Sabíamos que estávamos sendo vigiados por ‘ELES’. Muitos relatos de abduções, fotografias e filmagens de suas naves e tecnologias não paravam de ser publicados nas redes sociais. Porém, por esforços dos governos mundiais que negavam e ocultavam os fatos, e também, por uma certa mescla de realidade e fantasia nos filmes e seriados hollywoodianos, e, provedoras globais de fluxos de mídias via streaming, além da ignorância que era pregada nas diversas religiões de sermos o centro do universo, ignoramos os sinais por ‘ELES’ transmitidos.
‘ELES’ até que apelaram a partir da década de 1970, quando começaram a desenhar os agroglifos nas culturas de certas gramíneas, por meio do achatamento de culturas como: cereais, colza, cana, milho, trigo, cevada e capim. E era obvio que não tínhamos ainda tecnologias para realizar o feito desses complexos e grandes desenhos em apenas algumas horas. Mas, mesmo assim, ignoramos. E, criamos soluções para explicar o inexplicável, e tudo foi abordado como um feito fictício. Então, pagamos o preço por mesclar a realidade e a fantasia, não sabendo mais diferenciar uma da outra. Assim, preferimos viver o engodo, e fomos enganados por nós mesmos.
Entretanto, ‘Nós’ criamos a S.U.P.E.R (Superintendência Universal Para Extraterrestres Relações), em que na verdade era uma organização oculta e privada, que se fantasiava de uma Ecovila Sustentável criada por uma rede mundial de cientistas alternativos ufólogos, e pequenos empreendedores startup nos ramos da cyber tecnologia e biogenética (biohacking).
Éramos perfeitos na arte do engodo, pois utilizamos as técnicas alienantes do sistema contra ele mesmo, ao fundarmos nossa Ecovila na Patagônia, que cobria uma área como mais de 239 km², banhada pelos paramos das geleiras andinas, com terras hiper férteis. Abrigando uma população de mais ou menos cinquenta e cinco mil habitantes de várias nacionalidades do mundo. Em que nosso maior foco agrícola e produção eram cânhamo, cannabis medicinal, morangos, uvas, cerejas, cevada e lúpulo, além de muitas criações de animais. E assim, fabricávamos os melhores vinhos, cervejas de cannabis e espumante de morango do mundo. Tudo de origem orgânica e primeira qualidade, e sem a necessidade de máquinas elétricas, ou movidas a combustíveis fosseis, tudo manufaturado a moda antiga, em que o trabalho humano e animal era o nosso maior forte.
Vivíamos como antigos povos, antes da revolução industrial, nossas roupas, casas e utensílios eram manufaturados naturalmente, e nossas tecnologias eram 100% artesanais, permanentes e renováveis. Também, focávamos em energias sustentáveis como eólicas e fotovoltaicas, em que criamos a maior usina sustentável do mundo, que fornecia energia para todas as vilas da Patagônia por um custo acessível e barato, além de doar energia de graça para todas as dependências e prédios governamentais dessas vilas. Estratégia nossa, para implementar esse projeto com apoio intergovernamental, tanto da Argentina como do Chile.
Porém, tudo isso não passava de uma capa que cobria o livro. Pois, subterraneamente éramos outra coisa.
A S.U.P.E.R era um segredo de um punhado de famílias dentro da Ecovila, punhado esse, que era formado pelas pessoas menos relevantes da nossa comunidade eco agrícola. Na verdade, ‘NÓS’ éramos os fundadores dessa comunidade, mas passamos o nosso poder para os antigos moradores da região, transformando-os de simples camponeses em grandes empreendedores. Alguns ganhadores de prêmios Nobel e outras condecorações internacionais. Porquanto, eles eram nossas máscaras, e nem eles, como também, os outros moradores da Ecovila sabiam disso. ‘NÓS’ éramos um mistério… um segredo bem guardado por pactos de vida e morte, em meio ao paraíso andino.
No submundo dos nossos quartéis subterrâneos, situava o centro tecnológico e informativo de nossa inteligência. Tínhamos uma empresa operadora de satélites, a StarSky Corporation, que atuava em 52 países com sedes em Israel e na China, além de 32 empresas subsidiarias de telecomunicações espalhadas pelo mundo. O que facilitava nossa rede de comunicações e informação, dessa forma, tínhamos olhos e ouvidos em todo lugar.
Contudo, estávamos também sendo vigiados, e de início não sabíamos. Aquele fato da coisa observada, observar o observador. Pois nossos servidores se utilizavam da surface web, ou deep web como era mais conhecida. E, ‘ELES’ é que eram os verdadeiros donos do iceberg como todo. E, assim, os nossos olhos e ouvidos eram, também, os olhos e ouvidos deles. Seus motores de busca construíram um banco de dados, pelos seus spiders, e através de hiperligações indexaram nossas informações aos seus servidores na deepnet. Quando descobrimos que estávamos sendo escaneados, toda nossa informação já eram deles.
