As crônicas do Inferno
Sociedade Atemporal
Por Srta Oliveira
&
Carry Manson
Os primordiais
No início havia apenas sombras e o
vazio.
O multiverso era cheio de potencial para a vida, mas permanecia
deserto.
Até que um dia uma destas forças
evoluiu, e então ele nasceu com todo o
esplendor de um titã.
Caos o primeiro ser a existir.
Ele não era personificado,
não era fogo, nem água,
era apenas uma força magnífica.
E como para cada força há um
oposto complementar, quando menos esperou não estava mais sozinho.
Logo de cada ruína que gerava,
nascia uma flor.
Para cada vida destruída, nascia
um novo ser.
Era ela que estava ali. A doce e
perfeita Harmonia.
No início ele a detestava,
pois suas obras eram constantemente embelezadas.
E ela o odiava, pois sempre tinha que
consertar as suas falhas universais.
Por isso certo dia fizeram um acordo:
“Destruirei o quê quiser naquela direção, e você criará o quê desejar
naquele espaço.”
E naturalmente tudo seria perfeito para
os dois, estavam livres para criar e destruir sem parar.
No entanto Caos percebeu com o tempo, que logo não haveria mais
nada para transformar em pó
ou ruína.
E Harmonia notou que sua criatividade
diminuíra, de acordo com o quê criava
sem razão alguma.
Eles precisavam um do outro para existir, e quando deram por si estavam
apaixonados.
Havia algo encantador nas flores que
nasciam no deserto.
E incrivelmente motivador quando toda
a criação perecia, e tinha de se fazer
de novo.
Por isso logo se tornaram um só, e deste delicioso amor nasceram 7 deuses, que
deram origem as dimensões conhecidas.
O Deus Solitário e a Deusa prometida.
7 Deuses caminhavam pelo multiverso,
cada um com seu poder, e sua dimensão.
Todos estavam felizes, pois de acordo com que cresciam, descobriam também o amor que os gerou.
Assim desta união, nasceram os 4 elementos principais.
Espírito foi o primeiro que
surgiu.
Fogo foi o segundo.
Ar o terceiro.
E por fim a Água.
Sim a Terra, era algo que não existia até
o momento, e por isso restou um Deus.
Ao contrário dos outros, este era especial.
Todos os opostos masculinos eram
semelhantes ao Caos.
E os complementares femininos a
Harmonia.
O quê gerava um equilíbrio perfeito.
Mas este Deus solitário não estava feliz,
e como Caos e Harmonia não tinham
novos filhos, jamais teria um
par.
Por isso se tornou a força do conhecimento, e seguiu tentando
criar a parceira perfeita, com
os remanescentes de seus
pais.
Certo dia Harmonia encontrou o filho
desesperado tentando criar um par,
e ao ver suas lágrimas negras, levou
aquele corpo frágil e vazio para
Caos.
Ele logo se apaixonou pela criação do
filho. Ela era como uma parte sua que até então desconhecia, e por isso ele
e sua amada, derramaram seu poder
orgástico, sob aquele material
estranho.
Foi então que ela nasceu,
a Grande e Majestosa Deusa Terra.
Ela era diferente dos outros.
Não era apenas uma energia, tinha um
corpo, mas era tão poderosa quanto
os outros.
O Deus solitário se apaixonou a primeira vista, mas como tinha passado
muito tempo no escuro, não demonstrou.
Harmonia e Caos concordavam com tudo, porém a chegada de Cerridwen mudou isso. Ela era como Caos e por isso ele sempre a protegia.
Ele a ensinou a caçar, guerrear, a ensinou tudo o que ele sabia e ela se tornou sua melhor guerreira.
Nos duelos de treinamento que havia ela sempre ganhava principalmente
de seu irmão mais velho Yaweh.
“Você é mesmo um chorão Yaweh, não aceita perder.”
“Lógico você é mulher, é uma lástima. Papai não deveria te ensinar a guerrear.”
“Você esta é com inveja. Você é o protegido da mamãe. O que vai fazer? Vai chorar pra mamãe vai??? ‘
Toda vez que ela fazia isso, Yaweh
ardia de raiva por dentro, ele odiava ser desprezado por ela e odiava mais ainda a forma como ela zombava
dele.
“Você deveria parar com isso Cerridwen, uma dama não se comporta assim” Disse Harmonia séria, mas serena.
“Sim mamãe, me desculpe.”
“ Deixa a menina Harmonia, ela só esta se divertindo. E damas devem sim lutar e não ficar como sonsas em casa.”
Disse Caos abraçando a filha.
O tempo foi passando Cerridwen se tornava mais bela e mais forte, guerreava em nome do pai dela e Yaweh sempre a vigiava de longe.
A olhava quando ela tomava banho no riacho, ficava escondido a admirando. Ele a amava, mas odiava este sentimento.
Até que um dia o inesperado aconteceu durante uma batalha Cerridwen, foi ferida gravemente e Yahwen a salvou, com isso ela passou a ter uma gratidão por ele, mas ele viu uma ótima oportunidade para concretizar seus planos.
A escuridão e a luz
O dia do casamento chegou, todos estavam contentes menos a noiva, em seu quarto Cerridwen se preparava, fazia hora, enrolava. Só queria que alguém a matasse, mas infelizmente ninguém fez isso. Ate que ouviu passos atrás de dela era Karlandisht um dos seus irmãos mais velhos, e mais apegado a ela.” Você parece tão triste!?” “Não quero me casar com ele, tenho nojo dele, a presença dele me da nos nervos. Tento gostar dele, mas não dá. Sinto que nunca irei gostar dele. Sinto que jamais irei amá-lo.”
“Não pensei assim, um dia vai sentir o amor. Tenha calma.” O casamento parecia uma tortura. Cerridwen mal podia visitar os pais, sempre isolada em seu jardim. Se ele quisesse vê lá ele ia, se não quisesse não ia. Se ele queria beija lá, ela o beijava. Durante muito tempo ela se entristeceu, vivia chorando. Fez de tudo para amá-lo, mas não conseguiu. Até que um certo dia viu um ser no seu jardim. ”O que faz aqui?”
“Sou Sammael, meu senhor pediu para que lhe trouxesse algo.”
“Seu senhor, diga a ele que não quero nada. Diga a ele para me deixar em paz.”
“Senhora melhor aceitar. Ele é benevolente, misericordioso.” Disse-lhe de maneira automática, pois assim foi treinado.
“Ele é o que? Nunca foi. Ele é um monstro. Um torturador que sempre quer que acatemos as ordens dele” Disse-lhe furiosa.
Os dias foram passando e a amizade entre os dois se fortalecia o anjo estava amando aquele ser, sua amiga de todas as horas como ele dizia. Passou a ir vê-la escondido, já que seu pai não permitia mais.
“ Você deve sempre estar equilibrado, sempre de olho no seu adversário.” Disse Cerridwen segurando uma espada. Por um momento só ouviam os barulhos das espadas, Cerridwen estava se divertindo depois de tanto tempo. Adorava a companhia de Sammael, amava tudo nele. Até que em um movimento ele a desarma e a segura quando seus olhos se encontraram.
“Você é linda!” Disse-lhe encantado “Ah...Obrigada...” ela tentou dizer, mas sua fala foi interrompida por um beijo de seu amado.
Naquele instante tudo aconteceu.
Os dois se amaram, e descobriram ali, que o amor deles era invencível.
Tempos depois Cerridwen foi se
refugiar no reino de sua mãe a
procura de abrigo.
Estava grávida e não sabia o quê fazer.
“Essa criança é a marca de seu pecado.”
“Mas por que mamãe? Porque eu amei outro?” “Este outro é seu filho. Ele nunca te contou? Yahwen não deveria ter esconder assim. Olhe a tragédia que isso gerou.” “Vai ficar aqui, ate o nascimento dessa criança, depois veremos o que fazemos.”
Naquele momento Cerridwen havia se preparado para dar a luz.
Estava preocupada, principalmente com seu amado. Não sabia o que fazer.
Quando a criança nasceu, ela sentiu algo, que nunca havia sentido. A menina era alva, de cabelos ruivos e olhos violetas. Era linda, naquele instante ela sabia que possuía um pequeno ser que precisava dela.
“mamãe ela é linda!” “Sim querida, ela e igualzinha a você. Ela te puxou Cerridwen”.
Do lado de fora escutam-se gritos, Yaweh estava furioso.
Rapidamente Harmonia entrega a neta a um emissário de Sammael, e Yaweh
se encontra com Cerridwen.
“ Aí esta você. Vagabunda. Achou mesmo que eu nunca iria descobrir? Achou mesmo que eu não saberia o que você fez?” “Yaweh calma, por favor, não faça nada com eles, por favor.”
“Onde esta a criança?” “Não vou te contar. Não vai tocar na minha filha.”
Ele a agrediu diversas vezes. Harmonia teve medo do filho pela primeira vez, por isso deixou que ele fizesse o que fez. Cerridwen ficou trancada em uma cela na torre norte do céu, sofrendo torturas, abusos. Totalmente sem esperanças.
O bebê iluminado
Ela era um bebê quando tudo aconteceu.
Foi uma surpresa para os pais, e
para o seu tio.
“Você precisa protegê-la Miguel.”
Disse-lhe Samael, e o arcanjo
detestou a ideia.
“Ela é o fruto do pecado de vocês.
Ela merece o destino que a aguarda.”
Respondeu-lhe sem pensar duas
vezes.
“Ela é muito pequena e inocente.
Como os querubins. Não pode lhe
dá as costas assim.” Retrucou, ao
segurar aquela criaturinha ruiva
de olhos violetas.
“Por quê não a escondem no jardim?
Nosso pai nem vem por aqui mais.”
Perguntou o arcanjo, até que o irmão
lhe deu a menina alada, e ele a
segurou.
“Ela é linda.” Disse para o mesmo, ao segurar a criaturinha, que ficou a brincar com o seu cabelo.
“Exatamente como a mãe dela. Miguel por favor, me ajude a cuidar dela, o jardim não é seguro.” Suplicou
quase desesperado.
“Está bem. Está bem. Vou levá-la a minha estufa. Lá é meu canto particular, e ninguém ousaria entrar
ali.” Disse embrulhando o rostinho
da pequena. “É um ótimo lugar.
Assim Yaweh não irá achá-la.”
Concordou.
Infelizmente houve um traidor que descobriu sobre a pequena, e
contou ao criador.
“Uma criança? Que não nasceu adulta?! Como isso é possível!?” Yaweh bradou
furioso.
“A culpa é minha senhor.” Samael ergueu a mão, e assumiu a responsabilidade.
“Samael?! Como ousou ir contra a regra?!” Ele ficou surpreso com a descoberta.
“Eu me envolvi com um anjo chamado Layla, e ela faleceu no parto.” O pobre
pai, mentiu para salvar a amada.
“Não existe nenhuma Layla. Acha que não sei de toda a verdade?! Não me
subestime.” Disse com raiva o
criador.
“Por favor não a machuque. A culpa é
minha! Fui eu que a procurei!” Berrou
o pobre brigadeiro, com lágrimas
na face.
“Os dois são culpados. E já que gostam tanto daquele mundo sombrio, viverão
lá para sempre!” O criador retrucou.
Nenhum dos outros anjos na
reunião sabia do quê exatamente
se tratava.
Ninguém tinha coragem de perguntar,
e por esta razão permaneceram em
silêncio.
“A partir de hoje Samael está
morto, e agora você será conhecido como Lúcifer a estrela da manhã!” Disse-lhe totalmente transtornado
com a traição, e então quebrou
11 dos seus 12 pares de
asas.
“Pois tal como a estrela de dia, você não será visto no mundo celestial.”
Esclareceu, dando-lhe a
sentença.
“E você Miguel. Meu bravo e poderoso filho. Irá com este traidor, para vigiá-lo e impedi-lo de cometer outra grande
falha!” Deu a missão para o arcanjo
, e assim os dois partiram.
Muitos anjos ficaram insatisfeitos com
a decisão do criador, estava claro que Lúcifer só tinha cometido o pecado de
amar, e por isso o seguiram.
Esta foi a primeira e grande revolução Luciferiana.
E o nome que deveria ser um sinônimo de vergonha, se tornou motivo de
orgulho para o caído.
Outro amor proibido
O bebê alado levou muitos anos para crescer.
Mas ao atingir 1500 anos, se tornou uma linda adolescente, que vivia no laboratório do arcanjo.
“Quando vou poder ir para superfície?”
Perguntava animada para o protetor.
“Nunca e meio.” Respondia-lhe com
frieza.
“Mas eu quero muito conhecer este tal céu.” Retrucou fazendo manha.
“É perigoso. Aqui embaixo, com seus familiares é mais seguro Luciféria.”
Disse ao continuar a estudar os seus experimentos.
“Não acho. Para mim, o perigo está em toda parte.” Disse sentando-se a
mesa.
Com o seu vestido branco e curto,
bem na frente dele, deixando-o envergonhado.
“Modos fazem uma dama.” Disse com
a face corada, coçando os cabelos
louros e escuros.
“Azazel diz que o importante é ser livre.” Rebateu como quem tem
razão.
“Azazel só pode mesmo ser filho de Lúcifer.” Resmungou revirando os
olhos, com um sorriso.
Miguel era focado no trabalho, e
por mais atraente que Luciféria fosse, ele evitava vê-la com outros olhos,
pois considerava um pecado
mortal.
Luciféria era livre como a mãe, e não
conhecia termos como “moral” e “bons
costumes.”
Miguel tentou fazer dela uma dama,
mas por mais educada que fosse, ela
permanecia sendo um espírito
rebelde.
“Segure a taça desta forma.” O arcanjo disse, ensinando-a a ter boas maneiras, e como uma jovem deve se portar.
“Que tal me ensinar como segura uma espada?” Perguntou entediada, imitando-o com exatidão.
“Damas devem ser inteligentes, e não podem participar de batalhas.” Disse-lhe cortando a carne em seu prato.
“Damas são chatas. Prefiro ser como a minha mãe.” Retrucou tomando os utensílios da mão dele.
Miguel nem sequer imaginava, no começo. Mas quando ia para a batalha, o irmão mais velho dela Azazel, a levava para floresta, e tentava lhe ensinar a
se defender.
“Lucy. Não é uma dança é uma luta!”
Azazel ria, atacando-a com investidas bem violentas.
“Eu sei. Deixa de ser trouxa!” Rebatia toda desengonçada.
Ao vê-la tão imponente, ele movimenta-se rapidamente, e a derruba.
Mas quando está para chegar no chão,
a pega nos braços, e por pouco não
a beija.
“Respeite-a garoto. Ela é sua irmã.”
Diz o arcanjo claramente descontente com aquele gesto carinhoso.
“Pare de olhar para ela desse jeito querido tio. Ela é sua sobrinha.”
Diz o anjo rebelde, parado na frente
do rival, com um sorriso malicioso, colocando a espada nas costas,
e partindo.
“Não tem jeito não é?” o anjo passa
a mão nos cabelos, totalmente desconcertado.
“Eu quero muito lutar. Como a minha mãe. Ela é um exemplo para mim.” A
jovem se explica, e o anjo cede.
“Certo. Azazel não conseguirá usar as suas qualidades.” Diz revirando os olhos.
Ele não consegue se conter, por mais que tente, o seu ciúme ultrapassa o nível aceitável para um
familiar.
“ A luta dele é selvagem, e você foi educada para ter graça e delicadeza.” Diz o seu responsável, tentando colocar defeito no método do inimigo.
“Eu sou frágil, intocável, e toda essa balela. Já vi que não vai me ensinar nada.” A bela lhe dá as costas, furiosa pois por mais que tenha sido cúmplice do seu nascimento, era tão machista
quanto o pai.
“Lucy.” Ele agarra seu pulso, e ela o olha com indiferença.
“Vou te mostrar que toda a sua graça e delicadeza podem ser mortais.” Sorri, deixando-a bastante animada.
Miguel era um grande soldado. Esteve nas maiores batalhas, e era uma honra ser treinada por ele.
Como ele sabia que ela queria muito lutar, a desafiou bastante, e testou
as suas habilidades, para focarem
em seus pontos fortes.
Quanto mais tempo passava com ela, mais percebia seus sentimentos, por isso decidiu deixá-la sob os cuidados
do irmão.
