelho e quase encostando no lugar onde era para estar meu braço e a sombra sai daquela parte mostrando meu braço novamente, ela me puxou e a sombra foi cada vez saindo do meu corpo, eu estava ficando aliviado por não estar mais com aquela coisa, quando eu atravesso o espelho no outro lado estava aquela silhueta da mulher que brilha, mas do lado dela estava uma silhueta negra de um homem, os dois estendem a mão para mim e eu........







    Querem que eu continue?Comentem se sim ou o que pode melhorar
  • Entrevista com Ingrid Oliveira – autora de Age of Guardian

    1- Age of Guardian, de modo indubitável, é um dos pilares da Revista Action Hiken, como você recebe essa notícia?
    IO- Acredito que isso deva por ser uma das obras mais antigas da Action, já são 3 anos publicando por ela. E, acredito que maior parte seja por conta do meu traço também, as pessoas sempre o elogiam. Mas, ainda quero poder melhorar mais, ainda não cheguei no nível que esteja satisfeito com resultados das minhas páginas.

    2- Como está estruturado esse mundo de AOG?
    IO- O mundo e AOG é algo misto, que mistura elementos mais modernos que vai até mesmo para alguns medievais em alguns aspectos. Também é dividido entre pessoas que possuem habilidades, aquelas que pertence a algum clã que o poder seja derivado de um Guardião ou até mesmo aqueles que adquirem o poder de forma artificial através de uma pedra chamada “ Black Diamond” e as pessoas comuns. Mas assim como o mundo que vivemos, nem sempre aqueles que são diferentes são visto com bons olhos.

    3- Você é uma mulher escrevendo histórias para rapazes, você sofre preconceito por causa disso?
    IO-  Bom, na verdade AoG é para todos Kkk Mas, falando sério, eu nunca tive problemas com isso ou algo perto disso. Pelo menos até hoje.

    4- Nos fale um pouco dos materiais usados nos seus desenhos?
    IO- Eu costumo esboçar as páginas com grafite vermelho, depois defino melhor com o grafite normal e por fim finalizo com a caneta nanquim. Depois desse processo é só escanear e editar no Photoshop.

    5- Além de AOG, quais outros trabalhos você já publicou?
    IO- AOG foi meu primeiro, eu simplesmente me joguei de cabeça nisso. Mas, pretendo lançar outros em breve.

    6- O que não compensa e o que compensa na vida de um mangaká?
    IO- (Silêncio).

    7- Como a internet te auxilia na produção de mangás?
    IO- Ela me auxilia principalmente quando eu preciso de alguma referência de algo que não estou conseguindo desenhar e também os vídeos que vejo pra me ajudar a agregar mais coisas a obra.

    8- Como você equilibra sua vida pessoal e a profissional?
    IO- A verdade é que não consigo fazer isso ainda kkk Às vezes eu viro a noite desenhando por não conseguir desenhar ou editar durante o  dia. Eu preciso aprender organizar melhor meus horários, isso é um fato. 

    9 – Como você enxerga o mercado nacional de mangás daqui a 10 anos?
    IO- Se continuar seguindo nesse ritmo, acredito que possa está bem melhor e mais aceitável pelo público. A qualidade dos mangás estão cada vez melhores e os autores têm essa preocupação de sempre trazer um trabalho bem feito e caprichado. E, hoje em dia, a qualidade de alguns impressos não fica para trás das grandes obras japonesas e isso só tende a crescer.

    10 – Quais os seus projetos para o futuro?
    IO – Atualmente, estou focando no encadernado do 1 volume de AOG e também traduzir os capítulos para o inglês, para que possa alcançar um novo público.
  • Estes Lábios Estão Selados