Quando nossos hackers investigaram quem são ‘ELES’, se depararam com uma parede de proteção inacessível, em uma (darknet) parte do espaço IP alocado e roteado que não está executando nenhum serviço. Até para as inteligências dos governos mais poderosos o acesso era fechado, pois se utilizavam da Dark Internet, a internet obscura. E de cara percebemos que ‘ELES’, os não-humanos, eram quem estavam nos vigiando.
Contudo, resolvemos abrir o jogo e mandar mensagens para ‘ELES’, em um projeto apelidado como: חנוך (Chanoch). Durante meses enviamos várias mensagens, então, de repente, nossos servidores detectou uma mensagem oculta que dizia: “E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.”.
Ao receber aquele texto, ficamos perplexos. De início, achamos ser uma brincadeira. Até recebermos outra mensagem, que dizia: “E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho”. Então, depois de longas horas de reflexão, intentamos que as mensagens vêm a nós na forma e maneira que podemos perceber. Sendo, que eles queriam escolher alguém entre nós para uma viagem. Não sabíamos como responder a tal pedido, e mandamos uma mensagem correspondente do que temos de fazer para realizar tal acontecimento. E, eles nos responderam com três sequencias binárias: 101.
No dia seguinte a essa misteriosa resposta, para o nosso espanto, fomos notificados por um de nossos agricultores que se encontrava no campo de cevada, se deparando com um símbolo gigante desenhado ‘IOI’. Então, rapidamente percebemos que aquele campo seria o local de contato. E, ‘EU’ fui escolhido para a tal viagem com ‘ELES’. Então, todas as noites acampei no local marcado.
Acho que propositalmente, na noite 101 em que me encontrava sozinho em minha barraca, e já desesperançado de algum contato, ‘ELES’ vieram! E de súbito só me lembro de ver uma forte luz branca.
Quando acordei, me deparei em uma maca feita de uma solução gelosa, de um verde fosforecente, algo como se estivesse deitado sobre água, mas, era firme, e amaciava com o peso do meu corpo. Não tinha temperatura, nem frio e nem quente, e o mais louco é que meu corpo não sentia esse material, era como se eu estivesse deitado sobre o ar. O ambiente era de uma luz violeta neon, muito calmo aos olhos, e não tinha paredes, teto ou solo. O silencio era profundo, irritante e assustador. Para todo o lado que eu me voltava, via apenas um horizonte infinito, tanto para cima como para baixo. E tive medo de sair da maca, pensando cair nesse infinito abismo. E a sensação era por demais desconfortante, achei que estava morto.
Nisso, me senti sendo vigiado, algo ou alguém me observava, e vi alguma espécie de vulto transparente se locomover ao meu redor. Então, pela primeira vez senti algo que me tocou!
— Uai!
— Calma!
— Quem é você?
— Então, provou.
— Provei o quê?
— A sensação de sentir nada.
Ao ouvir isso, perplexo me calei. E pasmei! Vendo uma espécie humanoide alta e magra a minha frente. Com olhos extremamente azuis e findados como os asiáticos, cabelos brancos longos, e pele extremante branca, fria como a de um cadáver. E, diante do meu silêncio e espanto, ela continuou a dizer, falando sem mexer a boca, que mais parecia uma fenda em seu rosto magro:
— Assim, somos ‘NÓS’. Não temos a capacidade de sentir como vocês, e os invejamos por isso. Essa forma que você vê a sua frente, não é nosso corpo. É apenas um traje, pois vocês não têm a capacidade de nos ver sem ele. Somos seres pertencentes a outra dimensão, que vai muito mais além de sua física e compreensão.
— De onde são vocês?
— Somos seres da Quarta-Vertical, um mundo mais além do que a matéria física. E, nesse momento você está diante de uma plateia de nós. Não pode vê-los, pois, estão sem seus trajes físicos. Porém, saiba que também você usa um traje, e ele que te faz sentir. Mas, nós, mesmo com nossos trajes, não podemos sentir como você sente, e perceber como você percebe. Apenas percebemos as coisas físicas, através de alguns impulsos elétricos de contato nos transmitidos por nossos trajes, que são mínimos, sem sentimentos e emoções.
— Onde fica fisicamente a Quarta-Vertical?
— No plano físico, conhecido por vocês como seu sistema solar. Em que nossa Morada é o Sol.