“Você está certo” Assume o crime de imediato.
“Eu sei. Só espero que não a machuque por isso, caso não sinta o mesmo.” Responde Azazel ajeitando
a besta.
“Ela sente. Mas isso não importa. É contra minha conduta, e não quero ser castigado por meu pai.” Diz entregando
algumas coisas afiadas para o seu
irmão.
“Sempre o filho de seu pai. Não sei como é meu oponente.”
Azazel fala baixo, por mais que goste de Luciféria, é outro que não quer assumir.
Mas neste caso é porquê não se acha bom o suficiente, para competir o
“fabuloso Miguel.”
“Eu vou embora. Então como sei que você é um dos melhores alunos do meu irmão, quero que prossiga com o treinamento dela” Diz estranhando a reação do seu oponente, e colocando
o capuz azul marinho.
“Ok. Mas isso vai magoá-la bastante.” Tenta ser altruísta, pois só deseja a felicidade de sua amada.
“É para o bem dela.” O arcanjo se prepara para voar. “O dela ou o seu?”
Azazel lhe pergunta, e o anjo olha
para trás, com certo pesar.
“É, acho que lutar com aquele maricas te fez bem. Uma mulher sabe como ensinar outra!” Diz Azazel percebendo uma melhora nas investidas da
ruiva.
“Você odeia mesmo o Miguel não é?” Diz bloqueando os ataques com a
sua espada de treinamento.
“Não. Só acho ele extremamente covarde, e pouco confiável.” Azazel
responde girando a lâmina, e a
desarmando.
“Ele só não faz o meu tipo.” Brinca e
lhe entrega a arma, para mais
uma rodada.
“Vocês passaram tempo demais juntos.” Diz atacando com ferocidade, mas a bela desvia de cada ataque.
“Seus golpes são tão previsíveis quanto os dele!” Termina tirando a espada da sua mão, e segurando as duas.
“Foi um bom treino. Amanhã nos vemos.” A abraça e recolhe o todo o equipamento. A bela continua parada, olhando para a mata e o rio.
O jovem vai embora. Sentindo-se feliz, pois com a partida do seu rival, teria
uma chance de se tornar o seu
pretendente.
No céu se vê a silhueta de um ser alado, e este desce até a jovem. Ao vê-lo seus
olhos se iluminam.
“Luci...Precisamos conversar.” Aquelas palavras a assombram, pois teme o
pior, já que não tinha o visto o
dia todo.
“Azazel acha que temos passado tempo demais juntos.” Ela lhe disse. “Ele acha
que tenho...sentimentos...Por você”
Ele respondeu.
“E você tem?” Ela perguntou. “Isso não importa.” Rebateu em defesa.
“É seria errado.” Ela retrucou triste, e ele não resistiu e a beijou.
O primeiro beijo de um amor esperado,
é inesquecível, e aquele tinha sido o
melhor beijo de todos.
Mas ele não quis ir adiante, e preferiu não se comprometer.
No lugar disso, partiu do jardim sombrio, e evitou vê-la.
“É errado. Deus não vai me perdoar.”
Era o quê pensava sempre que se
pegava a pensar nela.
Até que um dia não resistiu...
Na tarde em que voltou ela ficou tão
feliz, que o desejou por inteiro.
Entre as folhas secas e a água, ele a
fez mulher, e com ela conheceu o
pior e mais delicioso pecado.
“Eu te amo.” Foi a primeira vez que ele contou a ela, e ela não teve resposta,
pois tinha realizado o seu sonho.
Infelizmente nem tudo foram flores,
e logo deste criminoso amor vieram
os derradeiros terremotos.
O casamento e a queda
Azazel foi quem os encontrou na floresta.
Este ficou furioso, pois todas as suas
esperanças, tinham virado cinzas.
Miguel não só tinha retornado do nada,
como agora parecia disposto a ficar
com a sua amada.
Sendo assim tudo o quê imaginava para eles, não passava de uma cruel ilusão
de um apaixonado.
“Mas no fim de tudo isso filho. Ela será sua. Apenas sua, e ninguém mais irá
separá-los.” Era o quê se lembrava, ao vê-la adormecida e nua nos braços
do maldito soldado.
O pobre ser de coração partido, não perdeu tempo, e contou tudo a Lúcifer
e Cerridwen.
Ambos ficaram pasmos com a descoberta, e o pai da anjinha foi
para cima do arcanjo.
“Era para protegê-la! E não se
aproveitar de sua inocência!” Disse
ao acertar-lhe socos contínuos na
face.
“Eu a amo Lúcifer! Não é o quê
parece!” Berrou ao receber os golpes sem revidar, pois se sentia culpado.
“Isso não pode ser verdade. Você nunca amou ninguém, a não ser a si mesmo.”
Disse-lhe entredentes, pois não se esqueceu, que ele contou para o pai, sobre o nascimento da sua filha, e para proteger a si mesmo, fingiu não ter envolvimento algum com o
caso.
“Case-se com ela, assuma um compromisso, indo contra o seu pai então.” Disse Cerridwen utilizando
uma estratégia que sabia que iria funcionar.
“Se é o quê é preciso. Tudo bem.” O
arcanjo respondeu limpando o sangue
do canto do lábio.
Mesmo sob as piores condições, Luciféria ficou feliz com a
união.
Logo a notícia de um noivado tinha saído do jardim sombrio, e chegado aos
ouvidos do impiedoso Yaweh.
“Você foi enviado para conter Lúcifer e
a filha!” Yaweh urrou em cima do seu
jovem filho.
“Eu a amo pai.” Disse com uma voz
baixa, temendo a represália.
“Amor? Foi o amor que a trouxe a vida,
e me fez perder meu trunfo!” Gritou
ainda mais alto.
“Esta menina, é uma qualquer como a
mãe dela. Nunca será ideal para você!
Só irá machucá-lo!” Falou despertando
a dúvida no arcanjo.
“Não importa. É com ela que quero, e
vou ficar.” Respondeu recuperado
das incertezas.
O céu não era o único infeliz com a notícia. No Inferno os pais de Luciféria
temiam por sua infelicidade.
“Lúcifer. Eu não pensei que ele aceitaria
, me perdoe.” Dizia Cerridwen entre
lágrimas.
“Não se preocupe Cerridwen. Eu sei que
esse casamento não chegará nem no
Eu aceito.” Respondeu-lhe o amado
abraçando-a.
“Papai e mamãe estão chorando por sua causa.” Disse Azazel para a mocinha.
“Eles não entendem o quê é esse amor...Miguel não vai me machucar,
ele me ama.” Disse Luciféria, ainda saltitante pelo futuro.
“Deixa de ser tonta. Se ele te amasse
, não esperaria um ultimato para
se casar.” Retrucou Azazel.
“E importa ter esperado tal condição?
Eu a amo Azazel, e você não é capaz de entender tal sentimento.” Respondeu
o arcanjo, abraçando a noiva.
Azazel não era o único fulo da vida,
com o relacionamento de Luciféria e Miguel.
A prima dela Eke, também não tinha
muito o quê comemorar.
Era apaixonada por Miguel desde
muito jovem, e saber que ele seria para sempre de Lucy, lhe deixava furiosa.
Todos estavam contra eles.
Mas ainda sim o casal permanecia
feliz, e seguiam adiante com o seu
compromisso.
A perdição de um caído por nascença.
Mesmo contra a união, Lúcifer e Cerridwen foram ao templo.
Lá encontraram Azazel, que após descobrir que era filho de Yaweh
, tinha partido de casa.
Foi um belo reencontro, ele parecia ter aceito que Luciféria seria do seu rival,
e pediu para vê-la.
“Ela é minha irmã, e já foi minha
melhor amiga. Preciso mostrar que
a apoio.” Pediu para Cerridwen,
e esta lhe concedeu a entrada.
Luciféria estava mais linda e radiante
do quê nunca. Azazel ficou encantado
com aquela visão, mas tentou apagar
as segundas intenções.
“O quê faz aqui? Veio dizer mais uma vez, que meu noivo não me ama?!”
Perguntou com raiva, colocando o
véu vermelho.
“Não. Vim te mostrar que não é com
Ele, que deve ficar.” Respondeu o
anjo, e ela gargalhou.
“Como?” Perguntou com sarcasmo.
“Vai se arrepender disso. Olhe nos
meus olhos.” Disse encostando-a
na parede.
Ela o olhou, sem realmente vê-lo.
“Olhe de verdade. Fixe em mim.”
Disse-lhe com certa força, e
ela o fez.
Ele se aproximou, e a imprensou ali.
“Se você acha que é contigo que vou ficar, está muito enganado.” Ela se
defendeu, e ele a beijou.
No começo aquele toque de lábios
, a deixou sem reação.
“O quê está fazendo? Eu sou sua irmã.” Respondeu de olhos fechados, como
se esperasse por mais.
“E vai se casar com o nosso tio.” Ele
rebateu sorridente, e a beijou uma
segunda vez.
Deste segundo beijo, veio a retribuição,
e de tal gesto as coisas foram esquentando.
O tempo foi passando, e nada da noiva chegar.
Miguel ficou estarrecido, e Eke se dispôs a consolá-lo.
A noite...Luciféria o procurou, queria muito lhe explicar porquê não podiam
ficar juntos.
“Cometi o adultério.” Disse-lhe sem
pestanejar. “Azazel apareceu, eu não
consegui resistir.” Continuou a tagarelar.
“Miguel...” Ela tentou tocar em seu ombro, mas este se foi sem dizer uma palavra sequer, deixando-a sozinha
na floresta.
No dia seguinte...Procurou por Azazel,
este podia entendê-la neste momento
tão sombrio, e foi quando descobriu.
Assim como Yekun, Azazel tinha sido contratado para levá-la a perdição,
e destruir o coração do arcanjo.
Amor? Não. Era apenas uma vingança pela constante rejeição, e isso a deixou desolada.
Outra vez foi atrás de Miguel. Este agora não saia do laboratório.
“Miguel...” Ao ouvir aquela voz, a imagem dela e Azazel se formou
na sua mente.
“Saia daqui.” Disse seco, e voltou
ao trabalho.
Ela insistiu, e ele então fechou a
porta.
Por quê Luciféria não foi embora?!
Por quê continuou ali?!
No escuro ele a tomou para si,
Não como sua amada, mas
sim um objeto.
Arrancou-lhe o vestido branco,
e a penetrou como um animal.
Sua mão cobria a dela.
Ela chorava sem parar, estava
sangrando, mas ele continuava
, saindo e invadindo seu
corpo.
Dele nenhuma lágrima caia, as
chamas laranjas brilhavam em
seus olhos.
Ele não parecia mais um arcanjo,
mas sim um monstro.
Uma das bestas que vivera no universo
, muito antes da existência dos 7 deuses.
Ela não suportou e desmaiou, mas nem
por isso ele parou.
Até que percebeu que ela estava imóvel,
e caiu no choro, desejando nunca tê-la conhecido.
Seus olhos violetas se abriram, e ela se arrastou para a saída.
Com todas as forças que lhe restava,
correu pela lama, pois não conseguia voar.
Caiu assim que alcançou um metro de distancia.
E ele correu para ajudá-la.
Ela estava tão destruída,
Que não tinha vida em seus olhos.
“Me leva pra casa.” Disse com os
lábios sujos de sangue escuro.
Ele acatou seu desejo.
A destruição de um anjo
Ao entrar na sala azul, sua mãe estava
sentada no sofá, inconsolável.
“Mamãe se acalme estou bem” Disse
sentando ao seu lado.
“Eu preferia que estivesse morta!” A
linda deusa ruiva berrou.
“O quê?!” A pobre dama ficou sem
entender.
“Eu vi! Eu vi você com meu Leviatã!”
Cerridwen disse claramente perturbada.
“Eu não...” Luciféria tentou se defender.
“Estavam na cama. Aos beijos, sem
qualquer pudor!” A acusou mais uma
vez.
“Eu não estava aqui.” Luciféria continuou a lutar para se provar
inocente.
“Não se faça de sonsa. Todo mundo sabe a piranha que é. Traiu seu noivo,
e dormiu com o próprio irmão!”
Continuou a atacá-la.
“Pelo menos nenhum deles era meu filho!” Gritou a dama com desgosto.
“Eu não sabia que Lúcifer era meu filho quando me apaixonei. Mas você jovem meretriz, tinha noção disso.” Rebateu.
“Disso e de que Samael é seu pai.” Continuou a tentar lhe ferir.
“É uma qualquer como Hécate! Dorme
com todo mundo! E se faz de inocente!”
Permaneceu a insultá-la.
“É um erro. Um erro grotesco. Tire-a daqui imediatamente!” Ordenou a
Miguel, que se sentindo culpado
tentou intervir.
“Cerridwen devia ouvi-la. Ela não é culpada. Estava comigo!” Disse escondendo parte dos
fatos.
“Como se eu pudesse acreditar, no
anjo que foi traído, e continua com a vagabunda!” Respondeu com total
frieza.
“Vem Luciféria. Ela não vai te ouvir.
Esta entorpecida pelo ódio.”
A esta altura a jovem não tinha mais voz, e ao ir embora com o seu agressor
torceu para aquela ser a única vez.
“O paraíso” é mesmo o Paraíso?
“É minha culpa. Fui eu quem armou para você.” Disse Miguel entre lágrimas
na carruagem, e a jovem o encarou
incrédula.
“O quê mais você fez?” Perguntou com
total falta de emoção.
“Eu tinha que te segurar lá. Para Eke ir
e seduzir o seu pai na sua forma.” Soltou a língua.
“Então o abuso não fazia parte do plano.” Pressupõe ainda
mórbida.
“Meu pai jamais trairia minha mãe comigo. Nos respeitamos demais para
Isso.” Resmunga olhando para o céu
azul marinho.
“Por isso criamos uma confusão em Aldarin, e o substituímos por um sósia.”
Continua a confessar, entre lágrimas.
Se sente pior agora.
“Se sente culpado por acabar com a minha vida? É tarde.” Diz em tom
de ironia.
“Não foi apenas uma traição Miguel.
Eu realmente sinto algo por Azazel.”
Diz sem pensar duas vezes.
“Você deixou de me amar?” Pergunta
assustado com aquela resposta.
“Depois do quê fez comigo, não consigo
te perdoar. Então acho que nunca te
amei.”
As últimas três palavras ecoam na cabeça do arcanjo.
E logo toda a compaixão que tinha tido até ali, se transforma em ódio.
“Não me ama? Tudo bem. Se achou ruim o quê eu fiz...Imagina o quê
vai achar quando eles fizerem.”
Disse jogando-a numa cela suja, cheia de jovens bestas, sedentas por
sexo.
“Nunca te amei.” É a única frase que fica na sua cabeça, ao deixá-la para
trás.
Com o olhar sem qualquer sinal de vida, ela encarou o seu destino.
Nada poderia ser pior que destruir o coração da sua mãe.
A cada passo deles em sua direção,
o calafrio subia a espinha, mas
estava pronta.
“Eu vou ser o primeiro, afinal ela está aqui por minha causa!” Disse Azazel,
se aproximando da moça.
“Por favor confie em mim. Tudo o quê farei é para te proteger.” Sussurrou em seu ouvido, e então tirou as suas roupas.
Ele a olhou preocupado, pedindo permissão para ir adiante, mas para
ela nada tinha significado.
Ele a possuiu na frente de todos,
e declarou que seria o seu torturador,
desta forma nenhum outro anjo veio
a se aproximar dela.
“Deve está feliz.” Foram as primeiras palavras após dias de silêncio.
“Não estou. O quê houve para vim acabar aqui?” Perguntou assim
ficaram a sós.
“Fui expulsa de casa. Porquê minha mãe acha que dormi com meu pai.” Resume com sorriso de tristeza.
“O quê?!” Azazel fica surpreso. “E no momento em que estava supostamente sendo uma puta, eu estava na verdade sofrendo abusos de Miguel.” Continua
como se aquilo fosse normal.
“Miguel fez o quê?!” O anjo ferreiro fica irado com aquela alegação.
“Me estuprou.” Responde com um sorriso ainda sem graça.
“Eu vou matá-lo.” Conclui, e ela gargalha.
“Ele é Miguel. Se matá-lo, teu pai
acaba contigo. Não seja tolo, eu não valho nada mesmo.” Diz sem se importar com a justiça, ou a falta
dela.