    Em uma antiga e distante floresta, uma jovem mulher corre sob o silencioso olhar da lua. O som da desesperada corrida ecoa no silêncio noturno. O vento sopra suave, uma brisa de inverno, e sufoca a assustada fugitiva, mantendo a respiração descompassada presa na garganta. Distraída com sua fuga, ela não vê as raízes de uma velha árvore quebrando o solo e se entrelaçando sobre a grama. O impacto é intenso e a jovem caí, as mãos afundando na terra e a perna sendo cortada pelo toque áspero da madeira. Corvos crocitam e parecem rir, o barulho aumentando o medo que tortura o coração.
    A jovem se levanta e, mesmo sangrando e com dor, volta a correr até que o som dos corvos – o deboche da malvada bruxa – deixe de ser ouvido. A insistente fuga a conduz até uma ampla clareira, iluminada pelo brilho da lua. A dama da noite tem sua imagem refletida no lago cristalino, acompanhada pela luz de sua corte de estrelas. A jovem para de correr por um momento, caminhando até a margem do lago e se deixando cair sobre a fina linha de areia. Ela toca a água fria com a mão e os pés, se deixando acalmar pelo ondular causado pelo soprar do vento.
    Entretanto, sob o sussurrar da brisa, ela consegue perceber a aproximação de alguém. Mais uma vez alerta, a jovem se levanta e olha ao redor, tentando localizar a origem do som. Entre altas e frondosas árvores, ela vê um brilho dourado, que tem sua intensidade aumentada a cada segundo que passa. Logo, o contorno de um largo corpo pode ser distinguido, assim como o fraco balançar de negros pelos. Após um momento que parece se estender por toda noite, a jovem fugitiva se encontra frente a frente com um grande e imponente lobo.
    O animal para próximo a margem do lago, os olhos de ouro observando com o que se assemelha a uma profunda curiosidade. O olhar dourado parece analisar cada detalhe que compõe a imagem da jovem fugitiva. Desde o longo e ondulado cabelo negro, a pele pálida como a lua acima deles, os olhos como ébano e os lábios como sangue, passando pelo tronco coberto por vestes escuras e protegido por uma capa vermelha com o capuz abaixado até as pernas, que exibem a palidez da pele misturada com o escarlate do sangue nos lugares onde o tecido calça foi rasgado.
    Para a jovem, o lobo não representa perigo, ela não se sente ameaçada por ele. Apenas um pouco curiosa, talvez. Levemente hesitante, ela dá um passo na direção do lobo. Ele abaixa a cabeça, as garras arranhando o chão. A jovem fugitiva para, deixa alguns segundos passarem e então tenta outro passo. E mais um. O lobo levanta a cabeça, relaxando as patas, permitindo que ela se aproxime. Ela sorri, um fraco sorriso, e só volta a parar quando não há mais passos a serem dados. Um baixo rosnado deixa a boca do lobo, como se ele reconhecesse que ela está ali.
    A jovem cai de joelhos, cansada e fraca demais para conseguir se manter de pé por muito tempo. O lobo se abaixa, apoiando o corpo nas patas dobradas, e toca o rosto dela com o focinho, quase como se estivesse perguntando se ela está bem. Em resposta, ela toca o pelo negro que contorna os olhos dourados, sentindo sob seu toque a maciez dos longos fios. Por um momento feito de milhares de segundos, o olhar dourado encontra e se conecta ao de ébano. Diferentes emoções são encontradas nos olhos de ambos, como um baile de luz e sombras.
    Curiosidade é a que dança com mais intensidade, sua dança nascendo de um reconhecimento mútuo e instintivo, como reencontro sem lembranças. O lobo inclina a cabeça na direção das árvores pelas quais chegou, um convite para que a jovem o siga. Ela olha para o lado oposto, em direção a sua própria origem. Não há nada além de dor e tristeza no lugar que ela abandonou, do qual ela fugiu. A jovem volta seu olhar para o lobo, percebendo que ele se levantou e apenas aguarda a decisão dela. Sobre trêmulas pernas, ela se ergue e assente, aceitando o convite.
    Um baixo som reverbera na garganta do lobo, semelhante a um múrmuro de aprovação. Mais uma vez, o lobo abaixa o corpo e, com o focinho, toca o rosto da jovem, a guiando em direção ao seu tronco. Demora alguns breves momentos para ela entender o que ele pede e então ela sobe nas costas do lobo, as mãos fechadas segurando os pelos negros. Quando percebe que a jovem está segura, o lobo volta a se erguer e começa a caminhar. Os passos do animal são calmos e lentos, amassando a grama e marcando a terra com a impressão de suas patas.
    Uma respiração trêmula escapa por entre os lábios da jovem fugitiva e as mãos, ainda segurando os pelos negros, treme levemente. Ela levanta o olhar para o céu e vê a lua, ainda cheia e brilhante, parecendo acompanhá-los a cada passo, iluminando a trilha à frente e revelando a beleza da floresta. Uma profunda e antiga beleza que a jovem não foi capaz de perceber no desespero de sua fuga. Mas agora, mais calma e se sentindo segura na companhia do lobo, a jovem deixa que sua atenção seja capturada pelas sombras que dançam em meio aos grossos troncos das árvores, como fantasmagóricos e silenciosos dançarinos.
    As espessas raízes rasgam o solo e saem para a superfície, entrelaçando-se umas nas outras e se estendendo pelo caminho como um tapete no formato de um intricado labirinto. Os galhos se esticam e se contorcem como se estivessem ansiosos para alcançarem o céu. As folhas, de um verde intenso escurecido pelas sombras, se conectam e se sobrepõem, costurando as copas em um extenso manto que não se faz presente apenas nas trilhas iluminadas pela lua. A jovem dirige seu olhar para o caminho adiante e percebe uma alta silhueta se erguendo do meio da floresta.
    A silhueta emerge do manto verde larga e se divide conforme segue em direção às estrelas. Altas e pontiagudas linhas conectadas por traços horizontais e tudo conectado a uma grossa base. A jovem reconhece a forma que os contornos formam, já a tendo visto antes, embora nunca na realidade, apenas em pinturas e ilustrações. É um castelo e, a julgar pelo lento caminhar do lobo, é para lá que eles se dirigem. A ideia intriga a jovem. Ela sempre ouviu que castelos são os lugares onde os nobres vivem, cercados pelos seus e protegidos contra as incertezas que se escondem na floresta. Por que o lobo segue para o castelo?
    O aparente destino se aproxima e se torna mais distinto a cada passo. Com a aproximação, novas linhas se tornam visíveis sobre a superfície do castelo. Prestando um pouco mais de atenção, a jovem consegue notar que esses novos traços são, na verdadeira, trepadeiras que se espalham pelo exterior da imponente construção como uma segunda pele. Na base da torre mais alta, presa nos galhos e nas folhas, ela consegue ver uma bandeira balançando sob o sopro do vento. E, por um momento, quando a luz da lua cai sobre o estandarte, ela pensa ver o desenho de um lobo.
    Sem pensar, a jovem abaixa o olhar para o lobo que a carrega. Pela primeira vez desde o momento em que ela abandonou a cabana da bruxa, a jovem se pergunta o que esta noite significa, que mudanças ela pode esperar para a vida dela. Ela respira fundo e abre as mãos, espalmando-as contra o pelo negro e sentindo o movimento dos músculos sob a pele. O lobo rosna em um tom baixo, parecendo perceber a mudança na postura da jovem, mas continua a andar. De repente, a jovem fugitiva nota que as árvores e o tapete de raízes chegaram ao fim. Não há mais grama ou terra.
    Há apenas uma ponte de pedra conectando a floresta ao castelo. Ela espera que o lobo pare, mas ele continua, através da ponte seguindo até as altas e largas portas de madeira que dão acesso à fortaleza. A jovem vê os guardas se afastarem da porta e, por um momento, supõe que eles irão atacar. Entretanto, antes que a tensão possa se espalhar e dominar os músculos da jovem, os guardas abrem as portas e permitem a entrada dela e do lobo. Confusa, ela apenas observa enquanto o lobo continua a seguir seu caminho. Um tremor corre pelo corpo dela quando as portas são fechadas e o som ecoa pelo salão.
    É um amplo salão, tão extenso que até mesmo o grande lobo consegue se movimentar sem dificuldade. No teto, um único lustre se encontra pendurado e ao redor do objeto, seguindo pelas paredes, existe mais uma camada da segunda pele feita de trepadeira. Os galhos descem pelas laterais sem um traçado definido, se espalhando e cobrindo as pedras já corrompidas pelo tempo. O lobo para, abaixa o corpo e, entendendo o movimento, a jovem sai das costas do animal. Olhando para o lado oposto da porta, a jovem vê um trono de madeira entalhada colocado no topo uma estreita escada feita de três degraus e percebe que se encontra em um salão do trono.
    Na parede atrás do trono, lutando contra o toque das trepadeiras, há uma janela em formato circular, por onde a luz da lua penetra e ilumina a salão, banindo as sombras para os cantos mais distantes do aposento. Estes, a jovem percebe ao prestar mais atenção ao seu redor, estão cheios de pedaços de madeira, aparentemente quebrados de maneira brutal e sem controle. Ela sente a movimentação próxima do lobo e volta seu olhar para ele, o vendo se aproximar de um biombo de madeira colocado sob as sombras, mas ainda assim próximo ao lado esquerdo do trono.
    Para o espanto da jovem fugitiva, a cada passo dado pelo lobo, ele muda. O pelo negro começa a desaparecer, dando lugar a uma pele branca marcada com cicatrizes esbranquiçadas. As marcas podem ser vistas em diferentes partes do lobo, agora homem. Nas costas, se assemelhando aos resquícios de chicotadas. Nos braços, guardando semelhanças com as trilhas deixadas por espadas. E nas pernas, onde as linhas das espadas se misturam com aquelas deixadas por correntes. Em silêncio, o homem se coloca atrás do biombo. A ausência de som se estende por longos segundos. Até ele retornar.
    Quando ele deixa o biombo, as cicatrizes não podem mais ser vistas, estando ocultadas por uma calça preta e uma camisa branca de mangas longas. Os olhos dourados agora são azuis como o céu durante o dia e o único vestígio dos pelos negros que pode ser encontrado são os curtos e escuros fios do cabelo. O homem oferece um sorriso educado e faz uma curta mesura. Ainda muito surpresa, a jovem fugitiva não se atreve a se mexer. Ela apenas observa com o coração batendo forte e se perguntando se teria caído em uma das armadilhas da bruxa.
    - Eu sou o Rei Lobo. – ele diz – E você é?
    Ao invés de responder, ela vira o rosto e morde o lábio inferior, os braços cruzados sobre o peito. Ele se surpreende com a súbita postura defensiva da jovem, mas pensa compreender o motivo que a origina.
    - Eu peço perdão pelo modo como agi, não mostrando minha verdadeira natureza desde o começo. – ele dá um passo à frente, ela não se move – Eu não queria assustá-la. Você parecia perdida, ferida, precisando de ajuda. – ela assente e o rei se sente confiante em continuar a se aproximar – Você pode me dizer quem você é? – ele está perto o suficiente para tocar a face pálida e atrair o olhar de ébano para si – De onde você vem?
    Estando frente a frente uma vez mais, o rei e a jovem sentem novamente a confiança nascida do instinto, o reconhecimento sem lembranças. Os segundos se passam dominados pelo tenso silêncio que os envolve, mas ele é paciente e espera sem pressa pelas respostas para as perguntas feitas. O rei deixa que seu toque deslize pela pele de neve, os dedos se enroscando nos longos fios negros. A jovem mantém o olhar preso ao do outro, mas os dentes ainda marcam os lábios vermelhos. Quando sente a mão encostar no ombro coberto pela capa escarlate, a atenção do rei é desviada para uma sombra arroxeada que se mistura ao cabelo escuro.
    Pela primeira vez, ele percebe que há uma fita roxa envolvendo a pele branca e que se mantém presa pelo laço que descansa sobre o lado direito do pescoço. O rei dirige seu toque para o tecido, mas assim que o toca, a jovem afasta a mão dele com um tapa e dá dois passos para trás, o medo brilhando intensamente nos olhos de ébano. Por um momento, ele permanece aturdido, não entendendo o que fez de errado e que acabou por assustar a jovem.
    - Estes lábios estão selados. – ela diz com a voz trêmula e os dedos tocando a fita.
    - Está tudo bem. – o rei diz dando um passo em direção à jovem. Ela não se move, apenas o observa se aproximar – Eu não vou machucar você. – ele oferece um sorriso – Diga-me o seu nome?
    - Estes lábios estão selados. – a jovem responde. Ela fecha os olhos e volta a cruzar os braços sobre o peito, mas dessa vez as mãos repousam sobre o pescoço.
    - Você não pode me dizer? – ele questiona tentando compreender o que está acontecendo com ela.
    - Estes lábios estão selados! – ela repete em um tom mais firme e alto, quase um grito. Medo e desespero ecoam na voz da jovem e lágrimas caem dos olhos escuros, marcando a face pálida.
    O rei elimina a distância ainda existente entre eles e a envolve com um abraço. No tremor que corre pelo corpo sob seu toque e nos fracos soluços que deixam os lábios vermelhos, ele reconhece uma realidade com a qual convive há muito tempo. A mesma realidade em que sua natureza de lobo nasceu. Mantendo um braço firme ao redor da cintura da jovem, o rei usa a outra mão para tocar o rosto molhado e fazer com que ela o olhe. Em silêncio, ele enxuga as lágrimas dela com um toque que acaricia e acalma. Focando a atenção no equilíbrio e na tranquilidade expressas no olhar do rei, a jovem pouco a pouco sente toda a tensão e medo desaparecer da mente e o desespero abandonar o coração.
    - Você foi enfeitiçada. – ele diz em um tom de voz baixo, um pouco acima de um sussurro – Você não pode falar. – a jovem abaixa o olhar e assente, confirmando as palavras do rei – Que tortura... Ter uma voz e não poder usá-la! – a força do toque com que ele a segura se intensifica e a mão que antes acariciava o rosto pálido, agora segura a nuca sob o cabelo negro, não permitindo que ela fuja do olhar azul – A pessoa que enfeitiçou você, foi a Bruxa da Floresta?
    O rei percebe a primeira reação, instintiva, de negar que aparece nos olhos de ébano. E o que ele vê é a resposta que ele precisa. Oferecendo um fraco sorriso, ele dá um passo para trás, afastando seu toque de sobre a pele pálida. Entretanto, ao mesmo em que se move, ele nota o medo da rejeição que nasce no olhar escuro. Mantendo uma mão na lateral do rosto marcado pelas lágrimas, o rei firma seu sorriso e fala com a mesma calma confiança que é expressa nos olhos claros.
    - Não tema, você está segura. – os dedos do rei brincam com uma mecha do cabelo negro – Ninguém irá machucá-la aqui. E você pode ficar pelo tempo que quiser.
    A jovem assente e procura pelo olhar azul, tentando expressar toda gratidão que sente. O sorriso nos lábios do rei se torna mais suave e genuíno, entendendo o que ela tenta dizer através do olhar tão intenso e honesto. Após um momento, a gratidão é afastada pela dúvida e pela hesitação. Ele percebe, o sorriso se desmanchando, mas permanece em silêncio, aguardando e deixando a jovem livre para fazer o que quiser. Um pouco oscilante, ela levanta uma das mãos e toca o queixo do rei. O olhar de ébano, preso ao olhar azul, pede por permissão, uma que é dada quando o rei volta a sorrir e inclina o rosto contra o toque vacilante.
    Se sentindo mais confiante, a jovem sobe o toque para a bochecha e continua até poder sentir a lateral do rosto do rei contra sua palma. Um tímido sorriso nasce nos lábios vermelhos, a dúvida e a hesitação desaparecendo dos olhos escuros. Os dedos do rei envolvem o pulso erguido e os olhos azuis não fogem do transparente olhar da fugitiva.
    - Você está segura agora. – ele afirma com convicção. O rei, então, abaixa a mão da jovem, mas não a solta – Venha. Você precisa descansar. Vamos encontrar um quarto para você.
    Afastando seu toque da pele pálida, ele ainda sorri e a guia até uma porta lateral. A passagem some em meio ao abraço das sombras, mas conforme ela se aproxima, a jovem pode discernir a silhueta da madeira e dos desenhos entalhados sobre a superfície. Antes que o rei possa abrir a porta, ela toca a madeira, sentindo sob seus dedos as linhas desenhadas, as rosas que formam uma floresta de trepadeiras a envolverem a face de um lobo. Ao sentir o contorno do rosto do animal, a fugitiva olha para o rei. Ele ri baixinho, lendo nos olhos de ébano as perguntas que não podem ser ditas. Por que um lobo? Por que ele é um lobo?
    O rei não responde, apenas sorri. Ele abre a porta, revelando uma longa escadaria, um acesso para o segundo andar do castelo. Lado a lado, eles sobem os degraus, o silêncio os rodeando sem peso, natural e confortável. A cada passo dado, a jovem tem sua atenção atraída para os detalhes que compõem o caminho. As paredes de pedra manchada e a escada feita de madeira iluminadas pelas tochas penduradas acima deles, o jogo instável de luz e sombras dando um clima quase etéreo ao castelo, como se eles estivessem em um lugar exilado do tempo, imune ao rodar dos ponteiros do relógio. Ele para quando o último degrau leva a outra porta, entalhada como a primeira, mas dessa vez as rosas envolvem a imagem de um lobo ajoelhado aos pés de uma feiticeira.
    Mais uma vez, a jovem procura pelo olhar do rei, uma pergunta nos olhos de ébano. E novamente, ela recebe apenas um sorriso como resposta. Ele abre a porta e indica que ela passe, entrando em um longo corredor. A porta é fechada pelo rei e a jovem dá alguns passos hesitantes, observando ao seu redor. Há diversas portas espalhadas pela extensão do corredor e no espaço existente entre elas há uma tocha acesa iluminando o chão de madeira. Seguindo pelo lado direito, o corredor se divide em dois e do lado esquerdo, termina em uma alta e larga janela. É para esse lado que a jovem fugitiva se dirige.
    A cada passo dado, ela observa os diferentes entalhes nas portas e os detalhes que eles compartilham. A presença de rosas como uma moldura e a imagem de um lobo. Em alguns entalhes, uma feiticeira também está presente, os traços de sua magia tendo sido desenhados como ondas ao redor da mão estendida. A jovem se pergunta o que essas imagens podem significar, seria uma história o que elas contam? A história do rei, talvez? Um rei enfeitiçado.
    Ela alcança a janela e olha através do vidro, vendo pontos avermelhados esparramados pelo verde que envolve o castelo. Sinais de fogo, de tochas e fogueiras, de vida. Há uma vila ao redor da fortaleza, súditos para o Rei Lobo. Apoiando as mãos no parapeito, a jovem se aproxima o máximo que pode da superfície desenhada, tentando ver mais do povoado abaixo. Estando completamente entretida com o fogo e a fumaça, os sombrios contornos das casas e ruas, como se tudo formasse um tesouro escondido no coração da natureza, ela não percebe a aproximação do rei. Ele para ao lado dela e destrava a janela, permitindo que ela tenha mais espaço para observar. A atitude do rei atrai o olhar de ébano, que encontra apenas calma e compreensão no olhar azul.
    - Amanhã à noite, nós comemoraremos o Festival da Lua. – ele diz – Você é bem vinda a participar, se desejar.
    Ela abaixa o olhar e um leve rubor pinta a face pálida. O rei sorri, o olhar azul nunca deixando a jovem e bela fugitiva, outra sobrevivente das garras da Bruxa da Floresta. Ele sente calor se espalhar pelo peito, envolvendo o coração em um abraço apertado, ao lembrar o fascínio que iluminou os olhos escuros enquanto ela observava a vila que rodeia o castelo. Ela olhou para as sombras do povoado com o mesmo carinho e a mesma admiração que deve haver no olhar de toda rainha. E de todo rei. Quando ela volta a levantar o olhar, os olhos de ébano são atraídos para a última porta do corredor, localizada atrás do rei.
    A jovem se afasta do soberano, indo em direção à porta e tocando o desenho entalhado no centro. Diferente das outras portas, essa não possui um lobo sozinho ou acompanhado por um feiticeira como decoração. Há apenas o entalhe de uma árvore, um carvalho rodeado pelas sempre presentes rosas. Ela toca o desenho, sentindo o relevo deixado pelos traços feitos, a mente sendo dominada pelas lembranças de outro tempo, em que o medo nascido da compreensão ainda não existia. A jovem lembra do grande carvalho branco do jardim, das horas passadas no balanço que fora amarrado a um dos galhos. Ela também lembra do modo como a bruxa a observava naquela época, um olhar ainda sem ameaças e dominância.
    - Um carvalho. – o rei comenta, tirando a jovem de suas lembranças – A árvore preferida das feiticeiras.
    As palavras dele fazem com que ela afaste a mão do entalhe e se distancie da porta. Percebendo o incômodo que suas palavras causaram, o rei se aproxima e abre a porta, revelando um quarto amplo, mobiliado com móveis de madeira e iluminado apenas por um castiçal colocado sobre a penteadeira e a luz da lua que penetra através da janela. Um pouco hesitante, a jovem entra no aposento, o olhar escuro logo percebendo as diferenças existentes entre este quarto e aquele dado a ela pela bruxa. Este quarto é maior, com mais móveis e uma cama aparentemente mais confortável, mas a principal distinção entre ambos é que ela se sente uma convidada neste quarto e, no outro, ela se sentia uma prisioneira.
    - Ninguém utiliza esse quarto. – o soberano, ainda parado na porta, diz – É seu, se você quiser.
    A jovem volta sua atenção para o rei, mas o que realmente captura seu olhar é o carvalho entalhado na porta, todas memórias e todos significados conectados àquela simples imagem. Ela assente, aceitando o quarto e ele sorri, satisfeito. O rei dá um passo à frente, procurando pelo olhar de ébano. Quando ela não olha para o soberano, ele elimina toda distância entre eles e toca o queixo pálido, conquistando a atenção dos olhos escuros.
    - Eu queria que você pudesse me dizer o seu nome. – ele sussurra ainda a olhando nos olhos – Então eu poderia saber como chamar você.
    Ela permanece em silêncio por um momento e então se afasta, caminhando até a penteadeira. Ela inclina o corpo e respira com os lábios entreabertos e encostados no espelho. O ato deixa parte da superfície embaçada e a jovem aproveita para escrever quatro letras.
    - Luna? – o rei lê – Seu nome é Luna? – ele pergunta e ela assente, confirmando – Um belo nome. Um que combina com você. – ela abaixa o olhar, envergonhada, mas então aponta para ele e depois para o próprio nome, que está começando a desaparecer do espelho – Meu nome? – ele questiona – Você quer saber meu nome? – ela levanta o olhar e sorri. Ao ver o sorriso nos lábios vermelhos, ele também sorri – Meu nome é Ulric. – ele toca a face pálida com as costas da mão – Descanse, Luna. Irei pedir para que alguém traga comida e roupas para você.
    O rei começa a se afastar, mas a fugitiva o segura pelo pela mão, o impedindo de ir embora. Ele olha para ela e, nos olhos de ébano, ele encontra medo e apreensão. O soberano pega a mão que o segura e a leva até os lábios, beijando os dedos pálidos.
     - Você está segura agora. – ele diz olhando nos olhos escuros – Não há o que temer aqui.
    Por um longo momento, ela apenas observa os olhos azuis, a firmeza e a transparência do olhar claro. Ela não encontra nenhum traço de mentira ou ilusão, apenas uma honestidade aberta e uma curiosidade sincera. Um sorriso nasce nos lábios vermelhos e encontra reflexo na boca sem cor do rei. Ele solta a mão dela e, com uma rápida mesura, se retira do quarto, fechando a porta ao passar.
    Deixada sozinha no quarto, ela caminha até a janela aberta, encontrando a lua no ponto mais alto do céu. A fugitiva cruza os braços sobre o peito, os dedos tocando o laço roxo no pescoço. Ela nunca pensou, nem por um segundo, que a fuga pudesse levá-la a um lugar como aquele, um belo castelo, governado por um rei gentil. O Rei Lobo. A jovem recorda dos desenhos entalhados nas portas, em como ele pareciam contar uma história. Um lobo sob o controle de uma feiticeira, tomado por um feitiço. Ou consumido por uma maldição. Ela lembra do conhecimento que a bruxa compartilhou. A natureza de um animal é normalmente dada como uma punição, uma maldição, e ela tem quase certeza que ele, Ulric, é um rei amaldiçoado. Amaldiçoado por uma bruxa.
    Ela abre os olhos, que havia fechado sem perceber, e se afasta da janela, seguindo em direção à cama. Contudo, o próprio reflexo no espelho faz com que ela pare e mude seu caminho para a penteadeira. A jovem senta no banco colocado em frente ao móvel e observa a imagem refletida. Talvez ela e o rei compartilhem algumas semelhanças e esse seja o motivo por trás da sensação de reconhecimento e segurança que ela experimentou ao encontrá-lo, como lobo, na floresta. Talvez ambos estejam conectados pela Bruxa da Floresta, marcados pelo toque dela. Sem parar de observar o reflexo no espelho, ela levanta mão e toca a fita ao redor do pescoço e um tremor corre pelo corpo da fugitiva, trazendo de volta todo medo e desespero que a presença do rei conseguiu afastar. Lágrimas caem dos olhos de ébano e marcam a face pálida. Pequenos e baixos soluços escapam por entre os lábios de sangue. O coração bate com força, agoniado. Feitiços e maldições não podem ser quebrados por aqueles que os carregam.
    A luz das velas valsa na parede com as sombras da noite. Os olhos azuis observam a dança sem música com muda apreciação. Na realidade, a mente não registra totalmente os movimentos da luz e das sombras, estando mais concentrada nas lembranças da bela fugitiva. O peito pesa e dói toda vez que ele recorda dos olhos de ébano, tão expressivos e sinceros. O rei fecha os olhos e suspira, os lábios formando o nome dela sem que ele possa controlar. Ele muda de posição na cama, espera que o movimento afaste os pensamentos acerca de Luna, mas quanto mais ele foge, mais ele pensa, mais ele lembra.
    A confiança sem reservas, a curiosidade espontânea e, principalmente, a silenciosa observação dos olhos escuros. As perguntas feitas através de um olhar, mas que ele deliberadamente se recusou a responder. As pistas sobre ele que foram deixadas sob a luz para que qualquer um possa ver, ele tem certeza de que ela percebeu, que ela entendeu. O rei é como a fugitiva. Um prisioneiro de um feitiço feito pela Bruxa da Floresta. Mas mais do que essa característica compartilhada, ele sente que há algo nela que o intriga, algo que a faz diferente de tudo e todos que ele já conheceu. Única. Como a lua no céu. O rei olha para a janela, para a brilhante rainha da noite. E, quando ele fecha os olhos e o toque do sono começa a envolvê-lo, há apenas uma palavra na mente dele.
    Luna.
    Ela ainda pode sentir o caminho das lágrimas em seu rosto, mesmo que as trilhas já tenham secado. Sozinha em seu próprio silêncio, ela observa o céu noturno, as distantes estrelas que compõem a corte do reino da lua. Ela respira fundo tentando acalmar o próprio coração com pensamentos ainda marcados por hesitação. Ela está longe da bruxa, ela escapou da prisão em que sempre viveu. Ela tem uma chance neste castelo, a chance de finalmente ter um início, de escrever a história que quer viver. As pálpebras se fecham por um momento, a terra dos sonhos começa a chamá-la. Ela ficará bem. Enquanto ela puder sentir a segurança da presença do rei.
    As horas passam, diluindo o azul do céu e escondendo as estrelas. O sol se aproxima, tomando o trono da lua e espalhando seu toque quente pela terra. As sombras se afastam e a luz dança pela floresta, iluminando o verde e acordando as árvores de seu sono. Na vila que rodeia o castelo, o som da vida despertando pode ser ouvido. Pés caminhando e correndo, vozes conversando, trabalhos começando a serem feitos. Cada som nascido no povoado tem seu eco entre as paredes do castelo. No salão do trono, o rei, há muito desperto, se encontra reunido com seus leais conselheiros e soldados. E em um quarto no andar superior, uma jovem se liberta lentamente das correntes do sono.
    Os olhos de ébano se abrem e demora alguns segundos para que a mente possa reconhecer o quarto, os móveis de madeira belamente entalhada e o conforto da cama. A jovem se levanta, notando então o negro vestido que foi deixado sobre uma cadeira e bandeja de prata colocada sobre o banco próximo à penteadeira, com frutas e água. Ela se aproxima, pegando a taça prateada e tomando um pouco da bebida. Segurando a taça com uma mão, ela toca o vestido com a outra, sentindo a maciez do tecido em sob os dedos. Uma nova roupa. Uma nova vida. A mão que segura a taça aumenta a força de seu toque. A jovem pode apenas desejar com todo coração que esse início seja permitido, que a bruxa permita que ela tenha uma nova vida.
    A água é deixada sobre a bandeja e os dedos pálidos começam a desfazer o laço da capa vermelha, que é abandonada sobre a cama. Os laços da blusa e da calça seguem o mesmo destino, deixando à mostra as marcas da fuga pela floresta. As botas e meias também são retiradas e cada marca é tratada pelo toque suave dos dedos pálidos, envoltos em uma fraca luz azulada. O contato iluminado apaga cada lembrança deixada sobre a pele, não deixando nem mesmo a sombra de um machucado. Quando o tratamento é terminado, a jovem olha para a própria mão, vendo a prova da magia que corre por seu sangue, o objeto de afeto e desejo da bruxa.
    Ela fecha a mão e a luz desaparece. Afastando os pensamentos sobre a magia e a Bruxa da Floresta, ela pega e coloca o longo e escuro vestido e as sapatilhas da mesma cor. Por um momento, Luna olha o próprio reflexo no espelho e gosta do reflexo que sorri para ela, mas o sorriso nos lábios vermelhos tem uma vida curta, se desfazendo assim que o olhar de ébano cai sobre o reflexo do laço roxo que envolve o pescoço pálido. Ela respira fundo e se levanta, caminhando em direção à saída do quarto.
    Quando se encontra no corredor, por um momento, Luna sente vontade de explorar o castelo, andar através dos corredores e escadas, encontrar mais portas e entalhes, mais pistas da história que a madeira parece contar. Desvendar cada mistério escondido nas paredes do castelo, sentir novamente a liberdade que ela experimentava quando explorava a floresta, longe do olhar da bruxa. Correr sem destino, sem um objetivo, sem medo ou dúvida. Ela dá um passo na direção do ponto onde o corredor se divide em dois, mas para. Não seria certo, o castelo não é a floresta. E ela não sabe como o rei reagiria a esse comportamento. Ela não quer ser expulsa, não quer continuar a fugir. Não quando ela achou um lugar seguro e confortável no castelo.
    Decidida, ela segue até a porta que dá acesso a escada para o andar inferior, a salão do trono, a mesma escada pela qual o rei a guiou na noite anterior. Luna abre a porta e desce os graus sem pressa. A cada passo que a deixa mais próxima da entrada para salão trono, ela consegue ouvir diferentes vozes falando em diversos volumes. Ela não consegue compreender muito do que é falado, mas uma palavra ela consegue distinguir e essa única palavra transforma o sangue de Luna em gelo.
    Corvos. Os leais subordinados da Bruxa da Floresta. Ela ouve a voz do rei, mas não consegue entender o que ele diz. Em um impulso, ela toca a maçaneta da porta, pronta para abri-la, mas para. Ela se força a respirar fundo, a se acalmar. E então decide por abrir a passagem devagar, tentando não perturbar aqueles que se encontram no salão do trono. Ela vê quatro homens parados na frente do rei. Ulric está de pé sobre patamar onde o trono está colocado, uma expressão de exasperação na face jovem. Ele olha para o lado e a vê, parada no batente da porta. Imediatamente, o semblante do rei suaviza e um pequeno sorriso nasce nos lábios pálidos. O rei inclina a cabeça para esquerda, pedindo no movimento para que ela se aproxime. Ela nega, se aproximando ainda mais do batente da porta.
    - Meu rei? – um dos homens chama com curiosidade na voz.
    Logo, os olhares de todos os presentes se encontram sobre a jovem parada na porta. O sorriso nos lábios de Ulric aumenta e ele desce do patamar, dando alguns poucos passos em direção à jovem. Ele ergue a mão, ainda sorrindo, a chamando mais uma vez.
    - Luna? – a voz do rei é suave, um pedido e não uma ordem.
    Não vendo outra saída que não concordar com o pedido, ela se afasta da porta e se aproxima do rei, aceitando a mão estendida. Enquanto Ulric a guia até o ponto em frente ao trono, ela percebe que ele não se veste como um rei, ou melhor, como ela imaginou que um rei se vestiria. Não há coroa ou joias que mostrem a posição que ele ocupa. As vestes que cobrem o corpo jovem e forte são simples, como aquelas que ele vestiu na noite anterior, após se revelar como um homem e não apenas um lobo. Sentindo o toque o rei se tornar mais intenso, Luna dirige o olhar para as mãos de ambos, unidas. Há confiança e segurança na mão de Ulric e ela gosta do modo como o toque do rei a faz se sentir protegida.
    - Essa é Luna. – o rei diz conquistando a atenção do olhar de ébano, o qual ele retribui sem hesitação – Ela é minha convidada e ficará conosco pelo tempo que ela desejar.
    - Minha senhora. – os quatro homens falam em uníssono, fazendo uma respeitosa mesura.
    - Coloquem mais guardas na ponte e nos limites da vila. – Ulric diz voltando o olhar azul para os homens, a voz assumindo um tom mais firme e autoritário – Ordenem que reportem qualquer sinal de corvos ou de qualquer atividade incomum.
    Ao ouvir a ordem do rei, ela aperta a mão que a segura. Ela sente a calma e a esperança com que acordou serem ameaças pela noção de que corvos possam estar rodeando o castelo. Ulric sente a mudança no toque de Luna, o temor expresso sem palavras. Ele retribui com um aperto próprio, firme e confiante. O rei dispensa seus soldados e conselheiros, que se retiram em silêncio após reconhecerem a dispensa com respeitosas mesuras.
    O rei volta sua atenção para a única pessoa que permaneceu em sua companhia. Nos olhos escuros, ele vê o medo que renasce no coração de Luna, mas ao invés de compartilhar do mesmo sentimento, ele sorri com serenidade. O ato faz com que confusão brigue por espaço com o medo no olhar de ébano. O rei percebe a nova presença nos olhos que o observam atentamente e continua a sorrir. Ele a puxa pela mão, a guiando até uma porta lateral, oposta àquela que dá acesso ao andar superior do castelo.
    - Venha. – ele diz.
    Sem ter uma chance para protestar, Luna se deixa levar pelo toque insistente de Ulric, que a guia para um corredor externo. Estando no exterior do castelo e sob a luz do sol, ela pode ver mais claramente os detalhes da vila que rodeia a fortaleza. Ela pode ver as altas e frondosas árvores que cercam tanto o povoado quanto o castelo, como uma muralha natural, uma proteção oferecida pela própria natureza. Sem pensar, ela caminha pelo corredor, subindo em direção às torres posteriores, vendo a luminosidade tocar os tetos das casas de madeira e se espalhar pela grama, pelas ruas de pedra. Não há muita distância entre o castelo e a vila, o que a faz capaz de ouvir o som do povoado, sentir a vida que corre pelas ruas. A força da vida que inunda os terrenos sob domínio do Rei Lobo faz com que a fugitiva esqueça seus medos e sinta a calma invadindo o coração.
    Em silêncio, o rei observa o movimentar de Luna, o brilho nos olhos de ébano e o sorriso nos lábios vermelhos. Vê-la esquecer os temores faz com que ele sorria. Sem notar, ele se aproxima, as mãos tocando os braços de Luna e trazendo para ele a atenção da jovem fugitiva. Por um momento que parece durar um século, eles permanecem em silêncio, apenas observando um ao outro. Não há tensão no corpo dela, Ulric pode senti-la relaxada, toda incerteza que ela mostrou, mesmo brevemente, na noite anterior, não existe mais. Experimentando um pouco de hesitação, o rei deixa que seu toque deslize até que ele a envolva completamente em um abraço.
    Ela ergue uma mão e toca a face do rei. Ele permite, desfrutando do toque quente e suave, mas então Ulric segura a mão que o toca e abaixa. Sem soltá-la, ele guia Luna para um ponto mais próximo da entrada da torre sudoeste, onde ela nota que uma mesa foi colocada. Sobre a superfície de madeira, há uma bandeja de prata com comida, taças, uma garrafa de vinho, pergaminhos, pena e tinta. As cadeiras foram colocadas em pontas opostas, de modo que aqueles que sentarem fiquem de frente um para o outro. Com um movimento da mão livre, Ulric pede para que Luna se sente. Ela sorri e faz como foi pedido. O rei se senta na cadeira oposta e serve um pouco de vinho para ambos.
    - Ontem à noite, você pareceu interessada na vila. – ele diz – Eu achei que você poderia apreciar uma chance de vê-la sob a luz do sol.
    O sorriso nos lábios de Luna aumenta e ela olha por sobre a baixa murada, para a vila que a conquistou mesmo sem conhecê-la. Um pássaro passa voando perto da torre, capturando a atenção da fugitiva, que o acompanha com o olhar até que a ave suma em meio às árvores que escondem o precipício que separa a floresta das terras do Rei Lobo. O pensamento sobre a floresta traz de volta a memória dos corvos e uma sombra nasce nos olhos escuros, enfraquecendo o sorriso nos lábios de sangue. Ela dirige o olhar para o rei, encontrando confusão no olhar azul. Ela morde o lábio inferior forte o suficiente para deixar a marca dos dentes. Ela quer falar, quer perguntar.
    Ele percebe o desespero no olhar de Luna, a vontade de se expressar através da voz que ela não pode usar. Ulric pega a pena, a molha na tinta e a entrega para a jovem agoniada à sua frente, junto com um pergaminho. Luna aceita os objetos com um sorriso de embaraço e então escreve na folha de papel. Quando ela termina de escrever, ela passa a folha para o rei. Ele aceita a folha e a lê em silêncio.
    “Os corvos. Eles ameaçam você? Ela é uma ameaça a você?”
    As palavras fazem com que o sorriso volte aos lábios do rei.
    - Os corvos estão sempre se mostrando, nos lembrando que a Bruxa da Floresta ainda vive. É uma silenciosa ameaça à nossa segurança, uma que raramente é cumprida. – Ulric responde – Ela é uma ameaça a mim, a minhas terras, desde antes do meu nascimento. – o rei pega a taça com vinho e toma um pouco da bebida, a mão livre devolvendo a folha para a fugitiva.
    Ela aceita a folha de papel novamente, o olhar de ébano atento aos olhos azuis. Há certo divertimento nos olhos do rei, mas também existe serenidade e sinceridade, como se ele a estivesse incentivando a falar através das palavras escritas, a perguntar qualquer coisa que ela possa querer. Ela decide aceitar o desafio não dito e escreve mais uma vez.
    “Você é como eu? Enfeitiçado? Amaldiçoado?”
    Luna passa a folha para Ulric com um pouco de hesitação, incerta sobre o modo como ela fez a pergunta, temerosa de acabar insultando o rei. Com o olhar baixo, ela toca a fita ao redor do pescoço. Talvez a questão tenha sido escrita da maneira errada, mas ela precisa perguntar, descobrir se as suspeitas que tem sobre ele, sobre os entalhes nas portas, estão corretos ou não.
    Um toque sobre os dedos pálidos traz Luna de volta à realidade. Ela levanta o olhar, encontrando os olhos de Ulric. E, diferente do que ela havia pensado, não há raiva ou insulto nos olhos azuis. Apenas a mesma serenidade de antes. O toque do rei sobe pelo pescoço da fugitiva, parando quando os dedos tocam os lábios finos e vermelhos.
    - Sim e não. – ele responde com um pequeno sorriso nos lábios – Eu tenho um feitiço em mim, como você, mas o meu é uma herança de meu pai. Ele foi amaldiçoado pela Bruxa da Floresta e a maldição se tornou tão profunda que ele a passou para mim. – ela tenta pegar a folha de papel e a pena, mas ele é mais rápido, afastando os dedos da boca vermelha e envolvendo a mão de Luna antes que ela possa completar seu objetivo – Eu sei o que você quer perguntar. Por que ele foi amaldiçoado? O que aconteceu? – ela assente, confirmando e ele abaixa o olhar, focando a atenção na mão que segura, acariciando suavemente a pele pálida – Meu pai, em um ato de arrogância, desafiou a Bruxa da Floresta, desdenhou do poder dela e do medo que todos sentem com relação a ela. Ela não gostou e o amaldiçoou com a forma de lobo. Ele se transformaria toda lua cheia e, por todo tempo que permanecesse como lobo, perderia sua razão, seria como um animal. Durante a primeira transformação, tomado pela raiva que ele sentia da bruxa, meu pai destruiu grande parte do castelo e quase matou minha mãe. A partir daquela noite, toda vez que a lua se tornava cheia, antes que a transformação o controlasse, ele corria para a floresta, onde ele não poderia machucar ninguém. – o olhar azul é novamente dirigido aos olhos de ébano – Eu não sei por que eu não sou assim, por que a maldição é mais fraca em mim. – o rei sorri sem a luz que até aquele momento esteve em todos os sorrisos dados por ele – Mas ela está aqui, em mim. Ela existe. Eu a escondi de meu pai, somente minha mãe sabia que eu a havia herdado. Para ter certeza que eu não cometeria o mesmo erro tolo que ele, meu pai espalhou a história dele pelos entalhes das portas do castelo, como eu sei que você notou. – um fraco rubor pinta a face de Luna. – Um lembrete para mim. Para nunca desafiar a Bruxa da Floresta. Mas mesmo que meu pai tenha sido amaldiçoado e esteja agora morto, ela ainda nos ameaça com destruição. Ela veio apenas uma vez, anos atrás. Ela matou meus soldados, prendeu-me com correntes e transformou minha tortura em uma diversão para ela.
    Ulric abaixa o olhar e afasta a mão, mas Luna a segura. Intrigado, ele procura pelo olhar escuro e o encontra focado nas mãos juntas. Há uma aura de tristeza na face jovem e, com a mão livre, ela pega a pena e o pergaminho. Molhando a pena na tinta, ela escreve com força, como se cada palavra fosse difícil de marcar na folha. Luna se recorda das marcas que viu na pele do rei quando ele deixou de ser um lobo e a fugitiva sabe que a bruxa é capaz de ter infligido toda dor que causou aquelas cicatrizes, como também é capaz de fazer tudo de novo.
    “Ela virá por mim. Os corvos já se estão se mostrando. Ela não vai me deixar escapar. Eu não quero que você ou seu povo se machuque por minha causa”
    Ela vira a folha de papel para que Ulric possa lê-la. Após um breve momento, ele volta a procurar pelos olhos de Luna, encontrando-os cheios de um medo contido pela certeza do porvir.
    - Por quê? – ele pergunta colocando a folha de papel na posição original para que Luna possa escrever – O que você significa para ela?
    Durante longos segundos, a fugitiva apenas olha para o rei, a verdade sobre si mesma se montando como uma verdade proibida em cada pensamento que cruza a mente, em cada tentativa de encontrar um começo, um ponto de partida para contar. Luna respira fundo e posiciona a pena sobre o papel, mas ainda demora um momento para começar a escrever.