— Então, estou no Sol?
— Claro que não! Seu corpo físico não aguentaria.
— Onde estou?
— Em nosso ponto de contato. Na parte oculta da Lua. É daqui que o observamos, desde sua criação como seres existenciais. E, temos alguns de vocês aqui conosco. Na verdade, somos seus guardiões, mensageiros e protetores.
— Protetores! Contra quem nos protegem?
— ‘DELES’ e de vocês mesmos. Pois, se assim não fosse, vocês não mais existiriam como espécie.
— ‘DELES’ quem?
— Aqueles a quem vocês chamam de seres infernais. No início, ‘ELES’ eram como ‘NÓS’, e vieram de ‘NÓS’. Mas, se corromperam. Pois, desejaram sentir a emoção que vocês sentem. Por isso, eles lhes causam dores e prazeres, para sugar as energias de seus sentimentos. E, fazem isso agora, através da internet. Por isso, lhes deram esses pequenos dispositivos que vocês carregam em suas mãos. O próximo passo deles, é implementar esses dispositivos aos seus corpos físicos. Aí, então, drenarão suas energias vitais, como um canudo drena o líquido numa garrafa de refrigerante.
— Onde eles vivem?
— Antes viviam aqui na Lua, depois os expulsamos para Saturno e Plutão. Mas, quando fizeram o pacto com os muitos chefes e governantes de sua sociedade, precipitaram-se na terra. Quando teve uma grande chuva de meteoros. Então, agora vivem entre vocês.
— E, como podemos reconhecê-los, se vivem entre nós?
— São os seres lagartos, mas se disfarçam com trajes humanos. Por tanto, seus trajes se alimentam de sangue, e são sensíveis a luz do sol. Por isso, procuram andar mais a noite, e poucas vezes a luz do dia. E, para resistir a luz diurna, precisam beber inúmeros litros de sangue humano fresco e vital. Só assim, os trajes resistem por mais tempo. Porém, alguns deles se tornaram híbridos, cruzando com a sua espécie. E são metades humanos e ‘reptilianos’ como alguns de vocês qualificam. Mas, mesmo assim, precisam de sangue humano para viver. E, como vampiros modernos, eles criaram os bancos de sangue, espalhados por todo mundo. Onde vocês creem estar doando sangue para pacientes hospitalizados, mas apenas 2% desse sangue vai para esses pacientes que necessitam, o resto é comercializado entre eles.
— E por que vocês não nos alertam sobre isso?
— Não podemos interferir. Foram vocês que atraíram eles. Suas escolhas. Seus livres-arbítrios.
— Como assim, nossas escolhas?
— Por acaso, você não leu a parábola de Adão e Eva?
— Mas, isso é apenas um mito!
— Não é apenas um mito. É uma metáfora da realidade, representado em sua espécie dividida entre macho e fêmea. Um código, para os sábios decifrarem.
— E, por que não nos contam a verdade diretamente, e só nos dão metáforas?
— Veja o que vocês fizeram com a verdade… ridicularizaram. Enviamos muitos para lhes dizer a verdade. Muitos de nós nascemos como avatares para lhes falarem, e veja o que nos fizeram? Nos mataram, assassinaram, minimizaram. E, mesmo nascendo entre vocês como humanos, ao longo do tempo nos transformaram em engodo e mito.
— Mas, isso foi em tempos de muita ignorância. Hoje temos tecnologias para registrar e comprovar.
— Tempos de muita ignorância… saiba que não existe tempo onde a ignorância é mais forte e abrangente do que esse em que vocês vivem. Suas redes de informação, academias e filosofias são lotadas de teorias e não de práticas. Vocês não experimentam mais. Não observam mais… só emulam. E agora que mesclaram a realidade e a fantasia, você acha que nos ouviram? Seremos ridicularizados e banalizados mais uma vez… por isso, agora agimos em oculto sigilo. E falamos na linguagem que vocês não podem deturpar, que são as parábolas e metáforas. Poesias de mistérios místicos e ocultos, que lhes encantam, e fazem pensar. Até serem assimiladas por corações puros, lapidados e lavados que nascem entre vocês.
Ao ouvir aquelas palavras, o mundo parou em mim. E, lágrimas rolaram do meu rosto.
— Ernesto! Ernesto! ¡Despierta hombre!
— Ahh! ¿Qué?
— ¿Qué haces aquí acampado en el campo de cebada güevón?
— No lo sé … De repente tuve un sueño confuso. No me acuerdo.
— ¡Vamos! Es tiempo de cosecha. Creo que perdimos una buena cantidad de grano. Bueno, creo que hubo un torbellino esa noche que aplastó los tallos fértiles.