“Ele tem que pagar Lucy!” Diz incrédulo.
“Ele não tem que pagar nada. Você que causou tudo isso, com a sua vingança infantil!” Rebate, tirando-lhe o manto de herói.
“Você ainda o defende?” Diz Azazel
totalmente exasperado. “Devia mesmo ter casado com ele. Pois nasceu para ser submissa.” É o último insulto antes de partir.
A última batalha antes do Fim. Parte I
Luciféria e Azazel viviam juntos,
desde crianças.
Eram os melhores amigos, e os
que guiavam os irmãozinhos
na traquinagem.
Foi na adolescência, quando Lucy
descobriu o amor por Miguel, que
eles se separaram.
Pois Azazel detestava o arcanjo,
por saber que era seu rival.
Então quando ele cuidou dela na cela,
esta reviveu os momentos de infância, quando ele cuidava de seus machucados.
E se perguntou “Quando foi que a nossa amizade se destruiu?”
Eles tinham nascido um para o outro,
tal como Harmonia para o Caos, e por
isso nem a traição os separou.
Logo tinham se tornado amigos outra vez, e desta amizade veio o sentimento,
que sempre esteve ali, mas foi ocultado
por uma paixão juvenil.
Ele sempre a amou e tinha consciência
disso, ela sempre o amou, mas não se
deixava ver, para não perdê-lo.
E Miguel soube.
Furioso por saber que Azazel tomava conta da cela dela, decidiu libertá-la
e levá-la consigo, para garantir
sua infelicidade.
Mas ela preferiu ficar acorrentada e numa cela, sendo feliz.
Do quê partir com o arcanjo, e ser
destratada para o resto da
vida.
“Você ficou louca? Se ele te amasse.
Teria te libertado, e levado para longe daqui!” Disse-lhe na porta da cela.
“Me levaria para onde? Se graças a você e seu pai não tenho um lar!”
Ela berrou.
“Ele destruiu sua vida. Se não tivesse dormido com você, hoje tudo seria
diferente.” Diz com certo pesar.
“Você também me destruiu, e nem por isso deixei de sentir algo por ti.” São as palavras, que jamais deveriam ser
ditas, mas foram.
O eco da porcelana quebrada, se fez no lugar, e ela viu Azazel partindo para longe.
Seus passos tentaram alcançá-lo, e o
arcanjo a seguiu.
Ao vê-la junto do seu maior inimigo,
pegou uma prisioneira em seus braços,
e a beijou do mesmo jeito que beijava
a anjo, que transtornada com aquilo
, aceitou a carcerária liberdade.
Luciféria optou por trair o seu povo,
pois queria morrer, e esta era a única forma.
Azazel era sua última gota de felicidade,
e tinha sido arrancada dela.
Miguel detestou mais ainda o ferreiro, e odiou não ser a razão da morte de
sua única amada.
Ela fez um acordo com Deus para ser destruída, e mostrando a famosa
misericórdia, ele limpou seu
nome.
Disse-lhe que Luciféria não existiria mais, e agora seria Nahemah.
Ela aceitou.
Todos no céu, achavam que Miguel a tinha perdoado, e a detestavam por
isso.
Mas ele na frente dos outros, lhe defendia.
Quando estavam a sós, ele a humilhava de todas as formas.
Foi então que aconteceu...Lúcifer soube
que a filha estava querendo cometer
suicídio, e preparou as tropas para
ir resgatá-la.
Ele e o filho adotivo Azazel discutiram.
“Acha mesmo que Deus lhe dará algo? Eu era o maior dos anjos, e nem a
mim, ele poupou! Cresce garoto!”
Disse-lhe o caído.
A dama estava pronta para morrer,
mas quando o pelotão de Miguel veio até ela, para exterminá-la, esta se
defendeu, e os matou.
Miguel ficou furioso com a afronta.
Achou que a morte dela, era um plano para atrair seus protegidos, e matar
cada anjo no céu.
Por isso ele a atacou, e os dois lutaram
com espadas de luz.
Ele era um esgrimista nato, e ela uma desastrada, por isso perdeu.
No entanto quando veio o golpe de misericórdia, uma espada a
protegeu.
Era Azazel, com uma armadura de metal, pronto para acertar as
contas.
Miguel sorriu. Estava louco por uma oportunidade de destruir o irmão.
E o tilintar das espadas se encontrando,
ecoou por entre as nuvens. Porém não
foi o suficiente para abafar os gritos
de dor de Nahemah.
Ao ouvi-la Azazel e Miguel imediatamente pararam.
O arcanjo queria vê-la sofrer, e o
anjo a pegou nos braços.
Ele a salvou.
Ao chegar no Inferno, ele a levou a sagrada fonte de cura, que ficava
perto do penhasco das almas.
Ela agradeceu, mas eles discutiram,
e este foi embora com o rosto vermelho por causa de um tapa.
Um fiel servo de Cerridwen a viu, e sem saber da verdade, fez o quê achou melhor para a sua senhora.
A jogou no mundo dos humanos, e esta caiu.
Aquele mundo, não lhe era tão estranho, já havia o visto antes, em suas viagens dimensionais.
“Este aqui. Pode ser meu novo lar...
Mas a verdade é que não quero
existir.” Disse ao se jogar dentro do
mar, afundando o punhal de Miguel
contra o coração, e enfim
morrendo.
A tristeza de Cerridwen era grande,
por saber que a filha tinha feito o quê
fez, mas foi ainda maior quando
o seu irmão lhe contou a
verdade.
Eke tinha ido longe demais, por seu amor doentio.
Yaweh tinha ultrapassado os limites,
por falta de maturidade.
Miguel já nem devia ser chamado de celestial, diante das atrocidades que cometera.
Mas Cerridwen só conseguia culpar a si mesma, pela desgraça da filha.
Onde estaria o pequeno fruto de amor, agora que tinha se tornado parte do
multiverso?
O espírito dela estava com Harmonia,
adormecido, pois a titã não queria
acordá-la.
“Ela não lhe pertence!” Cerridwen dizia
para a mãe, com raiva e imponência.
“Do momento em que retornou para mim, sim, ela é minha.” Respondeu-lhe
a velha e sabia Harmonia.
“Ela é minha filha! Você não tem direito algum sobre ela!” Continuou a brigar.
“Ela é essência da minha essência, como você.” Disse ainda segurando o espírito da pequena.
“Volte, e sirva a Yaweh de acordo para
o quê foi feita. Sacrifique-se, e sua filha será libertada.” Cerridwen engoliu seco aquelas palavras, mas aceitou a
condição.
Como castigo, Yaweh que a criou
com a energia dos deuses, lhe tirou todos os poderes.
“Você não tem serventia para mim.
Mas terá para a minha criação.” Disse
ao destruir seu corpo de deusa, e roubar-lhe a chama encantada.
Assim fez Adão, e para ele deu sua esposa.
Agora sem poder algum, totalmente regenerada, sem memória, e a
batizou de Heva-Lilith.
No início Heva e Adão eram felizes,
de acordo com a vontade do criador.
Mas dentro daquela deusa agora
humana, ainda havia rastros
de sua vida anterior.
Por isso na hora das relações sexuais,
Lilith não se sentia confortável, em
ficar abaixo de Adão.
Afinal de contas, de alguma forma
isso lhe trazia a sensação, de que era
errado, e que chegava a ser abusivo.
Mal sabia a bela ruiva, que isto já havia acontecido antes, e pior sem o seu
consentimento.
Chorosa ela se sentia confusa, e por isso procurou um canto apenas seu.
Foi lá que ela o conheceu, ou melhor o
reencontrou. O seu amante,
amado.
Logo de cara, ficou claro que eles se conheciam de algum lugar.
O fogo e o desejo os consumiam, e por
isso se entregaram um ao outro.
Lilith não sabia quem era, mas Lúcifer
sabia, e queria resgatá-la, para irem
salvar também a pequena.
Ele tentou não parecer um lunático,
por isso pouco a pouco foi fazendo-a se recordar.
Mas apenas no momento em que disse o seu nome, é que a bela se recordou
de todo passado.
Na sua forma humana, ela era ainda mais rebelde.
Por isso espantou os 3 anjos com facilidade, e seguiu com seu amado Samael, em busca do espírito de
Luciféria.
Com o tempo, embora Harmonia discordasse, Cerridwen tinha feito a sua
parte, e por isso esta permitiu que a
bela Luciféria renascesse.
Infelizmente outra Deusa veio, e desposou Adão.
Os humanos a conhecem como Eva, ou Heca, ou Aisha.
Nós a conhecemos como Eke.
Eke não perdeu a memória quando entrou no plano humano.
Ela se sujeitou a Adão apenas porquê queria causar ciúmes em Miguel, que
continuava devastado com a perda
de Nahemah.
Notando que este nem sequer a olhava, esta fez uma manobra ousada, e pegou
o sêmen de Lúcifer, e o colocou no
próprio útero.
Se Lilith desconfiasse de outra traição,
ela ficaria infeliz, e se destruiria.
Eke só desejava ver o circo pegando fogo, e que a família perfeita de
Nahemah se desfizesse.
Tudo o quê era bom e importante para Nahemah, tinha que ser destruído.
Assim como seu coração foi, por Miguel por causa dela.
Para a infelicidade de Eke, Lilith a reconheceu, e soube na hora que o filho que carregava na barriga, era um artificio.
Eke furiosa, teve o pequeno Caim, e o
jogou para morrer no rio.
Ele não tinha nenhuma utilidade para o seu plano perverso, por isso podia ser
descartado.
Lilith salvou o bebê, e o criou como seu, junto do pequeno Asmodeus.
Como tinha acabado de tê-lo, havia leite para os dois.
Lúcifer e ela aguardavam pela volta da filha, acreditavam até que viria outra vez do útero de Lilith.
Mas a pequena Nahemah, nasceu da descendência Luciferiana de Caim.
Em homenagem ao seu nome celestial,
eles a batizaram de Namah.
Ao ouvir que sua amada tinha renascido, Miguel e Azazel vieram
para a Terra.
Ambos estavam preparados para lutar pelo coração da jovem outra vez.
A novidade logo chegou aos céus escuros, e todos os seres da Sirius B, desceram também.
Dando início ao evento conhecido como a queda dos anjos.
Os anjos ficaram encantados com
as humanas, e por estas se apaixonaram.
Diz a lenda que Azazel desceu para ter relações com várias mulheres.
Mas é uma mentira, ele só queria uma,
a sua doce e indomável Luciféria.
Miguel não é citado como um caído, pois este veio para supervisionar a
baderna.
Assim dizem.
Ele só queria vê-la outra vez.
Desta vez Azazel foi o primeiro amor de Namah.
“Você é um anjo?” Perguntou no primeiro encontro.
“Sim, mas cometi um grande pecado.”
Respondeu-lhe misterioso e com
charme.
“Qual” Perguntou-lhe curiosa.
“Ter te amado acima de Deus.”
Respondeu, deixando-a
corada.
O amor é o motivo de toda perdição.
Foi por amor que caiu uma nação.
O amor é perigoso, é saboroso
Não é algo que te dá paz, mas te
faz se sentir vivo e seguro.
Todos os anjos da Sirius B, seguiam
este lema, por isso não se preocuparam,
e se envolveram com as filhas dos
homens.
Destes amores hediondos, nasceram
os nephilins.
Miguel, Gabriel, e Rafael ficaram assustados com a quantidade de novos humanos, e denunciaram para Yaweh.
Este com ódio da felicidade dos
anjos, então decidiu lavar a
terra.
Para proteger Namah, Miguel a colocou na arca, e roubou a mente de Noé.
“Você não tem culpa dos pecados de Azazel minha querida.” Disse-lhe ao
empurrá-la para o barco.
Namah não entendeu nada. Não tinha lembranças de Miguel, mas sentiu um belo calafrio percorrendo a
espinha.
A última batalha antes do fim. Parte II
A Terra agora era um campo de batalha, após a última investida de Yaweh. Todos os anjos estavam furiosos pela perda de seus filhos e amadas, e
por isso declararam guerra ao
céu.
Azazel não sabia do paradeiro de Namah, por isso acreditou que esta teria falecido com sua filha dentro
da barriga, e entrou na guerra.
Yaweh foi atacado com lanças e luz,
seus anjos lutaram contra os anjos
de Lúcifer.
Sangue inocente tinha sido derramado,
os filhos não tinham culpa do pecado
dos pais!
Caos estava agindo como nunca, pois achava que o filho estava fora de
controle.
Sem mais o quê fazer ele o trouxe.
O irmão gêmeo de Samael.
Bael o senhor dos raios.
O implacável, o destruidor, o mentiroso, o ilusório.
Era a sua última saída para acabar com a guerra, que estava favorecendo o
seu inimigo.
Por isso lhe deu a chama de Zebub.
Um poder que nem ele podia conter, pois esta pequena chama, era uma importante parte de Caos.
Era a sua última alternativa, e Bael abraçou aquele poder com todo
o seu coração.
Bael desceu então a Terra, e enviou as 7 pragas do Egito, para desmoralizar os
templos dos anjos.
Tamanho poder era maior até mesmo que o de Lilith e Lúcifer juntos!
Por isso as tropas dos caídos foram recuando.
Yaweh comemorou com gosto, estava feliz com a gloriosa vitória.
Porém quando resolveu tirar a chama de Zebub, Bael se revoltou, e o subjugou.
Bael não precisava mais de Yaweh, era mais forte que ele, por isso decidiu que seria o novo Deus.
Mas como quase ninguém sabia da sua existência, ele precisou de um bom peão.
“Ficarei por trás de você. Te comandarei. Mas o novo Deus sou
Eu.” Disse para um famoso arcanjo.
“Eu jamais...” Miguel se recusou de imediato, nunca quis o trono do
pai.
“Vi como olha para a humana. Sei do seu passado vergonhoso com ela. Se não o fizer, eu vou destruí-la para
sempre!” Disse Bael para lhe
convencer.
“Eu tenho o poder primordial Mikael.
Um estalar de dedos, e sua humana, deixa de existir.” Ameaçou-lhe, e o
Arcanjo aceitou, fingir que seria
o novo Deus.
“Meu filho...Seus irmãos te odiarão.”
Chorou o Deus criador, ao ver o jovem sentando-se ali no trono, e fingindo ter tomado o poder para proteger a sua eterna amada.
Luciféria agora se chamava Isis, em homenagem a deusa.
E pouco ou nada se lembrava, caminhava ao lado de Toth, sem saber que eram amantes divinos em outra vida.
Ele fazia por ela, o mesmo que Lúcifer fez por Lilith. Tentava lhe devolver sua memória, e reascender sua chama
genômica.
Ela pouco entendia, mas era fascinada pelos ensinamentos de Toth-Azazel.
Até que certo dia despertou, e lembrou-se de tudo, incluindo dos filhos que tivera com Noé, que na verdade eram de Azazel.
“Eles nasceram, cresceram, e se reproduziram meu amado, antes de voltar para os braços de Harmonia.”
Disse-lhe com um sorriso, e isto
trouxe paz ao demônio.
“O importante é que vocês 3 estavam bem.” Disse-lhe caminhando ao lado
dela.
“Infelizmente esta é a nossa última notícia boa. Deus agora é implacável com seu guerreiro Bael, não temos
chance de vencer.” Disse com
pesar.
“Sempre há chance para a justiça, por mais escuro ou claro que pareça.” Lhe respondeu olhando para o céu.
“Nahemah.” Disse-lhe o sopro no ouvido, e então Miguel apareceu para ela, acima das montanhas, usando a coroa de um Deus.
“É Isis na verdade.” Respondeu com
indiferença. “Pra mim sempre será Nahemah ou Luciféria.” Disse sorrindo sem jeito.
“O quê queres anjo ?” Disse com certo desprezo. “Meu pai é culpado por muitas tragédias, mas não é ele quem está causando estas.” Disse sem
pensar duas vezes.
“São semelhantes.” Retrucou com total indiferença.
“Não são. Ele ama os humanos, não mataria crianças pequenas, apenas porquê um servo pediu.” Respondeu-lhe tentando defender o todo poderoso.
“Ele matou milhares de nephilins.” Rebate sem acreditar na salvação.
“Não eram puros.” Miguel continua
apreensivo. “Eram bebês!” Ela grita.