    “Aqueles que vivem fora da floresta possuem o costume de chamar pessoas como eu de ‘Crianças da Floresta’, pequenos sem uma origem ou nascimento, nós apenas aparecemos em meio às árvores sob o brilho da lua. Eu nunca encontrei outro como eu, mas a bruxa me contou que eles existem e que eles estão como eu estava, sob a proteção de algum bruxo ou bruxa poderosa. Ela é a única lembrança que eu tenho da minha vida inteira, ela me criou, me ensinou o caminho da magia, a usar meus poderes com controle e sensatez. Mas conforme eu crescia, eu fui percebendo que eu.... Eu era apenas uma ferramenta, um meio para ela ter poder. As crianças da floresta são poderosas e a única coisa que ela queria ou se importava com relação a mim era o meu poder, o que eu podia fazer por ela, os feitiços que poderia criar. E que ela poderia roubar. Ela nunca aceitaria me perder ou me deixar cair sob a influência de outro. Para me manter sob o controle dela, ela me enfeitiçou. Esse laço em meu pescoço sela minha voz, cala meus protestos e, se for removido, levará minha vida. Eu sei o quão fácil minha vida pode ser terminada, pelas mãos da bruxa ou de outro, mas eu tinha que ficar longe dela, eu não aguentava mais estar sob o controle dela. Então, eu fugi. Tolamente, eu pensei que pudesse ter um início em outro lugar, mas esse pensamento é só uma ilusão. Ela não vai me deixar ir. Ela irá mandar os corvos e me levar de volta”
    O rei passa intermináveis e agonizantes minutos em silêncio. Finalmente, ele sorri com a mesma luz que havia nos lábios sem cor antes de Ulric contar a própria história. Ele levanta a mão que Luna está segurando, tomando cuidado para fazer com que ela siga o movimento. Quando ambos têm os braços levantados e os cotovelos apoiados na mesa, ele entrelaça os dedos aos dela, oferecendo, mais uma vez, segurança.
    - Aqui, nós chamamos essas pessoas de “Crianças da Lua”. – ele comenta sem mostrar sinais de preocupação ou receio com relação ao que foi contado por Luna – Quando eu era pequeno, minha mãe me contava uma história para me fazer dormir. Você quer ouvi-la? – o rei pergunta, mas não espera por uma resposta – Muitas eras atrás, quando o mundo ainda era jovem, duas das primeiras crianças do mundo se apaixonaram: Lathia, a Lua, e Fenris, a Floresta.  Porém, quando o mundo descobriu esse amor, os dois amantes tiveram que se separar. Lathia ocupou seu lugar no céu e Fenris se espalhou pela terra. – Ulric sorri para Luna, brincando com os dedos que segura – Mas é dito que quando a lua está cheia e alcança o ponto mais alto do céu, Lathia pode descer do firmamento e se encontrar com Fenris na terra. Do amor que as duas crianças do mundo compartilham nessas noites, nascem crianças que herdam a conexão deles com a natureza, a inclinação para a magia. Essas crianças, por serem filhas de Lathia, são chamadas de “Crianças da Lua”.
    O rei finaliza o conto e, ao olhar nos olhos escuros, se depara com a surpresa e a descrença que dominam o olhar de ébano. Ele ri e, com a mão, pega a taça de prata, bebendo um pouco do vinho. Ulric percebe que também existe confusão na face de Luna, uma mistura de não compreensão do motivo pelo qual ele contou a história de Lathia e Fenris e da razão por trás da falta de reação dele ante do que foi escrito por ela. Ele aumenta a força com que segura a mão de Luna e sorri, o olhar azul completamente focado nos olhos escuros e perdidos.
    - Você está segura aqui, Luna. – Ulric afirma com segurança e confiança na voz. Luna tenta protestar, pegando a folha em que escreveu e apontando a parte em que diz não querer que o rei ou o povo se machuque. Ele vê a tentativa, lê as palavras, mas continua a sorrir, a mão soltando a taça de vinho e tocando a face pálida – Mesmo que você não estivesse aqui, a Bruxa da Floresta seria minha inimiga, ela tem sido uma ameaça minha vida inteira. E eu não vou fugir não importa como ou por que ela decida me atacar. Eu vou proteger meu povo, eu vou proteger você.
    Desapontamento nasce no coração do rei e desmancha o sorriso nos lábios sem cor quando o rei vê Luna abaixar o olhar, a aura de tristeza apenas aumentando. Em silêncio, ele observa enquanto ela pega a folha e a pena e escreve uma simples pergunta:
    “Por quê?”
    - Porque você é digna de proteção. – Ulric responde em um sussurro, uma sombra de inquietação escurecendo os olhos azuis – Porque você precisa de proteção. Porque...
    ‘Eu não quero que você vá embora’. As palavras são ditas apenas em pensamento e o súbito silêncio do rei conquista a atenção da fugitiva. Luna levanta o olhar, vendo a sinceridade nos olhos de Ulric e lendo na expressão marcada pelas linhas da dolorosa aflição, o que ele foi incapaz de expressar em voz alta. Soltando a pena, ela ergue a mão e toca a face do rei. Ele inclina o rosto na direção do toque, não querendo deixá-lo se afastar. O rei respira fundo, a inquietação lentamente abandonando a postura mantida por ele. O barulho da vila, mais intenso, tira ambos do mundo privado que compartilham.
    - Os preparativos para o Festival da Lua estão começando. – ele disse sorrindo para a jovem – Quer ir vê-los? Participar da festa, talvez?
    Um suspiro escapa da boca de Luna, deixando um sorriso nos lábios vermelhos. Para ela, tudo que aconteceu desde que ela encontrou o lobo na floresta, a própria existência do rei, é como um sonho. Contudo, os sonhos duram apenas uma noite, desaparecendo com a chegada do sol. E ela pode perceber o amanhecer que se aproxima, trazendo consigo o fim do sonho que ela experimenta. A bruxa irá encontrá-la e então tudo que ela tem começado a apreciar irá desaparecer. Ela olha nos olhos azuis de Ulric, vendo neles tudo que ela precisa para esquecer o passado. É da natureza humana perseguir os sonhos, se agarrar a eles até o último segundo da noite. E é isso que ela vai fazer. O sorriso nos lábios de sangue aumenta. Até que a manhã chegue, ela irá aproveitar o sonho.
    O sorriso de Luna é a resposta que o rei precisa. Ele se levanta e oferece a mão à fugitiva. Ela aceita, ainda sorrindo, e se deixa conduzir até uma escada localizada ao lado da entrada da torre sudoeste. Envoltos por um leve e confortável silêncio, eles descem até a entrada lateral do castelo. Alguns guardas que se encontram de prontidão saúdam o rei e a convidada. Ulric retribui o cumprimento dos soldados e continua a guiar Luna para o território da vila.
    O rei não consegue evitar perceber como tudo parece conquistar a atenção de Luna, cada detalhe, cada casa e poste de madeira, os contornos das ruas de pedra e o movimento das pessoas. A presença do soberano não causa muito estranhamento, sendo algo comum de se testemunhar, permitindo que Ulric possa dedicar sua atenção totalmente à bela que o acompanha. Ele sorri sem pensar, apenas vendo o sorriso nos lábios vermelhos. Ele não a conhece, o rei sabe disso. O que ela contou a ele é somente uma parte da história que ela carrega, de quem ela é. E ainda assim, ele se encontra incapaz de abrir mão da companhia de Luna, de vê-la e saber que ela está por perto.
    Fora do alcance dos pensamentos de Ulric, Luna se deixa envolver pelos encantos da praça onde se encontram, pelos sons e movimentos que a rodeiam, tão diferentes daqueles presentes na floresta. Em um silêncio admirado, ela observa as pessoas que caminham de um lado para o outro, notando o modo simples como se vestem, as diferenças que exibem entre si, diferentes cores de cabelo e pele, olhos claros e escuros, diferentes alturas e larguras. Por um momento, Luna acompanha um grupo de crianças que correm, brincando e rindo. Não há solidão ou silêncio na vila. Não existe a sombra de eternidade, de uma vida sem vida que se estende sempre no mesmo ritmo, sem choques ou mudanças. A vida na vila pulsa com força, com toda intensidade de um momento que sabe que está fadado a acabar.
    O som de algo caindo captura a atenção de Luna, fazendo com que ela dirija o olhar para um grupo de pessoas. Longos e finos pedaços de tecido caíram sobre as mesas de madeira, originando o barulho que capturou a curiosidade de Luna. Com surpresa, ela observa enquanto dois jovens, um rapaz e uma moça, levantam os pedaços de tecido branco e azul até o topo dos postes, amarrando-os ao redor da madeira. Devido à altura a ser percorrida, a tarefa é feita com o auxílio de barras de ferro e uma escada de madeira. A feiticeira sente as mãos coçarem, a magia formigando na pele em um pedido para ajudar, para tornar a tarefa mais fácil.
    - Você me mostra? – rei questiona, conquistando a atenção do olhar escuro. Nas írises azuis, Luna percebe que o soberano notou a vontade que nasceu no coração da jovem feiticeira – Você me mostra a sua magia?
    Luna desentrelaça a mão dos dedos do rei e se afasta, caminhando até uma frondosa árvore plantada entre duas casas, o grosso tronco se erguendo da terra e se dividindo em longos galhos que se esparramam sobre os telhados, cobrindo as casas e derramando sobre o solo as folhas verdes que caem sob o sopro do vento. Ulric apenas observa, intrigado e levemente receoso de ter ofendido a jovem feiticeira. Quando se encontra a poucos passos da árvore e em meio ao tapete verde que a rodeia, ela vira o corpo e olha para o rei, um sorriso nos lábios vermelhos. Luna abre os braços e uma luz esverdeada nasce nas palmas das mãos pálidas, crescendo e seguindo para os braços, envolvendo-os em um firme abraço.
    Todos os presentes interrompem a decoração para o festival e dirigem a atenção para a feiticeira sob a árvore. Ainda sorrindo e sem quebrar o contato visual com o rei, Luna cruza os braços sobre o peito e, como se estivessem acompanhando o movimento, as folhas espalhadas pelos telhados e pelo chão se levantam e permanecem suspensas no ar. A jovem feiticeira se move novamente, os braços abrindo e os pulsos girando e os dedos esticados, o gesto se assemelhando a um chamado que é prontamente atendido pelas folhas. Elas se aproximam de Luna e então, com um movimento das mãos da feiticeira, se espalham pela praça, dançando entre as pessoas, envolvendo-as em um abraço de brisa. As crianças correm em meio ao caos, tentando pegar as folhas, apenas para tê-las escapando de suas mãos no último segundo. Algumas folhas se concentram ao redor do rei. Ulric as observa por um momento, mas logo volta seu olhar para Luna.
    Com passos lentos e decididos, o rei se aproxima da feiticeira, as folhas acompanhando cada centímetro ultrapassado por ele. O soberano para quando não sobra mais nenhuma distância entre ele e Luna, um sorriso se desenhando nos lábios sem cor e as mãos tocando a cintura coberta pelo vestido negro. A feiticeira coloca as mãos sobre os ombros do rei e toda magia para. As folhas caem no chão e as crianças riem, jogando folhas umas nas outras. Os mais velhos observam o rei e a jovem feiticeira, se perguntando quem ela é, se talvez ela seja a futura rainha.
    - Isso foi lindo. – Ulric diz fazendo com que o sorriso nos lábios escarlates aumente.
    Os preparativos e a decoração para o Festival da Lua continuam, agora com a ajuda do rei e da feiticeira. Cadeiras e mesas de madeira são espalhadas pela praça e por todas as ruas da vila com comida e bebidas, as faixas brancas e azuis são amarradas nos postes e quando o anoitecer se faz presente, esparramando a escuridão da noite pela terra, as tochas são acesas e uma fogueira é montada no centro da praça, as chamas se erguendo em direção às estrelas como se estivessem tentando iluminar a própria lua. Por toda vila, música pode ser ouvida e as pessoas nas ruas dançam, conversam e riem. No céu, a lua cheia brilha com mais intensidade, derramando e misturando sua luz com a da fogueira e das tochas.
    Com um sorriso nos lábios sem cor, Ulric observa Luna. A feiticeira está encostada no tronco da árvore, os braços cruzados nas costas e o olhar de ébano assistindo os dançarinos ao redor da fogueira. O rei se aproxima e oferece a mão. O convite é imediatamente aceito e o soberano guia a feiticeira para perto da fogueira. Ainda sorrindo, ele faz uma curta mesura, um pedido para dançar. Uma baixa risada deixa os lábios vermelhos, mas Luna retribui a mesura, aceitando a proposta. Com um braço, Ulric envolve a cintura coberta pelo vestido negro, a outra mão ainda segurando a mão de Luna. A feiticeira apoia a mão livre no ombro do rei e segue os passos que ele propõe.
    A presença do rei e da feiticeira interrompe qualquer outra dança, capturando a atenção de todos presentes. Olhares curiosos acompanham cada movimento feito pelo casal, sorrisos são trocados como um reconhecimento da singularidade da ocasião. Em nenhum dos Festivais da Lua já realizados o rei dançou. Em todos, ele apenas observou, mostrando o contentamento que sentia diante da felicidade daqueles sob sua proteção. Entretanto, nesta noite, ele dança. Ele dança e sorri com genuína felicidade, como se finalmente tivesse encontrado algo pelo qual tivesse passado muito tempo procurando. E pelo que eles podem ver, tal achado é a bela feiticeira, de quem o rei parece incapaz de afastar o olhar.
    O fascínio que Ulric sente por Luna é visível para todos que o observam, mas o que eles também são capazes de ver é o encantamento que existe no olhar da feiticeira sempre que ela olha para o rei. A música continua e o fogo ainda queima. A brilhante lua cheia assiste do ponto mais alto céu e sua luz parece quebrar a hipnose em que a dança de Luna e Ulric mantém os outros dançarinos, libertando-os para voltarem a se entregar à música. A luz das chamas se mistura àquela nascida da lua e é refletida nos olhos de ébano e no olhar azul. Cada passo e cada volta encontram apenas fracasso ao tentarem quebrar o contato visual entre o rei e a feiticeira. Ainda segurando a mão de Luna, Ulric a puxa para perto, soltando-a por um momento para então abraçá-la com os dois braços.
    - Fique. – ele diz surpreendendo e confundindo a feiticeira – Não fuja de mim. – ele continua vendo a compreensão nascer nos olhos escuros – Fique comigo.
    Com as duas mãos, Luna toca o rosto do rei, os dedos se enroscando nos curtos fios negros. Ela se aproxima mais, sentindo a força com que Ulric a abraça aumentar, e assente, o olhar de ébano não deixando os olhos azuis nem por um segundo.
    - Estes lábios estão selados. – ela diz, mas ele pode ouvir a confirmação na voz da feiticeira, pode ver o ‘sim’ nos olhos escuros.
    - Fique. – ele repete sob o comando do coração, encostando a testa na de Luna e apenas sentindo a presença da feiticeira por todo Festival.
    Quando o azul escuro da noite começa a ser pintado pelo magenta do início do amanhecer, o fogo é apagado, marcando o final do Festival da Lua. O rei caminha ao lado da feiticeira durante o percurso de retorno ao castelo, as mãos juntas e um sorriso desenhado nos lábios de ambos. Ulric sente uma profunda leveza dominar o coração, uma calma que nasce da certeza de que Luna não irá desaparecer, de que ele poderá desfrutar da companhia da bela feiticeira por mais tempo. Por todo tempo, se o desejo do rei puder se tornar realidade. Ele ergue a mão da feiticeira, beijando os dedos pálidos e olhando nos olhos escuros. Luna sorri ante o gesto e se aproxima do soberano, beijando-o na face. A feiticeira ri ao perceber o rubor que pinta a face branca de Ulric.
    Eles continuam a caminhar e em meio às enfraquecidas sombras da noite, a entrada lateral do castelo pode ser vista. Eles sobem as escadas e se aproximam da passagem que dá acesso à salão do trono. Entretanto, o que pode visto próximo à porta de madeira faz com que o rei se torne mais alerta e manifeste uma postura defensiva. Ulric aumenta a velocidade de seus passos, se mantendo à frente de Luna, que o acompanha sentindo o peito se tornar pesado com apreensão. Sobre o chão, eles encontram os corpos dos guardas, os peitos rasgados e molhados com sangue. Até mesmo as paredes de pedra exibem marcas vermelhas, pintadas como consequência da força com que os soldados foram atacados.
    Sentindo a raiva correr pelas veias e esquentar o sangue, o rei toca a porta de madeira, as unhas se tornando mais longas e deixando marcas sobre os entalhes. Ulric respira fundo e vira o rosto ao sentir algo tocá-lo no ombro. Ele se depara com o olhar de ébano, cheio de medo e tristeza, e então engole toda raiva e respira fundo, tentando manter a calma. Com um braço, ele afasta Luna da entrada e então empurra a porta, encontrando o salão do trono vazio e silencioso. O rei dá alguns passos em direção ao centro do salão, o olhar atento, assim como a audição, procurando por qualquer sinal ou ruído que possa indicar a presença de um inimigo. Ele também presta atenção à feiticeira que o segue e, por isso, imediatamente percebe quando uma sombra desce do telhado na direção de Luna, empurrando-a contra o chão.
    Um grunhido de dor deixa os lábios vermelhos quando a feiticeira sente as costas baterem contra a superfície de madeira. Ela olha para a sombra que a atacou e o frio reconhecimento faz com que ela paralise por um segundo, os olhos escuros presos no rosto do corvo. O servo da Bruxa da Floresta, entretanto, não se encontra em sua forma natural, de uma imponente e inquietante ave. Embora a cabeça permaneça a de um corvo, o corpo é o de um homem de pele acinzentada, com duas asas negras nascendo dos braços. As unhas, longas e afiadas como garras, arranham e cortam os ombros da feiticeira. Saindo do estupor causado pelo choque, Luna se concentra e consegue dar um choque no corvo, os raios brilhando ao redor das mãos, onde nascem.
    Com o corvo afastado, ela consegue se colocar de pé. Com uma visão ampliada, a feiticeira percebe que há mais do que apenas um corvo no salão do trono. Ela percebe quando um tenta atacá-la pela direita, mas o corvo não tem uma chance de realizar o ataque. Uma negra pata o atinge e o empurra em direção à parede, onde ele bate e cai desacordado. Luna olha para o que a protegeu e vê o grande e negro lobo. Ele abaixa a cabeça como se estivesse tentando dizer que está tudo bem, mas um corvo vem do teto e aterrissa nas costas do lobo, as unhas afundando na carne do rei e o fazendo uivar. A distração dura apenas um segundo e, no momento seguinte, Ulric vira a cabeça e abocanha o braço do corvo, fazendo-o crocitar antes de ser jogando contra a parede. O Rei Lobo se coloca na frente da feiticeira, fazendo de si uma barreira contra os ataques dos corvos.
    Quando o próximo corvo tenta atacar, é atingido por uma flecha, que perfura o tronco e o faz cair. O rei e a feiticeira olham para a entrada do castelo, onde vários soldados se encontram, feridos e cansados, mas determinados a lutar um pouco mais. Como se percebendo que a vantagem foi perdida, os corvos atacam todos de uma vez e o caos se instala dentro do castelo. Com arcos, flechas e espadas, os soldados de Ulric tentam o máximo proteger o rei. Os corvos são fortes e ágeis, conseguindo desviar das flechas, escapar dos golpes e derrubar alguns soldados. O sangue molha o chão e mancha as paredes, tatuando nas pedras e na madeira, as marcas da batalha.
    Vendo-se em desvantagem devido ao tamanho do Rei Lobo, os corvos utilizam sua agilidade para atacá-lo com golpes certeiros de suas garras, cortando a pele e espalhando dor pelo corpo do soberano. Apesar de sentir os músculos tremerem sob o toque da dor, Ulric não para de lutar, cortando os corvos com suas próprias garras e dentes. Ele rasga e empurra os corvos, os olhos dourados procurando por Luna. Eles a encontram cercada por três corvos no canto mais distante do salão.
    Os raios se espalham por todo corpo da feiticeira e, com um movimento das mãos de Luna, se dirigem até os dois corvos, eletrocutando-os e os deixando inertes no chão. O terceiro, aproveitando o ataque da feiticeira, se aproxima e a puxa pela nuca, obrigando-a a inclinar o pescoço para trás. Ela tenta afastá-lo, aumentando a intensidade dos raios que o envolvem, mas ele crocita e resiste, os dedos tocando o laço de fita roxa. Medo faz com que Luna aumente ainda mais a força dos raios. Dessa vez, o corpo do corvo treme por um momento. O suficiente para que ele tenha o tronco envolto pelos dentes do lobo, que o mordem e o puxam para longe da feiticeira. O corpo do corvo é jogado no chão e os olhos dourados do lobo procuram pelo olhar de ébano de Luna.
    - Meu rei! – um dos soldados chama.
    O chamamento faz com que Luna e Ulric olhem ao redor, encontrando os soldados de pé em meio aos corpos dos corvos e de outros soldados. Lágrimas caem dos olhos da feiticeira, molhando a face pálida e os trêmulos lábios vermelhos. O rei abaixa a cabeça e rosna, os olhos fechados e o corpo voltando a ser o de um humano. Os soldados não dizem mais nenhuma palavra, permanecendo em um silêncio pesado com cansaço e dor. Um deles se dirige à passagem que leva ao andar superior.
    - O que aconteceu? – o rei pergunta em um sussurro.
    - Eles vieram da floresta e nos atacaram na ponte. – um dos mais velhos soldados responde – Alguns escaparam e foram pedir reforço para aqueles que estavam dentro e ao redor do castelo. Quando voltamos, eles estavam mortos e o senhor estava sendo atacado.
    - Vão. – Ulric diz – Vão para a vila e se certifiquem que ninguém mais foi atacado. – no fundo, o rei sabe que ele e Luna eram os alvos da bruxa e que as chances da vila estar segura são altas.
    - Mas, meu rei, o senhor... – o soldado tenta protestar.
    - Vão! – o grito cheio de raiva e a determinação nos olhos azuis de Ulric silenciam qualquer tentativa de discordar que os soldados possam ter vontade de fazer. Eles se retiram em silêncio.
    O rei cai de joelhos no chão, a pele branca sendo pintada de vermelho pelo sangue que escapa dos diversos e profundos cortes feitos pelos corvos. Luna se ajoelha ao lado de Ulric e toca o ombro machucado, a mão envolta por uma luz azulada. A suavidade e o calor do toque chamam a atenção do soberano, que vira o rosto para poder olhar o que a feiticeira está fazendo. A luz toca a pele ferida, fechando os cortes e apagando qualquer marca que pudesse ser deixada. Com a mão livre, Luna toca a mão do rei, segurando-a em um toque firme e tranquilizador.
    - Você está machucada. – ele comenta vendo através dos rasgos no vestido negro, os cortes feitos pelo corvo nos ombros pálidos.
    Luna balança a cabeça e afasta a mão de Ulric quando ele tenta tocá-la. Ela olha nos olhos azuis e toca no peito do rei, tentando passar o que quer, mas não pode dizer.
    - Eu sou mais importante? – Ulric pergunta envolvendo a mão que o toca sobre o coração.
    Luna assente e volta a cuidar dos ferimentos do rei. Ele permite, mas não solta a mão da feiticeira. O soberano sente o corpo pesado e cansado. Ele olha para as marcas de morte no salão, para os corpos esparramados pelo chão e sente a garganta fechar com um grito contido. Ulric sente por cada um dos soldados que perdeu a vida o ajudando e protegendo o castelo. E pensar que apenas há algumas poucas horas, ele sentia o coração calmo e feliz.
    A feiticeira vê a dor e a tristeza na face do rei. Ela sente o peso de cada morte, de cada gota de sangue que foi derramada. Luna esparrama a luz pelo tronco do soberano, curando os cortes e aliviando a dor que deve estar presente nos músculos. Aconteceu exatamente como ela imaginava, como ela temia. O amanhecer chegou e, com ele, o fim do sonho. Ela sente o calor do toque de Ulric, ainda a segurando pela mão. Ela não quer perder o calor ou a segurança do toque do rei. Ela quer ficar.
    O soldado que havia se dirigido para o segundo andar do castelo volta com uma túnica negra nas mãos. Ele se aproxima e, com o rosto abaixado, entrega a roupa para o rei. Com um murmuro de agradecimento, Ulric aceita a roupa e, com o auxílio de Luna, a veste. A feiticeira toca o rosto do soberano, vendo o cansaço nos olhos azuis e sentindo o rei relaxar sob o toque. Ulric toca o pulso de Luna e afasta a mão que o toca o suficiente para que possa segurá-la entre seus dedos. Ele vira o rosto na direção do soldado que permanece respeitosamente em silêncio.
    - Permaneça aqui até que os outros retornem. – ele ordena e o soldado assente. O rei, então, volta o olhar para a feiticeira – Venha. – ele pede em um sussurro.
    A fragilidade na voz de Ulric torna o pedido impossível de ser negado. Luna assente e deixa que o rei a guie pela porta e para os andares mais superiores do castelo. O silêncio reina durante o caminho, sendo quebrado apenas pelo som dos passos contra o chão e das portas sendo abertas. Por um momento, a feiticeira sente vontade de questionar para onde o rei os está levando, mas ela não faz nenhuma tentativa de expressar a dúvida que sente. É claro que Ulric não está em condições de responder pelo que faz, sendo levado por simples instinto. E Luna não tem a intenção de deixá-lo sozinho em um momento como esse, em que ele mostra uma fragilidade que não combina com a segurança que esteve presente todo o tempo na postura do rei.
    Eles continuam a subir as escadas e passar pelos corredores até alcançarem um andar diferente dos outros. O corredor leva apenas a uma alta e larga porta dupla, exatamente para onde o rei segue. Luna acompanha o caminhar de Ulric, observando como a luz da manhã entra pelas janelas e ilumina a porta de madeira, destacando os entalhes que a decoram, também distintos daqueles encontrados nas outras portas do castelo. Nessa porta, flores e árvores foram desenhadas formando um belo jardim emoldurado por lianas. No centro do jardim, justamente no ponto onde a porta se divide, um casal foi entalhado, cada um ficando de um lado da divisão, de modo que ambos só estão juntos quando a porta está fechada.
    O rei abre a porta e entra no aposento, a mão ainda segurando a da feiticeira e trazendo-a consigo para o interior do quarto. Assim que Luna passa pela porta, Ulric a fecha. Os olhos de ébano observam ao redor, percebendo a rica e surpreendente simplicidade com que o quarto é decorado. Há apenas uma cama de casal, um guarda-roupa e uma penteadeira. Do lado direito, uma porta dá acesso ao que aparenta ser o banheiro. E a parede oposta a porta é uma imensa janela, que fornece uma bela vista da floresta.
    - Este é o meu quarto. – o rei diz em tom de explicação – Você precisa descansar. E eu também. – ele hesita por um momento, o olhar azul procurando pelos olhos de ébano – Eu só não queria ficar longe de você. – a voz de Ulric é um pouco mais que um sussurro – Não agora.
    A feiticeira assente, entendendo a vontade do rei e sentindo-a em si mesma. Luna se aproxima do soberano, encostando a cabeça no ombro de Ulric, respirando fundo e deixando que o corpo relaxe. A atitude da feiticeira desencadeia uma ação similar no rei, que a envolve com o braço livre e deixa que toda a tensão nos músculos se desfaça e desapareça. Por longos minutos, ambos permanecem parados, apenas respirando. Luna retribui o abraço de Ulric, voltando a sentir a calma e a segurança que a presença do rei proporciona.
    - Vem. – o rei diz dando um passo para trás e guiando a feiticeira até a cama – Vamos descansar.
    Ulric solta a mão de Luna pelo tempo suficiente para que ambos consigam se colocar confortavelmente na cama. Assim que ambos se encontram deitados um de frente para o outro, Ulric volta a segurar a mão da feiticeira. Com a mão livre, Luna toca a face do rei, acariciando suavemente a pele clara e brincando com os curtos fios escuros. Um suspiro escapa por entre os lábios sem cor e o corpo do soberano parece relaxar ainda mais sobre o colchão. A feiticeira sorri vendo as pálpebras se fechando sobre os olhos azuis. Ela se recorda do que o rei falou sobre ela, sobre valer a pena protegê-la. Entretanto, nesse momento, é ele quem precisa de proteção e Luna se sente mais do que disposta a protegê-lo. Abaixando um pouco o rosto, a feiticeira beija a mão entrelaçada a sua.
    Quando Luna volta a olhar para a face do rei, ela se depara com os olhos azuis novamente abertos e atentos. Com a mão livre, Ulric toca a cintura da feiticeira e a puxa para perto, até poder envolvê-la completamente com o braço.
    - Fique. – ele pede mais uma vez.
    A resposta de Luna é se aproximar ainda mais do corpo do rei, deixando que o abraço que se nega a deixá-la se afastar a envolva completamente. A feiticeira respira fundo e fecha os olhos, voltando toda a concentração para apenas sentir a presença de Ulric, o calor dos braços que a rodeiam, a respiração que move o corpo do soberano e o bater do coração que ela pode sentir sob os dedos. Sem nem ao menos perceber, o sono domina a mente da feiticeira e a leva para o mundo dos sonhos.
    Escondida da percepção de Luna, a mente do rei trabalha sem descanso. Ele se recorda da tranquilidade e da felicidade que ele sentiu ao dançar com a feiticeira no Festival da Lua, a sensação de pertencimento que o domina quando ele está como agora, ao lado de Luna, com ela nos braços. Contudo, essas lembranças são desfeitas por outras mais recentes, cheias de dor e sangue. Uma luta que há muito vinha sendo anunciada e que foi finalmente tornada realidade pela presença da feiticeira no território do rei. Ulric se encolhe no colchão, abraçando Luna ainda mais. Ele foi um tolo por não a ouvir, por se recusar a ver o quanto a feiticeira é importante para a Bruxa da Floresta, até que ponto a bruxa está disposta a ir para ter Luna de volta.
    Apoiando o peso em um braço, o rei levanta o tronco e olha para a feiticeira adormecida. Há paz na face de Luna, uma paz que ele lembra de ter visto apenas durante o Festival. Ulric abaixa a cabeça e beija a face pálida. O rei, então, se afasta, levantando da cama com cuidado para não acordar a bela feiticeira. Uma vez de pé, o soberano tira a túnica e procura por vestes mais confortáveis, escolhendo uma camisa de manga comprida, calça e botas. Quando termina de se arrumar, Ulric volta o olhar azul para a cama, observando o subir e descer do tronco que mostra a maneira tranquila que Luna respira. O rei inspira profundamente e expira devagar tentando acalmar o coração.
    Ele caminha até a porta, abrindo-a e sentindo vontade de olhar mais uma vez para a feiticeira, de esquecer tudo e apenas retornar para a cama, mas o rei aumenta a força com que segura a porta, fortificando a própria decisão, e sai do quarto sem olhar para trás. Com passos firmes, Ulric desce as escadas que levam ao salão do trono. A cada centímetro ultrapassado, o soberano tenta manter o controle sobre a própria mente, deixando-a livre de lembranças e pensamentos. O olhar azul permanece concentrado no caminho à frente, muito mais longo do que apenas alguns andares do castelo.
    Quando a porta para o salão do trono é aberta, Ulric se depara com seus soldados reunidos e empenhados em cuidar dos corpos daqueles que caíram durante a luta. O mais velho dos soldados, ao perceber a presença do soberano, se aproxima, notando a estranha aura que parece envolver o rei.
    - Meu senhor, a vila está segura. – ele reporta – Não houve ataque de corvos contra a população.
    Ulric assente, aceitando as informações, reconhecendo nelas exatamente o que ele esperava. Ele e Luna eram os alvos da Bruxa da Floresta, ninguém mais. Ele olha ao redor, vendo os corpos dos soldados mortos sendo removidos pelos companheiros ainda vivos, e respira fundo. Os soldados foram o dano colateral de uma luta que deveria envolver apenas ele, Luna e a bruxa.
    - Garanta que as famílias sejam avisadas e que eles recebam as honras adequadas. – Ulric diz ao veterano soldado.
    - É claro, meu rei. – o soldado responde fazendo uma mesura e notando o vazio existente da voz do rei, sem emoções ou inflexões, os olhos azuis ainda observando a retirada dos mortos – E os corpos dos corvos?
    - Jogue do precipício. – o rei responde sem hesitar.
    Dando a conversa por encerrada, o rei volta a caminhar, seguindo para a saída do castelo e dispensando os chamados preocupados e as ofertas de escolta dos soldados. Ele passa pelas portas entreabertas e continua até a ponte, parando por um momento e se aproximando da lateral do caminho e olhando para baixo. Ele pode ver um pouco da água que corre lá embaixo, pode ouvir o barulho da correnteza, a força da natureza. Ulric fecha os olhos por um momento e então se força a voltar a andar.
    O rei entra na trilha da floresta e percebe as sombras dançando sobre a terra e se espalhando sobre os troncos das árvores. Ele olha para o céu e vê o sol sendo escondido por nuvens cinzentas. O vento sopra, frio e úmido, com cheiro de chuva. Não irá demorar para que a água comece a cair, mas ele não pode voltar, ele não pode mais postergar ou fingir. Se ele fizer, haverá mais dor e sangue. A bruxa irá vir, trazendo os corvos e o desejo de ter a criança da lua de volta. Ele não entende por que uma bruxa poderosa como a Bruxa da Floresta precisa de uma feiticeira como Luna, mas não importa. A presença ou a ausência desse conhecimento não irá mudar a decisão que ele tomou, as ações que irá tomar.
    O olhar azul volta a ser focado no caminho e os passos do rei ecoam na floresta silenciosa. A grama é amassada sob as botas e as copas das árvores balançam sob a força da brisa. Ulric continua a caminhar, tentando bloquear as lembranças da última vez que esteve nessa trilha, levando Luna para o castelo. Talvez ele tenha cometido um erro ao deixar que o encanto que sentiu ao ver a feiticeira, perdida e ferida, o controlasse e o fizesse levá-la para casa. O pensamento faz o peito do rei doer. Luna não foi um erro, conhecê-la foi encontrar algo inominável, mas que ele esteve procurando a vida inteira.
    A trilha se abre em uma ampla clareira, a mesma em que ele encontrou a feiticeira. Olhando distraidamente ao redor, Ulric se aproxima do lago onde Luna estava parada naquela noite. O rei ajoelha na margem e toca o próprio reflexo, sentindo a água fria sob os dedos. Memórias que ele forçou ao esquecimento retornam à consciência, fazendo a mão tremer e causando ondas na água. Ele recorda da dor causada pelas correntes e pelos feitiços da bruxa. Ele relembra as ameaças, os abusos, a tortura, o ego ferido da Bruxa da Floresta. Antigos desrespeitos vingados contra quem não era nascido quando eles foram feitos. Ela mostrou a verdadeira face para ele, nas terras dele, longe de Luna.
    Luna. A feiticeira também é uma vítima da bruxa, presa por uma corrente de seda ao redor do pescoço. Uma voz calada, uma tortura constante. Ela tentou escapar e o encontrou, descobriu um refúgio no castelo que ele governa. E ele a encontrou. Uma presença capaz de oferecer tranquilidade e segurança para ele, que consegue fazê-lo sorrir sem que ele tenha consciência. Uma presença que o coração implora para não perder. Ulric fecha os olhos e engole todo caos que o desestabiliza, que o faz querer retornar para o castelo e se esconder novamente na ilusão de que a bruxa é apenas uma ameaça, palavras que prometem e não cumprem, e não uma realidade a ser enfrentada. O toque frio da fina garoa traz o rei de volta à realidade.
    Os olhos azuis se abrem e o soberano se levanta, seguindo o caminho para o coração da floresta. A garoa o acompanha, se tornando mais densa e mais fria a cada passo dado pelo rei. A roupa fina é incapaz de proteger Ulric, se tornando pesada e grudando no corpo trêmulo. Tentando com todas as forças afastar qualquer tentativa de hesitação, o rei continua sem parar para descansar ou pensar. Embora forçadamente vazia, a mente do soberano é capaz de perceber as marcas que começam a aparecer nas árvores que o cercam, os entalhes que marcam o território dominado pela bruxa que assombra o Reino do Norte.
    Mais alguns metros são ultrapassados e os olhos azuis distinguem o contorno de uma cabana escondida em meio às árvores, guardada por um grande e antigo carvalho branco. O rei vê que há um balanço em um dos galhos da árvore. O som de algo se arrastando na grama captura a atenção de Ulric e, em um segundo, o rei se encontra de joelhos no chão, quentes correntes envolvendo e queimando os tornozelos e os pulsos do soberano. Outro som, mais suave, como o arrastar de uma capa, faz Ulric olhar em direção à casa e se deparar com a Bruxa da Floresta.
    O longo vestido roxo acaricia a grama a cada passo dado pela bruxa. A pele, pálida como a neve e marcada com as suaves linhas do tempo, é molhada pela garoa, assim como o comprido e ondulado cabelo negro. Brilhantes olhos verdes observam o rei com claro divertimento e os lábios finos e vermelhos estão esticados em um sorriso satisfeito. A bruxa se aproxima de maneira lenta, como um predador que rodeia a presa com cautela, esperando o momento perfeito para dar o bote.
    - No coração da floresta ela vive. E a sua chegada ela irá ver. – o rei diz com a voz trêmula pelo frio e pela dor, o olhar azul preso na face da bruxa – Palavras de meu pai.
    - Um tolo rei. – ela comenta com desdém, abaixando o tronco e tocando a face de Ulric – Um rei que não soube respeitar aqueles que realmente possuem poder – as longas e negras unhas arranham a face branca, deixando marcas vermelhas na pele molhada – E você, jovem rei? Que espécie de tolice espera alcançar entrando em meu território sem a minha permissão?
    - Os seus corvos estão mortos. Coloque um fim às suas ameaças e não lance mais nenhum ataque às minhas terras. – Ulric responde com firmeza na voz e no olhar. A única reação que ele consegue da bruxa é o riso.
    - E onde está a diversão nisso, meu doce rei? – a força das unhas aumenta, rasgando a pele e fazendo o sangue escorrer pelas bochechas do rei, molhando os dedos da bruxa – Ainda mais que, para além das afrontas da sua família, você tem algo que me pertence.
    - Luna não é sua. – Ulric afirma, a raiva se fazendo presente na voz.
    A risada da bruxa ecoa na floresta como um trovão que anuncia uma tempestade.
    - Então a quem ela pertence, jovem rei? A você?
    - A ninguém. – ele responde afastando o rosto e conseguindo se afastar do toque da bruxa – Por que você a quer tanto? O que ela significa para você?
    - Tanta inocência! – a bruxa toca o cabelo negro de Ulric, segurando os fios e os puxando, obrigando o rei a inclinar o pescoço para trás – Crianças da Lua e da Floresta são fonte de magia para aqueles que sabem como usá-las. O poder delas se torna nosso e nós nos tornamos ainda mais poderosos. – ela empurra a cabeça do rei e o solta. Ela endireita a postura, o olhar verde observando atentamente a face ferida do soberano ajoelhado – Diga-me o que você realmente deseja, meu querido rei.
    Ulric abre a boca com a intenção de responder, mas um feitiço de gelo congela os lábios do rei. A bruxa toca os lábios azulados com um toque suave, falsamente carinhoso.
    - E não se atreva a mentir para mim dizendo que deseja a segurança das suas terras. – a bruxa diz, os olhos verdes presos ao olhar azul do soberano – Por anos, você permaneceu em silêncio, longe dos meus domínios. Mesmo depois que eu o procurei e mostrei a extensão do meu poder. Então, jovem rei, me entretenha e me diga o que realmente o traz aqui. O que o incentivou a me procurar? O que é que o seu coração deseja? – o toque da bruxa se torna quente, queimando os lábios antes congelados.
    Por longos segundos, Ulric permanece em silêncio, os olhos azuis hipnotizados pelo brilho de divertimento presente no verde olhar da Bruxa da Floresta. O rei sente o coração bater desesperado no peito e a mente não consegue pensar em nada além da feiticeira que ele deixou adormecida no castelo.
    - Liberte Luna. – ele responde em um sussurro quebrado – Liberte-a do seu controle e do que feitiço que colocou nela. Faça isso e nos deixe em paz.
    - Então esse é o seu desejo, jovem rei? – os lábios vermelhos e molhados da bruxa se esticam em um largo sorriso – Mas você deve saber que o feitiço que há em Luna não pode ser quebrado, apenas transferido. – o brilho nos olhos verdes se torna mais intenso ao perceber a compreensão nascer nos olhar azul – Diga-me para quem você quer passar o feitiço de Luna e eu o farei. Eu darei Luna a liberdade que você deseja para ela e a paz que você pede para si e para as suas terras. Ver você agonizar por causa das consequências da sua escolha será minha nova diversão. – as unhas afiadas cortam a boca queimada – Diga-me, Rei Lobo, quem você deseja amaldiçoar?
    A garoa já é uma tempestade quando Luna desperta. No primeiro momento, a feiticeira se sente confusa, não reconhecendo o quarto em que se encontra. Entretanto, logo as lembranças afastam a névoa remanescente do sono e ela olha ao redor, procurando pelo rei. Não o encontrando e sentindo o medo esmagar o coração em um insuportável abraço, a feiticeira deixa o quarto e segue pelas escadas até o salão do trono. Ao ver a porta que guarda a passagem para o objetivo desejado, Luna quase corre na pressa de achar Ulric como na manhã interior, de pé em frente ao trono, são e salvo.
    Ao abrir a porta, Luna encontra o rei sentado no trono, completamente sozinho. O som da tempestade ecoa pelo salão e o vento penetra pela janela, espalhando o congelante toque da natureza. Por um momento, a feiticeira permanece paralisada contra a porta aberta, apenas observando o soberano. O corpo de Ulric está completamente largado no trono e há algo o rodeando, algo frio e inesperado. Com passos lentos e o coração batendo com toda força, Luna se aproxima do rei e toca a mão que se encontra apoiada contra um dos braços do trono.
    O toque captura a atenção de Ulric, que levanta o olhar azul e oferece um fraco sorriso à feiticeira. Luna não sente alívio ao ver o rei sorrir, pelo contrário, o doloroso toque do medo aumenta a força com que envolve o coração da feiticeira. Os dedos pálidos tocam o pulso queimado do rei por um momento, subindo o toque suave para a face machucada, os olhos de ébano analisando cada machucado que há no rosto jovem, os cortes das bochechas, as queimaduras na boca. O olhar escuro também nota como o cabelo negro está molhado e bagunçado e os olhos azuis estão dominados pelas sombras da dor e do cansaço.
    Há uma óbvia pergunta nos olhos de ébano e Ulric a percebe, consegue lê-la com toda clareza. O rei ergue a mão, tocando a face da bela feiticeira e a puxando para perto, fazendo com que Luna se ajoelhe diante do trono. O soberano ergue o tronco, superando o desconforto causado pelas roupas ainda molhadas e se aproximando da feiticeira. O toque do rei acaricia a bochecha pálida, a linha da mandíbula tensa e para sobre o laço que mantém a fita roxa ao redor do pescoço de Luna. Ainda sorrindo e olhando nos olhos escuros, Ulric pega uma das pontas do laço entre dois dedos e a puxa. Sentindo o movimento, Luna se afasta bruscamente.
    - Não! – ela grita e então para, confusa por ter conseguido falar e por ver a fita a mão do rei – O quê? Como...? – olhando para Ulric e tentando entender, Luna percebe um detalhe que a presença dos ferimentos na face do soberano a impediu de ver antes.
    Há uma fita vermelha amarrada ao redor do pescoço de Ulric.
    O rei sorri e responde a pergunta incompleta:
    - Estes lábios estão selados.
  • ESTRELAS

    Não pode, não há como você enfrentar tantos sozinhos, por favor – chorando. Não, não vá, não me deixe. Era necessário, para salvar a todos eu precisava usar o portal, só que minha magia estava no fim, e o que sobrou só daria para levá-las, eu teria que ficar para trás, sozinho, e com o exército se extendendo por todo o horizonte.
                É preciso, Estella, se eu não fizer todos morrerão, entenda, eu... é o único jeito, precisava acabar logo com isso ou iria fazer a escolha que queria, era a errada, porém, a que ele queria. Sou como uma estrela, estela: Quando uma estrela morre seu brilho ainda pode ser visto. – E o que isso tem, disse chorando. Apenas a olhei e meu coração se encheu de tristeza, sorri e disse que ela entenderia. A vanguarda inimiga já podia ser avistada precisava me apressar, comecei o encantamento e logo o portal se abriu, enviei-os à capital onde estariam em segurança, logo que sumiram me virei ao horizonte e para o mar de mostros que se aproximava de mim trazidos pelas ondas da destruição, respirei fundo, fechei os olhos e me preparei para a luta, sabia eu que não sairia com vida e mais uma vez a tristeza me abraçou, a última vez que a verei, pensei enquanto corria para a batalha.
                Quando cheguei ela estava sentada na mureta do castelo observando o por do sol e assim que semicerrou os olhos em minha direção deu um pulo de lá e veio correndo se jogando em mim, caimos e rolamos pela grama, ela soluçava e me abraçava enquanto dizia ainda bem, ainda bem, ainda bem. Deitei em seu colo e ao tocar seu lindo rosto de porcelana uma luz saiu de minha mão, estava sem tempo, pois o perdi na caminhada, ela não a percebeu, alisei a porcelana avermelhada que virou sua bochecha e sorri, a última vez, pensei.
                Você voltou, conseguiu, estou tão feliz, ele deitado em seu colo disse: lembra do que eu falei? Que mesmo depois que uma estrela morre, seu brilho ainda pode ser visto?.
    Após estas palavras ela compreendeu, ele já estava morto., deitado em seu colo jurou seu amor e disse que sempre a amou e sempre a amaria, enquanto o sol ia se pondo ele ia junto do astro, ela não conseguia conter a emoção e as lagrimas foram jorando de seu pranto, rolando pelo seu rosto. – Adeus, disse ele, adeus minha querida Estella, a melancolia em sua voz embargada. a lágrima saiu dos olhos de Estella e caiu no canto de seu olho e parecia que ele havia chorado, o sorriso bobo em seu rosto, bobo que ela amou a primeira vez que viu, e agora seria a última, quando o último raio de sol foi-se ele foi reivindicado para os céus, a minha estrela, pensou Estella chorando, o sol se foi e o levou assim como seu brilho. A lua subia alto no panorama celeste junto das suas luminosas, ela passou a noite toda procurando a sua estrela.
  • Final de Ano