“O sangue estava manchado. Não
eram humanos, nem demônios eram
aberrações!” Outra justificativa
barata. “Já chega! Não importa quem está no poder agora! É tão injusto quanto seu pai!” Urra horrorizada com a forma como ele trata os demônios
mirins. “Nahemah...” Ele tenta falar.
“É Isis. Como a Deusa.” O corrige friamente.
“Isis. Não se trata do meu pai mais.
Bael quer mais poder, ele quer está acima do bem e do mal.” Conta-lhe
com certo medo.
“Precisamos unir forças.” Implora segurando-lhe as mãos delicadas. “Nunca me uniria você.” Responde
deixando-o para trás.
“Mas a informação foi útil. Obrigado
querido tio.” Diz ao se retirar, e o deixa exasperado. Detestava ser chamado de tio por ela, porquê isso lhe trazia culpa,
e demonstrava que ela não o queria
mais.
“Grande deusa Nuit.” A chamou. “Sabes que é minha filha. Não deve se ajoelhar para mim” Disse-lhe a deusa.
“Prefiro desta forma ó grande Nuit, deusa soturna.” Responde com sarcasmo.
“O quê deseja?” Lilith revira os olhos.
“Um anjo veio até mim, e me contou que o tal Bael agora reina no céu.” Disse evitando o contato.
“E o quê isso tem a ver conosco?!”
Lilith exclamou sem entender.
“Bael está sedento por poder, e segundo o anjo, ele quer o Inferno
também.” Respondeu-lhe com
um pouco de indiferença.
“Isso não é possível. Bael e seu pai tem caminhado juntos, são grandes amigos, e odeiam Yaweh, até fundaram a ordem de BAAL com seus filhos.” Lilith parece desacreditar da informação.
“Qual foi o anjo?” Lilith pergunta desconfiada.
“Miguel. Meu anjo da guarda.” Isis gargalha, e Lilith permanece
séria.
“Miguel não mentiria para você. O passado tem um peso grande entre vocês. Vou averiguar isso” A deusa
desapareceu do templo, e a jovem
fez um sinal de reverência.
“Então Miguel continua a te procurar...” Toth brinca realizando um feitiço.
“É...Mas é estranho. Não é como você,
é como se nunca o tivesse o conhecido, e o odiasse mais que tudo.” Responde
sentando-se a mesa.
“Ainda tem sentimentos por ele. Sempre vai ter. Resta saber se o quê sente por mim é maior” Diz com total serenidade. Azazel era maduro, apesar de ser seus surtos de juventude, ainda era mais
confiável que Miguel.
“É claro que é. Já disse nem conheço aquele anjo.” Isis responde de imediato, e Toth ri. “Será mesmo?” É o quê pensa
ao analisar o seu invento, uma esfera
negra móvel, com anéis envolta.
Lilith entra na sala em forma de coruja, e caminha até os dois jovens.
“Atrapalho?” Disse com um sorriso, e eles disseram que não.
“Miguel estava certo. Notei nas conversas de Bael, insinuações de que anseia roubar o Inferno.” Lilith dá as notícias.
“E o quê podemos fazer para impedir?”
Azazel prontamente se mostrou para a batalha.
“Devemos reunir o conselho secreto.”
Lilith fala porém nenhum dos 2 anjos entende o código.
“O conselho secreto, é uma reunião entre deuses celestiais e infernais, com os titãs primordiais, para impedir uma catástrofe universal.” Explica-lhes e
ambos esperam por mais informações.
“Lúcifer e eu, não podemos presidir o conselho, pois somos oficialmente os aliados de Bael. Mas você e Azazel
podem, pois ambos renunciaram
a coroa.” Lilith lhes dá uma luz, e os dois rapidamente recusam a proposta, porém a 00:00 do mundo humano, eles atravessam o portal, e vão para o Conselho Secreto.
“Todos que estão aqui, se encontram sob o regimento do Conselho. Portanto as brigas de Luz e Trevas devem ser esquecidas, por um único objetivo,
a nossa preservação.” Diz Harmonia sentando-se entre as árvores que parecem um trono.
Para surpresa do jovem casal infernal,
Miguel é quem fica no lugar do pai, e este evita encará-los, pois não deseja brigar, nem trocar farpas.
“Existe um terrível rumor de que Deus foi destronado.” Inicia Harmonia.
“Não é rumor, vovó Harmonia. Estou aqui para provar que é verdade.” Miguel então retira uma esfera do bolso, e dela saem imagens holográficas , na qual Bael lhe diz algo, e este se vê
obrigado a fazer o quê ele quer.
“Meu filho. Suas provas o incriminam.”
Harmonia diz assistindo as imagens. “Não! Ele me obrigou!” Miguel se defende, e Isis ri.
“O quê ele lhe disse? Que Apep ia te pegar?!” Isis diz em tom infantilizado.
“Não. Que ele te mataria se eu não o fizesse.” Miguel fica cabisbaixo, pois sabe que não receberá gratidão.
“Você não é meu marido. Se eu tiver de morrer por esta causa, eu vou. Não preciso de sua proteção.” Retruca com total ingratidão, e Miguel sorri com
raiva.
“Já chega vocês dois. Briga de casal não tem espaço nesta reunião. O problema aqui é maior que um romance que não
deu certo.” A velha Harmonia, caracterizada com anos humanos diz.
“Prossiga Miguel.” A anciã passa a palavra para o arcanjo, que olha com mágoa para a amada.
“Bael não quer ser o Deus do Céu. Ele quer a Terra. O Inferno. Tudo!” Chega ao ponto principal.
“Isso é muito grave! Bael está com a chama de Caos! Ele tem poder para ter esse tudo!” Harmonia entre em
pânico.
“Sim, por isso sugiro uma união de forças opostas.” Miguel põe as cartas na mesa, e Azazel e Isis trocam
olhares.
“Se for pela preservação de nosso povo.
Nós aceitamos. Nos unir. A eles.” Isis responde de má vontade.
“Eu irei conversar com a alta hierarquia infernal, e descobrirei quem serão os
nossos aliados.” Azazel com sua mente estrategista, logo percebe que haverão
traidores, por isso se dispõe a tirar isso
a limpo.
“Vou usar meu poder de Deus para conseguir mais aliados.” Miguel diz para os outros.
“Eu vou ficar calada e observar.” Isis brinca, e Miguel sorri mas é o único.
“Vou convocar meus melhores dragões, e irei até o reino da minha mãe, para conseguir bestas celestiais.” Revira os olhos, e assume um posto.
“Ótimo. Estamos todos entendidos.
Mas para evitar problemas diplomáticos, preparem suas armas
silenciosamente.” Harmonia termina a reunião e os tronos somem.
Findado o encontro, Miguel e Isis discutem, e Azazel se retira alegando
que eles tem muito o quê conversar.
Ao amanhecer Isis convoca sua mãe para uma reunião, e pede-lhe para entrar nos mundos de Tiamat.
Azazel inicia um evento entre os demônios da mais alta patente do
Inferno, e os analisa friamente.
Miguel tenta evitar Bael, e o engana com visões falsas do futuro, onde ele é o Deus vencedor, e todos caem em ruínas.
Naquela noite houve uma reunião...
Bael estava com um enorme sorriso, e
Lilith o observava com cautela, enquanto Lúcifer aparentava está
despreocupado.
“É claro que o Inferno é imbatível. Fez um excelente trabalho aqui irmão.” Disse Bael extremamente maravilhado
com as terras sombrias.
“Há regras que servem para sobreviver,
e não são abusivas como as de Yaweh. É
um sistema realmente perfeito.” Disse
elogiando a gestão do reino.
“Nossos filhos, e irmãos de guerra fazem sua parte direito. Por isso Bael que estas terras são tão perfeitas.”
Lilith disse com um sorriso, mas Bael a ignorou, pois para ele as mulheres não podiam ter voz.
“Estou vendo.” Disse-lhe com indiferença, e notando o incômodo da
esposa, Lúcifer a encarou, e os dois
inventaram uma desculpa para
ficarem a sós.
“Não se sente nada confortável com Bael não é?” Perguntou-lhe ao abraça-la por trás, sentindo o calor do seu
corpo quente e nu, sob o veludo
vermelho.
“Fora o fato de ser tão idiota quanto o seu pai. As crianças me contaram que ele quer o inferno.” Responde-lhe com
um sorriso de prazer, e depois a sua
expressão muda.
“E como Luciféria saberia, se só conseguiu recuperar as memórias?”
Lúcifer logo percebe a fonte da informação, e a acaricia.
“Como sabe que...?” Lilith nem termina, e seu amado lhe dá um beijo no pescoço.
“Ela é a sua favorita, e também é a minha. Sempre será a primeira que nós
vamos ouvir.” Respondeu, e a demônia
girou, e o jogou nas almofadas, o
fazendo sorrir.
“Eu amo todos os meus filhos Lúcifer.” Lhe disse arrancando-lhe suspiros intensos.
“Mas a Luciféria é a sua especial.” Lhe respondeu tentando respirar, pois a
Rainha do Inferno, sabia bem
o quê fazia.
“Calado.” Ordena pressionando-se contra o corpo dele, e deixando-o
mais alegre.
“Quem disse esta sandice do meu
irmão para a Luciféria ?” Pergunta-lhe agarrando-a, e jogando-a nas almofadas.
“O anjo da guarda dela.” Lilith também brincou, e ele a puxou, sentando-a entre as suas pernas.
“Miguel é um traidor. Por causa dele, ela quase morreu quando era um bebê, e se matou na adolescência.” Diz sério,
abraçando-a, e beijando-lhe o pescoço.
Não é a toa que eram conhecidos
como o casal da luxúria, até para conversar sobre os assuntos sérios,
eles ficavam na “cama”.
“Eu sei. Mas é inegável que a ama.
Ele mudou bastante depois que a viu morrer.” Lilith tenta convencer ao marido.
“Miguel não ama ninguém. Só ao meu pai. Deve ter sofrido abusos na infância para ser tão apegado ao tirano.” Lúcifer se mostra descontente, e ignora o
aviso.
Infelizmente para o imperador, o aviso do celestial era real, e num dia qualquer
houve o desastre.
49 dos 72 demônios mais poderosos,
se voltaram contra Lúcifer e seus aliados.
“Regras. Quem precisa delas?”
Diziam em coro, ao amarrar e amordaçar os demônios
machos.
Como acreditavam que as fêmeas
não representavam perigo algum,
as deixaram livres.
Lilith correu para fora do inferno, levando suas 2 outras irmãs, e
alguns sobreviventes.
“Me diz que fez algo Luciféria!”
Lilith berra em desespero, e a moça abre um portal para Tiamat.
“Eu chamei eles para nos ajudar.”
Luciféria chama os seus amigos gigantescos,
e as bestas caminham lentamente
para fora.
“Se nem eles tiverem forças para derrotar Bael estamos perdidos.”
Lilith diz, e saca a espada para lutar contra os 49 traidores da causa.
Luciféria monta em seu dragão azul acinzentado Graham, e parte para a batalha, pronta para resgatar os
irmãos e os menores.
Após algumas horas...A princesa demônio, volta na sua forma humana,
está exausta depois de prestar os
primeiros socorros.
“Nahemah.” Diz o arcanjo Miguel com
tristeza, e se aproxima dela.
Más notícias estavam a caminho, e ela sabia, por isso desceu do seu animal,
e correu até ele.
Este tentou segurar sua mão, lhe dá
apoio. No entanto quando ela viu o seu
amado jogado numa maca, correu
para os seus braços.
“Azazel!” Berrou ao ver as profundas
marcas no corpo do seu anjo demoníaco.
“O quê você fez?!” Ela salta no pescoço
do anjo, tentando enforcá-lo como
se fosse mortal.
“Se acalma.” O arcanjo disse com frieza, tentando não sentir a palma quente
dela em seu corpo.
“Você o deixou a beira da morte!” Urra com lágrimas descendo pela face.
“Eu não fiz nada. Esse idiota quis enfrentar Bael, e se não chego a tempo não estaria aqui.” Responde com
total compostura.
“Luciféria...” Sussurrou o demônio ferido, e a bela se soltou dos braços do ser angelical, para se ajoelhar ao
lado dele.
“Achou que apenas esse babaca faria de tudo para te proteger?” Riu e tossiu logo em seguida.
“Isso foi idiota Azazel. Eu não quero que ninguém me proteja!” Diz chorando e
beijando a mão do primeiro
sátiro.
“Mas eu sempre vou. Não importa
se está comigo ou com ele. Você sempre
será minha protegida.” Diz com uma
voz rouca.
“Faça ela feliz...Tem 500 anos antes
de voltar.” São suas últimas palavras
antes de partir.
Ao ouvir aquilo a moça fica em pânico, e o anjo sem palavras.
Lilith observa tudo, e acata a vontade do filho. Colocando as mãos nas
costas do casal.
“Nahemah você está bem?” O anjo diz mais preocupado com o estado dela,
do quê com a oportunidade.
“Não.” É a única coisa que sai da sua boca, antes de voltar para o campo
de batalha.
Agora era como não ter nada a perder,
por isso montou em Graham, e foi
para o centro da luta.
“Bael!” Gritou com fúria, erguendo a sua espada, enquanto o dragão seguia até ele.
Ao ver que ela estava prestes a cometer suicídio, o arcanjo entrou em pânico,
e voou tirando-a dali.
“Você enlouqueceu?!” O arcanjo
berra, ao chegar no deserto.
“Responde!” Diz chacoalhando-a
, mas ela está sem reação.
“Ele vai voltar daqui há 500 anos. Não é para sempre!” Grita-lhe, tentando lhe
fazer agir, mas esta fica a
chorar.
“Por favor. Eu não quero te perder de novo. Não me importo se não ficarmos
juntos, só não quero, não ter a chance
de pelo menos tentar.” Diz entre
lágrimas, segurando as
suas mãos.
Ao ver o desespero do arcanjo,
Lúcifer percebe que há sentimento
da parte dele pela pequena.
“Lilith não cansa de está certa?” Ele
ri seguindo na forma de um gigantesco dragão ocidental, tentando se libertar
da prisão em que Bael lhe colocou.
A última batalha antes do fim. Parte III
As tropas de Lilith e Nahemah
seguem adiante.
Sangue cai na areia, e o som do encontro dos metais ecoa.
A princesa demônio está montada
no seu dragão, acompanhada por
Cérberos, e sua hidra de
estimação.
A imperatriz infernal, está na
forma de uma gigantesca besta draconiana.
De tortuoso corpo ocidental, com espinhos saindo de sua
face.
Ela é bela, porém por ser uma
deusa, pode tomar qualquer forma
, incluindo a dos maiores pesadelos
do inimigo.
“Vamos para o norte.” Diz Lilith
com toda a grandeza de Tiamat, indo em direção ao abismo, junto das demônias guerreiras.
“Está bem.” Nahemah aceita a ordem,
e da a direção para as feras.
Elas encontram uma gigantesca esfera,
que parece um globo de vidro.
Lilith vê Lúcifer preso no fundo, e logo
ataca a barreira, cuspindo bolas
de energia.
Ela precisa tirá-lo dali.
Ele é o seu amado, sua vida, sua paixão.
Percebendo que sua consorte quer libertá-lo.
Lúcifer também tenta destruir aquele
bloqueio.
No entanto sozinhos não são páreos para tal força.
Notando que seus pais precisavam de
ajuda. Nahemah ordena que os dragões
, ataquem a barreira em sincronia com
a sua mãe.
Ao ver todas as feras, as guerreiras
Infernais, usam os seus dons. Unindo
as forças, elas criam uma rachadura
, e eles usam todo o vigor para
quebrá-la.
Ao destruir aquele muro mágico, os demônios correm para as suas amadas, e ficam felizes, pela regra de Lilith existir.
Já que sem ela, as moças nem
sequer saberiam como usar suas habilidades.
“Vocês foram brilhantes.” Diz
Lúcifer enrolando seu pescoço ao da
sua amada, enquanto ficam acima
da bela Nahemah.
Todos os demônios fiéis a Lúcifer
e Lilith, se curvam em respeito a eles.
E os dois se abraçam, pousando em
cima de Graham.
Logo Mammon, Caim, Asmodeus, e Solomon, se juntam a família, e
eles ficam em Graham.
“Este foi o primeiro passo. Onde está o meu guerreiro equivalente? Onde está Azazel?”Diz Lúcifer notando que o
ferreiro não está ali.
Nahemah não tem palavras, apenas sinaliza em silêncio, negando com lágrimas descendo pela face.
Lúcifer se enfurece. Embora fosse o
Filho de Cerridwen e Yaweh, ele o tinha criado e educado. Foi o primeiro filho
que conheceu, antes de Lucy.
Lilith também não estava feliz com a perda, queria assassinar Bael a sangue quente. Mesmo sabendo que não tinha chance, contra aquele que tinha parte
do poder do seu pai.
“Vamos destruir Bael.” Lúcifer disse com voz feroz, e Lilith concordou.
“Nahemah.” Ouviu-se a voz do arcanjo, e a jovem virou-se para trás. Apesar da narrativa, Miguel era o único que lhe chamava por este nome.
“Eu devo ir. Ele tentou salvar Azazel.”
Diz caminhando pela fera, e Lúcifer fica de queixo caído. Jamais pensou que o
arcanjo, pudesse fazer algo que não
lhe fosse conveniente.
“Talvez se o seu pai e o meu se unirem,
eles podem ter uma chance.” Diz Miguel
, e a jovem apenas balança a cabeça.
“Eu irei ajudá-los. Mas não posso entrar diretamente. Bael me destruíria.” Diz
Harmonia, voando como um
fantasma.
“Então o quê pretende fazer?” Pergunta a garota, sentindo o vento em seus
cabelos.
“Te dá a minha chama sagrada.” Diz a grande titã primordial, e o anjo fica
com os olhos arregalados.
“Nem pensar! Isso vai matá-la!” o
anjo grita, e a dama o encara com indiferença.
“Não vai. Ela já é quase uma deusa, tal como a mãe. Só precisa deste poder.”
Diz a velha Harmonia, sorrindo
para o jovem.
“Ela é humana com a descendência de Caim. Ela tem o sangue de Lúcifer, que é filho de Cerridwen, portanto o poder do
gene, se encontra adormecido nela.”
Esclarece mas o arcanjo não se
mostra convencido.
“Além do mais, se ela não concordar com os meus termos, nunca mais verá o seu amado Azazel. Pois reencarnar ou não, depende apenas de mim.” A sábia anciã ameaça a moça, e seus olhos se
arregalam.
“É bem simples. Um favor por outro.
Vire uma deusa, e escolha o próximo destino do seu parceiro, ou deixe-me escolher, e o mando para o portal.”
A velha ri com maldade, e a dama congela. O portal era o pior lugar para onde Azazel poderia ser enviado, pois
lá, tinham diversas criaturas nocivas, até mesmo para os deuses.
“Aceito.” Nahemah concorda, e o arcanjo fica sem reação.
“Como sempre fazem tudo pelos seus demônios. É melhor assim Miguel, esta menina tal como a mãe, jamais deve se unir a um celestial.” Harmonia julga
a atitude da neta.
“Então aceita o amor dos meus
pais?” Nahemah a provoca com sarcasmo.
“É preferível que anjos e demônios são
misturem mais.” Harmonia responde.
O amor de Cerridwen e Lúcifer muito
a desagrada.
Porém nada mais faz para impedi-los, apenas preserva seu querido
Yaweh.
“Eu não sou meu pai.” Miguel decide
falar, em vez de apenas acatar a
vontade da avó.
Esta o reprimi imediatamente, mas
ele não reage.
Isto era preocupante, pois significava que a cópia perfeita de Yaweh, estava
a apresentar o defeito da falta de
disciplina.
“Ela não vale a sua queda.” Diz a titã,
e a jovem desvia o olhar. Já fazia um tempo que o evitava, e não era
agora que iria parar.
“Vamos ao que importa. Por favor. Como fará de mim uma deusa?”
a dama pergunta, desviando o assunto desagradável.
“Desta forma.” A criatura enfia um raio no coração da dama.
Fazendo seu corpo estourar por dentro, com tanta força que o sangue voa.
Ela berra desesperada, e Miguel fica pasmo com a atitude da anciã.
Suas mãos apertam os braços dele,
mas ele não a deixa cair no ar.
“Eu não vou suportar!” Grita ao
sentir seu corpo se transformar
em energia.
“Miguel!” É o seu último grito antes de
explodir, nos braços do príncipe do
mundo celestial.
Mas assim como explode se refaz, tal como um Deus, agora é imbatível
equivalendo-se a Bael.
“Agora eu vou matar Bael!” Ruge flutuando no ar, com asas de
energia.
“Não. Você vai libertar Yaweh, para que ele e o seu pai o derrotem. Tem apenas a minha chama, e o poder de Caos é
muito mais destrutivo.” A velha a
desanima.
“Está bem. O quê faço?” Questiona,
e Harmonia lhe responde “Use sua criatividade. É uma deusa criadora agora”.
A jovem então imagina o multiverso com milhões de cordas, e que pode manipulá-las.
Sendo assim todas estas cordas, destinos, devem lhe obedecer, e por
isso não demora para achar
Yaweh.
Ao entrar na prisão do avô, este fica surpreso com quem veio resgatá-lo, e não consegue deixar de se sentir mal, por tanto tê-la atormentado.
“Não vim por você. Nós não somos
uma família. Apenas devia um favor a Miguel, ele tentou salvar meu amado.” Diz antes que venha o agradecimento
do Deus caído, e Miguel dá razão a
nova deusa.
“Preciso conversar com Cerridwen.” É
a primeira coisa que diz.
“Terá tempo para isso. Vamos.” Diz
a bela, levando o criador para a liberdade.
“Você não conseguiu não é?” Deus
pergunta para o filho, e este ri
baixinho.
“Ainda não.” Diz olhando para
a criatura voadora, que o observa
sem entender nada, e segue em
frente.
Yaweh e Cerridwen fazem um acordo
de ajuda mútua. Ao ouvir que o velho estava de volta, muitos anjos correm
para servi-lo.
Como diz o velho ditado. “Um rei nunca perde a sua majestade.” Haviam os que estranhamente lhe eram gratos, os que gostavam do seu sadismo, e aqueles
que o amavam acima de tudo.
O exército de Bael reduziu rapidamente com a chegada de Yaweh, e ao ouvir que a filha o tinha libertado, Lúcifer
ficou furioso.
“Você enlouqueceu?! Só porquê o arcanjo mudou pelo que o fez sentir,
não significa que Yaweh merece uma segunda chance!” Berrou para a
jovem, que ficou em silêncio.
“Ele torturou a sua mãe, quase te matou, e ainda destruiu nossa família por séculos. Como pode nos trair desta forma?!” O imperador do Inferno, disse batendo contra a mesa de pedra.
“Papai eu não tive escolha.” É a sua primeira defesa, antes de pensar em
outra resposta.
“O quê? A velha Harmonia te ofereceu a oportunidade, de ser uma semelhante a sua mãe por completo, e você não a
agarrou? Difícil de acreditar Luciféria Lilith II!” Responde-lhe com sarcasmo.
“A vovó ameaçou jogar Azazel no portal, se ela não fizesse.” Diz Miguel invadindo o recinto com indiferença, e a bela por mais raiva que sinta deste, lhe agradece em silêncio, arrancando-lhe
um sorriso.
“Harmonia fez o quê?! Esta mulher já está passando dos limites!” Lúcifer fica exasperado, e os jovens se encolhem.
“Oras Lúcifer sua filha é muito fácil de enganar. Jamais atiraria o moleque no portal, ele é o quê mantém ela longe
do meu neto.” Diz o espectro de
uma idosa.
Ao ouvir aquelas palavras, Luci se sente intrigada, e se retira daquele local. Indo
para o meio da cidadela, onde observa
as estrelas, e outra vez manipula as
cordas do destino.
“Miguel vai se apaixonar por esta criatura insignificante! Isto não pode acontecer! Ele deve protegê-la,
e amar a criatura mais perfeita que
criei para ele, a doce imitação de
minha amada filha Hécate! ”
É a mensagem que lhe vem a mente,
e então esta induz mais um dos cruéis ataques de Yaweh a Cerridwen, e este a engravida de um bebê, que no futuro se chamaria Azazel, mas nem a primeira sabia a razão disso.
“ A chegada deste filho, criará um empecilho para o anjo apaixonado. Por ser mais jovem, e ser educado pela Cerridwen, crescerá um rebelde, e fará
um par perfeito para esta coisa de
cabelos vermelhos.”
E assim vê-se o início da infância de Nahemah, onde ela e o irmão estavam sempre juntos nas maiores enrascadas, e Miguel apenas os supervisionava.
Pois para Harmonia, o fato de seu
neto conviver com a sua perdição desde cedo, lhe faria vê-la com indiferença. O quê ela não esperava, era que a moça é que iria despertar o amor pelo arcanjo,
e não desistiria até conquistá-lo.
“Nahemah” Ouve a voz do seu primeiro
amor, vindo por trás dela, e uma lágrima cai.
“Vá embora.” Diz de imediato, e seus pés que não tocavam o chão, afundam na areia fofa. Todavia o alado não só não parte, como fica a esperar uma resposta.
“Não é hora, nem o momento.” Diz se preparando para ir, mas o arcanjo pega seu pulso, e nota que sua face está rubra.
“O quê houve desta vez?” Pergunta-lhe secando suas lágrimas.
“Não importa. Apenas fique longe de mim.” Retruca e se afasta tomada pelas sombras da dúvida. Todo o sofrimento não só estava previsto, como foi escrito,
para favorecer o príncipe sombrio, e
agora ela se perguntava se o quê sentia
era real, ou outra obra egoísta de sua
avó manipuladora.
“Nah...” Mas antes que prossiga, a bela o silencia com o indicador, o deixando
confuso.
“Sei que me chama assim, porquê significa Agradável, e poucas coisas são
na sua vida. Mas acho que Eke merece
este nome mais que eu.” É tudo o quê
diz antes de partir.
Miguel fica sem entender nada do quê se passa. Nunca se interessou por Eke, na verdade a achava insuportável, por ser tão submissa, e sem vontade
própria.
Se aquilo era ciúme. Era um ciúme infundado, por isso queria resolver logo
, já que indicava que a bela ainda tinha sentimentos por ele. Pobre iludido.
“Nah...Luciféria. Eu não sinto nada por Eke!” Disse o arcanjo, quando a viu atravessando a porta. Por ouvir isso, a jovem não se contém, e esmurra a
mesa de pedra.
“Diga para ele querida vovó.” A nova deusa encara a primordial, e esta foge do seu olhar, contudo usando o seu poder, a garota vira-lhe o rosto, forçando-a a olha-la.
“Diga.” Soa como uma ordem, e os dois anjos mais bravos do céu e do inferno, ficam apreensivos por tamanha
ousadia.
“Você e Luciféria não estão juntos por minha causa.” Confessa a anciã, e aquilo não surpreende a ninguém, todos sabiam da sua onipotência gigantesca, e por isso a deusa menor, lhe joga um
olhar para continuar.
“Quando soube que Cerridwen tinha se apaixonado por seu próprio filho, temi o quê estava por vim, e quando vi que você se apaixonou pela filha dela, tive de tomar providências.” Prossegue deixando a todos de queixo
caído.
“Você não sabia do romance do meu pai com a minha mãe!” Grita-lhe com impetuosidade, e notando o seu grau de estresse, o anjo afasta-se do irmão, para lhe dá algum apoio.
“Não? Ah deve ter visitado a linha do tempo errada, quando soube que um anjo o levaria a perdição, e mais tarde vi que era ruiva.” A velha ri da ingenuidade da pequena.
“Eu sabia que ela iria machucá-lo.
Você nasceu de um casal do perfeito matrimônio, e ela de uma abominação.” Responde olhando
para o rapaz, que se mostra também furioso agora.
“Por isso antes que ela viesse, lhe dei o par ideal, para que vocês não ficassem juntos. Meu filho, Eke é o seu par, não
Luciféria” Segura as mãos de Miguel
, e este se solta com repulsa.
“E o quê nós queríamos? Os sentimentos de cada um? Isso não
valia de nada?!” Miguel é o segundo a gritar com a sogra do imperador, e este observa este momento, saboreando
a revolta contra ela.
“Azazel realmente me ama? Eu o amo? Ou isto foi só parte do seu plano estúpido?!” A dama diz tremendo-se por completo, tomada pelas
lágrimas.
“Já chega.” Diz Lúcifer silenciando a todos na sala. “Não importa se esta senhora lhe empurrou Azazel. Ele pode ter nascido para atrapalhá-los, mas não
é obrigado a amar ninguém. Até porquê
se tem algo que os primordiais não
conhecem é o amor.” Prossegue tentando acalmar a filha.
“Você! É tudo sua culpa! Se tivesse aceitado seu posto de soldado, e não se apossasse da coroa de Yaweh, nenhuma
destas aberrações estariam aqui!” A
primordial o acusa, e o demônio ri
de tamanha hipocrisia.
“É? Então para você o certo, seria deixar Cerridwen nas mãos de Yaweh, ou como Lilith nas mãos de Adão? Sendo humilhada por ambos, sem saber do próprio potencial?!” Urra como um
leão, e a velha o ignora.
“Se este é o correto, por quê não?”
A velha retruca, e o rei demoníaco ri de novo, claramente ensandecido. No entanto a mão delicada em seu ombro o silencia, é Lilith que se mostra bem
calma, perante as sandices da
mãe.
“Não adianta discutir. Ao menos Yaweh parece entender, então em vez de perder tempo com essa senil, por quê não nos preparamos para deter Bael?”
Diz com tanta classe e imponência, que todos se curvam perante a ela, menos
a sua genitora. Sem dizer mais uma palavra, Lúcifer segue sua rainha, e a primordial se vai, deixando apenas o
casal mal resolvido para trás.
“Eu tenho que ir.” Luciféria se prepara para partir, porém o arcanjo não a deixa sair.
“Não me importo com a vontade de Harmonia. Eu amo, e sempre vou amar você, somente você.” Diz em seu ouvido, e aquilo mexe com a sua cabeça, porém antes que aconteça algo, ela se lembra de Azazel, e se esforça para seguir
para longe.
“Meu marido acabou de morrer. Seria desrespeitoso.” Diz com a voz fraca, lutando para se soltar, e um sorriso bem saliente, se forma no rosto do arcanjo. “Mais desrespeitoso que ter relações com ele no dia do nosso casamento? Eu acho que não.” Rebate, beijando-a de surpresa, ela tenta resistir, só que não consegue. Seu coração ainda pulsava por ele, mesmo que agora fosse uma pequena parte, e por isso aqueles
segundos se prolongaram.
“Chega.” Tem força para empurrá-lo, e este passa a mão nos cabelos sedosos. “Só foi capaz de dizer isso agora?” Brinca fazendo referência ao tempo que passaram, sentindo seus lábios se tocarem.
“Isso não vai acontecer novamente.” Sai um pouco envergonhada, ajeitando os seus cabelos ruivos, e para o seu azar a prima vê tudo.
“Beijando a esposa do seu irmão? Nossa Miguel, você já foi mais certinho.” Diz a moça de cabelos negros, exibindo os seus seios enormes para o anjo.
“Ela teria sido minha esposa, se você não contasse a Azazel onde ela estava no dia do casamento. O quê quer Eke?”
O soldado volta para o seu estado natural de desprezo e indiferença.
“Eu quero você meu doce de abóbora.” Diz ela com voz infantilizada subindo de quatro na mesa de rocha, e o ser alado a ignora. Uma coisa era sensualizar, outra era o baixo nível de Eke.
“Até mais, e se cobrir um pouco mais não vai te matar.” Diz se retirando do local, e a jovem sopra o cabelo no
rosto.
“Ela dorme com o seu irmão no dia do casamento, e fica com você no dia que ele morre, e eu que sou a meretriz?!” A morena provoca, e isto irrita bastante
o ser celestial.
“Não ouse sujar o nome dela. As coisas que Nahemah faz, são porquê ela ainda não se decidiu sobre nós 2. Mas assim como eu a beijei, tenho certeza que o idiota do Azazel a seduziu! Ela não
é como você!” Discursa defendendo a sua amada, e sai do lugar, deixando vilã jovem enraivecida, pois sempre Luciféria, se livra da culpa, e não só é dona de um coração, como de 2 seres bem poderosos. O quê significa que tem chance de reinar no céu, ou no inferno, enquanto ela está fadada aos nobres, que considera os restos da hierarquia satânica.