    Ah... Sexta feira, ultimo dia de aula do ano, Tainá estava encostada no banco, ouvindo música e sua irmã mais nova estava embaixo de seu braço, a envolvendo enquanto se embalava em um sono depois de se estressar num dia de prova. O trem estava bem iluminado, estava arejado e havia, curiosamente, poucas pessoas naquele dia, um rapaz de terno, uma senhora meio corcunda e um casal que se amava em beijos, amassos e carinhos no canto do vagão.
    A música embalava o sono, ela encarava a paisagem de um sol poente, que deixava seus últimos rastros marcados em nuvens de uma cor forte de purpura e vermelho, o escuro já se impusera predominante nas silhuetas da cidade e os primeiros postes se acendiam nas ruas e esquinas.
    Os olhos pesavam, não se importava muito, não teria mais provas ou tarefas para fazer, se passassem do ponto poderiam ligar para o pai ir buscá-las, que as receberia com algum sermão e diria, todo cheio de ansiedade e animação, os planos da viagem que fariam para a Europa e então esqueceria o ocorrido.
    Ah... O continente dos deuses. Visitariam os castelos em que cavaleiros lutaram, visitariam mosteiros em que monges rezaram, monumentos à santos e àqueles mais santos ainda, aqueles amados por poetas e artistas de todas as laias, visitariam o local em que Romeu, supostamente, se declarou à Julieta. Seria mágico.
    Tainá e sua irmãzinha Rebecca dormiam ali, juntas, com suas bolsas. Seus uniformes eram brancos. Graças ao tempo mais frio trazido pelas chuvas de final de ano, ambas usavam uma saia mais longa e um puloverzinho azul com o emblema da escola em que estudavam, a saia também era azul escuro como as águas de um lago profundo.
    Os balanços do trem eram como o balançar de um colo de mãe, a música se tornou calma, serena, preguiçosa... Parece ter passado algum tempo quando ela finalmente notou que o trem não andava mais, ela abriu os olhos e estava tudo escuro, como se as tivessem esquecido lá dentro. Tainá pegou a bolsa com uma das mãos e, com isso, sua irmã mais nova se levantou e criticou a irmã; “O papai não vai ficar feliz.” Disse manhosa a pequena Rebecca; “Não se preocupa, o papai vai falar, mas você conhece o papai, ele é de boa. Só precisamos ligar pra ele e ele vem pegar a gente...”
    Rebecca colocou sua mochila nas costas e segurando ambas as alças com os polegares forçando-as para frente olhou pela janela e ficou encarando um lugar lotado de trens velhos, quebrados, enferrujados de modelos distintos e a maioria coberta com o verde de trepadeiras que faziam contraste com o vermelho-alaranjado da ferrugem que se mostrava clara à luz do luar.
    “Droga, o celular esta sem sinal.” Tainá estava levemente irritada e começando a se preocupar, mas quando ela viu definitivamente onde estavam ela arregalou os olhos e quase entrou em uma crise de nervosismo mudo e tenso, era como se os pelos de sua nuca se eriçassem.
    “Rebecca, onde a gente esta?” A irmã mais velha se apoiava no banco com seu joelho esquerdo ao lado da Rebecca que estava olhando cuidadosamente o ambiente estranho ao redor delas com a cabeça para fora da janela. “E eu vou saber?” Arguiu a mocinha com seu jeitinho de moleca.
    Tainá puxou o cabelo para traz arrumando-o no arco, seus cabelos, assim como da irmã, eram curtos e de um castanho com certa clareza, combinando com suas peles queimadas por um sol que nunca se pôde ver, os olhos da irmã mais velha eram cor de mel, os da irmã, da cor do ônix, a mais velha tinha uma pintinha sobre a boca e a mais nova tinha as adoradas covinhas do lado esquerdo do rosto.
    As duas saíram quando a irmã mais velha decidiu tomar atitude e achar um orelhão ou alguém. Quando desceram para o chão encontraram barro e mato rasteiro crescendo, os trilhos se afundavam em um brejo e ambas se perguntavam: “Como diabos esse trem veio parar aqui?”
    Decidiram caminhar em direção contraria a qual o trem delas apontava, ele era o único que não estava coberto de mato, alias. Caminhavam em um silencio que combinaram manter com a tensão que pairava no ar.
    Acima delas a lua brilhava, havia poucas nuvens no céu, as únicas que surgiam eram pequenas e finas, mal atrapalhavam a luz da lua cheia quando, eventualmente, passavam diante dela. Já haviam deixado o trem à alguns metros e conseguiram seguir caminho, o brejo parecia secar na direção que iam, o celular de Tainá estava com 50% de bateria, sem sinal e a vozinha na cabeça dela clamava para ela desliga-lo para economizar energia, mas recusou-se ao pedido pois acreditava que poderia receber a ligação de seu pai... Ela notou algo, o celular não saia das 00:00 horas, elas não podiam ter dormido tanto, e o celular devia estar com algum problema.
    Rebecca se apoiava em um trem, para andar, mesmo secando, o solo ainda era traiçoeiro, quando um dos velhos trens acabou, havia um vão e logo começava outro, ela colocou a mão sobre ele e a ferrugem deste em especial aprecia diferente, ela estranhou e como qualquer criança curiosa de 10 anos, ela desacelerou e deu alguns soquinhos na lataria, diferente do esperado, que seria um som de oquidão, a lataria fez um som de como se estivesse cheia, Tainá se virou, nervosa com aquela situação e com a demora da irmãzinha; “Vamos logo Rebecca!” disse ela quebrando o contrato com a tensão no ar, com uma voz alta e irritadiça além de ter batido ambas as mãos, sendo que uma delas carregava o celular, nas coxas.
    Rebecca ficou surpresa com a reação nervosa da irmã, mesmo naquela situação a pequena se mantinha calma, era como uma aventura, um pouco desconfortável, de infância. Ela ia dizer que já estava indo, mas sentiu naquela lataria um vibrar, foi mais como uma onda, começou na ponta do trem e foi-se balançando como tal até o seu final que fazia uma curva entre um trem e outro, pareceu como se fosse um gato que se balançou. Aquilo fizera um barulho imenso. Ambas olharam para o “final” do trem e logo depois se encararam boquiabertas, logo, ao lado de Rebecca os faróis se ligam e um rangido de ferrugem se movendo tomou o ar quando a cabine do trem se levantava e se contorcia como se fosse uma lagarta gigante.
    “Becca! Corre!” Gritou Tainá fazendo aquela abominação virar-se para elas e ilumina-las com os faróis, Tainá ficou parada esticando a mão para a pequena e balançando as pontas dos dedos como se aquilo fosse apreça-la e ajudar a pequena ir mais rápido. Quando finalmente juntaram as mãos o autômato, ou seja lá o que era aquilo, já se arrumara para ir atrás delas. Tainá puxava a irmã que ia tropeçando atrás dela.
    Continuamente a irmã seguia a frente, de quando em quando olhando para trás para descobrir que a criatura se encaixara em trilhos e seguia em direção delas com um som de maquina funcionando a todo vapor, com o som de motores implorando para que diminua a rotação, aquele grito grosso de engrenagens sofrendo... Mais três segundos ela olhou novamente para os faróis, a irmã estava ofegante e a criatura apitou a ponto de assusta-la, a besta aumentou sua velocidade, o motor parecia um grito, um rugido de dor, ódio e desprezo. A criatura ia em direção a elas, Tainá pegou a irmã no colo e se jogou contra o chão, já bem seco, ao seu lado, fazendo a criatura passar por elas com tudo, deixando um sopro de vento que levantou suas saias e bagunçou seus cabelos, Tainá tampava os olhos de sua irmã e sentia os fios de cabelo dela se chicotearem contra sua mão da mesma forma que o seu próprio cabelo fazia contra seu rosto, seus olhos cerrados com força via, por entre as pálpebras a luz que passava por entre os vagões vindos da lua. O trem se chocou contra um outro trem parado a muitos anos ali.
    Tainá segurava, ofegante, a cabeça da irmã contra seu peito, dos destroços do destruído trem surge a cabeça da criatura que as procura, as encontra jogadas ao chão e se alinha nas bitolas de ferro em que elas estão e se apronta para uma nova investida. Tainá se levanta sentindo um pulsante ardor nos joelhos, pois os raspara quando caíra; tomou a irmãzinha no colo e saiu correndo em sentindo transversal aos trilhos, passando por entre trens há muito falecidos, deixando a besta para traz apitando alto e se rebatendo contra os outros trens usando a sua cabine como maça para abrir caminho, tudo em vão, o som da besta ficara para traz e aparentemente a criatura desistira e desligara, quando perceberam deram uma parada, respiraram fundo e Rebecca reclamou: “Eu perdi minha sapatilha...” Tainá notou que um de seus pezinhos estava só com a meia marrom, outrora branca.
    Tainá arrumou o cabelo da irmã, enquanto seu peito se movia com grande intensidade, tentando recuperar o folego, então ela arrumou sua tiara. Ela teve que retirar algumas coisas da bolsa da irmã e coloca-las na sua, jogando a bolsa rosa da pequenina fora e colocando a irmã nas costas e nas costas da irmã mais nova colocou sua bolsa.
    Andaram por entre mais algumas ferragens e encontraram uma estação, de tijolos marrons e lisos, ainda com alguma tinta presas a eles, e pilares de madeira se ligando à um teto sem grande parte das telhas com alguns lustres sem lâmpada, sem contar a incrível quantidade de mato que crescia em volta daquele lugar.
    Tainá já estava sentindo o peso da irmã, ela a colocou no chão de piso de ladrilhos sujos e quebrados, para poder dar uma alongada nas costas. Andou para a saída da estação, outrora simples, pequena e bonita, para ver que estava em cima de um morro, e abaixo, em um vale, uma estrada cheia, lotada de lanternas, ou tochas, que andavam em direção à um outro morro e sumia; a aparente passeata seguia para além daquele monte.
    “Rebecca! Venha ver!” Tainá disse isso sem tirar os olhos daquela visão no meio da noite de céu limpo e de lua cheia. A jovem moça estava ainda boquiaberta com aquele lugar extremamente belo e poético.
    “... Que foi?”... “Wow!” Rebecca estava na mesma situação da irmã.
    A irmã mais velha fechou os olhos, respirou fundo, sentiu seus pulmões se expandindo e expirou, sorrindo, aquele ar fresco da noite e aquela brisa pareciam toma-la para dançar, por um momento ela sentiu ser puxada e então sentiu sua mão ser segurada... Era sua irmã.
    “Tati, acho melhor a gente ir andando. O papai pode estar preocupado.” Tainá concordou com a cabeça e logo tomou a irmãzinha no colo, arrumou-se até encontrar um jeito agradável e seguiu uma escadaria de cimento velho até encontrar uma estrada de pedra e terra que seguia por entre altas arvores que, mesmo exuberantes, deixavam as luzes do céu noturno penetrar para iluminar o caminho.
    Estavam bem próximas, já escutavam conversas e já viam as luzes da passeata, Rebecca andava ao lado da irmã, as pedras que cobriam o caminho não eram ruins de caminhar então não houve grande problema.
    Tainá segurou o passo da irmã e, sem demora, se abaixou, ficou agachada por certo tempo e observando as pessoas que por ali passavam. Por alguns segundos a irmã mais nova ficou pigarreando de por que diabos elas pararam e Tainá ficava fazendo “Shhhh!” até uma terceira vez que ao invés de fazê-lo apenas tapou a boca da irmã e virou seu rostinho para ela ver a passeata.
    Todos vestiam roupas parecidas, um roupão, metade era colorida a outra metade branca, carregavam lanternas e de quando aparecia alguns usando roupas normais. Mas isso não era o incomum, não havia nenhum ser humano ali, existiam criaturas com a cabeça de peixe, pessoas meio gato, criaturas feitas de pedra, bichos todos pretos, outros tão branquinhos que chegavam a brilhar, viram uma mariposa gigante, super bem vestida e recebendo vários elogios, viram um homem boi, tão grande que ocupou metade da estrada.
    Enfim, existiam os mais diversos tipos de seres, alguns bonitos, outros assustadores e a maioria extremamente diferente.
    Elas estavam prestes a voltar para trás e quando deram meia volta e se encontraram com uma família de pessoas peixe, o pai carregava a lanterna e o filho carregava outra, ao colo da mãe um bebê e de mãos dadas ao irmão mais velho uma jovem peixinha. As duas se assustaram e não sabiam o que fazer, ficaram indefesas e sem reação.
    “Ora pois! Veja só Adelaide, humanos!” Resmungou o peixe pai com um bigode que balançava junto a sua voz surpresa e alegre. “Não sabia que ainda veria um.”
    Ele deu a mão em sinal de amizade ajudou-as a levantar.
    “Vocês são mudas?”
    “Ah? AH! Não, só estamos... Bem, ah... Confusas.” Finalmente completou Tainá, com um sorriso no rosto, aquele bem forçado ao estilo de fotografia de criança.
    “Hahahaha!” Riu alto o homem peixe acompanhado de sua família. “Tudo bem, não precisa ficar assustada. Filho, dê sua lanterna para as moças.”
    “Mas pai, o senhor prometeu que este ano eu poderia carregar uma.”
    “Chegando na cidade eu lhe arranjo outra garoto, não se preocupe.”
    O garoto claramente insatisfeito fez o que seu pai lhe pediu e entregou às moças a lanterna. Tainá quis negar o favor mas o velho peixe explicou que não se podia participar da passeata sem uma lanterna, enquanto explicava arrastou-as para junto à passeata e muitos olhos as seguiram, curiosos, mas só ficaram nisso.
    No meio do caminho o peixe, aparentemente encontrou um amigo, atrasando-se e fazendo com que a fila as empurrasse para longe de seu guia. Rebecca estava nas costas da irmã e, além da bolsa, carregava a lanterna. Depois de certos minutos caminhando Tainá desistiu.
    “Estou morrendo!” Estava ofegante e acariciava suas cochas enquanto se sentava em um tronco que estava tombado em uma via que saia do caminho principal da passeata; sua irmãzinha estava gostando daquilo tudo, mas Tainá ainda estava muito suspeita com tudo isso.
    “Quê?” Respondeu Rebecca em frente a ela, enquanto a fila caminhava.
    “Eu disse que estou cansada!” Falou mais alto para a menininha devido ao grande barulho das conversas da passeata. Todos estavam felizes, riam, não havia tristeza, tensão ou qualquer coisa do gênero no ar, era algo... Puramente feliz.
    Um homem touro parou diante delas e fez um casal de algo, que parecia ser uma humana com um bicho preto e cabeçudo, passarem contornando-o, mas não podia ser. Aquele boi enorme ficou encarando elas por um tempo, Tainá o olhou e sorriu com um cenho fechado puramente por educação. Ele sorriu de volta e se aproximou abaixando a cabeça para não bater os chifres nas arvores relativamente baixas.
    “O que fazem paradas aqui? A passeata não chegou ao final.” Disse ele com uma voz muito grave a amigável, algo como a voz de um velho gentil.
    “Eu estou cansada de carregar a minha irmã, tipo, está muito pesado carregar ela e a bolsa.”
    “Ah! Então é só isso...”
    O touro se aproximou e abriu os braços para Rebecca e disse: “Upa?”
    Rebecca sorriu de volta. “Eba!”
    E foi em direção ao boi que a pegou no colo, saiu do meio das arvores e colocou-a em seu ombro largo e espaçoso.
    “Parece um colchão!” Disse Rebecca se arrumando lá em cima.
    Aquilo foi tão rápido que Tainá não conseguiu fazer nenhuma objeção. A criatura gesticulou com a mão uma primeira vez, ela ainda estava confusa demais, gesticulou uma segunda vez e disse:
    “Vem aqui, tem espaço para você também.”
    Bem, Tainá já estava ali, sem saber onde era ali e nem como, ao certo, foram parar ali. Ela se levantou do tronco, colocou a bolsa nas costas e segurando a lanterna, deu alguns passos e o homem touro lhe deu uma mão com um sorriso que lhe escondeu os olhos pequenos com as bochechas.
    Ela segurou sua mão e ele a puxou gentilmente fazendo-a se apoiar em seu antebraço e a ergueu até a altura de suas costas curvadas e musculosas, ela deu um gritinho que fez Rebecca e o grandalhão rir dela. Tainá se aprontou ao lado da irmã e logo o touro andava junto à passeata carregando-as nas costas e sua grande lanterna em mãos. As duas irmãs estavam com a barriga para baixo nas costas do touro e elas conversaram com ele durante todo o passeio.
    Depois de uns vinte minutos andando elas tiveram que se segurar no roupão dele devido à uma rampa que subia por um morro e quando eles chegaram em cima Rupert, o touro, disse:
    “Vejam moças, a cidade Rio-quebrado!”
    Elas se levantaram e ficaram boquiabertas com um sorriso fofo no rosto enquanto admiravam o lugar, havia uma gigantesca cidade que acompanhava um rio, este fazia uma curva no que parecia ser o centro da cidade, por isso o nome Rio-quebrado. O largo rio vinha de muito longe, à direita deles, e descia até alcançar o mar que refletia lindamente a lua, deixando suas águas, de um azul escuro, prateadas.
    Rupert logo tomou a esquerda e foram descendo uma rampa que fazia zigue-zague no morro que, deste lado, era muito mais íngreme, enquanto iam descendo Rebecca ria com algum comentário inocente de Rupert, e Tainá, ainda maravilhada, se esticava mais, tentando ver a cidade colorida por entre as arvores, ela estava de joelhos quando quase caiu e Rupert a segurou.
    “Calma lá menina curiosa, logo chegaremos à cidade e vocês poderão ver toda ela. “
    A decida foi rápida e logo se encontraram em uma estrada cercada de campos de trigo que balançavam com a brisa da noite e farfalhavam com um som que arrepiava as costas e os braços, a passeata passava por entre os campos azuis claros que, quando de dia, ficam dourados como o Sol; Rupert, a pequena Becca e a irmã mais velha conversaram a viagem toda e os prédios altos da cidade se mostravam proeminentes e chamavam a atenção enquanto brilhavam com luzinhas, enquanto, de suas janelas, fluíam bandeiras de mil e uma cores com desenhos e palavras, enquanto fogos de artifício coloriam o ar e faziam barulho uns bons segundos depois de a sua luz já ter chegado até eles e os maravilhado. Tainá estava como sua irmã, mais feliz do que preocupada, tudo aquilo parecia muito mágico e divertido.
    Logo estavam diante de um portal de madeira vermelha, uma praça semicircular muito grande estava movimentada, havia flamulas e as casas estavam com as janelas abertas, luzes e aromas deliciosos saiam de todos os lugares, haviam vendinhas cá e acolá.
    “Pronto, cá estamos moças!” Rupert tomou uma de cada vez e as colocou no chão. “Agora eu vou ir para o templo do Boi-velho, coisa minha sabe. Até mais, mais tarde a gente se vê.”
    “Espera! O que a gente pode fazer aqui? Digo, a gente não tem dinheiro nem nada.”
    “Ah! Nesse caso procurem as bruxas, elas sabem mexer com vocês, humanos.”
    “E onde elas estão?” Quase gritando para Rupert que se afastava no meio da multidão.
    “Não sei!” Gritou ele de volta. “Boa sorte!”
    Então não se podia ver nem seus chifres. Tainá olhou para Rebecca e sorria um pouco preocupada, ela devolveu o sorriso e tomou-a nas costas, foram, então, caminhando em direção à uma lojinha. Era uma barraquinha cheia de enfeites e um homem polvo estava cozinhando algo em espetinhos.
    “Olha o espetinho de narcejo. O melhor desde Rio-quebrado até Montanha-oca!”
    “Com licença senhor!”
    “Ah! Então mocinha. Quantos irá querer.”
    “Não, não. Nós não temos dinheiro.”
    “Mendigos, pedintes! Vão embora, não faço caridade. Chô, chô!” Disse o polvo e gesticulando para elas com dois de seus tentáculos livres.
    Elas se afastaram e foram em direção à outra lojinha menos movimentada um pouco mais afastada do centro. Dessa vez era uma lojinha que vendia flores e, ironicamente, a vendedora era um botão de flor, uma que por fora era branca e por dentro parecia ser rosa.
    “Ah, olá!” Disse a flor saindo de sua meditação cultivada pelo pouco movimento em sua barraquinha. “Querem alguma flor em especial?”
    Quando ela dizia pareceu que sua flor se abria, um pozinho dourado saia de cima das pétalas.
    “Sinto muito, nós estamos procurando as bruxas, nós não temos dinheiro.”
    “Ah sim...” Seu sorriso logo desapareceu e sua flor pareceu fechar e perder o brilho, mas sempre que ela balançava a cabeça um pouco do pozinho brilhante pulava para fora e serenava em direção ao chão, mas, na metade do caminho se apagava em um minúsculo e quase imperceptível “PUF!” brilhante. “... É um pouco difícil chegar nelas, vocês vão ter que passar a ponte amarela, no centro da cidade, e depois eu não sei dizer muito bem, vocês terão que perguntar para alguém por lá.”
    “Obrigada. Desejo sorte nas vendas hoje.” Tainá disse isso dando um tchauzinho que Rebecca também o fez com um sorrisão no rosto, a flor ficou feliz com aquele gesto de gratidão e voltou a apoiar o queixo na mesa, só que desta vez, com um sorriso no rosto.
    ...
    As duas tomaram uma rua principal como indicara a flor e seguiram por uma avenida larga, movimentada e cheia, lotada de coisas, restaurantes, barraquinhas, lojas, eram tantas pessoas que a rua de pedras estava sendo usada pelos pedestres. Os prédios altos ligavam flamulas com seu vizinho de frente, cada janela unia-se com outra do outro lado da rua através de um carretel cheio de bandeirinhas triangulares com várias gravuras e cores. Os prédios pareciam ser um pouco entortados, as janelas eram cheias de entalhos e eram pontiagudas como se fosse uma bala de alguma arma, suas vidraçarias eram coloridas e compostas em tabletes, as varandas eram largas e espaçosas, o peitoral era, normalmente, de alguma madeira escura e bem grossa, o terraço das casas estava cheio de pessoas a festejar, as casas e construções em geral eram alongamentos do festival que a rua vivia.
    Elas andaram em meio àquela multidão de varias formas e tamanhos até encontrarem uma praça enorme cortada ao meio por um rio escuro e uma larga ponte amarela. Passaram-na e novamente foram atrás de informações sobre as bruxas.
    Ninguém sabia dizer muita coisa sobre elas, todos sabiam que eram ali perto da ponte amarela, mas nada além disso. Tainá achou um banquinho livre e correu para ele, sentou-se, sua irmã estava em pé em frente a ela enquanto Tainá segura ambas as mãos da pequena, logo uma criatura muito alta, de manto negro, com a cara coberta, senta-se ao lado delas. Sua presença era desconfortante mas as duas ignoraram acreditando que aquilo era somente mais um frequentador da grande feira.
    “As bruxas ficam naquela viela.” Disse silenciosamente aquela coisa magra e alta.
    Tainá ficou em dúvida e ignorou de primeira vez.
    “As bruxas ficam naquela viela.” Disse novamente. “As bruxa...”
    “Já escutamos, obrigada!” Disse Tainá cortando a fala da criatura que agora indicava com um dedo a direção. Rebecca subiu no banco e então sentou-se nas costas da irmã como se fosse brincarem de cavalinho, e, assim, elas foram embora daquela coisa, estavam tomando uma rua lateral, saindo da avenida e a criatura apareceu à frente delas.
    “As bruxas ficam ali.” Indicou com um longo dedo para um caminho escuro e mal iluminado, encardido e, muito provavelmente, fedido. Elas passaram pelo lado e logo mais depois deram de cara com aquela criatura novamente.
    “Não! Não...” Disse Tainá antes da criatura falasse qualquer coisa. “Já entendi!”
    Deu meia volta e foi até a viela e seguiu por aquele lugar cada vez mais estreito, apertado com a criatura atrás delas que parecia surfar por cima do chão; naquele lugar estreito e escuro não se escutava mais as festas e logo Tainá deu diante de uma parte muito estreita, uma pessoa obesa não passaria por ali. Colocou a irmã atrás dela que reclamou do “barro” gelado em seus pés. Encolheu a barriga e se forçou contra a passagem, a irmã mais nova entregou-lhe as coisas e então passou sem muita dificuldade, a alta criatura passou sem nem se quer se mover, apenas deslizou, então logo tomou seu caminho à frente delas.
    Rebecca e Tainá estavam no centro de um quarteirão, aquele lugar era cercado por paredes altíssimas e entortadas, com telhados que pareciam indicar a lua acima, triunfante. No centro daquele lamaçal, que outrora pareceu ser um jardim, havia uma cabana de dois andares com uma chaminé que fumegava, a luz da lua dava um ar pálido ao recinto e ao lado da casa havia uma arvore torta que a criatura alta pareceu ir em direção e a ela se abraçar. O lugar em volta da casa era cheio de lixos, haviam sofás velhos, carruagens jogadas e quebradas por aí, montes de lixo em geral e as paredes das enormes casas eram todas manchadas de lama que se jogava contra elas quando chovia.
    Com Rebecca novamente em seu colo, Tainá se aproximava da casa, chegando perto daquela arvore pôde notar que na verdade era um aglomerado desses bichos compridos abraçados uns nos outros.
    Tainá ia bater na porta, mas então ela se abriu, dando para uma brevíssima escadaria iluminada por uma sala clara com um monte de velinhas risonhas fumando e bebendo cerveja em um salão glamouroso e muito maior do que aparentava, coisa de bruxas.
    “Entrem moças bonitas!” Disse uma que estava mais próxima da porta.
    Lá dentro o cheiro de tabaco era terrível, havia tanta fumaça que era quase como uma neblina, elas jogavam pôquer aqui, acolá jogavam sinuca, bebiam em mesas e outras atividades de boteco. Uma velha mais curiosa que a outra.
    Uma senhora com um gato empoleirado na corcunda as recebeu segurando a mão de Tainá e uma outra, que as duas não viram, desceu Rebecca ao chão e levou-a para outro lugar. Notando o desconforto da jovem, a velha com o gato bateu nas costas de sua mão com suas mãos ásperas e disse.
    “Não se preocupe querida, só iremos arranjar algumas roupas e, principalmente, um sapatinho para ela. Aliás, nós mandamos um mordomo ir busca-las, não foi?”
    “Vocês sabiam que estávamos atrás de vocês?”
    “Querida, você não precisa saber de tudo, apenas confie na gente.”
    Tainá concordou, deixando o nervosismo ir embora, aquele lugar era como um clube dos anos 1920 só que de mulheres. A velha do gato lhe indicou uma escadaria no canto da parede e disse.
    “Vai até lá em cima, siga o corredor até o final e vire à direita.”
    Tainá o fez e quando terminou de subir as escadas se deparou com um corredor que avançava por muito longe à sua esquerda, mais uma vez, não parecia ser tão grande, nem tão elegante quando olharam pelo lado de fora.
    Seguiu o caminho e com o decorrer dos minutos os sons das velhas festeiras sumia, as luzes do corredor pareciam ir ficando mais fracas, então as lamparinas nas paredes pareceram ficar cada vez mais distantes umas das outras, as paredes pareceram envelhecer e Tainá acreditou estar perdida, mas como estaria em um lugar em linha reta?
    Em certo momento tudo estava escuro, não se via nada, a menina se guiava com as mãos nas paredes e eventualmente até mesmo as portas desapareceram, dando lugar as paredes descascadas, à um piso com ladrilhos de madeira faltando e sons de goteira. Ela deu uma parada e olhou para trás, não se via nada ao longe, talvez, se forçasse a visão ela poderia enxergar um brilhinho do corredor.
    Mais adiante não parecia haver mais papeis de parede e ao invés de madeira haviam pedras ásperas, o chão se tornara parecido com as paredes e de quando em quando começaram a aparecer castiçais que se ascendiam quando ela passava por eles.
    Ela deu de cara com uma curva e quando à fez pôde ver uma outra que, desta vez, se virava para a esquerda e a parede estava sendo iluminada por um brilho de luz natural, somente agora ela percebeu que havia sons de agua, como se fosse um riacho.
    Logo após a curva ela se deparou com um lugar aberto, como uma catedral gótica abandonada, um córrego corria de um púlpito, cortando o salão no meio, e indo em direção à uma porta enorme aberta e velha, comida de fungos, cupins e pelo tempo. Haviam pássaros cantando, um certo garoar frio e, em volta das colunas, plantas se enroscando, arvores saindo do chão, o teto, parcialmente, era feito de plantas, de telhas velhas e das janelas pendiam samambaias, o clima era frio devido à chuva, mas era um tanto abafado. No lado oposto da pequena porta havia uma gruta, lá dentro, graças à iluminação de um sol escondido atrás de nuvens de um cinza claro, havia uma mulher velha e gigantesca, sua pele parecia ser de pedra, mas algo dizia à Tainá que aquilo era alguma craca que formara em volta daquela obesa, sua boca era larga e imensa, havia um tronco de arvore em sua boca que ela usava como fumo e uns três mordomos seguravam uma tábua de pedra com varias plantas acima que a mulher pegava com sua enorme e inchada mão e comia junto com terra e sei lá o que mais tinha lá.
    “Olá criança. Eu sou a matriarca.”
    A única coisa que Tainá respondeu foi um “Wow” diante daquela coisa que baforava uma fumaça com cheiro de eucalipto.
    “O que vocês duas, humanas, querem neste mundo maluco?” A voz era grave, quase masculina, antiga e pesada, como uma montanha.
    “Nós não sabemos!”
    “Há! Sabia, estão perdidas, como a maioria.”
    “Então, como saímos daqui?”
    “Tomem a estação de trem da cidade.”
    “Mas nós não temos dinheiro...”
    “DINHEIRO!? Hahahahaha...” Sua risada foi interrompida por uma tosse que fez os mordomos se apressarem para ajudar a matriarca. “... Para isso vocês não precisam de dinheiro.”
    “Então você esta me dizendo que é só ir lá e embarcar?”
    “Claro que não, você precisa de um bilhete!” Deu uma pitada em seu tronco de arvore.
    Depois de algum silêncio: “Que bilhete?”
    “Ora, garota burra! Um bilhete para o trem!”
    “E onde eu consigo isso?”
    “Bem, esse bilhetes são meio difíceis de achar.” Depois de comer um punhado de plantas aleatórias a matriarca se ajeitou na cadeira fazendo um barulho de pedra roçando em pedra. “Talvez o rei dos perdidos tenha algum.”
    “E onde ele esta?”
    “Eu não sei! Ele é perdido, sabe?”
    “Isso não ajudou muito.”
    “Você que fez um comentário infeliz, ora!” Fungou aquela mulher, digo, pedra.
    “E você tem ideia de como encontrá-lo.”
    “Sabe a melhor maneira de achar algo perdido?”
    “Não procurando aquele algo?” Disse Tainá meio em duvida.
    “... Sim! Hahahaahahahah...” Outra crise de tosse. “Você é mais esperta do que pensei. Tome, um punhado de ouro, vá se divertir pela cidade.” Um mordomo entregou-a um saquinho de couro bem pesado.
    Tainá estava confusa, aparentemente a matriarca acreditava que ela sabia para onde ir, a velha bruxa notou a confusão e disse:
    “Querida, volte por onde você veio. Vá logo!”
    Então, mais uma vez ela tomou o caminho escuro e, aparentemente, mais rápido que da ultima vez, chegou àquele salão barulhento.
    Quando Tainá se apresentou nas escadarias ela viu sua irmãzinha sendo o centro das atenções, ela usava um vestidinho vitoriano preto, com detalhes brancos e algumas fitas vermelhas, usava uma meia branquinha com alguns bordôs e um sapatinho preto, polido ao ponto de quase luzir.
    “Oi Tati! Olha só o vestido que elas me deram.”
    “Não ficou um amorzinho?” Disse uma das bruxas tomando o braço de Tainá e levando-a para mais próximo das outras.
    “Sua irmã é um amor...” Disse outra bruxa caolha. “Agora você precisa se livrar desses trapos, você esta um horror!” Enquanto Rebecca descia da mesa e acompanhava Tainá que era guiada por velhas que cheiravam à cigarro.
    Levaram as duas irmãs à uma porta escondida e entraram. As duas velhas que as levaram até lá adentraram o lugar meio escuro. Lá dentro havia poucos ruídos do lado de fora, e nenhum quando a porta se fechou, era muito mal iluminado por um candelabro e havia fios de tecidos que se moviam por todos os lados, pendurados em esculturas de donzelas de épocas clássicas e envoltos em pilares e afins.
    “Gertrude! Sua cega babona, onde está você?” Gritou uma das velhas.
    “Cale a boca. Não sou surda.”
    Do meio da sala saiu uma mulher idosa, mas, diferente das outras, arrumada, ela usava um vestido justo azul claro, seus cabelos estavam presos em um coque em sua cabeça e havia uma faixa toda cheia de requintes cobrindo seus olhos. Suas mãos hábeis não paravam enquanto elas gritavam umas com as outras, Rebecca ria com a conversa das velhas que se insultavam e parecia que só Gertrude se irritava.
    Guinchando e rindo as duas velhas que as acompanharam foram embora, acariciaram a cabeça da pequenina e voltaram para o salão.
    “Barbaras! Sem classe! Hunf...” Gertrude parecia ter ficado realmente irritada com a conversa das bruxas. “Rebecca? Onde está minha bonitinha?”
    “Estou aqui tia Gertrude!” Disse Rebecca saltitando por entre os fios. Ela pulo e A velha pareceu saber onde ela iria cair e então tomou-a no colo, aquele bolo de fios e cordas balançou quando um corpo gigantesco de uma aranha saiu de dentro dos tufos de fios, Tainá se assustou ao perceber que estava em pé bem em cima de uma perna.
    Com mãos fortes a mulher aranha segurou a menina e cantarolou uma valsinha enquanto dançava com suas 8 pernas. Logo ela carinhosamente abaixou Rebecca e ficou rindo civilizadamente daquela pequena graça. Logo assentou-se novamente e se aconchegou em seu ninho de fios.
    “E você? É a irmã da pequenina aqui?”
    “Creio que sim, não é?” Disse Tainá à Rebecca que estava mais feliz que o normal e respondeu com um grande “Sim!” enquanto pulava em um monte de tecido.
    “Se aproxime querida. Quero ver o seu corpo...” Tainá se aproximou se enroscando em fios que formavam ondas de oceanos bravios. Quando bem perto a mulher-aranha esticou os longos braços ágeis e as pernas dianteiras e ficaram tocando a moça aqui e acola, cada toque parecia uma dedada forte fazendo-a reagir e dizendo alguns “Ais!”
    “Você tem um corpo muito bonito mocinha.” Gertrude tomou a mão de Tainá com uma pata da frente e fez ela dar uma voltinha, aproximou seu tronco à ela e sentiu o aroma dos cabelos dela. “Mesmo fraco, ainda posso sentir o aroma do seu shampoo.”
    Rebecca estava de bruços em cima de um monte de lã, usando isso como um colchão enquanto apoiava sua cabeça com as mãos e ria com a confusão que sua irmã mais velha fazia enquanto a aranha a fazia rodar e, com isso, fazendo sua saia fluir no ar.
    “Certo. Já tenho minhas medidas.” Gertrude virou seu monstruoso corpo para traz pegando algo que de primeira vez assustou Tainá, uma tesoura do tamanho de seu corpo, negra, pesada e feita de um metal grosso, existia certa vulgaridade naquele pedaço de metal que fez Tainá se lembrar da matriarca. “Não se assuste querida, seu coração esta batendo rápido demais.”
    A velha aranha passou a tesoura tão rapidamente que Tainá só teve tempo de fechar os olhos e logo sua roupa caia, deixando apenas suas roupas de baixo. Ao chão pairaram, pesadas, aquelas roupas de escola.
    Gertrude se aproximou e começou a costurar uma manga da roupa em um vermelho alaranjado, bem quente, bem alegre e resplandecente. A manga, no meio de seu braço era de uma cor azul celeste, de um cerúleo calmo como a brisa que faz as nuvens navegarem no infindável céu. Em seu pescoço a aranha costurou uma gargantilha de bordado com um verde quase branco, da altura de seu busto Gertrude começou a costurar, usando um amarelo da cor das areias do deserto mais alucinante, da cor que realça os oásis das historias fantásticas. Na cintura um laço branco, a saia se arrastava até um pouco depois do joelho de Tainá. Gertrude entregou uma sapatilha vermelha lustrosa e lhe fez uma meia da cor da gargantilha, a criatura passou suas mãos por todo o corpo da moça. “Ainda falta algo!” Depois de ficar meditabunda por um certo tempo ela pareceu descobrir o que faltava, ela se ergue e lá de cima puxou um chapéu bege com um laço laranja. “Pronto, ele ficará lindo com você, combina com sua alma que é quente como o Sol.”
    Gertrude acompanhou, com seu longo braço, a menina que estava ansiosa para se ver, à um espelho coberto por um pano empoeirado, com tudo Gertrude puxou-o e uma placa de metal escuro, liso se apresentou. As bordas não eram de algum molde, mas eram do próprio metal que se contorcia e formava formas inconstantes.
    O reflexo parecia só mostrar ela, que se deleitava com aquela visão bonita que tinha de si mesma, ela sorriu, segurou as pontas do vestido e dançou de um lado para o outro, como se escutasse uma mazurca ao fundo, ela não tirava os olhos do espelho, era como se uma luz de holofote a focasse, o chão era limpo e não se via mais nada, ela sentiu que dançava com alguém quando fechou os olhos e quando parou e respirou profundamente com o sorriso ainda no rosto, sentiu as mãos de Gertrudes relarem seus ombros e silenciou-se a música e, o espelho, pareceu nãos ser nada além de um pedaço feio de metal.
    “Gostou do que lhe fiz?”
    “É... Lindo!”
    “Que bom...” Gertrude se aprontou no centro do salão mal iluminado e voltou a costurar qualquer coisa. “Obrigada por ter vindo aqui, me foi divertido lhe fazer este vestido.”
    “Devo alguma...”
    “Não! Apenas o ato de fazê-lo já me foi um pagamento, como você pode ver, não recebo muitas visitas descentes...”
    “Obrigada!”
    Gertrude só sorriu em resposta e ficou ali a costurar um tricô qualquer.
    “Venha Rebecca.”
    “Você está lindona!” E então riu como uma criança florida que era.
    “Sua bestinha!” Disse Tainá em troca e riu também com a pequena. Abriu a porta e indicou para que Rebecca passasse, olhou para traz enquanto o cheiro de cigarro e barulho de ladainha enchia o ar, cumprimentou com a cabeça, mesmo sabendo que não receberia nada da velha cega, era como uma última saudação e foi-se para junto àquele salão movimentado.
    A velha do gato parou diante de Tainá e disse enquanto endireitava a coluna e colocava as mãos na cintura: “Ainda acho que sua irmã esta mais bonita.”
    “AH! Cale a boca sua velha retardada!” E as bruxas riram com o insulto. Tainá sorriu também, meio que para si mesma. Ela estava magnífica...
    ...
    Depois de terem descansado um pouco às custas das velhas bruxas as duas garotas saíram, um mordomo às esperava do lado de fora.
    “Por gentileza me sigam...”  As duas meninas seguiram o mordomo por entre um caminho de pedra, ele carregava a mochila em uma mão e a lanterna das duas moças na outra, elas não se lembravam de terem desgrudado da mochila nem da lanterna, mas quando chegaram na casa as velhas devem tê-los pegado. Deram a volta na casa e estavam diante de uma carruagem aberta, eram puxadas por dois cavalos lindos, um tinha a cara preta e o corpo branco e o outro tinha o corpo preto e a cara branca, suas crinas eram lisas e compridas, eles batiam os cascos na lama como se estivessem nervosos e querendo cavalgar.
    O mordomo abriu a porta da carruagem e elas entraram, em seguida ele entregou a mochila e então a lanterna, fechou a porta e montou na carruagem tomando os arreios, os cavalos se animaram mais ainda. O mordomo fez um “tsc!” e os cavalos começaram a correr em volta da casa, não havia como eles passarem pelas brechas das paredes. Cada vez mais os cavalos corriam mais rápido em volta da casa, Tainá segurava o chapéu com uma mão e com a outra se segurava na carruagem com a bolsa entre suas pernas, Rebecca estava se divertindo, segurava a lanterna e a carruagem e ria, ria toda alegre.
    “Becca! Se segura direito!”
    Ela havia escutado mas aquele carrossel era a coisa mais excitante até agora. O mordomo ficava parado na parte da frente, sem se segurar em nada, imóvel como uma pessoa alta e desanimada toda de preto.
    Aos poucos os solavancos daquele chão de barro começaram a aliviar e os trotes foram ficando silenciosos. Eles estavam subindo em círculos e quando ficaram na altura do telhado da casa no centro daquele brejo eles saíram voando como um foguete para o alto, em vertical, subiam, cada vez mais, mais e mais, Tainá segurava o chapéu e Rebecca ria. Ah... Que riso delicioso de se ouvir.
    Começaram a desacelerar e a ficarem na horizontal, gradativamente, assim como o coração das meninas ia desacelerando. Estavam acima da cidade colorida, luzes e fumaças de chaminés ilustravam o encanto daquela paisagem urbana.
    “Tainá, somos estrelas agora!”
    Era verdade. Estavam um pouco abaixo das estrelas e acima daquele lugar maravilhoso, parecido com o paraíso.
    “Rebecca. Cadê a lanterna?”
    Quando a pequena notou ela esbugalhou os olhos castanhos e logo abaixou-os.
    “Mordomo, a gente perdeu nossa lanterna.”
    “Sinto muito senhorita. Não posso fazer nada.”
    “Hm!? Grosso!” Tainá pensara que eles eram mais educados, mas acabara de se recordar que eram frios e um tanto insensíveis. “Leve-nos para baixo”
    “Sim!” E desceram em círculos até o ponto em que os cavalos tocavam os tetos das casas com gentileza. “Desejam ir para um lugar em especial?”
    Tainá pensou e pediu para levarem-nas à entrada por onde chegaram. Pousaram calmamente, os cavalos não estavam mais nervosos, a criatura de preto abriu a porta e ajudou-as a descer.
    “Adeus!” Disse o mordomo depois de um tempo parado ao lado das irmãs. Subiu na carruagem e foi calmamente cavalgando por entre a multidão.
    “Ei Becca! Lembra aquela moça das flores?”
    “Sim! Ela era bem cheirosa e foi legal com a gente.”
    “Então, vai lá e compra a flor mais bonita que você achar.”
    Tainá tirou de seu bolso, que estava em seu vestido, um saquinho de couro e de dentro dele tirou uma moeda de ouro, as pessoas à volta arregalaram os olhos e ficaram um tanto quanto invejosas.
    Rebecca correu saltitante até a florista e Tainá andava feliz atrás dela, mais devagar. A mulher flor ficou feliz ao ver a menina; entregou-lhe a moeda de ouro e pegou uma rosa. Não era tão bonita comparada à emoção e alegria retumbante da mulher flor que estava tão radiante que deixava seu pozinho brilhante se derramar por todo lugar, ela acenou para Tainá em agradecimento, enquanto ela acenava de volta. Pôde-se ver, em cima, lá no alto da barraquinha do botão de flor uma lanterna pairando e caindo no canto da rua. Rebecca, quando retornou, foi puxada pela irmã que disse: “Achei a lanterna. Lembra o que aquele peixe disse, não podemos ficar sem ela.”
    Correram e se aproximaram do bueiro, uma mão gorda, oleosa e verde escura saiu e segurou a lanterna com a ponta dos dedos rechonchudos, o braço parecia grande demais para poder sair daquela pequena fresta; a pele e a gordura se esmagavam enquanto ele puxava a lanterna para dentro da boca de lobo e, assim, destruindo a lanterna. Dois olhos enormes ficaram brilhando lá dentro.
    “Você poderia nos devolver isso?”
    “Vocês perderam isso não é?”
    “Sim, mas queríamos de volta.”
    “O que vocês tem à me oferecer?”
    “Não sabemos o que você quer. Que tal essa flor?”
    “Ela é bonita. Me dê, vamos, vamos!” Ele esticou uma mão longa e gorda para fora do bueiro e ficou de palma para cima. Ele pegou a flor e puxou aquele braço obeso para dentro do bueiro como se aquela gordura sobressalente não o atrapalhasse.
    “Tome!” Ele jogou a lanterna apagada e quebrada para elas. As pessoas à volta estavam percebendo o que se passava por ali e pareciam ficar preocupadas, a música parara e as pessoas ficaram mudas.
    “Está quebrado!”
    “Troca é troca garota!” Disse ele rindo com uma voz profunda e sendo interrompido por alguns grunhidos de sapo, eventualmente tão altos que incomodavam os ouvidos.
    “Quem é você?” Disse Tainá depois de um tempo pensando enquanto sua irmãzinha se escondia na barra de sua saia.
    “Eu? Vocês devem ser novas por aqui.” Se espremendo contra a boca de lobo o bicho esverdeado e gosmento saia e ia destruindo a calçada enquanto se deslizava para fora. Ele se apertava contra a saída e logo saiu seus lábios, então seus olhos amarelos e pequenos, para aquele tamanho de criatura, e logo, diante delas uma criatura enorme, um homem sapo que se curvava e tirava do bolso de um sobretudo fedido uma coroa torta e com alguns pedaços faltando. “Eu sou O Rei dos Perdidos.”
    Apresentou-se abrindo os braços enormes, balançando gordos demais, para que todos o vissem e começou a rir ecoante.
    “Nós queremos os bilhetes.”
    O sapo parou de rir, coçou alguns caroços em seu queixo que, de tão grande se juntava a seu peito e barriga, e disse: “Bem! Como eu pude entrar nesta lindíssima festa graças à vocês, meninas burras, eu lhes darei um bilhete de graça.”
    “E o outro, para minha irmã?”
    “Bem, creio que não vá gostar da minha proposta.” Ele parou de coçar sua pele oleosa e sorriu com um milhar de dentes tortos e amarelos, tão pontudos quanto facas de açougue.
    “Fale seu preço!”
    “Vocês ouviram pessoal!” Ele riu abrindo sua boca enorme e novamente se interrompendo com alguns grunhidos que vinham de sua papa quando ela inflava.
    Ele parou definitivamente de rir e tomou folego, como se aquilo fosse engraçado de alguma forma, todos a volta se mantinham em silêncio e tensos.
    “Bem, garotinha, eu quero experimentar o sabor da carne de um humano, mas não precisa ser um pedaço grande, talvez... Só um braço ou uma perna.” Ele se aproximava da menina mais jovem que se escondia atrás da irmã. “Então, o que me diz?” Ele recuou enquanto lambia seus lábios e deixava a baba escorrer em sua pele oleosa.
    Tainá se abaixou para ver a irmãzinha que lacrimejava.
    “Eu estou com medo!”
    “Tudo bem maninha, eu sei como me virar com esses caras.” E deu uma piscadinha e um sorriso pra irmã mais nova. A pequena sorriu mais aliviada.
    “Tudo bem, perereca. Temos um acordo.”
    Ele riu com certa raiva com aqueles olhos pequenos brilhando com ódio e desejo perverso.
    “Não brinque comigo! Vamos, me passe a pequenina.” Disse ele enfiando a mão no bueiro e tirando um cutelo enferrujado, as pessoas gritavam em volta deles, desaprovando a decisão de Tainá. Rebecca estava sem alento algum, sua irmã acabara de vendê-la, ela queria fugir, mas não conseguia.
    “Calma ai bichão!”
    “ARGH! O que você quer? Um bônus?”
    “Não! Eu quero os dois bilhetes na minha mão, agora!”
    Ele roncou inflando seu papo, balançou a cabeça de um lado para o outro e gritou: “CALEM-SE SEUS IMUNDOS! VERMES!” Gritou o sapo para que todos se aquietassem.
    ...
    Todos ficaram em silêncio, mas os olhares fulminavam Tainá, o coração dela estava a pulsar loucamente, ela sentia tremular-se de medo e o ar que entrava em seus pulmões, em grande quantidade, faziam gelados seus alvéolos.
    O rei abriu sua boca e enfiou sua mão gorda dentro de sua garganta; quase tendo uma convulsão ele tirou um saquinho de plástico, abriu-o e tirou dois bilhetes de lá de dentro, entregou-a à irmã mais velha com a ponta dos dedos como se tivesse nojo da menina.
    Se afastou um pouco e disse todo impaciente e arrogante enquanto dava um nó no saco e o engolia novamente: “Agora! A MENINA... Por que esta rindo?”
    “Vocês são muito inocentes por aqui.”
    Tainá tomou a mão da irmãzinha e saiu correndo por entre a multidão, um urro de um ódio colérico explodiu atrás delas e uma língua gorda e de aparência bubônica, cheia de feridas, esmagou o chão ao lado delas, Tainá quase soltara o chapéu e a bolsa ficara lá atrás em algum lugar.
    “Corre Becca!”
    A pequenina soluçava mas conseguia acompanhar, um pouco atrás, os passos da irmã.
    Tainá olhou para trás e uma criatura gosmenta ia correndo em direção delas, de quatro ia meio que trotando, meio que saltitando, rapidamente, perseguindo-as.
    Abruptamente Tainá virou à esquerda quando escutou um dos roncos do rei que acabara de abrir sua boca para acertar o carrinho de comidas do homem polvo, deixando ele ali, praguejando.
    “Eu vou devorar vocês! Vou triturar seus ossos!”
    Aparentemente o sapo não estava achando elas no meio da multidão. Ele ficou ereto, arrumou o casaco, ajeitou a coroa que ficava grudada por causa do sebo; ele deu um coaxo tão alto e grave que fez as casas balançarem e fragmentos de tinta e tijolos caírem dos prédios. As pessoas gritavam mais alto e pareciam se esbarrar freneticamente tentando fugir de algo que vinha.
    Um som de chiadeira, de guinchos agudos e incontáveis parecia aumentar, ficando mais alto que o grito das pessoas, Tainá olhou para trás, novamente, e viu o Rei em pé, rindo e olhando diretamente para ela, ele se movia muito rápido, como se estivesse em cima de algo que o movimentava, um tapete magico ou algo assim.
    Tainá tomou a direita e entrou numa rua um tanto mais apertada e menos movimentada, onde conseguiria correr melhor, olhou mais uma vez para traz e lá estava ele, sentado em uma onda de ratos que se atropelavam e grunhiam com o peso de seu senhor. O Rei continuava sorrindo maldosamente, imaginando cada exoticidade que praticaria com suas presas.
    Tainá pegou a irmã no colo e saiu correndo o mais rápido que podia, ela sentia suas coxas e panturrilha doendo devido às outras vezes que teve que correr ou carregar a irmã, logo ela começou a fraquejar e parou, ofegante e dolorida; Rebecca tentava animá-la, mas, sua irmã mais velha parecia ter desistido.
    Rebecca olhou para traz enquanto a irmã tomava um folego, ajoelhada no chão. A sombra do rei dos perdidos ofuscava a luz dos postes e pessoas horrorizadas, estavam a ver tudo, sem serem capazes de fazer algo, lá em cima, em suas sacadas ou mais afastadas na rua em si.
    Os ratos pararam e o Rei “desmontou” de seu trono vivo, ele se aproximou cambaleando com toda sua gordura que se aglomerava em bolhas por todo seu corpo oleoso e perebento.
    Sem cerimonias ele abriu sua boca e, decidido a não ter nenhum requinte, se preparou para tombar em cima das duas moças. Rebecca gritava e Tainá abraçava ela, tentando acalmá-la.
    Um som de um grande tambor sendo atingido surgiu e logo o rei não mais ofuscava a luz da rua e da lua, Tainá abriu os olhos e viu Rupert empurrando o rei contra uma entrada de um restaurante.
    “Corram moças bonitas!”
    Sem precisar dizer novamente as duas corriam e já estavam bem longe.
    Rupert estava fraquejando, o rei era mesmo forte. Com suas duas mãos gordurentas ele segurou os chifres do touro, que era um tanto mais baixo que ele.
    “Picanha insolente!” O Rei puxou ambos os chifres de Rupert para baixo, uma segunda e uma terceira vez, na quarta o chifre esquerdo dele quebrou e Rupert fraquejou, o sapo soltou o chifre em sua mão e com as duas mãos livres segurou o pescoço de Rupert, girou-o e jogou o boi para dentro da vitrine do restaurante.
    O Rei, ofegante estalou os dedos e os ratos se aprontaram e o confortaram em seu trono de carne viva que se movia pelas ruas.
    “Rápido!”
    E então, os ratos, mais rápido foram. Havia um rastro de ratos esmagados, mortos ou morrendo que pateticamente ofegavam tentando sobreviver.
    Respirando pesadamente e colocando a mão em seu peito para medir o coração gelado dele, o Rei dos Perdidos se remexia em sua cadeira, sentia-se desconfortável. Ele, ao longe, viu as meninas em cima de uma carruagem lotada de caixas de madeira cheias de flores que era puxado por uma flor. Àquela visão fez o rei rir. “Que patético!”
    Sem muitas cerimonias e muito desprezo o repulsivo senhor deu uma tornozelada nos ratos que foram ainda mais rápidos, o rei se deitou de barriga para baixo neles e quando bem perto abriu sua boca preparando sua língua inchada e purulenta.
    Tainá tomou uma caixa e jogou-a contra o chão, quicou e entrou na boca do rei, que, como não vira a caixa vindo, se engasgou e cambaleou para o lado batendo contra seu próprio peito para desafogar, fazendo os ratos desacelerarem e guincharem ainda mais alto.
    Ele se recuperou e estava voltando com muita raiva. Estavam chegando na ponte amarela, o rei se aprumou em cima de seus ratos e segurou com ambas as mãos a carruagem e colocou seus pés no chão, forçando os ratos e criando uma parada abrupta da carruagem. O cavalo teve seu arreio arrebentado e saiu correndo, a mulher flor voou e caiu em cima de uma mesa, as meninas não voaram também por causa das caixas que as seguraram.
    O sapo ria, e então gargalhava mostrando seu papo para aquela lua imutável. Sob a ponte amarela, que estalava com o peso do rei, podia-se ver um morro, e lá em cima uma luz, lá era o terminal e havia um bondinho que levaria elas até lá em cima, mas, aparentemente não teria escapatória agora.
    O Rei parou de gargalhar de súbito, com seus olhinhos amarelos arregalados ele começou bater em sua coxa. Os ratos, indignados com seu tirano, decidiram se revoltar. Podia-se escutar vários gritinhos dos mesmos e Rebecca notou que eles usavam pequenas armaduras feitas de latas e pedaços de qualquer coisa.
    O Rei era furado e cortado por pedaços de tesoura velha e mordido por aqueles ratinhos que gritavam “Morte ao rei obeso!”
    Havia tantos ratos que não se podia ver o brilho do óleo da pele do sapo, ele esmagava cinquenta ratos e mais outros cem pulavam em cima dele.
    Tainá percebera que a ponte estalava demais e pegou sua irmã pelo braço, uma última corrida ela deu e conseguiu sair da ponte.
    Por entre os milhares de ratos o Rei conseguiu ver, abriu sua boca imensa e mirou contra as duas garotas, Tainá era totalmente incapaz de se mover, empurrou sua irmã para longe, garantindo que, pelo menos ela, ficaria a salvo. Mesmo com vários ratos ferindo sua boca por dentro, o sapo não desistiu de mirar corretamente contra seu alvo imóvel.
    Então, como já imaginaram, a ponte ruiu, o sapo se assustou e lançou sua língua e errou. A ponte primeiramente cedeu no meio, do lado em que o Rei estava, deu uma pequena afundada e então tombou totalmente do lado em que ele estava.
    O grito do repulsivo sapo foi escutado brevemente e então um engasgar silenciou-o, enquanto as águas rápidas do rio levavam os pedaços da ponte o Rei estava agonizando silenciosamente, empalado em um pedaço de madeira; os ratos que não se soltaram e que não foram levados pelo rio comemoravam o ferimento do sapo.
    Sem forças o tirano mal conseguiu levantar o braço, sua boca, como um caldeirão, estava cheio de um liquido preto.
    “Eu só quis ser importante! Eu só quis ter algo para viver!” O Rei disse aquilo com aparentes lágrimas caindo de seus pequenos olhos, dois ratos vieram e cegaram-no com um graveto e uma lança feita com agulhas. Ele deu uma soluçada e um grito infeliz de choro que se afogou no sangue de sua boca.
    A madeira em que estava empalado não aguentou seu peso e quebrou, lentamente, os ratos fugiram para as margens e o corpo do Rei foi levado pelo rio deixando-o um pouco mais escuro, somente suas costas, como uma ilha verde, era vista.
    As pessoas começaram a comemorar junto aos ratos ou, simplesmente, ficavam boquiabertas e apreensivas com tudo aquilo que ocorreu.
    Tainá se levantou e olhou para o outro lado da ponte. Rupert acenou para ela com seu chifre quebrado em mãos, sorria como se aquilo fosse um troféu.
    A flor, cujo nome nunca soube, estava com umas pétalas amassadas, mas estava bem, Rebecca acenou para ela que devolveu a ação com um dos braços apenas, pois o outro estava aparentemente machucado.
    Exaustas as irmãs foram até o bondinho, sendo escoltadas por pessoas que lhes davam tapinhas e elogios, agradecendo a ajuda para se livrar daquele causador de problemas. Agora os ratos estão livres e as festas da região não serão destruídas pelo fanfarrão.
    Dentro do bondinho que subia, balançando e rangendo a cada 5 segundos, parecendo uma canção de ninar, ambas as irmãs se encaravam e riram, cansadas, exaustas. Tainá bateu no lugar que era para ser seu bolso, tentando achar o celular, mas não o achou, tinha ficado na bolsa. De dentro de seu vestido ela arrancou os bilhetes, meio amaçados e mostrou pra irmã.
    “Nunca mais me use! Estou muito chateada com você!”
    “Relaxa ai Becca! Você está parecendo eu.”
    As duas ficaram trocando insultos e brincadeiras, coisas de irmã, até chegarem em cima do morro. Ao saírem do bondinho deram de cara com um homem meio pássaro, usando uniforme, meio cabisbaixo, aposto que ele gostaria de estar na festa.
    “O que as duas querem.” Disse ele trocando o braço de apoio de sua cabeça.
    As duas mostraram os bilhetes triunfantes.
    “Oh! Nunca pensei que teria que ligar um desses!” O homem saiu de dentro da cabine e pediu para elas o seguirem, foram para um canto escuro da estação e o homem ascendeu as luzes que iluminaram um trem igual ao que elas usam, diferente das marias fumaça que estavam ali.
    “Entrem, sentem-se onde quiserem, logo ele vai se ligar. Tenho que ler o manual de como ele funciona.”
    As duas se abraçaram e dormitaram. Então sentiram como se o trem parasse, dormiram tão profundamente que nem perceberam quando partiram... Elas não estavam usando os vestidos, estavam com as roupas dos uniformes, Tainá parecia controlar a surpresa mas Rebecca não. Ela ficava se olhando como se aquilo ajudaria ela descobrir onde fora parar sua vestimenta tão requintada.
    O celular tocava no bolso de Tainá.
    “Alô!”
    “Onde vocês estão?” Disse uma voz masculina.
    “Estamos em... Na estação número 43!”
    “Vocês passaram 5 estações?!”
    “Desculpa pai, a gente dormiu.”
    “... Tudo bem, vou ai buscar vocês.”
    “Valeu pai. A gente te ama.”
    “Okay! Mas isso não vai tirar o castigo de vocês, entendido?”
    Havia algo estranho naquela estação, era florida demais, bonita demais. Tainá deu a mão à Rebecca e elas foram em uma lanchonete qualquer da estação e esperaram seu pai chegar e contar sobre como iria ser mágico a viagem para a Europa.
  • Forjando um escudo parte 2