“Nahemah é? O quê diria se ela virasse uma prostituta na boca dos homens?” Diz Eke passando a língua entre os dentes, e então toma a forma de Isis, e resolve dormir com os 10 primeiros que encontra no oriente.
Fazendo-os espalhar a fama de que Isis da Suméria, era uma vagabunda, que não prestava, e aceitava qualquer coisa por umas moedas de ouro.
No entanto quando isto chega aos ouvidos de Miguel, este gargalha, pois agora que Luciféria tinha o dom da manipulação da realidade, podia não só vigiar a inimiga, como também provar suas artimanhas.
“Vai deixar isto barato?” Diz Miguel ao mergulhar nas linhas do destino, e Luciféria cai no escárnio.
“É claro que vou. Meu nome de batismo é Luciféria. Se ela quer sujar Nahemah que vá em frente, mas aguente as consequências mais tarde.” Responde entre risos com o olhar diabólico.
“Pra mim você sempre vai ser a Nahemah verdadeira.” Diz-lhe meio sem jeito, e a jovem se afasta dele. Tinha lhe dito que o fato não se repetiria, e se dependesse dela, não iria mesmo.
Só estavam juntos neste momento, porquê Luciféria e ele ficaram de vigiar as entradas do refúgio.Já que ninguém do inferno quis fazer par com a deusa
angelical, por ter libertado Yaweh.
“Foco na missão soldado.” Diz com a voz falha, e este ri da péssima
atuação.
Após alguns anos...Luciféria e o
arcanjo, desenvolveram certa amizade,
o quê deixava os deuses apreensivos.
“Seu filho não cansa de avançar em
uma jovem viúva, não é Yaweh?”
Lilith culpa o arcanjo, cruzando os
braços.
“Sua filha é que não para de tentar encantar o pobre menino!” Yaweh
rebate, observando os dois
rindo.
Depois daquele estranho momento
na sala, o anjo lhe prometeu que esqueceria o romance, mas não iria
deixá-la se sentir solitária. Algo que
veio a calhar, pois depois de “trair
o Inferno.” Amizade estava fora
de cogitação.
“Princesa Luciféria.” Disse-lhe uma
das criaturas infernais, e esta lhe deu atenção. “Eu sempre a admirei, mas não acredito que libertou Yaweh, não depois de tudo o quê ele fez.” Falou
sem pensar duas vezes.
“Foi por causa do arcanjo?” Pergunta sendo intrometida, e a bela levanta as mãos, pedindo uma pausa. “Não fiz isso por Miguel. Fiz por Azazel, ele é o meu par, e apenas por ele me sacrificaria”
Respondeu-lhe com um sorriso. Sem saber que aquelas palavras, entravam como uma lança no peito do alado,
que apenas se distanciou, evitando por
hora aquele pequeno conflito.
“Não espero que entendam. Mas que no mínimo compreendam, Harmonia faria pior, se eu não o libertasse.” Diz e a tal criatura se transforma na jovem e sedutora Éke Hécate II.
“Não me importo com os seus atos. Faça o quê quiser, mas alguém que se importa, acabou de ser ferido, e eu estou pronta para consolá-lo” Diz
Indo atrás do anjo.
De certa forma aquilo lhe preocupa, contudo não considera uma má notícia,
e por isso em vez de impedir Éke, de ir atrás do seu grande amor, apenas volta a caminhar e supervisionar as tropas
dos demônios.
As fofocas voam como moscas, e chegam aos ouvidos de Luciféria, que fica furiosa. “Eu não acredito que de fato chegou a este ponto.” Pensa
ao ouvir o falatório dos
guerreiros.
Como de costume vai para um
canto deserto, longe de tudo e de
todos.
Só que desta vez, arranja companhia, sem sequer desconfiar que está
sendo seguida.
Um ser que segue aos outros, a agarra por trás, e coloca uma lâmina na sua garganta.
“Quieta princesa, sem nobreza
alguma. Primeiro veio o boato de que dormiu com o seu irmão, depois com o próprio pai, e agora beijou seu antigo noivo, no enterro do atual marido”
Disse-lhe o ser embrulhado em roupas típicas do calor.
“É óbvio que gosta muito de coisas carnais, e eu estou louco para lhe dar uma.” Prosseguiu retirando o seu membro, e a jovem gritou sem pensar duas vezes, estava tão assustada com atual situação que se esquecia dos
poderes.
“Afaste-se dela.” Disse uma voz no
meio da areia, e o arcanjo pousou atrás do demônio abusado.
“Ela gosta destas coisas.” Mas a criatura repugnante prosseguiu, e
ainda passou a mão na pele da
garota.
“Todos sabem o quê você fez com ela, e ainda sim ela caiu nos seus braços.” O provocou. O arcanjo não se conteve, e
o partiu no meio, derramando sangue
sobre a princesa que estava em
silêncio.
Após salvar a sua vida, e depois do tempo que passaram juntos, ele achou que poderia acalmá-la, mas quando colocou a mão em seu ombro, ela
saltou para longe.
“Eu não vou te machucar.” Disse ao guardar a espada, tentando se aproximar.
“Fique longe.” Foi o quê conseguiu sussurrar, só que ele não cedeu, e lhe puxou pelo pulso para o seu peito.
“Você, você não é o herói. É por sua causa, que não, não pude me defender”
Disse com os olhos grandes de medo,
mantendo-se firme para não surtar.
“Nem eu me perdoo por aquilo Nahemah.” Respondeu-lhe ainda mantendo-a no calor dos seus
braços.
Ao vê tal cena Éke surtou, e saiu berrando aos 4 ventos que Miguel tinha matado um demônio inocente, porquê a prima tinha tentado dormir com este, e o pobre agricultor a rejeitou.
Percebendo o alvoroço, Lilith logo notou que havia algo errado, e abandonou a aula que estava dando, para ir atrás
da filha.
“Luciféria está tudo bem?” Lilith
pegou no rosto da jovem, e esta continuava num estado de
catatonia.
Como só encontrou ela e Miguel, logo
quis acusá-lo de abuso, só que ao ver que a menina não largava a mão dele, e estava coberta de sangue roxo, soube
que desta vez ele não era o
culpado.
“O quê aconteceu?” Perguntou limpando a face da rebenta, sabendo que algo muito ruim havia acontecido.
“É minha culpa. Eu a desrespeitei, e agora muitos outros pensam que podem fazer o mesmo, por sermos amigos.” Responde sentindo-se o
maior causador dos problemas, e
ele era mesmo.
“Amigos? Você a beijou no mesmo
dia que o marido dela morreu!” Gritou Eke, e Lilith lançou um olhar de incredulidade para o rapaz.
“Como eu disse, eu sou o culpado.”
Sorriu sem vontade alguma, apenas pela vergonha de encarar a rainha demônio.
“Cuide dela. Não a deixe sozinha
.Eu vou resolver essa situação.” Disse para os dois, e partiu até o marido.
Eke detestou o fato, de Lilith dá a benção para Miguel resguardar a filha, e por isso foi até a sua avó, e lhe contou tudo, sobre o quanto Luciféria estava atrapalhando o destino, e que não
abria mão do anjo.
Para dar-lhe uma lição, e satisfazer o desejo da sua neta favorita, Harmonia então jogou a alma de Azazel no portal,
e jurou que se Luciféria continuasse a interferir, iria destruí-la também.
Luciféria após se recuperar do choque, sentiu-se ultrajada com tal afronta. Não foi ela que beijou Miguel, nem era ela que o procurava, porquê tinha que
pagar e levar Azazel junto?
Graças a Eke parte das tropas celestiais e infernais que tinham aprendido a conviver, agora lutavam entre si.
De um lado os demônios acusavam Miguel de assassinato, e do outro os anjos diziam que foi para proteger a garota.
E isso trazia velhas memórias, do porquê tinham batalhado uns contra
os outros anos antes do conflito.
Tudo estava tomado pelas desavenças,
como se o inimigo tivesse se infiltrado
dentro das colônias, para
separá-los.
“Papai não é justo!” Grita a primeira filha do imperador infernal. “Eu sei minha pequena, mas ainda sim voltou
a se relacionar com Miguel? Mesmo
sabendo como terminou?” Diz um
pouco surpreso com a notícia.
“Foi apenas um beijo, e nem fui eu que o dei.” Retruca envergonhada, mexendo uma das pernas. “Mas você retribuiu. Senão Éke não contaria a ninguém.”
O pai rebate.
“Filha eu amo você, e quero a sua felicidade. Sua avó é louca, só que sobre você e Miguel, eu concordo com ela, não é para acontecer de novo.” O rei
lhe dá um sermão, e ouvir aquela frase
sobre ser melhor evitar, lhe deixa um
pouco triste.
“Eu não o beijei. Nem o quero de volta.
Miguel é só um amigo agora.” Tenta responder. “E será que ele sabe disso?”
Diz Lilith interrompendo a conversa,
e pede para o amado se retirar.
“Luciféria desde que nasceu, sempre fiz o possível e o impossível para que não se magoasse.” Diz Lilith, acariciando a bochecha da filha, como se fosse uma criança.
“Eu não me importo com Miguel!
Aquilo foi um erro! Eu só queria que Azazel estivesse bem, e não naquele portal, cheio de criaturas bizarras, de
onde só meu pai voltou!” Berra antes que venha outra lição, sobre a impossibilidade de se relacionar com um celestial.
Todavia a rainha que é bastante perceptiva, nota uma certa irritação quando lhe é negada a oportunidade de ter algo com o arcanjo. “Ela ainda não o esqueceu também.” Pensa com os seus sábios olhos de coruja. “Luciféria Lilith II.” Chama-lhe a atenção antes de
sair.
“Você não pode mentir para nós. Nem para si mesma.” Diz encarando-a com calma, porém com seriedade, e a moça passa pela porta da frente.
“Você? Não morres cedo.” Diz ao ver
o arcanjo encostado na porta, mas este não ri da piada, ao contrário dos outros, acha mesmo que Luciféria, só o vê como
um bom amigo, e apesar de relevar isto
, não gosta nem um pouco da ideia.
“Não me afastarei de ti. Sabe-se lá, quantos mais poderão vim.” Responde com frieza, e a bela só o olha sem muito interesse. É quando um belo pardo vem
ao seu encontro, e a cumprimenta.
“Olá irmãzinha. Vou ser seu novo guarda. Papai não quer que ande com
esse cara.” Asmodeus olha com raiva para o arcanjo, pois Azazel era mais
que seu irmão, era seu melhor
amigo.
“Eu tomo minhas próprias decisões.
Lúcifer não pode me impedir de ficar perto dela.” O arcanjo dá um passo
a frente, com o peito estufado.
“Ah posso sim. Ela é minha filha, e
eu não a quero com um psicopata como você.” Responde o rei, e os mais novos
silenciam-se, assustados com esta
intervenção direta.
“Eu a salvei, de um dos seus babilônicos.” O arcanjo rebate com um sorriso de vitória. “É, depois de ter feito pior, e ter lhe levado a tirar a própria
vida!” O pai diz sem paciência, e notando o conflito, a jovem fica no
meio dos dois.
“Por favor parem. Papai está certo, é melhor ir com Asmodeus, pelo menos desta forma, ninguém pensa coisa
errada.” Diz indo embora com o irmão, e o arcanjo fica incrédulo, enquanto
Lúcifer sorri com satisfação.
A última batalha antes do fim. Parte IV
Em meio há tantas desavenças, Lilith
se posicionou para defender a filha.
“Eke foi a responsável por tal conflito.
O demônio Arctus, não é inocente, e todas que o conhecem sabem
disso.” Anunciou para a multidão que
lhe observava atentamente.
“O único erro de Miguel, foi tê-lo matado tão rápido.” Disse
gargalhando.
“Sabemos que nós somos diferentes.
Porém são estas diferenças que nos farão vitoriosos na próxima batalha.
Por isso guardemos as raivas que temos uns dos outro para o inimigo!” Exclamou com ferocidade e todos lhe aplaudiram, contentes por tê-la como
líder.
No entanto havia alguém não muito contente em meio a multidão.
Embora discursasse como a deusa guerreira, a bela não despertava muita confiança em Lúcifer, por isso ele
saiu.
Ao vê-lo partir Luciféria ficou desconfiada, e deixou Asmodeus no canto com uma linda alada, que estava interessada nele. Indo atrás do seu
pai de imediato.
Notando que estava se colocando
em risco, o arcanjo foi atrás dos dois, para garantir que ninguém fosse atrás da garota outra vez, sumindo do meio da multidão, sem ser notado até por
Eke.
Quando chegou no fundo do deserto, onde não havia mais ninguém, Lúcifer virou furioso pegando-a pelo pescoço,
e atirando um raio em Miguel, achando que estavam tentando matá-lo.
Contudo ao ver que era sua filha e
o irmão, baixou a guarda, e os soltou .
“Me perdoe Luci. Você não, você mereceu.” Disse para o arcanjo que
apenas revirou os olhos.
“O quê está acontecendo?” A dama lhe perguntou, e o pai ficou de cabeça baixa , não sabia como lhe contar, estava se sentindo envergonhado demais para
falar.
“Vamos papai diga!” Disse-lhe temerosa sobre o quê estava vindo a acontecer. “É sua mãe. Desde que o Inferno foi invadido, ela não é a mesma.” Responde com
tristeza.
“Estes ataques mexem com a nossa cabeça mesmo. Não deve ser nada.” A jovem tenta acalmá-lo, e este fica um pouco chateado. “Ela tem sido infiel a mim!” Grita para a pequena, e os
seus olhos crescem.
“Como assim?” Miguel pergunta desconfiado, entrando na conversa sem ser chamado, mas Lúcifer está tão triste que resolve desabafar. “Oras ela tem se deitado com nossos servos, todas as noites, pelas minhas costas!” Berra
em tom de fúria, e os dois se entreolham.
“Não me importo com isso em si. A infidelidade aqui, a traição, é porquê
ela não me contou nada, eu tive que descobrir!” Diz com lágrimas douradas descendo pela face, e a filha o
abraça.
“Eu que a fiz minha melhor amiga,
e agora ela vem e me apunhala pelas costas!” Ele retribui o abraço, e a moça olha para Miguel, que fica apenas a
analisar os fatos.
“Apesar de achar que traição é comum na sua família, não acho que Lilith está fazendo tal coisa.” Responde o anjo,
e a princesa o fulmina com o
olhar.
“Elas não cometem traição, sem haver sentimentos, e não creio que Lilith ame a todos os servos.” Conclui olhando nos
olhos da dama, que fica desconcertada
com tais palavras, mas não desvia
dele.
“Há algo errado, e precisamos averiguar sem chamar a atenção.” É
o quê fala para os infernais. “Então a minha Lilith, não é...?” Lúcifer pergunta voltando a razão, e Miguel ergue uma sobrancelha, indicando um talvez.
“Deixem comigo. Eu tenho acesso
as cordas do destino, posso descobrir o quê está acontecendo.” Luciféria se
dispõe a ajudar, e os irmãos
concordam.
A bela se afasta de seus familiares,
e vai para um canto silencioso, onde fecha os olhos, e se concentra nas
linhas do destino de sua
mãe.
Está tudo escuro, uma gosma de
plasma pinga no piso. Tudo o quê se houve, é o gotejar da água, que parece ecoar como se fosse dentro de uma
caverna.
Lilith está colada a uma teia de
aranha, enrolada como se fosse um casulo, e sempre que as linhas brilham, esta agoniza, e cospe sangue. Há uma
aranha gigante ali, pronta para lhe
devorar, mas está a aguardar o
momento certo.
“Lúcifer por favor não acredite nela.” É o quê sussurra, como se estivesse num terrível pesadelo, e Luciféria volta a si,
num suspiro profundo, caindo na
areia.
“Nahemah! Tudo bem?” O arcanjo corre para ajudá-la a se levantar, e a moça o olha com indiferença. “Já disse que é Isis.” O corrige. “Já disse que é Nahemah.” Ele rebate.
“O quê viu?” Lúcifer aguarda ansiosamente pela resposta. “Mamãe está em apuros.” A menina responde
se levantando, e quase desmaia pois
o lugar, lhe sugou muita energia.
“Cuidado.” O arcanjo a pega nos braços antes que caia, e esta fica vermelha de vergonha. “Estou bem, não preciso de...” Seus olhos se fecham outra vez, e ela vai para uma outra dimensão, onde se encontra em meio ao deserto, sentindo
o vento árido em seu rosto.
“Onde estou?” Pergunta erguendo o
pulso contra a testa, para se defender
do ataque do Sahara.
“E importa?” Responde-lhe uma voz familiar, e ela reconhece como seu pai,
mas basta ver os olhos negros para
saber que não se trata dele.
“Socorro!” Berra desesperada, e acorda no mundo das aranhas. “Luci está tudo bem?” O arcanjo lhe pergunta, e ela
se solta, afastando-se de todos.
O sol está raiando, o calor se faz presente, mas a princesa do inferno
sente muito frio. Com as mãos na cabeça, ela cai no chão arenoso.
E então uma mulher de cabelos negros,
e olhos verdes como neon, vem ao seu
encontro para socorrê-la.
“Você está bem?” Perguntou-lhe a moça. “Sim” Respondeu, mas quando sua palma entrou em contato com
ela, a moça soube quem
era.
“Você é a filha de minha irmã Lilith!
Como está grande!” Cumprimentou-lhe
, e a dama ficou confusa, e sem dizer
nada, a mulher lhe roubou um
beijo.
Em vez da saliva comum, saiu um espírito verde da sua boca, que veio a entrar na garganta da jovem, como
se fosse uma fumaça viva e
brilhante.
Após a menina engolir até a última
molécula da energia, as estranhas veias
secam, e a mulher vira pó. Ao sentir isso
na pele, a dama não suporta a força
em sua carne, e desmaia.
“O quê é você?” Pergunta-lhe dentro
da própria mente. “Eu sou você agora, e juntas formamos uma. Mas no futuro só uma restará, com poderes duplicados.”
Responde-lhe a forma estranha.
“Não, eu não quero lutar pelo
domínio do meu corpo.” Retruca. “Devia ter pensado nisso, antes de se matar.” É o quê rebate, em meio a gargalhadas
de escárnio.
“Aaaaah!” Ela grita em desespero,
e ao voltar a consciência, procura algo
para se cortar. “Não vai funcionar.” Lhe
diz com confiança, e ela se força a
vomitar.
“Não.” Nega com alegria. Ao vê-la
se contorcendo, o arcanjo corre para lhe ajudar. “Saia daqui!” Ruge como um leão, e tal como o felino, salta
para trás.
“Nahemah? ” Ele pergunta assombrado com a voz demoníaca saiu da garota. A pobre, corre por entre o deserto, em completo desespero.
“Socorro!” Grita aterrorizada, no
meio do nada, e ninguém vem para resgatá-la, pois estava longe, até
do quê até os deuses podiam
alcançar.
Ao adquirir tamanho poder, ficou
tão veloz, que ao correr, pulou por
mais de 5 das 9 dimensões
divinas.
“Pequena criança, você precisa
de ajuda não é?” Disse-lhe um ser, passando a mão em sua cabeça,
enquanto ela ficava de
joelhos.
“Papai?” Levanta o olhar, e se
depara com o senhor supremo. “Não,
é o titio Bael.” Respondeu-lhe com um sorriso, e esta se afastou indo para
trás.
“Fique longe de mim!” Grita como
um humano, após ver o demônio. “Seu
pai, e eu compartilhamos a mesma forma. Não há o quê temer.” Ele
tenta lhe ajudar, mas ela
recusa.
“Aceite. Tudo ficará bem.” Diz ao
erguer a mão, e esta se levanta sem
lhe dá outra oportunidade. “O quê
queres de mim?” Inquire de
imediato.
“Tirar toda esta dor e sofrimento
minha pequena.” Responde, e ela ri
“Em troca de quê?” Questiona de
imediato, sendo sarcástica.
“Você receberá fama, glória, e
fortuna.” Responde criando a maior
ilusão de poder. “É tudo o quê sempre quis não é? Isis.” Alega colocando
um colar de ouro em seu
pescoço.
“Isis, o nome de uma deusa. Mas olhe para você, já foi uma princesa, adorada, respeitada, e amada, e no planeta em que vive agora, não passa de uma
serva.” O diabo toca na sua
ferida.
“Eu sei o quê tem no seu coração.
Apesar de aparentemente ser feliz por
servir os deuses, na verdade gostaria de voltar a ser um deles.” Passa a mão
em seu ombro, rondando-a como
uma serpente.
“Isis. Você pode ter tudo isso
outra vez, basta me entregar a chama da velha. Este poder, só te trará dor, e
sofrimento, mas em mim será a
razão do futuro.” Persiste em
seduzi-la.
“Um futuro onde todos curvam-se
para você? A onde minha posição irá se encaixar?” Pergunta-lhe com ironia. “
Na imaginação deles, e todas as vezes
que ouvirem o teu nome e te adorarem
, você ficará mais forte.” Responde.
“Sendo real e irreal?” O olha com dúvidas. “Exatamente. Querida aos meus aliados, tudo será permitido. Não
Importam as regras, pois sou a favor da total liberdade.” Sorri, imaginando todas as atrocidades que irão
permear o mundo.
“E os outros?” Pergunta-lhe com
total ceticismo. “Eles não merecem esta honra.” É claro e objetivo. “Tem que me prometer, que não os machucará.”
Lhe impõe.
“Suas mortes serão rápidas e silenciosas.” Promete-lhe, e a pega
nos braços. “O quê está fazendo?” Ela
pergunta. “Da mesma forma que o
recebeu, deve transmitir.” Lhe
esclarece.
“Certo. Mas se a sua boca encostar
na minha, eu enlouquecerei de tanto nojo.” Responde. “Eu sou tão belo quanto Lúcifer.” Retruca, sentindo-se
insultado.
“Será como beijar o meu pai. Tu Enlouqueceste?!” Grita, e ele tenta abocanhar o ser primordial. Ela lhe
transmite, evitando o contato bucal,
até olhar para a mão deste, e notar
que os dedos estão cruzados.
Sabendo que será enganada, em
vez de lhe transmitir o espírito, usa o
magnetismo, e puxa a essência dele
para si. Suas veias pulsam sem
parar, seu corpo parece
não suportar.
A regra para receber a chama de Harmonia era clara, ela tinha que ser dada ao próximo, mas a de Caos só
podia ser tomada, por aqueles que conseguissem dominá-la.
“O quê está fazendo?!” O demônio
grita com ela, mas esta continua a se
manter com os pés firmes, e tenta em
segundos dominar o Caos, com o
poder de Harmonia.
Notando que está sendo roubado, o
diabo acovardado corre, e a moça cai de joelhos no piso. Ao ver que as suas
células, estão se desfazendo sem
voltar ao normal, ela se
assusta.
“Socorro!” Berra ao voltar para
frente de Miguel, que a pega em seus braços, com estranheza. Para os seres
carnais, só haviam se passado alguns segundos, como se ela tivesse se
telestransportado.
“Temos que salvar Lilith agora!” Grita
em desespero, e seus cabelos começam a enegrecer, enquanto a pele empalidece.
“Luciféria o quê fez?” Lhe pergunta
seu pai, e ao ver que o olho da menina está colorido com um violeta quase branco, descobre.
“Você se encontrou com Bael!” Urra
claramente furioso com o fato. “Ele, me procurou, mas, eu, disse, não.” Ela tenta responder. “Não, há, tempo.” Segura a mão de seu pai, e do seu tio, e os leva
para o mundo obscuro.
Ao chegar lá, se deparam com a
pobre rainha aprisionada num casulo,
e sem perder tempo, correm para lhe
tirar dali. Contudo ao dar o próximo
passo, Luciféria não suporta, e
desmaia.
“Vá resgatá-la, eu cuido da Lucy.”
Responde o arcanjo, quando o rei dos demônios, vira-se para ver se a filha está bem. O alado pega a jovem no
colo, e tira seu cabelo do rosto,
para ver se está bem.
“O quê houve Lucy?” Pergunta-lhe o
Jovem homem. “Preciso, salvar, todos.”
Responde, e o agarra pela roupa, lhe beijando de surpresa. Mas não se
trata de um beijo sentimental,
pois o faz de maneira
agressiva.
“O quê foi isso?” O anjo lhe pergunta,
sem entender porquê a dama o atacou, e antes que diga algo mais, ela o beija
outra vez. “Retribua” Tenta lhe pedir,
e este o faz, ainda desconfiado.
“Nota-se que não está com Azazel
não é Luciféria Lilith II?” Diz-lhe sua mãe, saindo de trás de Lúcifer, que
também não fica feliz com a cena
, que está vendo.
“Eu precisava descarregar a energia,
e a melhor forma foi esta.” Responde e
o anjo fica espantado. “Eu fui usado?
Sem piedade?” Diz com o olhar
cheio de dor.
“Não é hora para chorar. Eu estou
com a chama do Caos, e a de minha avó Harmonia, acho que não passo de hoje
.” Mostra os braços, e olha para as
veias radioativas no seu
corpo.
“Como isso é possível?!” Lilith a questiona, sem entender o quê está havendo. “Bael tentou me seduzir com promessas falsas, e eu arranquei esse poder dele, fingindo ceder a chama.”
Responde lembrando daquela
estranha dimensão.
“Como você tem a chama de Harmonia?” Inquire ainda abalada
Pelas revelações do dia. “Há quanto tempo roubaram a sua forma?” Ela
Fica incrédula.
“Desde que Belzebu invadiu o
Inferno.” Responde de má vontade.
“E quem descobriu a verdade?” Ela
pergunta, curiosa para saber a
quem agradecer.
“Fui eu.” Miguel dá um passo
a frente. “Ah ninguém importante.”
Passa pelo arcanjo, e abraça a
sua filha.
“Mamãe adoraria ver a reunião
entre o filho renegado e a mãe que
o despreza. Mas não há tempo.” É
o quê diz, destruindo o clima de
tensão.
“O quê quer fazer agora que tem
tais poderes ?” Pergunta desconfiada, e a dama desmaia em seus braços. “Lucy”
Miguel é o primeiro a reagir com
preocupação.
“Onde estou?” Se pergunta deitada no quê parece ser uma tela vazia, e então se levanta, observando ao redor.
Uma silhueta familiar vem ao seu encontro, parece ser o seu pai na forma demoníaca. O quê lhe trás apreensão,
pois acredita que é Bael.
“Papai?” Pergunta desconfiada,
então ouve risos piedosos, mas a voz não pertence ao imperador, ou ao inimigo, o quê lhe intriga.
“Não, mas ficará igualmente feliz ao
saber” Responde, e o olhar dela brilha.
Seus passos se tornam velozes, e ela
se atira nos braços da criatura.
“Azazel!” Dá um grito jubiloso, e
ele a carrega sem problema algum,
sentindo-se feliz pela recepção
tão calorosa.
“Como isso é possível?! Eu vi a
anciã jogar seu períspirito no portal!” Ela pega no rosto do amado. “Sim,
e ela o fez.” Esclarece, ainda a
abraçando.
“Então?” Questiona mostrando-se confusa. “Lúcifer e eu, já estávamos prontos, para tal eventualidade. Nós
Já havíamos atravessado a barreira”
Enfim revela. “Por quê?” Inquire em tom imperativo.
“Fora o fato de que era divertido,
nós acreditávamos, que nas outras dimensões, haviam materiais para
deter Yaweh, de uma vez por
todas.” Responde.
“E para deter Bael?” Pergunta de imediato, e o charmoso demônio só abaixa a cabeça. “Yaweh era só mais
um Deus, mas Bael tem o poder do
nosso avô.” Mostra-se um pouco decepcionado.
“Então estamos fadados a nos
Render a ele?” Volta a interrogá-lo. “Não, se nós separarmos a chama
de Zebub dele” Lhe dá uma
saída.
“Que bom. Porquê eu consegui.” Ela o surpreende, e o faz sorrir. “Isso explica a aparência nova e soturna. Mas como?” Não consegue deixar de sentir
curiosidade.
“Longa história. Só que em resumo: Ele me fez receber um poder, que acreditou que eu lhe entregaria, para voltar a ser
reconhecida.” Conta-lhe com
tristeza.
“Tocou na sua maior ferida, e você quase lhe entregou, mas no fim se virou contra ele, e conseguiu roubar o poder do seu avô de volta.” Conclui, e ela
se envergonha por quase
cair.
“Exatamente, e estou amando cada segundo que desfruto com você, mas eu preciso voltar pro outro lado, antes que os poderes extremos do universo, me
despedacem, e gerem mais uma dimensão.” Responde se
afastando.
“O quê vai fazer?” Lhe pergunta com
certa preocupação, pois tal poder iria de fato matá-la para sempre. “Eu não sei,
só sei que preciso consertar o mundo
antes que seja tarde demais” Lhe
diz, e ele a pega pelo
pulso.
“Luciféria, tome cuidado.” Pede-lhe
com medo, e esta sorri sem vontade, se
distanciando dele, até acordar num
suspiro profundo.
“Nahemah.” É a primeira palavra
que ouve, e já se irrita. “Já disse que é Isis.” Diz acordando num tapete, e olha para os seus pais, que estavam lhe
esperando aflitos.
“Precisamos fazer alguma coisa logo.”
É o quê diz ao acordar, e então a mãe se ajoelha ao seu lado, empurrando o arcanjo para longe.
“A sua avó deve saber o quê é melhor”
Responde-lhe, e então a menina grita em desespero, sentindo o raio de Caos saindo do seu corpo. “Idiota. Achou
mesmo que tinha domado o Caos
por completo” Ouve-se na
escuridão.
E todos se preparam para lutar, mas
o demônio gargalha, e rouba a menina diante dos seus olhos, tornando-a sua refém ao prendê-la contra o
peito.
“Se machucar a minha garotinha,
vai se arrepender do dia que saiu da prisão!” É o quê Lúcifer brada, com a saliva de ódio, escorrendo pelos
lábios.
“Ora irmãozinho, por quê eu destruiria alguém tão preciosa?” Pergunta-lhe ao tocar no rosto assustado da dama, que não consegue reagir, porquê ele está
sufocando seu poder, tornando-o
nulo.
“Achou que meu propósito era
oferecer um pacto?” Pergunta para a jovem, e esta é libertada somente para falar. “Na, não era?” Responde ainda em pânico. “Não, eu queria que me
sugasse a energia, para ter o total
controle de você.” Revela.
“Por, por quê?” Sussurra com a voz fraca, mostrando-se debilitada. “Oras por quê Harmonia fez o quê eu queria, te deu o poder da filha morta, para
libertar Yaweh.” Continua a
falar.
“O único poder que poderia atravessar o tempo, e tirar toda a minha capacidade.” Sorri, pegando no cabelo da jovem, que era estava ondulado, progredindo para o liso.
“Mas... você, você disse que a vovó só me entregou a essência, não, não a chama.” O contesta, e este
gargalha.
“E você é tão tola que acreditou.” A insulta, ainda atento ao possível ataque
que Lilith, Lúcifer, e Miguel planejavam com o olhar. “A mulher que vi...?” Se
pergunta.
“Era a Deusa que se foi. Ilusionismo necromântico, seu pai e eu fazíamos na infância, antes de Yaweh me prender, e o torná-lo o favorito.” Se interpõe, e
a dama olha para o pai.
“Isso é entre nós dois Bael. Sempre foi
, achei que o tempo o faria amadurecer,
mas vejo que apenas apodreceu.” O
ofende, e este ri com escárnio.
“Que seja. Mas vamos ver como a
sua amada filha vai se sair no meu lugar!” Responde, e aperta a cabeça
da menina, gerando uma corrente
elétrica, que afeta os seus
nervos.
A dama grita desesperada, e quando
está livre para usar os seus poderes, ele volta a anulá-los. “Solte-a agora!” Grita
o imperador dos demônios, e o arcanjo
assisti aquilo, pronto para reagir.
Só que Lilith pela primeira vez, em
um gesto de compaixão, segura no seu
ombro, impedindo-o de se arriscar. Ele
é o único dentre os três, que poderia
servir de agente duplo.