    Após o dia em que foram apresentados, Dante aprendeu muito sobre seu novo mestre.   Giovanni era um homem incrível, brilhante, com um poder de oratória único, mas para Dante ele também era alguém muito peculiar. Ao ser convidado para se hospedar no castelo, não apenas declinou do convite, como também escolheu viver em uma pequena cabana abandonada na floresta, a qual ele fez questão de reformar com as próprias mãos. Tudo isso acompanhado de perto por um Dante intrigado. 
    Ao término da reforma, o jovem  acreditava que finalmente começaria suas aulas. Entretanto, novamente viu seus sonhos destruídos. Giovanni dedicava todo o seu tempo aos passeios pela floresta, além de escrever, ler e fazer esculturas em madeira. Assim os dias viraram semanas que logo meses  e agora o jovem encontrava-se a ponto de ter um ataque de fúria, mas se conteve lembrando de todos os esforços que seu pai já havia feito para encontrar quem o ensinasse, então preferiu ter uma conversa franca com seu mestre.            
    Ele acreditava ter conseguido juntar bons argumentos e era hora de colocar as cartas na mesa. Era  filho de Theo, O Conquistador, e um dia seu irmão Enrico assumiria o manto de Lord Supremo. Quando esse dia chegasse, Dante deveria estar lá, pronto para servi-lo no que precisasse,  provando, assim, ser digno do nome di Savoie. Por isso não tinha tempo para perder cheirando as flores. Seu povo precisava de guerreiros. É o que ele seria ou morreria tentando. Ao alcançar a cabana novamente, encontra Giovanni sentado na varanda com uma faca e um pedaço de madeira fazendo o que parecia ser um cavalo.
    — Olá, mestre Dante. Chegou bem na hora de ver minha nova obra prima. Decidi fazer meu próprio jogo de xadrez e essa é a primeira peça. O que lhe parece? Bom, não é? Tenho certeza que logo vai estar pronto e então poderemos jogar juntos. O que me diz?
    Aquelas palavras trouxeram à tona toda a insatisfação, a raiva e a tristeza que Dante  já havia sentido. Lágrimas escorreram pelo seu rosto ao pensar que seria para sempre motivo de chacota para todos os clãs e a vergonha de sua família. Em sua visão do futuro, era possível enxergar Luigi e Enrico cavalgando, invencíveis, para grandes batalhas enquanto ele ficava junto de velhos, mulheres, crianças e doentes, e depois o retorno dos vitoriosos sendo saudados, ao passo que ele seria jogado ao esquecimento.
    Giovanni se surpreende com as lágrimas do aluno e caminha até Dante, pousando sua mão no ombro do rapaz, tentando acalmá-lo. Dante, por sua vez,  se afasta enquanto enxugava as lágrimas. Era possível ver na face do jovem uma mistura de ódio e decepção pelo homem diante dele.
    — O que aconteceu, jovem mestre? Alguém lhe fez algum mal? Conte-me, sei que posso lhe ajudar. 
    Dante começa a rir do que parecia ser a piada mais engraçada que já tinha ouvido.
    — Me ajudar? Há meses que eu espero a sua ajuda! Após ouvir suas palavras na estalagem eu pensei que finalmente teria uma chance de ser grande, de me tornar um guerreiro de verdade, mas agora vejo que era tudo mentira. Você não passa de um aproveitador que deve ter escutado as façanhas de outros e tomado-as para si. Tudo o que faz é caminhar, brincar com madeira, olhar as estrelas e ver os dias passarem. Creio que aquele dia não passou de um truque para me impressionar e iludir. Quem sabe tudo não faça parte de um plano pernicioso do De Luca para me humilhar mais ainda? Eu irei agora mesmo relatar tudo ao Lord Theo e acabar com toda essa farsa.
    Dante se vira para partir, mas, antes que dê o primeiro passo, algo passa voando junto ao seu rosto. Uma faca de cabo simples surge em uma árvore à sua frente. Assustado, ele se vira para Giovanni e sente o medo tomar todo o seu ser. O homem calmo e relaxado com que estava
    falando instantes atrás já não estava mais ali. Em seu lugar, uma  criatura de feições duras e olhos penetrantes o estava encarando de forma completamente  ameaçadora.
    — Parece que o enganado aqui fui eu, afinal. Pensei que você era inteligente, alguém que valesse a pena ensinar o que aprendi durante todo esse tempo. No entanto,  vejo que não passa de mais um garoto estúpido com sonhos de grandeza que nem consegue enxergar um palmo adiante do próprio nariz. Porco dio, que decepção!
     