Já tinha provado que faria qualquer
coisa por sua filha, e por isso embora ele tenha tentado proteger Azazel, o
grande traidor, certamente iria
lhe chamar de volta.
Só que se atacasse neste momento,
iria colocar tudo a perder, e Luciféria não teria nenhum amigo, para lhe
ajudar a escapar.
A menina urra e seus olhos sangram
com tanta intensidade, que o sangue se
parece com tinta negra. Ela vai para o
seu próprio inferno, no qual volta
a reviver o dia que traiu
Miguel.
A cada segundo o impacto dele
contra o seu corpo, se repete, se iniciando apenas na hora que
lhe causa dor.
E desta vez é pior, pois ela sente algo
dentro do seu corpo, mas vê o arcanjo ao longe, apenas observando tudo
sem mover um dedo para
ajudar.
Ao olhar para cima, descobre que
quem está montado sob as suas costas
é o próprio Bael, e que seus olhos estão brancos como a luz solar. “Faça o quê
lhe ordeno” Diz como se comandasse
alguém.
Num outro quarto escuro, há uma cortina caída sob a cama, e uma moça
ruiva como Luciféria, sobe nos lençóis.
Ela tira as roupas do pai, e se deleita
em seus braços, fazendo-o lhe
penetrar.
“O quê?” Luciféria se pergunta,
vendo tal cena, não era sua mãe ali, não chegava nem perto disso. Era uma menininha de 1700 anos, só que ao
vê-la, sua mãe lhe chamava de
“Luciféria”.
“Não! Não sou eu!” Ela esbraveja, horrorizada, tentando escapar do seu torturador, e este sorri deixando-a ali
estirada, enquanto chama o arcanjo
, para tomar o seu lugar.
“Está feito. O coração de Cerridwen
não será o mesmo, e logo Luciféria será
destruída meu pai.” Diz o anjo com tanta felicidade, que assusta.
“Você não falou que a destruíria!”
Miguel se impõe entre Bael e Yaweh, e o executor se retira, deixando o pai e
o filho discutirem.
“Pai por quê fez isso comigo?”
A ruiva sussurra, e Yaweh e Miguel correm ao seu encontro, e ambos lhe
fazem esquecer o ocorrido, dando-lhe
novas memórias, aquelas que ela
se lembrava antes.
“Luciféria nunca mais pisará no meu
castelo.” Diz uma voz familiar, e agora
a jovem vê a floresta negra, na qual
ocorre um encontro.
É a sua irmã mais nova, Lilá que está
conspirando com Bael. E isto faz com a jovem grite, porquê a menina além de
ter o seu sangue, era a sua melhor
amiga, e tinha lhe traído.
“Por quê ela fez isso?! Logo eu que sempre a protegi das represálias de nossa mamãe, e os castigos de
papai!” Isso lhe atordoa.
“Por quê!?” Ruge e os fatos se
repetem outra vez. Voltando sempre para a traição e o estupro, até que
ela não suporta. “Por favor!”
Ela implora.
“Por favor Bael faz isso parar!”
As lágrimas vermelhas escorrem pelo seu rosto, e o deus sorri. “Como desejar.” Diz ele.
Então todo o pesadelo se desfaz,
e se transforma num paraíso perfeito,
no qual ela e Azazel estão felizes, e
há um novo deus, o seu pai que
trás felicidade a todos.
Os gritos cessam, e ela fica em silêncio.
Lúcifer observa aquilo com cautela. “O quê fez a Ela?” Pergunta entre dentes.
“Apenas a mandei para um mundo
maravilhoso.” Responde, e seus
olhos ficam sombrios.
“Luciféria, ataque-os!” Ordena, e os
olhos da jovem brilham como neon, até carregar duas esferas de energia violeta nas palmas. “Nahemah..Não...” Miguel
implora, lutando para não reagir, e
a bela voa na sua direção.
“Você não vai destruir os meus
pais!” Grita enquanto o ataca, mostrando que claramente não está naquela dimensão.
O soldado, segura seus punhos, mas
a dama lhe acerta o chute. “Vocês são
Monstros! Devem ser exterminados!”
Continua a atacá-lo violentamente,
com voz de trovão.
Lilith e Lúcifer se entreolham, e
ambos unem forças para atacar Bael. Eles voam na direção do senhor dos
raios, e aterrissam transformados
em dragões , só que o ser ri, e
também muda de
forma.
Na forma de um ser com patas de elefante, e o corpo gigantesco, com vários tentáculos do rosto, e asas de morcego. Ao vê-lo, os dragões
arrancam-lhe a cabeça.
Porém este gargalha, e o crânio
se refaz. A criatura solta um rugido forte, e os atordoa ao ponto dos
seres voltarem a forma
humana.
“Behemoth.” Diz Lúcifer, e o Demônio
ri daquilo. “Com todo o poder de Caos e o universo, e você ainda lembra deste nome ridículo.” A criatura caminha,
cercando-o.
“Foi como nosso pai o chamou, quando atingiu a sua verdadeira forma irmão.” O eterno rei responde. “De fato, mas
não altera a questão.” Retruca, e
o ataca.
Porém Lilith cria um escudo, e o impede de ser atingido. “Deixará sua mulher, te salvar mesmo?” O provoca, e este ri. “De forma alguma.” Olha para a
bela, e esta entende o
recado.
“Iremos resolver este problema
juntos!” Grita e os dois atacam em
sincronia, atirando-lhe um raio, no
meio de um dos 5 corações, que
rapidamente se regenera.
“Nahemah.” O arcanjo segura o punho
da princesa, e bloqueia suas pernas. Ela podia ter grande energia, mas ele foi
o seu mestre, e sabia como
pará-la.
“Vocês são monstros!” Esbraveja, sentindo-se vulnerável. “Acorda...Lucy.”
O anjo segura-lhe o rosto, enquanto
prende seus finos pulsos, com
a outra mão.
“Como sabe o meu nome criatura?”
Pergunta-lhe claramente assombrada
com a descoberta. “Porquê não sou um
demônio.” A imagem do ser horrendo
desvanece, e ela volta para o tempo
atual.
“Para onde me trouxe demônio?!”
Ela grita, se afastando dele. “Lucy.” O
ser a agarra. “Este é o mundo real. Não
o outro.” Ele tenta fazê-la perceber que
era tudo ilusão. “Do quê está falando?
Num momento estou em casa, e no
outro aqui não faz sentido.” É o
quê lhe fala com desagrado.
“Aquele lugar não é a sua casa.” Ele lhe responde. “É claro que é. É o lugar que o meu avô cedeu ao meu pai, depois de o perdoar por seus pecados.” Ela mostra
está distante da realidade.
“O quê? Não! Yaweh nunca perdoo
Lúcifer! E por isso você sofreu, e eu tive
parte no seu sofrimento.” O pobre se
esforça para fazê-la lembrar, mas
está evidente que não irá
conseguir.
“Yaweh perdoo meu pai sim! E ele e
a minha mãe foram felizes! Assim como
sou com o meu único amado Azazel.” A
última frase, é como uma flecha
que o dilacera.
“Você nunca se apaixonou por
mim, digo por Miguel?” Ele pergunta preocupado com o quê iria ouvir.
“Está louco? Miguel é meu tio, e
O marido da minha querida prima, a
quem eu nunca trairia.” Responde,
certamente o vendo como um
ser das sombras.
“Então no seu mundo perfeito,
nós nunca tivemos nada.” Aquelas
palavras trazem dor ao arcanjo, e
este se torna sombrio.
“Com você nada mesmo demônio.”
Ela responde sem pensar duas vezes,
e ele abre as asas, levando-a para fora com o brilho no olhar, que lhe era bem conhecido. Era raiva, raiva provocada
pela rejeição, pela dor, e o medo.
“Tio o quê planeja?!” Ela grita, ao
sentir os braços dele entorno dela, e vê que estava com Miguel, e não uma criatura grotesca.
“Eu não sou um demônio. Demônios não tem asas de penas.” Responde,
e seus olhos se encontram.
“Certo, tem anjos maus no reino do terrível Ismael, isso faz de você um demônio.” Ela o corrige, e este
sorri com furor.
“Não é o caso.” Levanta voo, em rumo
a lua, que estava cheia.
“Então o quê quer?! Yaweh não
gostará desta brincadeira.” Ela fica assustada ao ver o quanto estão
distantes do chão.
“Não me importo.” Retruca, e a
moça fica incrédula. “Só quero que
se lembre de mim outra vez.” É o quê diz, e a larga entre as nuvens. “Louco!
O quê está fazendo?!” Berra, ao ser
jogada há 50 mil pés do solo.
“Eu não sou o marido de Eke!” Ele a
pega nos braços. “O quê? É claro que é! Harmonia os uniu! Eu vi o casamento!”
Ela responde, se debatendo em seus
braços, e este a solta outra vez.
“Socorro!” Ela urra temendo a distância entre a areia e o seu corpo. “Eu fui o Seu noivo!” Ele conta. “Não foi nada! Só tive Azazel na minha vida!” Ela grita, e de
novo, ele a deixa cair.
“Você foi minha, e eu te amei, como você me amou!” Ele revela, e isso faz com ela sinta uma pontada no peito.
“Eu não...Por favor para!” Ela lhe
implora, antes que ele volte
a arremessá-la.
“Não sei que poção te deram. Mas
você está confundindo toda a história. Eke é a sua paixão, e a única que você ama!” Ela o pega pela gola da camisa, que fica embaixo da armadura, ele
em desespero, olha-lhe com
medo.
Seus antebraços se enrijecem, e as
mãos a puxam para o peito, enquanto
os lábios dele, mergulham nos seus
em um beijo roubado.
“Como pode achar que eu amo Eke?
Se você foi, e sempre será a mulher da minha existência.” Ele sussurra, e ela lhe dá um tapa. “Bem que Eke me
falou que era cafajeste!” diz
ao limpar os lábios.
“Lucy não...” Ele diz com aqueles
olhos azuis de gato assustado, mas ela nem se esforça para lembrar, pois tem certeza de quê está certa. “Eu não
sou nada do quê pensa.” Se
defende.
“Eu te defendi pra Ela. Disse minha prima Ele só tem olhos para Você, e é assim que me retribui? Fazendo com que seja uma das suas conquistas?!” A dama rebate, demonstrando sua
raiva.
“Eu e você somos amigos?” Ele lhe pergunta. “Sim, éramos. Azazel não irá gostar disso, nem Eke, e eu não posso seguir sabendo de suas intenções
insidiosas.” Ela responde, e isso
de certa forma o entristece.
No mundo real eles eram um par, e
se amavam intensamente. No perfeito
nunca deram sequer um beijo. Porquê
se juntaram a outros pares, e ele
não passa de um canalha.
“É assim que é perfeito para ti Lucy?”
Ele questiona. “Não ter nenhum tipo de envolvimento, com o pior marido que há? Sim.” Ela fala sem sequer
analisar.
“Tudo bem. Me perdoe pelo beijo,
vamos fingir que não aconteceu.” Ele
cede ao mundo em que ela quer viver,
mesmo que isso o machuque, e que
não seja o seu desejo.
“Não posso. Eke é como uma irmã
que nunca tive, seria errado.” Ela lhe
diz. “Faça o quê achar melhor.” Ele
responde com voz fraca e sem
ânimo.
“O melhor, é você voltar pra sua
mulher, e nunca mais se aproximar
de mim.” Ela responde, e ele só
balança a cabeça.
“Como quiser.” Ele pousa na areia,
e a deixa ir. “Não me levará de volta pra casa?” Lhe inquire. “Você vai achar o seu caminho, tenho certeza.” Diz
deixando-a para trás.
“Nem sei onde estou. Este lugar tão sombrio, cheio de lama e lodo, me dá calafrios.” Caminha ao lado dele, e este ri sem vontade, de fato ela permanece presa ao controle de Bael. “Se sou
tão ruim...” Inicia descendo
a montanha.
“Por quê está seguindo comigo?” Ele
ergue a sobrancelha, curioso pelo que há de vir. “Eu não conheço este lugar,
e Yaweh te nomeou, um dos seus
generais.” Diz de imediato.
“Ah tá.” Respira fundo, Bael foi bem esperto, deu a ela elementos reais, só para garantir que jamais acordaria. “O beijo foi ruim?” Ele pergunta. “Não
quero falar.” Responde com
indiferença.
No fundo se sente envergonhada, no
mundo perfeito, jamais tinha beijado a outro anjo, pois seu corpo e espírito,
eram somente do marido.
“Se não responder, serei obrigado a
fazê-lo outra vez.” Ele brinca, e a bela congela. “Por quê é importante? Eke
me disse que já beijou várias.”
Tenta desviar o assunto.
“Várias me beijaram, mas eu só
beijei uma.” Ele a corrige, e ela o ignora. “A sua mulher.” Responde seca. “É, se
é no quê quer acreditar.” O soldado
do céu, revira os olhos, com o
seu sorriso maldoso.
“O quê quer comigo?! Por quê veio
me perturbar tão de repente?!” Ela o inquire, movendo os braços, e ele a
joga contra o ar, prendendo-a
aos seus braços.
Para ela, foi jogada contra a árvore
, e esta desapareceu. Sua mente fica a falhar, e cenas sombrias dominam a sua cabeça. “Eu quero que lembre de mim.”
Ouve ao longe, vendo a sua verdadeira
vida, se passando como um filme
antigo.
Uma dor extrema, lhe faz fraquejar,
e gritar aos ventos. Ao ver que surtiu
efeito, ele tenta elevar o choque, e
a abraça forte.
Novamente os lábios dele, vão de encontro aos seus, e ela o empurra em pânico. “Miguel você perdeu o parafuso foi?! O outro beijo foi só para diminuir a carga de Harmonia, não confunda as coisas !” Grita, e ao ver que voltou
ao normal, ele volta a beijá-la
de alegria.
“Você voltou!” Ele a cumprimenta, e
esta o estranha. Do quê estava falando
? E onde estavam? Eram perguntas que não se calavam. “É uma longa história.
E o beijo foi necessário.” Ele responde
, e sai com um sorrisinho de
vitória.
“Volta aqui, pervertido.” Ela o segue,
e ele vira. “Quer repetir a dose?” Ergue a sobrancelha, sentindo-se atraente e
irresistível. “Não.” Diz friamente,
e ele continua rindo.
“Está agindo como um idiota.” Ela o
julga, mas a felicidade dele é tanta, que
isso não o atinge. “Um idiota feliz, por
saber que minha amada, voltou a
se lembrar de mim” Lhe
diz.
“Está amando outra pessoa? Porquê
eu não lembro de ti!” Ela fica defensiva,
e ele outra vez a agarra. “Eu sei que se
lembra. Não adianta esconder.” Diz
olhando-a no fundo dos
olhos.
“Um beijo pra não morrer, e fica assim.”
Ela o desdenha. “Três beijos na verdade.
Para te fazer lembrar de mim.” Retruca.
“Três?!” Ela se horroriza. “Ou mais.”
Passa na frente dela, com o
olhar confiante.
“Você deve beijar mal mesmo. Por isso
demorou tanto para eu voltar” Brinca, e ele olha sério para ela. “Quer testar ?”
Questiona, e ela nega repetidas
vezes.
“Então não diga mentiras.” Segue
bem animado, levando-a para longe do conflito. Infelizmente sua felicidade não dura, a grande luz os cega, ele se põe
na sua frente, e segura-lhe atrás
dele.
“Nahemah Lilith.” Diz a voz de Bael,
e esta retorna para o seu controle, deixando o arcanjo, para seguir
com o novo Deus.
“Lucy não!” O arcanjo diz ao vê-la
indo para os braços do demônio, que
a acolhe, e diz algo no seu ouvido,
que o guerreiro não é capaz
de entender.
A dama então voa na direção dele,
e passa direto, indo até os humanos
que assassina um a um, drenando
o sangue deles, com uma única
mordida.
Quando não, os abre ao meio com
um sorriso macabro, tendo piedade dos bebês, mas não dos adolescentes, aos
quais acerta golpes, que são fortes
para arrancar-lhes o
coração.
Devido a alguma frase que o sol
negro lhe disse, ela assassina mais de
mil pessoas, em questão de minutos, e
pouco á pouco, vai pintando o mundo
de sangue inocente e culpado, até
restar só os que seguem a
Bael.
Fim?