    Dante não podia acreditar no que acabara de ouvir. Aquele fanfarrão o havia insultado após se aproveitar de sua família. Tamanha ofensa não podia ficar impune, nem que fosse ao preço de sua vida. Ele saca a espada que trazia junto de si e se coloca em posição de luta, desafiando Giovanni. Ao ver a cena, Giovanni não consegue se conter e um sorriso surge em seu rosto. Ele caminha até a árvore onde a faca estava fincada, passando despreocupadamente ao lado de Dante, como se este não fosse nada.
     
    — Muito bem, bambino, vou lhe dar uma chance. Para ser justo, vou usar apenas esta faca. Se você conseguir me tocar com sua espada, vou considerar que não tenho nada a lhe ensinar, pedirei seu perdão e vou embora. Aceita?
    Dante permanece calado, mas acena, concordando com os termos.
    — Então, o que está esperando? Ataque! Ou está com medo?

     Sem perder tempo, Dante ataca, tentando acertar o pescoço do adversário. Este apenas dá um passo para o lado e responde acertando um tapa na nuca do jovem.
     
    — Lento demais. Conheço homens que o teriam matado três vezes. Vai se esforçar mais ou vai começar a chorar novamente?
     
    O jovem volta à carga enquanto tenta estocar o peito de Giovanni, que defende com a faca e se aproxima,  socando o estômago de Dante, que cai de joelhos, soltando a espada enquanto tenta respirar.
    — Fraco. Não aguenta nem ao menos um soco.  Onde está toda aquela coragem? Onde está o jovem cheio de espírito e vontade de se provar?
     
    Giovanni se afasta, ficando de costas para Dante, que se recupera e tenta uma nova investida, logo contra atacada com uma rasteira, levando-o novamente ao chão.
     
    — E ainda por cima é um covarde que ataca pelas costas. Tem certeza que é filho de Theo? Enrico jamais faria algo assim.
     
    O comentário de Giovanni faz o jovem di Savoie  ir à loucura e ele começa a atacar de forma incontrolável enquanto usa todas as suas forças. Quando sente que elas estavam minguando, Dante tenta um último ataque, mas o poderoso Mestre já antevera e bloqueou,  desarmando o adversário e parando-o com a faca encostada em seu  pescoço.
     
    — E, com isso, acabamos.  Espero que esteja satisfatoriamente humilhado.
     
    Dante cai de joelhos, esmurrando a terra, enquanto novas lágrimas caem. Ele grita ao reconhecer a própria fraqueza e inutilidade. Giovanni, com toda a calma, caminha até o poço, recolhe um balde com água e joga em Dante para acalmá-lo.
     
    Algum tempo depois, de roupa seca e mais envergonhado do que nunca, Dante sai do quarto da cabana para encontrar seu mestre que  estava de frente à lareira enquanto bebia uma caneca de vinho. Sobre a mesa, a espada usada na luta repousava. Ao ver Dante, Giovanni estende a garrafa de vinho para o jovem, que nada diz. Apenas  se  aproxima, servindo-se e observa  a lareira onde  as chamas dançavam furiosas enquanto consumiam a lenha. O tempo passa até que se torna insuportável o silêncio.
    — Mestre, se o senhor é tão forte, por que não me ensina? Por acaso acredita que eu não sirvo? Talvez, como os outros, você prefira uma matéria-prima melhor, como  meu irmão?
    — Bambino, do que está falando? Eu venho lhe ensinando desde o primeiro dia que nos conhecemos.
    — Mas tudo o que fazemos é caminhar pela floresta, conversar, ler… Eu já decorei milhares de textos sobre os grandes generais, por exemplo. Nunca treinamos usando espadas, lanças ou qualquer outra arma. Como eu posso aprender dessa forma?
    O olhar de Giovanni continua duro, o que faz com que Dante abaixe a cabeça em vergonha.
    —  Me diga, em  qual época do ano estamos? 
    — Para que? 
    — Apenas responda.
    O tom de voz de Giovanni deixava claro que não haveria espaço para discussões a partir de agora.
    — Outono.
    — É muito frio ou chuvoso?
    — Não é muito frio, mas venta muito e quando chove é sempre uma tormenta.
    — Se eu quisesse me esconder na floresta, quais animais vivem aqui? Onde posso achar água e um abrigo?
    — Eu não sei.
    — Quantos homens na vila sabem usar uma lança ou espada? 
    — Eu não sei.
    — Quantas crianças tem na vila? Quais os nomes de seus pais? Quantas famílias cada clã tem? A maioria é homem ou mulher? Em que territórios se distribuem e quantas pessoas estão sob seus domínios?
    — E..Eu não sei. 
     
    A cada resposta negativa que Dante dava, ele se sentia menor e mais fraco. Seu desejo era que tudo aquilo acabasse para que ele pudesse partir e nunca mais voltar.
    — Seu irmão foi abençoado pelos deuses e forte e rápido tem muitos que o comparam a Aquiles e provavelmente estão certos. Ele será um grande  guerreiro, e você nunca será como ele, essa é a verdade.
    — Então eu estava certo senhor…
    — Cale-se ragazzo, eu disse que você não será como ele, entretanto será um grande guerreiro à sua  própria maneira.  Dante você pode não ter um corpo tão forte ou a agilidade de Enrico, mas  sua mente é forte e usando ela direito lhe tornará um guerreiro poderoso até mais que o próprio Lord Theo. Você  deve treinar sua mente para ser mais forte e afiada e quando chegar a hora usará esse pensamento centrado, frio e estratégico para derrotar seus inimigos. Cada vez que entramos na floresta ou fomos à vila, fiz questão de aprender tudo sobre ambas e sobre seus habitantes para ter vantagem sobre meus inimigos. Pensei como faria se eu tivesse que atacar ou defender  o território e o que cada grande general faria se estivessem em meu lugar. Conhecimento, bambino, lhe dá a força que lhe falta, por enquanto. A paciência lhe dá a oportunidade que teus inimigos dispensam. Não se compare com os outros, pois em você há qualidades que eles também desejam e no seu tempo você os alcançará  e os vencerá.
     
    — Mestre Giovanni, me perdoe. Sou um tolo que age sem pensar. Eu não deveria ter duvidado do senhor e menos ainda lhe atacado daquela forma. Compreendo e aceito se não quiser mais me ensinar.
    — É verdade. Você é um tolo, agiu como tal e não deveria ter feito isso. Não tem porquê eu lhe ensinar. 
     
    Dante sentia o peso de cada palavra dita pelo homem e sabia que ele merecia aquilo. Pelo menos agiria como um di Savoie e enfrentaria as consequências de cabeça erguida.
     
    — Mas finalmente foi verdadeiro com seus sentimentos, isso é o que importa. Mas nunca mais duvide dos meus ensinamentos ou seja petulante daquela forma. Caso contrário,  seu castigo não será apenas o orgulho ferido e  ficar todo encharcado. 
     
    Dante olha surpreso para o homem diante dele, que sorria feliz por ter conseguido lhe pregar uma peça.
    — Obrigado, mestre, muito obrigado. Eu juro que não vou decepcionar.
     
    Entre lágrimas e sorrisos, Dante não conseguia esconder  a alegria.
     
    — Não me agradeça ainda,  ragazzo. A partir de amanhã vou deixar de ser bonzinho e lhe mostrar o inferno,  para ter certeza que  possa ao menos sobreviver. Fui claro?
    — Sim, Mestre.
    — Também avise ao grande Lord que a partir de hoje você irá morar comigo.
    — Morar aqui?
    — Sim. Algum problema? Quer ficar com seus brinquedos no castelo?
    —  Não.
    — Ótimo. Então termine de beber e vá fazer o que lhe mandei. Não me faça perder tempo.
     
    Rápido como uma raposa, Dante termina sua bebida e sai porta afora, feliz por finalmente ver um futuro para si.
  • Gata

    Pensamentos......
    Gata, aquela menina mulher gata sabe? Gata não só na sentido de linda, que também faz sentido! Sabe? Aquela gata que é uma fera, mas não só no sentido de feroz, apesar de ser também quando quer muito brava! Sabe? Aquela gata astuta, ligeira veloz, mas não só no sentido de rápida! Mas no sentido de estar ligada, prestar atenção, admirar coisas pequenas e quase imperceptíveis! Sabe? Ao mesmo tempo aquela gata que tão arisca quando recebe carinho amansa, descansa, respira e admira! Sabe? É ela mesmo, tá ali, se escondendo, desaparecendo, nem sempre sendo mas estando ali para voar!
  • GOTÍCULAS DE SONHOS

    Respira bem, bem baixinho
    Tenta ouvir o barulhinho
    Da chuva que cai mansinha 
    Lá em cima no telhado

    Notas de tranquilidade
    Como lágrimas que caem
    E que lembram uma saudade
    Num eterno tamborilado

    Tem que fazer silêncio pra ouvir
    Um silêncio absoluto
    Quase que um silêncio-luto
    Mas sem a triste tristeza

    Se ficar bem quietinho
    E respirar bem baixinho
    Vai poder ouvir e até ver
    Como é bela a natureza

    Gotículas de sonhos que se espargem
    No eterno éter do universo
    Me inspiram essa letra, este verso
    E seguem a esvoaçar em meu caminho

    Enquanto caem lá fora
    Sinto elas na minh’alma
    Sinto a paz e sinto a calma
    Bem daqui do meu cantinho

    De todas as coisas que respiram
    E de tudo o que existe neste mundo
    Dentre todas as coisas que me inspiram
    Talvez isto é o que de mais profundo
    Eu senti dentro de mim
    Num cantinho cá de mim
    em apenas um segundo!

  • Halloween - Somos Ficção? Ou Ficção; é o que Somos?

    ametista



    Halloween – Um Conto
    (Somos Ficção? Ou Ficção; é o que Somos?)


    Para dois amigos especiais;
    José Bento Renato, e sua querida filha Emília.



          Me contaram uma história que se deu assim: num certo país, num certo estado, incerta cidade; mês de outubro. Mês de “Halloween”, de Dia das Bruxas, para as crianças garantia de festas, brincadeiras e doces, oh! Coisa boa!

    Para os lojistas também era bom, mais movimento em suas lojas, significava mais dinheiro no caixa.

    Nessa cidade de muitos bairros, havia um bairro não muito grande. E nesse bairro, uma casa amarela. Dentro da casa jantavam felizes, uma família de quatro pessoas. Família unida, com muita alegria, em seus jantares conversavam e sorriam.

          Qualquer assunto era bem-vindo, falavam de tudo, sem preconceito. Cada um deles tinha um ponto de vista, o que ajudava a fluir as conversas tornando-as sempre mais interessantes.

    - Hoje eu vou defender os animais! - Falava o pai empolgado no novo tema da discussão – Olhem bem para os cães, companheiros fieis e amigos leais. Fazem companhia quando precisamos, e além disso tudo, protegem os quintais.

    - Pai, eu concordo, você tem razão! – Na sequência o filho de treze anos, menino jovem e antenado, gostava de ler e também de estudar – Mas vou defender o nacionalismo. Veja nossa cultura, nossa música, arte! Veja nosso poeta Carlos Drummond de Andrade!

    - Gostei dos dois, e concordo também! – A mãe que era uma ecologista ferrenha, amava os rios a fauna e a flora – Eu vou defender a floresta Amazônica! Produz nosso ar, alimento para os índios, não quer nada em troca. Além disso ainda; sofre as queimadas sendo desmatada, está maltratada.

    Até Zezé, que era a menor, a filha caçula de apenas um ano, já entrava no bolo pela empolgação. Em cima de um tapete, no chão da cozinha, olhava o aquário apontava e dizia:

    - Aga... aga...! – Balançava os braços um sorriso gengiva – Aga... aga...; aga... aga!

          No meio da conversa surgiu um ruído, um barulho estranho vindo da parede, no cabide onde o pai pendurou seus pertences, assim que chegou do trabalho no dia.

    Foi verificar a razão da desordem, pegou o casaco e pôs a mão num dos bolsos, tirou de dentro algo brilhante. Era uma pedrinha, uniforme e lisa; de cores intensas violeta lilás, lembrou da menina que viu na rua.

    - Eu me esqueci, de contar para vocês – Falou o pai, com a pedrinha na mão, colocou na direção da luz, para enxergar melhor – Uma menininha fantasiada de boneca que tinha um saco de pano vermelho, me deu de presente ali na esquina, quando eu voltava para casa esta tarde.

    “Ela falou, que é uma pedra “Ametista”, foi retirada de um vale distante, é um tipo de pedra de intensa magia; invoca a intenção e o mais puro desejo, um sonho infantil como quando criança, transforma as pessoas em bichos e coisas. Em personagens, em animação. Ficam assim, por pelo menos um dia, isso só acontece no Halloween”.

    O brilho aumentou clareou toda a casa, depois pipocou; “Ploc” e sumiu.

    Todos começaram a sentir algo estranho, girando e girando em torno de si. Iniciou de repente uma transformação.

    O corpo do pai se encheu de pelos, no rosto o focinho e as orelhas cresceram, surgiu um rabo e ficou de quatro, correu porta a fora uivando bem alto.

          A mãe na sequência também mudou, sua roupa virou um vestido preto, com mangas compridas largas e soltas, na cabeça um chapéu também preto e comprido, com uma fivela na base e alças redondas. A vassoura também estava mudada, deslizou sobre o piso na direção dela, saíram voando da casa pela janela.

    A Zezé encolheu numa mistura engraçada, de peixe e bebê uma mini sereia, se arrastou pelo chão e pulou no aquário. Rodopiava, e girava com os peixinhos na água.

    Já com o menino não foi diferente, numa das mãos de repente um cachimbo, na sua cabeça um gorro vermelho, da cor do calção alçado no ombro. Uma perna encolheu ficou só um toquinho. Com apenas uma perna, mas com muito equilíbrio, queria brincar e ficou curioso, pulou pela janela e foi para rua.

    Ficou encantado com o que viu lá fora, o bairro estava todo mudado, cheio de personagens de filmes de livros, todos brincando com grande alegria. Viu bruxas voando em suas vassouras, lobisomens e múmias jogando baralho; elfos e fadas correndo na praça, um Charlie Chaplin com um globo gigante, jogava o mundo para alto e aparava no ombro com maestria.

    Mais adiante viu dois escritores, olhou bem na hora da transformação. Um transformou-se num porco gordo e grande. Que ficou de pé e saiu andando, com ar de confiança e de integridade. O outro do lado, virou uma pirâmide, depois o deserto, e depois o vento. Seguiu ventando ao lado do porco.

    Na esquina da rua viu um grupo estranho, viu a boneca de quem o pai tinha falado. Era uma boneca feita de remendos e tinha os cabelos de fios de lã. Estava ainda com o saco de pano distribuindo as pedrinhas mágicas. Apontava para todos e sorria bastante, e também falava igual tagarela. Tinha ao seu lado mais dois personagens, que também gargalhavam e estavam contentes. Um jacaré fêmea do tamanho de gente, o corpo verde e uma cauda grossa; cabelos loiros com uma franja na testa, até as costas passando do ombro. Ao lado dela com sorriso discreto; um sabugo de milho que também era grande, estava de terno cartola e óculos. No queixo uma barbicha, e com vários livros. O que estava lendo naquele momento era “O Filho Eterno”, de Cristóvão Tezza.

    O Menino Saci também sorriu. Ficou alegre e feliz ao ver, que todos os personagens ali reunidos, se divertiam sem brigas, sem guerras. Sem preconceito de raça ou de cor, nem de origem de lá ou de cá. E menos ainda se pobre ou rico, todos brincavam no mesmo lugar.

          Viu ainda passando ao seu lado o porco grande e gordo de pé, com seu amigo que ainda mudava; que virou areia, depois pirâmide, de novo o vento, e depois um pastor; enquanto o porco reunia à sua volta, alguns outros bichos que encontrou por ali:

          - Revolução! Revolução, nosso lema agora... é a Revolução! – Falou o porco, enquanto o amigo do lado, mudava outra vez, não queria parar; virou o deserto, e o vento de novo, e até que enfim, ufa! Depois um bom tempo e de transformações; parou de mudar, transformou-se num mago.

          - Somos uma só coisa no mundo...; todos ligados a mesma energia...; está guardada em nossos corações...; toda a beleza e toda a magia!






  • Harmonia ao quadrado

    A Editora Estúdio Armon não cansa de me surpreender. São diversos títulos de mangás seriados ou solo que, acabam nos divertindo e nos levando a outros mundos possíveis. Sejam fantásticos ou realistas, esses mundos são a manifestação de que possuímos criadores talentosos em nosso meio, ansiosos por uma oportunidade de mostrar o seu talento enquanto desenhistas e roteiristas.
              A coletânea HarmoniHQ apresenta um interessante conceito: um quebra-cabeça em mangá. Assim como um quebra-cabeça, diferentes peças conectadas formam a imagem de um todo, maior e mais bem elaborada. O argumento inicial surgiu da quadrinistas e designer Cristiane Armezina, e acabou gerando uma das melhores obras dos criadores do estúdio. Tanto é que foi indicado a uma das categorias do Troféu HQ Mix.
              A obra foi recorde em financiamento coletivo do estúdio no Catarse. A tiragem inicial foi de 1000 exemplares, maior até que muitas editoras tradicionais. A identidade visual ficou a cargo da Cristiane Armezina, com capa representando todos os protagonistas dos one-shots feitas pelo Giovanni Kawano. A capa e contracapa possuem detalhes em brilho e alto-relevo, um projeto gráfico muito bom da Gráfica Monalisa. São mais de 300 págs.
              O tomo possui orelhas, dois prefácios escritos por Kaji Pato (Quack, Editora Draco) e Max Andrade (Tools Chalenge, Editora Draco), além de diversos extras. A obra reúne 9 one-shots e 12 artistas. A partir daqui eu traço minha experiência de leitura, que de nenhuma forma se propõe a ser a palavra final. E recomendo a aquisição da obra para uma completa visualização de suas potencialidades. Como se trata de uma obra com menos de dez títulos, farei análise uma por uma, iniciando da que mais gostei, colimando até a que menos gostei.
              BRAkuman é escrita por Fábio Gesse e ilustrado por Raphael Munhoz. À primeira vista parece uma paródia de Bakuman, mas isso se torna ledo engano na primeira virada de página. Seguimos a jornada do Jotacê, um jovem adulto tentando descolar uma grana enquanto continua a produzir seu mangá Pure Armors na internet. Mostra de maneira crua, porém, divertida, a expectativa e desafios da produção de quadrinhos independentes dos brasileiros. O Fábio incluiu vários elementos que deixou a coisa bem verossimilhante, até o Joey do canal MangáTube!, apareceu aqui, mas sem cuspir nos mangás alheios. O Munhoz teve algumas sacadas metanarrativas, como incluir a criação de quadrinhos em recurso da diagramação, além de fazer quadros em 3D — quando os objetos do quadro interagem com outros quadros, é como se o personagem saltasse da página para fora dela.
              Epístola é one-shot escrito pelo Gabriel Nunes e ilustrador pelo jovem experiente Gabriel Silva. Esse último foi o artista que mais evoluiu no Estúdio Armon para mim. Se destacou após desenhar o seinen Máscaras da humanidade, obra com ótimo potencial mas que acabou se tornando um fiasco devido a inconstância do roteiro — era um thriller psicológico, virou uma ação sobrenatural, por fim, se tornou um thriller psicológico de novo. Depois dessa pequena gafe em forma de mangá, ele se recupera mostrando a maturidade do seu traço num roteiro sombrio e angustiante. Os Gabriel, ou melhor, Gabriel2 traz a história do jovem executivo Renato que está sofrendo assédio (ou stalker, se você prefere o estrangeirismo). Particularmente, eu quero ver mais dessa dupla. Estão bem entrosados, e são jovens.
              Lucky Guy é uma obra do Giovanni Kawano, e o cara é muito bom em criar obras que dramatizam o nosso cotidiano com perfeição. Lucas é um jovem de beleza adônica, mas sofre com a timidez, e não sabe se expressar muito bem. Resultado: muitas trapalhadas! Kawano tem um traço muito simpático. Os roteiros são leves e bem-humorados, o que nos leva a questionar se aquilo não já acontece conosco ou com nossos amigos.
              Inclinação para o mal­ foi desenvolvido pelo Erix Oliver. Nesse one-shot, a protagonista Leslie Lockendoor, conceituada romancista, se envolve num caso de assassinato na inauguração do Hotel Zorn. O mistério e sua resolução foi muito criativa, digna dos clássicos das histórias de detetive que rende homenagem. Porém, acho que o autor deveria ter criado uma situação para gerar mais dúvidas no leitor, e o momento ideal era a reunião na sala de recepção, fora isso, tudo está muito coeso. Outra coisa que me chamou atenção, a obra se passa no Brasil, mas porque trazer tantos elementos europeizados? Não é possível criar uma atmosfera para histórias de suspense policial se não remetermos ao estrangeiro? Os desenhos são geometrizados, remetendo aos shoujos, só que com traçado mais obscuro. A Leslie é bem gótica para mim, eu gosto desse visual.
              Jayson Santos nos traz seu one-shot Sociedade Zumbi. História anteriormente ganhadora de um concurso de quadrinhos, mostrou mais uma vez o talentoso traço do mesmo autor de Hooligan e Makai Mail (Conrad). A trama gira em torno do Gary, um zumbi que encontra uma humana ainda viva, a Seis. É uma história que traz uma mensagem fatalista, determinista e conformista. É uma tragédia em redenção nem catarse.
              CNC é uma obra do Waldenis Lopes, autor de Utopian. Outra história de detetive, mas com um teor mais mórbido, afinal, é um gag mangá sobre um crime. Entretanto, acho que esse one-shot tem alguns erros no roteiro. Por exemplo, porque que uma testemunha se trancou num cômodo no local do crime se ele poderia fugir? Porque não chamou a polícia? Inspetora de qualidade trabalha em que órgão regulador do governo? O crime e suas motivações tem sua lógica, mas a cadeia de eventos não o foi nada factível. O desenho em lembrou muito Luluzinha Teen, mais cartunesco, com contornos grossos com uso e abuso de retículas e texturas. O elemento yaoi passou em branco aqui, foi mais alívio cômico do que retratação de personagens LGBT+ na obra.
              Dreams é da mangaká Pammella Marins. A autora tem um dos melhores traços josei do nosso país. Apesar da beleza dos desenhos, a obra ficou aquém. O one-shot trata de um relacionamento lésbico entre uma jovem desenhistas e uma mãe solteira. Isso por si só já dava para explorar muitas coisas em um one-shot, mas a autora não soube aproveitar em nada a temática. Ela incluiu diversos recursos narrativos como flashback e saltos temporais (ou time skip, se preferir) que comprimiram a história, e a cada compressão, perdíamos um dos elementos de nosso interesse. Por exemplo: a protagonista, a Alexandria, é uma jovem desenhista, mas após passagem de tempo, qual a relevância disso para ela? Como um relacionamento com uma mulher mais velha e com uma filha poderia impactar numa relação? Como a projeção da imagem da mulher amada na afilhada da companheira de Alexandria iria provocar problemas na relação das duas? Porque incluiu um tema fantástico que não foi desenvolvido e nem teve relação com a trama? Para um spin-off de Anjo da guarda, a obra não funciona só, e nem complementa a trama original.
              Penúria prometia uma obra sarcástica e com um teor crítico, que suscitaria discussões, mas acabou fazendo o contrário. A Andressa Gohan nos trouxe uma quebra de paradigma visual: a protagonista é uma jovem amazona negra em pleno mundo medieval, e só, tudo acaba aí. Como a temática remetia ao “girl power”, segundo a autora, o objetivo era estabelecer uma crítica a sexualização das personagens femininas na ficção especulativa, porém, a história é anêmica demais para sustentar uma crítica tão grande. Há erro um problema na causalidade dos eventos, parecendo mais uma miscelânea de piadas metatextuais equivocas.
              Considero Maximillian Sheldon a pior história que já li de todo o estúdio. Sei que parece injusto com o traço simpático do Lucas Gesse e com o roteiro eficiente do Fábio Gesse. Eles traduziram a música da banda Ultraje a rigor para os quadrinhos. A ideia é genial, e eles contaram com a ajuda do Roger Moreira, vocalista da banda. Porém, como eu não curto mais a sonoridade da banda e acho a figura do Roger repugnante, eu detestei a história. Roger é um roqueiro reacionário, negacionista, bolsonarista, militarista, armamentista, antidemocrático, arrogante, egoísta, egotista, ególatra e que se acha o centro do universo etc. adjetivos que sozinhos já te fazem alguém muito insuportável, mas que juntos te fazem alguém ainda pior. Ele é tão inteligente que se filiou a um partido que não existe. Ariano Suassuna disse que um roqueiro é uma coisa decadente, mas decadente mesmo é um roqueiro a favor do sistema. Sem chance pra essa história irmãos Gesse, prefiro ler Crônicas de Etekion ou 4 elementos.
  • Harmonia Social

    social
    Imaginação Fértil, Fertiliza Novos Terrenos.

    Vê Se Aprendes A Sorrir, Porque Todas Estás Tragédias Apenas Dão Forma A Tua Vida, Já Começo A Ficar Farto Dos Teus Pacíficos Protestos Que Procuram Executar A Tua Própria Vida, Primeiro Remenda Os Erros Do Passado E Só Depois Vir Te Desculpar, #Ordens!NãoSãoRestrições. Segundo, Diz-me Que Estás Apaixonada E Só Depois Podes Voltar A Amar, Ouve-me… Ordens Não São Restrições, Da Um Passo Para Traz E Permite-me Reaprender Tudo O Que A Alma Esqueceu, Se Estamos Num Percurso Consciente Onde É Que Está O #BotãoDePânico, Que O Divino Nunca Nos Favoreceu, A Lei De Que Nada De Esquece Esqueçeu-se Da Importância Dos Centímetros Que Integram A Nossa Distância,Revivo A Constante Dor Que Faz Vigência A Quem Sempre Teve Razão É Como Tirar Seculares Lutos De Carência, Escalar As Montanhas Da Lua E Mergulhar Na Moral Da Tua Dimensão, Eu Dou Por Mim A Elaborar Todo O Futuro Movimento Porque O Passado É Apenas Mais Um Pretexto Que Contem A Respiração Dos Meus Constrangimentos, Quebrei A Barreira Das Obsessões Do Anti-Socialismo De Forma A Simplificar A Passagem Da Virtualidade Dos Teus Fragmentos, Aceitei A Situação E Continuei A Andar, O Que Tu Perdeste Não Era Teu, Eu Agora Só Quero É Voar, Sou Um Desesperado Que Não Tem Amigos Nem Reputação, Sou Um Ego Artificial Da Primeira Era Que Vibra Ao Sabor Das Contradições, Sou Um #IndivídoIsolado Que Não Aceita A Solidariedade Da Solidão, Porque As Minhas Vontades Têm As Tuas Razões, Se O Verdadeira Trabalho É O Mental, Eu Mentalizo O Espírito Da Justiça Neste Processo De Iluminação.

    Nós… Somos Os Filhos Que Nunca Alcançaram O Pódio, Nós…. Somos A #VerdadeiraTragédia Que Foi Generada No Intervalo De Um Episódio De Ódio, A Realidade Transmuta-se Entre As Alternativas, Das Muitas Falhadas Conexões, Palavras Radioativas Graduam Vidas Pregando Os Obstáculo Das Minhas #IntelectuaisRelações, Enquanto A Tua Vontade Técnica Sorri Sobre O Meu Sereno Desalento, Eu Danço A Volta Da Verdade, Estimulando Os Teus Nojentos Blocos De Arrependimentos, Muitas Das Nossas Histórias Tem 6 Rumos, Vejamos Eu Não Te Ouço, Tu Não Me Ouves, Não Nos Ouvindo Divergimos, Uma Das Doutrinas Que Suprime O Nosso Ser Aflora Enquanto Desperdiçamos A Nossa Juventude Em Torno Dos Imortais, Vulnerabilidades São Fortalecidas Pela Falta De Educação, Quando O ADN Não Identifica Os Dentes Sorriem Os Restos Mortais, Não Forces A Minha Jornada Ou Ainda Podes Vir A Embolsar Um Passeio De Volta Ao Ventre Da Criação, Eu Acho Que Ninguém Foi Criado Para Ser Meio Amado, A Rota Que Tracei Para Conquistar O Teu Espírito Revelou-me Um Sabor Humano Meio Deformado, Vazio E Sem Significado, Ela Pode Parecer Louca Mas Tem #ACabeçaNoLugar, É Uma Mulher Livre Superior E Elegante, O Seu Rosto Tem Aquela Expressão Que Me Faz Querer Falar Cantar E Amar, Enquanto O Sorriso Desperta Em Mim Um Duplo Movimento Para O Interior, É Como Injectar Alucinantes Momentos Contemporâneos De Aspecto Gratificante.

    Ela É Conhecida Por Muitos Nomes E Descrições. 

    Acordar-mos Para Ir Trabalhar O Suficiente Para Não Sermos Despedidos, Enquanto Isso Recebemos O Suficiente Para Fazer A Digestão De Todos Os Sonhos Já Perdidos, Deixa-me Lavar O Passado Da Minha Cara Porque O #MensagueiroDaMiséria Tem As Consciências Humanas Hipnotizadas, As Gotas Do Nosso Divino Remédio Redefinem-se Pelo Fracasso Das Experiências Que Temporalmente Em Nós São Acorrentadas, Ainda Assim Todos Estes Contratempos Nunca Irão Definir A Pedagogia Do Meu Efeito, A Inesgotável Actividade Construtiva Da #OrdemPensante É Um Império Clandestino E Eu Sou O Autoconceito De Todo O Sujeito, Os Meus Sonhos São Sementes Que Desenvolvem A Tua Realidade, Eu Falhei 100% Das Vezes Que Procurei Abraçar-te Com Os Resultados Dos Meus Pensamentos, O Sublime Gesto Da Tua Ausência Ameaça A Variedade Do Élan Da Minha Biodiversidade, Eu Não Quero Ouvir-te Através Dos #ImponderáveisElementos Que Dão Rumo Aos Sentimentos Que Desaguam No Atlântico, Porque Tu És Uma Providência Sem Proprietários, És A Deidade Que Eu Venero E Crítico, O Klan Sãos Os Cavalheiros Templários, Que Abrigam O Tesouro Que Fez De Mim Um Ser Romântico.

    Caminharmos Com O Sangue De Deus No Coração, Mas Muitas Das Vezes Caminhamos Com O Mesmo Sangue Nas Nossas Mãos, A Morte É Apenas Mais Uma Governamental Instituição Que Renova #ANossaIdentidade, Já A Vida É A Prescrição Que Vem Mascarar O Problema Do Infinito Loop Da Universal Ilegalidade, O Meu Psiquiatra Diz Que Eu Já Não Tenho Esperança, Posso Parecer Um Homem Forte Mas No Fundo Reside Uma #InocenteCriança, Sou Lento No Deciframento Do Comportamento De Certas Expressões, Porque A Harmonia Vive Embarricada Em Sociais Centros De Avaliações, O Ritmo Da Esfera Faz A Colheita De Toda A Ideia Significante, Que Mutuamente Se Implicam Mas Nunca Se Explicam, Visto Que A Humanidade Só Será Livre Reconhecendo O Plano Do Nosso #DivinoFrabricante, Sempre Que Perco O Meu Tempo Com Alguem Que Não Me Valoriza, Eu Envio Uma Conta, Ganho Conhecimento Com O Tempo De Sonho, Mas Quando Acordo O Pesadelo Só Desaponta, Toda A Essência Espiritual Oferece Uma Dimensão De Desenvolvimento, Não Existe Confusão! Sensações São Sinais De Realidades Não #SinaisDeSofrimento,  Se Tu És A Âncora Que Liga O Meu Céu A Tua Unidade Polar, Vê Se Das Uma Oportunidade Ao Depoimento Do Meu Amadurecimento, Eu Dou Por Mim A Desmontar As Tuas Molduras De Ideias Sem Cansaço, O Dificil Só É Negativo Quando Me Sinto Longe Do Teu Abraço.

    Não Confundas O Medo Com Respeito, Porque Eu Não Respeito O Medo.

    Perdi O Livro De Instruções De Como Viver Em Sociedade, A Inevitável Tendência De Generalizar Cortou O Fluxo Dos Procedimentos Entre Eu Tu E As Dualidades Das Minhas Identidades, Porque Que Continuamente Tropeço Sobre Pessoas Que Aparentam Ter Respostas Para Tudo Mesmo Vivendo No #CentroDaTragédia, É Como Acompanhar O Movimento De Transição Que Faz O Suporte A Toda Tentativa De Acção Que Consome A Luz Dos Teus Olhos E Canaliza-lhe Com Instrumentos De Mais Um Dia De Comédia, O Poder Da Minha Intensidade Apavora E Remove As Vidas Das Tuas Fraquezas Como Se Fossem Abortos, Os Meus Objectivos #DormemDespertos Porque Sabem Que Eu Estou A Caminho, Já Os Elementos Espertos Recebem Caixões Pelo Insofismável Esforço Do Mal-Falar, Se Certos Julgamentos Dão Forma Ao Teu Propósito Tenta Não Propositadamente Espreitar Pela Janela Do Vizinho, E Por Favor Ajuda-me O Mundo Analisar, Porque Que Uns Treinam Para Eliminar Vidas Enquanto Outros São #TreinadosParaSalvar, As Fazes Continuas Das Nossas Atitudes Gravam E Armazenam Informações, No centro Dos Nossos Corações Existe Uma Ressonância Magnética Que Vive Desejosa Para Se Exprimir, Mas Preferimos Fumar E Beber Com A Intenção De Abafar A Ascensão E Progressão Deste Amor Que Nos Poderá #RegastarOuDestruir.

    Kedson- Relaxa Nada Está Perdido, Eu Ainda Estou Aqui! 2018 É Um Lugar Primitivo, Desde Que Entrei Em Sincronia Com A #SinfoniaDoUniverso, Comecei A Deixar Pensamentos A Beira Da Estrada Enquanto Procurava Pelas Tuas Previsões Nas Estrelas, Não Te Preocupes Assim Que Alcançar Uma Eu Trago-lhe De Volta, Sou Mais Um Dos Seres Modernos Que Procura Pela Sua Alma, Um Corpo Perfeito Com Um Aroma Encantador, Esses Sonhos Têm Preços Que São Pagos Em Sangue, A Vida Fortalece Os Fracos Tirando-lhes O Chão, Se O Teu Coração For Equivalente A Positividade Que Neglet A #ConvergênciaDoCaos, Poderás Seguir O Ciclo De Evolução Com Mais Conhecimento, As Sequências Das Linhas De Tempo Fixaram-me Num Lugar Onde Não Preciso De Nada, A Liderança Nem Sempre Caminha Na Linha Da Frente, Estou Pronto Para Abraçar A Pressão Porque A Ambição Que Tenho Para Proteger Os Meus Aliados, É Uma Legítima Fonte De Energia Que Brilha Sobre As Sombras Do #MundoPararelo, Um Pouco Atordoado Mas Continuo Na Luta, Porque Este É O Momento De Manipular O Pensamento Hospedeiro Que Reprograma A Diferença, #KudzaFazADiferença.

    Alguns De Nós Vive Melhor Num Mundo Perdido.

    Kudza
  • Histórias Espetaculares # 5

    Primeira História: Lutando até a Morte com o Homem de Aço!
    Ao testemunhar o Homem de Gelo impedindo um crime, o cientista Osmar Lopez afirma que ele é um cientista pouco apreciado e que poderia ganhar uma vida melhor como um mestre do crime usando sua mente científica para cometer crimes perfeitos. Depois que sua primeira tentativa de roubo falhou, ele decide que acabará com a ameaça do Homem de Gelo aos criminosos de todos os lugares. Criando uma armadura quimicamente tratada e armas feitas de aço, Osmar se torna o Homem de Aço.
    Desafiando o Homem de Gelo para uma batalha pública, ele consegue ser mais esperto que Homem de Gelo derrotando o herói e dando ao Homem de Aço a chance para ser contratado por um chefe do crime local. No entanto, quando ele comete um novo crime, Homem de Gelo desafia o Homem de Aço novamente, usando seus poderes de gelo para congelar tudo ao redor do Homem de Aço, forçando o Homem de Aço e seus bandidos a se renderem.
    Segunda História: Cara a Cara com a Magia do Mestre Bill!
    Bill invade a casa de Mestre Anzelli em forma astral e obriga um funcionário a colocar um veneno em sua comida. Bill tenta arrancar dele segredos místicos, ameaçando deixar o veneno matá-lo gradualmente. Quando o Doutor Murray tenta entrar em contato com Anzelli e não consegue, ele percebe que algo está errado e o visita em forma astral. Murray e Bill lutam. Em desespero, Murray usa seu amuleto mágico para transferir energia de si mesmo para seu antigo mestre Anzelli, enfraquecendo-se assim. Murray diz a Bill que pode impedir que a forma astral de Bill se reúna com seu corpo físico. Assustado Bill foge para seu corpo e perde o controle do funcionário de Anzelli. Murray segue e diz a Bill que sua trama falhou.
    Terceira História
    Numa pequena cidade costeira, um grupo de amigos de infância decide se reunir para um fim de semana na antiga casa da família de um deles. A casa, localizada em uma falésia com vista para o mar, tem sido o local de muitas aventuras e memórias felizes para o grupo.
    No entanto, assim que chegam à casa, coisas estranhas começam a acontecer. Objetos desaparecem e reaparecem em lugares estranhos, barulhos inexplicáveis ecoam pelos corredores à noite e mensagens enigmáticas surgem escritas nas paredes.
    Conforme o fim de semana avança, as tensões aumentam entre o grupo de amigos. Suspeitas e acusações são lançadas, e logo fica claro que alguém no grupo não é quem parece ser. Cada um dos amigos tem segredos do passado que começam a vir à tona à medida que tentam desvendar o mistério que envolve a casa.
    No clímax da história, durante uma tempestade violenta que deixa a cidade sem energia elétrica, o grupo descobre a verdade chocante: o vilão por trás de todos os eventos misteriosos é na verdade o amigo mais confiável e aparentemente inocente do grupo. Ele revela seu plano sinistro e suas motivações perturbadoras, deixando todos atordoados com a revelação.
    Próximas Histórias
    Contos de Heróis #6 dia 15
    Os Qu4tro #7 dia 15
    Histórias de Heróis #7 dia 22
    Don Valente, O Garoto de Alvorada #1 dia 29
    Jornada Pela Via Lácte

Autores.com.br
Curitiba - PR

webmaster@number1.com.br